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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DISCIPLINA DIREITO ADMINISTRATIVO DOCENTE RESPONSÁVEL SÔNIA LETÍCIA DE MELLO CARDOSO ACADÊMICO LAUDEMIR BERNARDES DE SOUZA Maringá – PR 2018 1 INTRODUÇÃO Perante a necessidade de desenvolver os conceitos dos princípios constitucionais da administração pública, buscamos apoio na literatura e na legislação vigente, objetivando obter informações precisas para interar-se deste assunto de relevante importância ao estudo da gestão pública. Conforme consta em Brasil (1988) “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”, assim sendo, percebemos a importância do aprofundamento no assunto, pois, faz parte da Constituição Federal do Brasil, referente à conduta da administração pública. 2 DESENVOLVIMENTO Verificado a necessidade do aprofundamento dos conceitos referentes ao art. 37 da constituição federal, estaremos desenvolvendo os cinco princípios mencionados conforme a sequencia relatada na legislação. 2.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O princípio da legalidade é destacado pelo doutrinador Di Pietro, da seguinte maneira: Este princípio, juntamente com o de controle da Administração pelo Poder Judiciário, nasceu com o Estado de Direito e constitui uma das principais garantias de respeito aos direitos individuais. Isto porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece também os limites da atuação administrativa que tenha por objeto a restrição ao exercício de tais direitos em benefício da coletividade. É aqui que melhor se enquadra aquela ideia de que, na relação administrativa, a vontade da Administração Pública é a que decorre da lei. Segundo o princípio da legalidade, a Administração Pública só pode fazer o que a lei permite. (DI PIETRO, 2017, p.104) No entanto, Olivo apresenta este princípio como segue: [...] o princípio da legalidade significa que o cidadão pode fazer tudo aquilo que a lei não o proíba. Para o Direito Administrativo, a legalidade impõe ao administrador a obrigação de fazer, ou deixar de fazer, exatamente aquilo que a lei estabelece de forma determinada, como a obrigatoriedade de realizar concurso público para ingresso em cargo de provimento efetivo. (OLIVO, 2015, p. 23) Além disso, Paludo explica da seguinte forma: O princípio da legalidade está contido na Constituição Federal de 1988 e é um princípio basilar do Estado Democrático de Direito. Por esse princípio, a Administração Pública, em toda sua atividade, prende-se aos mandamentos da lei, deles não podendo se afastar, sob pena de o ato ser declarado inválido e o seu autor ser responsabilizado pelos danos ou prejuízos causados. Assim, toda ação estatal deve ser regulada por lei, caso contrário, será injurídica e expõe-se à anulação. (PALUDO, 2013, p.38) Portanto, os atos públicos devem ser praticamente todos fundamentados na legislação, não podendo o agente público realizar atos que estejam fora dos padrões autorizados pela legislação, ou seja, baseado no principio da legalidade o administrador público deve desenvolver suas funcionalidades, conforme a lei o permitir. 2.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE Um dos sentidos do princípio da impessoalidade, conforme o doutrinador Di Pietro (2017, p.107) ”Significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento”. Já Olivo coloca este princípio da seguinte maneira: [...] cabe ao administrador público agir no sentido de atender a todos, sem preferência ou favorecimento em função de ligações políticas ou partidárias. Por isso o ato de um funcionário público representa uma vontade da administração. O administrador não age em seu próprio nome, mas em nome do Estado, quando atesta a validade de um documento, por exemplo. (OLIVO, 2015, p. 23) Além disso, Paludo explica da seguinte forma: [...] a impessoalidade é norma jurídica de obediência obrigatória em toda a Administração Pública, seja ela direta ou indireta, e abrange os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A Lei de Improbidade Administrativa ratifica este princípio ao estabelecer que os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a respeitar o princípio da impessoalidade. Em obediência a esse princípio, o agente público, ao praticar o ato, deve ser imparcial, buscar somente o fim público pretendido pela lei, sem privilégios ou discriminações de qualquer natureza. (PALUDO, 2013, p.39) Portanto, frente ao exposto pelo principio da impessoalidade, percebe-se que as ações administrativas, sejam de qual esfera for ou poder, devem ser sempre aplicadas de maneira igualitária independente de quem esta sendo auferido, a lei é a mesma para todos os brasileiros, independente dos cargos e hierarquias. 2.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE O princípio da moralidade é colocado pelo doutrinador Di Pietro, da seguinte forma: Em resumo, sempre que em matéria administrativa se verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade, estará havendo ofensa ao princípio da moralidade administrativa. (DI PIETRO, 2017, p.115) Além disso, este princípio para Olivo (2015, p. 24) “[...] impõe ao administrador agir de maneira ética, com probidade, considerando que o interesse público se sobrepõe ao interesse particular”. Observando que, Paludo coloca em sua obra, o seguinte: O princípio da moralidade exige do servidor público o elemento ético de sua conduta. Assim, não terá de decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto. (PALUDO, 2013, p.39) Portanto, o princípio da moralidade impõe ao administrador público a necessidade do discernimento das atitudes corretas a serem tomadas de acordo com o que a legislação vigente demandar, sempre tratando dos interesses públicos e se policiando para não deixar os interesses particulares superarem a dianteira de suas decisões. 2.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE O princípio da publicidade, segundo Di Pietro (2017, p.110) “[...] exige a ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas em lei.” Reforçando essa linha de pensamento com o exposto por Olivo, como segue: [...] todas as pessoas têm direito de saber o que a administração faz, por isso os seus atos são públicos e devem ser publicados nos órgãos oficiais de divulgação para que tenham validade. A divulgação, por exemplo, dos atos oficiais não deve servir para a promoção pessoal das autoridades públicas. (OLIVO, 2015, p. 24) Além disso, Paludo (2013, p. 39) diz que “Esse princípio consagra o dever administrativo de manter a transparência em seus comportamentos. A finalidade da publicação é dar conhecimento dos atos/ações ao público em geral [..]”. Portanto, através do princípio da publicidade, todo cidadão deve ter condições de ciência das açõesrealizadas pelos agentes públicos, sendo seus atos amplamente divulgados de maneira a levar ao conhecimento publico as decisões realizadas pela administração pública. Verificando-se também que esta divulgação não deve ser utilizada como marketing pessoal, ou partidário, mas sim para conhecimento do desenvolver da gestão pública. 2.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA O princípio da eficiência é apresentado pelo doutrinador Di Pietro, como segue: O princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público. (DI PIETRO, 2017, p.119) Apesar de sua importância este princípio foi introduzido na legislação somente posteriormente, como observa Olivo e logo em seguida exemplifica: Ele foi introduzido em 1998, quando da chamada Reforma do Estado, que incorporou noções adotadas na iniciativa privada, como eficiência, eficácia, resultados, controle, avaliação e cumprimento de metas. Exemplo de eficiência oferece o prefeito que cria, em sua estrutura administrativa, o quadro de auditores internos. (OLIVO, 2015, p. 24) Além disso, Moraes evidencia a relevância do princípio da eficiência da seguinte maneira: [...] é aquele que impõe à Administração Pública direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitar-se desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade social. Note-se que não se trata da consagração da tecnocracia, muito pelo contrário, o princípio da eficiência dirige- se para a razão e fim maior do Estado, a prestação dos serviços sociais essenciais à população, visando a adoção de todos os meios legais e morais possíveis para satisfação do bem comum. (MORAES, 2016, p. 554) Portanto, o princípio da eficiência enfatiza a necessidade da utilização dos recursos públicos da melhor maneira possível, a fim de otimizar a satisfação do bem comum, obter o melhor resultado possível e fazer acontecer as ações necessárias, nos setores que realmente necessitam da atenção dos governantes, isto tudo realizado em conformidade com os meios legais e morais. 3 CONCLUSÃO Verificando-se o estudo realizado, concluímos que os princípios constitucionais administrativos se completam entre si, apesar da particularidade que cada um deles apresentam. Através do princípio da legalidade, temos a imposição que o administrador público deve realizar seus atos, baseado na legislação, de maneira a realizar seus atos independentemente a quem irá se beneficiar, conforme o princípio da impessoalidade, utilizando discernimento para tomar as decisões corretas conforme as necessidades públicas, observando sempre o princípio da moralidade, além de fazer com que os recursos públicos sejam otimizados da melhor maneira possível e dentro dos parâmetros da legislação, fazendo valer o principio da eficiência, assim como, divulgar amplamente seus atos, para que a população saiba onde esta sendo direcionado os recursos públicos, objetivando uma maior transparência da administração publica, porém sem haver a promoção pessoal. Enfim, conclui-se que a aplicabilidade dos princípios é fundamental para uma administração publica de excelência, realizada para todas as classes sociais e introduzindo os projetos necessários as melhorias publicas, de maneira eficiente e transparente, sem desperdícios e sumidouros de recursos financeiros, beneficiando a população como um todo e não apenas uma minoria que tem posse de grande parte dos recursos financeiros. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm#art37>, acesso em: 25 jun. 2018. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30 ed. Rev., atual. e ampl. Ri o de Janeiro: Forense, 2017. MORAES, Alexandre. Direito constitucional. 32. ed. rev. e atual. até a EC nº 91, de 18 de fevereiro de 2016. São Paulo: Atlas, 2016. OLIVO, Luis Carlos Cancelier. Direito administrativo. 3. ed. rev. atual. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração/ UFSC; [Brasília]: CAPES : UAB, 2015. PALUDO, Augustinho. Administração Pública. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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