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ANÁLISE SISTÊMICA E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NA INDÚSTRIA Jackson Schirigatti G es tã o A N Á L IS E S IS T Ê M IC A E I N T E L IG Ê N C IA C O M P E T IT IV A N A I N D Ú S T R IA Ja ck so n S ch iri g at ti Curitiba 2018 Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Industriaú Jackson Schirigatti Diagramação Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva | 7 2. Análise do ambiente externo setorial | 23 3. Análise ambiental SWOT e os movimentos competitivos | 31 4. Planejamento Estratégico x Administração Estratégica | 43 5. Missão e Visão | 51 6. Estratégia direcionada para compradores e fornecedores | 57 7. Análise Estratégica para competitividade, produtividade, criatividade e inovação | 67 8. Fonte de dados para mensuração de produtividade e competitividade. | 81 Referências | 89 Prezado(a) aluno(a), Em nossa disciplina iremos compreender como a análise sistêmica e a inteligência competitiva podem trazer grandes benefícios com a articulação das estratégias na competitivi- dade empresarial. As oito etapas do estudo da disciplina forne- cerão métodos, ferramentas e orientações práticas para auxiliar na compreensão da análise macroambiental, setorial, interna e externa da organização, para assim definir, analisar e colocar em prática as estratégias competitivas de acordo com o negócio. No primeiro momento iremos realizar uma introdução à análise sistêmica e a inteligência competitiva visando compreender os cenários hipercompetitivos e o ritmo da competição das indús- Carta ao Aluno – 6 – Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria trias. Em um segundo momento, iremos apresentar metodologias e ferra- mentas para investigar e analisar estes cenários hipercompetitivos, bem como o ambiente interno e externo da empresa. Veremos a importância da compreensão das forças internas e externas que influenciam e afetam o negócio da organização e a geração de ações estratégicas ofensivas e defensivas de crescimento, desenvolvimento, manutenção e sobrevivên- cias para o combate as forças ambientais. Após a compreensão das for- ças ambientais, veremos neste contexto de influencias, os movimentos competitivos de ataque e defensivos e como os movimentos competitivos podem trazer vantagem competitiva a organização. Finalmente nas últi- mas aulas iremos compreender como as estratégias de diferenciação e de redução de custo podem dar a empresa um posicionamento exclusivo com relação ao concorrente. O autor.1 1 jacksonschirigatti@hotmail.com.br, Minha formação e trajetória acadêmica e empresarial são direcionadas para as áreas de sistemas e negócios. Sou formado em Sistemas de Informação, especialista em Engenharia de Negócios, especialista em Tutoria e gestão em EAD, Mestre em Engenharia Elétrica pela UFPR, e pós-graduando em Gestão de TI. Atualmente professor de graduação e pós-graduação nas áreas de sistemas de informação, gerenciamento de projetos e qualidade da informação. Autor de vários livros didáticos nas áreas de Educação, gerenciamen- to de projetos em banco de dados, metodologias ágeis e Lean de desenvolvimento de software e Gerenciamento de transações e concorrência de banco de dados. No campo empresarial atuei como programador de sistemas corporativos, analista de sistemas e analista de negócios em vários ramos industriais. 1 Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva Introdução a Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva Análise do ambiente externo setorial Análise ambiental SWOT e movimentos competitivos Planejamento Estratégico x Administração Estratégica Nesta aula veremos como a competitividade nos dias atuais se comporta e quais as suas origens. Na sequencia veremos a importância da formulação das estratégias neste cenário hiper- competitivo. Esta formulação depende de uma compreensão e visão sistêmica do processo de análise do ambiente de ameaças e oportunidades. Veremos que tal ambiente é composto de fatores de influência para o ambiente de negócios, contudo as empresas necessitam analisar estes fatores e questionar sobre o motivo da sua existência e sobre o seu negócio. Somente assim será possí- vel determinar ações para que se possam alcançar os objetivos propostos, superar os desafios do mercado e da concorrência e atingir o desempenho adequado. Este contexto de diagnóstico e análise ambiental, o planejamento e a formulação de ações futu- ras é a forma do pensar sistematicamente. Em outro momento iremos compreender a importância do planejamento estratégico Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 8 – empresarial e da administração estratégica para o desempenho da organi- zação e como os processos de análise, formulação de estratégias e objeti- vos estão inseridos nesta técnica de planejamento e administração. A análise sistêmica ou pensamento sistêmico vem do conceito de pensar de forma sistêmica ou perceber as organizações como sistemas abertos. A teoria que trata este contexto chama-se Teoria Geral de Siste- mas formulada por Karl Ludwig Von Bertalanffy (1950) coma publicação The theory of open system in physiscs and biology que influenciou as escolas da administração e que envolve princípios unificadores das diver- sas ciências (naturais ou sociais) com o objetivo da unidade da ciência. Os principais princípios da TGS é que os sistemas existem dentro de sis- temas, que estes sistemas são abertos, ou seja, “que os sistemas abertos são caracterizados por um processo de intercâmbio infinito com o seu ambiente para trocar energia e informação” (CHIAVENATO, 2002, p. 321). E que as funções de um sistema dependem de sua estrutura, ou seja, cada sistema tem um objetivo na intercambialidade com o outro sistema dentro do meio ambiente. A TGS considera que as organizações são sistemas que transformam insumos (recursos) em produtos e/ou serviços e que as partes do sistema ou departamentos se inter-relacionam, sofrendo intervenções e intervindo no ambiente externo e interno (FARIAS, 2013, p. 27). Da teoria Geral de Sistemas advém a teoria da contingência, que segundo CHIAVENATO (2011) apud FARIAS (2013, p. 27) ela apresenta os aspectos como: 2 A organização é um sistema aberto; 2 As características organizacionais apresentam interação entre si e com o ambiente; 2 As características ambientais funcionam como variáveis inde- pendentes, enquanto as características organizacionais são vari- áveis dependentes. A variável independente no sistema contingencial é o ambiente geral, vasto e complexo, fora da organização, também denominado macroam- biente, comum a todas as organizações de características: tecnológicas, econômicas, políticas, legais, ecológicas, culturais e demográficas. – 9 – Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva 1.1 Introdução à natureza e ao ritmo da competição das indústrias No século XXI a natureza fundamental e o ritmo da competição em várias indústrias no mundo estão se alterando, isto devido aos avanços da tecnologia globalizada, das redes de comunicação e das mudanças tec- nológicas. Os gestores devem adotar uma nova mentalidade, há da valo- rização da flexibilidade, velocidade, inovação, integração e dos desafios devido as constantes mudanças. O quadro 1 apresenta uma comparação entre os principais paradigmas para o Século XX e Século XXI. Quadro 1 – Comparação entre os principais paradigmas entre o Séc. XX e XXI: Paradigmas para o Século XX Paradigmas para o Século XXI Estabilidade, previsibilidade Descontinuidade, melhoria contínua. Porte e escalaVelocidade e responsabilidade Comando e Controle de cima para baixo Empowerment (delegação de autori- dade com responsabilidade) Rigidez organizacional Organizações virtuais, flexibilidade. Controle por meio de regras e hierarquia Controle por meio de visão e princípios Informações em segredo Informações compartilhadas Racionalidade, análise quantitativa. Criatividade, intuição Necessidade de certeza Tolerância a ambiguidade Reativo, avesso ao risco. Proativo, empreendedor Orientado para o processo Orientado para os resultados Autonomia e independência da empresa Interdependências, alianças estratégicas. Integração vertical Integração vertical Foco na organização interna Foco no ambiente competitivo Consenso Dissenso construtivo Orientação para o mercado Nacional Orientação para o mercado Global Vantagem competitiva Vantagem colaborativa Vantagem competitiva sustentável Constante reinvenção da vantagem Competindo por mercados atuais Competindo por mercados futuros Fonte: Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2001, p. 9-10). Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 10 – Hoje ainda desenvolver e implantar estratégias continuam sendo ele- mentos importantes para o sucesso desse ambiente formado por cenários mais competitivos. [Veremos ao longo de nosso estudo sobre a análise sistêmica e da inteligência competitiva e o desenvolvimento das estraté- gias]. Outro fator que deve alterar a natureza fundamental e o ritmo da competição é a economia globalizada em um cenário hipercompetitivo. Esta economia globalizada hipercompetitiva é onde aquela em que bens, serviços, pessoas e ideias cruzam as fronteiras geográficas e cujas empre- sas devem repensar os mercados as quais competem (HITT, IRELAND, HOSKSSON, 2008). Figura 1 – Mercado globalizado Fonte: Shutterstock.com/nopporn. Contudo, neste cenário hipercompetitivo é necessário que os gesto- res sejam assertivos na escolha de estratégias competitivas. Para Degen (2009, p. 142) “A escolha da estratégia competitiva é a base do sucesso, [...] ou mesmo do fracasso de um negócio em mercados onde há livre concorrência. Nos negócios, [...], vence aquele que estiver mais bem pre- parado, jogar melhor e usar a melhor estratégia competitiva do que os concorrentes”. A estratégia competitiva deve considerar que os negócios são sistemas abertos, que interagem e competem com outros negócios. Outro fator que deve atenção relacionada à natureza e ao ritmo da competição inclusive a globalizada, é a tecnologia da informação, que está – 11 – Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva vinculada à inovação permanente. A definição dos ciclos de vida destes produtos, disseminados desta tecnologia, são mais curtos e introduzem assim ao mercado novos bens e serviços inovadores. A introdução des- tes produtos inovadores é a fonte de vantagem competitiva (HITT, IRE- LAND, HOSKSSON, 2008). Podemos então relacionar a competitividade das indústrias aos fatores: 2 Avanços da Tecnologia da Informação; 2 Economia Globalizada; 2 Inovação de produtos e serviços e; 2 Mudanças constantes dos produtos e serviços. 1.2 Estratégia empresarial De acordo com esta hipercompetitividade, de cenários de mudanças e constantes aprimoramentos, se fazem necessária à formulação de estra- tégias. Para Siqueira e Boaventura (2012, p. 2) “quando se estabelecem as diretrizes básicas de uma organização, a seleção e a implantação de estra- tégias corporativas e dos negócios se tornam um dos pontos fundamentais para que se possam alcançar os objetivos propostos, superar os desafios do mercado e da concorrência e atingir o desempenho adequado [...]”. Já para Luzio (2012) Em um cenário de alta competição impulsionada pelo avanço das tecnologias de tempo real, as organizações devem se adaptar ao ambiente em evolução contínua. Sendo necessário um conjunto de esco- lhas (e não escolhas) claramente definidas e implementadas que gerem singularidade no mercado e rupturas que a organização deverá realizar para promover um crescimento sustentável, conquistando sua visão de forma consciente com a sua missão. Estas escolhas são denominas estra- tégias. As estratégias são ações geradas a partir de uma análise ambiental do mercado (no sentido ambiente de negócios, tecnologia, economia, etc., e não relativo ao meio ambiente) e da própria empresa. Após esta análise ambiental, a organização poderá formar uma visão e uma missão. A visão deve ser ousada, mas realista do que se pretende no futuro, ambiciosa, mas atingível de onde quer chegar; Já uma missão deve estabelecer e definir qual é o negócio da empresa, seus objetivos e o modo como alcançá-los. Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 12 – A Fig. 2 ilustra o caminho para se chegar à estratégia organizacional: 1. Realizar a análise ambiental; 2. Formar uma visão e missão da organização (caso já exista, veri- ficar se deve ser modificada e melhorada) e; 3. Definir as estratégias; 4. Aplicar as estratégias; 5. Retornar ao inicio do ciclo (feedback). A declaração, a consciência e o “fazer” da visão e missão não são está- ticas, e sim dinâmicas, podem ser modificadas de acordo os fatores exter- nos e internos de uma organização. É o ambiente que influencia e pode mudar o que a organização pretende produzir, modificar ou lançar, como novos produtos e serviços ou até aumentar ou diminuir a quantidade destes produtos ou serviços para um determinado setor ou região. O que rege as organizações são as influências e as oportunidades do ambiente interno e externo. Depois de aplicadas as estratégias, novos ajustes e novas ações devem ser tomados em um ciclo de melhoria contínua, mesmo que a asser- tividade seja muito precisa, ou seja, é necessária uma análise competitiva constante, uma luta para a busca da singularidade exclusiva com cliente. Figura 2 – Passos para chegar à estratégia 1. ANÁLISE AMBIENTE (INTERNO E EXTERNO A ORGANIZAÇÃO) 2. VISÃO (ONDE CHEGAR?) E MISSÃO (O QUE EU FAÇO HOJE?) 3. ESTRATÉGIAS (O QUE FAZER? E COMO FAZER?) 4. APLICAR AS ESTRATÉGIAS 5. FEEDBACK - AJUSTES Fonte: Autor. 1.3 Análise Ambiental organizacional As declarações da Missão e da Visão são os alicerces das estratégias, mas para chegarmos a formar estas declarações são necessária análises – 13 – Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva dos ambientes interno e externo de uma organização. O entendimento integrado dos ambientes externo e interno é fundamental para compre- endermos o presente e o futuro. O ambiente externo passa por mudanças contínuas e rápidas que podem influenciar as estratégias das organizações. O ambiente geral é composto por fatores de influencias como inova- ções tecnológicas, mudanças nas leis, cenários político, bolsa de valores, regulação do mercado de câmbio, e outros. Mas na sociedade em geral é possível classificar em seis os segmentos ou dimensões que influenciam o setor (indústria) e as empresas que a compõem. Podem ser agrupados em seis segmentos ambientais ou forças macroambientais: 1. Demográfico; 2. Econômico; 3. Político/jurídico; 4. Sociocultural; 5. Tecno- lógico e; 6. Global. A Fig. 3 mostra os seg- mentos ambien- tais influenciando o ambiente da indústria (setor) e o ambiente da c o n c o r r ê n c i a , através de ame- aças de novos entrantes, poder de fornecedores, poder de compra- dores, produtos substitutos e a intensidade da rivalidade. Ambiente da Indústria (setor) Ameaça de novos entrantes Poder dos Fornecedores Poder do compradores Produtos substitutos Intensidade da Rivalidade E Ambiente da concorrência Econômico Tecnologia Político/jurídico Demográfico Global Sócio Cultural Figura 3 – o ambiente externo daorganização Fonte: HITT, IRELAND e HOSKSSON (2008, p. 35). Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 14 – 1.3.1 Setor demográfico O setor demográfico é constituído de elementos como o tamanho da população, estrutura etária e distribuição geográfica; Segundo Hitt, Ire- land, Hosksson (2008, p. 40), observar as mudanças demográficas nas populações coloca em evidência a importância desse segmento ambiental, como por exemplo, a verificação da estimativa de vida para tomadas de decisões como incentivar os empregados há trabalharem mais tempo para obterem uma aposentadoria melhor. Também a distribuição geográfica é uma informação relevante quando se verifica uma população que migra de uma região para outra, como das regiões metropolitanas para as regiões não metropolitanas ou vice-versa. Questiona-se essa tendência de migra- ção para tomada de decisões, ou seja, informação necessária para uma mudança na base de cálculo municipal e estadual, apoio do fisco com rela- ção aos incentivos fiscais oferecidos por estas empresas, etc. Com relação ao nível nacional a fonte de informações do segmento demográfico pode ser fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para o IBGE (online1) “os censos populacionais produzem informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível do governo, e constituem a única fonte de referência sobre a situação da vida da população [...]”. O Quadro 2 abaixo, apresenta a composição do segmento demográ- fico em: tamanho da população, estrutura etária, distribuição geográfica, composição étnica e distribuição de renda. Quadro 2 – Composição do segmento demográfico Segmento demográfico Importância Tamanho da População O tamanho da população global é um grande desa- fio para as empresas. Em alguns países europeus, por exemplo, a taxa de natalidade vem caindo, enquanto países como a China prevê-se um crescimento da população, o que deve tornar este país um dos mais populosos do planeta. – 15 – Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva Segmento demográfico Importância Estrutura Etária A idade média da população em alguns países está aumentando. Isso pode ser uma grande oportunidade para a criação de bens e serviços que atendam essa faixa etária. Distribuição Geográfica No Brasil, a distribuição geográfica está sendo alte- rada. Atualmente, o uso de computadores, celulares e outras tecnologias têm possibilitado às pessoas traba- lhar em áreas mais distintas sem ter de se deslocar. Composição étnica A composição étnica continua crescendo em vários países, principalmente devido à imigração. As empre- sas precisam entender essa diversidade e propor pro- dutos ou serviços que atendam às demandas de deter- minados grupos étnicos. Distribuição de renda É de extrema relevância para uma empresa entender a distribuição de renda das populações nos diversos países. O aumento de consumo de uma classe social, o número de casais que trabalham, entre outras, são informações que subsidiam as empresas a criar ações e estratégias para atender com produtos e serviços aos diversos públicos. Fonte: Siqueira e Boaventura (2012, p.58) 1.3.2 Segmento econômico Segundo Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 40), “as empresas estudam o segmento econômico porque a qualidade da economia de um país afeta as empresas e as indústrias”. Siqueira e Boaventura (2012, p. 59) comen- tam que o ambiente econômico deve ser levado em conta, pois a demanda de produtos e serviços pode ser afetada por um a economia local, cujos fatores macroecômicos como quantidade de emprego, distribuição e taxa de crescimento de renda, taxas de juros, inflação e câmbio, nível de pro- duto interno bruto (PIB), ou outros como déficits ou superávits comerciais ou orçamentários; Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 16 – 1.3.3 Segmento político/jurídico O segmento político/jurídico constitui-se de legislações e filosofias de desregulamentação; Para Siqueira e Boaventura (2012, p. 60) também podem se referir às tendências das leis, dos códigos e de correntes ideoló- gicas, e especificamente podem ser legislações federal, estadual e muni- cipal; legislações tributárias e trabalhistas; políticas monetárias, fiscal e previdência; legislação ambiental; regulamentação e desregulamentação de setores específicos. Alguns exemplos de informações deste segmento seria a redução do PIS e COFINS de determinados produtos ou aumento do IPI para carros importados. Curiosidade O PIS e COFINS são tributos previstos em Lei pela constituição Federal e incidem sobre a receita bruta das empresas (pessoas jurí- dicas) com exceção dos microempresários que contribuem com pelo Simples Nacional. PIS significa Programas de Integração Social e de Formação do Patri- mônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e são destinados ao pagamento do seguro-desemprego, abono e participação na receita dos órgãos e entidades publicas e privadas. COFINS significa Contribuição para Financiamento da Seguridade Social. 1.3.4 Segmento sociocultural Segundo Siqueira e Boaventura (2012, p. 60) o setor sociocultural corresponde à cultura de cada sociedade, atitudes e valores culturais, que podem ser as preocupações com atitudes individuais e em relação ao cole- tivo; rede educacional; preocupação com o meio ambiente e veículos de comunicação. Para Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 44) alguns exemplos de informações e vantagens do segmento sociocultural seriam: 2 Tendências da diversidade da mão-de-obra, esta diversidade pode trazer vantagem competitiva, pois equipes heterogêneas – 17 – Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva são mais eficazes, criativas, inovativas e tomam decisões com maior qualidade; 2 Aumento dos trabalhadores ocasionais no setor técnico e pro- fissional (em meio período, temporários e trabalhadores sob contrato) em toda a economia mundial. [As vantagens seriam a eliminação dos encargos salariais, há não necessidade de treina- mentos técnicos específicos]. 1.3.5 Segmento tecnológico O segmento tecnológico constitui-se de inovação de produtos, apli- cações dos conhecimentos; Siqueira e Boaventura (2012, p. 61) apresen- tam alguns indicadores relacionados ao desenvolvimento, posse e uso da tecnologia: 2 Incentivos governamentais para P&D; 2 Avanço tecnológico; 2 Proteção de marcas e patentes; 2 Expansão do campo de pesquisa; 2 Nível de desenvolvimento e pesquisa do país. 1.3.6 Segmento geral O segmento geral é constituído de acontecimentos políticos impor- tantes e mercados globais essenciais. Busca-se analisar fatores de impacto global para as empresas, Siqueira e Boaventura (2012, p. 61) citam exem- plos como: “aquecimento Global; catástrofes naturais; escassez de água”. Já para Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 44) o segmento global ou geral inclui novos mercados relevantes, mercados em transformação e eventos políticos internacionais. Exemplos de informações do segmento global ou geral seriam: 2 Tendência na globalização de terceirização (outsourcing), por exemplo, redução de pessoal de determinadas operações, ter- ceirizando-os. Neste caso o que não se deve realizar é a tercei- Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 18 – rização total de um setor, diminuído a flexibilidade e eficiência das tarefas. 2 O conhecimento de atributos socioculturais e institucionais dos mercados globais são informações essenciais para que as empre- sas ampliem o alcance e os seu potencial. Aumentando também as chances de um retorno sobre as suas inovações aplicadas nes- ses mercados internacionais.Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2001, p. 9) comentam algumas pre- ocupações que podem afetar as empresas no Séc. XXI, como um ambiente hipercompetitivo e global; uma concorrência além das empresas similares; fronteiras setoriais incertas; uma economia volátil; empresas especialistas que substituem a integração vertical e as tecnologias que se tornam integradas. São muitas as macrotendências que podem influenciar as indústrias, no mercado e na sociedade de modo geral. O quadro 3 apresenta uma relação de algumas das principais ten- dências que se concretizaram e que influenciam os setores industriais e a sociedade, como a globalização, tecnologia, aspectos culturais e diversi- dade, blocos econômicos, mudanças demográficas, valorização do capital humano, governança pública e privada, organização da produção, organi- zação das empresas e evolução do trabalho: Quadro 3 – Algumas das principais Macrotendências que estão ou podem influenciar os setores indústrias, do mercado e sociedade do Séc. XXI: Macrotendências Tendências / Influências Globalização Consolida-se como uma tendência forte neste início de século 2 Novos posicionamentos de mercado; 2 Adaptação do modelo de indústria a uma economia multifaceta, plurissegmentada e multidimensional. 2 Afeta padrões de consumo; 2 Produção personalizada e segmentada; 2 Uso de tecnologias da informação e comuni- cação (TICs); 2 Agravamento de conflitos; 2 Diferenças sociais; – 19 – Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva Macrotendências Tendências / Influências Tecnologia 2 Facilita as transações mundiais devido à redução de distâncias; Aspectos culturais e diversidade 2 Fragmentação, divisão e desconfiança recíproca. 2 Pode haver a formação de sociedades cosmo- politas com diversidade estável; Blocos Econômicos Intensificação do comércio Interna- cional contribui para acordos bilaterais e concretização de Blo- cos Econômicos 2 Elimina barreiras alfandegárias; 2 Facilita o comércio entre países-membros; 2 Possibilidade da geração de desigualdade social e econômica; Mudanças Demográficas 2 Sucessivas reduções nas taxas de fecundi- dade e mortalidade; 2 Aumento de dez anos na média da idade em muitas regiões do planeta; 2 Sabendo que o envelhecimento mundial pode representar oportunidades e ameaças para todas as indústrias, novos produtos de mer- cado, segmentação e nichos apropriados às necessidades de um público exigente e expe- riente, que envolve em seus produtos quali- dade e funcionalidade. 2 Com a redução da mortalidade, o mercado de consumidores de idosos será expressivo e consequentemente serão desenvolvidos pro- dutos que envolvam saúde e meios de trans- porte apropriados. Valorização do Capi- tal Humano 2 Investimento pessoal e valorização do Indivíduo; 2 O capital intelectual valendo mais do que o capital financeiro; Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 20 – Macrotendências Tendências / Influências 2 Valorização da qualidade de vida; 2 Mais liberdade no indivíduo para desenvol- ver o seu potencial. 2 Maior importância ao desenvolvimento humano permanente. 2 Uma sociedade mais crítica sendo mais valo- res de transparência e ética. Governança pública e Privada 2 Novos modelos de governança estrutura- das em ambientes que asseguram níveis elevados de transparência, responsabili- dade e de integridade; 2 Realização de tomada de decisões e orientações estratégicas nos níveis inferiores da hierarquia; 2 As empresas estão se tornando mais descen- tralizadas e horizontais; 2 Maior ênfase ao diálogo; 2 Com a personalização da produção e do con- sumo as empresas estão integrando o sistema de fornecedores e consumidores; 2 Redução do autoritarismo e da hierarquia; 2 As tecnologias colaboram para a formação de arranjos sociais cooperativos. Organização da Pro- dução 2 Produções fordistas e princípios tayloristas sendo transformada em novos modelos; 2 Personalização criativa de produtos e redes de fornecimento fluidas; 2 Capacidade de articulação e desenvolvi- mento de redes de colaboração; 2 Trabalho permeado pela competência e pelo conhecimento. – 21 – Introdução a Análise Sistêmica e a Inteligência Competitiva Macrotendências Tendências / Influências Organização das empresas 2 Transição de organizações Integradas ver- ticalmente para estabelecimentos mais especializados e formas de organização descentralizada; 2 Terceirização das atividades não core busi- ness e especialização em atividades core business; 2 Espaços compartilhados nos escritórios; 2 Crescimento da terceirização; 2 Transformação de setores e-lancers (negó- cios de um a poucos trabalhadores ligados por redes eletrônicas) Evolução do trabalho 2 Sistemas de trabalhos mais participativos e de alto desempenho; 2 Implicação de maior responsabilidade ao trabalhador; 2 Descentralização da tomada de decisão; 2 Equipes colaborativas com alto grau de com- partilhamento de informação e comunicação. 2 Surgimento dos trabalhos de auto-emprego e sem vínculo empregatício, trabalho a distân- cia e trabalho temporário. 2 Trabalhos Home Office (em casa); Fonte: SESI (2008) e Vasconcelos Filho e Pagnoncelli (2001, p. 16). Segundo Chiavenato (2004, p. 94) Para as organizações o mapea- mento ambiental permite vislumbrar o que ocorre no contexto ambiental em um determinado momento. Além de um mapeamento do cenário atual, a organização necessita realizar um mapeamento futuro para as tomadas de decisões de longo prazo. Estes cenários são estudos para se construir diferentes imagens e visões alternativas favoráveis ou desfavoráveis do Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 22 – ambiente futuro de negócios. Na prática os cenários são construções de modelos ambientais compartilhados e consensuais a respeito do ambiente, a qual propõem descrições futuras. As variáveis ambientais fora da empresa são denominadas variá- veis independentes e as variáveis da organização são denominas variáveis dependentes. As variáveis independentes são mapeadas pela empresa, mas não podem ser controladas. Contudo a empresa deve se preparar através de ações ofensivas e defensivas, como veremos na sequencia de nosso estudo. Amplie seus estudos: Algumas ferramentas para realização de projeção e análise de cenários, que as organizações podem utilizar, é o modelo das cinco forças de Porter, de análise ambiental SWOT e da análise PESTEL/PESTAL que trata de fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ecológicos e legais. A Análise PESTEL realiza somente a análise do ambiente externo e pode ser combinada com a SWOT que efetua uma análise interna e externa da organização. Vejam mais nas referências externa: Disponível em: https://febraec.org.br/pt-br/detalhe/artigos/analise-pes- tel-alvaro-camargo.htm Acessado em 20 de julho de 2018. Planejando Cenários - Um Guia Prático Para Se Preparar Para o Futuro do Seu Negócio; WADE, Woody; 2013. 2 Análise do ambiente externo setorial Introdução a Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva Análise do ambiente externo setorial Análise ambiental SWOT e movimentos competitivos Planejamento Estratégico x Administração Estratégica Vimos que as forças macroambientais como as do setor demográfico, político/jurídico, tecnológico, sociocultural e glo- bal influenciam as organizações direta e indiretamente. Nesta aula compreenderemos outras forças externas mais específicas do que as forças macroambientais, chamadas de forças setoriais ou do ambiente da indústria. Estas forças são tratadas em um dos principais modelos de formulação deestratégica empresarial: as Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 24 – cinco forças de Michel Porter, que são as influências da concorrência, dos stakeholders, dos produtos e dos serviços. Como este modelo é uma análise destas influencias, gera-se um conjunto de dados e informações que coletados por uma empresa, fazem com ela consiga entender e pre- ver as ações dos concorrentes. Este estudo é denominado inteligência competitiva. Portanto, em nossa aula estaremos nos aprofundando nesta inteligência competitiva, como diagnóstico e análise de informações do ambiente setorial. 2.1 O modelo das Cinco Forças de Michel Porter Para Siqueira e Boaventura (2012, p .4) a análise do ambiente e a interface com a organização é fundamental em quase todas as abor- dagens, teorias, modelos e técnicas para a formulação e implantação das estratégias empresariais. Umas das teorias mais utilizadas para for- mulação da estratégia organizacional é as das cinco forças de Michel Porter, onde caracteriza o ambiente empresarial externo ou análise do ambiente setorial: 2 Rivalidade entre concorrentes; 2 Poder de negociação dos clientes; 2 Poder de negociação dos fornecedores; 2 Ameaça de entrada de novos concorrentes; 2 Ameaça de produtos substitutos. O modelo das cinco forças de Porter proposta em 1998 pelo profes- sor de Harvard University Michael E. Porter tornou-se famosa e sendo considerada por todas as empresas, independe do seu ramo de atuação ou segmento, identificam as cinco forças competitivas fundamentais, já mencionadas acima, mas não contemplam as forças internas, suas capaci- dades, competências, cultura e clima de uma organização. Neste caso as cinco forças de Porter se caracteriza como reativo e não pró-ativo (BAL- LESTERO e ALVAREZ, 2011). A Fig. 4 ilustra o digrama das cinco forças de Porter. – 25 – Análise do ambiente externo setorial Figura 4 – Cincos Forças de Porter ou forças competitivas setoriais ENTRANTES Ameaças de novos Entrantes CONCORRENTES Rivalidade interna SUBSTITUTOS Ameaças de produtos ou serviços FORNECEDORES Poder de negociação e barganha CLIENTES Poder de Negociação e barganha São partes interessadas, ou chamados ,Stakeholders pessoas ou outras organizações que influenciam ou são influenciadas. Neste caso os fornecedores que fornecem matéria-prima, serviços e tecnologia Envolve quantidade, preço, desempenho, ação coletiva da empresa na promoção do bem, lucratividade e crescimento das empresas dos produtos substitutos São partes interessadas, ou chamados Stakeholders externos, no caso dos clientes onde compram produtos e serviços. Esta força envolve os concorrentes diretos de uma empresa classificados como rivalidade entre empresas A força de novos entrantes, empresas que podem ameaçar a participação de mercados dos já existentes. Os entrantes trazem capacidade extra de produção. Fonte: adaptado de Ballestero e Alverez (2011) 2.1.1 Análise dos concorrentes No centro do diagrama das forças de Porter, da fig.4, a análise dos con- correntes é uma parte importante da análise ambiental setorial da indústria que envolve concorrentes diretos e indiretos de uma empresa e busca ana- lisar a movimentação estratégica dos concorrentes. Segundo Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 53) as empresas de uma indústria concorrem entre si quando a rivalidade competitiva se intensifica através da diferenciação de seus produtos com relação ao preço, qualidade e inovações. A ameaça dos concorrentes determina até que ponto o outro pode satisfazer as mesmas necessidades do cliente, sendo que existe um limite de custo e investimento para produzir no mesmo patamar do concorrente. O dispêndio de produção para satisfazer tal necessidade pode levar a organização a não sobrevivência em longo prazo. O fator cliente também está relacionado a esta disputa, pois deve ser verificado se o cliente terá condições de pagar o preço por um produto acima do custo de produção (MATOS, MATOS e ALMEIDA, p. 143-144). Veja no diagrama que a Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 26 – seta de força de influência do cliente é direcionada para a concorrência, ou seja, o cliente influencia a decisão, pois tem poder de compra e barganha. Siqueira e Boaventura (2012, p. 4) apresentam alguns componentes da análise de concorrentes, ou seja, supostas coletas de informações que devem ser realizadas em termos de objetivos futuros, estratégia atual, pre- missas e reações. Estas informações devem ser coletadas de maneira ética através de informações públicas como relatórios financeiros públicos e catálogos dos concorrentes [disponíveis, por exemplo, na web]. Os com- ponentes de análise seriam: 1. Objetivos futuros: 2 Nossas metas são compatíveis às de nossos concorrentes? 2 Como nos comportamos em relação ao risco? 2. Estratégia atual: 2 Nossa estratégia é competitiva? 2 Como estamos concorrendo no mercado? 3. Premissas: 2 Quais considerações nossos concorrentes fazem sobre o mercado? 2 O que mudará o futuro? 4. Reações: 2 Quais nossos pontos fortes em relação à concorrência? 2 Quais nossos pontos fracos com relação à concorrência? 2.1.2 Análise dos Stakeholders Segundo Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 52) Os fornecedores podem influenciar diretamente nas negociações através do aumento dos preços e da redução da qualidade dos seus produtos. Este impacto reflete diretamente na redução da lucratividade dos produtos vendidos, caso a empresa não consiga recuperar os aumentos destes custos de seus for- necedores, através de sua própria estrutura de precificação. Na realidade – 27 – Análise do ambiente externo setorial este ambiente é mais complexo do que imaginamos, as organizações tem se deparado com uma complexidade além de formatos como clientes e fornecedores, mas como stakeholders ou partes interessadas, como fun- cionários, investidores, acionistas, comunidade, etc. Cada stakeholder em uma organização cobra resultados financeiros, comportamentos ou demais necessidades influenciando a organização. O quadro 4 abaixo apresenta os principais stakeholders, o que lhes oferecem, seus principais interesses e como estão organizados. Quadro 4 – Stakeholders e principais interesses e suas organizações Stakeholders Oferecem Principaisinteresses Organização dos stakeholders Acionistas Capital, investimento Rentabilidade, retorno do investimento. Mercado de Capitais Funcionários, gestores e diretores. Trabalho, conhecimento Salários adequados, benefícios sociais, oportunidade de crescimento profissional. Dentro da Organização Investidores Capital, investimento Rentabilidade, transparência, retorno do investimento. Mercado de Capital Clientes, canais de distribuição, atacadistas e varejistas. Compra de produtos ou serviços Preço, qualidade dos produtos ou serviços, assistência técnica. De produtos e serviços Fornecedores de matéria- prima, serviços e tecnologia. Oferta de insumo Pontualidade nos pagamentos, venda de seus produtos ou serviços. Fornecedores Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 28 – Stakeholders Oferecem Principaisinteresses Organização dos stakeholders Agências regu- latórias, sindi- catos, órgãos governamen- tais, sociedade, comunidade, mídia. Políticas, normas da qualidade, leis, influen- cias positivas, incentivo fiscal. Qualidade de vida ao cidadão, melho- ria na região, empregabilidade, estabilidade. Externos Fonte: Adaptado de Siqueira e Boaventura (2012, p.66). Siqueira e Boaventura (2012, p. 67) comentam que a identificação dos stakeholders é degrande importância para as organizações, pois com esta identificação é possível verificar quais destes stakeholders auxiliam na definição da estratégia da empresa e quais políticas seriam necessárias e propícias para seus interesses. Também a identificação dos stakeholders está vinculada a quais deles podem influenciar o desempenho da empresa. Os gestores devem ter competências e habilidades suficientes para gerenciar as “influências” ou estilos dos stakeholders dentro de um pro- jeto e/ou de uma atividade setorial, atingindo assim com sucesso os objetivos da organização. Contudo, os próprios gestores influenciam e são influenciados por outros stakeholders, mas devem deter o conheci- mento de como dominar e compreender os conflitos de estilos. As par- tes interessadas podem ter estilos variados como o adormecido, o arbi- trário e o reivindicador. O estilo adormecido possui poder para impor suas vontades (interesses), mas não possui legitimidade e urgência. O arbitrário possui legitimidade, mas não possuem poder e urgência para impor os interesses. E o reivindicador não possui poder e legitimidade, mas tem urgência. Há também a combinação dos estilos, sendo possí- vel identificá-los como: estilo dominante, possui poder e legitimidade, mas não urgência. O estilo perigoso, possui poder e urgência, impondo vontade sem legitimidade. O estilo dependência, possui legitimidade e urgência, mas depende do poder de outros stakeholders. E por último o estilo definitivo, que a combinação de todos os estilos principais. A fig. 5 apresenta as categorias de Stakeholders. – 29 – Análise do ambiente externo setorial Figura 5 – Categorias de Stakeholders perigoso definitivo dependência adormecido Poder Legitimidade Adormecido: possui poder para impor suas vontades (interesses) mas não possui legitimidade e urgência. Perigoso possui poder e urgência, impor sua vontade sem legitimidade Dominante arbitrário reivindicador De pendência: possui legitimidade e urgência, mas depende do poder de outros .stakeholders Reivindicador: não possui poder e nem legitimidade mas tem urgência. Urgência Dominante: possui poder e Legitimidade mas não urgência. Fonte: Tetrim (2010) apud Noro (2012) 2.1.3 Ameaça de Novos Entrantes Segundo Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 49), identificar novos entrantes é importante porque estes podem ameaçar a participação de mer- cado através de sua alta capacidade de produção, a menos que a demanda de um bem ou serviço aumente. Pois, neste caso a capacidade extra de pro- dução pode baixar os custos para o consumidor e resulta em menos receita e retornos para os concorrentes. Além da mobilização de novos recursos para uma produção extra, a ameaças podem estar relacionada às novidades atraídas pelos consumidores. 2.1.4 Ameaça de Produtos Substitutos Segundo Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 53) e Herrero (2005, p. 53), são bens e serviços externos a uma determinada indústria que executam funções iguais ao produto que uma indústria produz. Um produto substi- tuto pode ser um e-mail no lugar de um aparelho de fax, garrafas de plás- Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 30 – tico no lugar de garrafas de vidro, jornal eletrônico por um jornal de papel, o aço sendo substituído por plástico, alumínio ou cerâmica; o açúcar pelos adoçantes artificiais, etc. Os produtos substitutos afetam a rentabilidade dos produtos e em especial as empresas com elevada lucratividade. Para acontecer à mudança de um novo produto, ela depende de custos, tempo e investimento. Nas perspectivas de valor em termos financeiros, poderá ser necessária a redução no preço-teto dos produtos e nos investimentos em máquinas, equipamentos, e outros ativos. Com relação ao cliente poderá ser exigida uma maior diferenciação do produto ou um estimulo de uma venda cruzada. Em termos de processo interno a organização poderá ocor- rer redesenhos da experiência de compra ou a formação de alianças estra- tégicas. E na questão de aprendizagem e renovação poderá ser exigido um melhor desenvolvimento em tecnologias estratégicas. Curiosidade Através de inteligência competitiva e de política pública a empresa obtém insights necessários para criar vantagem competitiva e aumenta a qualidade de decisões estratégicas para a competição com os concor- rentes. Um exemplo é realização da análise de concorrência pela Micro- soft sobre a sua rival Google, em várias situações já vistas, dede a com- petição como o domínio do mecanismo de busca Bing e Google até as patentes usadas em consoles de jogos da Microsoft e em smartphones com Android. Neste último caso a Microsoft, Google, Netflix e outras empresas se uniram para criar um formato de vídeo open source, resol- vendo o problema da patente. Vejam que às vezes as estratégias vão desde inovações nos produtos e serviços para competir com ela ou até mesmo parcerias para todas ganhem juntas. 3 Análise ambiental SWOT e os movimentos competitivos Introdução a Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva Análise do ambiente externo setorial Análise ambiental SWOT e movimentos competitivos Planejamento Estratégico x Administração Estratégica Agora compreenderemos como realizar uma análise com- plementar a análise do ambiente externo setorial, utilizando-se da ferramenta SWOT. A diferença entre as cinco forças de Porter e a análise SWOT é que esta última tem por objetivo identificar e caracterizar através de uma análise interna e externa a posição estratégica da organização ou até mesmo de um produto ou ser- viço, identificando o rumo que a organização que deverá seguir. Como vimos na metodologia de Porter, ela nos dá uma visão mais externa e setorial através das influências dos stakeholders e da concorrência. A combinação destas duas metodologias nos fornece subsídios para uma melhor visão competitiva. Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 32 – 3.1 Ferramentas para a análise ambiental - SWOT Siqueira e Boaventura (2012, p. 5) comentam que algumas des- sas forças possuem maior intensidade em determinado setor específico, obtendo assim maior uma influência na definição da estratégia a ser ado- tada. Sendo assim neste modelo é necessário conhecer o setor e as carac- terísticas das forças que influenciam o ambiente empresarial. Este modelo é denominado matriz SWOT, cujo termo é um acrônimo da língua inglesa: S (Strenghts) = Forças; W (Wekness) = Fraquezas; O (Opportunities) = Oportunidades e T (Threats) = Ameaças. A SWOT é uma ferramenta utilizada para realizar a análise ambien- tal e permitir a prospecção de cenários alternativos desse ambiente de negócios para alguns anos. A ferramenta realiza uma síntese das análises internas e externas do ambiente. Mattos, Mattos e Almeida (2007, p. 154) comentam que “o grande objetivo da matriz SWOT é a identificação dos rumos que a organização deverá seguir e quais os passos para que ela atinja seus objetivos estratégicos. Portanto o resultado de uma análise ambiental através da matriz SWOT é a definição dos objetivos estratégicos e metas para uma organização”. O quadro 3 apresenta a matriz SWOT, onde as colunas representam os fatores externos a organização (oportunidades e ameaças) e adaptando as informações do ambiente externo do diagrama da Fig.3 (influências: demográfica, econômica, sócio cultural, global, tec- nológica e político/jurídica); e as linhas representando os fatores internos a organização (pontos fortes e pontos fracos). No interior do diagrama são ilustrados os direcionamentos estratégicos na qual a organização pode escolher em determinada situação: a sobrevivência; a manutenção; o cres- cimento; o desenvolvimento. Para Santos (2007, p. 7) a principalpremissa para o uso da análise SWOT na sua forma clássica é a de que o sucesso da estratégia pressu- põe uma adaptação ao ambiente, sendo possível construir uma posição de defesa e de adaptação aos novos cenários. O roteiro de sua construção passa a definir o propósito para a empresa (visão do negócio) e em seguida é realizada a análise externa do ambiente buscando as possíveis oportuni- dades e ameaças. E a partir do cruzamento dessa matriz a empresa poderá ter uma definição dos seus objetivos. – 33 – Análise ambiental SWOT e os movimentos competitivos 3.1.1 Ameaças As ameaças são situações, barreiras e obstáculos advindos do ambiente externo, forças existentes ou potenciais (que podem vir a ocor- rer) que estão fora do controle da empresa e que podem prejudicar seu posicionamento e desempenho no ambiente competitivo. No que se refere às barreiras externas são considerados obstáculos ou entraves gerados por fortes forças externas que podem impedir a entrega do resultado ou pro- duto esperado. Exemplos: normas regulatórias setoriais (que criam restri- ções à ação empresarial) [como vimos com relação às forças externas do segmento político/jurídico]; alto poder de barganha dos fornecedores e o alto poder de barganha dos clientes/compradores ou até hábitos de con- sumo enraizados e desfavoráveis [como vimos com relação às forças do setor global e sociocultural] (LUZIO, 2010, p. 114-119). 3.1.2 Oportunidades Uma oportunidade é uma condição no ambiente geral que, ajuda a empresa obter competitividade estratégica ou a prosperar. Para Carneiro (2010, p. 71) as oportunidades são fatos ou situações do ambiente externo que a organização pode vir a explorar com sucesso, como novas tecnolo- gias, tendências de mercado, novos mercados, alianças estratégicas, etc. 3.1.3 Pontos Fortes Segundo Carneiro (2010, p. 70) o fator de análise “pontos fortes” são fatos, recursos, reputações ou outros fatores identificados com o ambiente interno que podem significar uma vantagem competitiva ou um diferen- cial no cumprimento de sua missão. Sendo exemplos destes fatores, os recursos financeiros, liderança aberta à mudança, clima organizacional, tamanho e lealdada da base de clientes, margens de retorno, etc. 3.1.4 Pontos Fracos Segundo Carneiro (2010, p. 71) o fator de análise “pontos fracos” são as deficiências ou limitações identificados no ambiente interno que podem restringir o desempenho da organização. Sendo exemplos desses Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 34 – fatores, as inabilidades técnicas ou gerenciais, inadequado controle de custos, endividamento incompatível com o fluxo de caixa, alto índice de turnover, etc. 3.1.5 Relação Oportunidades x Pontos Fortes Perceba que no Quadro 5, no cruzamento entre o fator externo “Opor- tunidade” como exemplo do crescimento do mercado devido o aumento da renda do público-alvo, aliado ao fator interno “Ponto Forte”, como exemplo da imagem institucionalmente forte da organização, permite a empresa o lançamento de novos produtos ao mesmo tempo que o produto atual é incentivado (FREZATTI, 2009, p. 34-35). As possíveis estratégias que devem ser geradas a partir desta análise do ambiente interno e externo devem estar voltadas ao desenvolvimento ofensivo, fazendo o melhor uso deste cruzamento. Exemplos de estratégias resultantes deste cruzamento é a criação de novos produtos e o desenvolvimento focado no crescimento do volume de venda do produto atual. Estas estratégias são denominas de “estratégias de desenvolvimento”. 3.1.6 Relação Ameaças x Pontos Fortes No cruzamento entre o “Ponto Forte” de imagem institucional sólida e as “ameaças” como os novos entrantes externos devido a abertura de mercado, uma possível estratégia seria a realização de uma campanha publicitária envolvendo a imagem forte da empresa nos novos produtos. Veja que nesta relação é necessários realizar ajustes, fortalecendo os pon- tos fortes contra as ameaças concorrentes. Estas estratégias são denomina- das de “Estratégias de Manutenção”. 3.1.7 Relação Oportunidades x Pontos Fracos No cruzamento entre a relação “Oportunidades” de informações sobre o crescimento do mercado está relacionado ao aumento da renda do público-alvo, com o fator de “Pontos Fracos”, cujas matérias primas são – 35 – Análise ambiental SWOT e os movimentos competitivos dependentes de poucos fornecedores, é necessário desenvolver estratégias defensivas através de ações crescimento. Estas ações seriam focadas em uma investigação mais detalhada nos concorrentes, crescimento nas ven- das, participação no mercado, diversificação nos negócios, fusões e par- cerias, integração vertical e horizontal. Estas estratégias são denominadas “Estratégias de Crescimento”. 3.1.8 Relação Ameaças x Pontos Fracos No cruzamento entre a relação “Ameaças” de informações externas como a entrada de novos concorrentes externos e de informações inter- nas como o fornecimento da matéria-prima por poucos fornecedores, podem gerar estratégias de sobrevivência. Estas estratégias são adotadas quando a sobrevivência de uma organização está ameaçada ou está na busca pela saída de um cenário de crise. Algumas ações devem ser rea- lizadas como o desenvolvimento de novos fornecedores, eliminação de desperdícios, venda de ativos e venda de algumas unidades, liquidação do negócio como a redução de despesas com pessoal, nível de estoque, linhas de produtos; e do desinvestimento do negócio como a venda de unidades de resultados negativos. Quadro 5 – Matriz SWOT e os tipos de estratégias geradas na correlação dos fatores externos e internos de uma organização D em og rá fic o E co nô m ic o Só ci o C ul tu ra l G lo ba l T ec no lo gi a P ol ít ic o/ Ju rí di co Fatores externos a organização Oportunidades (Opportunity) Crescimento do mercado devido ao aumento da renda do público-alvo Ameaça (Threat) Entrada de novos concorrentes exter- nos pela abertura do mercado Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 36 – F at or es I nt er no s a or ga ni za çã o P on to F or te (S tre ng ht s) E x: I m ag em in st it uc io na l s ól id a Desenvolvimento (Ofensivo – fazer o melhor uso destes) 1. Novos produtos 2. Crescimento do volume de vendas do produto atual. 3. Novos mercados. 4. Deixa de atender uma única seg- mentação. Manutenção (Ajustar – restaurar os pontos fortes) 1. Realizar campanha publicitária com base na imagem institucional supor- tando os novos produtos. 2. Dedicação a um único produto. P on to F ra co (W ek ne ss ) F or ne ci m en to d e m at ér ia s pr im as e st á co nc en tr ad o em p ou ca s or ga ni za çõ es Crescimento (Defensivo – examinar de perto os concorrentes) 1. Participação no mercado. 2. Crescimento nas vendas. 3. Diversificação nos negócios. 4. Fusões e parcerias. 5. Inovações. 6. Integração vertical e horizontal. Sobrevivência (dar a volta) 1. Desenvolvimento de Novos Forne- cedores. 2. Em cenário de crise devem-se elimi- nar os desperdícios. 3. Liquidação do negócio como: Redução de despesas. Eliminação de linhas de produtos. Redução de Pessoal. Redução no nível de estoque. Alocação de equipamentos. 4. Desinvestimento do negócio como: Vendas de Ativos e venda de algumas unidades se desfazendo de unidade de resultados negativos e permanecendo unidades de resultados positivos. Fonte: adaptado de Mattos, Mattos e Almeida (2007, p. 154) e Frezatti (2009, p. 34). As relações apresentadas entre as forças ambientaisinternas e externas são confirmadas por Degen (2009, p. 144), onde comenta que o importante não é apenas listar as possíveis forças e fraquezas do negócio e as oportuni- dades e ameaças em torno de um cenário competitivo, mas, sim fazer uma análise de suas implicações e possíveis relações entre as forças de opor- – 37 – Análise ambiental SWOT e os movimentos competitivos tunidade e, com muito cuidado a relação entre as debilidades e ameaças. Deve-se verificar se há sintonia entre o negócio e a estratégia competitiva, ou seja, se devidas ações de crescimento, desenvolvimento, manutenção ou sobrevivência a serem tomadas estão em concordância com o negócio. Após compreendermos sobre as forças internas e externas que influen- ciam a organização, que são ações e reações dos stakeholders (clientes, fornecedores, acionistas, etc.) ou de influências macroambientais (demo- gráfico, econômico, político, tecnológico ou sociocultural), veremos na sequência que estas forças fragilizam as defesas e potencializam as amea- ças pelos concorrentes. 3.1.9 Movimentos Competitivos Para Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 127) as empresas que atuam no mesmo mercado, oferecem produtos semelhantes e visam atrair clien- tes semelhantes, estas empresas portando são concorrentes. Sendo que estas organizações rivais são influenciadas umas pelas outras. Para Porter (2004) na maioria das indústrias, uma característica central da concorrên- cia é que as empresas dependem uma da outra, elas sentem os efeitos dos movimentos entre elas e tentam reagir. Os pontos fortes e fracos de uma empresa ajudam a definir as ameaças e oportunidades que ela enfrenta, contudo os recursos disponíveis e as suas ações estratégicas premeditas podem não ser suficientes para uma reação às respostas dos concorrentes. Estas ações e reações competitivas em andamento que ocorrem entre os concorrentes quando efetuam manobras para posicionamentos vantajo- sos no mercado é denominada de Rivalidade Competitiva. E o conjunto de ações e respostas competitivas que tomam para criar ou defender suas vantagens competitivas e melhorar sua posição no mercado é denomi- nado comportamento competitivo. Portanto, as empresas concorrentes se envolvem em uma rivalidade competitiva através de comportamentos competitivos ou movimentos competitivos, através de um conjunto de ações e respostas competitivas. Este movimento competitivo é chamado pelos economistas de oligopólio. No oligopólio a empresa pode: 2 Não incitar reação, buscando interesses (rentabilidade) como um todo e não iniciar ação competitiva; Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 38 – 2 Incitar reação competitiva provocando retaliação e levando a uma batalha entre os concorrentes; Alguns fatores que contribuem para aumentar a rivalidade competi- tiva entre as empresas é um escopo geográfico Porter (2004) comenta que os movimentos competitivos podem ser meramente um jogo de delicadezas ou um jogo de força bruta, onde todos os recursos são reunidos para atacar o concorrente. Alguns tipos de movi- mentos competitivos são: 2 Movimentos ameaçadores; 2 Movimentos Cooperativos ou não ameaçadores; 2 Movimentos Defensivos; 3.1.10 Movimentos Competitivos Cooperativos e não ameaçadores Com relação aos movimentos cooperativos ou não ameaçadores, Porter (2004) comenta ser verificada uma situação em que se melhora a posição da empresa e dos concorrentes, desde que os rivais não incitem reações, ou apenas um número significativo deles respondam a essa situação. Também são movimento não ameaçadores quando a estrutura de preço está desalinhada com a da concorrência, ou quando não há entendimento dos movimentos entre os concorrentes ou ainda quando os produtos são de baixa qualidade e estão competindo com produtos de qualidade superior, neste caso não haverá interesse para ações de resposta. Para Siqueira e Boaventura (2012, p. 201) as estratégias de coope- ração são uma resultante de diferentes vetores, como um aumento com grande intensidade da concorrência, expansão do poder dos consumido- res e combinação de competências essenciais, potencialmente viável, e tratada como aliança estratégica. Cujo compartilhamento de empresas e período de atuação conjunta agrega uma combinação de competências, domínios de conhecimento e/ou tecnologia conduzindo a busca e estabe- lecimento da vantagem competitiva. – 39 – Análise ambiental SWOT e os movimentos competitivos 3.1.11 Movimentos ameaçadores Para Porter (2004) os movimentos são considerados ameaçadores quando estes melhoram significativamente a posição de uma empresa e quando ameaçam na verdade os concorrentes. Uma possibilidade de ataque ao concorrente pode ocorrer quando os mesmos se utilizam de ações estratégicas e táticas ou quando pos- suem uma quantidade de mercados em comum, similaridade de recursos, direcionamento de consciência (visão), motivação, capacidade e incen- tivos aos first-movers, second-mover e late-mover, tamanho da organi- zação e qualidade. O quadro 6 abaixo apresenta algumas ações, influências e suas carac- terísticas dos rivais que podem iniciar probabilidades de ataques. Quadro 6 – características de ações que possibilitam ameaças Ações e influências Característica First-mover 2 É uma empresa que toma uma ação competitiva inicial para criar ou defender as suas vantagens competitivas; 2 Benefício considerável em mercados de ciclo rápido, em que ocorrem mudanças rapidamente e em que é prati- camente impossível sustentar vantagem competitiva por qualquer período de tempo; 2 Utilizados onde os ciclos de vida dos produtos são curtos e ocorrem avanços tecnológicos rápidos; 2 Sucessos não são absolutos, mas essenciais para o sucesso de uma empresa indústria onde são vinculados avanços tecnológicos rápidos; 2 Através da disponibilização inicial dos bens e serviços, os clientes podem ser fidelizados, até que os concorren- tes reajam em uma ação bem-sucedida; 2 Possui índices de sobrevivência maior daquelas empre- sas que entram com ações tardias; 2 Os first-movers são agressivos e necessitem de recursos disponíveis; 2 Os first-movers implicam em riscos; Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 40 – Ações e influências Característica Second-mover 2 É uma empresa que reage às ações competitivas de um Firt-mover; 2 São mais cautelosas; 2 Estuda as respostas dos clientes às inovações nos produ- tos e tenta descobrir o erro que o First-mover ocorreu; 2 Muitas vezes é uma imitação bem-sucedida do First-mover; 2 Beneficia-se do tempo para desenvolver processos e tec- nologias mais eficientes do que as utilizadas no First- -mover; e com uma maior eficiência pode resultar em custos mais baixos; Late-mover 2 É uma empresa que reage à ação competitiva posterior- mente à ação do Firt-mover e à resposta do Second-mover; 2 É de resposta tardia; 2 A maioria das ações competitivas no movimento late- -mover é ineficiente em comparação com as iniciadas pelo First-mover e Second-mover. Pensamento de Orga- nização pequena 2 As empresas pequenas possuem maior probabilidade de adotar ações competitivas de maneira rápida; 2 Devido à flexibilidade e agilidade das empresas pequenas elas podem criar variedade em suas ações competitivas; 2 As grandes empresas devem pensar e agir como uma pequena empresa capaz de usar uma grande quantidade de ações competitivas; Qualidade 2 A qualidade afeta a rivalidade competitiva; 2 A qualidade é importante para o desempenho da empresa; é considerado o componente mais importante que pode satisfazer o cliente. Fonte: adaptado de Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 135-138). 3.1.12 Movimentos Defensivos Para Porter (2004) a melhor defesa é a não realizar de nenhummovi- mento de modo algum. Para impedir um movimento é necessário que os concorrentes esperem uma retaliação com um alto grau de certeza e acre- – 41 – Análise ambiental SWOT e os movimentos competitivos ditem que a mesma será efetivada. Esta alta probabilidade de retaliação é conseguida através de compromissos. Os compromissos influenciam a maneira como os concorrentes percebem suas posições e as dos rivais. A comunicação de um compromisso com relação as seus recursos ou inten- ções da empresa obriga os rivais a calcularem suas estratégias a partir de novas hipóteses. A Fig. 6 ilustra que em um jogo de xadrez os movimentos ofensivos e defensivos podem ocorrem em inúmeras jogadas. A hipótese de uma peça eliminar a outra de maneira visível pode acontecer, mas não que realmente ocorra. É como o compromisso de uma empresa, uma forte intenção é uma estratégia excelente e pode fazer com que o rival recalcule seus movimen- tos de defesa. Figura 6 – Jogo de xadrez Fonte: Shutterstock.com/Sergey Peterman. O truque nas interações dos movimentos competitivos é apostar no compromisso para obter posição competitiva. Se uma empresa está com o compromisso certo de que irá continuar com a execução do movimento, o concorrente poderá desistir de utilizar recursos de retaliação para a empresa recuar (PORTER, 2004). “As respostas competitivas às ações estratégicas diferem às ações táticas, esta diferença permite prever a resposta provável do concorrente a uma ação competitiva lançada contra ele. Normalmente ações estratégicas e ações táticas recebem respostas táticas” (HITT, IRE- LAND, HOSKSSON, 2008, p. 139). A estratégia é a mobilização de todos Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 42 – os recursos da empresa para atingir os objetivos em longo prazo, já as ações táticas são esquemas específicos de emprego de recursos em uma estraté- gia geral. Para Chiavenato (2004, p. 192) as ações estratégias envolvem uma quantidade considerável de recursos e de elevado esforço organizacio- nal, utilizando um maior tempo na sua elaboração e na dificuldade de sua implantação, atrasando assim a resposta ao rival. Já em uma ação tática a concorrência poderá responder com maior velocidade, como por exemplo, uma redução de preço em determinados mercados. Em um planejamento Estratégico Empresarial, o plano gerencial, o orçamento anual e o plano anual de investimentos são planos táticos em uma estratégia global. E tanto as estratégias competitivas e os planos exigem um planejamento. Veremos nas próximas aulas quais são as estratégias direcionadas para compradores e fornecedores; e compreenderemos a análise estraté- gica para a competitividade, produtividade, criatividade e inovação. Saiba mais Algumas dicas de estratégias segundo HERRRO (2005, p. 8) são: 2 A suprema excelência na estratégia é atacar os planos dos concor- rentes. O estrategista sábio é aquele que somente ataca se a vitória estiver assegurada; 2 Identifique os pontos fortes e fracos do rival e ataque onde é mais vulnerável; 2 Tire proveito do desespero do concorrente; 2 Ataque os concorrentes onde eles não tomaram qualquer precaução; 2 Usar o conhecimento, imaginação e criatividade para desenvolver a estratégia; 2 Não conhecer o outro, uma vitória para uma perda; 2 Não conhecer o outro e não conhecer a sim mesmo, uma derrota certa. 4 Planejamento Estratégico x Administração Estratégica Introdução a Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva Análise do ambiente externo setorial Análise ambiental SWOT e movimentos competitivos Planejamento Estratégico x Administração Estratégica Antes de avançarmos no aprofundamento das estratégias formuladas nas relações da matriz SWOT e da definição dos objetivos da organização, iremos compreender com todo este processo de análise do ambiente, formulação e implementação das estratégias estão inseridas em um contexto de planejamento e de administração estratégica. O planejamento é uma tarefa administrativa, essencial e indispensável para os negócios. O processo de planejamento se inicia pelo estabelecimento de objetivos factíveis, resultante das decisões de um processo de negociação e consenso político nos centros de poder e deve utilizado para a administração e em perí- Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 44 – odos de crise para a formulação de estratégias competitivas, empresariais e decisórias (ROSINE e PALMISIANO, 2012, p. 84). Portanto veremos como o planejamento estratégico empresarial, composto de estratégias fixadas em um determinado período através de uma análise ambiental, está relacionado à administração operacional das estratégias do cotidiano da organização. 4.1 Planejamento Estratégico Empresarial O planejamento estratégico é umas das técnicas de análise do ambiente de uma organização que cria a consciência das suas oportuni- dades e ameaças e dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento de sua missão e, através da consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos (FREZATTI, 2009, p. 24-25). Lembrando aqui que uma empresa pode estar em algum estágio do seu ciclo de vida, como o de criação, desenvolvimento, maturidade e de crise. O plano estratégico pode ser uti- lizado no inicio do ciclo de vida de uma empresa, através do desenvolvi- mento da elaboração de um plano de negócio, que contem diversas etapas, como a: procura de oportunidades; a coleta de informações sobre o negó- cio; o desenvolvimento do conceito do negócio e os atributos do valor da oferta; a identificação dos possíveis riscos; a avaliação potencial de lucro e do crescimento do negócio; e a definição das estratégias competitivas do negócio para entrar no mercado. Durante o crescimento da empresa o planejamento das estratégias pode ser elaborado, segundo Frezatti (2009, p. 43), com uma revisão de processo de 3, 5 ou 10 anos. Já as revisões dos orçamentos são durante os meses do ano que segue a execução do seu planejamento. Portanto, a elaboração do planejamento estratégico empre- sarial é com um horizonte de anos, podendo ser revisado e ajustado de acordo com uma amplitude menor. Outro conceito de Planejamento Estratégico definido por Siqueira e Boaventura (2012, p. 32), “pode ser entendido com uma das atividades componentes do processo de administração, envolvendo basicamente a definição de objetivos e as ações a serem desenvolvidas para o alcance destes”. O planejamento estratégico tem como três principais elementos: – 45 – Planejamento Estratégico x Administração Estratégica 2 Definição dos objetivos organizacionais; 2 Desenvolvimentos de estratégias (os resultados das relações entre as forças internas e externas); 2 Formulação de planos de ação segundo exames e avaliação de condições internas e externas (presentes e futuras); E para Frezatti (2009, p. 26) os componentes do processo de planeja- mento estratégico são: 2 Visão; 2 Missão; 2 Objetivos de longo prazo; 2 Cenários e planos operacionais; Para Steiner (1979, p. 13-15) apud Frezatti (2009, p. 26) quatro pon- tos de vista, são considerados com relação ao conceito de planejamento estratégico: 1. Está relacionado com as consequências futuras das decisões correntes; 2. É um processo que inicia com os objetivos organizacionais; 3. Após são definidas as estratégias e políticas para alcançá-los e; 4. Final- mente são definidos os planos para garantir as estratégias. Com isto, é possível ilustrar um diagrama da Fig. 7 que apresenta os elementos de planejamento estratégico e controle do negócio, iniciando com as declarações de visão e missão de acordo com a filosofia empre- sarial e o negócio da organização; com os objetivosde longo prazo que possibilitam o monitoramento da missão da empresa em longo prazo; com a análise externa para qual a organização olha o ambiente externo e identifica as oportunidades que pretende auferir; com a análise interna pela qual a organização, depois de analisar o ambiente externo, identifica internamente as necessidades de recursos para atingir seus objetivos; as estratégias explicam como os objetivos podem ser atingidos; os projetos correspondem aos investimentos propostos, analisados e decididos em decorrência das estratégias da organização; os planos de longo prazo, ou plano operacionais de longo prazo complementam o plano estratégico a partir do plano tático orçamentário e acompanhado pelo controle orça- mentário (FREZATTI, 2009, p. 28-37). Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 46 – Figura 7 – Elementos do Planejamento Estratégico Empresarial e controle do negócio VISÃO MISSÃO Objetivos de longo prazo ( )Balanced Scorecard FILOSOFIA EMPRESARIAL O NEGÓCIO DA ORGANIZAÇÃO AMBIENTE EXTERNO AMBIENTE INTERNO ESTRATÉGIASPROJETOS PLANOS DE LONGO PRAZO ORÇAMENTO CONTROLE ORÇAMENTÁRIO Fonte: adaptado de Frezatti (2009, p. 28). 4.2 Administração Estratégica “A administração estratégica é o processo de construção e manuten- ção da competência organizacional de integração das decisões administra- tivas e operacionais às decisões estratégicas, assegurando a melhor decisão de compromisso possível de expansão simultânea de eficiência e eficácia da organização” (SIQUEIRA E BOAVENTURA, 2012, p. 33). Em sín- – 47 – Planejamento Estratégico x Administração Estratégica tese a nossa disciplina é o estudo da administração estratégica, através de ferramentas, metodologias e boas práticas na formulação e no alcance de objetivos estratégicos. Siqueira e Boaventura (2012, p. 33) comentam que a administração estratégica unifica o planejamento estratégico e a admi- nistração, tornando o processo de planejamento contínuo na prática para que os gestores consigam aplicá-los em curto, médio e longo prazo através de ações e decisões administrativas. Para Hitt, Ireland, Hosksson (2008, p. 5) o processo de administração estratégica é o conjunto de compro- missos, decisões e ações necessários para que a empresa obtenha vanta- gem competitiva, onde o “primeiro passo” de uma empresa é analisar o ambiente externo e interno para determinar os recursos, suas capacitações e competências essenciais, através de informações estratégicas. Com estas informações desenvolve a declaração de sua visão e missão e formula as estratégias competitivas. Um modelo de administração estratégica é composto de um processo contínuo de gestão organizacional orientada para a integração entre os processos administrativos (funcionais) e operacionais e a perspectiva estratégica. Como estão alinhados a um plano estratégico conforme o dia- grama apresentado da Fig.8 é composto dos elementos: 2 Análise dos macroambientes e ambiente setorial (oportunidades e ameaças do ambiente externo); 2 Recursos, missão e objetivos da empresa (análise do ambiente interno); 2 Formulação das estratégias; 2 Implementação das estratégias (estrutura organizacional, lide- rança, poder cultura organizacional); 2 Controle estratégico e desempenho. A administração estratégica é contínua, dinâmica, mas pode apre- sentar diferenças das estratégias praticadas na operação do cotidiano com o plano estratégico deliberado pela alta administração, isto devido às mudanças da análise do ambiente externo e/ou interno à organização (SIQUEIRA E BOAVENTURA, 2012, p. 47). Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 48 – 4.2.1 Relação entre Planejamento Estratégico e Administração Estratégica O planejamento estratégico é um plano de defesa e de ofensiva estra- tégica, cujo documento formaliza as premissas, considerações, análises estratégicas, definições de negócios. Apresentação de cronograma, inves- timentos e resultados de ações, elaboradas e validadas pelos gestores res- ponsáveis aos movimentos para o alcance dos objetivos da organização (SIQUEIRA E BOAVENTURA, 2012, p. 34). O plano estratégico empre- sarial está no nível de planejamento estratégico, orientado para todos da organização, de duração de longo prazo e predominantemente qualitativo. Já a administração estratégica envolve a ação de planejar estrategicamente, mas em termos de direção é orientado para os níveis administrativos e operacionais em busca da eficiência e eficácia de acordo com as estraté- gias formuladas; o controle das ações é baseado nas políticas e orientações segundo as estratégias. A Fig.8 apresenta uma sobreposição dos processos do plano estra- tégico empresarial (em cinza claro) e da operacionalização da estratégia através da administração estratégica (em cinza escuro). São apresentadas as estratégias pretendidas (do plano estratégico) e as estratégias delibera- das e as praticadas (da operação estratégica). Conforme vimos nem sem- pre as estratégias realizadas são as mesmas das pretendidas. As estratégias praticadas dependem da análise de um cenário mais atualizado e de melhor visibilidade do ambiente interno e externo (macroambiente, setorial e interna) do que as projetadas no plano estratégico de longo prazo; A estra- tégia realizada ou praticada será aquela que realmente a empresa adotou, e não aquela que declarava em seus planos. Outro conceito de “estratégias realizada” dado por Santos (2007, p. 9) são aquelas de origem de um plano estratégico, deliberadas pela direção e por outro componente de estratégia emergente, que nasce da própria organização ou é imposta pelas altera- ções do ambiente. Ela é o verdadeiro padrão de estratégia, combinação de ações não intencionais com os efeitos das intenções iniciais. Portanto a estratégia realizada é a combinação de estratégia deliberada e emergente. Já o controle estratégico realiza o controle entre as estratégicas deli- beradas e as praticadas em projetos e rotinas de operação da organização e – 49 – Planejamento Estratégico x Administração Estratégica se as mesmas estão de acordo com os objetivos organizacionais que tam- bém podem ser alterados. Dependendo dos cenários e impactos a missão e visão organizacional também podem ser alteradas ao longo do tempo. Figura 8 - sobreposição do plano estratégico empresarial e da administração estratégica. VISÃO MISSÃO Objetivos de longo prazo ( )Balanced Scorecard FILOSOFIA EMPRESARIAL O NEGÓCIO DA ORGANIZAÇÃO AMBIENTE EXTERNO AMBIENTE INTERNO PROJETOS PLANOS DE LONGO PRAZO ORÇAMENTO CONTROLE ORÇAMENTÁRIO AMBIENTE EXTERNO AMBIENTE INTERNO IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS (PRATICADAS) ESTRATÉGIAS DELIBERADA CONTROLE ESTRATÉGICO ESTRATÉGIAS PRETENDIDA Fonte: adaptado de Frezatti (2009, p. 28) e de Siqueira e Boaventura (2012, p. 48). Saiba mais O planejamento estratégico é um processo resultante do exercício anual em que as organizações costumam desenvolver gerando um plano formal para as operações táticas e de negócios a ser seguido para o próximo período. Devido a uma imposição da adoção de premissas, Análise Sistêmica e Inteligência Competitiva na Indústria – 50 – análise de ambiente do ambiente interno e externo, análise de desempe- nho, projeção de vendas, projeção de resultados, indicadores, situações, contextos, etc., a probabilidade de sucesso e aplicabilidade desses pla- nos no período a que se propunha tende a ser corrompida ao longo do seu prazo de implementação. Deve ser articulada com cuidados concei- tuais redobrados, pois prescrições de estratégias padronizadas em um planejamento estratégico não podem ser totalmente consideradas como estratégias consistentes para os oponentes conflitantes. 5 Missão e Visão
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