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• Severas penalidades e sanções – Foram criadas penalidades e sanções responsabilizando os executivos da empresa; • Relatórios financeiros – O grau de abertura de informações foi aumentado de forma a propiciar aos investidores uma maior compreensão da situação econômico-financeira da empresa; • Código de Ética; • Fortalecimento de analistas do mercado. Vale destacar que a Lei Sabanes Oxley não se restringe a empresas norte- americanas. A legislação determina que as empresas que não são norte-americanas, mas que possuem cotação secundária em uma Bolsa de Valores norte-americana, devem também seguir as novas leis, assim como seus auditores. 10.2. Lei Sarbanes Oxley no Brasil No Brasil, a Lei Sarbanes Oxley vai impactar em: • Emissores de títulos negociados nas bolsas americanas NYSE e NASDAQ; • Subsidiárias brasileiras de empresas norte-americanas com títulos nas bolsas supracitadas; • Instituições detentoras de ADRs. Atualmente, existem muitas empresas brasileiras com registro na SEC, com suas ações cotadas em bolsa norte-americana, e várias outras planejam o registro para os próximos anos, o que implica na implementação de práticas adequadas de Governança Corporativa, tais como: • Responsabilidade do presidente (CEO) e do diretor-financeiro (CFO) na “certificação” das demonstrações financeiras; • Transferência para um comitê de auditoria, composto de membros não executivos do Conselho da Administração, de muitos poderes e responsabilidades que eram anteriormente dos diretores-executivos; • Maior transparência na divulgação das informações financeiras e dos atos da administração. Quanto às empresas brasileiras subsidiárias de empresas com registro na SEC sendo parte do sistema de controle interno da matriz, é provável que a matriz exija da administração local também uma certificação quanto aos assuntos que compõem o certificado dos executivos da matriz (CEO e CFO). No tocante às empresas de auditoria operando no Brasil que desejarem ter seu parecer de auditoria aceito pela SEC, deverão se cadastrar no PCAOB e aceitar a revisão dos seus trabalhos e as regras de independência estabelecidas por esse Conselho. 10.3. A “certificação” das demonstrações financeiras O presidente e o diretor financeiro, em observância às seções 302 e 404 do ato, terão que fornecer, por escrito, certificados sobre os relatórios que contêm demonstrações financeiras, afirmando que se submetem às sanções criminais em caso de afirmações conhecidamente falsas. 10.4. Lei Sarbanes Oxley x Legislação Brasileira Os deveres dos administradores na lei societária são: • Escrituração de acordo com os princípios contábeis e normas da CVM (§ 3º e caput do art. 177); • A demonstração financeira será assinada por todos os administradores e pelo contador (§ 4º do art. 177); • Informar sobre qualquer deliberação. Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações no código penal: • Reclusão (de um a quatro anos) e multa para o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo (Inciso I do § 1º do art. 177 do Código Penal); • A responsabilidade primária pela prestação de serviços e informações é do Diretor de Relações com Investidores. Responsabilidade individual X solidária: Só os diretores responsáveis estatutariamente pela atribuição específica de dar cumprimento aos deveres impostos por lei para o funcionamento regular respondem, na companhia aberta, pelos prejuízos que causarem com culpa ou dolo, e os demais, caso tenham conhecimento, não comuniquem o fato à assembleia geral (§§ 2º,3°e 4° do art. 158). O administrador que deixar de enviar à CVM e bolsa de valores as informações periódicas e eventuais; colocar essas informações à disposição do público; e atualizar essas informações, incorre em infração de natureza objetiva em que será adotado o rito sumário de processo administrativo (art. 1º da Instrução CVM nº 238). 11. Mercado internacional – Certificados ou recibos de depósitos Os Certificados de Depósitos, ou DRs, como são conhecidos, são recibos que representam uma quantidade de ações predeterminada, emitidos fora do país onde a empresa tem suas ações registradas e negociadas. Toda vez que um DR é emitido, a quantidade representativa desse DR em ações é bloqueada na custódia do país onde as ações são negociadas, evitando dupla negociação. Uma vez representando ações, um DR dá ao seu titular os mesmos direitos de um acionista, como recebimento de dividendos, por exemplo. Existem vários tipos de DRs, dentre os quais podemos citar: • Brazilian Depositary Receipt; • American Depositary Receipt; • Global Depositary Receipt; • European Depositary Receipt. American Depositary Receipt (ADR) – Certificado de propriedade (recibo) emitido por um banco americano que representa a propriedade indireta de um certo número de ações de uma empresa estrangeira específica que são mantidas em depósito (custódia) no país de origem da empresa. Em outras palavras, cada vez que são emitidas novas ADRs em Nova York, um número correspondente de ações fica bloqueado no Brasil, evitando com isso a negociação da mesma ação duas vezes. Global Depositary Receipt (GDR) – A diferença de um ADR para um GDR é que o ADR permite apenas a negociação do recibo lastreado por ações nos Estados Unidos e o GDR em muitos mercados ao redor do mundo. Tem, portanto, uma maior abrangência. É muito utilizado nos mercados asiáticos. European Depositary Receipt (EDR) - Recibo de empresa estrangeira que representa uma quantidade determinada de ações, emitido no mercado europeu por empresa estrangeira. Brazilian Depositary Receipt (BDR) - Recibo de empresa estrangeira que representa uma quantidade determinada de ações, emitido no Brasil por uma empresa estrangeira. Os benefícios advindos da utilização desses programas podem ser resumidos em: 1. Simplificação dos negócios entre investidores de diferentes países; 2. Maior rapidez no pagamento de dividendos, em vista de não estarem sujeitos à regulação dos fluxos de recursos pelos bancos centrais; 3. Redução de risco e dos custos; 4. Eliminação das barreiras para novos investidores; 5. Arbitragem entre mercados. Os programas de DR podem ser divididos em três níveis: I, II e III. O nível I é o mais simples, permitindo que as companhias tenham acesso ao mercado americano e não americano. Os recibos podem ser negociados no mercado de balcão americano e em outras bolsas do resto do mundo. No nível II, os recibos podem ser negociados nas bolsas dos EUA. Somente no nível III, as empresas passam a ter condições para captar recursos, sendo que os recibos podem ser negociados tanto em bolsa de âmbito nacional como na Nasdaq. As exigências de informações e, consequentemente, os custos sobem a cada nível, sendo menores no primeiro nível que no segundo e terceiro, respectivamente. Nível I: • Não precisa atender normas contábeis americanas; • Envolve maiores riscos devido à carência de informações; • Negociadas no mercado de balcão (fora do mercado autorizado); • Não é lançamento de novas ações; • Ações adquiridas no mercado secundário; • Tem o objetivo simples de colocar ações no mercado norte-americano, preparando o terreno para futuros lançamentos primários. Nível II: • Deve atender a normas contábeis americanas; • Não é lançamento de novas ações; • Exige envolvimento direto da empresa para atender asexigências