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Níveis de Amputação MMII Francisco Lúcio A. Silva Docente do curso de graduação em Fisioterapia e Educação Física na UNESA Docente do curso de pós-graduação em Fisioterapia Neurológica e Traumato-ortopédica na UNESA Coordenador de Qualidade e Gestão na UNESA Cabo Frio francisco.lucio@estacio.br Coto: Membro residual de amputação. Novo membro; Responsável pelo controle da prótese durante o ortostatismo e deambulação. - Nível adequado: Nem sempre o melhor coto é o mais longo; Ex.: Amputação de Chopart: oferece resultados menos satisfatórios com a protetização e a reabilitação. - Coto estável: Presença de um bom coxim com mioplastia e miodese; Presença de deformidades nas articulações proximais ao coto, pode dificultar a deambulação e a protetização. - Bom estado da pele: Boa sensibilidade; Sem úlceras e enxertos cutâneos. Facilita a reabilitação... - Ausência de neuromas terminais e espículas ósseas: Pode impedir o contato e/ou descarga distal. - Boa circulação arterial e venosa: Evitando isquemia e estase sanguínea (interrupção de circulação sanguínea). - Boa cicatrização: Suturas em locais adequados conforme o nível da amputação; Não devem ser irregulares, hipertróficas ou apresentar aderências, retrações, deiscências e supurações. Ausência de edema importante! Níveis de amputação: Desarticulação interfalangiana; Desarticulação metatarsofalangiana; Amputações transmetatarsiana; Desarticulação de Lisfranc; Amputação naviculocuneiforme/transcubóide; Desarticulação de Chopart; Desarticulação de Syme; Amputação de Pirogoff; Amputação de Boyd; Amputação transtibial; Desarticulação de joelho; Amputação transfemoral; Desarticulação de quadril; Desarticulação sacroilíaca. Desarticulação interfalangiana: Não apresenta problemas funcionais e estéticos; Não altera o equilíbrio e a deambulação; Na amputação de hálux: Manutenção da base da falange proximal, pois nela encontra-se a inserção dos tendões extensor e flexor curto. Causas: Trauma; Vascular (gangrena seca devido a obstrução arterial). Amputação do hálux com manutenção da base da falange proximal e desarticulação do 2º, 3º e 4º dedos. Desarticulação metatarsofalangiana: Indicado quando nas amputações interfalangianas não for possível suturar a pele sem tensão. Causas: Alterações vasculares; Neuropáticas; Traumáticas. Desarticulação metatarsofalangiana do hálux. - Amputações isoladas do 2º ao 5º podálico: Não causam alterações significativas na marcha. - Amputações isoladas do 2º e 3º podálico: Hálux valgo. - Amputação dos pododáctilos médios: Desvios dos pododáctilos laterais. - Amputação do hálux: Dificuldade na marcha (fase de impulso); Marcha lenta (não observa-se alterações significativas). Amputações do 3º ao 5º artelho com desvio lateral dos dedos remanescentes. Amputação dos Artelhos: Sobrecarrega a cabeça dos metatarsos, elevando a pressão; Perigoso: úlceras plantares; Pacientes vasculares e perda da sensibilidade protetora. Ulceras de decúbito plantar em 1º metatarso causado por hiperpressão plantar. Desarticulação de todos os artelhos. Descarga de peso distal; Sutura no dorso. Amputação transmetatarsiana Causas: Vasculares; Traumáticos; Processos infecciosos: Incisão somente de um raio deixando o pé funcional, porém assimétrico. Incisões: flap plantar - flap dorsal: Coxim mais resistente com tecido plantar; Nervos e tendões tracionados e secionados; Secção óssea realizada de forma oblíqua, 1º metatarso = 2º > 3º > 4º > 5º, afim de evitar áreas de hiperpressão no coto; Secção óssea próxima a cabeça ou base dos metatarsos. Transmetatarsiana parcial Descarga de peso: distal; Prejuízo na marcha: desprendimento do ante-pé (final da fase de apoio e inicio da fase de balanço). Transmetatarsiana total Amputação de Lisfranc: Desarticulação dos metatarsos com os ossos cubóide e cuneiforme. Causa principal: Vascular. Desvantagens: Deformidade em flexão plantar. Dificulta a protetização; Limita a descarga de peso distal total. Revisões cirúrgicas constantes. Reinserção dos músculos dorsiflexores nos ossos do tarso, tem dado bons resultados na prevenção dessa deformidade. Sutura: Dorso do pé; Nervos seccionados mais proximal; Evitar neuromas distais superficiais. Descarga distal total Amputação de Lisfranc com deformidade equinovaro. Desarticulação naviculocuneiforme e transcubóide: Pouco descrito; Entre os níveis de Lisfranc e Chopart; Manutenção do osso navicular e secção parcial do cubóide ao nível da articulação naviculocuneiforme; Articulação talusnavicular é mantida, ajudando a manter o posicionamento do tálus. Desarticulação naviculocuneiforme e transcubóide. Amputação de Chopart: Causas: Vasculares, infecciosas, traumáticas e tumorais. Desarticulação entre os ossos navicular e cubóide com o tálus e o calcâneo; Amputação do retro-pé; Curto braço de alavanca: equino importante; Diminuição da área de apoio. Desarticulação entre os ossos navicular e cubóide com o tálus e o calcâneo. Nível de amputação não funcional; Cuidados com os nervos e as suturas idêntica aos anteriores; Descarga de peso: distal. Amputação de Chopart com vista lateral apresentando deformidade em equino. Amputação de Chopart com desvio em Varo. Marcha sem prótese, porém com grandes alterações. Visão radiográfica Amputação de Syme: Causas: Vasculares, traumáticas, anomalias congênitas. Deformidades adquiridas; Quando as amputações transmetatarsianas, Lisfranc ou Chopart não são possíveis. Descarga de peso: distal; Ponto desfavorável: “cosmética” - grande volume na região distal. A marcha sem prótese é possível! - Dismetria dos membros: claudicação; - Desarticulação tibiotarsica e posteriormente com uma secção óssea logo abaixo dos maléolos lateral e medial, conservando a sindesmose tibiofibular; - O plano de secção das superfícies da tíbia e da fíbula estão paralelas ao solo quando o paciente fica em pé; - Sutura dos músculos plantares, do tecido subcutâneo e da pele; - Anteriormente ao nível distal da tíbia, formando coxim do calcâneo. Amputação de Syme: raio x mostrando superfície óssea plana, ideal para descarga distal. Causas mais comuns de um coto inadequado: Migração do coxim do calcâneo; Deiscência de suturas por manipulação excessiva das bordas. Nível bastante indicado devido: Procedimento tecnicamente fácil; Coto bastante longo e durável com possibilidade de descarga distal; Reabilitação e protetização precoce. Amputação de Syme: Discrepância no comprimento dos membros... Amputação de Syme: descarga de peso distal... Amputação de Pirogoff: Similar a Syme, porém é tecnicamente mais difícil e mais demorada; Artrodese entre a tíbia e o calcâneo. O calcâneo é seccionado verticalmente, eliminando sua parte anterior e realizando com a parte posterior uma rotação superior a 90o até ocorrer um encontro entre as superfícies do calcâneo e da tíbia (osteosíntese - fixação). Encontramos um espaço menor entre o coto e o solo, quando comparadocom a Syme. Indicações cirúrgicas; Locais de sutura; Procedimentos dos tendões; Descarga de peso. Idêntica a amputação de Syme. Amputação de Pirogoff Amputação de Boyd: Similar a amputação de Pirogoff com uma artrodese do calcâneo seccionado com a superfície distal tibiofibular. Osteotomia realizada no calcâneo é horizontal e sua fixação com a tíbia/fíbula é realizada após um pequeno deslocamento anterior. Descarga de peso: Distal; Discrepância nos comprimentos dos membros continua presente. Amputação transtibial: Amputação realizada entre a desarticulação tibiotarsica e a de joelho. Três níveis: Terço proximal; Terço médio; Terço distal. Importância funcional: Preservação do joelho na reabilitação e na deambulação. Visão radiográfica: Amputação transtibial. Causas: Patologias vasculares: idosos; Traumas: jovens; Infecção; Neoplasia; Anomalia congênita. Descarga de peso: Tendão patelar, entre a borda inferior da patela e a tuberosidade da tíbia, e nas regiões com tecidos moles localizados nas faces lateral, medial e posterior do coto. Contra-indicado: descarga de peso distal. - Tendência a deformidade em flexão de joelho; - Quanto mais proximal pior a deformidade. Procedimento cirúrgico: Secção óssea realizada na face anterior da tíbia deve ter angulação de 15o para não causar a compressão nos tecidos. Fíbula deve ser seccionada de 1,0 a 1,5 cm acima da tíbia. Arestas ou saliências ósseas devem ser evitadas. Musculatura posterior é rebatida anteriormente para formação do coxim. Mioplastia / Miodese. Esses procedimentos melhoram o controle do coto, a propriocepção e a circulação local, além de diminuir incômodos, como a dor fantasma. Nervos: seccionados após leve tração para se alojarem entre os grupos musculares; Suturas localizadas anteriormente... Amputação transtibial distal: Coto bastante longo; Grande braço de alavanca; Bom controle sobre a prótese; Não apresenta um bom suprimento sanguíneo e os tecidos subcutâneos e musculares da região resultam em um coxim escasso; Problemas: Escoriações; Úlceras: Perigoso - pacientes vasculares. Amputação transtibial distal. Amputação transtibial medial: Transição musculotendinosa do tríceps sural; “IDEAL” Bom coxim terminal; Bom comprimento do coto; Pacientes não encontram grandes dificuldades na reabilitação. Amputação transtibial proximal: O nível aceito é logo abaixo do tubérculo tibial com preservação do tendão do quadríceps para a extensão. Deformidade; Flexão de joelho. Amputação Transtibial proximal extremamente curto. Deformidade em flexão de joelho; Perda funcional da articulação. Vantagens da amputação transtibial em relação a níveis mais altos: Manutenção da articulação do joelho; Menor gasto energético durante a marcha; Facilidade para colocação e remoção da prótese; Marcha mais fisiológica. Desarticulação de Joelho: Durante muito tempo foi evitada e substituída pela amputação transfemoral. Nível de reabilitação ruim, devido as dificuldades e pela estética das protetizações. Hoje, inúmeras vantagens diante da amputação transfemoral. Indicadas: Traumas ortopédicos irreversíveis, anomalias congênitas de tíbia e/ou fíbula, tumores mais distais. Preconiza-se a preservação da patela. Procedimento cirúrgico: Nervos em planos profundos; Músculos devem ser reinseridos; Cicatrização: região póstero-inferior do coto; Indicada a descarga distal, proporcionando aumento da propriocepção ao paciente; Boa alavanca de movimento; Grande controle sobre a prótese; Por não apresentar desequilíbrios musculares, não observamos deformidades importantes; Leve grau de deformidade em flexão de quadril causado por posturas inadequadas. Descarga de peso distal. Amputações Bilaterais: VANTAGENS: Bom equilíbrio na posição sentada; Facilidade para transferências; Possibilidade de marcha sem próteses; Evita contraturas em flexão de joelho, encontradas em cadeirantes transtibiais. Vantagens dos desarticulados de joelho quando comparado aos transfemorais: Aumenta o braço de alavanca; Aumento da força muscular; Possibilidade de descarga distal; Bom controle rotacional sobre as próteses; Melhor suspensão protética; Facilidade para colocação e remoção da prótese; Diminuição de gasto energético durante a deambulação. Amputação transfemoral: Amputação realizada entre a desarticulação do joelho e a de quadril; Três níveis: Distal; Médio; Proximal. Causadas: Patologias vasculares; Traumas; Infecções; Neoplasias; Anomalias congênitas. Procedimento cirúrgico: Cuidados com a mioplastia, miodese, hemostasia (fisiológico), secção dos nervos e suturas; Cicatrização: região distal ou póstero-inferior; Deformidade em flexão e abdução do quadril; Quanto mais proximal, maior a tendência a deformidades; Desequilíbrio de força entre os músculos adutores e abdutores; Músculo glúteo médio: principal abdutor do quadril (integro); Músculos adutores: seccionados. Diminuição dos músculos com função adutora; Atrofia muscular; Inadequado mecanismo de fixação. Diminuição da força dos adutores; Facilitando o desvio postural; Alterando a marcha! Transfemoral Cicatrização distal. Quanto a deformidade em flexão do quadril; Encurtamento do íliopsoas às posturas adotadas de forma inadequada. Totalmente contra-indicada descarga distal! Os encaixes protéticos são confeccionados de modo que suportem a descarga de peso em apoio isquiático e/ou em paredes laterais do coto, dependendo do encaixe utilizado. Nível proximal mais aceito: coto ósseo com 8cm abaixo do trocanter menor, mantendo preservada a inserção do músculo ilíaco. Cotos mais distais; Alavanca maior; Maior controle sobre a prótese; Amputados transfemorais; Gasto energético 65% maior do que pessoas não amputadas. Transfemoral distal Transfemoral extremamente curto Desarticulação de quadril: Consiste na retirada de todo o MMII, inclusive a cabeça do fêmur. Indicada: Traumatismos complexos; Processos tumorais; Não apresenta coto ósseo, restando apenas uma cobertura musculocutanea do glúteo máximo. Cicatrização: anteriormente; Descarga de peso: Tuberosidade isquiática. Desarticulação sacro-ilíaca: Cirurgia radical, remoção da metade da pelve e de todo o MMII homolateral. Indicações: Neoplasias ósseas, de tecidos moles com invasão para a região pélvica e a metástases regionais; Descarga de peso: ísquio contra-lateral e região torácica. Desarticulação Sacro ilíaca AMPUTAÇÕES BILATERIAIS Francisco Lúcio A. Silva Docente do curso de graduação em Fisioterapia e Educação Física na UNESA Docente do curso de pós-graduação em Fisioterapia Neurológica e Traumato-ortopédica na UNESA Coordenador de Qualidade e Gestão na UNESA Cabo Frio francisco.lucio@estacio.br Causas: Patologias vasculares; Neuropáticas; Traumáticas. MMII Transfemorais; Transtibiais; Parciais de pé / ou tornozelo;Desarticulação de joelho / ou quadril. Avaliação - considerações Etiologia; Níveis de amputação; Locomoção atual; Período em que ocorreu a amputação; Membro dominante: apresenta um nível mais distal ou o 1º membro protetizado. Desarticulados de tornozelos e joelhos: Descarrega peso corpóreo sobre os cotos; Maior liberdade de movimentos e independência. Transtibiais: Locomove-se ajoelhados, quando não optam por cadeira de rodas; Desvantagem: encurtamento de isquiotibiais, favorecendo a flexão de joelho. Amputados bilaterais: Comprometimento transtibial e transfemoral: Cadeira de rodas; Arrastam-se com as nádegas; Ambas: deformidade em flexão de joelho e quadril. Amputações bilaterais transfemorais: Stubbies: próteses curtas sem articulação de joelho; Treinamento intermediário; Encaixes transfemorais e pés mecânicos idênticos aos das próteses definitivas, porém apresentam como conexão entre os componentes, tubos telescópicos, os quais podem ser aumentados conforme a evolução do paciente durante os treinamentos. Vantagem dos stubbies: Proximidade do paciente ao solo. Benefícios dos stubbies: Ajuste do paciente na posição ereta; Auxílio no alongamento dos flexores de quadril; Fortalecimento de grupos musculares quando em pé; Maior confiança nos treinos de equilíbrio e transferência; Maior habilidade durante o treino de marcha. Paulo Eduardo Chieffi Aagaard, Pauê, é o único surfista bi-amputado do mundo. Brasileiro, 30 anos, atleta, palestrante, fisioterapeuta e escritor... Níveis de Amputação MMSS Francisco Lúcio A. Silva Docente do curso de graduação em Fisioterapia e Educação Física na UNESA Docente do curso de pós-graduação em Fisioterapia Neurológica e Traumato-ortopédica na UNESA Coordenador de Qualidade e Gestão na UNESA Cabo Frio francisco.lucio@estacio.br Desarticulação escapular: Retirada da escápula RADICAL; Causas: Tumorações Malignas / Traumas; Apesar de mutilante, poderá aplicar prótese funcional. Desarticulação da escápula Desarticulação Umeral Desarticulação do úmero. Causas: Acidentes automobilísticos; Traumas. Não tem coto, não tem deformidade. Amputação transumeral 3 níveis: Proximal; Médio (ideal) “8 a 10 cm abaixo do Tubérculo maior do úmero”; Distal. Quanto maior o coto, maior o braço de alavanca; Preservação dos músculos adutores, flexores, abdutores, rotadores internos e externos. Amputação de Braço (transumeral) Proximal Média Distal Ideal... Coto muito curto... Deformidade em abdução Desarticulação do cotovelo Ponto cosmético desfavorável; Não tem deformidade; Sutura levemente anteriorizada; Duas semi-articulações externas do cotovelo, com bloqueio manual em várias posições. A alavanca é potente e o paciente domina com maior facilidade a sua prótese. Desarticulação do Cotovelo Amputação transradial Sutura distal; Quanto mais curto o coto, maior a tendência a ter deformidade em flexão de cotovelo; Pinça bilateral Kruckenberg (tentativa de dar função). Operação para obter pinça tipo “lagosta do mar”. Reconstituição que se faz no cotos de amputados abaixo do cotovelo, para prover um rústico mecanismo de preensão com sensibilidade. Terço médio para distal Desarticulação do punho Nível bom, porque o rádio e a ulna estão intactos; Coto longo; Movimento do cotovelo íntegro; Pronação e supinação preservados; Utiliza-se prótese mioelétrica. Desarticulação de Punho Amputação parcial de mão Transmetacarpiana; Amputação entre a fileira do carpo; Difícil protetização; Não tem deformidade; Utiliza como apoio; Prótese funcional. Amputação de dedos Desarticulação Interfalangeana: Flap da polpa digital para fazer o coxim (sutura); 1º. Dedo – polegar (alteração funcional) Complicado; 2º. Dedo – indicador (perda da pinça); Sutura no dorso; Não tem deformidade e descarga de peso; Uso de luva estética. Amputação Metacarpiana de Dedos Desarticulação interfalangeana Obrigado!
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