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" M e"ra Martins , " Curty Ghetti. Angela Mana or I Neuvama A' discur- t bilidade COmOtendenCla no IRVING, M. A; PACHECO, A L. A sust~n a . BARTHOLO, DELAMARO, BADlM d R"o de JaneIro. In. . Ga so turistico do estado 0 I ., d Rio de Janeiro. Rio de JaneIro: - (Orgs).Turismo e Sustentablhda e no 005 b'\'dade Rio deramound, 2 . , '. lidade e sustenta I I . NS A M M Espal;o tunst!co. quaMARTI , ... Janeiro: Booklink, 2001. 'd" s francesas acerca desta rela<;:ao. In: . Seguran<;:a e espa<;:o: novas I ela 2003 Belo Horizonte. Anais, Belo Ho- ENCONTRO NAClONAL DAANPUR, 10, ' rizonte 2003. CDROM. .A cia patrimonial. In: nCONGRES- ~atrimonios afetivos: afetos, usa e Clen RAL CONGRESO INTERNAClO- -' TRIMONIO CULTU . SO INTERNACIONAL DE PA: 4 C6rdoba. Anais. C6rdoba, 2004. . NAL PATRlMONIO CULTURAL, 200, E LAO novo Cristo Redentor: mals , Y C C· PETERL , . . AL DE MARTINS, A. M. M.; SA, . . ., " I' n SIMPOSlO NAClON lugar tunstIco. n. . V't' atratividade para um eterno RA 0 TURISMO, 2003, Vit6ria. Anals. I 0- ARQUlTETURA E URBANISMO PA ria, 2003. o Centro Cultural e Turistico de Ouro Preto: uma analise te6rica sobre a reconstru~ao arquitetonica The study evaluates the reconstruction of a building located at Tiradentes Square, Duro Preto, Minas Gerais. A fire in 2003 destroyed the building of Hotel PWio, landmark buildings of the city located. The reconstruction was inaugurated in 2006 and transformed into Cultural and Tourist Center with a prime location. The intervention resulted in the reproduction of colonial architecture outside and in- ternal innovation with the use of metal frame construction technol- ogy integrated into the stone walls remaining. Duro Preto, a city holds the title of World Heritage in Brazil since 1980, is considered a tour- ist town in Brazil and the intervention reflects the intention to main- tain its consolidated picture, restoring the square. It is known that the elevation of Duro Preto as National Heritage in 1933 initiated the discussion of preservation in Brazil and, even today, influences the discussions about heritage. The research seeks to understand from the case study, how and why restore or rebuild an architectural heri- tage. On the one hand, it is evaluated as stand the symbolic values and ownership of heritage buildings; on the other hand, it is observed as the economic value interferes with justifications for intervention and protection the heritage building. Keywords: architectural heritage, reconstruction, memory, commodity, Duro Preto. Vma antiga constrw;ao que abrigava 0 conhecido "Hotel Pilao", urn dos marcos edificados da Prat;:aTiradentes, em Duro Preto, Mi- nas Gerais, foi destrufda por urn incendio e reconstrufda como Centro Cultural e Turistico do Sistema FIEMG (Federac;ao das Industrias do Estado de Minas Gerais). a incendio ocorreu em abril de 2003 e a reinaugurac;ao do imovel em abril de 2006, com a reproduc;ao exter- na da arquitetura colonial e a inovac;ao interna pelo uso de estrutura metalica como tecnologia construtiva. Fig.l- A Pra~a Tiradentes, Duro Preto. Ao fundo 0 Museu da Inconfidencia. No detalhe, 0 Centro Cultural e Turistico. Fonte: Vanessa Regina Freitas da Silva.Acervo particular, 11 ago. 2009. A intervenc;ao realizada em uma edificac;ao centenaria, destrui- da por urn incendio e localizada na prac;a referencia de centralidade da cidade permite compreender as discuss6es que surgiram. a caso apresentado possibilita valiar. a influencia de uma edificac;ao isolada - interligada a memoria e a paisagem em que se insere - no debate de como e por que restaurar ou mesmo reconstruir urn patrimonio edificado e, ainda, qual uso destinar a essa nova construc;ao. Nessa analise!, por urn lado, sao apontados os aspectos da me- moria social e a relac;ao das pessoas com 0 lugar; quando a apropria- c;ao do lugar permite a consolidac;ao de uma imagem na tentativa de representar uma identidade. Por outro lado, investigam-se os moti- vos que estao subjacentes aos interesses de preservac;ao, relaciona- dos ao modo de produc;ao capitalista, quando a imagem dos lugares transforma-se em mercadoria. Debate-se entao em que circunstan- cias e quais sao as justificativas que torna valido reconstruir urn bem edificado, considerando a importancia que Ouro Preto assume no ce- nario da preservac;ao do patrimonio historico e artistico brasileiro. A antiguidade da cidade de Ouro Preto, localizada no estado de Minas Gerais, a 96 quilometros da capital, Belo Horizonte, e sua re- presentac;ao na historia do pais, seu valor arquitetonico e paisagisti- co, refletem no entendimento do patrimonio cultural do Brasil desde a decada de 1930. A cidade permanece como exemplar de sitio histo- rico com grande expressividade e importancia. a arraial que deu origem a atual Ouro Preto foi fundado em 1698 quando se iniciava 0 Cicio do Ouro. Em 1711, elevada a categoria de vila com 0 nome "Vila Rica" e figurou como sede da capitania de Mi- nas Gerais a partir de 1720. Em 1823 foi alc;ada por Dom Pedro I a "Imperial Cidade de Ouro Preto", adotando a partir de entao 0 nome "Ouro Preto". Ao final do seculo XIX, com a proclamac;ao da Republica, a capi- tal do Estado de Minas Gerais e transferida de Ouro Preto para Belo Horizonte. Lemos (2009)2 afirma que "Belo Horizonte foi responsavel pela conservac;ao de Ouro Preto, que ficou hibernada ate chegar 0 mo- mento da sua declarac;ao como 'cidade monumento historico'" (LE- MOS, 2009, p.32). Ouro Preto foi declarada Monumento Nacional em 1933, mediante urn decreto do governo provisorio federal que "assim veio atender a uma serie de solicitac;6es partidas principalmente de intelectuais mineiros" (LEMOS, 2009, p. 45). A justificativa corrobora o contexto vigente na epoca e as icteias das primeiras Cartas Patri- moniais, quando 0 que se valorizava na produc;ao arquitetonica era a monumentalidade e a excepcionalidade. Em 1938, com a promulgac;ao do decreto-lei 25/1937, Ouro Pre- to foi considerada tombada pelo Servic;o do Patrimonio Historico e Artistico Nacional/SPHAN ao ser inscrita no Livro do Tombo de Belas Artes. A cidade era merecedora do titulo e do tombamento como re- conhecimento da arte erudita nacional que representava. Nesta epo- ca, quando iniciavam os trabalhos do SPHAN, Ouro Preto tornava-se referencia para a politica de preserva<;ao no Brasil, pois "esvaziada economicamente, a cidade foi usada como materia-prima para urn la- boratorio de nacionalidade de inspira<;ao modernista" (MOTTA, 1987, p. 110). Decadas depois, Ouro Preto torna-se a primeira cidade bra- sileira declarada Patrimonio Mundial pela UNESCO no ana de 1980. Em 1986, a cidade tambem e inscrita nos livros do Tombo Histo- rico e no Livro Arqueologico, EtnogrMico e Paisagistico. E importante observar que foi na decada de 1980 que Ouro Preto come<;ou a viver o boom da atividade turistica, impulsionado pelo titulo. A inscri<;ao nos demais livros do Tombo expressa inclusive a preocupa<;ao em resguardar 0 patrimonio em todas as suas dimens6es significativas. a acervo arquitetonico da cidade passa a ser objeto de contempla<;ao e estudos e assim permanece ate os dias atuais. Diante deste contexto, foi grande a repercussao sobre a repro- du<;ao da arquitetura colonial em uma cidade Patrim6nio da Humani- dade. As resolu<;6es sobre como e quais referencias nessa paisagem devem ou podem ser preservadas estao relacionadas as politicas pu- blicas locais e tambem, para 0 caso especifico abordado, nacionais. Alem disso, 0 valor do lugar como referencia coletiva e de identidade urbana ajudaram a delinear 0 quadro de discussao que se instaurou. UMA RECONSTRU~Ao ARQUITETONICA NO CENTRO DE OUROPRETO No dia 20 abril de 2006, vespera do feriado nacional em home- nagem ao martir da lnconfidl'mcia Mineira, era inaugurado 0 "Centro Cultural e Turistico" da Federa<;ao das lndustrias do Estado de MinasGeraisjFIEMG, na Pra<;a Tiradentes, em Ouro Preto. a empreendi- mento de tres andares ocupa 0 lugar do antigo edificio do "Hotel Pi- lao", No subsolo esta 0 Centro de Referencia do Instituto Estrada Real (uma rota turistica criada em 2001 pela FIEMG), com atendimento aos turistas e aos moradores; alem disso, ha uma livraria, urn bar j cafe e sanitarios. a primeiro pavimento abriga 0 hall de entrada com administra<;ao, guiche de informa<;6es e grande galeria para exposi- <;5es de artes. No segundo pavimento esta 0 Salao Nobre dest' d encontros tecnicos e politicos, alem de cozinha e sanitarios. ma 0 a LocaIizado na esquin d P .M . _ a a ra<;a Tlradentes com a Rua Claudio anoel, 0 antIgo casarao de arquitetura colonial era uma re"e' . para os morad l' renClaores que 0 denominavam "0 pr " .de hot I . I ao , gra<;as ao servl<;o e ana que por decadas ocupou parte do imovel q va s.ubsolo, pavimento terreo e segundo pavimento. TO~: ~p;:s~~~a~ pa~ll.nento era ocupado pelo Hotel Pilao. Alem do hotel co ~ . ex~stlam no terreo e subsolo: lojas de moveis e eletrodo~est:::Cl~; ar esanat~ .e de pedras preciosas e joias; uma farmacia' e urn ~afe qu~ permltla acesso a rede internacional de computado~es Na h' ~eglstros exatos que atestem a epoca da constru<;ao, mas seg~nd: D: rammont (2006), apos 0 incendio, escava<;6es reaIizadas revelara estruturas de alvenaria de pedra do seculo XVIII E . d .m dicios' . am a, outros m- apontam tres fases: em 1812 existiam t ' 1868 d res casas no local em , ua~; e em 1~9.4 apenas uma. au seja, foram feitos remembra- mentos ate chegar a tlpologia de uma edifica<;ao unica no seculo XIX. Fig. 2 - Fachada principal da edifica~ao antiga "0 PHao" Ft. Rd' • . • . on e. 0 ngo Marcandier Inventano Nacional de Bens Im6veis de Sitios Urbano~ Tombados/IN8I-SU, IPHAN, 2002. A substituic;:ao, material e imaterial, do casarao ocorreu devido a urn incendio que destruiu a edificac;:ao no ana de 2003. 0 incendio no imovel comec;:ou no fim da tarde do dia 14 de abril de 2003 e se alastrou rapidamente; em duas horas a edificac;:ao estava destruida pelo fogo. A falta de estrutura do grupamento de bombeiros da cidade prejudicou a combate ao incendio; caminhoes-pipa e brigadas de em- presas sediadas no municipio auxiliaram e somente com a chegada de reforc;:os dos bombeiros de Bela Horizonte foi possivel debelar a fogo. Existem controversias sabre a causa do ind~ndio e a Ministerio Publico mantem instaurados inqueritos. o predio foi comprado par urn empresario meses antes do in- cendio. A intenc;:ao era transforma-Io em urn empreendimento mais moderno, mas mantendo a usa hoteleiro. Desde a compra, a hotel nao estava mais em funcionamento; apenas as comercios foram mantidos. Fig.3 _ 0 aspecto da edifica~ao no dia seguinte ao ind~ndio. Fonte: Marcelo Santa'Anna. Jomal Estado de Minas. Belo Horizonte, p. 01(capa), 16 abr. 2003. Apos a ind~ndio e a destruic;:ao do imovel, a qual possuia urn segura contra sinistros, a proprietario decidiu vende-lo, realizando a transac;:ao em dezembro de 2004. Portanto, durante mais de urn ana, as ruinas permaneceram na cidade, sem uma resoluc;:ao sabre 0 que seria feito no local. Nesse perfodo, a IPHAN tomou providencias qu~n~o a "catalogac;:ao de todos as fragmentos dos elementos arqui- tetomcos e para a preservac;:ao das ruinas e fragmentos de fachadas de valor historico remanescentes" (DE GRAMMONT, 2006, p.18). A FIEMG tornou-se a proprietaria e, somente entao, iniciou a debate mediante a solicitac;:ao do Ministerio Publico, junto com a Prefeitura ~ com a IPHAN, sobre como intervir no bem. Se~u~d~ documentac;:ao levantada junto a Secretaria Municipal de Patnmomo e Desenvolvimento Urbano de Ouro Preto, reunioes do Grupo de Assessoramento Tecnico jGAT realizadas em 23 e 30 marc;:o de 2005 foram fundamentais para confirmar a reconstruc;:ao da edifi- cac;:ao.Logo apos a compra do imovel, a FIEMG contratou a arquiteto Fernando Grac;:apara a elaborac;:ao do projeto. Portanto, a que se de- bateu nas reunioes citadas foi a pertinencia do projeto realizado e sua adequac;:ao no contexto urbano da Prac;:aTiradentes. A intervenc;:ao nesse objeto de estudo foi denominada como "re- construc;:ao" pelos orgaos municipal e federal de preservac;:ao na ci- dade, bem como pelo arquiteto que a projetou e pela proprietaria do bem. A "reconstruc;:ao" esta entre os termos amplamente utilizados ~ara desig~ar intervenc;:oes no ambiente construido, seja em urn bem Isolado; s.e)a em conjunto. Segundo Mello e Vasconcellos (2006), exis- tern pratlcas que recebem a prefixo "re", que tern como significado "voltar a". Principalmente praticada no pos Segunda Guerra Mundial devi- do a ~estruic;:ao das cidades envolvidas no conflito, tornou-se aplica- vel dlante de perdas promovidas par tragedias. A definic;:ao esta na Carta de Burra, 1980, onde "reconstruc;:ao" apresenta-se claramente definida como "0 restabelecimento, com a maximo de exatidao, de urn e:ta~o a~terior conhecido; ela se distingue pela introduc;:ao na substancla eXIstente de materiais diferentes, sejam novas au antigos" (CURY,2004, p. 248). E afirma que as partes reconstruidas devem ser distinguidas quando examinadas de perto. Torna-se claro que uma reconstruc;:ao deve respeitar 0 bem a sofrer a ac;:aoe a seu entorno; e t~da~ as partes_ refeitas devem ser compreendidas como alga poste- nor a construc;:ao do bem destruido. Ressaltou-se em ata da reuniao do GAT que em casos semelhan- tes de destrui<;:ao por incendios ou danos de guerra saG admitidas tres op<;:6es: deixar 0 lote livre, urbanizando-o; inserir uma edifica- <;:aonotadamente moderna e contrastante com 0 entorno; ou projetar uma edifica<;:ao reinterpretando a edifica<;:ao perdida; sendo a ultima op<;:aoa escolhida para 0 caso em Ouro Preto. A reconstru<;:ao realizada promoveu uma releitura da volumetria da edifica<;:ao antiga e dos elementos compositivos das fachadas, to- dos similares aos da edifica<;:ao destruida. Utilizou-se como tecnolo- gia construtiva a estrutura metalica aliada as ruinas de alvenaria de pedra. Os materiais colocados nos elementos arquitetonicos externos como gradis, esquadrias e cimalhas saG modernos e tiveram seu as- pecto estetico simplificado. Fig.4 - Interior do Centro Cultural e TUristico: a alvenaria de pedra remanescente e a estrutura metaJica. Fonte: Vanessa Regina Freitas da Silva. Acervo particular, 11 ago. 2009. Algumas quest6es contrarias foram colocadas quanta aos aspec- tos externos da nova edifica<;:ao proposta: a confusao da leitura dos elementos arquitetonicos que comp6em a paisagem e a falta de clare- za ao l:igo sobre a informa<;:ao do periodo em que foi erguida. 0 que se teml.a era que a arquitetura reconstruida levasse a um falseamento da rea~dad.e o.~ue, .no jargao utilizado na area da restaura<;:ao e con- serva<;:ao, slgmfIcana criar um pastiche - quando se imita grosseira- mente uma obra anterior ou original. Fig.5 (a e b) - Interior do Centr.oCultural e Turfstico. Fonte: Vanessa Regina FreItas da Silva.Acervo particular, 11 ago. 2009. No caso de Ouro Preto, a op<;:ao pela reconstru<;:ao considerou alguns fatores apontados em De Grammont (2006): a complexidade de uma interven<;:ao em um espa<;:o urbano fortemente caracterizado pela ha~monia de seu conjunto arquitetonico; caracterizac;ao da in- t~rven<;:ao como reintegrac;ao de uma grande lacuna urbana da Prac;a Tlradentes, causada pela destruic;ao do antigo Hotel Pilao' dificulda- des pa,r~ se organizar urn concurso publico para a escolha de tecnicos Com sohda~ forma~6es teorica e prMica no assunto para a elaborac;ao de um proJeto de mtervenc;ao em uma propriedade privada; senti- mento de que a grande maioria da popula<;:ao de Ouro Preto aprovaria uma reconstruc;ao no local. Fig.6 - A fachada principal do Centro Cultural e Turfstico. Fonte: Vanessa Regina Freitas da Silva. Acervo particular, 11 ago.2009. Apos as discuss5es promovidas pelas institui~5es envolvidas, 0 projeto de reconstru~ao foi aprovado pelos orgaos de preserva~ao municipal e federal na cidade. As obras foram iniciadas em agosto de 2005 e apresentou rapidez devido aos trabalhos arqueologicos pre- vios realizados no terreno e pela utiliza~ao de tecnologia rapida na obra. Desde 2006 0 imovel que abriga 0 Centro Cultural e TUrlstico retomou a referencia espacial que possufa em Ouro Preto. Uma cidade se transforma com a passagem do tempo atraves da inser~ao, da perda e da modifica<;:ao dos bens materiais que comp5em o seu acervo urbano e arquitet6nico. Pode ser vista como urn docu- mento ao passo que registra, atraves dessa produ~ao arquitetonica e urbanfstica, os acontecimentos historicos e modifica<;:5es socio- -culturais. as bens edificados simbolizam como a sociedade viveu e se apropriou do espa~o urbano. Segundo a "Recomenda~ao de Paris" de 1968 os bens culturais saD "0 produto e 0 testemunho das dife- rentes tradi<;:5es e realiza~5es intelectuais do passado e constituem, portanto, urn elemento essencial da personalidade dos povos" (CURY, 2004, p.123). Assim, e possivel compreender a problematica gerada pela destrui~ao tragica de urn elemento que comp5e 0 acervo arqui- tetonico civil ouropretano, parte da memoria do lugar; e, ao mesmo tempo, avaliar a reconstru<;:ao desse mesmo bern, sendo incorporado ao conjunto edificado antigo. Como ja apresentada anteriormente, a Carta de Bu:rra define a reconstru~ao como a volta ao estado anterior conhecido da constru- <;:ao.Alem disso, pondera sobre a significa<;:ao cultural do bem que e o valor estetico, historico, cientffico ou social de urn bem. A op~ao de reconstruir uma parte (a edifica~ao) do todo (a Pra~a Tiradentes) buscou 0 restabelecimento dessa significa<;:ao cultural expressa atra- yes do conjunto arquitet6nico, pois conforme 0 art. 17° "A reconstru- ~ao deve ser efetivada quando (...) possibilite restabelecer ao conjun- to de urn bem uma significa<;:ao cultural perdida" (CURY,2004, p.250). No caso de Ouro Pre to, e seguindo a defini<;:ao dada pela carta citada, 0 bem seria a Pra<;:aTiradentes que teve a significac;ao cultural do seu conjunto perdida com a destrui~ao de uma das edifica~5es. A interven<;:ao realizada - a reconstru<;:ao da volumetria da edifica~ao e dos elementos compositivos das fachadas -, dentro da perspectiva apresentada, teve como inten~ao a restaura~ao da pra<;:a ao manter o carater de conjunto. Procurou respeitar 0 significado simbolico e identitario da edifica~ao na Pra~a Tiradentes no imaginario social. Se a memoria coletiva tern como suporte os objetos e lugares, a edifica~ao destruida representava 0 valor estetico e simbolico de uma epoca atraves da arquitetura. Porem, era uma arquitetura de urn tempo colonial que nao foi vivido pelos grupos atuais, confirmando entao a existencia inegavel de uma memoria historica que enaltece o estilo arquitetonico predominante. E tambem se sabe que nao foi urn tempo vivido e experimentado de forma igualitaria entre todos os grupos sociais existentes na epoca colonial. AU seja, definitivamente essa arquitetura nao representa todos os grupos que conformaram a sociedade de Ouro Preto ao longo dos seculos. Desta forma, a memo- ria social reflete-se fortemente como referencia espacial. A edifical,:ao tinha seu uso conhecido e reconhecido quando os moradores diziam "ali no PWio", "fica perto do Pilao", entre outras formas de apontar urn lugar, tendo como indical,:ao 0 Hotel Pilao que ocupava 0 segundo pavimento do predio. Esse entendimento da construl,:ao como referencia espacial para a cidade ajuda a com preen- der que, dentro dessa perspectiva, os ouropretanos, independente do grupo social a que pertence, valorizavam e valorizam 0 im6vel como urn fator caracterizante familiar para todos. Eco (2005) apresenta a arquitetura como urn sistema de signos que sugerem significantes os quais podem denotar funl,:oes precisas a luz de determinados c6digos. Simplificadamente, a denotal,:ao per- mite que mesmo com funl,:ao basica inexistente, urn objeto arquite- tonico comunique outra funl,:ao. Como exemplo, ele cita uma janela falsa em uma edifical,:ao. Ela tera a funl,:ao estetica, de composil,:ao; e a funl,:ao simb6lica, atraves da forma. Por esse prisma, e posSlvel ava- liar a reconstrul,:ao da edifical,:ao na Pral,:a Tiradentes: a reprodul,:ao dos elementos arquitetonicos e da volumetria, similares aoS da edi- fical,:ao perdida, seria uma maneira de reforl,:ar as funl,:oes estetica e simb6lica, as quais ja existiam e eram reconhecidamente valorizadas e, portanto, nao se pretendia destituir a construl,:ao dessas funl,:oes. Portanto, 0 valor simb6lico da construl,:ao como urn componente ur- bano prevaleceu e a reconstrul,:ao confirmou que "intervir nos cen- tros urbanos pressupoe avaliar sua heranl,:a hist6rica e patrimonial, seu carater funcional e sua posil,:ao relativa na estrutura urbana" (CASTlLHO E VARGAS,2006, p.03). Ao fazer uma releitura da arquitetura predominante no entorno, procurou-se evitar que uma construl,:ao contemporanea sobressalsse no contexto hist6rico, estetico e formal da cidade. E, desta mane ira, a mem6ria do lugar destaca 0 predio como urn elemento de identida- de da paisagem urbana e do cotidiano, mantendo-o como referencia espacial. Assim, a intenl,:ao da reconstrul,:ao foi manter a identidade visual do conjunto, retomando a informal,:ao paisaglstica que remetia, considerando que a paisagem indica as relal,:oes entre 0 ambiente flsi- co e os indivlduos, testemunhando passado e presente e mantendo-se como heranl,:a. Considerando-se apenas 0 aspecto social, a reconstrul,:ao de uma par~e de urn t~do, ou ainda, a releitura de urn componente (a edifi- cal,:ao) do conJunto arquitetonico (a pral,:a), quando as teorias atuais sobre pres:rval,:ao condenam as copias, mostrou-se justificavel, neste caso: tambem p.or se apoiar na represental,:ao historica da arquitetura na cldade. A palsagem arquitetonica foi destacada como uma nature- z~ constr~lda para contemplal,:ao e fruil,:ao estetica, alem da referen- Cia espaClal que oferece atraves de seus objetos. A paisagem relaciona-se a memoria do lugar. Tilley (2006) apon- ta que ~ paisagem e constantemente trabalhada, interpretada e com- preendld.a de acordo com os diferentes acontecimentos sociais. Por e~se ~OtIVO acontecimentos tragicos e acidentais, como guerras e in- cen~lOs, que destroem bens edificados, refletem em real,:oes de per- t~nCImento, Halbwachs (2008) chama atenl,:ao para 0 fato de que uma cldade me~o~ ~ercebe de maneira mais lenta as transformal,:oes no cur~o da h.lstona e, por esse motivo, os grupos sociais que nela vivem detem mals a percepl,:ao das modifica<;oes nos sfmbolos transmitidos por exemplo, atraves das constru<;oes, visto que "a memoria coletiv~ se ap6ia nas imagens espaciais" (HALBWACHS, 2008, p. 162). . Considerando essas reflexoes, a reprodul,:ao da arquitetura co- lomal se justifica como manutenl,:ao uma unidade estetica e tambem ~emp~ral, refletindo na aproprial,:ao do lugar e na reafirmal,:ao de uma Identldade cultural que distingue Ouro Preto diante das demais cida- des b:asileiras. A memoria do lugar ajuda a fortalecer a singularidade atra:es, d~s expressoes arquitetonicas do passado e vice-versa. E e 0 patnmomo preservado que permite essa ligal,:ao entre passado, pre- sente e futuro. . Por outro lado e fundamental avaliar a reconstrul,:ao como urn slmulacro, conforme a teoria de Baudrillard (1991). 0 simulacro fa- v~rece a ~proprial,:ao do bern, pois a imagem e associada ao patrimo- mo da paIsa,gem. que se quer valorizar. Por sua vez, a paisagem guarda tem~os d~sl.guals nas formas objetivas construldas, contudo, quando ~a~nmomahzada, busca comunicar uma imagem de temporalidade umca. Desta mane ira, a crial,:ao de algo novo na paisagem substitui 0 que era anteriormente,como urn simulacro. A reconstruc;ao da edifi- cac;ao no sitio hist6rico de Ouro Preto e urn simulacra. Ao reproduzir as fachadas do antigo Hotel Pilao, a imagem do lugar foi preservada, buscando atender a uma demanda turfstica, a qual incide sobre 0 espac;o urbano, transformando-o. Ao mesmo tem- po, intraduziu-se uma nova tecnologia construtiva. Uma desconstru- c;ao do que era outrora para que represente urn novo espac;o produ- zido, considerado melhor ou mais "adequado" para ser consumido. Considerando que a cultura tornou-se mercadoria, segundo Harvey (2005),0 patrimonio como representac;ao cultural e a materializac;ao dessa mercantilizac;ao. As edificac;5es hist6ricas "podem ser e clara- mente sao objeto de transac;ao mediante praticas de comercializac;ao da industria turfstica" (HARVEY,2005, p.32). Dentro dessa avaliac;ao da influencia turfstica, importa destacar o documento que tratou exclusiva e detalhadamente da temcitica do turismo: a "Carta de Turismo Cultural", Bruxelas, Belgica, escrita em 1976, como resultado do Seminario Internacional de Turismo Con- temporaneo e Humanismo promovido pelo International Council on Monuments and Sites - Conselho Internacional de Monumentos e Si- tios / ICOMOS. Nessa carta 0 turismo e considerado "urn fato social, humano, economico e cultural irreversivel"; desse modo, mais do que estimular 0 turismo, deve-se preocupar em explora-Io direcionando- -0 para as finalidades desejadas, consciente dos efeitos positivos e negativos que possa acarretar, visto que "qualquer que seja sua mo- tivac;ao e os benef1cios que possui, 0 turismo cultural nao pode estar desligado dos efeitos negativos, nocivos e destrutivos que acarreta 0 usa massivo e descontrolado dos monumentos e dos sitios". Ou seja, na Carta de Turismo Cultural nao se omite 0 potencial negativo que a atividade turistica pode acarretar e admitem-se seus efeitos. Urn patrimonio, ao ser restaurado ou reconstruido, mantem 0 passado no presente para fazer parte de urn projeto futuro, inserido de alguma forma em uma visao de mercado. Jeudy (2005) afirma que "0 defeito da restaurac;ao e produzir uma equivalencia estetica da ci- dade, de sua hist6ria, de seus estratos organicos, e induzir uma convergencia de olhares na direc;ao de urn unico ponto de vista indi- ferenciado" (JEUDY,2005, p. 87). O.qu,e ~ais se discute quando se trata de uma intervenc;ao sobre o pa~nmomo preservado e a autenticidade do bern, sua manutenc;ao ~u nao, e, consequentemente, do sitio preservado. A "Carta de Brasi- lIa" de ~~9S .critica veementemente a transformac;ao do patrimonio em cenano VIStOque em ediffcios e conjuntos de valor cultural "as fa- c~adas, a mera cenografia, os fragmentos, as colagens, as moldagens sao desaconselhados porque levam a perda da autenticidade intrin- seca do bem" (CURY,2004, p.328). " P:ra Serpa (2007) "As cidades sao reinventadas a partir da reu- til~zac;ao das formas do passado, gerando uma urbanidade que se ba- sela, sobretudo: ~o consumo e na praliferac;ao (desigual) de equipa- mentos culturals (SERPA, 2007, p.107). Nesse contexto, outra carta ~eve ser comentada: 0 "Compromisso de Brasilia'; de abril de 1970, flrmado durante 0 10 Encontro dos governadores de Estado secreta- rios ~staduais da area cultural, prefeitos de munidpios inte~essados, presldentes e representantes de instituic;5es culturais. Destaca-se en- tre as resoluc;6es a recomendac;ao de "utilizac;ao preferencial para ca- sas de cultura ou repartic;6es de atividades culturais, dos im6veis de valor hist6rico e artistico cuja protec;ao cabe ao poder publico" (CURY 2004, p.140). Esse item apontado pelo documento levou a dissemi~ n~c;~o.de "c~n~ros culturais" nas cidades brasileiras, geralmente sem cntenos deflmdos de demanda ou sem orientac;ao profissional como suporte para 0 andamento das atividades desenvolvidas. Reflete a in- tenc;ao de fabricar espac;os de cultura diante da valorizac;ao turistica do patrimonio. Ao considerar a preservac;ao da Prac;a Tiradentes no espac;o urbano de Ouro Preto e a reconstruc;ao de urn elemento da sua pai- sagem, percebe-se que as intervenc;6es no patrimonio edificado sao voltadas para uma cultura produzida, atendendo ao turismo. Tilley (2006) destaca 0 turismo como forma de consumo da cultura local por pessoas externas a essa realidade. 0 turista busca consolo e re- ferencias que a modernidade destruiu, uma noc;ao de comunidade. 0 patrim6nio torna-se pedac;os da cultura moderna material numa ten- tativa da manutenc;ao da singularidade do lugar como "pec;a unica do capital cultural a ser mantido e comercializado" (TILLEY, 2006, p.14). Carlos (1999) avalia que h3. a transformac;ao de cidades inteiras para atrair turistas e esse process a "provoca de urn lado a sentimen- to de estranhamento - para as que vivem nas areas que urn deter- minado momenta se voltam para a atividade turfstica - e de outro transforma tudo em espetaculo e a turista em espectador passivo" (CARLOS, 1999, p.26). A reinterpretac;ao de elementos de uma edifi- cac;ao mostrou-se eficaz para restabelecer a unidade de urn conjunto em busca da manutenc;ao de uma realidade local para ser visitada e consumida. A intervenc;ao em Ouro Preto contribuiu para restabelecer a uni- dade da prac;a, para restaura-la. Ao mesmo tempo, contribuiu para tornar falseada a visao imediata e externa que as visitantes tern desse conjunto, valorizando mais a imagem consolidada frente a sua pro- pria autenticidade. o Centro Cultural e Turfstico de Ouro Preto permanece como ele- menta parte da paisagem da Prac;a Tiradentes que remete a uma ima- gem urbana historica e valorizada como patrimonio da Humanidade. Privilegiou-se a reconstruc;ao de urn bem cultural, perpetuando urn perfodo historico valorizado pelas polfticas de preservac;ao e tambem pela mercantilizac;ao do patrim6nio em cidades turfsticas. Sobre 0 autor Vanessa Regina Freitas da Silva Mestre em "Memoria Social e Patrimonio Cultural" pela UFPel/RS (2011) Ar- quiteta Urbanista pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004) Institui- ~ao: Faculdade Presidente AntOnio Carlos de Born Despacho/MG - Curso de Mquit,tuc, , Ucbani,mu; di<dplina Hi"",ia , T,ucia da Mquitetu," , Ucba~~_1 1. Esta analise faz parte da disserta~ao defendida pela autora em maio de 2011 cor o titulo "Patrimonio, Memoria e Mercadoria: uma reconstru~ao arquitetonica em Our Preto, Minas Gerais" dentro do programa de Mestrado em Memoria Social e Patrimoni Cultural da Universidade Federal de Pelotas/RS. 2. LEMOS,Carlos A.C.0 que Iipatrimonio hist6rico. Sao Paulo: Brasiliense SA, 2009. 5 reimpressao da 5' edi~ao de 1987.115p. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulaf:{io. Lisboa: Relogio d:<\gua. 1991 203 p. CARLOS,Ana Fani Alessandri. 0 turismo e a produ~ao do nao-Iugar. IN: yAZI GI, E.; CARLOS, Ana E; CRUZ, Rita de Cassia (orgs). 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Urn espa~o cultural com mais de dois seculos: o Teatro Municipal de Duro Preto e seu ultimo projeto de conserva~ao This article results of a research on a cultural and tourist space: the Municipal Theater of Ouro Preto - in fact on the old House of Op- era of Vila Rica, enclosing the circumstances that had motivated its construction in 1770 and the analysis of the carried through regen- eration consisting in the most recent works in 2006. The old building has more than two centuries and it is, probably, the oldest theater of South America that stilI remains in use. Uma das cidades historicas que mais atrai 0 turismo no Brasil e Ouro Preto. Criada em funs;ao da descoberta do ouro nas Minas Ge- raes no seculo XVIII, abriga edificas;6es religiosas e civis de inveja- vel valor patrimonial, tendo sido declarada patrimonio mundial da UNESCO em 1980. Palco de inumeras atividades festivas profanas e de festas religiosas, a cidade atrai turistas durante todos os meses do ano, em especial em julho, ocasiao de exposis;6es, concertos e do famoso Festival de Inverno. Neste contexto, este artigo resulta de pesquisa sobre urn espas;o cultural e tUrlstico: 0 Teatro Municipal de Ouro Preto - antiga Casa de 6pera de Vila Rica-, abrangendo as cir- cunstancias que motivaram sua construs;ao em 1770 e a analise das obras mais recentes de conservas;ao realizadas em 2006 neste imovel que tern mais de dois seculos e e, provavelmente, 0 mais antigo teatro da America do SuI que ainda subsiste. ____Jl~
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