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2a edição | Nead - UPE 2010 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife Gonçalves, Edna Cavalcanti Novaes Prática Pedagógica I/Edna Cavalcanti Novaes Gonçalves. - Recife: UPE/NEAD, 2009. 36 p. ISBN 1. Instituição Escolar 2. Prática Educativa 3. Educação à Distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação à Distância II. Título G331p CDD 371.3 U ni ve rs id ad e de P er na m bu co - U PE N EA D - N Ú CL EO D E ED U CA ÇÃ O A D IS TÂ N CI A REITOR Prof. Carlos Fernando de Araújo Calado VICE-REITOR Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque PRó-REITOR ADMINISTRATIVO Prof. José Thomaz Medeiros Correia PRó-REITOR DE PLANEJAMENTO Prof. Béda Barkokébas Jr. PRó-REITOR DE GRADUAÇÃO Profa. Izabel Christina de Avelar Silva PRó-REITORA DE PóS-GRADUAÇÃO E PESqUISA Profa. Viviane Colares Soares de Andrade Amorim PRó-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E ExTENSÃO Prof. Rivaldo Mendes de Albuquerque COORDENADOR GERAL Prof. Renato Medeiros de Moraes COORDENADOR ADJUNTO Prof. Walmir Soares da Silva Júnior ASSESSORA DA COORDENAÇÃO GERAL Profa. Waldete Arantes COORDENAÇÃO DE CURSO Profa. Giovanna Josefa de Miranda Coelho COORDENAÇÃO PEDAGóGICA Profa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima COORDENAÇÃO DE REVISÃO GRAMATICAL Profa. Angela Maria Borges Cavalcanti Profa. Eveline Mendes Costa Lopes Profa. Geruza Viana da Silva GERENTE DE PROJETOS Profa. Patrícia Lídia do Couto Soares Lopes ADMINISTRAÇÃO DO AMBIENTE Igor Souza Lopes de Almeida COORDENAÇÃO DE DESIGN E PRODUÇÃO Prof. Marcos Leite EqUIPE DE DESIGN Anita Sousa Gabriela Castro Rafael Efrem Renata Moraes Rodrigo Sotero COORDENAÇÃO DE SUPORTE Afonso Bione Prof. Jáuvaro Carneiro Leão EDIÇÃO 2010 Impresso no Brasil - Tiragem 180 exemplares Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro Recife / PE - CEP. 50103-010 Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664 capítulo 1 5 Prática Pedagógica i Prof.“ Ms. Edna Cavalcanti Novaes Gonçalves Carga Horária | 45 horas Objetivo geral Apresentação da disciplina Ementa Resgate da função social da Instituição Escolar e análise da evolução da Pedagogia como ciência da educação. Observação dos aspectos ideológicos adjacentes à prática educativa na escola básica e seu impacto social e psicológico. Desenvolver a compreensão da função social da escola, trazendo à tona questões relativas ao seu papel na Sociedade do Conhecimento, na relação com dimensões políticas, econômicas, culturais e sociais. As profundas modificações do mundo do trabalho e do setor produtivo, decorrentes da globalização, têm acarretado impactos e novos desafios para a área educacional, reforçando as demandas sociais por uma educação de qualidade que atenda a esse novo paradigma tecnológico. Assim, é preciso ter presente que se torna imprescindível encarar o de- safio de compreender o tempo de hoje para abra- çar desejos das novas gerações e examinar os ru- mos do futuro. Nesse contexto está a desafiadora tarefa da disciplina Prática de Ensino. capítulo 1 7 Profa. Ms. Edna Cavalcanti Novaes Gonçalves Carga Horária | 15 horas INTRODUÇÃO Este capítulo mostra que, ao longo do tempo, a função social da escola tem sofrido mudanças de acordo com os diferentes momentos históricos e culturais. E, uma vez que a sociedade moderna está impregnada de ciência e tecnologia e aponta novas demandas, o grande desafio da educação é o de saber fazer não só para o presente mas também, para o futuro. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Identificar o papel da educação na So- ciedade do Conhecimento; • Entender a função social da escola e sua articulação com a democracia e a cidadania; • Reconhecer a Pedagogia como Ciência da Educação. a Função Social da eScola na Sociedade do conhecimento capítulo 18 1. O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO A educação tem sido construída através dos séculos, de geração em geração, não só para conservar e gerar cultura, o que quer dizer va- lores, conhecimentos, destrezas e habilidades mas também para enfrentar desafios e objeti- vos que cada geração vislumbra na sua socie- dade, traçando, assim, uma função social em cada momento histórico, sempre que esta se defronta com mudanças significativas em suas bases econômicas, sociais e culturais. Até meados do século xVIII, a economia gira- va em torno do trabalho humano e da agri- cultura, os homens trabalhavam dependentes dos ciclos da natureza e não necessitavam de instrumentos sofisticados. Possuir grande quantidade de terra era o indicador de poder e riqueza. Com a revolução industrial nos sé- culos xVIII e xIx, o trabalho já não dependia do tempo cíclico da natureza, e dia e noite tornaram-se igualmente tempo de trabalho. As ferramentas foram substituídas pelas má- quinas, a energia humana, pela energia mo- triz, e o modo de produção doméstico, pelo sistema fabril. A partir do século xx, teve início um novo modo de produção, quando ocorrem as profundas mudanças na tecnologia e nos meios de comunicação, com o acúmulo e mo- dificação constantes, tornando o mundo do trabalho cada vez mais imprevisível. A revolução tecnológica em curso tornou-se irreversível e, ao longo de toda a evolução da espécie humana, nunca houve mutações tão profundas e rápidas. As tecnologias e as de- mandas do setor produtivo têm apresentado novas exigências, compatíveis com as acelera- das transformações científicas e tecnológicas. No entanto, convém ressaltar que enquanto a nova ordem mundial acentua a desigualdade entre os países produtores e consumidores, a globalização traça um novo mapa econômico do mundo. Nos países do Terceiro Mundo, as questões da globalização e da descentralização se desta- cam nos debates econômicos e sociais, acar- retando mudanças significativas, na medida em que se amplia a preponderância de políti- cas pontuais, assistencialistas, clientelistas e a privatização dos serviços sociais. Pode-se ainda constatar que as diferenças culturais e tecnoló- gicas continuam reforçando e legitimando as desigualdades socioeconômicas entre os paí- ses, trazendo como consequência o aumento da exclusão social, o crescimento do desem- prego, da pobreza, proliferando o trabalho in- formal, o trabalho em domicílio e o trabalho autônomo. Nesse contexto, a cultura da globalização apre- senta uma série de desafios, entre eles: a busca de uma sociedade produtiva, menos perversa e a formação de um novo cidadão com respon- sabilidade na edificação de um mundo mais solidário, capaz de articular o contexto local e global. Assim, as profundas modificações do universo do trabalho reforçam as demandas sociais e nos obrigam a rever e reconsiderar nossos postulados e nossas práticas educativas. O fato é que estamos envolvidos num processo em que os conceitos e as práticas precisam ser enfrentados com vistas a alcançar um nível de desenvolvimento educacional compatível com as aspirações sociais, com as demandas da So- ciedade do Conhecimento e com as exigências do mundo globalizado. Esta Sociedade “carac- teriza-se por um novo paradigma de produção e de desenvolvimento, que tem como elemen- to básico a centralidade do conhecimento e da educação” (LIBÂNEO, 2008, p. 110) e requer do sistema educativo a formação de pessoas capazes de assimilar as mudanças e se adap- tarem rapidamente às novas situações, exigin- do um novo paradigma no processo ensino/ aprendizagem.capítulo 1 9 ACESSE: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/ cidadania/0065.html fazer uma carga de intencionalidade que se re- veste de várias faces. Assim torna-se essencial uma participação efetiva da população na vida política do país, tendo como objetivo funda- mental educar para a cidadania. Cada vez mais a cidadania está interligada ao conhecimento, e é por esse motivo que deve ser contextualizado do momento em que se encontra e se proje- tando para o futuro. Assim, Machado (2001, p.43) enfatiza: Educar para a cidadania significa prover os indivíduos de instrumentos para a plena realização desta partici- pação motivada e competente, desta simbiose entre interesses pessoais e sociais, desta disposição para sentir em si as dores do mundo. Como os progressos científicos e tecnológi- cos das últimas décadas foram superiores aos avanços ocorridos em décadas atrás, exige-se uma nova postura por parte da escola, que ne- cessita rever sua função social, seus limites e possibilidades. As alterações ocorridas a partir dos avanços da tecnologia invadem o nosso cotidiano, as facilidades de comunicação e in- formação advindas dos avanços tecnológicos traduzem-se em mudanças irreversíveis nos comportamentos pessoais e sociais. Novas formas de pensar, de agir e de se relacionar comunicativamente são introduzidas como há- bitos corriqueiros. Do ponto de vista do capitalismo globalizado, a educação e o conhecimento são bens ne- cessários à transformação da produtiva e do desenvolvimento econômico. Nesse novo pa- radigma, o conhecimento, o saber e a ciência assumem um papel muito mais destacado do que anteriormente. Conhecer já não significa apropriar-se de uma essência inalterável, está- tica. O conhecimento é um processo dinâmico e inserido em sujeitos e instituições sociais em interação com seu ambiente vital e em perma- nente transformação. O conhecimento, prin- cipal fator de inovação disponível ao ser hu- mano, cresce na medida em que é explorado, manifestado e transferido por intermédio da comunicação. “Esta dinâmica implica que já não é possível obter o produto válido per secula seculorum e, portanto, a educação já não pode vender este projeto”, ressalta Najmanovich (2001, p. 129). A esse propósito, o papel da educação na so- ciedade atual e no seu desenvolvimento im- plica, consequentemente, abordar o duplo problema de definir os conhecimentos e as capacidades que a formação do cidadão exige de forma institucional pela qual esse processo de formação deve ocorrer. Os conhecimentos transmitidos pela escola devem estar articula- dos com as exigências da sociedade presente. “A luta pela socialização do conhecimento científico é o caminho indispensável para tornar de todos o que tem sido privilégio de poucos” (FRANCO, 1991, p.59). Se a democratização do ensino é considerada algo desejável do ponto de vista social, no sen- tido de uma sociedade mais justa e humana, faz-se necessário buscar alternativas que apon- tem para o oferecimento de um ensino de qualidade para todos os cidadãos, em sintonia com um contexto de amplas mudanças que aconteceram. Nesse sentido Libâneo; Oliveira e Toschi (2008, p. 114) ressaltam que “é pre- ciso dotar os sujeitos sociais de competências e habilidades para participação na vida social, econômica e cultural, a fim de não ensejar no- vas formas de divisão social, mas a construção de uma sociedade democrática na forma e no conteúdo”. É fora de dúvida que, educar é um ato políti- co e que toda ação educativa carrega em seu Saiba Mais: capítulo 110 ACESSE: http://www.youtube.com/watch?v=S1m6xp6F2I 8&feature=related Aprender a viver no mundo da comunicação é aprender a falar, a ouvir, a compreender e a respeitar as diferenças. É interagir emocional- mente em um movimento constante de em- patia com o conhecimento e a distância crítica deste, em direção a uma didática comunica- tiva. Os avanços didáticos em uma sociedade tecnológica são a caminhada para o sentido do humano e não apenas do racional ou ins- trucional. Nessa perspectiva, Libâneo (2006, p.18) adverte: Para serem enfrentados os desafios do avanço ace- lerado da ciência e da tecnologia, da mundialização da economia, da transformação dos processos de produção, do consumismo, do relativismo moral, é preciso um maciço investimento na educação escolar. É preciso reconhecer a urgência da elevação do nível científico, cultural e técnico da população para o que se torna inadiável a universalização da escolarização básica de qualidade. O novo papel da educação e do Conhecimen- to na Sociedade pressupõe ainda a redefinição do papel dos educadores. Faz-se necessário repensar a educação a partir das novas rea- lidades e dos desafios impostos. A educação atual é uma consequência da nova realidade e das mudanças introduzidas pelos sistemas de ensino, e, na tentativa de responder a esses desafios, os resultados não têm sido satisfató- rios, deixando de lado um fator fundamental neste processo que é o professor, seu potencial criativo e seu conhecimento da realidade do ensino. 2. FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA Como vimos anteriormente, o campo da edu- cação é bastante amplo, uma vez que esta acontece nos mais diversos lugares e não se refere, apenas, às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas educativas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (Lei 9.394/96) em seu Art. 1º destaca que, “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na con- vivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e manifesta- ções culturais”. Analisando o Art. 1º da LDB, encontramos dois tipos de educação bem definidos: a educação sistemática (formal) e assistemática (não-for- mal). No entanto, o fato da coexistência e in- terdependência entre a educação sistemática e assistemática não deve levar ao equívoco de concebê-las como equivalentes. Enquanto a educação sistemática compreende o sistema formal de ensino, constituído pelo ensino regular oferecido por instituições públi- cas e privadas, nos diferentes níveis da educa- ção brasileira: Educação Básica (Educação Pré- Escolar, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e Educação Superior (Graduação e Pós-Gradua- Saiba Mais: ACESSE: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ lei9394_ldbn1.pdf Saiba Mais: capítulo 1 11 ACESSE: http://pt.wikipedia.org/wiki/quatro_Pilares_da_ Educa%C3%A7%C3%A3o Cabe a ela a missão de preparar as novas gera- ções para o mundo atual, que é rapidamente mutável. Segundo Sousa e Corrêa (2002, p. 48), a escola precisa compreender que a sua função ex- trapola a mera transmissão do conhecimento siste- matizado, à medida que precisa conceber, organizar e avaliar o trabalho que produz, potencializando o senso crítico dos sujeitos que a compõem”. Hoje, a escola é chamada a oferecer respostas às novas exigências de educação. Como res- posta a essas exigências, Delors (2003) aponta como principal consequência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma aprendi- zagem ao longo da vida com base nos quatro pilares (aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver e aprender a ser). Como parte integrante e inseparável do con- junto dos demais fenômenos que compõem a totalidade social, a escola não pode ser pensa- da como se existisse independente, isolada da realidade social da qual faz parte e, ao mes- mo tempo, não pode ser confundida com essa realidade. A escola é um potente instrumento de mudança, na medida em que é parte inte- ção); a educação assistemática é realizada por outras instituições sociais, como a família, a igreja, a fábrica, o sindicato, os partidos políti-cos e outras esferas do social em que a intera- ção humana se faça presente. A educação, definida como processo de trans- missão de cultura, está presente em todas as instituições. Entretanto, em sociedade como a nossa, há uma instituição cuja função específi- ca é a de transmitir a cultura – esta instituição é a escola. A escola constitui-se no espaço de transmissão sistemática do saber historicamente acumula- do pela sociedade, com o objetivo de formar os indivíduos, capacitando-os a participarem como agentes na construção dessa socieda- de, proporcionando uma boa formação geral, garantindo maneiras de continuar adquirindo mais conhecimentos, num processo de educa- ção permanente. É na escola que acontece o processo pedagógico por excelência e, portan- to, é aí que se proporá a luta entre o novo e o velho, o estabelecido e o não reconhecido, além de toda a contradição entre o que deve ser preservado e o que deverá ser alterado. Na visão de Libâneo, Oliveira e Toschi (2008), a escola também precisa se articular com ou- tras modalidades de educação assistemática a fim de formar cidadãos mais preparados e qualificados para um novo tempo. E para isso precisa: formar indivíduos capazes de pensar e aprender permanentemente; prover formação global, visando à necessidade de maior e me- lhor qualificação profissional; desenvolver co- nhecimentos, capacidades e qualidades para o exercício autônomo, consciente e crítico da cidadania e, por fim, formar cidadãos éticos e solidários. Saiba Mais: ACESSE: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttex t&pid=S0103-40142001000200013 Saiba Mais: capítulo 112 grante e inseparável do conjunto dos demais fenômenos que compõem a totalidade social. É produto das atividades historicamente con- dicionadas aos homens, na medida em que pode ser transformada, contribuindo para a transformação da sociedade. Assim, a escola é, ao mesmo tempo, reprodu- ção/transformação da realidade histórico-so- cial existente, na medida em que pode exercer uma influência negativa ou positiva, promo- vendo assim atitudes passivas ou transforma- doras na sociedade. Sobretudo, se pensar que como instituição social, ela interfere, não ape- nas, na formação educativa, social, cultural e política do cidadão. O mundo do trabalho e o setor produtivo vi- venciam transformações significativas, acarre- tando impactos e novos desafios para a área educacional. A escola não pode deixar de in- corporar as novas transformações, intervindo para sistematizar a integração de todos os re- cursos pedagógicos e usando o que de melhor cada um tem para oferecer. Facilmente se presume que a escola não pode permanecer, apenas, contemplando o movi- mento de transformação, que está ocorrendo na sociedade como um todo. Precisa, por- tanto, repensar e integrar-se neste conjunto de transformações, buscando rever e recon- siderar os postulados e as práticas educati- vas existentes. Tais mudanças exigem, dentre outras questões, que as escolas reconstruam suas práticas e, para isso, é preciso “construir pontes” entre a realidade do seu trabalho e o que se tem como meta. De acordo com Franco (1991, p.56), O papel da escola é a transmissão de conhecimentos. Não conhecimentos enciclopédicos, abstratos, mas conhecimentos vivos e concretos, indissoluvelmente ligados às experiências de vida dos alunos e às exi- gências históricas da sociedade presente. O papel da escola é, pois, fundamentalmente transmitir, de maneira lógica, coerente e sistemática, os conheci- mentos acumulados historicamente pelo homem, ou seja, os conhecimentos científicos, tecnológicos, filosóficos, culturais, etc., indissoluvelmente ligados à experiência dos alunos e às realidades sociais mais amplas. A escola atua como um instrumento de trans- formação da realidade, quando permite ger- minar o pluralismo de ideias e de projetos pedagógicos, de modo a conseguir uma uni- dade entre teoria e prática, a verdadeira práxis. quando possibilita ao aluno a consciência de seu lugar no mundo, como sujeito interativo, que, por meio da autonomia, da liberdade e da consciência crítica, possa atuar na construção e reconstrução da sociedade. Com base nessa linha de pensamento, leia e analise o texto “O menininho”, com base na concepção de Freire (2001, p.78), A tarefa fundamental do educador é uma tarefa li- bertadora. Não é para encorajar os objetivos do edu- cador e as aspirações e os sonhos a serem reprodu- zidos nos educandos, os alunos, mas para originar a possibilidade de que os estudantes se tornem donos de sua própria história. É assim que eu entendo a necessidade que os professores têm de transcender sua tarefa meramente instrutiva e assumir a postura ética de um educador que acredita verdadeiramente na autonomia total, liberdade e desenvolvimento da- queles que ele ou ela educa. capítulo 1 13 “O menininho” Helen Buckley Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande. quando o menininho descobriu que podia ir à sala caminhando pela porta da rua, ficou feliz. A escola não parecia tão grande quanto antes. Uma manhã a professora disse: - Hoje nós iremos fazer um desenho. “que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... Pegou sua caixa de lápis de cor e co- meçou a desenhar. - Esperem, ainda não é hora de começar! Ela esperou até que todos estivessem prontos. - Agora, nós iremos desenhar flores. E o menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul. - Esperem, vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha com o caule verde. - Assim, disse a professora, agora vocês podem começar. O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isto... virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com o caule verde. No outro dia, quando o menininho estava ao ar livre, a professora disse: - Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro. “que bom!” pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com o barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar sua bola de barro. - Esperem, não é hora de começar! Ela esperou até que todos estivessem prontos. - Agora nós iremos fazer um prato. “que bom!”, pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. - Esperem, vou mostrar como se faz. Assim... Agora vocês podem começar. E o prato era fundo. Um lindo e perfeito prato fundo. O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostava mais do seu, mas ele não podia dizer isso... Amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo, igual ao da professora. E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais as coisas por si próprio. Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola... Esta escola era ainda maior que a primeira. Ele tinha que subir grandes escadas até a sua sala... Um dia a professora disse: - Hoje nós vamos fazer um desenho. “que bom!”, pensou o menininho. E esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. quando veio até o menininho falou: - Você não quer desenhar? - Sim. O que é que nós vamos fazer? - Eu não sei, até que você o faça. -Como eu posso fazer? - Da maneira que você gostar. - E de que cor? - Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um? - Eu não sei! E começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde... Disponível em: (http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/didatica/unidade1/enfoque1_introducao/o%20menininho.pdf )capítulo 114 Os conhecimentos devem ser, antes de tudo, reflexão sobre o próprio modo de vida social e não, mera assimilação, por parte do aluno, de conhecimentos concebidos como autônomos e culturais. Pois não basta apenas capacitar estudantes para futuras habilitações nas es- pecializações tradicionais, mas formá-los para o desenvolvimento de suas capacidades, em função de novos saberes que produzem e que demandam um novo tipo de profissional, que interaja de modo orgânico e integrado, num trabalho de equipe, que atue em níveis de in- terlocução mais complexos e diferenciados. Para além da função de socializar o saber siste- matizado, cabe a escola ensinar a convivência democrática, o respeito aos direitos e deveres individuais e coletivos, num processo contínuo de aprendizagem que se inicia na escola e con- tinua ao longo da vida. “A escola precisa articular sua capacidade de receber e interpretar informação com a de produzi-la, a partir do aluno como sujeito do seu próprio conhecimen- to”. (LIBÂNEO, 2006, p.27) A escola necessita de um ensino e de uma aprendizagem que favoreça o aluno a apren- der a aprender, aprender a pensar, a construir a sua própria linguagem e a se comunicar, a usar a informação e o conhecimento para ser capaz de viver e conviver num mundo em constante transformação. A educação como prática so- cial histórica transforma-se e é transformada pela ação dos homens que dela participam por ser um processo histórico inconcluso, que sur- ge a partir do diálogo entre o homem, o mun- do, a história e as circunstâncias. A função da educação escolar está explicita- da nas propostas de universalização da escola, com o objetivo de preparar para a vida social através do desenvolvimento de algumas com- petências exigidas na Sociedade do Conheci- mento. Essas competências são desdobradas em três campos fundamentais: cultura, políti- ca e formação para o trabalho. O campo da cultura que compreende tudo aquilo que podemos chamar de visão de mundo; prepara o indivíduo para a vida cul- tural – para que possa agir, transformando e participando das mudanças dessa sociedade. O campo da política que busca formar o indi- víduo para a vida política, ou seja, participar do processo decisório da direção da sociedade, que implica deveres de cidadania. E, decorren- te das anteriores, há um terceiro campo que é da formação do indivíduo para o trabalho, atividade organizada, à qual o indivíduo tem acesso dentro das exigências específicas da so- ciedade industrial. Para isso, os educadores não podem recusar os desafios colocados pela escola. Precisam enfrentá-los, assumindo um compromisso de transformação social em que os saberes, cons- truídos no caminhar histórico do homem se- jam socializados para as classes trabalhadoras, para que lhes sirvam como instrumento de compreensão e transformação do mundo. Em razão disso, é necessário priorizar a educa- ção com a finalidade de torná-la mais eficien- te no preparo de uma nova cidadania, capaz de enfrentar a revolução tecnológica que está ocorrendo no processo produtivo e seus des- dobramentos políticos, sociais e éticos. A esse respeito, Penin e Vieira (2002, p.14) ressaltam uma sociedade do conhecimento clama por uma nova escola, por um novo jeito de ensinar e aprender. De um jovem, essa sociedade cobrará não somente um diploma ou o mero domínio dos equipamentos modernos e o de algumas tecnologias, mas a exce- lência do seu conhecimento. Nessa perspectiva, torna-se imprescindível que os educadores adotem uma visão mais atu- alizada e uma nova postura para adquirirem melhores condições de competitividade nesse cenário que se renova a todo o momento, já que se pretende a melhoria da qualidade do ensino escolar como aliada na edificação de capítulo 1 15 ciedade que se realizam em muitos lugares e sob várias modalidades. Na medida em que a toda educação corresponde uma pedagogia, também há uma diversidade de trabalhos pe- dagógicos, como o planejamento de políticas educacionais, gestão do sistema de ensino e das escolas, assistência pedagógico-didática a professores e alunos, avaliação educacional, pedagogia empresarial, animação cultural, produção e comunicação de mídias, além das atividades com movimentos sociais, educação ambiental, educação comunitária, educação de grupos sociais marginalizados e de mino- rias sociais. Como a Pedagogia é a teoria e a prática da educação (LIBÂNEO, 2002), mediante conhe- cimentos científicos, filosóficos e técnicos pro- fissionais, ela investiga a realidade educacional sempre em transformação, para explicar objeti- vos e processos de intervenção metodológica e organizativa referentes à transmissão-assimila- ção de saberes e modos de ação. Desse modo, busca o entendimento, global e intencional- mente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação, entre elas a Antropologia, a Sociologia da Educação, a Filosofia da Educação, Psicologia da Educação, Linguística Aplicada à Educação, Economia da Educação. Segundo Franco (2008, p.74), A pedagogia deve caminhar num espaço aberto con- tinuamente pela crítica, pela autocrítica, criando es- paços e movimentos libertadores, em sua concepção epistemológica, em sua metodologia de pesquisa, em seu fazer social; novas demandas devem ser in- corporadas à ciência da educação: sabendo-se polí- tica, sabendo-se que deve estar alinhada com uma direção, deve tornar-se um processo de formação de consciências, de mediação de interesses e de defesa e criação de mecanismos democráticos, participativos, inclusivos. “uma nova ordem social onde todos contam e cada um possa ser capacitado para participar ativamente num processo de desenvolvimento que, para o ser, recupera a centralidade da pessoa na sua mais plena e inviolável dignidade”. (DELORS, 2003, p. 224) 3. A PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO Como os avanços científicos e tecnológicos das últimas décadas foram superiores aos ocorri- dos em décadas atrás, exige-se hoje uma nova postura por parte dos educadores na medida em que eles necessitarão conhecer melhor o mundo exterior, sua possível evolução e os conhecimentos exigidos por esta sociedade. Como se pode observar, os educadores têm a missão de preparar as novas gerações para o mundo atual, que é rapidamente mutável. Diante do exposto, pode-se afirmar que a for- mação desses educadores é uma tarefa muito complexa, porque o trabalho a ser desenvolvi- do por esses profissionais exige uma sólida for- mação teórica que possibilite a compreensão do fenômeno educacional nos aspectos (his- tóricos, políticos, sociais e epistemológicos) e o domínio dos conteúdos a serem ensinados. Nesse contexto, insere-se o pedagogo. Afinal, o que deve ser o curso de Pedagogia em face dessas novas realidades? O curso deve formar o investigador da educa- ção e o profissional que deverá realizar tarefas educativas, seja ele docente ou não diretamen- te docente. Seu objetivo não se restringe à do- cência, a Pedagogia é mais ampla, na medida em que seu trabalho vai além da sala de aula, pois extrapola o âmbito da educação sistemá- tica, abrangendo também esferas mais amplas da educação assistemática. Como afirma Libâ- neo (2002, p. 61), “todo trabalho docente é trabalho pedagógico, mas nem todo trabalho pedagógico é trabalho docente”. A docência é apenas uma das modalidades de traba- lho do pedagogo. Nessa perspectiva, Libâneo (2002) aponta uma diversidade de práticas educativas na so- capítulo 116 Ao longo da história, a Pedagogia foi se con- solidando como correspondente à Educação, entendida como o modo de aprender ou de organizar o processo educativo, e desde a pai- déia grega, passandopor Roma e pela Idade Média, chegando aos tempos modernos forte- mente associado ao termo pedagogia. A Peda- gogia desenvolveu-se em uma relação muito próxima com a prática educativa, constituin- do-se como a teoria ou ciência dessa prática, sendo, em determinados contextos, identifica- da com o próprio modo intencional de realizar a educação. Analisando o caminhar histórico da Pedago- gia, Franco (2008) ressalta que a Pedagogia conviveu e convive com diversas configura- ções, tratada ora como arte, ora como ciência e até como ciência da arte educativa, mostran- do as dificuldades da discussão de sua epis- temologia. Na sistematização desse percurso, a autora destaca três abordagens decorrentes dessas configurações históricas: a Pedagogia filosófica, a Pedagogia técnico-científica e a Pedagogia crítico-emancipatória. Na Pedagogia filosófica, a ação pedagógica pressupõe a educação do homem inteiro, em toda sua dimensionalidade, assumindo ora caráter normativo, ora compreensivo, envol- vendo diferentes influências teóricas como o humanismo clássico, o iluminismo, o roman- tismo e o idealismo. A intencionalidade da ação educativa tende mais à busca de sentido numa perspectiva integral do sujeito do que à organização das condições necessárias à con- cretização dessa ação educativa. A pedagogia técnico-científica ancorada no racionalismo empirista encontra grande ex- pressão no positivismo e em suas várias ver- tentes (evolucionismo, pragmatismo, tecnicis- mo, behaviorismo) com suporte na Filosofia, Psicologia e Sociologia. Admite como válido apenas o conhecimento obtido por meio do método experimental matemático, com ênfase no objeto e no princípio da objetividade. Essa concepção parte de uma visão mecanicista de mundo e de uma concepção naturalista de ho- mem; busca a neutralidade do pesquisador e tem como foco a explicação dos fenômenos. A Pedagogia crítico-emancipatória tem a base da sua concepção de Heráclito a Hegel, che- gando a Marx e Engels. Teoricamente associa- se à dialética, à filosofia da práxis, incorpo- rando elementos da teoria crítica da Escola de Frankfurt. O princípio básico dessa concepção é o de que a condição básica para a compreen- são do conhecimento é a historicidade. Propõe uma ação pedagógica para formar indivíduos na e pela práxis, com forte sentido de trans- formação da realidade sócio-histórica, numa perspectiva de normatizar e prescrever a prá- tica, para fins sociais relevantes. As diferenças entre essas três configurações iniciais apontam concepções diferentes ao sen- tido dessa ciência que se ancora na filosofia e que sua área de atuação centra-se no estudo da intencionalidade pretendida à ação educa- tiva social, na medida em que a Pedagogia se mostra como uma ação social de organização da educação de uma sociedade. Sociedade esta que deverá ter como preten- são possibilitar uma ação educativa que tenha como pressuposto a busca por condições que permitam redirecionar as estruturas que perpetuam as desigualdades, para condições que, pelo menos, invencionem a superação das ex- clusões, pois a humanização só se fará pela trans- formação das condições que produzem essa realida- de opressora, discriminatória, afirma Franco (2008, p.70). Por fim, Franco (2008) destaca que caberá à pedagogia ser a ciência que transforma o senso comum pedagógico, a arte intuitiva presente na práxis, em atos científicos, sob a luz de va- lores educacionais, garantidos como relevantes socialmente, em uma comunidade social. Res- salta ainda que o campo de conhecimento da capítulo 1 17 FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: UNESP, 2001. LIBÂNEO, José Carlos. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o pedagogo, o que deve ser o curso de Pedagogia. In: PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002. ______. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e profissão do- cente. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2006. LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 6. ed. São Paulo, Editora Cortez, 2008. MACHADO, José Nilson. Educação: projetos e valores. São Paulo: Escrituras Editora, 2001. NAJMANOVICH, Denise. O sujeito encarnado: questões para pesquisa no/do cotidiano. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. SAVIANI, Dermeval. A pedagogia no Brasil: his- tória e teoria. Campinas, SP: Autores Associa- dos, 2008. SOUSA, José Vieira de; CORRÊA, Juliane. Proje- to pedagógico: autonomia construída no coti- diano da escola. In: VIEIRA, Sofia Lerche (org.). Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. Pedagogia seja formado pela intersecção entre os saberes interrogantes das práticas, os sabe- res dialogantes das intencionalidades da práxis e os saberes que respondem às indagações re- flexivas formuladas por essas práxis. Portanto, a Pedagogia, assim constituída, supera a dua- lidade inicial entre ser arte ou ciência da edu- cação, para ser a ciência que transforma a arte da educação – o saber-fazer prático intuitivo – em ação educativa, planejada, intencional. concluSão O capítulo reflete a função social da escola nos seus aspectos políticos, sociais e culturais e cha- ma a atenção para uma escola que prepare o sujeito para participar do processo de decisão, imprescindível na construção da cidadania. Para tanto, é percebida a necessidade de instaurar práticas que atuem no sentido da mutação da escola como parte do processo de transforma- ção social, em decorrência do surgimento de novos paradigmas da ciência, das inovações tecnológicas e das comunicações. Ainda apre- senta, de maneira sucinta, o papel da Pedago- gia como ciência da educação no enfrentamen- to das novas exigências educacionais. reFerÊnciaS BRASIL. Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ seesp/arquivos/pdf/lei9394_ldbn1.pdf. Acesso em: 24 mar. 2010. D’ELORS, Jacques (org.) Educação: um tesouro a descobrir. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2003. ESCRITORES da Liberdade. Freedom Writers. Estados Unidos: Richard LaGravanese, 2007. Duração: 122 min. Gênero: Drama. FRANCO, Luiz Antônio de Carvalho. A escola do trabalho e o trabalho da escola. São Paulo: Cortez, 1991. FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. 2. ed ver. ampl. São Paulo: Cortez, 2008. capítulo 118 Analise o Filme: “Escritores da Liberdade” - (Freedom Writers) Drama, EUA, 2007, 122min. – Direção: Richard LaGravanese. Para análise do filme, utilize o roteiro abaixo: 1. Por que Erin, mesmo contra a vontade do pai e do esposo, optou pela carreira de professora? 2. quais as principais dificuldades encontradas pela professora no sistema escolar? 3. qual o perfil de educadora de Erin no primeiro momento, em sala de aula? 4. qual o perfil dos demais educadores da escola? 5. No início do filme, qual o perfil apresentado dos alunos? 6. quais as causas que levaram os alunos a rejeitaram a escola e a professora? 7. No que diz concerne ao processo ensino-aprendizagem, o filme destaca diversos aspectos significativos. Destaque os três mais expressivos. 8. O filme destaca a crise pela qual a escola passa atualmente. Na sua perspectiva, quais são os principais fatores que contribuem para esse problema? 9. quais as principais ideias ou valores transmitidos pelo filme? 10. qual foi a cena do filme que mais tocou você? Justifique. 11. quais outros temas podem ser explorados no filme “Escritores da Liberdade”? 12. A história nos leva a refletir sobre muitas questões. quais contribuições o filme trouxe para a sua vida pessoal e profissional? Atividades capítulo 2 19 Profa. Ms. Edna Cavalcanti Novaes GonçalvesCarga Horária | 15 horas INTRODUÇÃO As substanciais modificações que a atividade educativa está sofrendo afetam diretamente a escola que passa hoje por uma profunda transformação, na medida em que necessita adequar-se a um ritmo acelerado e constante de mudanças. A partir da identificação desses desafios e exigências, emerge a necessidade de uma formação e qualificação continuada dos educadores em busca de um processo ensino/aprendizagem mais eficiente. 1. A PRÁTICA PEDAGÓGICA Nas últimas décadas, o desenvolvimento tecnológico das áreas de informática juntamente com as telecomunicações têm afetado diretamente a produção, a socialização e a exploração de seus novos espaços. Como a velocidade da geração de novos conhecimentos é explosiva, e seu impacto tornou-se uma constante na vida das pessoas, faz-se necessário que a escola acompanhe a evo- lução científica e tecnológica, preparando-se para as transformações que estão ocorrendo e as que provavelmente virão a ocorrer com a introdução em massa dos novos recursos tecnológicos. Novos conceitos e práticas precisam ser enfrentados com vistas a alcançar um nível de desenvol- vimento educacional compatível com as aspirações sociais, com as demandas da sociedade do conhecimento e com as exigências do mundo globalizado. Essa tarefa é hoje uma urgência social; a escola precisa, além de adaptar-se às novas necessidades dessa sociedade do conhecimento, assumir o seu papel nesse processo. O fazer educacional há de ser científico, investigativo, não tendo medo do novo, mas dando espaço de expressão, de ação e de análise ao não planejado, ao imprevisto, à desordem aparente, e isto deve pressupor a ação coletiva, dialógica e emancipatória entre sujeitos da prática, na qualidade de pesquisadores, e entre pesquisadores da práti- ca, por sua vez também sujeitos da prática. (FRANCO, 2008, p.116) OBJETIVO ESPECÍFICO • Identificar os aspectos ideológicos adjacentes à prática educativa na educação básica e seu impacto so- cial. a Prática educatiVa e a Formação docente capítulo 220 Diante disso, a escola precisa rever suas práti- cas pedagógicas, pressupondo-se a necessida- de de entendê-la como um dos componentes do processo de ensino-aprendizagem. Isso exi- ge um repensar sobre os conceitos de conhe- cimento, sociedade e educação, para que se possa resgatar a visão de totalidade. Para Schmidt; Ribas; Carvalho (1999), a prática pedagógica pressupõe uma relação teórico- -prática, na medida em que a teoria e a prática formam uma unidade indissolúvel e só por um processo de abstração podem ser separadas. E, como atividade humana, a prática pedagógica pode se constituir em uma prática pedagógica repetitiva (visão utilitarista, ativista e esponta- neísta) ou em uma prática reflexiva (uma práxis guiada por intenções conscientes). Na prática pedagógica repetitiva, a unidade te- oria e prática é rompida, o conhecimento ten- de a ser fragmentado e distanciado da realida- de, havendo dificuldade para a introdução do novo. Nesse contexto, a prática do professor vai se efetivando de forma apática respaldada pela rígida burocracia e controle escolares. A prática pedagógica reflexiva, no entanto, tem como ponto de partida e chegada a práti- ca social, buscando produzir mudanças quali- tativas, munindo-se de um conhecimento críti- co e aprofundado da realidade. Essa prática está marcada por uma opção consciente, pelo desejo de renovação, transformação e mudan- ças e pela busca e implementação de novos valores que venham a dar uma nova direção à prática social. (SCHMIDT; RIBAS; CARVALHO, 1999, p. 23). Essa ação reflexiva implica um constante re- pensar da sua prática, deixando de ser um mero executor para ser um profissional inves- tigador, aberto às sugestões e críticas que o ajudem a repensar-se como profissional, a fim de reformular e melhorar a sua prática. Como toda a ação educativa carrega, em seu fazer, uma carga de intencionalidade definida e comprometida em seus aspetos filosóficos e sociais, ao realizar o seu trabalho, o professor deve explicitar suas concepções teóricas, para que possa optar por uma teoria de conheci- mento e direcionar uma prática repetitiva ou reflexiva. O primeiro teórico em educação a encarar os professores como práticos reflexivos foi John Dewey (1933). Segundo esse autor apud Mar- condes (1997), reflexão é um processo rígido que segue determinados passos ou procedi- mentos, envolve uma maneira global de enca- rar e responder os problemas de ensino, pois, mais do que lógica e razão, a reflexão envolve, também, intuição e emoção. Três atitudes são essenciais para desenvolver-se uma ação refle- xiva no ensino: abertura do novo, responsabi- lidade e envolvimento. Logo, professores refle- xivos se perguntam constantemente o porquê de determinados comportamentos e quais as suas consequências. Marcondes (1997) examina algumas dimen- sões básicas da prática reflexiva do professor: • A primeira dimensão é a autorreflexão, que percebe o ensino como objeto de in- vestigação e o professor como ser social, inserido numa determinada realidade his- tórica, que precisa ser desafiado a refletir sobre sua prática concreta e que tenha condições de se autoavaliar, fazendo refor- mulações quando necessário, pois o agir, o refletir criticamente sobre a prática são de fundamental importância para ações mais sistematizadas em prol de um projeto social a favor das camadas sociais menos favorecidas, que frequentam as escolas públicas. • A segunda dimensão é a prática reflexiva como um processo coletivo, que precisa envolver não só pesquisadores como tam- bém professores que, já envolvidos na sala de aula, trarão perspectivas importantes para o entendimento de aspectos comple- xos do ensino. Dessa forma, é preciso que a escola valorize o coletivo e oportunize momentos de encontros, troca de ideias entre os grupos, crie um clima de confian- capítulo 2 21 Assim, fica evidente que uma nova prática pe- dagógica nasce na reflexão sobre sua própria prática, buscando anular a dicotomia teoria- -prática e construindo novos saberes. Por fim, Pimenta, em Pimenta e Ghedin (2002) apud Alarcão (2003, p 42-43), numa tentati- va de síntese, aponta as seguintes razões da aceitação da proposta do professor reflexivo no Brasil: ça em que as pessoas possam expor suas dúvidas, dificuldades e limitações; enfim, comunicar-se a respeito das preocupações que partilham. Só, assim, será possível o desenvolvimento de uma ação coletiva. • A terceira dimensão é conhecimento esco- lar que deve enfatizar o saber que o aluno traz do seu contexto, das suas necessida- des práticas, partir do que ele já possui, ou seja, a apropriação do saber não deve ser a posse de um produto acabado, mas a apropriação da lógica de instrumentos de análise que lhe são próprios. Não se trata de abordar os conteúdos como um fim em si mesmo, mas de dar condição para que o aluno compreenda sua realidade, situan- do-a em contexto mais amplo. Enfim, o objetivo dessa prática reflexiva é o desenvolvimento autônomo por parte de to- dos os envolvidos no processo educativo, prin- cipalmente do próprio professor. Visto como um profissional que, a fim de melhor compre- ender o processo de ensino e aprendizagem, precisa, além de refletir criticamente sobre a sua prática cotidiana, desenvolver a capacida- de de criar, estruturar e dinamizar situações de aprendizagem, estimular a aprendizagem e a autoconfiança nas capacidades individuais para aprender. O professor reflexivo é aquele que está sem- pre atento à possibilidade de mudanças, tem a ousadia de experimentar o novo, questiona o seu saber e o seu fazer, consciente de que sua prática não é neutra, pois sabe o tipo de ho- mem que quer formar. É compromissadocom sua profissão, tem opinião própria, é capaz de tomar decisões e adaptar a sua atuação aos diversos contextos educacionais. Para Alarcão (2003, p. 31), “na era da informação, ele é o timoneiro na viagem da aprendizagem em direção ao conhecimento”. Ribas; Carvalho; Alonso (1999, p. 55) desta- cam que os professores reflexivos estão sempre se questio- nando sobre seu saber, sobre seu fazer e sobre o seu saber fazer em sala de aula, indo além das atitudes imediatista, tendo presente o tipo de homem que quer formar. “a valorização da escola e de seus profissionais nos processos de democratização da sociedade brasileira; a contribuição do saber escolar na for- mação da cidadania; sua apropriação como pro- cesso de maior igualdade social e inserção crítica no mundo (e daí, que saberes? que escola?); a organização da escola, os currículos, os espaços e os tempos de ensinar e aprender, o projecto po- lítico-pedagógico; a democratização interna da escola, o trabalho colectivo; as condições de tra- balho e de estudo (de reflexão), de planejamento; a jornada remunerada, os salários, a importân- cia dos professores neste processo, as respon- sabilidades da universidade, dos sindicatos, dos governos neste processo; a escola como espaço de formação contínua; os alunos: quem são? de onde vêm? O que querem da escola? (de suas re- presentações); dos professores: quem são? Como se veem na profissão? Da profissão: profissão? E as transformações sociais políticas, econômicas, do mundo do trabalho e da sociedade da infor- mação: como ficam a escola e os professores?”. 2. SABERES DOS PROFESSORES É imprescindível que os educadores adotem uma visão mais atualizada e uma nova postura diante da necessidade de construção de uma nova competência pedagógica. Essa postura exige uma predisposição pessoal para encará- la, requer a criação de incentivos e oportuni- dades que devem estar presentes no modelo de gestão educacional. Priorizar a formação técnico-profissional dos educadores que atu- am na educação básica é uma necessidade pedagógica e social. Como a formação básica é obrigatória e universal, a política educativa democrática precisaria colocar os melhores do- centes nesses lugares. capítulo 222 relação com o outro, num trabalho em função de um projeto de transformação, educação e instrução dos seus alunos. “O que” e “como” os professores ensinam, evoluem com o tem- po e as mudanças sociais, conforme podemos verificar na história das disciplinas, dos progra- mas escolares, da história das ideias e práticas pedagógicas. É possível perceber que o saber dos professores é um processo em construção no decorrer da sua carreira profissional. Outro aspecto destacado nessa abordagem é que, ao tentarmos escapar do mentalismo, também devemos escapar do sociologismo, que tende a eliminar totalmente a contribui- ção dos atores na construção concreta do sa- ber, tratando-o como uma produção social em si mesmo e por si mesmo em que o saber real dos atores concretos é sempre associado à ou- tra coisa que não a si mesmo. Diante do sociologismo, torna-se impossível compreender a natureza dos saberes dos pro- fessores sem considerar o saber em relação ao pensar e agir destes. O saber dos professores é profundamente social, ligado a uma situação de trabalho com os outros (alunos, colegas e pais), ancorados na tarefa complexa de ensi- nar, situados num espaço de trabalho (a sala de aula, a escola), enraizados numa instituição e numa sociedade. Para Tardif (2002, p. 16): os saberes de um professor são uma realidade social, materializada através de uma formação, de progra- mas, de práticas coletivas, de disciplinas escolares, de uma pedagogia institucionalizada, etc. e são, ao mesmo tempo, os ‘saberes dele’. Visando captar a natureza social e individual do professor como um todo, Tardif (2002) pro- cura situar o saber do professor na interface entre o individual e o social, entre o ator e o sistema. Nessa perspectiva, aponta alguns fios condutores. O primeiro fio condutor apontado é que o sa- ber dos professores deve ser compreendido em íntima relação com o trabalho deles na escola e na sala de aula. As relações dos professores com os saberes não são apenas cognitivas, são mediadas pelo trabalho que lhes fornece prin- cípios para enfrentar e solucionar situações no seu cotidiano. Assim, o processo de formação do professor exigido no paradigma atual deve prever con- dições que permitam ao professor construir conhecimentos, criando condições para que o professor saiba recontextualizar as experi- ências que foram vivenciadas no decorrer da sua formação inicial. Saberes esses inerentes à profissão docente, provenientes de diversas fontes, espaços, tempos e experiências que, juntos, configuram a base do trabalho do pro- fessor reflexivo. Para Tardif (2002), o saber não é uma coisa que flutua no espaço, mas o saber de alguém que trabalha alguma coisa no intuito de reali- zar um determinado objetivo. Portanto, o sa- ber dos professores é um saber deles e está relacionado com a pessoa, a identidade, a ex- periência de vida e sua história profissional e com as relações em seu cotidiano escolar. Para estudar o saber do professor, faz-se necessário estudá-lo, relacionando-o com esses elemen- tos que constituem o trabalho docente. Na sua abordagem, Tardif (2002) busca fugir do “mentalismo”, que reduz o saber a pro- cessos exclusivamente mentais, cujo suporte é a atividade cognitiva do indivíduo. Sua posi- ção em relação ao mentalismo é que o saber dos professores é um saber social, partilhado por todo um grupo de agentes (os profes- sores) que possuem uma formação comum, trabalham numa mesma organização e estão sujeitos a condicionamentos e recursos com- paráveis como programas, matérias a serem ensinadas e regras de estabelecimento. É um saber produzido socialmente, resultado de uma negociação entre os diversos grupos. Ou seja, o que o professor deve saber ensinar é uma questão social, porque, nos ofícios e nas profissões, o conhecimento só existe, se for re- conhecido socialmente. No âmbito da organização do trabalho escolar, o que um professor sabe depende também daquilo que ele não sabe, daquilo que se supõe que ele não saiba, daquilo que os outros sabem em seu lugar e em seu nome, dos saberes que os outros lhe opõem ou lhe atribuem... Isso significa que, inserir nos ofícios e nas profissões, inserir não existe conhecimento sem reco- nhecimento social. (TARDIF, 2002, p.13) O saber se manifesta através das relações com- plexas entre o professor e seus alunos, numa capítulo 2 23 O segundo fio condutor é a ideia de diversida- de ou de pluralismo do saber docente, porque está atrelado a saberes provenientes de fontes e naturezas diferentes, oriundos da sociedade, da instituição escolar, dos outros atores edu- cacionais, das universidades, etc. Na profissão docente, a relação cognitiva com o trabalho se dá em consonância com os saberes produzi- dos por grupos, instâncias e organizações que são incorporados ao seu trabalho através da sua formação, dos currículos e instrumentos de trabalho. Como terceiro fio condutor, aponta para a temporalidade do saber, pois esse é adquiri- do no contexto de uma história de vida e de uma carreira profissional, já que ensinar supõe aprender a ensinar, aprendendo a dominar progressivamente os saberes necessários à re- alização do trabalho docente, porque, mesmo antes de iniciar a prática do ofício de professo- res, esses já sabem, de muitas maneiras, o que é o ensino, devido a toda sua história escolar. A experiência de trabalho enquanto funda- mento do saber é o quarto fio condutor. Tal experiência é um esforço do professor para produzir sua prática profissional, aplicandosa- beres, refletindo, retomando, reproduzindo e reiterando o que sabe naquilo que faz. Outro fio condutor é a ideia de um trabalho interativo, em que o autor busca compreender as características da interação humana, que marcam o saber dos atores que atuam jun- tos, como no caso dos professores com seus alunos no contexto da sala de aula, onde a questão do saber está ligada a interrogações relativas aos valores, à ética e às tecnologias da interação. Em decorrência dos anteriores, os saberes e a formação de professores surgem como úl- timo fio condutor, na busca de se repensar a formação para o magistério, considerando os saberes dos professores e as realidades espe- cíficas do seu trabalho cotidiano, permitindo uma nova concepção não apenas em relação à formação, mas as suas identidades, contribui- ções e papéis profissionais. Em relação à formação de professores, Tardif (2002) acredita que, primeiramente, faz-se ne- cessário reconhecer que eles, como sujeitos do conhecimento, deveriam ter o direito de dizer algo a respeito de sua própria formação profis- sional, independente de onde essa aconteça. Se os professores têm a missão de formar pes- soas, também poderiam opinar na sua própria formação. Outro aspecto a ser considerado é a necessi- dade de uma abertura para os conhecimentos práticos dentro do próprio currículo. Se o tra- balho do professor exige conhecimentos espe- cíficos da sua profissão e dela oriundos, a for- mação de professores deveria basear-se nesses conhecimentos. Ao mesmo tempo, é preciso abrir um espaço em torno das disciplinas como Psicologia, Filosofia e Didática, etc., de modo a permitir que esses conhecimentos possam contribuir para a análise das práticas, das ta- refas e dos conhecimentos dos professores de profissão, de maneira reflexiva, considerando os condicionantes reais do trabalho docente. Ao defender a unidade da profissão docente do pré-escolar à universidade, Tardif (2002, p.244) afirma que seremos reconhecidos socialmente como sujeitos do conhecimento e verdadeiros atores sociais quando começarmos a reconhecer-nos uns aos outros como pessoas competentes, pares iguais que podem apren- der uns com os outros. Diante de outro professor, seja ele do pré-escolar ou da universidade, nada te- nho a mostrar ou a provar – mas posso aprender com ele como realizar melhor nosso ofício comum. Para Tardif (2002, p.31), “um professor é, antes de tudo, alguém que sabe al- guma coisa, cuja função consiste em transmitir esse saber aos outros”. Apesar de aparentemente banal, tal afirmativa nos remete ao fato de existir uma relação pro- blemática entre os professores e os saberes. capítulo 224 Desse modo, passam a ser exigidos dos edu- cadores novos referenciais de formação e de desempenho, compatíveis com o contexto e as oportunidades que se vislumbram. Esse pa- radigma aponta para a necessidade da supe- ração dos modelos vigentes, e, para tanto, o desenvolvimento curricular, a formação inicial e a formação continuada do educador de- vem estar articulados. Tanto a formação inicial como a formação continuada devem ajudar os professores a compreenderem seu próprio de- senvolvimento profissional e estarem atentos ao seu progresso, à medida que aprendam a utilizar uma maior variedade de estratégias de ensino, fora daquelas com que iniciaram suas carreiras docentes. Para isso, será necessário definir incentivos não apenas à formação ini- cial mas também à formação continuada. O saber docente é um saber plural, composto por vários saberes provenientes de diferentes fontes; são saberes disciplinares, curriculares, profissionais e experienciais, com os quais o corpo docente estabelece relações. Os saberes disciplinares emergem da tradição cultural e dos grupos sociais produtores de saberes, correspondendo aos diversos cam- pos do conhecimento (matemática, literatu- ra, história, etc.). Os saberes curriculares são aqueles apresentados concretamente, sob forma de programas escolares (objetivos, con- teúdos, métodos) que os professores devem aprender a aplicar. Os saberes profissionais são transmitidos pelas instituições de formação de professores (escolas normais ou faculdades de ciências da educação), são os saberes das ciências da educação e da ideologia pedagógi- ca, construídos ao longo da vida profissional, envolvendo teorias pedagógicas, produzidas pelas ciências da educação. E, finalmente, os saberes experienciais, que são baseados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio, brotando da experiência e sendo por ela validados; são também chamados de sabe- res experienciais ou práticos porque compre- endem as experiências nos ambientes familiar e escolar. Esses saberes precisam estar reunidos num processo de constante reflexão, no contex- to do trabalho pedagógico. Eis porque Tardif (2002, p 39) destaca: “o professor ideal é al- guém que deve conhecer a matéria, sua disci- plina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da edu- cação e à pedagogia e desenvolver um saber prático, baseado em sua experiência cotidiana com os alunos”. A esse respeito, Franco (2008, p. 131) ressalta: Os saberes não podem se organizar no vazio teórico, o que lhes daria a concepção de aplicação pedagó- gica de fazeres. A prática docente que produz sabe- res precisa ser epistemologicamente assumida, e isso se faz pelo seu exercício enquanto práxis, permeada por sustentação teórica, que fundamenta o exercício crítico-reflexivo de tais práticas. Esse conteúdo para a reflexão crítica é retirado dos fundamentos da ciência pedagógica; tais fundamentos permitem a organiza- ção do círculo dialético teoria/prática versus prática/ teoria num processo transformador das práticas e das teorias, processo esse fundador dos saberes pedagó- gicos. ACESSE: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE13/ RBDE13_05_MAURICE_TARDIF.pdf Saiba Mais: 3. FORMAÇÃO CONTINUADA Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educa- ção Nacional – LDB (Lei 9.394/96), o professor precisa conhecer o aluno e o cotidiano em que ele vive, a fim de prepará-lo para exercer a cida- dania. Ressalta como fundamentos da forma- ção docente para atender aos diversos níveis e a modalidades de ensino: a importância da associação entre teoria e prática; a capacitação em serviço e o aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensi- no e outras atividades do cotidiano. Como a educação na Sociedade do Conheci- mento requer do sistema educativo a forma- ção de pessoas que assimilem as mudanças e se adaptem rapidamente às novas situações, passa a exigir um novo paradigma no processo ensino/aprendizagem. Nessa perspectiva, fica evidente que as fontes de formação profissio- nal dos professores não podem se limitar à formação inicial mas continuar durante toda a capítulo 2 25 carreira docente, numa formação contínua, de modo que os fundamentos da formação para o magistério sejam repensados e contextuali- zados com a prática do professor. O estabelecimento sistemático de pontes en- tre a universidade e vida profissional poderá permitir a aproximação necessária entre a for- mação inicial e a continuada. Assim, quando todos participam na construção de uma socie- dade responsável e solidária, respeitadora dos direitos fundamentais de cada um, a educação dos cidadãos torna-se uma linha de força da sociedade civil e da democracia viva. Diante disso, a formação continuada precisa ser vista como instrumento fundamental para o desenvolvimento das competências, envol- vendo valores, conhecimentos e habilidades para lidar com as rápidas mudanças, com con- textos diversos e desiguais, para aprender a compartilhar decisões, lidar com processos de participaçãoe adaptar-se constantemente às novas exigências impostas pela sociedade do conhecimento. A formação continuada do professor deve fazer parte dos sistemas de ensino. Não podem reduzir-se a cur- sinhos periódicos de reciclagem ou participação em eventos promovidos pelas secretarias. [...] Não haverá mudanças substantivas na educação sem uma clara vontade política da sociedade e do Estado em favor da valorização da Educação. Despertar na sociedade a paixão de aprender e valorizar o estudo e a forma- ção para a cidadania parecem exigências básicas para o educador de hoje. (GADOTTI, 2000, p. 86-87) Se a democratização do ensino é considera- da algo desejável do ponto de vista social, no sentido de uma sociedade mais justa e huma- na, faz-se necessário buscar alternativas que apontem para o oferecimento de um ensino de qualidade para todos os cidadãos, em sin- tonia com um contexto de amplas mudanças que aconteceram. As alterações ocorridas a partir dos avanços da tecnologia invadem o nosso cotidiano, e as fa- cilidades de comunicação e informação advin- das dos avanços tecnológicos traduzem-se em mudanças irreversíveis nos comportamentos pessoais e sociais. Novas formas de pensar, de agir e de se relacionar comunicativamente são introduzidas como hábitos corriqueiros. Hoje a escola necessita de um professor que expresse, em seu fazer pedagógico, as dimen- sões humana, técnica e política, que conside- re os efeitos sociais do trabalho pedagógico e dos condicionamentos que nele interferem, que saiba selecionar criticamente as orienta- ções de sua prática pedagógica e que busque a sua transformação, a dos outros e a da reali- dade na qual estão inseridos. Segundo Freire (2003, p. 19), Aprender e ensinar faz parte da existência humana, histórica e social, como dela faz parte a criação, a invenção, a linguagem, o amor, o ódio, o espanto, o medo, o desejo, a atração pelo risco, a fé, a dúvida, a curiosidade, a arte, a magia, a ciência, a tecnologia. Aprender a viver no mundo da comunicação é aprender a falar, a ouvir, a compreender e a respeitar as diferenças. É interagir emocional- mente em um movimento constante de em- patia com o conhecimento e a distância crítica deste, em direção a uma didática comunicati- va. Essa aprendizagem requer mudanças profundas na escola, no ensino e na formação dos educadores. Esse modo de conceber o ensino e a aprendizagem supõe uma nova atitude por parte dos professores, dos alunos e de toda equipe escolar; requer um cli- ma favorável à mudança, altamente motivador tanto para o professor como para o aluno e um ambiente facilitador, com recursos telemáticos, com autonomia de trabalho e liberdade, permitindo trabalho coope- rativo e solidário. (MERCADO, 1999, p. 17) Diante desse cenário desafiador, a Educação a Distância (EAD) apresenta-se como uma, entre tantas, alternativas às necessidades da educa- ção continuada, possibilitando a adoção de técnicas e estratégias novas, buscando com- preender novas maneiras de ensinar e apren- der. A urgência na Educação Continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do fazer humanos, como práticas que se transfor- mam constantemente, exigindo dos profissio- nais a formação de competências no seu papel de construtor de conhecimentos e de sua au- tonomia de aprendizagem. A EAD como uma modalidade educativa me- diatizada é transmitida através da combinação de diferentes meios, como uma possibilidade de superar limitações tanto de ordem geográ- capítulo 226 fica quanto de recursos disponíveis. Apresen- ta-se como uma alternativa para a democra- tização do ensino, na medida em que possui com características, como: a diversificação da população escolar; individualização da apren- dizagem; quantidade sem perda da qualidade e autodisciplina de estudo, na qual docentes e alunos aprendem de acordo com situações não convencionais, independentemente de tempo e espaço, com a adoção de técnicas e estratégias novas, buscando compreender no- vas maneiras de ensinar e aprender. Os impactos causados pelas novas tecnologias da comunicação e da informação têm levado professores e especialistas ligados ao setor es- colar a resistirem à inovação tecnológica por razões políticas, na medida em que educação e desenvolvimento tecnológico foram propi- ciados numa visão tecnicista, no quadro da ditadura militar, gerando uma resistência de natureza política à tecnologia. E, por razões culturais e sociais como o medo de ser subs- tituído pela máquina e perder o seu emprego. Tais resistências precisam ser trabalhadas tanto na formação inicial como na formação con- tinuada dos professores. Os educadores pre- cisam vislumbrar as novas tecnologias numa perspectiva crítica que permita a utilização dos recursos tecnológicos como parte integrante do processo ensino-aprendizagem. Uma das condições necessárias para que nos tor- nemos um intelectual que não teme a mudança é a percepção e aceitação de que não há vida na imo- bilidade. De que não há progresso na estagnação. De que, se sou, na verdade, social e politicamente responsável, não posso me acomodar às estruturas injustas da sociedade. (FREIRE, 2003, p.88) As estratégias de ensino-aprendizagem a dis- tância também possibilitam atender não ape- nas ao ritmo pessoal de aprendizagem como também às demandas diversificadas de estu- do. Assim, é possível incluir grupos de pessoas impedidas de estudar devido a limitações ge- ográficas, físicas, sociais, econômicas, em sua maioria, pessoas que integram a população adulta trabalhadora que necessita de forma- ção continuada ao longo da vida. Somente dessa maneira, pode-se conseguir que todos os que estejam dispostos a traba- lhar, apoiem-se mutuamente, estimulando os mestres a proporem novos objetivos e a traba- lharem a favor de sua implementação. Desse modo, a formação continuada possibilitará a produção de novos conhecimentos, a troca de diferentes saberes, o repensar do fazer e do refazer da prática do professor. reFerÊnciaS ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003. FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. 2. ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2008. FREIRE, Paulo. Política e educação. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2003. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da edu- cação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. MARCONDES, Maria Inês. O papel pedagógico político do professor; dimensão de uma práti- ca reflexiva. Revista de Educação AEC – O Papel político-social do professor. Brasília. Ano 26 n. 104, jul/set. 1997. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. Formação continuada de professores e novas tecnolo- gias. Maceió, AL: EDUFAL, 1999. REGO, Tereza Cristina. Vygotsky. Uma perspec- tiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. RIBAS, Mariná Holzmann; CARVALHO, Marlene Araújo; ALONSO, Myrtes. Formação continua- da de professores e mudança na prática pe- dagógica. In: qUELUZ, Ana Gracinda (orient.); ALONSO, Mirtes (org.) O trabalho docente: te- oria e prática. São Paulo: Pioneira, 1999. SCHMIDT, Leide Mara; RIBAS, Mariná Holz- mann, CARVALHO, Marlene Araújo. A práti- ca pedagógica como fonte de conhecimento. In: qUELUZ, Ana Gracinda (orient.); ALONSO, Mirtes (org.) O trabalho docente: teoria e prá- tica. São Paulo: Pioneira, 1999. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. capítulo 3 27 Profa. Ms. Edna Cavalcanti Novaes Gonçalves Carga Horária | 15 horas 1. APRENDIZAGEM Diferentemente dos demais animais, o homem é eminentemente o animal da aprendizagem, de- vido a sua capacidade constante de aprender numa rede que tende ao infinito, com perspectivas desconhecidas. O ato ou a vontade de aprenderé uma característica essencial do psiquismo hu- mano, pois somente este possui o caráter intencional ou a intenção de aprender. A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes, capacidades, potencialidades do homem, tanto físicas quanto mentais e afetivas. Isto significa que a aprendizagem não pode ser considerada somente como um processo de memorização ou que emprega apenas o conjunto das funções mentais ou unicamente os elemen- tos físicos ou emocionais, pois todos esses aspectos são necessários. (CAMPOS, 2002, p. 33) A aprendizagem pode ser classificada segundo critérios e estudada, conforme diversas teorias. Independente da teoria, os elementos interesse, necessidade, experiência e motivação, estão in- seridos em todas elas. • Conhecer os aspectos psicológicos importantes na prática educativa. a Formação docente e oS aSPectoS PSicológicoS capítulo 328 O interesse pode ter um papel significativo como acionador do processo de aprendiza- gem. Para Claparède, ‘interesse’ equivale ‘ao que importa’, ao que tem valor de ação. A palavra interesse, segundo a etimologia (inter- esse = estar entre), expressa o seu papel inter- mediário entre as necessidades do organismo (sujeito) e o meio (objeto). A necessidade é definida como a ruptura do equilíbrio de um organismo. Necessidade é também o motor da nossa conduta, a mola que nos move. A necessidade aparece-nos como objetos a obter. Isso nos conduz ao en- tendimento de que não é a necessidade por si só que orienta, que move nossa conduta, mas, sim, a nossa necessidade em relação ao que pode satisfazê-la. Uma necessidade desapare- ce quando é satisfeita e deixa de ser a causa da atividade. E essa necessidade é logo subs- tituída por outra, de forma a verificarmos que algumas necessidades somente são satisfeitas por intermédio do surgimento de outras. É por meio das experiências que as primeiras aprendizagens vão acontecendo e, por isso, estas são chamadas de aprendizagens empíri- cas. Muitas coisas que se pensa ser natural ao ser humano nada mais é do que o resultado, de alguma forma, de aprendizagem empírica. A motivação representa, para o educador, Acesse: http://www.youtube.com/watch?v=sxfyU5PRitq uma necessidade amplamente reconhecida como propulsora de toda atividade do sujeito no sentido de uma aprendizagem. A noção de motivação está diretamente ligada à noção de aprendizagem. Para que haja aprendizagem, é necessário estar-se motivado e interessado. Na escola, o aprendizado é um resultado dese- jável, é o objetivo do processo escolar, e, nesse contexto, a intervenção é um processo peda- gógico privilegiado. A aprendizagem que sofre bastante influência da motivação do aprendiz, da compreensão, da quantidade e da qualida- de do que foi aprendido sofre também influ- ências de fatores, como: autoconhecimento e crenças sobre o próprio controle pessoal, competências e habilidades; clareza e ênfase nos próprios valores e nos valores sociais, in- teresses e objetivos; expectativas de sucesso ou fracasso; afeto, emoção, atitudes, crenças e valores; motivação resultante para aprender. A aprendizagem é mais aproveitada quando o material a si incorporado ou o conteúdo a ser aprendido é significativo e agradável. Não podemos esquecer que ele deve ser apropria- do ao nível de desenvolvimento do aluno e esperar que os resultados sejam diferentes de acordo com o nível e a necessidade de cada um deles. O respeito à diversidade faz com que o sujeito desenvolva um pensamento reflexivo, um trabalho cooperativo e o desenvolvimento da autoestima. A prática pedagógica deve levar em considera- ção as diferenças individuais que existem entre os estudantes, permitindo uma maior motiva- ção nos alunos, fazendo com que participem cada vez mais das aulas. Eles possuem dife- rentes estratégias e capacidades de aprendiza- gem e quando se sentem excluídos tendem a manifestar desinteresses pelas atividades, não conseguindo cumprir as tarefas propostas e atingir os objetivos estabelecidos. Existe hoje a necessidade de educarmos a emoção, utilizando dela própria para estimular o aluno pensar antes de agir, a não ter medo do medo, a ser líder de si mesmo, autor da sua própria história, a não apenas trabalhar com fatos lógicos e problemas concretos e, sim, também, com fatos e problemas reais de nossas vidas, do nosso dia-a-dia. A ansiedade Saiba Mais: capítulo 3 29 Isso define uma posição empírica, e o sujeito é considerado uma “tábula rasa”, cuja fonte de conhecimento encontra-se fora dele, aten- dendo ao princípio de que as experiências são internalizadas através dos sentidos e da per- cepção. Um exemplo é a “instrução programada”, re- comendada por Skinner, que é um sistema de ensino e aprendizagem, no qual a matéria a ser estudada é subdividida em etapas reduzidas, discretas e organizadas em uma sequência ló- gica, a serem aprendidas pelos alunos. Cada etapa organiza-se, deliberadamente, baseada na anterior. O aluno pode evoluir através da sequência de etapas sendo “reforçado” ime- diatamente, após cada etapa. Para as teorias comportamentais, a motivação interna não é tão significativa, porque a situação interna e as características próprias de cada sujeito são irre- levantes. Nessa perspectiva, a motivação exter- na tem um papel decisivo, pois o que importa é a estimulação externa, os reforços. Diferentemente das teorias comportamentais, as teorias cognitivistas se caracterizam por apresentar a aprendizagem como resultante de um processo de construção. Para as teo- rias cognitivistas, são levados em conta tanto os elementos interiores do sujeito quanto os exteriores, aqueles que lhe são chegados do meio. A ocorrência da aprendizagem depende de condições internas e estímulos apropria- dos. Tais teorias são fundamentadas nas ideias de alguns autores, como Jean Piaget, Bruner, Vygotsky e Gardner ou escolas de pensamen- to, como a Gestalt. Piaget, biólogo e filósofo, dedicou-se a investi- gar cientificamente como se forma o conheci- mento. Embora sua teoria não tenha intenção pedagógica, oferece aos educadores impor- é um estado afetivo provocado por um senti- mento de insegurança. Os fatores cognitivos bem como afetivos podem ser responsáveis por efeitos diferentes das atitudes positivas ou negativas sobre a aprendizagem. Várias pes- quisas também sugerem que tanto variáveis motivacionais quanto cognitivas estão prova- velmente envolvidas em diferentes resultados de aprendizagem. 1.1 Teorias de Aprendizagem A aprendizagem pela sua importância e com- plexidade tem sido estudada por muitos inves- tigadores, resultando num significativo núme- ro de teorias conflitantes e concomitantes. As teorias comportamentais fundamentadas em Pavlov, Skinner e Bandura, entre outros, es- tão presentes de modo implícito ou explícito, na educação de crianças com necessidades es- peciais, treinamento de empresas e na publici- dade. Essas teorias valorizam o comportamen- to modificado, independente de pensamentos, emoções, desejos, entre outros aspectos de natureza interior. Essas teorias não levam em conta os processos e fatores internos da pessoa nem consideram os determinantes sociais e econômicos, sendo acríticas em relação à realidade concreta, sem referência à sua historicidade, sem concebê-lo como um processo de produção coletiva, um ensino mecânico. O desenvolvimento é expli- cado como decorrente da aprendizagem. Nes- se sentido, desenvolvimento e aprendizagem são processos coincidentes. A aprendizagem se dá por condicionamento que modifica o comportamento natural do indivíduo e é vista como impressão, na mente dos alunos, das in- formações apresentadas nas aulas. Apesar da relativa facilidade e da rapidez com que o comportamento
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