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Política Cambial e Comercial

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Prévia do material em texto

Contabilidade Social
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Andressa Guimarães Rego
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Setor Externo
• Introdução
• Política comercial
• Argumentos a favor do protecionismo
• Política cambial
• Taxa de câmbio nominal
• Taxa de câmbio real
• Regimes cambiais
• Paridade do poder de compra (PPC)
• Balanço de pagamentos
• Necessidade de financiamento externo
 · Compreender a política comercial e as formas de protecionismo, e 
a política cambial discutindo o que é a taxa de câmbio e como esta 
afeta a economia e a estrutura do balanço de pagamentos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, falaremos sobre as políticas comercial e cambial.
Leia o conteúdo disponibilizado e o material complementar, o qual o(a) 
ajudará a entender com maior propriedade as principais implicações da 
política cambial e comercial para a economia brasileira.
Não deixe de registrar as suas dúvidas e encaminhá-las ao professor-tutor.
Bom estudo!
ORIENTAÇÕES
Setor Externo
UNIDADE Setor Externo
Contextualização
Leia a matéria:
“Câmbio depreciado milita favoravelmente para balanço de pagamentos, diz Tombini”: 
Disponível em: https://goo.gl/61jJCSEx
pl
or
Nesta aula veremos os fatores associados ao setor externo da economia, como 
o BP e a taxa de câmbio.
6
7
Introdução
As políticas cambial e comercial são as políticas que atuam sobre as variáveis 
relacionadas ao setor externo da economia.
A política comercial são os instrumentos relacionados ao setor externo, exceto a 
taxa de câmbio. São os acordos comerciais, as barreiras ou restrições ao comércio, 
etc. A política cambial é o instrumento de política econômica que define a taxa de 
câmbio e sua forma de administração.
Política comercial
A existência do comércio internacional está intrinsecamente associada às 
diferenças nos custos de produção e na disponibilidade dos recursos. Os principais 
argumentos a favor do livre comércio, segundo ICONE (2016), são
o aumento da quantidade e da variedade de bens disponíveis para 
consumo; a possibilidade de o país exportar os produtos nos quais é 
mais eficiente que seus parceiros comerciais; a redução dos custos para 
a aquisição de insumos produtivos não disponíveis ou de alto custo no 
país, o que permite à indústria instalada ganhar em produtividade e 
tornar-se mais competitiva; os ganhos de competitividade e a geração de 
empregos nos setores domésticos capacitados a competir nos mercados 
mundiais; a livre alocação dos insumos entre as indústrias; a identificação 
dos setores e insumos mais competitivos; a eliminação da distorção em 
preços relativos; o maior acesso a linhas externas de investimento; e a 
correção de eventual viés antiexportação que tenha se consolidado na 
estrutura da economia.
No entanto, sabemos que existem dificuldades que se apresentam para o 
comércio entre os países. Existem barreiras que buscam, dentre outros aspectos, a 
proteção aos meios de produção domésticos. A argumentação básica é que existem 
falhas no mercado que justifiquem a intervenção pública.
A forma usual de barreira ao comércio internacional é a tarifa que é utilizada para 
proteger o produtor doméstico da concorrência internacional. Uma das consequências 
é o aumento do preço do produto protegido no mercado do país importador.
As barreiras não tarifárias correspondem a restrições impostas pelo 
funcionamento normal da burocracia e nem sempre visam a reduzir a importação. 
O termo barreiras não tarifárias tem sido empregado para designar restrições 
relacionadas a regulamentos sanitários e de saúde, normas técnicas, padrões de 
segurança, dificuldades relativas à documentação, etc.
7
UNIDADE Setor Externo
Dentre os principais argumentos a favor do protecionismo, temos: proteção à 
indústria nascente, redução do desemprego, estímulo à substituição de importações, 
redução do diferencial de salário, impedimento ao comércio desleal, promoção da 
segurança nacional, melhoria no balanço de pagamentos e o favorecimento de 
barganhas internacionais. A seguir será comentado cada um dos argumentos.
Argumentos a favor do protecionismo
O termo “indústria nascente” refere-se à etapa de desenvolvimento em que a 
indústria ainda não alcançou nível de produção que permita beneficiar economias 
de escala. Se tiver de concorrer com firmas estrangeiras já estabelecidas, não tem 
chance de sobrevivência. A ideia que pauta a proteção de indústrias nascentes é 
garantir certa reserva de mercado, temporária, a fim de permitir que a indústria 
possa expandir-se gradualmente, livre da concorrência de empresas maduras, cujos 
custos unitários de produção são menores. Uma vez atingido o tamanho ótimo, a 
proteção deve ser retirada, para que a indústria passe a competir com as demais 
em igualdade de condições.
Quando se importa, há aumento da demanda no exterior, e quando se protege 
a economia, as importações caem e as exportações tendem a aumentar. A criação 
de empregos ocorre internamente, isto é, geram-se empregos aqui.
O terceiro argumento de estímulo à substituição de importações parte da 
constatação de que os países menos desenvolvidos são tradicionais exportadores 
de produtos primários e importadores de industrializados. Tendiam a ser 
permanentemente prejudicados no comércio internacional porque as relações 
(termos) de troca lhes eram desfavoráveis.
Importante!
Termo de troca
O termo de troca é calculado pela razão entre o índice de preço das exportações e o 
índice de preço das importações. Se os preços das exportações sobem mais rapidamente 
que as importações, diz-se que há aumento ou melhora nas relações de troca. Do 
contrário, se os preços dos importados crescem mais do que o preço das exportações, há 
uma queda ou piora nos termos de troca. Essa piora nos termos de troca reduz o poder 
de compra do país, pois o preço dos bens que são exportados não cresce tanto quando o 
dos importados e, portanto, a mesma quantidade de bens exportados vale menos, isto 
é, compra menos importados.
Abaixo, o gráfico traz a evolução do índice de termos de troca de janeiro de 2000 a março 
de 2016. Entre 2003 e 2011 houve um aumento no preço dos produtos exportados, que 
se reflete na elevação dos termos de troca, atingindo o pico em agosto de 2011. A partir 
daí, os preços das exportações se reduziram gradativamente, como pode ser observado 
no gráfico.
Importante!
8
9
Figura 1
Fonte: Elaborado pelo Conteudista, a partir de dados mensais do Ìndice de termos de troca.
Esta matéria traz uma avaliação recente dos termos de troca: https://goo.gl/fDAu6m
Ex
pl
or
Exportando produtos primários, os países da América Latina perdiam capacidade 
de importar bens industrializados, essenciais ao desenvolvimento. Para superar 
esse estrangulamento, o Estado deveria promover o desenvolvimento da indústria, 
capaz de substituir as importações.
“A hipótese de Prebisch (1950) e Singer (1950) teve uma grande influência 
e foi muito popular no debate sobre a industrialização no Brasil. O país 
adotou durante grande parte do século XX uma estratégia de industrialização 
por substituição de importações e um modelo de desenvolvimento cuja 
integração do país aos fluxos de comércio internacional via vantagens 
comparativas não era vista como prioridade. Após a estagnação 
econômica dos anos oitenta e do processo de redemocratização, o país 
passou por um processo de abertura econômica e financeira tendo o 
modelo anterior de desenvolvimento sido progressivamente abandonado 
em favor de estratégias mais pró-mercado”. (MARÇAL, 2006, p. 308)
O artigo de Marçal testa a validade da deterioração dos termos de troca da economia 
brasileira utilizando dados de 1850 a 2001. (MARÇAL, Emerson Fernandes. Há realmente 
uma tendência a deterioraçãodos termos de troca? Uma análise dos dados brasileiros. 
Revista Economia, Brasília (DF), v. 7, n. 2, p. 307-329, maio - agosto 2006.
Disponível em: https://goo.gl/x33QKD
Ex
pl
or
O quarto argumento de redução do diferencial de salários se justifica pela maior 
eficiência na produção quando a remuneração dos fatores de produção é igual 
em todos os setores. Em uma economia caracterizada pela coexistência de uma 
agricultura de subsistência e um setor industrial, isso não ocorre. Os salários são 
mais elevados na indústria, então o argumento seria transferir mão-de-obra do 
meio rural para o urbano. Isso justificaria a adoção de política protecionista a favor 
da indústria, o que aumentaria o bem-estar.
9
UNIDADE Setor Externo
Ocorre impedimento ao comércio desleal quando há a prática de dumping. 
O dumping ocorre quando compradores estrangeiros pagam preço menor que o 
cobrado no mercado doméstico pelo mesmo produto.
Dumping: “[...] A diferenciação de preços já é por si só considerada como prática desleal de 
comércio” (MDIC, 2016).
Os tipos mais comuns de dumping são: dumping predatório, dumping esporádico, dumping 
persistente e dumping social.
O dumping predatório ocorre quando o produtor reduz o preço do produto vendido no 
exterior, com a intenção de expulsar os concorrentes do mercado. Após a eliminação da 
concorrência, passa a utilizar o poder de monopólio, recém-adquirido, para reintroduzir os 
preços mais elevados e explorar o mercado. Essa é considerada a pior forma de dumping, 
até porque os eventuais rivais podem ser desencorajados a entrar no mercado, com receio 
de repetição da baixa dos preços por parte da empresa monopolista.
A prática do dumping esporádico ocorre em situação de eventual excesso de oferta. O 
excedente da produção é desovado no exterior por preço menor que o praticado no mercado 
interno. Esse tipo de prática pode decorrer de erro de planejamento das firmas produtoras 
ou de alteração nas condições de demanda, mas, como é um evento passageiro, os governos 
dos países importadores são relutantes em tomar qualquer atitude para neutralizar 
seus efeitos. O dumping esporádico resulta do esforço das empresas monopolistas para 
maximizar lucros.
Para entender o dumping persistente, suponha que um produtor seja beneficiado por certa 
reserva de mercado em razão dos custos de transporte ou por restrições à importação, 
impostas pelo governo local e que no mercado externo esse produtor enfrenta a concorrência 
dos produtores locais ou de terceiros. Isso significa que a elasticidade-preço da demanda 
por seu produto é menor no mercado interno que no externo. Assim, para maximizar seu 
retorno líquido, o produtor é induzido a praticar discriminação de preços, cobrando mais 
no mercado interno, em que falta competição, e menos no exterior, em que precisa ser 
competitivo. Esse tipo de prática não causa dano à indústria dos importadores porque o país 
exporta a preço competitivo no mercado internacional.
No dumping social a ideia básica é que um país de altos salários perde competitividade 
em relação a outro em que os salários são ínfimos, porque os baixos custos e preços dos 
produtos exportados causariam injúria à sua indústria.
Ex
pl
or
O sexto argumento a favor do protecionismo, de proteção para a promoção 
da segurança nacional, diz que a proteção de determinada indústria é considerada 
essencial para a defesa do país se a exposição à concorrência internacional 
inviabilizar seu desenvolvimento normal. São consideradas estratégicas a indústria 
bélica, a produção de energia e a agricultura.
Quanto à melhoria no balanço de pagamentos, a imposição de restrições ao 
comércio internacional através de barreiras e/ou subsídios às exportações podem ter 
como objetivo reduzir os problemas relacionados ao balanço de pagamentos. Admitem-
se certas restrições comerciais para enfrentar desequilíbrios em processos transitórios.
10
11
O Balanço de pagamentos será explicado com mais detalhes abaixo. Por ora, fi camos com o 
entendimento de que o BP é o registro das transações econômicas entre os países. Entendo 
as transações basicamente pelas exportações e importações; toda vez que importamos 
recebemos mercadorias e enviamos o equivalente em dinheiro (divisas/ dólar) e ao contrário na 
exportação, em que enviamos a mercadoria e recebemos o equivalente em dinheiro. Portanto, 
registrando as transações econômicas no BP temos a entrega versus a saída de divisas.
Ex
pl
or
O último argumento a favor do protecionismo se refere ao favorecimento 
de barganhas internacionais, que ocorre quando um país que já adote algum 
tipo de proteção pode usá-lo para obter vantagens na negociação com outros 
países. A adoção de medidas protecionistas acaba sendo vital para a abertura 
de mercados estrangeiros.
Política cambial
“A política cambial diz respeito às decisões do governo sobre a 
determinação da taxa de câmbio. A política cambial, no caso brasileiro, é 
executada pelo Banco Central do Brasil” (BACHA, 2004, p. 165).
Taxa de câmbio nominal
A taxa de câmbio nominal é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de 
moeda estrangeira. A taxa de câmbio nominal afeta a competitividade de um país 
ao afetar seus termos de troca.
Esse é o conceito britânico de taxa de câmbio que é adotado por muitos países e pelo Brasil. 
Pelo conceito norte-americano, a taxa de câmbio é o preço de uma unidade da moeda 
nacional em termos de uma unidade da moeda estrangeira.
Ex
pl
or
Assim, indica o preço em reais (R$) de um dólar (US$): R$ 3,40 / US$ 1,00.
Nessa taxa de câmbio, são necessários R$ 3,40 para comprar um dólar. Quando 
a taxa de câmbio aumenta, dizemos que há uma desvalorização cambial. Quando 
a taxa de câmbio aumenta, precisamos de mais reais para comprar um dólar e, 
portanto, a moeda nacional está mais fraca. Do contrário, quando a taxa de câmbio 
diminui, dizemos que há uma valorização cambial. São necessários menos reais 
para comprar um dólar e, portanto, a moeda nacional está mais forte.
A desvalorização cambial incentiva as exportações e desestimula as importações. 
Já a valorização da taxa de câmbio desestimula as exportações e aumenta as 
importações. A variação da taxa de câmbio afeta diversas variáveis, sobretudo as 
relacionadas ao comércio exterior, mas também afeta o mercado interno.
11
UNIDADE Setor Externo
Uma desvalorização da taxa de câmbio aumenta a competitividade, podendo 
aumentar as exportações, a produção e o emprego, mas pode levar a aumentos de 
preços, provocando inflação.
Taxa de câmbio real
A taxa de câmbio real (E) expressa o preço relativo de bens ou serviços entre 
dois países. Ou seja, a taxa pela qual alguém pode trocar bens ou serviços de um 
país por bens e serviços de outro país.
E e
P
P
=
∗
.
Onde:
e: taxa de câmbio nominal.
P*: índice de preços do país estrangeiro.
P: índice de preços do mercado nacional.
Pelo conceito da taxa de câmbio real, “a inflação interna tende a encarecer 
os produtos exportados e tornar mais baratos os produtos importados. Já a 
inflação externa tende a encarecer os produtos que importamos e estimular nossas 
exportações” (PAULINI; BRAGA, 2007, p. 153).
Supondo a taxa de câmbio nominal constante, caso os preços nacionais 
aumentem em proporção maior que os dos Estados Unidos, a taxa de câmbio real 
diminui. A queda (valorização) da taxa de câmbio real mostra que está mais barato 
importar dos EUA do que comprar no Brasil. Do contrário, se os preços dos EUA 
subirem em proporção maior do que os preços brasileiros, teremos um aumento 
da taxa de câmbio real (desvalorização) e, portanto, a importação ficaria mais cara.
As oscilações da taxa de câmbio nominal também afetam a taxa de câmbio real. 
Supondo que a razão entre os preços do país externo e do mercado nacional se 
mantenha, uma desvalorização no câmbio nominal étambém uma desvalorização 
no câmbio real, o que significa um ganho nos termos de troca. Já uma valorização 
do câmbio nominal é também uma valorização do câmbio real, o que acarreta uma 
perda nos termos de troca de um país.
No Brasil, os dados da taxa de câmbio real são divulgados como taxa de câmbio 
real bilateral com os principais parceiros comerciais. Como exemplo, segue no 
mesmo gráfico com a taxa de câmbio nominal (eixo primário) e o índice da taxa 
de câmbio real bilateral Brasil/ EUA (eixo secundário) divulgado pelo Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), considerando 2010 como base.
Através do gráfico, vemos que os movimentos da taxa de câmbio nominal e 
real são bem parecidos. Conforme comentado acima, quando a taxa de câmbio 
nominal aumenta (desvalorização), a taxa de câmbio real também aumenta.
12
13
Porém, observamos que de junho de 1994 ao final de 2002 a distância entre 
as curvas da taxa de câmbio real e a nominal diminuiu e, a partir daí, a taxa de 
câmbio nominal supera o índice da taxa de câmbio real e a diferença entre elas está 
aumentando, principalmente a partir de 2012. Um crescimento da taxa de câmbio 
nominal acima da taxa de câmbio real indica que os preços nacionais subiram mais 
do que os preços norte-americanos.
Figura 2
Fonte: Elaborado pelo Conteudista, a partir de dados do BACEN (Boletim/BP) e do IPEA. 
Regimes cambiais
A determinação da taxa de câmbio reflete vários determinantes, sendo um dos 
principais o regime cambial adotado pelo país. O regime cambial é a regra que 
a autoridade monetária de um país adota para determinar a taxa de câmbio. Há 
basicamente dois tipos de regimes: câmbio fixo ou câmbio flutuante.
No regime de câmbio fixo, o Banco Central fixa o preço a moeda estrangeira em 
moeda nacional, garantindo-lhe a conversibilidade. Assim, a autoridade monetária 
deve estar disposta a intervir passivamente no mercado de câmbio, vendendo ou 
comprando divisas à paridade oficial. Para desempenhar tal papel, deve-se possuir 
um estoque suficiente de reservas em moeda estrangeira.
Em geral, a taxa de câmbio de um país é fixa em uma moeda estrangeira forte, 
que pode ser considerada uma âncora. Portanto, adotar o regime de taxas fixas 
significa ancorar o valor de uma moeda a outra, ou em uma cesta de moedas.
No regime de câmbio flutuante, as formas de intervenção do governo no mercado 
cambial seguem as regras do mercado. O governo compra e vende divisas como se 
fosse um agente qualquer, dependendo do efeito sobre o mercado de câmbio e na 
balança comercial. O risco desse regime consiste em uma maior variância cambial, 
o que acarreta diversos problemas.
13
UNIDADE Setor Externo
O quadro abaixo traz, além das características de cada um, as vantagens e 
desvantagens associadas a cada regime de câmbio, fixo ou flutuante.
Tabela 1: Regimes cambiais
CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLUTUANTE
CARACTERÍSTICAS Banco Central fixa a taxa de 
câmbio.
Banco Central é obrigado 
a disponibilizar reservas 
cambiais.
O mercado determina a taxa 
de câmbio.
Banco Central não é obrigado 
a disponibilizar as reservas 
cambiais.
VANTAGENS Maior controle da inflação 
(custo das importações).
Política monetária mais 
independente do câmbio.
Reservas cambiais mais 
protegidas de ataques 
especulativos.
DESVANTAGENS Reservas cambiais 
vulneráveis a ataques 
especulativos. 
A política monetária (taxa 
de juros) fica dependente do 
volume de reservas cambiais.
A taxa de câmbio fica muito 
dependente da volatilidade 
do mercado financeiro 
nacional e internacional.
Maior dificuldade de controle 
das pressões inflacionárias 
devido às desvalorizações 
cambiais.
Fonte: VASCONCELLOS (2002, p. 359)
O Banco Central permite que o preço da moeda estrangeira oscile, podendo 
assumir as formas: flutuação limpa, flutuação suja ou bandas cambiais.
Na flutuação limpa, não há nenhuma interferência do governo. Raramente 
ocorre, pois há uma estreita correlação entre o mercado de câmbio e a política 
monetária. Nesse caso, o governo perderia a possibilidade de utilizá-lo como 
instrumento de política monetária.
Na chamada “flutuação suja”, o Banco Central faz intervenções no mercado 
cambial quando o preço da moeda estrangeira se afasta daquele que a autoridade 
julgue conveniente, considerando os efeitos no mercado.
Nas bandas cambiais, é fixado um intervalo de flutuação da taxa de câmbio, 
com um limite inferior e superior, dentro do qual as taxas de câmbio podem flutuar 
livremente. Porém, caso seja ultrapassada a banda cambial, o governo promoverá 
a compra ou venda de moeda estrangeira, visando a restabelecer o equilíbrio.
No gráfico abaixo, temos a média mensal da taxa de câmbio comercial R$ por 
dólares no período de junho de 1994, no Plano Real, a abril de 2016.
14
15
Figura 3
Fonte: Elaborado pelo Conteudista, a partir de dados do BACEN (Boletim/BP).
Observamos que em junho de 1994, nascimento do Plano Real, temos a adoção do 
câmbio fixo ou âncora cambial estabelecendo a taxa de câmbio R$/dólar em R$ 1,00. 
O regime foi imediatamente seguido por uma política de minidesvalorizações da taxa 
de câmbio com a adoção de bandas cambiais e, a partir de janeiro de 1999, quando 
a autoridade monetária não conseguiu mais sustentar a taxa de câmbio, o regime 
cambial passou a ser o de câmbio flutuante. O regime de câmbio flutuante vigora 
desde janeiro de 1999, com as variações na taxa de câmbio refletindo as condições 
econômicas internas e externas ao longo do período, como a incerteza política com a 
disputa presidencial em 2002 e a crise econômica a partir de meados de 2007.
Paridade do poder de compra (PPC)
Para intervir no mercado de divisas, o governo precisa ter clara qual deve ser 
a taxa de câmbio mais adequada à sua política econômica. Um dos critérios mais 
utilizado é o da paridade do poder de compra. Esse é um conceito baseado na lei do 
preço único, que diz que em um mercado integrado, qualquer mercadoria tem um 
só preço, ou seja, na ausência de barreiras ao fluxo de informações e mercadorias, 
não é possível que um mesmo bem seja vendido a preços diferentes.
A principal implicação seria a de que o câmbio nominal deveria refletir o nível 
de preços nos dois países e que tal taxa passaria a variar à medida que os preços 
em um desses países variassem.
Porém, tal teoria possui limitações. A primeira delas é que supõe que não existem 
barreiras alfandegárias ou custos de transportes que seriam de alta relevância para 
atrapalhar a arbitragem. A teoria também assume que todos os bens e serviços são 
comercializáveis e sabemos que alguns bens não são e principalmente serviços. 
Além disso, assume que tais bens seriam substitutos perfeitos.
15
UNIDADE Setor Externo
A teoria da paridade do poder de compra nos diz que todos os preços de um 
dado produto em qualquer que fosse o país deveriam ser iguais, ou seja, que a taxa 
real de câmbio deveria ser sempre igual a 1. Pode ser também chamada de lei do 
preço único; se os preços no exterior e domésticos são iguais, então:
e .P P* =
e
P
P
=
*
Onde:
P = preço doméstico
e = taxa de câmbio nominal
P* = preço externo
Baseada na lei do preço único, em 1986, a revista The Economist lançou o índice Big Mac, 
buscando testar a paridade do poder de compra, que diz que a longo prazo as taxas de 
câmbio devem se mover em direção à taxa, que seria equalizar os preços de uma cesta 
idêntica de bens e serviços (nesse caso, um hambúrguer) em quaisquer dos dois países. Por 
exemplo, o preço médio de um Big Mac nos Estados Unidos em janeiro 2016 foi de US $ 4,93; 
no Brasil, foi de US $ 3,35 em taxas de câmbio de mercado. O índice Big Mac diz que o real 
estaria desvalorizado em aproximadamente 32%. Se vigorasse a lei do preço único, a taxa 
de câmbio de equilíbrio de longo prazo seria de 2,74. Ver: https://goo.gl/lOEPZYEx
pl
or
Balanço de pagamentos
O Balanço de Pagamentos representa o resumo contábil das transações 
econômicas de um país com o resto do mundo. Refere-se às transações externas 
realizadas no período de um ano e mostra o valor dessas transações em moeda de 
curso internacional (dólares norte-americanos).
As trocas econômicas que constam do balanço de pagamentos envolvem bens, 
serviços, rendas, doações, direitos e obrigações. Regra geral, elas são registradas 
pelo valor de mercado, acordado entre as partes, à taxa de câmbio vigente na data 
da transação.
A partir de abril de 2015, houve algumas mudanças metodológicas nas estatísticas 
do Balanço de Pagamentos, seguindo as orientações do Manual de Balanço de 
Pagamentos e Posição Internacional de Investimento (BPM6), do Fundo Monetário 
Internacional (FMI).
BACEN (2014) traz as principais mudanças da nova metodologia.
16
17
O BPM6 define o BP como a estatística macroeconômica que sumariza 
transações entre residentes e não residentes ao longo de um período. 
Compreende a conta de bens e serviços, conta de renda primária, conta 
de renda secundária, conta de capital e conta financeira” (BACEN, 
2014, p. 3)
Estrutura do balanço de pagamentos (bpm6)
Transações correntes
Balança comercial
Exportações
Importações
Serviços
Renda primária
Salários e ordenados
Renda de investimento direto
Renda de investimento em carteira
Renda de outros investimentos
Renda de reservas
Renda secundária
Conta capital
Conta Financeira
 Investimentos diretos no exterior
 Investimentos diretos no país
 Investimentos em carteira – ativos
 Investimentos em carteira – passivos
 Derivativos – Ativos
 Derivativos – Passivos
 Outros investimentos – Ativos
 Outros investimentos – Passivos
 Ativos de reserva
Erros e omissões
Na balança comercial, são registradas as exportações e importações FOB 
(free on board), isto é, sem os valores de fretes e seguros que são registrados 
como serviços.
Figura 4
17
UNIDADE Setor Externo
Nas contas de serviços e renda primária, são registrados os pagamentos e 
recebimentos referentes à renda de pessoas ou empresas e serviços técnicos ou 
financeiros, transporte, viagens, etc. Como serviços, temos as viagens internacionais, 
transportes, fretes, seguros e outros. Já as rendas são as remunerações de fatores 
de produção remetidos ao exterior ou recebidos do exterior.
Na conta renda secundária, estão os pagamentos unilaterais (remessas de 
empregados migrantes para suas famílias, doações privadas e doações de um 
governo para outro), que na metodologia anterior eram chamadas de transferências 
unilaterais; representam a renda gerada em uma economia e distribuída para outra.
“Na conta de capital figuram as transações envolvendo compra e venda 
de ativos não financeiros não produzidos, e transferências de capital. A 
conta financeira permanece mostrando as aquisições de ativos e passivos, 
identificados nas categorias de investimento direto, investimento em 
carteira (ações e títulos) e outros investimentos (depósitos, empréstimos, 
créditos comerciais e outros ativos e passivos)” (BACEN, 2014)
A soma dos resultados das Transações Correntes e da Conta Capital e Conta 
Financeira (somando-se erros e omissões) fornece o resultado do Balanço 
de Pagamentos.
Mostra a variação no nível das reservas internacionais. Um resultado superavi-
tário eleva o nível das reservas internacionais do país; caso contrário, o diminui.
Necessidade de financiamento externo
Representa a diferença entre o saldo em conta corrente e os investimentos 
estrangeiros diretos líquidos. Corresponde à parcela do déficit de transações 
correntes não financiado pela entrada líquida de investimentos diretos. Um 
resultado positivo demonstra entrada de divisas sob a forma de empréstimos 
e financiamentos; quando o ingresso é suficiente por cobrir o déficit em conta 
corrente, as necessidades são negativas.
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Dumping
MDIC. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Dumping. 
Brasília, 2016.
https://goo.gl/P6YjNH
 Livros
Estatísticas do setor externo
BACEN. (2014) Estatísticas do setor externo – adoção da 6ª edição do Manual de 
Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento (BPM6). Brasília, 2014.
Macroeconomia aplicada à análise da economia brasileira
BACHA, Carlos José Caetano. Macroeconomia aplicada à análise da economia 
brasileira. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
 Leitura
Revista Economia
MARÇAL, E. F. Há realmente uma tendência a deterioração dos termos de troca? 
Uma análise dos dados brasileiros. Revista Economia, volume 7, número 2, maio - 
agosto, 2006, p. 307 a 329. 
https://goo.gl/WA4Qzz
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UNIDADE Setor Externo
Referências
BACEN. (2014) Estatísticas do setor externo – adoção da 6ª edição do Manual 
de Balanço de Pagamentos e Posição Internacional de Investimento (BPM6). 
Brasília, 2014.
ICONE. Instituto de estudos do comércio e negociações internacionais. (2016) 
Disponível em: <http://www.iconebrasil.com.br/biblioteca/perguntas-e-resposta/
politicas-e-negociacoes-comerciais>. Acesso em: 25 mai. 2016.
MANKIW, N. G. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. 
2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 5. ed. Rio de Janeiro: Ltc - Livros Técnicos e 
Científicos, 2004.
PAULINI, L. M. BRAGA, M. B. A nova contabilidade social: uma introdução à 
macroeconomia. São Paulo: Saraiva, 2007.
PINHO, D. B. Contabilidade social: uma introdução à macroeconomia. 2. ed. 
São Paulo: Atlas, 1994.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia micro e macro - teoria e exercícios. 3 
ed. São Paulo: Atlas, 2002.
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