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Curitiba 2016 Qualidade de Vida no Trabalho Tarcis Prado Junior Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501 P896q Prado Junior, Tarcis Qualidade de vida no trabalho / Tarcis Prado Junior. – Curitiba: Fael, 2016. 212 p.: il. ISBN 978-85-60531-66-0 1. Administração de pessoal 2. Qualidade de vida no trabalho I. Título CDD 658.3 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção de Produção Fernando Santos de Moraes Sarmento Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Imagem da Capa Shutterstock.com/Igor Klimov/areeya_ann Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Carta ao Aluno | 5 1. Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho | 7 2. Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social | 23 3. Enfoque Biopsicossocial da QVT | 39 4. Saúde e Segurança dos Funcionários | 57 5. Causas de Acidentes e Como Evitá-lo | 73 6. Ergonomia e os Riscos à Saúde | 83 7. Estresse no Ambiente de Trabalho | 111 8. Conceitos de Higiene no Trabalho: Como Desenvolver um Programa de Higiene e Segurança | 135 9. Aspectos Legais Envolvendo Auxílio- doença e Acidentes do Trabalho | 155 10. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) | 177 Conclusão | 201 Referências | 203 Prezado(a) aluno(a), Este livro procura abordar o assunto qualidade de vida no trabalho de uma perspectiva descritiva e crítica. A obra vai abordar diversos temas, que estão subdivididos em 10 capítulos. O primeiro capítulo vai abordar as escolas e modelos de qualidade de vida no trabalho, e o segundo, os conceitos de clima, cultura organizacional e responsabilidade social. Já o terceiro capítulo vai abordar os aspec- tos biopsicossociais da qualidade de vida no trabalho, e o quarto a saúde e a segurança dos funcionários no trabalho. Carta ao Aluno – 6 – Qualidade de Vida no Trabalho O quinto capítulo do livro trata das causas de acidentes do trabalho e de como evitá-los; o sexto capítulo aborda a ergonomia, fatores de risco e danos à saúde do trabalhador. O sétimo capítulo trata do estresse no ambiente de trabalho e o oitavo trata da higiene e segurança dos funcionários (colabora- dores) nas empresas, fábricas e demais setores. O nono aborda aspectos legais envolvendo auxílio-doença, os acidentes de trabalho ‒ mostrando as maneiras de evitá-los, além de trazer estudos sobre a taxa destes ao redor do mundo e principalmente no Brasil. Fechando o livro, o décimo capítulo apresenta a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Desta maneira, o leitor poderá ter um pano- rama do que se entende hoje por qualidade de vida no trabalho, além de ter condições de analisar criticamente suas próprias condições na empresa/ fábrica/setor que atua. Boa leitura! 1 Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho Neste capítulo, trataremos de maneira mais direta a quali- dade de vida no trabalho (QVT), mostrando como ela acontece nas empresas e também apresentando alguns modelos, além de algumas escolas (linhas de pensamento) que tratam dessa questão. Qualidade de Vida no Trabalho – 8 – Objetivos de aprendizagem: 2 conhecer a escola socioeconômica sobre a QVT; 2 conhecer a escola organizacional sobre a QVT; 2 conhecer a escola de condução humana no trabalho sobre a QVT; 2 identificar o modelo de QVT de Walton; 2 identificar o modelo de QVT de Westley; 2 identificar o modelo de QVT de Werther e Davis; 2 identificar o modelo de QVT de Huse e Cummings; 2 identificar o modelo de QVT de Nadler e Lawler; 2 identificar o modelo de QVT de Hackman e Oldham. O tema qualidade de vida no trabalho tem sido tratado como um leque amplo e, geralmente, confuso. As definições de QVT vão desde cuidados médicos estabelecidos pela legislação de saúde e segurança até atividades voluntárias dos empregados e dos empregadores nas áreas de lazer, motivação e inúmeras outras. A maioria desses caminhos leva à discussão das condições de vida e de bem-estar de pessoas, grupos, comunidades e até mesmo do Pla- neta e de sua inserção no Universo. Na verdade, a base da discussão sobre o conceito de qualidade de vida destaca escolhas de bem-estar e percepção do que pode ser feito para atender a expectativas criadas tanto por gestores como por usuários das ações de QVT nas empresas (LIMONGI-FRANÇA, 2014). Considerando os diversos conceitos, critérios, abordagens, indicadores e outros meios de discussão da QVT, podemos agrupar o assunto em escolas de pensamento. Essas escolas são: socioeconômica, organizacional e condução humana no trabalho. 1.1 Escola socioeconômica Segundo Limongi-França (2014), na atualidade, talvez a contribuição mais reveladora no campo da organização sociopolítica das nações seja a denominada “terceira via”. Anthony Giddens (1998, p. 37-76), seu principal – 9 – Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho idealizador, situa os dilemas da sociedade nos últimos 15 anos: a globalização, o individualismo e as posições políticas de esquerda e de direita, que parecem não ter mais sentido. Cresce a consciência sobre o desenvolvimento susten- tável e o futuro das novas gerações, o que coloca em xeque o processo de globalização. Para o autor, o objetivo geral da política da terceira via deveria ser ajudar os cidadãos a abrirem seu caminho por meio das mais importantes revoluções de nosso tempo: globalização, transformação na vida pessoal e relacionamento com a natureza. Os valores difundidos pela terceira via estão fundamentalmente assen- tados no princípio da igualdade social, na proteção aos vulneráveis, na liber- dade com autonomia, nos direitos com responsabilidade, na autoridade com democracia, no pluralismo cosmopolita, entre outros. Esses princípios afron- tam o conservadorismo neoliberal, principal fonte ideológica da globaliza- ção. De forma esquemática, Giddens (1998, p. 37-76) enumera os princípios básicos dessa nova corrente política: 2 desenvolvimento da cidadania; 2 responsabilidade e projetos sociais; 2 igualdade com liberdade; 2 preservação do meio ambiente; 2 desenvolvimento sustentável. A globalização tem impulsionado novas relações de trabalho e tendências que, certamente, estão refletindo na segurança, na saúde e nas expectativas do trabalhador. Cada vez mais avançada, a tecnologia proporciona equipamen- tos de proteção mais seguros e a medicina preventiva pode contar, por sua vez, com estudos e mais soluções. Ao mesmo tempo, novos desafios surgem pela revolução nas relações de produção e nas formas ocupacionais, por exemplo, o trabalho a distância. Reivindicações para diminuir a carga horária de traba- lho acontecem em vários países e, quando atendidas, esse tempo livre para o trabalhador descansar ou fazer outras atividades é direcionado para o turismo e o consumo. Simultaneamente, a inclusão de novas tecnologias pode impli- car a exclusão de pessoas da esfera produtiva (LIMONGI-FRANÇA, 2014). Qualidade de Vida no Trabalho – 10 – Figura 1.1 – Trabalho à distância (nova tendência) Fonte: Shutterstock.com/GaudiLab. Esses paradoxos da era moderna indicam a constituição de um novo paradigma das ciências sociais. A sociedade nacional está sendo redescoberta, assimilada ou subsumida pela sociedade global, uma realidade que ainda não está suficientemente codificada. 1.2 Escola organizacional A dimensão socioeconômica está presente e condiciona as formas de encarar teórica e analiticamente as questões de QVT. No caso da saúde, por exemplo, a prática terapêutica deve ser entendida somente como um dos ins- trumentos modernospara a ação da sociedade na área. Sem a compreensão desses condicionamentos socioeconômicos gerais, principalmente na veloci- dade com que a globalização afeta as relações de trabalho e estas reagem, criando especificidades históricas e regionais, não será possível apreender as reais dimensões do conceito de QVT (LIMONGI-FRANÇA, 2014). A análise de fenômenos específicos do trabalho, como saúde, segurança, motivação, adaptação de expectativas a condicionantes gerais, entre inúmero outros, limita a compreensão da investigação. A rigor, QVT envolve uma dimensão específica do local em que as relações de produção ocorrem. Trata- -se de reconhecer que grande parte das relações de trabalho, de suas práticas e de seus valores nasce de experiências no chão de fábrica, dos processos de con- – 11 – Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho trole da produção, dos tempos e dos movimentos, evoluindo para qualidade total e critérios de excelência. Embora influenciada pelas condições gerais de organização socioeconômica, é nessa dimensão, que se pode designar de organizacional, que muitos pesquisadores apoiaram sua reflexão. Talvez a referência paradoxal dessa escola seja Frederick Taylor (1856- 1915), com seus estudos sobre as melhores formas de racionalizar a produção em massa, fenômeno típico do século XX. A razão do saber de Taylor era de natureza tecnológica, por meio do uso de melhores técnicas e métodos pelos empregados, vistos como uma das partes da complexa engrenagem produ- tiva. Após essa postura fragmentada, surgiu um movimento que enfatizava as relações humanas e abria espaço, mais para frente, para as questões relativas à saúde física e mental ou psicológica do trabalhador. Esse movimento foi iniciado por Elton Mayo (1880-1949) e seus colaboradores, em Hawthorne, nos Estados Unidos. Os centros reais de liderança estariam apoiados nas relações interpessoais da unidade do trabalho. Seguiram-se os modelos de teorias de administração X e Y de Douglas McGregor (1906-1964) e as concepções de maturidade- -imaturidade de Chris Argyris (1923-2013). Esses estudos tiveram um novo marco com Abraham Maslow (1908-1970), com o desenvolvimento do con- ceito de hierarquia de necessidades. Frederick Herzberg (1923-2000), na sequência, introduziu as necessidades higiênicas e de satisfação como pontos focais no processo de trabalho (Hersey; Blanchard, 1986). A partir da década de 1970, os gurus da qualidade, entre eles Joseph Moses Juran (1904-2008) e William Edwards Deming (1900-1993), foram os precursores da discussão das questões de qualidade pessoal como parte dos processos de qualidade organizacional. Já na década de 1990, os trabalhos dos norte-americanos Edgar H. Schein (1928-), Charles Handy (1932-), Henry Mintzberg (1939-) e Dave Ulrich (1953-) abordaram novos conceitos de condição humana no trabalho, em extenso conjunto de contribuições sob a perspectiva organiza- cional no que se refere a competência, estratégia, cultura e talento. Você sabia Experiência de Hawthorne A experiência de Hawthorne foi realizada em 1927 pelo Conselho Qualidade de Vida no Trabalho – 12 – Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos em uma fábrica da Wes- tern Electric Company, situada em Chicago, no bairro de Hawthorne, e sua finalidade era determinar a relação entre a intensidade da ilu- minação e a eficiência dos operários medida através da produção. A experiência foi coordenada por Elton Mayo e colaboradores e estendeu-se a fadiga, acidentes no trabalho, rotatividade de pessoal (turnover) e efeito das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. Nessa fábrica havia um grande departamento no qual moças mon- tavam relés de telefone. A tese era de que, aumentando-se a lumi- nosidade, a produtividade também aumentaria. A Western Electric fabricava equipamentos e componentes telefônicos. Na época, valorizava o bem-estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e boas condições de trabalho. A empresa não estava interessada em aumentar a produção, mas em conhecer melhor seus empregados. A conclusão a que o estudo chegou foi de que o nível de produção é determinado pela integração social, e não pela capacidade física dos operários. Foi descoberto também que o comportamento do indivíduo se apoia totalmente no grupo (agem como parte do grupo). Ainda foi identificado que o comportamento dos trabalhadores está condicionado a normas e padrões sociais (agem de modo a obter recompensas sociais ou a não obter sanções sociais). A empresa passou a ser vista como um conjunto de grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal. A existên- cia de grupos sociais que se mantêm em constante interação social dentro da empresa. O moral do trabalhador é influenciado pelo conteúdo e pela natureza do trabalho. Os elementos emocionais e mesmo irracionais passam a merecer uma maior atenção. EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE. Dicas aos alunos. 23 mar. 2008. Disponível em: <http://www.posgrad.net/2008/03/experin- cia-de-hawthorne.html>. Acesso em: 10 ago. 2016. (Adaptado) – 13 – Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho Já com a denominação de qualidade de vida, Walton (1975) foi o pri- meiro autor norte-americano que fundamentou, explicitamente, um con- junto de critérios sob a ótica organizacional, iniciando uma importante linha de pesquisa de satisfação em QTV. Entre os autores mais recentes, Peter Spink é sem dúvida uma referência internacional, com uma visão sociotécnica. Eda Conte Fernandes e Marcus Vinicius Carvalho Rodrigues destacam-se como pensadores e consultores contemporâneos das questões organizacionais de QTV. Do conjunto de contribuições da escola organizacional, podem-se des- tacar as seguintes características: 2 expansão dos processos de qualidade e produtividade para o de qualidade pessoal; 2 política de gestão de pessoas – valorização e capacitação; 2 marketing – imagem corporativa e comunicação interna; 2 tempo livre – desenvolvimento cultural, hábitos de lazer e esporte; 2 risco e desafio como fatores de motivação e comprometimento. 1.3 Escola de condição humana no trabalho Toda pessoa é um complexo biopsicossocial, isto é, tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem simultaneamente às condi- ções de vida. Essas respostas apresentam variadas combinações e intensidades nos três níveis e podem ser mais visíveis em um deles, embora eles sejam sempre interdependentes. Esse conceito advém da medicina psicossomática e Zbigniew J. Lipowski (1924-1997) é seu precursor. Nessa visão, a pessoa prevalece como ente biopsicossocial e os fatores psicossociais são fundamen- tais para a explicação da saúde e da doença da sociedade moderna. A visão biopsicossocial está assim fundamentada: 2 a dimensão biológica refere-se às características físicas herdadas ou adquiridas ao nascer e durante toda a vida ‒ inclui metabolismo, resistências e vulnerabilidades dos órgãos ou dos sistemas; 2 a dimensão psicológica refere-se aos processos afetivos, emocionais e de raciocínio, conscientes ou inconscientes, que formam a peso- Qualidade de Vida no Trabalho – 14 – nalidade de cada pessoa e seu modo de perceber e posicionar-se diante das demais pessoas e das circunstâncias que vivencia; 2 a dimensão social revela os valores socioeconômicos, a cultura e as crenças, o papel da família e de outras formas de organização social, no trabalho e fora dele, os sistemas de representação e a organização da comunidade a que cada pessoa pertence e da qual participa. O meio ambiente e a localização geográfica também formam a dimen- são social. Essa conceituação é descrita por Lipowski (1986) como o resgate de uma visão mais ampla do conceito de saúde que tem sido a tendência nas últimas décadas. A saúde não seriaapenas a ausência de doença, mas também o com- pleto bem-estar biológico, psicológico e social. Essa conceituação, adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1986, abre campo significativo para a compreensão dos fatores psicossociais na vida moderna e, especifica- mente, no desempenho e na cultura organizacionais da saúde do trabalho. Figura 1.2 – Saúde como estado de bem-estar Fonte: Shutterstock.com/Dirima. Para atender às especificidades da cultura e do ambiente organizacio- nais, criou-se a dimensão organizacional, que se refere às questões de imagem corporativa, inovação e tecnologia, sistemas de controle, movimentações e registros, programas de treinamento e desenvolvimento e outras atividades específicas das empresas. – 15 – Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho Essa compreensão do ser humano, em que o indivíduo é seu corpo, revela condições de vida e marcas das experiências vividas e desejadas. Situa- -se na mesma proposta da visão holística de homem. Para Cobra (1996), o homem não pode ser dividido em departamentos, pois é um ser biopsicosso- cial (abordaremos melhor esse assunto no capítulo 10). 1.4 Modelo de Walton Para Walton, a expressão qualidade de vida no trabalho está sendo asso- ciada a quesitos ambientais e humanos deixados de lado pelas sociedades indus- triais, resultantes do crescimento da economia, do aumento da produtividade e do avanço nos processos relativos à tecnologia. Na verdade, Walton formu- lou oito critérios para avaliar a qualidade de vida no trabalho. Ele entendeu que deveriam ser observados aspectos como a compensação justa e adequada, a segurança e a saúde nas condições de trabalho, a oportunidade imediata para a utilização e o desenvolvimento da capacidade humana, a oportunidade futura para crescimento contínuo e garantia profissional, a integração social na organi- zação de trabalho, o constitucionalismo na organização do trabalho, o trabalho e o espaço total da vida e a relevância social da vida no trabalho (NUNES, 2012, p. 39). A seguir, estão descritos esses aspectos propostos por Walton (CHIAVENATO, 2002 apud CAVALCANTE et al, 2011): 2 compensação justa e adequada ‒ deve haver um equilíbrio sala- rial tanto interna quanto externamente com base no piso salarial da categoria. 2 condições de segurança e saúde no trabalho ‒ envolvem a jor- nada de trabalho, o ambiente físico e o bem-estar do funcionário. 2 utilização e desenvolvimento de capacidades ‒ proporcionam oportunidades que contribuem para a satisfação do colaborador, como empowerment, informação total sobre o processo de trabalho, ente outros. 2 oportunidade de crescimento contínuo e segurança ‒ pos- sibilitam oportunidades de carreira (ascensão) e, consequente- mente, segurança. Qualidade de Vida no Trabalho – 16 – 2 integração social na organização ‒ existência de franqueza inter- pessoal, abolição de preconceito, extinção dos níveis hierárquicos marcantes, entre outros. 2 constitucionalismo ‒ estabelecimento de normas, regras e deveres que a organização elabora para organizar os padrões de procedi- mentos, processos e comportamentos dos funcionários. 2 trabalho e espaço total de vida ‒ controle do tempo para não impedir que o empregado deixe de realizar suas atividades pessoais e familiares. 2 relevância social de vida no trabalho ‒ promover ações que des- pertem orgulho dos funcionários por trabalhar. 1.5 Modelo de Westley Nesse modelo (PEDROSO; PILATTI, 2010), os problemas oriundos do ambiente de trabalho podem ser de ordem política (insegurança), econô- mica (injustiça), psicológica (alienação) e sociológica (anomia). Cada uma dessas categorias deve ser analisada individualmente para a busca de soluções para os problemas existentes. Nessa perspectiva, a QVT é alcançada quando os postos de trabalho são humanizados a ponto de minimizar as quatro pro- blemáticas-chave, a saber: 2 insegurança (instabilidade no emprego); 2 injustiça (desigualdade salarial); 2 alienação (baixa autoestima); 2 anomia (carência de uma legislação trabalhista). Em seu estudo, Westley (1979; apud PEDROSO; PILATTI, 2010) asso- cia quatro problemáticas originadas na sociedade industrial e discute a forma como estas interferem no labor dos colaboradores. É realizada uma analogia temporal da metade do século XIX até o fim da década de 1970, justificando os motivos pelos quais tais problemáticas são importantes no contexto do trabalho. Westley atenta-se em identificar as causas e as consequências de cada problemática, além de inferir possíveis soluções para que estas se extin- – 17 – Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho gam. Entretanto, aborda somente a principal problemática das dimensões econômica, política, psicológica e sociológica, sem a preocupação de levantar demais indicadores da QVT para tais dimensões. Westley também conduz ao entendimento de que a qualidade de vida é uma condição binária, podendo existir ou não, impossibilitando a existência de classificações intermediárias. 1.6 Modelo de Werther e Davis Werther e Davis (1983) acreditam que a qualidade de vida no trabalho sofre influência de variáveis como supervisão, condições de trabalho, paga- mento, benefícios e projeto do cargo. Este último item afeta diretamente a qualidade de vida do trabalhador e, por isso, deve ser projetado de maneira a equilibrar eficiência e elementos comportamentais. Para esses autores, o departamento de pessoal deve ser proativo e procurar a melhor maneira de projetar e reformular o cargo. O projeto de cargo deve incluir elementos orga- nizacionais (abordagem mecanística, fluxo de trabalho e práticas de trabalho), elementos ambientais (habilidades e disponibilidade de empregados, expec- tativas sociais) e elementos comportamentais (autonomia, variedade, identi- dade da tarefa e retroinformação). Dentro dos elementos comportamentais, a autonomia está relacionada à responsabilidade pelo trabalho, propiciando maior senso de reconhecimento e autoestima ao trabalhador. A falta desse elemento pode acarretar o mau desempenho do cargo e apatia. Por sua vez, um trabalho que não apresenta variedade pode causar tédio, fadiga e erros. O senso de realização advém da possibilidade de realizar uma contribuição que possa ser iden- tificada. Para tanto, é impor- tante a realização de uma tarefa de maneira integral, para que se possa perceber o resultado final. Para completar o ciclo de pro- dução, é fundamental haver a Figura 1.3 – Trabalho entediante Fonte: Shutterstock.com/Andrey_Popov Qualidade de Vida no Trabalho – 18 – retroinformação sobre o trabalho desempenhado, de modo a motivar e orien- tar o trabalhador em suas funções. 1.7 Modelo de Huse e Cummings Huse e Cummings (1985) também definem QTV como uma forma de pensar que envolve pessoas, trabalho e organização, destacando-se dois elementos distintos: 2 preocupação com o bem-estar do trabalhador e eficácia organizacional; 2 participação dos trabalhadores nas decisões e nos problemas de trabalho. Os autores entendem que esses objetivos podem ser definidos por qua- tro aspectos: 1. participação do trabalhador ‒ diz respeito ao envolvimento do empregado no processo de tomada de decisões, em vários níveis organizacionais, através de um esforço consciente e adequado da empresa. Os principais meios de operacionalizar a participação do trabalhador são a criação de grupos de trabalho cooperativos, além da inclusão dos operários de linha na análise e na solução dos pro- blemas de produção. 2. projeto de cargos ‒ envolve a reestruturação dos cargos exerci- dos por indivíduos e grupos. Para isso, deve-se considerar tanto as necessidades dos empregados como as exigências tecnológicas. Esse aspecto inclui o enriquecimento do trabalho pela maior variedade datarefa, feedback e grupos de trabalho autorregulados. 3. sistemas de recompensa inovadores ‒ trata-se de uma recente adição aos projetos de QTV que envolve todo o plano de cargos e salários da organização e visa minimizar as diferenças salariais e de status existentes entre os trabalhadores, assim como promover um ambiente de participação e de alta performance. 4. melhorias no ambiente de trabalho ‒ envolvem mudanças nas condições físicas ou tangíveis do trabalho, combinadas a outras ati- – 19 – Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho vidades de QTV. Os principais aspectos desse fator são flexibilidade de horários, instituição de grupos semiautônomos e modificações no local ou nos equipamentos de trabalho. Huse e Cummings (apud RODRIGUES, 1994, p. 78) explicitam ainda os pontos de maiores convergências e preocupações relativos às dimensões que proporcionam ao indivíduo uma melhor QTV, os quais são recompensa adequada e satisfatória, segurança e saúde no trabalho, desenvolvimento das capacidades humanas, crescimento e segurança profissional, integridade social, direito dos trabalhadores, relevância social e espaço total de vida den- tro e fora do trabalho (DIAS, 2001, p. 41-42). 1.8 Modelo de Nadler e Lawler Nadler e Lawler (1983) partem do preceito de que a variável QVT deve- ria ser claramente definida em um conceito que expressasse seu real signifi- cado e que por sua vez abarcasse o que é a QVT, quais resultados esta pode proporcionar, quais são os benefícios e quais são as condições para que pro- duza os resultados desejados. Visto que o grande número de conceitos gera- dos para definir QVT estavam interligados ao contexto em que se inseriram, Nadler e Lawler (1983) buscaram, no período de 1959 até 1982, um con- ceito particular para cada contexto. Naquele período, a QVT estava inserida em seis contextos distintos: 1. QVT como uma variável ‒ reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo. 2. QVT como uma abordagem ‒ o foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas, ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado como à direção. 3. QVT como um método ‒ um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar o ambiente de trabalho e tornar o tra- balho mais produtivo e mais satisfatório. A QVT era vista como sinônimo de grupos autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de novas plantas com integração social e técnica. Qualidade de Vida no Trabalho – 20 – 4. QVT como um movimento ‒ declaração ideológica sobre a natu- reza do trabalho e as relações dos trabalhadores com a organização. Os termos administração participativa e democracia industrial eram frequentemente ditos como ideais do movimento de QVT. 5. QVT como tudo ‒ como panaceia contra a competição estran- geira, problemas de qualidade, baixas taxas de produtividade, pro- blemas de queixas e outros problemas organizacionais. 6. QVT como nada ‒ no caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não passaria de um “modismo” passageiro. Nadler e Lawler (1983) preconizaram que a efetividade de um programa de QVT está inter-relacionada a uma série de fatores e, nessa perspectiva, apresentam uma estruturação que deve ser conduzida na implantação dos referidos programas. Seguindo um modelo em cascata, os autores sugerem atividades que devem ser exploradas nos programas de QVT, fatores que determinam o sucesso nos programas de QVT e, por fim, pontos centrais que devem ser gerenciados. 1.9 Modelo de Hackman e Oldham Esse modelo teve sua progênie associada ao modelo teórico de Hackman e Lawler, publicado em 1971. A reestruturação do modelo teórico predeces- sor, acrescida da operacionalização dos indicadores propostos nesse modelo, resultaram no instrumento de avaliação da QVT de Hackman e Oldham, publicado na forma de um relatório técnico em 1974 e também na forma de artigo científico em 1975. Com base nos estudos de Hackman e Oldham (1974), pode-se afirmar que há três fatores que influenciam na motivação no ambiente laboral, denominados Estados Psicológicos Críticos: conhecimento e resultados do trabalho; responsabilidade percebida pelos resultados do tra- balho; e significância percebida do trabalho. Os Estados Psicológicos Críticos são processos individuais que não podem ser influenciados durante o gerenciamento do trabalho, portanto, é preciso determinar propriedades do trabalho que sejam passíveis de avaliação e mudança e que possuam influência direta nos Estados Psicológicos Crí- ticos. Estas recebem a denominação de Dimensões Essenciais do Trabalho – 21 – Escolas e Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho (CHANG JÚNIOR; ALBUQUERQUE, 2002). A partir das Dimensões Essenciais do Trabalho (Variedade da Tarefa, Identidade da Tarefa, Significado da Tarefa, Autonomia e Feedback), Hackman e Oldham (1974) formularam um escore denominado Potencial Motivador do Trabalho, que avalia as pro- priedades motivacionais do trabalho, indicando o quanto este é significativo, fomenta a responsabilidade e proporciona o conhecimento dos resultados. Síntese Neste capítulo, pudemos conhecer algumas escolas sobre o tema QVT, como a socioeconômica, a organizacional e a de condução humana no traba- lho. Elas são importantes porque são linhas de pensamento sobre o assunto que vão referenciar e servir de base para todos os estudos sobre o tema. Pude- mos ainda identificar os modelos mais relevantes de QVT, como o de Walton Westley, Werther e Davis, Huse e Cummings, Nadler e Lawler, e Hackman e Oldham. 2 Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social Neste nosso capítulo do livro, vamos contemplar o clima, a cultura organizacional e a responsabilidade social. Mostraremos a importância de se pensar a responsabilidade social nas empresas e como isso pode fazer diferença na autoestima do próprio cola- borador. Vamos estudar também o clima e cultura organizacional e como eles podem atuar como veículo de qualidade de vida no ambiente de trabalho. Qualidade de Vida no Trabalho – 24 – Objetivos de aprendizagem: 2 Identificar o que é clima organizacional; 2 Identificar o que é cultura organizacional; 2 Entender como o clima e a cultura na empresa podem interferir na qualidade de vida no trabalho; 2 Entender o que é a responsabilidade social; 2 Compreender como a responsabilidade social pode influenciar na qualidade de vida no trabalho. 2.1 Clima organizacional O clima organizacional reflete o grau de satisfação do pessoal com o ambiente interno da empresa. Está vinculado à motivação, à lealdade e à identi- ficação com a empresa e à colaboração das pessoas (LACOMBE, 2011, p. 283). É por meio do estudo de clima que se pode avaliar o grau de satisfação ou insatisfação, as expectativas, o interesse, as necessidades e todas outras variáveis que envolvem o desempenho de uma equipe de trabalho. Segundo Chiavenato (1992, p. 53), “o clima organizacional constitui o meio interno de uma organização, a atmosfera psicológica, e característica que existe em cada organização. O clima pode ser percebido de diferentes maneiras pelos componentes de uma organiza- ção, muitas vezes não se conse- guindo conceituar exatamente o que ele é”. Para Maximiano (1997, p. 168 apud ANJOS, 2008), “o clima é representado pelos sentimentos que as pessoas partilham a respeito da organi- zação e que afetam de maneira positiva ou negativa sua satisfa- ção e motivação para o traba- lho”. Um clima favorável pode ser expresso como aquele que Figura 2.1 – Clima de satisfação na empresa Fonte: Shutterstock.com/ Uber Images. – 25 – Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social proporciona satisfação das necessidades pessoais dos participantese elevação do moral, já um clima desfavorável é aquele que traz frustração de tais neces- sidades. Quando há baixa motivação, o clima tende a baixar, caracterizando- -se por estados de depressão, desinteresse, apatia e outros sentimentos negati- vos que podem vir a prejudicar a produtividade do funcionário e até mesmo sua saúde física e mental. Dentre os fatores que influenciam o clima organizacional, temos a Cultura organizacional, a liderança, a motivação, o trabalho em equipe, a comunicação interna, as relações interpessoais e alguns processos da gestão de pessoas. A cultura pode ser vista como conjunto de valores, regras e percep- ções, entre outros, que são compartilhados pelos membros de uma organi- zação. Chiavenato (1992, p. 49) acredita que “através da cultura, a sociedade impõe suas expectativas e normas de conduta sobre os seus membros, con- dicionando-os a se comportarem de maneira socialmente aceitável aos seus padrões, costumes e práticas sociais”. Morgan (2002, p.157 apud ANJOS, 2008) diz que “a cultura não é algo que possa ser imposto num contexto social. Ela se desenvolve no decorrer da interação social”. Segundo esse autor, nenhuma cultura já vem predefinida, ela é criada a partir da junção entre crenças, valores e costumes diferentes que, ao se juntarem, criam um mosaico de culturas diferenciadas em vez de uma cultura uniforme. Como ocorre na sociedade, cada organização social tem a sua cultura própria e característica. Considerando-se que a cultura das empresas decorre também de valores culturais da sociedade na qual está inserida, não se pode dissociar a cultura das empresas da cultura nacional, como se as empresas fos- sem entidades isoladas ou exteriorizadas da realidade social de cada território. Cada empresa é um sistema social e complexo, com características próprias e peculiares, com suas próprias culturas e modos particulares de atuação. Elementos da cultura de um grupo certamente exercem influência sobre a percepção de seus integrantes acerca do ambiente no qual convivem. Do mesmo modo, iniciativas bem-sucedidas para mudar aspectos do ambiente de trabalho podem contribuir para a introdução de novas práticas e valores junto a um grupo, promovendo mudanças culturais no longo prazo. Qualidade de Vida no Trabalho – 26 – Os líderes de uma organização são os principais transmissores da cul- tura. Consigo trazem valores, conceitos e ensinamentos de outras empre- sas que serão repassados aos membros da nova organização ao qual passa a pertencer. Conforme ressalta Dubrin (2003, p. 355 apud ANJOS, 2008), “outro modo importante no qual os trabalhadores aprendem a cultura é por meio dos ensinamentos dos líderes, como implícito na dimensão cultural da alocação de recursos e recompensas”. A cultura, portanto, exerce influência direta no clima da organização, pois é por meio dos valores e símbolos que as pessoas conhecem melhor o trabalho e as pessoas com que irão interagir. Segundo Lacombe (2005 apud ANJOS, 2008), uma cultura bem definida garante consistência e coerência nas ações e decisões do líder sobre a equipe, proporcionando melhores condições para o alcance dos objetivos aprovados. Muitas vezes o estilo da liderança é, em grande parte, consequência da cultura de uma organização, por isso estudar aspectos inerentes aos estilos e à impor- tância da liderança é indispensável dentro do contexto organizacional. 2.2 Cultura organizacional As decisões de uma empresa são tomadas de acordo com as referências de valores que são determinadas por sua cultura (LACOMBE, 2011). Esses valores variam de uma empresa para outra, dando origem à cultura organiza- cional da própria empresa, ou seja, os hábitos, costumes, valores, repertório, enfim, as características que a empresa possui. Veja no quadro 2.1 algumas definições de cultura organizacional. Quadro 2.1 – Cultura organizacional CULTURA ORGANIZACIONAL – O QUE É? “Conjunto de valores em vigor numa empresa, suas relações e sua hierarquia, definindo os padrões de comportamento e de atitudes que governam as ações e decisões mais importantes da administração. ” “Crenças em relação ao que é importante na vida e expectativas sobre o compor- tamento dos membros da organização. ” “Conjunto de crenças, costumes, sistemas de valores, normas de comportamento e formas de fazer negócios, que são peculiares a cada empresa, que definem um padrão geral para as atividades, decisões e ações da empresa e descrevem padrões explícitos e implícitos de comportamento e as emoções que caracterizam a vida na organização. ” Fonte: Lacombe (2011, p. 275). – 27 – Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social A cultura atua em três níveis (LACOMBE, 2011). Nível 1: artefatos visíveis – comportamentos e criações Dentro de uma visão ampla, a cultura é vista como os valores e expecta- tivas comuns, da mesma forma que as histórias, lendas, rituais e cerimônias. São apenas os sintomas da cultura, seus artefatos visíveis. Os sintomas da cul- tura se manifestam no modo de as pessoas se vestirem, de falarem, nos layouts dos escritórios, na formalidade ou informalidade das pessoas e na forma de comunicação, entre outros. Esses sintomas são consequências dos valores que governam o comportamento das pessoas. Figura 2.2 – Cultura organizacional Fonte: Shutterstock.com/Sergey Nivens Nível 2: valores visíveis e conscientes São as prioridades dadas ao desempenho na função, à capacidade de inovação, à lealdade, à hierarquia e às maneiras de resolver os conflitos e problemas, entre outros. Esses valores se manifestam também na estrutura organizacional, nas políticas, nas normas e nos mecanismos para o exercício da autoridade. Enquanto esses assuntos são debatidos e se passam no nível consciente fazem parte desse segundo nível de cultura. Se se tornam incons- cientes, já são o terceiro nível. Nível 3: premissas básicas São os pensamentos sobre a natureza humana, a existência, as relações sobrenaturais, sobre o relacionamento com o ambiente, sobre as relações humanas, a ética, o trabalho e o divertimento. Essas suposições e princípios não são contestados nas organizações, pois são em geral, inconscientes. Qualidade de Vida no Trabalho – 28 – A cultura é utilizada explicitamente por meio de credos, políticas e nor- mas de procedimentos. E implicitamente, por meio de práticas e decisões. A cultura da empresa é um recurso da administração e pode ser usada para alcançar os objetivos da mesma forma que a tecnologia, os insumos de produ- ção, os equipamentos, os recursos financeiros e humanos. (LACOMBE, 2011). Você sabia A cultura pode ser ensinada! Isso mesmo, as empresas podem ensinar sua cultura por meio de documentos escritos, ou reuniões, seminários e palestras para seus colaboradores. No entanto, a forma mais forte deste ensino é por meio de ações e decisões administrativas, isto é, por meio de seleção cuidadosa dos candidatos; orientação sobre a maneira de fazer as coi- sas, por meio de normas e de treinamentos; pela abertura de canais para promoção e divulgação dos valores e princípios da organização; pela implantação de um sistema bem definido de aferição de resulta- dos e premiação de desempenhos; pela exigência de cumprimento dos valores mais importantes da organização; pela ênfase e reforço de aspectos do folclore da organização; e pelo reconhecimento do mérito dos profissionais que se destacaram e que se deseja que sirvam como exemplo aos demais. Fonte: Lacombe (2011, p. 280 (adaptado)). Não é possível mudar a cultura de uma empresa por meio de decreto direto da administração. Quando se quer mudar a cultura, é preciso mudar o sistema que a gerou e a reforçar a partir das tradições e dos hábitos. Para possibilitar práticas diferentes, é preciso criar as condições necessárias para que um jogo diferentepossa emergir. É preciso ajudar as pessoas envolvidas a tirar proveito desse novo jogo. Para chegar a esse ponto, porém, é preciso conhecer o jogo atual. Somente a partir da cultura tal como ela é será possível progredir (LACOMBE, 2011). Ou seja, é preciso conhecer bem a cultura atual para propor a mudança. – 29 – Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social A cultura pode ser mudada por meio da compreensão dos aspectos abaixo (LACOMBE, 2011): 2 as culturas devem ser mudadas pelo motivo certo. 2 a cultura da empresa não é monolítica (sólida, inabalável). 2 a cultura de uma organização reflete sua liderança. 2 o trabalho de mudança de uma cultura organizacional não pode ser delegado. 2 a mudança de cultura requer envolvimento total. 2 mudança de cultura é um processo de longo prazo. 2 as culturas estão sempre mudando: os valores da sociedade mudam com o tempo e as empresas têm que adaptar sua cultura. (LABOMBE, 2011, p. 282). 2.3 Clima, cultura organizacional e qualidade de vida no trabalho Uma empresa que possui políticas (diretrizes, normas) de cuidados e atenção ao funcionário, observando as normas técnicas de proteção aos riscos físicos, químicos e de outras ordens, certamente proporciona um ambiente saudável que tenha qualidade de vida. Não é possível obter qualidade de vida num local de trabalho onde o chão está escorregadio, não existam extintores de incêndio, não se utilizem equipamentos de proteção (EPIs) adequados à função e também onde exista pressão desmedida sobre a conclusão de tarefas, gerando stress e problemas de ordem psicológica. A organização que cuida e sabe que o clima influencia os riscos em um ambiente onde não exista qualidade de vida é também aquela cujos hábitos, procedimentos e história são coerentes com suas ações. Traduzindo: a cultura de empresas insalubres gera um clima perigoso que, naturalmente, indica a falta de qualidade de vida naquele ambiente. Ao contrário, uma empresa que tem a cultura de colocar seus funcionários (colaboradores) em primeiro lugar, é aquela que vai se esforçar para fazer de tudo pela sua segurança e felicidade no ambiente de trabalho o que, naturalmente, favorecerá a qualidade de vida Qualidade de Vida no Trabalho – 30 – plena nesse local. E isso vai trazer mais produtividade. Veja o exemplo da empresa Google no quadro 2.2 a seguir. Quadro 2.2 – O jeito Google de trabalhar O jeito GOOGLE de trabalhar Cada funcionário do Google escolhe a melhor hora de che- gar ao trabalho. A não ser que tenha algum compromisso agendado, pode organizar o dia como achar melhor. Muitos deles, mesmo assim, tomam café da manhã juntos na empresa, aproveitando a refeição gratuita e caprichada, com pães, fru- tas, sucos e iogurtes. Depois de satisfeito, cada funcionário começa a trabalhar, em sua mesa ou em qualquer outro lugar da empresa que ache melhor. Ele poderá interromper as ativi- dades ao longo do dia para relaxar com uma partida de vide- ogame ou um lanchinho, sempre gratuito. Quando concluir o que considera importante para o dia, irá embora – na hora que achar melhor. Esse ambiente livre pode até parecer natural e espontâneo, mas não é. Preservá-lo numa empresa produ- tiva, lucrativa e ambiciosa exige grandes doses de empenho e cuidado. Por esse esforço, o Google foi considerado, em 2010, o melhor lugar para trabalhar no Brasil, segundo a pes- quisa anual GPTW (Great Place to Work), publicada com exclusividade por ÉPOCA. No jeito Google de trabalhar, há uma parte mais famosa e divertida, facilmente visível na onipresença da tecnologia, nos jogos e na decoração juvenil. Pelo laboratório de programas de computador, em Belo Horizonte, e pelo escritório de administração e vendas, em São Paulo, os 200 funcionários podem transitar com seus computadores portáteis (um pre- sente de admissão), conectar-se à internet sem fio e trabalhar sentados em sofás e pufes. Para saber o que ocorrerá numa sala de reunião ao longo do dia, basta ler o código pendurado ao lado da porta, usando o smartphone (presente de Natal da empresa). Quem quiser relaxar pode receber uma sessão – 31 – Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social de massagem, disputar partidas de videogame, pebolim ou pingue-pongue, assistir a DVDs, ler revistas em quadrinhos ou descansar na rede (em quatro visitas ao Google, ÉPOCA não testemunhou nenhum jogo entusiasmado, mas encontrou vários grupos lanchando e uma soneca real). O calendário é cheio de festas – do bigode, do pijama, de Hollywood. Elas servem para comemorar datas especiais ou apenas para que os colegas se encontrem. Não é uma cultura ótima para todo mundo. Há quem se sinta melhor em ambientes mais regrados. Há quem associe essa cultura a um ideal de adolescentes do sexo masculino. Mas o Google consegue atrair o tipo de profissional que o atrai: jovial, colaborativo, com vida social intensa. Para ele, além do ambiente descontraído, há benefícios de gente grande. Entre os destaques estão os planos de saúde e odontológico de alto padrão (com cobertura idêntica para todos os funcio- nários, incluindo os diretores), o auxílio-educação (de R$ 16 mil por ano, sem nenhuma obrigação posterior por parte do funcionário), a licença-paternidade ampliada (de quatro sema- nas) e o plano de previdência que permite retirada integral do valor acumulado após quatro anos na empresa (incluindo o aporte da empresa, igual ao do funcionário, até o limite de 12% do salário). Há também auxílio para academia e ioga [...]. Os benefícios constroem um clima de bom humor. Mas há um propósito muito sério por trás disso tudo. “Procuramos pessoas que queiram se desenvolver e com senso de respon- sabilidade muito forte”, diz Mônica Santos, diretora de Recur- sos Humanos do Google para a América Latina. A afirmação pode soar deslocada entre salas de reunião com nomes como Bambolê, Atari e Playmobil, bandeiras de times de futebol e bichinhos coloridos nas mesas. Só que ela descreve muito bem as condições para que toda essa mordomia continue à disposição. A empresa pode, sim, deixar que o funcionário defina seus horários – contanto que ele seja rigoroso no cum- primento das tarefas. A empresa pode, sim, compartilhar infor- Qualidade de Vida no Trabalho – 32 – mação com ele – contanto que ele zele seriamente pelo sigilo, tanto quanto qualquer alto executivo. Esse relacionamento revela o que os funcionários mais apreciam na companhia, para além dos benefícios e da descontração: a autonomia individual, a circulação livre da informação e a liber- dade de comunicação e debate, independentemente de hie- rarquia. São pontos centrais de uma cultura definida há 12 anos pelos fundadores da companhia, Sergei Brin e Larry Page, então estudantes da Universidade Stanford. Ela é insistentemente difundida entre os mais de 10 mil funcionários que trabalham em 70 escritórios e dezenas de laboratórios do Google espalhados pelo mundo. ÉPOCA conversou com 18 funcionários em São Paulo, Belo Horizonte e Mountain View, na Califórnia, além de diretores, e todos destacaram essa cultura como valiosíssima. “Aqui, é preciso desaprender e aprender a trabalhar de novo”, diz Alexandre Hohagen, diretor-geral para a América Latina. “Importa menos seu cargo e mais sua capacidade de colaborar, convencer, influenciar, organizar uma rede. A hierarquia tem seu valor, mas ele é menor.” A forma de lidar com as tarefas e os colegas baseada em altas doses de autonomia e de responsabilidade individual ao mesmo tempo não nasceu com o Google. Ela começou a se desenhar nos departamentos de pesquisa de empresas e do governo americano durante a corrida espacial e armamentista. Naquele momento, já se começava a confiar na viabilidade de reunir indivíduos especialmente criativos e inteligentes, dar a elesuma missão clara, metas técnicas difíceis e deixar que, para cumpri-las, eles se organizassem da maneira mais livre possível. A versão Google dessa filosofia chegou ao Brasil em 2005, quando foi aberta a filial nacional. Fonte: Revista Época. 2011. Disponível em: <http://revista- epoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI164680-16165,00- O+JEITO+GOOGLE.html.>. Acesso em: 17 ago. 2016. – 33 – Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social Com a conscientização de que o colaborador é o ativo mais importante da empresa, uma organização pode também promover uma mudança de cultura que vai, consequentemente, acarretar a alteração do seu clima. Uma empresa que não prestava atenção aos riscos e à qualidade de vida do seu pes- soal, passa a ser promotora de saúde e ambiente saudável a partir do momento em que começa a criar normas explícitas (manuais, regulamentos) e implícitas (comportamentos, ações) para isso. Então, é possível sim a mudança: basta vontade. Basta perceber que a empresa é responsável pelos seus e também por toda uma sociedade na qual está inserida. 2.4 Responsabilidade social As transformações sociais, econômicas e tecnológicas, ocorridas, princi- palmente, no decorrer das últimas décadas, originaram um contexto em que as relações entre empresas, sociedade e Estado têm sido modificadas cons- tantemente (BASTOS et al, 2014). Como consequência, a avaliação da per- formance das empresas que, anteriormente, era somente econômica, agora inclui critérios de natureza social e ambiental. Além disso, sob pressão de vários segmentos sociais, as empresas começaram a assumir maior responsa- bilidade pelo bem-estar da sociedade. O significado, práticas, complexidade e relativa liberdade de aplicação de regras da RSC (responsabilidade social corporativa), dependendo do país, variam muito. Porém, a ideia central é de que a RSC reflita as necessidades e consequências sociais do sucesso de um negócio. Na prática, a RSC consiste em desenvolver políticas e práticas de corporações que ajuízam a responsabilidade social em relação a bens sociais mais amplos (Matten & Moon, 2008 apud Bastos el al, 2014). A Comissão Europeia define RSC como um conceito fundamental por meio do qual as empresas, voluntariamente, integram preocupações sociais e ambientais nas suas operações comerciais e em interações com seus stakeholders1 (European Commission, 2002). Segundo Husted e Salazar (2011 apud Bastos et al, 2014), a RSC pode se apresentar de três formas: coercitiva (a empresa faz pela imposição da lei); altruísta (a empresa faz por entender que é seu dever); e estratégica (a empresa 1 Aquelas pessoas (ou empresas) que dão suporte (no sentido de apoiar) à organização. Qualidade de Vida no Trabalho – 34 – faz somente se a ação gerar resultado positivo em termos de performance). Matten e Moon (2008 apud Bastos et al, 2014) dividem-na em explícita e implícita, conforme o quadro 2.3 nos mostra. Quadro 2.3 – Responsabilidade social corporativa explícita e implícita RSC EXPLÍCITA RSC IMPLÍCITA Descreve as atividades corporativas para assumir responsabilidade pelos interes- ses da sociedade. Descreve o papel das corporações nas mais amplas instituições formais e informais visando aos interesses da sociedade e suas preocupações. É formada por políticas corporativas voluntárias, programas e estratégias. É formada por valores, normas e regras que, frequentemente, resultam em requisitos codificados e obrigatórios para a empresa. Incentivos e oportunidades são moti- vados pelas expectativas e percepções das diferentes partes interessadas da empresa. Motivada pelo consenso da sociedade sobre as legítimas expectativas dos papéis e as contribuições dos princi- pais grupos da sociedade, incluindo as empresas. Fonte: Matten & Moon (2008, p. 8 apud Bastos et al, 2014). Na RSC, como elemento explícito presente nas economias de mercado liberal, as instituições encorajam o individualismo, a formação de atores ativos, o liberalismo, a governança em rede e a formação de atores isolados. Por outro lado, como elemento implícito, presente nas economias de mercado coorde- nado, as instituições encorajam o coletivismo, o incentivo à formação de pro- gramas orientados, a solidariedade, a governança participativa e a associação e/ ou interligação dos atores (Matten & Moon, 2008 apud Bastos et al, 2014). Saiba mais Algumas empresas confundem Responsabilidade Social com Filantro- pia. Mas o que é Responsabilidade Social? O termo “responsabili- dade social” encerra sempre a ideia de prestação de contas: alguém deve justificar a própria atuação perante outrem. Durante muito tempo, este foi entendido, em uma visão tradicional, como sendo – 35 – Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social a obrigação do administrador de prestar contas dos bens recebidos por ele. Ou seja, economicamente, a empresa é vista como uma entidade ins- tituída pelos investidores e acionistas, com objetivo único de gerar lucros. Entretanto, tal perspectiva não se aplica no mundo contemporâneo. Já se sabe que a empresa não se resume exclusivamente ao capital, e que sem os recursos naturais (matéria prima) e as pessoas (conheci- mento e mão de obra), ela não gera riquezas, não satisfaz às necessi- dades humanas, não proporciona o progresso e não melhora a qua- lidade de vida. Por isso, afirma-se que a empresa está inserida em um ambiente social. Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos, uma das principais instituições responsáveis pela difusão do conceito de responsabilidade social na sociedade brasileira, define esse conceito como: “(...) a atitude ética da empresa em todas as suas atividades. Diz respeito às interações da empresa com funcionários, fornecedo- res, clientes, acionistas, governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos da responsabilidade social podem bali- zar, inclusive, todas as atividades políticas empresariais”. (GRAJEW, Instituto Ethos, 2001). Atualmente, a intervenção dos diversos atores sociais exige das orga- nizações uma nova postura, calcada em valores éticos que promovam o desenvolvimento sustentado da sociedade como um todo. A ques- tão da responsabilidade social vai, portanto, além da postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva de gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração de valor para todos. É impor- tante ressaltar que a responsabilidade social é, ainda, um processo em crescimento em vários países do mundo e, principalmente, no Brasil. A questão da participação das empresas privadas na solução de necessidades públicas está nas pautas das discussões atuais. Embora alguns defendam que a responsabilidade das empresas privadas na área pública limita-se ao pagamento de impostos e ao cumprimento das leis, crescem os argumentos de que seu papel não pode ficar restrito a isso, até por uma questão de sobrevivência das próprias empresas. Outro argumento é o fato de que adotar posturas éticas Qualidade de Vida no Trabalho – 36 – e compromissos sociais com a comunidade pode ser um diferencial competitivo e um indicador de rentabilidade e sustentabilidade no longo prazo. A ideia é de que os consumidores passam a valorizar comportamen- tos nesse sentido e a preferir produtos de empresas identificadas como socialmente responsáveis. As empresas socialmente responsá- veis são aquelas que buscam o diferencial, um exemplo é a empresa Kanneberg, Barker, Hail & Cotton Tabacos Ltda. (KBH&C), que atua de forma coerente, com profissionais qualificados na área e pos- sui a certificação da Norma SA 8000. Gostaria que outras empresas também visualizassem este novo cenário social que se apresenta no mundo moderno. Aquelas que não acompanharem a contempora- neidadeinfelizmente terão seus dias contados. Fonte: http://www.ipea.gov.br/acaosocial/articleaeba.html?id_arti- cle=632. Acesso em:17 ago. 2016. A responsabilidade social, no seu âmbito mais restrito – a devolução à sociedade de parte dos lucros acumulados pelas empresas, em forma de caridade, solidariedade – não é recente. Muito antes de a responsabilidade social ser sis- tematizada, já era prática dos grandes magnatas da indús- tria como Carnegie, Lever ou Cadbury (Blowfield e Murray, 2008; Lantos, 2001; Post et al., 2002), reconhecidos filan- tropos. Na era pós-revolução industrial, foram muitos os casos em que esses gestores tentavam colmatar a falta de Figura 2.3 – Responsabilidade social Fonte: Shutterstock.com/ jannoon028. – 37 – Clima, Cultura Organizacional e Responsabilidade Social condições socioeconômicas dos seus empregados, criando verdadeiras “cida- des” dentro das suas empresas, com escolas, hospitais, casas, e todo tipo de infraestruturas necessárias ao bem-estar dos seus trabalhadores. 2.5 Responsabilidade social e qualidade de vida no trabalho A qualidade de vida no trabalho é medida também pelo nível de satis- fação (e orgulho) que um funcionário tem em trabalhar numa empresa. Esse sentimento pode ser criado ou potencializado por comportamentos e atitudes que a empresa possa vir a ter em relação aos seus programas sociais ou outros que façam diferença no local onde se situam. A figura 4 mostra uma reportagem sobre as empresas mais admiradas do Brasil. A maioria delas possui programas de responsabilidade social em que os funcionários e colaboradores podem atuar, ajudando a sociedade e o seu próximo. Figura 2.4 – Empresas mais admiradas do Brasil Fonte: Revista CartaCapital (2013). Pouca gente gostaria de trabalhar numa organização que gere ou provo- que o mal-estar social, então o fato de o colaborador estar numa empresa que pratica o bem já pode gerar uma “predisposição boa” (um goodwill, como se diz em Relações Públicas) em relação à empresa. Qualidade de Vida no Trabalho – 38 – Síntese Neste capítulo pudemos identificar o que é clima organizacional e como ele afeta a organização como um todo, bem como a cultura organizacional (lembrando que um depende do outro). Vimos também que o clima e a cultura podem interferir na qualidade de vida do trabalho, na medida em que inspira o funcionário a ter uma boa receptividade para com a empresa, gerando assim maior satisfação em ser parte da instituição. Estudamos também a responsabilidade social e pudemos compreender como esta pode influenciar na qualidade de vida no trabalho. 3 Enfoque Biopsicossocial da QVT Neste capítulo, vamos estudar o enfoque biopsicossocial da qualidade de vida no trabalho, ou seja, quais são os fatores físicos, psíquicos e sociais que devem ser observados quando falamos em uma vida mais feliz no ambiente de trabalho. Qualidade de Vida no Trabalho – 40 – A abordagem biopsicossocial de avaliação da QVT compreende o indi- víduo como parte do todo, abrangendo suas potencialidades e seus aspectos biológicos, psicológicos, sociais e organizacionais, que contribuem para a concepção integral da condição humana. Por meio da abordagem biopsi- cossocial, pode-se identificar que um indivíduo, antes de tudo, é dotado de valores e advindo de um contexto singular que o constitui como um ser humano, ou seja, um ser social (LIMONGI-FRANÇA, 2010)O objetivo desse capítulo é: 2 entender o enfoque biopsicossocial da QVT; 2 identificar o modelo BEO para a QVT; 2 compreender a aplicação do enfoque biopsicossocial na QVT. 3.1 Enfoque biopsicossocial da QVT Os conceitos de QVT são influenciados pelas condições de saúde física e mental, segurança, conforto, direito e deveres, relações de vida no trabalho, bem como pelos desejos e necessidades dos indivíduos (VASCONCELOS, 2001 apud BRITO et al 2014). As discussões em torno da QVT colocam em destaque e reafirmam a importância da satisfação das necessidades e expectativas do capital humano na gestão de pessoas, além disso, promove o debate sobre a necessidade de se pensar e repensar as políticas e práticas de gestão atualmente adotadas pelas organizações (BRITO; REYES; RIBAS, 2010; BATISTA; ANTU- NES; IIZUKA, 2012, apud BRITO et al 2014). A esse propósito, a visão biopsicossocial de QVT pode ser uma estratégia vital para o bem-estar e a satisfação profissional. A abordagem biopsicossocial originou-se a partir da Medicina Psicosso- mática, que propõe uma visão integrada do ser humano. Esta visão atua sob a ótica de que todo indivíduo é um complexo-psicossomático composto de potencialidades biológicas, psicológicas e sociais, que respondem concomi- tantemente às condições da vida, fatores esses que contribuem para a forma- ção integral do ser humano (LIMONGI-FRANÇA, 1996; SAMPAIO; LUZ 2009, apud BRITO et al 2014). – 41 – Enfoque Biopsicossocial da QVT Figura 3.1 – Medicina Psicossomática Fonte: Shutterstock.com/kentoh. Como elemento de gestão organizacional, a abordagem biopsicossocial de QVT dá consistência para o desenvolvimento sustentável do trabalho, com credibilidade social e comunitária, integração psicossocial, capacitação, realização, além do mapeamento de necessidades e expectativas pelo contrato psicológico (LIMONGI-FRANÇA, 2009, apud BRITO et al 2014). Nessa visão, Limongi- -França (1996) ressalta que o nível biológico diz respeito às características da condição físi- cas do ser humano, herdadas no nascimento e/ou adquiridas ao longo de sua vida. Neste nível estão incluídos o metabolismo as resistências e as vulnerabilida- des dos seres humanos. Já o nível psicológico refere-se ao interior do indiví- duo, levando em consideração emoções, processos afetivos e de raciocínio (consciente e incons- ciente), aspectos que contri- buem para a formação da perso- nalidade, interferindo no estilo Figura 3.2 – Nível psicológico do indivíduo Fonte: Shutterstock.com/Lightspring. Qualidade de Vida no Trabalho – 42 – cognitivo pela maneira de perceber e se posicionar diante dos semelhantes e das circunstâncias da vida. Buscando integrar o conceito, com aspectos relacionados ao trabalho em organizações, Limongi-França (1996, apud BRITO et al 2014) desen- volveu o nível/domínio organizacional. Assim, este nível refere-se à cultura e ao porte da organização, da tecnologia, dos padrões de competitividade no segmento em que atua etc. De acordo com Limongi-França (2009, apud BRITO et al 2014), a sucessão de comportamentos, escolhas e estímulos que o indivíduo tem no decorrer da vida, implicará em algum momento em equilíbrio ou desequilíbrio com diferentes resultados em cada uma das dimensões biológica, psicológica, social e organizacional – da vida. No entanto, Martel e Dupuis (2006, apud BRITO et al 2014) pontuam que somente o estado pessoal de equilíbrio ou desequilíbrio não determina a qualidade de vida, sendo também necessário considerar o processo como um todo, ou seja, sua subjetividade. Nas organizações, os três níveis (biológico, psicológico e social) inte- ragem e modelam as relações de trabalho onde, segundo Limongi-França (2010, apud BRITO et al 2014), vários indicadores empresariais podem ser encontrados, conforme mostra o Quadro 3.1. Quadro 3.1 – Indicadores da abordagem biopsicossocial (modelo BPSO-96) Critérios Foco Organizacional - Imagem; - Treinamento e desenvolvimento; - Processos de tecnologia; - Comitês de decisão; - Ausência de burocracia; - Rotinas de pessoas. – 43 – Enfoque Biopsicossocial da QVT Critérios Foco Biológico - Semana interna de prevenção de acidentes; - Controle de riscos ergo- nômicos – PPRA; - Ambulatório médico; - Ginástica laboral; - Refeições; - Saúde – PCSMO; - Comissão – CIPA. Psicológico- Recrutamento e seleção; - Avaliação do desempenho; - Camaradagem – clima organiza- cional; - Carreira; - Salário; - Vida pessoal. Social - Convênios comerciais; - Tempo livre – lazer; - Filhos; - Cesta básica; - Previdência privada; - Financiamento de cursos. Fonte: adaptado de Limongi-França (2010, apud BRITO et al, 2014). Na abordagem biopsicossocial, a qualidade de vida no trabalho extra- pola as questões legais ou os benefícios, pois se relaciona com a experiência emocional do indivíduo e seu trabalho, que, consequentemente, tem efeitos sobre seu próprio bem-estar (BRITO et al, 2014). Qualidade de Vida no Trabalho – 44 – 3.2 Modelo BEO (Bem-Estar Organizacional) Do ponto de vista das pessoas, pode-se afirmar que qualidade de vida é a percepção de bem-estar, a partir das necessidades individuais, do ambiente social e econômico e da expectativa de vida (LIMONGI FRANÇA, 2014). No trabalho, a qualidade de vida representa hoje a necessidade de valori- zação das condições de trabalho, da definição de procedimentos da tarefa em si, do cuidado com o ambiente físico e dos bons padrões de relacionamento. Do ponto de vista da pessoa, ela retrata a necessidade de valorização do significado do trabalho e do cargo ocupado. Potencial, criatividade, força de trabalho, inovação, compromisso e inte- ração capacitam as pessoas no ambiente organizacional, por meio de situa- ções planejadas e monitoradas para obtenção de mudanças pessoais, grupais e organizacionais. No ambiente competitivo acontece constantes esforços de mudanças que mobilizam as pessoas com todo o potencial biopsicossocial. Esse fato exige novas performances e um contínuo processo de aprendizagem e readap- tação nos procedimentos e processos decisórios. Nesse cenário composto por clientes, para responder ao mercado, devem apresentar atitudes, conhecimen- tos e operações desenvolvidos e até mesmo modelados por situações formais e informais de treinamento e desenvolvimento. O cenário atual das empresas é marcado por inquietudes individuais e coletivas, diante de fusões, incorporações, novos conhecimentos, redução dos postos de trabalho, conciliação de expectativas entre trabalho, família e consumo, sinais e sintomas de estresse, alta incidência de lesões por esforços repetitivos (LER) e impactos tecnológicos no trabalho. Esses fatos provocam novas atitudes das empresas e necessidades de mudança no modo de vida das pessoas, abrindo espaços para a discussão e a busca de fatores que cons- truam uma nova realidade organizacional. A base de análise do bem-estar nas organizações é constituída das ações e programas denominados Qualidade de Vida no Trabalho, especialmente nas questões gerenciais. Os fatores culturais da gestão da qualidade de vida no trabalho são: 2 visão da pessoa; 2 produtividade; – 45 – Enfoque Biopsicossocial da QVT 2 legitimidade; 2 perfil do administrador; 2 cultura organizacional. 2 Vamos conhecer cada um desses fatores nas seções que seguem. 3.2.1 Visão da pessoa O que se analisa na maioria das empresas são as ações aleatórias ou rela- tivas às exigências de responsabilidade civil e criminal. Ultimamente, com os temas de responsabilidade social, envelhecimento da população e desenvol- vimento sustentável, descortinam-se novos paradigmas para as questões da qualidade de vida no trabalho. Alguns desencadeadores da visão de pessoa no trabalho são típicos na nossa sociedade: Vínculos e estrutura da vida pessoal Família, atividades de lazer e esporte, hábitos de vida, expectativa de vida, cuidados com a saúde, alimentação, combate à vida sedentária e grupos de afinidades e apoio. Fatores socioeconômicos Globalização, tecnologia, informação, desemprego, políticas de governo, organizações de classe, privatização de serviços públicos, expansão do mer- cado e do seguro-saúde e padrões de consumos mais sofisticados. Metas empresariais Competitividade, qualidade do produto, velocidade, custos e ima- gem corporativa. Pressões organizacionais Novas estruturas de poder, informação, agilidade, corresponsabilidade, remuneração variável, transitoriedade no emprego e investimento em proje- tos sociais. 3.2.2 Produtividade A fundação para o Prêmio Nacional de Qualidade (FPNQU, 2002, apud LIMONGI FRANÇA, 2014) destaca que os “Critérios de Excelên- Qualidade de Vida no Trabalho – 46 – cia do Prêmio Nacional da Qualidade constituem um modelo sistêmico de gestão adotado por inúmeras organizações de ‘classe mundial’”. São crité- rios construídos sobre uma base de fundamentos essenciais para a obtenção da excelência do desempenho. Essas atitudes, expressas opor iniciativas do governo e das empresas, revelam a busca de aumento de produtividade com a qualidade requerida pela competição globalizada, dentro de padrões de desempenho fixados pela nova economia. O fator crítico de produtividade também está associado ao processo de inovação tecnológica. A tecnologia de informação está aumentando o número de empregos em todo o mundo, além de elevar as taxas de crescimento e produtividade e de reduzir custos das empresas. A principal conclusão do Relatório Anual de 2000 da OIT sobre o emprego é que há motivo para “oti- mismo cauteloso” em relação aos impactos das novas tecnologias no mundo do trabalho. O relatório enfatiza que a educação básica é o fator mais impor- tante para garantir sucesso na era digital, mas afirma que as novas tecnologias poderão contribuir para o ensino a distância nos países em desenvolvimento, reduzindo os seus custos. A cautela advém do perigo representado pelo dis- tanciamento provocado pelas tecnologias digitais, entre o mundo desenvol- vido e os países mais atrasados economicamente. 3.2.3 Legitimidade A legitimidade pode ser definida como qualidade ou caráter do que é legitimo. Condição do que se legitimou. Qualidade do que tem razão de ser na justiça ou que está em harmonia com os princípios justos, racionais ou legais, boa lógica, coerência, ou racionalidade de alguma coisa. Gasparini (2001 apud LIMONGI FRANÇA, 2014) diz que a legitimidade, na lingua- gem comum, possui dois significados: um genérico e outro específico. No genérico, quer dizer sentido de justiça ou de racionalidade. No específico, é a linguagem política. Nesse contexto, o estado é a instituição capaz de assegurar a obediência e a necessidade de recorrer ao uso da força de maneira legítima, desde que dentro dos princípios legais. A legalidade e a legitimidade devem estar relacionadas com a garantia do livre desenvolvimento da personalidade humana, dentro e fora das organizações (LIMONGI FRANÇA, 2014). O termo legitimidade significa aceitação de decisões pela maioria, res- peitando os direitos das minorias. Assim, legitimidade envolve a noção de – 47 – Enfoque Biopsicossocial da QVT que, além de os direitos e os deveres serem respeitados, as decisões, os com- portamentos e as atitudes individuais ou específicos são aceitos e respeitados (LIMONGI FRANÇA, 2014). 3.2.4 Perfil do gestor As demandas do administrador relativas à QVT estão presentes desde a sua formação, conforme dados ratificados no Relatório-Síntese do Exame Nacional de Cursos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio- nais do Ministério da Educação (RELATÓRIO MEC, 2000 apud LIMONGI FRANÇA, 2014). Os objetivos da profissão do administrador são: 2 contribuir para o aprimoramento da formação do administrador, como cidadão e profissional, para que colabore na elevação das condições de vida em sociedade; 2 integrar um processo de avaliação mais amplo e continuado do curso de Administração, incentivando ações voltadas à melhoria da qualidade do ensino; 2 subsidiar o estabelecimento de novos parâmetros e o direciona- mento contínuo do processo de ensino-aprendizagem. O perfil delineadopara o graduando de ter: 2 valores de responsabilidade social, justiça e ética profissional; 2 formação humanística e visão global, que o habilite a compreender os meios social, político, econômico e cultural em que está inserido e a tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente; 2 competências técnica e científica para atuar na administração das organizações, além de desenvolver atividades específicas da prá- tica profissional; 2 competência para empreender, analisando criticamente as organi- zações, antecipando e promovendo suas transformações; 2 competência para atuar em equipes interdisciplinares; 2 competência para compreender a necessidade do contínuo aper- feiçoamento profissional e do desenvolvimento da autoconfiança. Qualidade de Vida no Trabalho – 48 – Figura 3.4 – Perfil do gestor Fonte: Shutterstock.com/Pressmaster. 3.2.5 Cultura organizacional Aprender a mudar é, provavelmente, o principal requisito para a cul- tura organizacional nas questões de competitividade e sobrevivência. Fleury e Fleury (1987 apud LIMONGI FRANÇA, 2014) dizem que o principal desa- fio das empresas brasileiras é superar traumas e propor-se a viver em processo permanente de mudança. Esses processos tem as seguintes características: 2 processo de aprendizagem, sendo é um processo coletivo, parti- lhado por todos, e não privilegiado de uma minoria pensante.; 2 objetivos organizacionais que são explicitados e partilhados; o com- prometimento com esses objetivos ocorre em virtude da congru- ência entre os objetivos individuais de autodesenvolvimento e os objetivos de desenvolvimento organizacional; 2 comunicação que flui entre as pessoas, as áreas, os níveis, visando à criação de competências interdisciplinares; 2 desenvolvimento de visão sistêmica e dinâmica do fenômeno orga- nizacional. (LIMONGI FRANÇA, 2014). Pode-se afirmar que a competência do Bem-Estar Organizacional (BEO) é formada de conhecimentos ligados à gestão de pessoas (LIMONGI FRANÇA, 2014). – 49 – Enfoque Biopsicossocial da QVT O BEO tem focos em âmbitos da organização, do conhecimento, dos sistemas de informação e da expansão do conceito de administração, por meio da concepção de interfaces. Cada foco tem características específicas, descritas a seguir (LIMONGI FRANÇA, 2014): Figura 3.3 – Bem-Estar organizacional Fonte: Shutterstock.com/Huza. No ambiente organizacional Clima e política da empresa, espaços gerenciais, produtos e serviços, consciência dos fatores críticos de produtividade, legitimidade e conceito sólido de QVT. No âmbito do conhecimento Cuidados com o perfil do administrador no que se refere a sua formação, obtida na instituição de ensino pela consistência do projeto pedagógico, por meio dos mestres, do ambiente acadêmico extraclasse e do envolvimento com atividades da comunidade. Nos sistemas de informação e tecnologia Dados, ambiente de rede, novas linguagens e acesso a ideias de pessoas e comunidades profissionais, produtivas, culturais e alternativas. O desafio é transformar informação em comunicação efetiva e legítima. Qualidade de Vida no Trabalho – 50 – No âmbito das interfaces da administração Demonstração da presença de fatores críticos de Gestão da Quali- dade de Vida no Trabalho: o conceito de QVT, a busca da produtividade, a legitimidade das ações de QVT, o perfil do administrador, as práticas e os valores organizacionais. 3.3 Aplicação do enfoque biopsicossocial na QVT O enfoque biopsicossocial na QVT é aplicado em diversas empresas. Pensar no colaborador, a partir de uma perspectiva holística (como um todo), é o caminho mais eficaz para o desenvolvimento de um ambiente mais saudá- vel de se trabalhar e isso corresponde aos aspectos que o cercam. Os cases que seguem contam algumas histórias de empresas que desen- volveram ações de qualidade de vida no trabalho com os mais diversos enfo- ques. Em comum, todos eles têm uma abordagem mais ampla do que seja saúde do trabalhador e qualidade de vida no trabalho. São relatos que vão de ações envolvendo os funcionários e o meio ambiente, a outas incluindo a educação em seus projetos de gestão de pessoas. CASE 1 Ação social “Árvore Solidária” Cooperativa de Crédito de Livre Ad- missão- Sicredi União PR/SP A regional Cooperativa Sicredi União PR/SP, que conta com 69 Unidades de Atendimento (UA) distribuídas pelo estado do Paraná e interior de SP, incorpora para a realização de seus trabalhos e ações sociais, a política de sustentabilidade do Sistema Sicredi. No tocante a ações de caráter social, a Coo- – 51 – Enfoque Biopsicossocial da QVT perativa Sicredi União PR/SP, apoia, fomenta e desenvolve projetos e ações sociais, voltados para o desenvolvimento das comunidades onde atua. Entre os projetos sociais desenvolvidos pela cooperativa Sicredi União PR/SP destacamos a realização do Projeto “Árvore Solidária”. Iniciado em 2010 pela Unidade de Aten- dimento de Paranavaí, constituiu na montagem de uma árvore de alimentos ao invés da tradicional árvore de natal, doando tal arrecadação para uma entidade social. Reconhecido pela sua importância no âmbito social e solidário, a Cooperativa Sicredi ampliou a ação, fomentando a ideia para todas as Uni- dades de Atendimento da Cooperativa Sicredi União PR/SP. O Projeto ganha o nome de “Árvore Solidária” e passa a ser um Projeto contínuo com o objetivo de cada vez mais engajar diretores, colaboradores, associados e comunidade em geral para maior arrecadação de alimentos e consequentemente maior número de entidades beneficiadas. A cada ano que passa, é notória a amplitude da ação através dos resultados atingidos: mais Unidades de Atendimentos envolvidas na ação, maior número de arrecadação de ali- mentos e outros produtos e mais entidades beneficiadas. Os produtos são de higiene pessoal, assim como de brinquedos, entre outros. O projeto “Árvore Solidária”, no ano de 2013, mobilizou 53 unidades de atendimento, arrecadando 22101 mil quilos de alimentos, 2562 produtos como enlatados, panetones, leites e produtos de higiene pessoais e 739 brinquedos, benefi- ciando 63 entidades socioassistenciais que atendem crianças, adolescentes, idosos e famílias. Imbuída em seu princípio cooperativo, a Cooperativa Sicredi União PR/SP, almeja que projetos como a “Árvore Solidária”, motive e incentive mais empresas, instituições e pessoas, a se engajarem em projetos e ações sociais, promovendo o desenvolvimento social. Qualidade de Vida no Trabalho – 52 – Disponível em: http://www.abrh-pr.org.br/eventos/cases- -vencedores/. Acesso em: 19 ago. 2016. Figura 3.4 – Árvore solidária Fonte: Shutterstock.com/CHOATphotographer. CASE 2 Cooperando com a educação UNIMED Em 2009, a Unimed Curitiba vinha desenvolvendo ações, programas e projetos de Responsabilidade Social, com foco na promoção e prevenção da saúde e qualidade de vida, porém percebeu a necessidade de ampliar o universo de atu- ação com seus públicos de relacionamento, implementando práticas ainda não desenvolvidas em outras áreas como educa- – 53 – Enfoque Biopsicossocial da QVT ção e cultura. Antes da implantação do Projeto Cooperando com a Educação a Unimed Curitiba não tinha nenhuma ação com objetivos voltados para a melhoria da educação na comu- nidade. Foi verificado também que as escolas recebem do município uma verba reduzida para a compra de novos livros para as Bibliotecas que atendem em sua maioria não só os alu- nos das escolas como também a comunidade no seu entorno. A partir de 2009 com a implantação do projeto, que conta hoje com 28 escolas participantes, a cooperativa passou a valorizar e ampliar ainda mais as ações voltadas para a edu- cação e cultura, alinhada aos princípios cooperativistas e de responsabilidade social
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