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RESENHA Ludimila AFRICA 2

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RESENHA 
Natália Elias – 8 História
O presente trabalho de resenha crítica faz referência a dois artigos: “Em torno das ‘Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana’: uma conversa com historiadores” de Martha Abreu e Marta Mattos e “Algumas impressões e sugestões sobre o ensino de História da África” de Marina de Mello.
	Os dois respectivos artigos tratam de uma forma bastante clara as dificuldades e problemas em se abordar o tema do ensino da África, além de dialogar e propor novos métodos, subsídios ou formas de se trabalhar tal tema enquanto historiador ou docente de História. 
	De acordo com o primeiro artigo, as “Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana” foram aprovados em 2004. Tais Diretrizes visam atender a lei n 10.639/2003 que aplicava a obrigatoriedade do ensino de África nas escolas do país. Tal aprovação se deu por meio de diversas negociações, sendo uma conquista devido a militância do movimento negro e antirracista no brasil. No entanto, Mariana de Mello, no segundo artigo argumenta que o tema permanece em polêmica, além de não ser devidamente aplicado nas escolas. Mello nos diz que o assunto, por envolver questões centrais na construção da nacionalidade e identidade brasileiras no que diz respeito às formas como as heranças africanas e escravistas deixaram suas marcas, tais dificuldades são compreensíveis. É interessante observar que a questão de nacionalidade e identidade negra também é um tópico bastante abordado no primeiro artigo, no qual as autoras dissertam sobre os conteúdos dos PCNs que enfatizam o papel homogeneizador de uma cultura uniforme, que encobria com o silencio, entre outras diferenças, uma realidade de discriminação racial reproduzida desde cedo no ambiente escolar. 												É neste sentindo que surgem algumas indagações: como romper com a noção de um Brasil mestiço sem reificar grupos culturais igualmente homogêneos, fechados ou semifechados, num padrão multicultural bastante difundido a partir das experiências norte-americana, mas certamente artificial em relação ás realidades brasileiras? Ou ainda, o que deve significar a noção de pluralidade cultural quando aplicada a realidade escolar brasileira?
	A partir daí as autoras buscam teorizar a questão de pluralidade, multiculturalismo e uma abordagem do conceito de cultura. De acordo com elas “parte-se do princípio de que a
uma cultura corresponde sempre uma identidade. Nesse caso, o leitor é levado a trabalhar com dois modelos opostos para a relação cultura-identidade: o velho modelo cultura brasileira mestiça = identidade brasileira mestiça versus um novo modelo, multicultural, forma do a partir do somatório das diversas sub culturas = identidades formadoras da nacionalidade brasileira (afro-brasileira, ítalo-brasileira, polonesa-brasileira, alemã-brasileira etc.).”		É neste sentindo que o segundo artigo aborda o reforço de estereótipos por parte de alguns profissionais, sem essa noção de cultura, de pluralidade e multiculturalismo, acabam por reforças pré conceitos, ou até mesmo não dominar o tema no que diz respeito a História da África. Mello portanto, discorre sobre o que, em sua opinião, um dos avanços no sentido de produzir e transmitir conhecimento de qualidade seria trazer para primeiro plano a necessidade de estudo e pesquisa. 									Já no primeiro artigo as autoras argumentam que as Diretrizes trouxeram para o bojo das discussões entre os profissionais novos desafios. Questões diversas vezes levantadas por historiadores e por sujeitos sociais ligados aos movimentos negros, como a continuidade das desigualdades raciais após a abolição da escravidão, tornam-se, com essa oportunidade, motivo e incentivo para a implantação de uma política educacional. É a partir das Diretrizes que as autoras visam uma melhoria no ensino da África, “Em meio a tantos desafios, as “Diretrizes” têm aberto caminhos e nos feito pensar. A despeito de prognósticos pessimistas, é notório o crescimento do interesse de professores e secretarias de educação pela sua implementação, o que evidencia uma premente demanda social na luta contra o racismo. Algumas estratégias sugeridas pelas “Diretrizes” podem ajudar a aprofundar a discussão.”	Assim, termina-se o primeiro artigo argumentando que é necessário pensar a diversidade cultural brasileira e sua pluriculturalidade, levando-se em consideração os intercâmbios e as trocas culturais, de forma a colocar em evidência a pluralidade da própria experiência negra no país. Persistentes são as ações e políticas que mantêm e renovam as desigualdades e hierarquias raciais em nosso país. 
	No segundo artigo, Mello aborda a formação continuada dos professores, dizendo que o estudo deve estar presente na vida do profissional, para que o professor possa atingir plenamente seus propósitos de educador, Além do estudo, alega que é necessário para que haja uma melhoria no ensino de África, a motivação individual que está ligada ao apoio institucional, tanto na forma de tempo disponível como na de remuneração adequada que considere o trabalho feito fora de sala de aula.
Alega que a interferência nestes últimos fatores é uma tarefa de segmentos organizados em termos políticos e trabalhistas e, portanto, uma possibilidade de aprimoramento individual.	Em suma, os dois artigos trazem uma grande contribuição no que tange as ações dos profissionais docentes e historiadores ligados à pesquisa. Transformar o ensino da História da África se torna necessário para que haja a desconstrução de preconceitos e estereótipos que estão enraizados em nossa sociedade. Pensar em novas ações pedagógicas, e até mesmo novas possibilidades de estudo em relação ao tema, transforma a sociedade que permanece racista e ligada ainda a pensamentos retrógrados no que tange a população negra. Pensar como disse as autoras, em uma abordagem do conceito de cultura que envolve as discussões de identidade é importante para que haja um reconhecimento da população negra para que essa se veja representada e se reconheça enquanto sujeito. E quando isso começa nos anos iniciais há uma possibilidade de mudar as teias de sociabilidade e transformar ou formar pensamentos.

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