Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Notas de Aulas - Po´s-Graduac¸a˜o em Matema´tica - UFC Author One Departamento de Matema´tica - UFC, Campus do Pici bloco 914, 60455-760 Fortaleza - Ce Brasil Current address: Departamento de Matema´tica, Universidade Federal do Ceara´, Campus do Pici bloco 914, 60455-760 Fortaleza - Ce Brasil E-mail address: ljorge@mat.ufc.br 1991 Mathematics Subject Classification. Primary 54C40, 14E20; Secondary 46E25, 20C20 Key words and phrases. amsbook, AMS-LATEX The first author was supported in part by NSF Grant #000000. Abstract. This paper is a sample prepared to illustrate the use of the Amer- ican Mathematical Society’s LATEX document class amsbook and publication- specific variants of that class. Contents Preface vii Part 1. Topologia do Plano Complexo 1 Chapter 1. Func¸o˜es Anal´ıticas Complexas 3 1.1. Introduc¸a˜o e Notac¸a˜o 3 Exerc´ıcios 12 1.2. O Plano Estendido 14 Exerc´ıcios 18 1.3. Aplicac¸o˜es de Mo¨bius 18 Exerc´ıcios 22 1.4. Apeˆndice I: Func¸o˜es Reais Anal´ıticas 23 1.5. Apeˆndice II:Partic¸a˜o da Unidade 25 Chapter 2. Topologia do plano 27 2.1. Introduc¸a˜o 27 Exerc´ıcios 33 2.2. Homologia 34 2.3. Formas diferenciais 35 Exerc´ıcios 42 2.4. Cohomologia de De Rham 43 Exerc´ıcios 45 2.5. Superf´ıcies Mı´nimas e de Riemann 46 Part 2. Func¸o˜es Holomorfas 47 Chapter 3. Holomorfia 49 3.1. Derivada Complexa 49 Exerc´ıcios 53 3.2. Primeira Regularidade: Analiticidade de Func¸o˜es Holomorfas e a fo´rmula intergral de Cauchy 55 Exerc´ıcios 58 3.3. Segundo Resultado de Regularidade 60 Exerc´ıcios 64 Chapter 4. Holomorfia - Resultados Cla´ssicos 67 4.1. Estimativas de Cauchy e o Teorema de Liouville 67 Exerc´ıcios 68 4.2. Teorema do Mo´dulo Ma´ximo e o Lema de Schwarz 70 Exerc´ıcios 72 v vi CONTENTS 4.3. Desenvolvimento de Taylor e de Laurent 74 Exerc´ıcios 77 4.4. Ca´lculo de Integrais Usando Res´ıduos 79 Exerc´ıcios 80 4.5. A Fo´rmula Integral de Cauchy Generalizada 81 Exerc´ıcio 83 4.6. Argumento Principal 83 Exerc´ıcio 87 Chapter 5. Espac¸o de Func¸o˜es 89 5.1. Topologia Compacto-Aberto 89 Exerc´ıcios 93 5.2. As classes S e Sˇ 93 Exerc´ıcios 98 5.3. Aproximac¸a˜o de Func¸o˜es: Sotne-Weierstrass e Bishop 98 Exerc´ıcios 100 5.4. Aproximac¸a˜o por Func¸o˜es Racionais: Teoremas de Runge 100 Exerc´ıcios 104 5.5. Aproximac¸a˜o por Func¸o˜es Racionais: Teorema de Mergelyan 106 Exerc´ıcios 107 5.6. Convergeˆncia de Produto de Func¸o˜es 107 Exerc´ıcios 108 5.7. Apeˆndice: O Teorema de Ascoli 109 Exerc´ıcios 110 Chapter 6. Resultados Ca´ssicos 111 6.1. Classificac¸a˜o de Domı´nios 111 Exerc´ıcios 113 Bibliography 115 Preface O objetivo destas notas e´ fcilitar o trabalho dos estudantes de graduac¸a˜o e os que iniciam o nosso programa de mestrado vindos de outros centros. Existe uma vasta bibliografia sobre o assunto mas acreditamos ser necessa´rio uma adequac¸a˜o aos nossos curr´ıculos adaptadando os conteudos a`s formac¸o˜es t´ıpicas do nosso ensino. Tambe´m temos necessidade de fixar melhor os conteudos das disciplinas ajudando o professor. Luquesio P. Jorge vii Part 1 Topologia do Plano Complexo CHAPTER 1 Func¸o˜es Anal´ıticas Complexas 1.1. Introduc¸a˜o e Notac¸a˜o Usaremos o ja´ consagrado s´ımbolo C para indicar o plano complexo obtido atravez da indentificac¸a˜o com o espac¸o euclideano R2 onde z = x + iy ∈ C corre- sponde ao par ordenado (x, y) ∈ R2. Admitiremos que o leitor esta´ familiarizado com a estrutura de corpo natural em C e com suas operac¸o˜es elementares. Assim, se z = x+ iy enta˜o x = <(z) = z + z¯ 2 , y = =(z) = z − z¯ 2i sa˜o as partes real e imagina´ria de z e z¯ = x−iy e´ o seu conjugado. O valor absoluto e´ dado por |z| = √zz¯ = √ x2 + y2. Obviamente o inverso multiplicativo de z 6= 0 e´ dado por z−1 = z¯/|z|2. Segue-se das relac¸o˜es acima que toda func¸a˜o f : R2 → R2 pode ser vista como uma aplicac¸a˜o f : C→ C pois f(x, y) = f( z + z¯ 2 , z − z¯ 2i ), ou seja, escreveremos simplificadamente (1.1) f(x, y) = f(z, z¯). Podemos dizer que o nosso objetivo e´ um estudo elementar das func¸o˜es f : C→ C que dependem somente de um dos paraˆmetros z ou z¯. Por simplicidade estudaremos as func¸o˜es f = f(z), uma vez que depender somente de z¯ na˜o traria nenhuma novidade, todas as propriedades sa˜o similares. O importante e´ a dependeˆncia de somente um paraˆmetro e o escolhido e´ z. A func¸a˜o |z|2 = zz¯ por exemplo na˜o se enquadra nesta categoria. Ela depende das varia´veis z e z¯. Os polinoˆmios P (z) = a0 + a1z + · · ·+ anzn, onde aj , 0 ≤ j ≤ n sa˜o constantes complexas e z ∈ C sa˜o exemplos de tais func¸o˜es. Em princ´ıpio P = P (z, z¯) mas na sua expressa˜o e´ o´bvio que P depende somente da varia´vel z. De fato as varia´veis z e z¯ bem como suas diferenciais dz = dx+ idy e dz¯ = dx− idy sa˜o linearmente independentes sobre C como func¸o˜es ou 1-formas (veja os exerc´ıcios). Na˜o depenceˆncia de z ou z¯ significa constaˆncia em relac¸a˜o a um destes paraˆmetros. Acreditamos que este conceito ficara´ claro nas pro´ximas pa´ginas ou ao longo deste texto. Se temos polinoˆmios nada mais natural do que fazer o quociente deles para obtermos func¸o˜es racionais complexas. Estas func¸o˜es esta˜o bem definidas no plano complexo menos os zeros do denominador. Obviamente elas dependem somente da varia´vel z. 3 4 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS Estes exemplos sa˜o casos particulares da categoria das func¸o˜es anal´ıticas na varia´vel z. Por sua simplicidade podemos deduzir algumas propriedades elementares destas func¸o˜es. Dizemos que f : U → C, U aberto, e´ anal´ıtica se para cada ponto z0 ∈ U existe um � > 0 tal que se |z − z0| < � enta˜o z ∈ U e f(z) = a0 + a1(z − z0) + a2(z − z0)2 + · · · onde a convergeˆncia e´ absoluta, ou seja, localmente f e´ representada em uma viz- inhanc¸a de cada ponto por uma se´rie absolutamente convergente. As func¸o˜es 1/z e 1/zn sa˜o anal´ıticas no plano complexo menos a origem. Podemos provar isto utilizando a identidade alge´brica an − bn = (a− b)(an−1 + an−2b+ · · ·+ bn−1) que nos da´ 1 − zn = (1 − z)(1 + z + · · · + zn−1). Sabemos que se |z| < 1 enta˜o lim |z|n = 0. Segue-se de 1− |z|n+1 1− |z| = 1 + |z|+ · · ·+ |z| n que a se´rie ∑ zn converge absolutamente para no disco |z| < 1. Em particular 1 1− z = 1 + z + z 2 + · · · , |z| < 1(1.2) 1 (1− z)n = ∞∑ k=0 ( k + n− 1 k ) zk, |z| < 1(1.3) onde a expressa˜o dentro do somato´rio e´ o coeficiente do binoˆmio de Newton dado por ( k + n− 1 k ) = (k + n− 1)! k!(n− 1)! Para provar esta u´ltima igualdade observe que (1−z)n+1 = (1−z)n(1−z). Sabemos que o produto de duas se´ries ∑ aj(x− x0)j e ∑ bj(x− x0)j , ambas absolutamente convergente, e´ absolutamente convergente (ver [L]) e dada por ∑ cj(x− x0)j onde cn = ∑n j=0 an−jbj . Utilizando a regra do binoˆmio segundo a qual a soma de duas posic¸o˜es horizontais e vizinhas do triaˆngulo de Pascal da´ a posic¸a˜o abaixo da segunda obtemos que o coeficiente da se´rie produto e´ dado por k∑ j=0 ( j + n− 1 j ) = (k + n)! k!n! Portanto o princ´ıpio de induc¸a˜o garante o desenvolvimento acima. Considere agora a func¸a˜o 1/z definida no plano complexo menos a origem. O seu desenvolvimento em torno de z0 6= 0 e´ dado por 1 z = 1 z0 1 1 + (z − z0)/z0(1.4) = ∑ (−1)n (z0)n+1 (z − z0)n, |z − z0| < |z0|.(1.5) De maneira ana´loga obtemos que a func¸a˜o z−n e´ tambe´m anal´ıtica no plano menos a origem pois (1.6) 1 zn+1 = ∞∑ k=0 (−1)k zk+n+10 ( k + n k ) (z − z0)k, |z − z0| < |z0|. 1.1. INTRODUC¸A˜O E NOTAC¸A˜O 5 Uma se´rie formal e´ uma expressa˜o do tipo ∑ anX n onde an sa˜o nu´meros com- plexos e X e´ um s´ımbolo. Lembramos que o raio de convergeˆncia R e´ definido por 1 R = lim sup |an|1/n Dado um pontoz0 podemos definir func¸o˜es f : B(z0, R) → C definidas no disco de centro z0 e raio R que dependem somente de z da seguinte maneira. Para cada z ∈ B(z0, R) tome r satisfazendo |z − z0| < r < R. Como 1/R < 1/r existe um n0 tal que |an|1/n < 1/r para todo n ≥ n0. Segue-se que |an(z − z0)n| < (|z − z0|/r)n,∀n ≥ n0 que garante a convergeˆncia absoluta da se´rie. Portanto f(z) = ∑ an(z − z0)n, |z − z0| < R esta´ bem definida. Precisamos de um resultado sobre rearranjamento dos termos de uma se´rie absolutamente convergente. E` bem conhecido que a sua soma naˆo se altera quando mudamos a ordem da soma dos seus termos. Lema 1.1. Seja s = ∑ zn absolutamente convergente. Considere uma partic¸a˜o de N feita por conjuntos {kjn}, kj1 < kj2 < · · · , e defina zjn := zkjn . Enta˜o a se´rie∑ zjn e´ absolutamente convergente e s = ∑ j ∑ n zjn = ∑ n ∑ j zjn Proof. Dado � > 0 tome n0 tal que ∑ n≥n0 |zn| < �/2. Sabemos que toda subse´rie e´ tambe´m absolutamente convergente. Portanto, para cada j, existe um nj tal que ∑ n>nj |zjn| < �/2j+1. Podemos escolher todos os nj de modo que kjnj > n0. Defina X = {kjn|1 ≤ j ≤ j0, 1 ≤ n ≤ nj} onde j0 e´ escolhido de modo que X ⊃ {1, 2, · · · , n0}. Portanto |s− j0∑ j=1 ∑ n zjn| ≤ |s− j0∑ j=1 nj∑ n=1 zjn|+ | j0∑ j=1 ∑ n>nj zjn|(1.7) ≤ | ∑ n/∈X zn|+ j0∑ j=1 �/2j+1(1.8) ≤ ∑ n>n0 |zn|+ �/2 < �.(1.9) Postanto a soma da se´rie na˜o depende da maneira como adicionamos os termos. � Teorema 1.2. Sejam f e g func¸o˜es anal´ıticas definidas em abertos do plano complexo C. Valem as seguintes propriedades para as operac¸o˜es ba´sicas com estas func¸o˜es onde elas estiverem definidas: (1) Se ∑ anX n e´ uma se´rie formal com ra´io de convergencia R enta˜o, escol- hido z0, a func¸a˜o f : B(z0, R)→ C definida por f(z) = ∑ an(z − z0)n, |z − z0| < R, e´ anal´ıtica e cont´ınua (localmente lipschitziana). (2) f ± g, fg, f/g e f ◦ g sa˜o anal´ıticas onde estiverem definidas. (3) Seja f anal´ıtica com desenvolvimento em torno de z0 dado pelos coefi- cientes aj com a1 6= 0 e raio de convergeˆncia R. Enta˜o existe δ > 0 e g : B(w0, δ) → B(z0, R) anal´ıtica satisfazendo g = f−1. Em outras 6 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS palavras temos f(g(w)) = w para todo w ∈ B(w0, δ), g(B(w0, δ) e´ um aberto e g e´ um homeomorfismo sobre a imagem. Proof. Ja´ vimos que a func¸a˜o do primeiro ı´tem esta´ bem definida. Tome z1, r e λ tais que |z1 − z0|+ r ≤ λ < R, Podemos escrever enta˜o f(z) = ∑ aj((z − z1) + (z1z0))j(1.10) = ∑ aj j∑ k=0 ( j k ) (z − z1)j−k(z1 − z0)k(1.11) Enta˜o se |z − z1| ≤ r obtemos∑ |aj | j∑ k=0 ( j k ) |z − z1|j−k|z1 − z0|k ≤ ∑ |aj | j∑ k=0 ( j k ) rj−k|z1 − z0|k ≤ ∑ |aj |λj <∞ ou seja, esta se´rie converge absolutamente. Enta˜o podemos fazer o seguinte rear- ranjamento (1.12) f(z) = ∑ k ∑ j≥k ( j k ) aj(z1 − z0)j−k (z − z1)k o que garante a analiticidade de f na bola. Para provarmos que f e´ localmente lipschitziana tomamos z e w tais que |z − z0|, |w − z0| ≤ r < R, para obtermos |f(z)− f(w)| ≤ ∑ |an||(z − z0)n − (w − z0)n| ≤ |z − w| ∑ |an|nrn−1. Passemos agora a prova do segundo ı´tem. Consideremos os desenvolvimento f = ∑ aj(z − z0)j , g = ∑ bj(z − z0)j convergentes para |z − z0| ≤ r. Obviamente∑ cj(z − z0)j , cj = aj ± bj e´ absolutamente convergente para |z − z0| ≤ r e o ı´tem anterior garante que f ± g esta´ bem definida e e´ anal´ıtica. Analogamente∑ ajbk(z − z0)j+k = ∑ cn(z − z0)n onde cn = n∑ j=0 an−jbj uma vez que n∑ j=0 |cj ||z − z0|j ≤ n∑ j=0 |aj ||z − z0|j n∑ j=0 |bj ||z − z)|j ≤ ∞∑ j=0 |aj |rj ∞∑ j=0 |bj |rj ou seja, e´ absolutamente convergente. Portanto podemos tomar a u´ltima expressa˜o como definic¸a˜o do produto. Pelo primeiro ı´tem concluimos que o produto e´ anal´ıtico. Sejam aj e bj os coeficientes dos desenvolvimento de f e g respectivamente em w0 = g(z0) e z0. Escolha δ > 0 tal que |g(z)−g(z0)| ≤ r, desde que |z−z0| < δ, onde r e´ estritamente menor que o raio de convergeˆncia da se´rie do desenvolvimento de f no ponto w0. A existeˆncia de δ e´ garantida pela continuidade de g (ver item 1). Se´ries formais podem ser substituidas uma dentro da outra desde que a primeira tenha o termo b0 = 0 o que e´ o caso para g(z) − g(z0). cujo limite e´ zero quando 1.1. INTRODUC¸A˜O E NOTAC¸A˜O 7 z tende a zero z0. Substituindo uma se´rie dentro da outra obtemos uma nova se´rie definida formalmente por∑ cnX n := ∑ aj( ∑ k≥1 bkX k)j . Para obtermos uma func¸a˜o fazemos simplesmente a substituic¸a˜o X = z−z0. Como∑ cnX n e´ majorada por ∑ |bj |( ∑ k≥1 |ak|δk)j ≤ ∑ |bj |rj obtemos que ela e´ absolutamente convergente e sua soma na˜o depende de rear- rumac¸o˜es garantindo a analiticidade da composta. A analiticidade da inversa˜o 1/f e´ garantida pela composic¸a˜o de f com a aplicac¸a˜o anal´ıtica z 7→ 1/z. Passemos a prova do u´ltimo ı´tem. Sem perda de generalidade podemos admitir que a0 = 0, ou seja, z0 = w0 = 0. Primeiro observe que e´ poss´ıvel encontrar uma se´rie formal ∑ j≥1 bjY j de modo que∑ n≥1 an( ∑ j≥1 bjY j)n = Y. Esta igualdade nos da´ b1 = 1/a1, b2 = −a2b21/a1, · · · . Com efeito, escrevendo ( ∑ j≥1 bjY j)n = ∑ j≥n cnj Y j obtemos os coeficientes cnj recursivamente por cnk := k−1∑ j≥1 cn−1k−j bj Observe que cada cnk e´ determinado pelos aj , 1 ≤ j ≤ n e pelos bj , 1 ≤ j ≤ k − 1. Deste modo todos os coeficientes b′js sa˜o conhecidos a partir dos anteriores, dos primeiros a′js e unicamente determinados por a1bn + a2c 2 n + · · ·+ ancnn = 0, n ≥ 2. Tambe´m vale que ∑ n≥1 bn( ∑ j≥1 ajX j)n = X. Para provarmos que a se´rie ∑ bjY j tem raio de convergencia positivo seguiremos a construc¸a˜o de majorantes apresentada no cap´ıtulo 1 de [Ca]. Seja R > 0 o raio de convergencia de ∑ anX n e tome r, 0 < r < R. Sabemos que existe uma constante C > 0 tal que |an|rn < C para todo n ≥ 1. Defina A1 = |a1| e An = C/rn, n ≥ 2. A se´rie S(x) = A1x− ∑ n≥2 Anx n 8 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS e´ um majorante natural para ∑ anx n com raio de convergencia r pois S(x) = A1x− C ∑ n≥2 (x/r)n(1.13) = A1x− C x 2 r2 − rx , |x| < r.(1.14) De maneira ana´loga ao procedimento acima encontramos uma se´rie T (y) = ∑ n≥1Bny n tal que S(T (y)) = y. Os coeficientes B′ns sa˜o determinados de maneira semelhante pela equac¸a˜o A1Bn = A2C 2 n + · · ·+AnCnn Uma verificac¸a˜o direta nos da´ |bn| ≤ Bn e garante que a convergencia de T (y) implica na convergencia de ∑ bny n. Entretanto, substituindo T (y) na expressa˜o de S(x) obtemos (1.15) (C + r|a1|)T (y)2 − (r2|a1|+ ry)T (y) + r2y2 = 0. Resolvendo esta equac¸a˜o para valores pequenos de y concluimos que T (y) converge e portanto ∑ bnY n e´ tambe`m convergente. Logo existe a inversa e e´ anal´ıtica. � Corola´rio 1.3. Seja f : U ⊂ C → C uma func¸a˜o anal´ıtica com desenvolvi- mento de Taylor f = ∑ an(z − z0)n e a1 6= 0. Enta˜o existe B(w0, δ), w0 = f(z0) e uma func¸a˜o anal´ıtica g : B(w0, δ)→ C satisfazendo f(g(w)) = w, |w − w0| < δ. A func¸a˜o g e´ chamada de ramo local de f. Observac¸a˜o 1.4. Observer que f satisfaz |f(z)− f(w)| ≥ |a1||z − w| − ∑ j≥2 |aj |||z − z0|j − |w − z0|j |(1.16) ≥ (|a1| − r0 ∑ j≥2 |aj |jrj−20 )|z − w|(1.17) ≥ |a1| 2 |z − w|(1.18) onde |z − z0|, |w − z0| ≤ r0 < R. Deixamos como exerc´ıcio provar que f(B(z0, r0)) e´ um aberto e que f restrita a esta bola e´ um homeomorfismo sobre a imagem. Isto demonstra o teorema da func¸a˜o inversa para func¸o˜es anal´ıticas. A diferencia- bilidade complexa da inversa e´ imediata e o teorema de regularidade a ser provado no pro´ximo cap´ıtulo garantem a analaticidade da inversa. Esta e´ uma alterna-tiva a demonstrac¸a˜o da existencia e analiticidade local da inversa nos pontos onde f ′(z0) = a1 6= 0. Precisamos deduzir algumas propriedades ba´sicas das func¸o˜es anal´ıticas. Defin- imos um domm´inio Ω como sendo qualquer aberto conexo do plano complexo. Lema 1.5. Seja f : Ω → C uma func¸a˜o anal´ıtica definida em um domı´nio do plano complexo. Seja Z = f−1(0) o conjunto de zeros de f. As seguintes afirmac¸o˜es sa˜o equivalentes: (1) f e´ identicamente nula, ou seja, Z = Ω. (2) Existe um ponto onde os coeficientes aj do desenvolvimento de f neste ponto sa˜o todos identicamente nulos. 1.1. INTRODUC¸A˜O E NOTAC¸A˜O 9 (3) Z tem ponto de acumulac¸a˜o em Ω. Em particular f e´ uma constante c se e so´ se f−1(c) tem ponto de acumulac¸a˜o em Ω. Proof. Observe que (1) e (2) implicam (3) trivialmente. Seja {aj} os coefi- cientes do desenvolvimento de f em torno de um ponto z0 ∈ Ω. Se existe um k tal que ak 6= 0 e aj = 0, j ≤ k, enta˜o f(z) = (z − z0)k ∑ j≥k aj(z − z0)j−k, |z − z)| < r0(1.19) = (z − z0)kQ(z)(1.20) Observe que a se´rie ∑ aj+k(z − z0)j tem o mesmo raio de convergencia que a se´rie original. Portanto Q(z) = ∑ aj+k(z − z0)j define uma func¸a˜o anal´ıtica em |z − z0| < r0, r0 o raio de convergencia, satisfazendo a relac¸a˜o acima. Podemos diminuir o raio r0, se necessa´rio, para obtermos Q(z) 6= 0, |z − z0| < r0. Enta˜o z0 e´ ponto isolado o que garante que (3) implica (2). Tambe´m temos que o conjunto dos pontos de acumulac¸a˜o de Z e´ um aberto pois f(z) = 0, |z − z0| < r0. Como o conjunto dos pontos de acumulac¸a˜o de Z e´ um fechado e Ω e´ conexo segue-se que Z = Ω encerrando a prova do lema. � Corola´rio 1.6. Seja f : Ω→ C uma func¸a˜o anal´ıtica definida em um domı´nio e seja Z o conjunto dos zeros de f . Se f na˜o e´ constante enta˜o em cada ponto z0 ∈ Z existe r0 e uma func¸a˜o anal´ıtica Q tal que (1.21) f(z) = (z − z0)nQ(z), Q(z) 6= 0, |z − z0| < r0 ou seja, os zeros de f sa˜o isolados Voltemos ao problema de encontrar func¸o˜es que dependem somente de uma varia´vel. Podemos obter func¸o˜es deste tipo estendendo func¸o˜es reais anal´ıticas ao plano complexo. Podemos estender todas as func¸o˜es anal´ıticas da reta a func¸o˜es anal´ıticas no plano complexo preservando quase todas as suas propriedades. Ve- jamos a seguir como isto funciona. Lema 1.7. Seja f : I → R anal´ıtica. Para cada ponto x ∈ I seja Rx > 0 o ra´io de convergeˆncia da representac¸a˜o ∑ aj(x − x0)j de f. Seja U = ∪BRx(x). Existe uma u´nica func¸a˜o anal´ıtica F : U →→ C tal que F |I = f. Esta func¸a˜o e´ dada por F (z) = ∑ aj(z − x)j , |z − x| < Rx. Prova. Sejam f : I → C e U dados pelo lema. Tome t0, t1 ∈ I e as duas se´ries∑ aj(t−t0)j , ∑ bj(t−t1)j que representam localmente f com raios de convergeˆncia R0, R1. Sabemos que estas duas se´ries induzem func¸o˜es anal´ıticas f0 : B(t0, R0)→ C e f1;B(t1, R1) → C dadas por f0(z) = ∑ aj(z − t0)j , f1(z) = ∑ bj(z − t1)j . Na intersec¸a˜o destas duas bolas as duas func¸o˜es anal´ıticas f0 e f1 estendendo f coincidem sobre os pontos do eixo-x e portanto sa˜o iguais, assegurando que f esta´ bem definida e e´ anal´ıtica na unia˜o das bolas. Portanto F ;U → C dada por F (z) = ∑ aj(z − x)j , |z − x| < Rx, esta´ bem definida e estende f. � Exemplo 1.8 (Func¸a˜o Exponencial). Saabemos que a func¸a˜o exponencial e´ dada por uma se´rie cujo raio de convergencia e´ infinito. Este e´ um caso particular 10 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS pois teremos que a func¸a˜o ∑ zn/n! esta´ bem definida e e´ anal´ıtica em todo o plano. Nada mais natural do que definir a func¸a˜o exponencial por ez = ∞∑ n=0 zn n! , z ∈ C. Sabemos que ex+t = exet, x, t ∈ R. Pelo lema acima a func¸a˜o f(t) = ex+t − exet estende-se analiticamente a uma func¸a˜o f(z) definida no plano complexo. Como esta func¸a˜o e´ nula sobre o eixo real encontramos que ez+x = ezex, z ∈ C, x ∈ R. Por outro lado, ez+w − ezew e´ uma func¸a˜o anal´ıtica em C para a varia´vel w como composta, soma e produto de anal´ıticas. Sendo nula para w ∈ R estabelecemos que ez+w = ezew para todo z e w em C. Uma vez estabelecido a func¸a˜o expoencial obtemos todas as func¸o˜es hiperbo´licas comec¸ando com cosh e sinh dadas por cosh(z) = ez + e−z 2 , sinh(z) = ez − e−z 2 . z ∈ C. Todas as relac¸o˜es satisfeitas pelas func¸o˜es hiperbo´licas sa˜o va´lidas tambe´m no plano complexo. Por exemplo, cosh2(z) − sinh2(z) = 1. Muito mais interessante sa˜o as relac¸o˜es que aparecem com as func¸o˜es trigonome´tricas. Sabemos que cos(x) = ∞∑ j=0 (−1)j x 2j (2j)! , sin(x) = ∞∑ j=0 (−1)j x 2j+1 (2j + 1)! , x ∈ R. Substituindo x ∈ R por z ∈ C obtemos as expesso˜es de cos(z) e sin(z), z ∈ C. Observe que eiz = ∞∑ j=0 ij zj j! , = ∞∑ j=0 (−1)j z 2j (2j)! + i ∞∑ j=0 (−1)j z 2j+1 (2j + 1)! , = cos(z) + i sin(z), z ∈ C. Um caso particular e´ a conhecida equac¸a˜o de Euler: eiy = cos(y) + i sin(y), y ∈ R. Escrevendo z = x+ iy obtemos ez = ex cos(y) + iex sin(y) o que mostra a periodi- cidade da func¸a˜o exponencial, ou seja, ez = ez+2pii. Outra conclusa˜o interessante e´ a expressa˜o que o seno e cosseno possuem no plano complexo cos(z) = eiz + e−iz 2 , sin(z) = eiz − e−iz 2i , z ∈ C. SejamX e Y espac¸os topolo´gicos. Trabalharemos somente com espac¸os topolo´gicos que sa˜o localmente conexos, conexos por caminho e possuem base enumera´vel. Nestes espac¸os nos interessam as aplicac¸o˜es cont´ınua e sobre e que satisfazem a seguinte propriedade: Para cada y ∈ Y existe uma vizinhanc¸a U 3 y tal que f−1(U) = ∪Uj onde os U ′js sa˜o disjuntos e f |Uj : Uj → U e´ um homeomor- fismo para cada j. Tais aplicac¸o˜es sa˜o chamadas de aplicac¸o˜es de recobrimento ou simplesmente recobrimento. Um exemplo t´ıpico e´ a aplicac¸a˜o ϕ : R → S1, onde S1 e´ o c´ırculo unita´rio do plano complexo centrado na origem, dada por ϕ(t) = eit, t ∈ R. Deixamos a cargo do leitor mostrar que ϕ(t) e´ um recobrimento. 1.1. INTRODUC¸A˜O E NOTAC¸A˜O 11 Temos que ϕ−1(t) = {t + 2kpi | k ∈ Z}. Obviamente existe um k tal que o valor t0 = t+ 2kpi satisfaz −pi < t0 ≤ pi. Geometricamente t0 representa o comprimento do arco de S1 comprendido entre eit e o ponto 1 do eixo real, medido no sentido pos- itivo de percurso de S1. O nu´mero t0 e´ conhecido como argumento principal de eit e qualquer outro nu´mero da forma t0 +2kpi, k ∈ Z, e´ tambe´m chamado de argu- mento de eit. Estendemos este conceito ao plano complexo definindo arg(z), z 6= 0, como sendo o argumento de z/|z|. Localmente a func¸a˜o arg(z), z 6= 0, esta´ bem definida a menos de uma constante do tipo 2kpi, k ∈ Z. Se z 6= 0 as coordenadas polares de z sa˜o dadas por z = |z|ei arg(z), , z 6= 0, qualquer que seja uma das func¸o˜es arg(z) usada, isto e´, esta expressa˜o independe da func¸a˜o arg(z) considerada. Uma aplicac¸a˜o destas ideias e´ o ca´lculo local da inversa da exponencial que chamaremos de ramo local do logar´ıtimo. Se arg(z) esta´ bem definido em um aberto U de C enta˜o log(z) = log(|z|) + i(arg0(z) + 2kpi), k ∈ Z, z ∈ U, onde arg0(z) e´ o argumento principal, satisfaz a equac¸a˜o elog(z) = z, z ∈ U, como mostra um ca´lculo direto que deixamos a cargo do leitor. Portanto na regia˜o onde exista um ramo do argumento bem definido existira´ tambe´m uma func¸a˜o logar´ıtimo bem definida. E´ fa´cil concluir que a func¸a˜o exponecial definida de C em C \ {0} e´ um recobrimento. Com efeito, dado w0 = r0eiθ0 defina V = {z | | arg0(z/z0)| < pi} e Uj = {z | |=(z) − arg0(z0) − 2jpi| < pi}. Enta˜o argj : V → Uj , argj(z) = log |z|+ i(arg0(z) + 2jpi) e´ a inversa local da func¸a˜o exponencial. Vamos ilustrar esta situac¸a˜o calculando o arctan(z). Sabemos que w(z) = tan(z) e´ dado por iw = e2iz − 1 e2iz + 1 nos pontos onde cos(z) 6= 0. Enta˜o e2iz = 1 + iw 1− iw , z 6= pi 2 + kpi, k ∈ Z. Seja L = {iy ||y| ≥ 1} e I = {x|x ≤ 0}. Observe que a func¸a˜o w → (1+iw)/(1−iw) aplica C \L em C \ I onde log(z) = log |z|+ i arg0(z) esta´ bem definido. Portanto, arctan(w) = z(w) e´ dado por (1.22) arctan(w) = 1 2i log ( 1 + iw 1− iw ) , w /∈ L. Observe que a parte real de log(z) = log |z| + i arg0(z) esta´ sempre bem definida em C \ {0}. Entretanto se tomarmos lim arg0(x + iy), x < 0, fazendo y → 0 pela esquerda e direita obteremos um salto de 2pi. E´ imposs´ıvel estender a func¸a˜o arg(z) a C \ {0}. A siuac¸a˜o com arctan(w) e´ bem diferente. Considere o caminho w(x) = x+ iy, iy ∈ L, y 6= ±1. Temos 1 + iw(x) 1− iw(x) = 1− y + ix 1 + y − ix = 1− y2 − x2 (1 + y)2 + x2 + i 2x (1 + y)2 + x2 12 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS Portanto lim x→0 1 + iw(x) 1− iw(x) = 1− y 1 + y esta´ sempre bem definido. Este fato nos permite estender o arctan obtendo arctan(w) = 1 2i log ( 1 + iw 1− iw ) , w 6= ±i. Milagre! Talvez! Sa˜o situac¸o˜es t´ıpicas do estudo de variaveis complexas, arg(z) na˜o pode ser estendido mas arctan(z) pode a menos de dois pontos onde o valor e´ infinito. Este exemplo guarda ainda uma outra situac¸a˜o interessante. Como func¸a˜o real o arctan(x) esta´ bem definida na reta e e´ dada por arctan(x) = ∫ x 0 dt 1 + t2 , x ∈ R. Por ser anal´ıtica real ela estende-se a uma func¸a˜o bem definida em um aberto do plano como vimos acima. Acabamos de ver que o arctan(z) tem problema para ser estendido aos valores z = ±i, onde a u´nica possibilidade preservando a continuidade seria atribuir o valor ∞. Veremos mais tarde que o raio de convergeˆncia de uma func¸a˜o anal´ıtica f : U → C em torno de um ponto z0 ∈ U e´ sempre dado por R = dist(z0, U c). Para |t| < 1 temos 1 1 + t2 = ∞∑ j=0 (−1)jt2j , |t| < 1. o que nos da´ o desenvolvimento arctan(z) = ∞∑ j=0 (−1)j z 2j+1 2j + 1 , |z| < 1. Observe que esta bola centrada na origem com raio 1 e´ a maior poss´ıvel dentro do domı´nio do arctan(z) no plano. Entretanto como func¸a˜o real o arctan(x) esta´ bem definido para todo x ∈ R. Isto mostra que a se´rie de Taylor de arctan(x) em torno da origem na˜o pode ter raio de convergeˆncia maior que 1. Na analiticidade real na˜o vale que o raio de convergeˆncia da se´rie de Taylor e´ dado pelo maior disco dentro do domı´nio. Os conceitos de analiticidade real e complexa possuem caracteristicas bem diferentes. . Exerc´ıcios (1) Mostre que as variaveis z e z¯ e suas diferenciais dz = dx + idy, dz¯ = dx − idy sa˜o linearmente independentes como func¸o˜es ou 1-formas sobre C. (2) Mostre que o produto de func¸o˜es anal´ıticas e´ anal´ıtica utilizando produto de se´ries. (3) Mostre que a func¸a˜o φ(x) = { e−x 2 , x > 0 0, x ≤ 0 e´ infinitamente deriva´vel mas na˜o e´ anal´ıtica. EXERCI´CIOS 13 (4) Dado os nu´meros a < b < c < d construa uma func¸a˜o real φ, 0 ≤ φ ≤ 1, de classe C∞ tal que φ(x) = { 0, x ∈ [−∞, a] ∪ [d,∞] 1, b ≤ x ≤ c Esta func¸a˜o pode ser construida crescente em [a, b] e decrescente em [c, d] e satisfazendo a desigualdade sup |φ′(x)| ≤ 2 max{ 1 b− a, 1 d− c} (5) Sejam U1 e U2 respectivamente os abertos obtidos retirando do plano complexo o semi-eixo real negativo e o imagina´rio positivo. Encontre extenso˜es anal´ıticas do logaritmo neperiano a ambos. Como se comportam estas extenso˜es nas componentes conexas de U1 ∩ U2? (6) Demonstre a observac¸a˜o 1.4 (7) Usando as se´ries majorantes S = ∑ Anx, T = ∑ Bny n da prova do teorema (1.2) deˆ outra prova da convergencia da majorante derivando a identidade T (S(x)) = x. (8) Demonstre a equac¸a˜o de Euler. (9) Deduza as expresso˜es do seno e cosseno em termos da func¸a˜o da exponencial. (10) Mostre que ez : C→ C \ {0} e zn : C \ {0} → C \ {0} sa˜o recobrimentos. 14 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS 1.2. O Plano Estendido O plano complexo estendido e´ uma compactificac¸a˜o do plano complexo obtida acrescentando um ponto que na˜o pertence a ele. Este tipo de compactificac¸ ao e´ conhecida como compactificac¸a˜o de Alexandroff e e´ obtida do seguinte modo. Tomemos o s´ımbolo ∞ que na˜o pertence ao plano complexo e definimos C∗ := C ∪ {∞}. Sabemos que todo compacto K de C e´ um fechado e portanto Kc e´ um aberto. Definimos enta˜o as vizinhanc¸as abertas do infinito como sendo os conjuntos Kc ∪ {∞}. Acrescentando a esta famı´lia os abertos usuais de C obtemos uma topologia em C∗. Obviamente AR∞ := {z ∈ C| |z| > R} ∪ {∞} formam uma base desta topologia centrada no infinito. Lema 1.9. Seja C∗ a compactificac¸a˜o de Alexandroff do plano complexo C. (1) C∗ e´ compacto. (2) Qualquer outra compactificac¸a˜o de C preservando a topologia e acrescendo um ponto e´ homeomorfa a C∗ (3) C∗ e´ homeomorfo a S2 = {x ∈ R3 | |x| = 1} e portanto e´ metriza´vel. A me´trica induzida do R3 em C∗ e´ dada por ρ(z, w) = 2|z − w|√|z|2 + 1√|w|2 + 1 , z, w 6=∞ e ρ(z,∞) = 2√|z|2 + 1 . Proof. Dado uma cobertura aberta de C tome A∞ como sendo um aberto desta cobertura contendo o ponto do infinito. Enta˜o existe um AR∞ ⊂ A∞. O complementar AcR∞ e´ um compacto de C e portanto esta´ contido em uma unia˜o de abertos A1, · · · , An desta cobertura. Acrescentando A∞ a esta famı´lia obtemos uma subcobertura finita o que prova o primeiro ı´tem. O segundo ı´tem e´ o´bvio pois retirando o ponto adicionado obetemos um homeomorfismo com C que estende-se ao complemento. Para provarmos o u´ltimo ı´tem precisamos deduzir a expressa˜o da projec¸a˜o estereogra´fica. Por definic¸a˜o pi : S2 \ {(0, 0, 1)} → R2 e´ a projec¸a˜o do ponto de intersec¸a˜o da reta que liga x ∈ S2 ao polo norte sobre a intersec¸a˜o como o plano horizontal. Escolhendo o ponto t ∈ R tal que (0, 0, 1) + t(x1, x2, x3 − 1) fura o plano horizontal, isto e´, 1 + t(x3 − 1) = 0 encontramos (1.23) pi(x) = x1 1− x3 + i x2 1− x3 , x ∈ S 2 \ {(0, 0, 1)} Esta aplicac¸a˜o e´ obviamente cont´ınua como restric¸a˜o de aplicac¸o˜es cont´ınuas e o mesmo acontece com sua inversa (1.24) ϕ(z) = ( 2x |z|2 + 1 , 2y |z|2 + 1 , |z|2 − 1 |z|2 + 1), z = x+ iy. Podemos enta˜o estender este homeomorfismo entre C e S2 \{(0, 0, 1)} a um homeo- morfismo entre C∗ e a esfera unita´ria S2. O ca´lculo da distaˆncia induzida deixamos a cargo do leitor. � A distaˆncia em C∗ e´ a distaˆncia do R3 restrita a S2 e induzida pela projec¸a˜o estereogra´fica. Entretando, como superf´ıcie, o S2 tem uma distaˆncia intrinsica dada por d(x, y) = inf α ∫ |α′(t)|dt 1.2. O PLANO ESTENDIDO 15 onde α varia no conjunto de todos os caminhos C1 por partes de S2 ligando x e y. Sejam x, y ∈ S2 dois pontos diferentes cujo arco do grande c´ırculo que realiza a distaˆncia entre eles na˜o passa pelo polo norte. Se na˜o for o caso podemos considerar a projec¸a˜o pelo polo sul que satisfara´ esta afirmac¸a˜o. Podemos enta˜o tomar camin- hos z(t) = pi(α(t)) = u(t)+ iv(t) onde α na˜o passe pelo polo norte para calcularmos a distaˆncia. Enta˜o x1(t) = 2u 1 + |z|2 , x2(t) = 2v 1 + |z|2 , x3(t) = |z|2 − 1 |z|2 + 1 Um ca´lculo direto nos da´ |α′(t)| = 2 √ u′2 + v′2 1 + |z|2 Portanto a distaˆncia intrinseca d(x, y) e´ dada por (1.25) d(x, y) = inf z(t) ∫ 2|z′| 1 + |z|2 dt, onde pi(x) = a = z(t0), pi(y) = b = z(t1). Os grandes c´ırculos sa˜o projetados por pi em retas que passam na origem ou c´ırculos que intersetam o S1 em pontos ant´ıpodas. A distaˆncia d(x, y) e´ o comprimento do menor arco do grande c´ırculo com extremos x e y. Em C esta distaˆncia corresponde a calcular a integral acima ao longo de um segmento de uma reta passando pela origem ou de um arco de c´ırculo proveniente de um grande c´ırculo. Esta duas distaˆncias satisfazem as seguintes relac¸o˜es Lema 1.10. Se x e y sa˜o pontos do S1 enta˜o (1.26) |y − x| ≤ d(x, y) ≤ pi 2 |y − x| Em particular temos (1.27) ρ(z, w) ≤ d(ϕ(z), ϕ(w))≤ pi 2 ρ(z, w), z, w ∈ C∗, onde ϕ(∞) = (0, 0, 1) se z ou w for ∞ sendo ϕ a inversa da projec¸a˜o estereogra´fica pi. Prova. Sabemos da geometria que a distaˆncia d(x, y) e´ realizada por um seg- mento de geode´sica. As geode´sicas de S2 sa˜o os grandes c´ırculos o que nos da´ d(x, y) como sendo o comprimento do menor arco do grande c´ırculo contendo x e y com extremos estes pontos. Portanto basta estudarmos uma situac¸a˜o que e´ relac¸a˜o entre o radiano de um arco de S1 dividido pela distaˆncia entre seus extremos. Esta situac¸a˜o pode ser representada estudando os ma´ximos e mı´nimos da func¸a˜o β(t) = t |eit − 1| , 0 ≤ t ≤ pi = t√ 2− 2 cos(t) , 0 ≤ t ≤ pi Observe que eit = 1 + it− t 2 2 − it 3 3! + · · · |eit − 1| = |t||i− t 2 − it 2 3! + · · · | 16 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS o que nos da´ limt→1 β(t) = 1. No outro extremo ocorre limt→pi β(t) = pi/2. Temos tambe´m β′(t) = 2− 2 cos(t)− t sin(t) (2− 2 cos(t))2/3 A func¸a˜o g(t) = 2−2 cos(t)− t sin(t) satisfaz g′(0) = g′′(0) = g′′′(0) = 0 e g(4)(0) = 2. Enta˜o possui mı´nimo em t = 0. Por outro lado temos g′′(t) ≥ 0 para 0 ≤ t ≤ pi o que garante a convexidade de g em [0, pi]. Sendo g(pi) = 4 concluimos que g(t) ≥ 0,∀t ∈ [0, pi]. Portanto β e´ crescente e o seu ma´ximo absoluto ocorre em t = pi provando assim o lema. � Deixamos a cargo do leitor provar que as topologias induzidas por estas duas me´tricas em C∗ sa˜o iguais. Se a, b ∈ B(0, R) temos (1.28) 2|b− a| 1 +R2 ≤ ρ(a, b) ≤ d(x, y) ≤ pi 2 |b− a| Esta conclusa˜o na˜o e´ assim ta˜o assutadora. Passemos a analisar extenso˜es de func¸o˜es definidas em um aberto do plano e tomando valores no plano estendido. Seja f : Ω→ C uma aplicac¸a˜o anal´ıtica e z0 ∈ Ω. Sabemos que f(z) = ∞∑ j=0 aj(z − z0)j , |z − z0| < δ onde δ e´ o mı´nimo entre a distaˆncia de z0 a fronteira de Ω e o ra´io de convergeˆncia R desta se´rie. Admita que esta aplicac¸a˜o f esta´ definida em Ω a excec¸a˜o de pontos isolados. Enta˜o dizemos que cada ponto isolado onde f na˜o esta´ definida e´ uma sin- gularidade isolada de f, ou seja, se f esta´ definida em z para 0 < |z−z0| < � enta˜o z0 e´ uma singularidade de f. Duas situac¸o˜es merecem destaque: ∃ limz→z0 f(z) em C∗ ou na˜o existe tal limite. Caso na˜o exista tal limite dizemos que z0 e´ singu- laridade essencial de f. Se existe o limite enta˜o dizemos que z0 e´ polo de f se limz→a0 f(z) = ∞. Se este limite for um ponto finito enta˜o dizemos que z0 e´ uma singularidade remov´ıvel de f, podemos estende-la continuamente a este ponto. Veremos mais tarde como efetuar esta extensa˜o analiticamente. Observe que se z0 na˜o e´ uma singularidade essencial enta˜o podemos estender f a z0 cont´ınuamente tomando valores no plano estendido C∗. Exemplo 1.11. Seja p(z) = a0 + a1z + · · · + anzn um polinoˆmio de grau n. Se P (z) na˜o e´ constante enta˜o estende-se a uma aplicac¸a˜o P : C∗ → C∗ cont´ınua e tem um polo no infinito. Com efeito, |P (z)| ≥ |z|n(|an| − ∑n−1 j=0 |aj | |z|n−j ), ≥ |z|n(|an| − ∑n−1 j=0 |aj | R ), ≥ |an|2 |z|n se |z| ≥ R ≥ 1, e 2∑n−1j=0 |aj | ≤ R|an|. Portanto lim|z|→∞ P (z) = ∞ como afir- mamos. Exemplo 1.12. Seja f uma func¸a˜o racional, isto e´, uma func¸a˜o que e´ o quo- ciente de dois polinoˆmios f(z) = P (z)/Q(z). Sempre podemos assumir que estes polinoˆmios sa˜o primos entre si, na˜o possuem fatores comum. Portanto P e Q na˜o possuem zeros em comum e todos os zeros de Q sa˜o singularidades de f , 1.2. O PLANO ESTENDIDO 17 ou melhor, sa˜o polos. Com efeito, se Q(z0) = 0 enta˜o existe uma decomposic¸a˜o Q(z) = (z− z0)nQ0(z) onde |Q(z)| 6= 0, |z− z0| ≤ �, e n e´ a multiplicidade do zero. Podemos escolher � de modo que |P (z)| 6= 0, |z− z0| ≤ �. O teorema de Weierstrass garante que existe uma constante c > 0 tal que |P (z)/Q0(z)| ≥ c, |z − z0| ≤ �. Portanto |f(z)| ≥ c|z − z0|n , |z − z0| ≤ � o que mostra que z0 e´ polo. Quanto ao ponto do infinito temos as seguintes possibilidades: Se o grau de P e´ maior que o de Q enta˜o f tem polo no infinito. Se o grau de P e´ menor que o de Q enta˜o f tem um zero no infinito e se os graus sa˜o iguais obtemos o valor f(∞) = an/bn onde an e bn sa˜o os coeficientes lider dos polinoˆmios. Deixamos a cargo do leitor provar estes fatos. Exemplo 1.13. Um caso particular do exemplo anterior e´ quando os polinoˆmios P e Q possuem graus na˜o maiores que 1. Se f(z) = az + b cz + d , z ∈ C, ad− bc 6= 0, chamamos f de transformac¸a˜o fraciona´ria, homogra´fica ou de Mo¨bius.Dado f ho- mogra´fica definimos uma outra aplicac¸a˜o homogra´fica por g(z) = dz − b −cz + a, z ∈ C, ad− bc 6= 0, Observe que f ◦ g(z) = z para todo z ∈ C∗ o que mostra que f e´ sempre um homeomorfismo do plano estendido C∗. Denotaremos por M o conjunto das trans- formac¸o˜es homogra´ficas ou de Mo¨bius. Temos queM e´ um subgrupo do grupo dos homeomorfismos do plano estendido, ou seja, da esfera S2. Exemplo 1.14. Considere f(z) := exp(1/z). A origem e´ uma singularidade. Observe que z → 1/z aplica a vizinhanc¸a do infinito AR na bola B(0; 1/R). Defina Uk = {z|0 ≤ =(z − i(2R + 2k)) ≤ 2pi}, k = 1, 2, · · · e por Vk a imagem de Uk por 1/z. As faixas U ′ks sa˜o disjuntas e os V ′ ks um disco retirado outro disco interno tocando-se ambos na origem. Em pasticular os V ′ks sa˜o dois a dois disjuntos e f(Vk) cobre o plano menos a origem. Dado � > 0 podemos tomar 1/R < � e portanto f cobre C \ {0} infinitas veˆzes. Logo a origem e´ uma singularidade essencial de f. Veremos mais tarde que toda singularidade essencial de uma func¸a˜o holomorfa tem sempre um coportamento similar. Exemplo 1.15. Ja´ vimos quando um somato´rio converge. E que se pode dizer de um produto´rio? Sejam z1, z2, · · · nu´meros complexos e defina pn = ∏n j=1 zj . Dizemos que existe o produto infinito dos zn’s se existe o limite da sequ¨eˆncia for- mada pelos pn’s e postamos ∏ zn = lim n→∞ n∏ j=1 zj Se existe λ > 0 tal que |zj | ≤ λ < 1 enta˜o ∏ zn = 0 obviamente. Esta e´ uma situac¸a˜o que na˜o tem utilidade pra´tica. Admita que existe ∏ zn e que e´ na˜o nulo. Certamente temos zn 6= 0,∀n. Alem disso lim zn = lim pn pn−1 = 1 18 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS Portanto estas duas condic¸o˜es necessa´rias devem ser impostas para termos um produto infinito na˜o nulo. De fato, zn → 1, garante que <(zn) > 0 a menos de um nu´mero finito de termos. Em algumas situac¸o˜es e´ conveniente impor esta restric¸a˜o. Exerc´ıcios (1) Mostre que a projec¸a˜o esterogra´fica leva c´ırculos passando pelo polo norte em retas e c´ırculos que na˜o passam no polo norte em c´ırculos do plano complexo. (2) Utilize a aplicac¸a˜o exponencial para encontrar um homeomorfismo entre uma faixa infinita {z|0 ≤ =(z) ≤ b < 2pi} e um setor circular. O logaritmo e´ a inversa da exponencial. Encontre todas as inversas, ou seja, todos os logaritmos deste setor circular na faixa. (3) Considere o setor circular S = {z|0 < arg z/z0 < 2pi/n} e w0 = zn0 e U = C \ {tw0|t > 0}. Encontre a inversa n √ w de zn de U em S. Quantas inversas semelhantes existem? (4) Encontre a projec¸a˜o estereogra´fica baseada no polo sul. Qual a mudanc¸a de coordenada entre as projec¸o˜es baseadas nos dois polos? (5) Uma aplicac¸a˜o diferencia´vel e´ conforme se sua derivada e´ uma aplicac¸a˜o linear conforme entre os espac¸os tangentes correspondes. Mostre que a projec¸a˜o es- tereogra´fica e´ uma aplicac¸a˜o conforme. Qual o aˆngulo no infinito de duas retas equidistantes? (6) Justifique todas as afirmac¸o˜es dos exemplos acima. (7) Seja U o conjunto das matrizes complexas 2× 2 com determinante ±1. Mostre que U e´ um subgrupo do grupo das matrizes invers´ıveis. Quem e´ o nu´cleo do homomorfismo original? Por que para estudarmos as transformac¸o˜es ho- mogra´ficas e´ suficiente estudar as associadas a este grupo? (8) Mostre que para cada δ> 0 a imagem de Aδ = {z|0 < |z| < δ} por exp(1/z) cobre o plano menos a origem. (9) Por que a func¸a˜o sin(1/z) na˜o contradiz o lema (1.5)? (10) Mostre que sin(1/z) tem a seguinte propriedade: Dado δ > 0 a imagem da bola Bδ(0) e´ sobre o plano complexo. 1.3. Aplicac¸o˜es de Mo¨bius Examinemos algumas propriedades elementares das aplicac¸o˜es de Mo¨bius. De- notaremos por M o conjunto de todas as aplicac¸o˜es ϕ(z) = az + b cz + d , z ∈ C, ad− bc 6= 0. Ja´ vimos que cada elemento de M e´ um homeomorfismo do plano estendido, ou seja, da esfera S2 e que M e´ grupo com a operac¸a˜o composic¸a˜o. Seja GL2(C) o espac¸o das matrizes complexas 2× 2 invers´ıveis. Sabemos que GL2(C) e´ um grupo com a operac¸a˜o produto. Ele possui um subgrupo especial SL2(C) formado pelas matrizes A com det(A) = 1. Definimos Φ : GL2(C) → M como a aplicac¸a˜o que associa a cada matriz A = (aij) a aplicac¸a˜o de Mo¨bius ϕA(z) definida por ϕA(z) = a11z + a12 a21z + a22 , z ∈ C. 1.3. APLICAC¸O˜ES DE MO¨BIUS 19 Dados A = (aij) e B = (bij) temos ϕA ◦ ϕB(z) = a11(b11z + b12) + a12(b21z + b22) a21(b11z + b12) + a22(b21z + b22) = (a11b11 + a12b21)z + a11b12 + a12b22 (a21b11 + a22b22)z + a21b12 + a22b22 = ϕAB(z) o que mostra que Φ e´ um homomorfismo de grupos. O nu´cleo de Φ e´ exatamente IC onde I = (δij) e´ a matriz identidade. Alem disso ϕI(z) = z para todo z ∈ C∗. Pelo teorema fundamental da teoria dos grupos temos (1.29) M = GL2(C)/Nuc(Φ) = SL2(C) Portanto M e´ isomorfo a SL2(C). Obviamente ϕ(z) e´ sempre um homeomorfismo de C∗ pois ϕA−1(z) = ϕ −1 A (z), uma vez que ϕA ◦ ϕA−1 = ϕI . Algumas aplicac¸o˜es de M possuem nomes pro´prios. Se ϕ(z) = az dizemos que ϕ e´ uma homotetia se |a| 6= 1 ou 0 e rotac¸a˜o se |a| = 1. Muitas vezes classificamos as homotetias em dilatac¸a˜o se |a| > 1 e contrac¸a˜o se |a| < 1. As ϕ(z) = z + b sa˜o as translac¸o˜es e ϕ(z) = 1/z e´ uma inversa˜o (com respeito ao c´ırculo unita´rio S1). Lema 1.16. Toda ϕ ∈M e´ composta de homotetias, translac¸o˜es e inverso˜es. Prova. Se c = 0 enta˜o ϕ(z) = (a/d)z+b/d que e´ a composta de uma homotetia ou rotac¸a˜o com uma translac¸a˜o. Se c 6= 0 enta˜o ϕ(z) = b− ad/c cz + d + a/c que e´ composic¸a˜o de homotetia ou rotac¸a˜o com translac¸a˜o seguido de uma inversa˜o, outra homotetia ou rotac¸a˜o e outra translac¸a˜o. � Tomemos ϕ ∈ M. Um ponto fixo de ϕ e´ um zero da equac¸a˜o ϕ(z) − z = 0. Portanto z deve satisfazer a equac¸a˜o do segundo grau (1.30) cz2 + (d− a)z − b = 0, z ∈ C∗, que sabemos ter no ma´ximo duas soluc¸o˜es, a na˜o ser que ϕ(z) seja a aplicac¸a˜o identidade. Esta observac¸a˜o simples estabelece o seguinte crite´rio: Crite´rio de Unicidade: Se ϕ ∈M possue pelo menos 3 pontos fixos enta˜o ϕ e´ a identidade. Em particular, se ϕ(zj) = ψ(zj), j = 1, 2, 3, ϕ, ψ ∈ M, onde z1, z2, z3, sa˜o distintos, enta˜o ϕ = ψ. A u´ltima afirmac¸a˜o e´ va´lida pois ψ−1 ◦ ϕ(zj) = zj . Usaremos este crite´rio para construir o raio cruzado entre 4 nu´meros complexos. Sejam z1, z2 e z3 tres 20 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS nu´meros complexos distintos. Definimos o raio cruzado entre z, z1 e z2, z3 por: (z, z1, z2, z3) = ( z − z2 z − z3 )/( z1 − z2 z1 − z3 ) , ∞ /∈ {z1, z2, z3} z − z2 z − z3 , z1 =∞ z1 − z3 z − z3 , z2 =∞ z − z2 z1 − z2 , z3 =∞ Se ϕ(z) = (z, z1, z2, z3), z ∈ C∗ enta˜o ϕ(z1) = 1, ϕ(z2) = 0, ϕ(z3) = ∞ e ϕ(z) e´ a u´nica aplicac¸a˜o de Mo¨bius que tem esta propriedade. Em particular se ψ ∈ M enta˜o (1.31) (z, z1, z2, z3) = (ψ(z), ψ(z1), ψ(z2), ψ(z3)), ∀ψ ∈M onde ϕ(z) = (z, z1, z2, z3) uma vez que ambos os lados aplicam z1 em 1, z2 em 0 e z3 no ∞ (duas aplicac¸o˜es ϕ,ψ aplicando zj em wj para j = 1, 2, 3, satisfazem ϕ ◦ψ−1(zj) = zj e portanto ϕ ◦ψ−1(z) = z para todo z). Segue-se enta˜o que dados z1, z2, z3 e w1, w2, w3, existe uma u´nica aplicac¸a˜o de Mo¨bius ψ aplicando zj em wj e esta aplicac¸a˜o pode ser encontrada resolvendo a equac¸a˜o (1.32) (z, z1, z2, z3) = (ψ(z), w1, w2, w3). Sabemos que os 3 pontos z1, z2 e z3 determinam de maneira u´nica um c´ırculo de C∗. O raio cruzado com um ponto adicionando z da´ um crite´rio muito interessante para decidir quando z esta´ neste c´ırculo ou na˜o. Lema 1.17. Se z, z1, z2, z3, sa˜o quatro pontos distintos de C∗ enta˜o (z, z1, z2, z3) ∈ R se e somente o ponto z pertence ao c´ırculo de C∗ determinado por z1, z2 e z3. Prova. Se ϕ ∈M precisamos caracterizar o conjunto Γ dos pontos onde ϕ(z) = ϕ(z). Portanto devemos solucionar a equac¸a˜o az + b cz + d = a¯z¯ + b¯ c¯z¯ + d¯ ou equivalentemente (ac¯− a¯c)|z|2 + (ad¯− cb¯)z − (a¯d− c¯b)z¯ + bd¯− b¯d = 0 Se ac¯− a¯c = 0, esta equac¸a˜o transforma-se em =[(ad¯− cb¯)z + (bd¯− b¯d)] = 0 que e´ a equac¸a˜o de uma reta. Admitindo que ac¯− a¯c 6= 0 teremos que os pontos z ∈ Γ sa˜o definidos por |z|2 + ad¯− cb¯ ac¯− a¯cz − a¯d− c¯b ac¯− a¯c z¯ + bd¯− b¯d ac¯− a¯c = 0 que pode ser completado a |z − z0|2 = R2 onde z0 = a¯d− c¯b ac¯− a¯c , e, R = ∣∣∣∣ad− cbac¯− a¯c ∣∣∣∣ . 1.3. APLICAC¸O˜ES DE MO¨BIUS 21 � Corola´rio 1.18. Toda transformac¸a˜o homogra´fica leva c´ırculos de C∗ em c´ırculos de C∗. Em particular, dados tres pontos z1, z2, z3, em um c´ırculo Γ e tres pontos w1, w2, w3, em um outro c´ırculo Γ ′ existe uma u´nica transformac¸a˜o homogra´fica ϕ que leva Γ em Γ′ e ϕ(zj) = wj , j = 1, 2, 3. Esta aplicac¸a˜o e´ dada por (z, z1, z2, z3) = (ϕ(z), w1, w2, w3). Duas operac¸o˜es ba´sicas aparecem quando trabalhamos nu´meros complexos: a reflexa˜o com respeito a uma reta L e a inversa˜o com respeito a um c´ırculo arbitra´rio C = C(z0, R) de raioR e centro z0. Toda reta L parametrizada por z(t) = α+tβ, t ∈ R, e´ dada por L = {z | =(z − α β ) = 0}. Se β = reiθ, |θ| ≤ pi, enta˜o z → (z − α)/eiθ aplica L ao eixo real. Portanto z∗ e´ dado por z∗ − α eiθ = z¯ − α¯ e−iθ Em particular se α = z2 e β = z1 − z2 temos que z∗ satisfaz z∗ − z2 z1 − z2 = z¯ − z¯2 z¯1 − z¯2 obtida dividindo ambos os lados por r. Esta igualdade na˜o depende dos pontos z1 e z2 de L. De fato temos (z ∗, z1, z2,∞) = (z, z1, z2,∞). Por outro lado, se z1, z2, z3 ∈ L sa˜o distintos enta˜o (z∗, z1, z2, z3) = z∗ − z2 z∗ − z3 z1 − z3 z1 − z2 = z∗ − z2 z1 − z2 z1 − z3 z∗ − z3 = z¯ − z¯2 z¯1 − z¯2 z¯1 − z¯3 z¯ − z¯3 = (z, z1, z2, z3) mostrando a validade desta expressa˜o para 3 pontos de L distintos entre si e distintos do ∞. A independeˆncia total dos 3 pontos de L deixamos a cargo do leitor. Analogamente, a inversa˜o de z com relac¸a˜o ao c´ırculo C(z0, R) e´ dada por z∗ = z0 + R2 z¯ − z¯0 de onde segue-se que (z∗ − z0)(z¯ − z¯0) = R2. Segue-se enta˜o (z∗, z1, z2, z3) = ( R2 z¯ − a¯ + a, z1, z2, z3) = ( R2 z¯ − a¯ , z1 − a, z2 − a, z3 − a) = ( R2 z¯ − a¯ , R2 z¯1 − a¯ , R2 z¯2 − a¯ , R2 z¯3 − a¯ ) = (z¯, z¯1, z¯2, z¯3). 22 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS Portanto novamente z∗ e´ a soluc¸a˜o u´nica da equac¸a˜o (1.33) (z∗, z1, z2, z3) = (z¯, z¯1, z¯2, z¯3) e esta soluc¸a˜o na˜o depende dos 3 pontos do c´ırculo. A orientac¸a˜o de uma curva fechada e´ fixada quando escolhemos a ordem de percurso passando por 3 pontos z1, z2, z3. O percurso de z1 a z2 e de z2 a z3 cria a noc¸a˜o de lado esquerdo e direito da curva, de maneira o´bvia. Ja´ vimos que toda aplicac¸a˜o de Mo¨bius preserva os c´ırculos do plano estendido. Lema 1.19. Sejam Γ− 1 e Γ2 dois c´ırculos do plano estendido e ϕ uma trans- formac¸a˜o de Mo¨bius aplicando un c´ırculo no outro. Dado uma orientac¸a˜o z1, z2, z3, de Γ1 a orientac¸a˜o ϕ(z1), ϕ(z2), ϕ(z3), de Γ2 e´ preservada e tambe´m os lados direito e esquerdo. Os pares z e z∗ tambe´m sa˜o preservados, isto e´, ϕ(z∗) = ϕ(z)∗. Prova. Observe que (z, z1, z2, z3) = (ϕ(z), ϕ(z1), ϕ(z2), ϕ(z3)), que mostra que a orientac¸a˜o e´ preservada e que (ϕ(z∗), ϕ(z1),ϕ(z2), ϕ(z3)) = (ϕ(z), ϕ(z1), ϕ(z2), ϕ(z3)). � Exerc´ıcios (1) Mostre que a definic¸a˜o do sime´trico ou refletido z∗ com respeito a um c´ırculo Γ na˜o depende dos 3 pontos escolhidos de Γ. (2) Denote por M(Γ) o conjunto das aplicac¸o˜es de Mo¨bius ϕ tais que ϕ(Γ) = Γ. Mostre que a conjugac¸a˜o ϕ1 = ϕ −1 ◦ ϕ2 ◦ ϕ e´ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia. Mostre que M(Γ) e´ um subgrupo. Se ψ(Γ1) = Γ2 mostre que M(Γ2) = ψM(Γ1)ψ −1. (3) Mostre que duas aplicac¸o˜es de Mo¨bius que sa˜o conjugadas possuem o mesmo nu´mero de pontos fixos. Encontre todas as aplicac¸o˜es de Mo¨bius que possuem somente um ponto fixo. Mostre que duas aplicac¸o˜es que possuem um u´nico ponto fixo sa˜o conjugadas a z+1. Estas aplicac¸o˜es sa˜o chamadas de parabo´licas. (4) Mostre que ϕ possue 2 pontos fixos se e so´ se for conjugada a λz. (5) Mostre que ϕ e´ conjugada a λ1z e a λ2z enta˜o ou λ1 = λ2, ou λ1 = 1/λ2. No segundo caso ϕ e´ conjugada a λz e a z/λ e estes nu´meros sa˜o chamados de multiplicadores ou autovalores de ϕ. Se λ ∈ S1 elas sa˜o chamadas de elipticas. Quando os multiplicadores sa˜o reais positivos elas sa˜o chamadas de hiperbo´licas, e as restantes de loxodroˆmicas. (6) Definida a o´rbita de z de uma aplicac¸a˜o de Mo¨bius ϕ por o(z, ϕ) = {ϕ(n)(z)|n ∈ Z}, onde ϕ(n) significa a composta tomada n vezes. Mostre que ϕ e´ parabo´lica se e so´ se lim n→−∞ϕ (n)(z) = lim n→∞ϕ (n)(z) = z0 onde z0 e´ o u´nico ponto fixo de ϕ. (7) Mostre que ϕ e´ eliptica se e so´ se os pontos fixos de ϕ na˜o esta˜o no fecho da o´rbita o(z, ϕ) para ϕ(z) 6= z. (8) Mostre que ϕ e´ loxodroˆmica ou hiperbo´lica se e so´ se temos lim n→−∞ϕ (n)(z) = z1, lim n→∞ϕ (n)(z) = z2 1.4. APEˆNDICE I: FUNC¸O˜ES REAIS ANALI´TICAS 23 onde z1 6= z2, para todo z que na˜o e´ ponto fixo. Temos ainda que z1 e´ ponto fixo com multiplicador |λ| > 1 e z2 e´ ponto fixo com multiplicador |λ−1| < 1. (9) Encontre M(R). (10) Encontre M(S1). (11) Mostre que se f : C∗ → C∗ e´ um homeomorfismo e U e´ um aberto enta˜o V = f(U) e´ um aberto e ∂V = f(∂U). Encontre as ϕ ∈M que deixam o disco unita´rio D invariante. (12) Sejam z1, z2, z3, nu´meros reais e escreva ϕ(z) = (z, z1, z2, z3) = az + b cz + d . Mostre que =(ϕ(z)) = ab− bc|cz + d|2=(z). 1.4. Apeˆndice I: Func¸o˜es Reais Anal´ıticas Uma func¸a˜o real f : (a, b) ⊂ R → R e´ dita anal´ıtica se em uma visinhanc¸a de cada ponto x0 de seu domı´nio os valores f(x) sa˜o dados por uma se´rie de poteˆncias, ou seja, f(x) = a0 + a1(x− x0) + a2(x− x0)2 + · · · , |x− x0| < � Sabemos do ca´lculo que as func¸o˜es infinitamente diferenciaveis possuem uma se´rie de Taylor em cada ponto do seu domı´nio e que esta se´rie e´ u´nica. Portanto uma func¸a˜o e´ anal´ıtica se e somente se a se´rie de Taylor tem desenvolvimento infinito em cada ponto e converge ao valor da func¸a˜o em uma vizinhanc¸a. E´ fa´cil obter este desenvolvimento em se´rie para algumas func¸o˜es reais ou complexas. Vejamos um exemplo. Vejamos um crite´rio para decidir quando uma func¸a˜o real e´ anal´ıtica. Este mesmo crite´rio vale em situac¸o˜es bem mais geral. Entretanto neste caso particular e´ importante para justificar o que queremos fazer agora. Antes pore´m necessitamos de um resultado sobre se´ries absolutamente convergentes que nem sempre aparece nos livros textos da maneira como anunciamos abaixo. Lema 1.20. Uma func¸a˜o f : (a, b)→ R de classe C∞ e´ anal´ıtica se e somente se existe uma constante K e um nu´mero real r, 0 < r ≤ min{x0 − a, b − x0} tais que (1.34) sup |x−x0|<r |f (n)(x)| ≤ K n! rn , ∀n Proof. Seja f : (a, b)→ R satisfazendo a condic¸a˜o do lema. Pelo desenvolvi- mento de Taylor com resto de Lagrange (ver Teorema 10 do Cap´ıtulo 8 de [L]) temos f(x) = f(x0) + f ′(x0)(x− x0) + · · ·+ 1n!f (n)(x0)(x− x0)n + 1n!f (n)(c)(x− x0)n(1.35) = Sn(x) + 1 n! f (n)(c)(x− x0)n(1.36) 24 1. FUNC¸O˜ES ANALI´TICAS COMPLEXAS onde c esta´ entre x0 e x. Tome o intervalo fechado I = [x0−r′, x0 +r′], r′ = λr, 0 < λ < 1. Enta˜o, usando a norma do supremo no intervalo I obtemos ||f − Sn||I ≤ (r ′)n n! ||f (n)||I(1.37) ≤ K(r ′ r )n(1.38) = Kλn(1.39) Portanto Sn converge uniformemente no intervalo I para f o que assegura a sua analiticidade. Assuma agora que f e´ anal´ıtica e tem o desenvolvimento dado acma. Sabemos do ca´lculo (ver [L]) que f (n)(x) = ∑ k≥n k(k − 1) · · · (k − n+ 1)ak(x− x0)k−n, |x− x0| < � Tomemos r tal que 0 < 2r < �. Como a se´rie converge em x = 2r segue-se que |ak|(2r)k ≤ ∑ j≥0 |aj |(2r)j = K, ∀k ≥ 0. Para |x− x0| ≤ r temos enta˜o |f (n)(x)| ≤ ∑ k≥n k! (k − n)! |ak|r k−n(1.40) ≤ K ∑ k≥n k! (k − n)! (2r) −krk−n(1.41) ≤ 2 nKn! rn ∑ k≥n k! n!(k − n)! ( 1 2 )k−n(1.42) ≤ 2Kn! rn (1.43) pois o u´ltimo somato´rio e´ o desenvolvimento de (1 − x)n+1 no ponto x = 1/2 provando assim a desigualdade. � Corola´rio 1.21. Soma, produto, inversa˜o e composic¸a˜o de func¸o˜es ananl´ıticas e´ anal´ıtica onde estiverem definidas. Proof. A demonstrac¸a˜o para somas ou diferenc¸as segue-se imediatamente da desigualdade do lema. Tomemos h = fg. Seja K e � tais que a desigualdade do lema vale com estes valores para as duas func¸o˜es. Fixemos r tal que 0 < 2r < �. Temos |h(n)(x)| ≤ n∑ j=0 ( n j ) |fn−j(x)||gj(x)|, |x− x0| < r(1.44) ≤ K2 n∑ j=0 ( n j ) (n− j)! �n−j j! �j (1.45) ≤ K 2nn! 2nrn (1.46) ≤ K 2n! rn (1.47) 1.5. APEˆNDICE II:PARTIC¸A˜O DA UNIDADE 25 o que prova que produto de func¸o˜es anal´ıticas e´ anal´ıtica. Para encerrar a prova basta mostrar que a composta de func¸o˜es anal´ıticas e´ anal´ıtica. Usaremos o seguinte crite´rio para se´ries absolutamente convergente: � 1.5. Apeˆndice II:Partic¸a˜o da Unidade Bibliography [A] Lars V. Allfors, Confromal invariants. Topics in Geometric Function Theory. McGraw-Hill Book Company (1073). [B] R. Brown, On a conjecture of Dirichlet, Amer. Math. Soc., Providence, RI, 1993. [B1] E. Bishop, A generalization of the Stone-Weierstrass theorem, Pac. J. Math., vol. 11, pp. 777-783, 1961. [C] John B. Conway, Functions of One Complex Variable I, Springer, Second Edition, Graduate Texts in Mathematics; 11 (1998) [Ca] Henri Cartan, The´orie e´le´mentaire des fonctions analytiques d’une ou plusieurs variables complexes, Enseignement des sciences,Hermann, 156, boulevard Saint-Germain Paris VI, 1960. [D] R. A. DeVore, Approximation of functions, Proc. Sympos. Appl. Math. vol. 36, Amer. Math. Soc., Providence, RI, 1986, pp. 34–56. [F] Franco Mercury, Notas de Aula [G] I. Glicksberg, Measures orthogonal to algebras and sets of antisymmetry, Trans. Amer. Math. Soc., vol. 105, pp. 415-435, 1962. [Gr] S. Grabiner, A Short Proof of Runge’s Theorem, Am Math Mon 83(1): 807-808, 1976. [Lan] H. J. Landau, On Uniform Approximation of Continuous Functions by Rational Functions with Preassigned Polos, Proceedings of the Amer. Math. Soc., vol. 5 N 5 , 671-676 (1954) [La] M. Lavrentieff, Sur les fonctions d’une variable complexe, Actualites Scientifiques et Indus- trielles, no. 441, 1936. [L] Elon L. Lima, Curso de Ana´lise, Colec¸a˜o Projeto Euclides, IMPA, Rio de Janeiro, 1976. [L1] Elon L. Lima, Curso de Ana´lise, Vol. 2, Colec¸a˜o Projeto Euclides, IMPA, Rio de Janeiro, 1976. [L2] Elon L. Lima, Grupo Fundamental e Espac¸os de Recobrimento, Colec¸a˜o Projeto Euclides, IMPA, Rio de Janeiro, 1998. [M] A. I. Markushevich, Theory of Functions of a Complex Variable, Chelsea Publishing Com- pany, Vol. I, II, III Translated and Edited by Richard A. Silverman (1977) [Mer] S. N. Mergelyan, Uniform Approximations to Functions of a Complex Variable. Usephi. Mat. Nauk (N.S.) 7, n 2(48),31-122,(1952). Amer. Math. Translation N 101, (1954) [R1] W. Rudin, Real and Complex Analysis, McGraw-Hill Book Company, New York 1966. [R2]W. Rudin, Functional Analysis, Tata McGraw-Hill Publishing LTD, 1974. [S] G. E. Sˇilov, On rings of functions with uniform convergence, Ukrain. Mat. Z. 3 (1951), 404- 411, (Russian). [To] V. A. Tonyan, Doklady Akad. Nauk Armyan. SSR. vol. 12, pp. 33-36, (1950). 27
Compartilhar