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Suma´rio 1 Conceitos e Definic¸o˜es 7 1.1 O Sistema Internacional de Unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2 Notac¸a˜o Cient´ıfica & Ordem de grandeza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2.1 Algarismos Significativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.3 Apresentac¸a˜o de grandezas f´ısicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4 Mudanc¸as de Unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 Movimento Unidimensional 13 2.1 Posic¸a˜o e Deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 2.2 Velocidade Me´dia e Velocidade Escalar Me´dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.3 Velocidade Instantaˆnea e Velocidade Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 2.4 Acelerac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.5 Movimento com acelerac¸a˜o constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.5.1 Equac¸o˜es para acelerac¸a˜o constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.5.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3 Forc¸a e Movimento 31 3.1 Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 3.1.1 Operac¸o˜es com vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 3.1.2 Decomposic¸a˜o de vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.1.3 Vetores Unita´rios (versores) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.1.4 Somando vetores algebricamente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3.2 Posic¸a˜o, Velocidade e Acelerac¸a˜o Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.3 Mecaˆnica Newtoniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 1 2 SUMA´RIO 3.3.1 A Primeira lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 3.3.2 Forc¸a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 3.3.3 Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 3.3.4 A 2a lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 3.3.5 Algumas forc¸as especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.3.6 A 3a lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.4 Forc¸as Dissipativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3.4.1 Forc¸a de Atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3.4.2 Forc¸a de Arrasto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.5 Movimento Circular Uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 F´ısica I Ezequiel C. Siqueira — Depto. de F´ısica Ementa Os to´picos que sera˜o abordados na disciplina sa˜o os seguintes: 1. Cinema´tica, vetores e leis de Newton 2. Conservac¸a˜o da Energia 3. Sistemas de part´ıculas 4. Rotac¸o˜es Refereˆncias Bibliogra´ficas Livros principais (usados como livros-texto) O curso sera´ baseado nos seguintes livros: • HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J. Fundamentos de F´ısica, Rio de Janeiro-RJ, Livros Te´cnicos e Cient´ıficos Editora S/A, v. 1, 6a Edic¸a˜o, 2002. • NUSSENSVEIG, H. M., Curso de F´ısica Ba´sica, Rio de Janeiro, Edgar Blucher, v.1., 4a Edic¸a˜o, 2002. As edic¸o˜es podem variar, na biblioteca esta˜o dispon´ıveis va´rias verso˜es destes livros, mas na˜o existem mudanc¸as dra´sticas de uma edic¸a˜o para outra. 3 4 SUMA´RIO Outros livros de mesmo n´ıvel • ALONSO, M., FINN, E.J., F´ısica, Sa˜o Paulo, Addison Wesley Longman do Brasil Ltda, 1999, v.1, 936p. • TIPLER, P.A. F´ısica. 3a Ed., Livros Te´cnicos e Cient´ıficos Editora S/A, 1995, v. 1 • CHAVES, A., F´ısica Ba´sica, Livros Te´cnicos e Cient´ıficos Editora S/A, 2007, v. 1 • YOUNG,H.D., FREEDMAN, R.A. Sears-Zemansky. F´ısica. 10a Edic¸a˜o, Addison Wesley, 2001. Vol. 1 e 2 livros de n´ıvel intermedia´rio • KITTEL, C.; KNIGTH, W.D. e RUDERMAN, M.A. Mecaˆnica: Curso de F´ısica de Berkeley. Sa˜o Paulo, Editora Edgard Blucher Ltda., 1973. v.1. • FEYNMAN R, LEIGHTON R, and SANDS, M. The Feynman Lectures on Physics, 1964, 1966, v.1, Addison Wesley Longman. As refereˆncias The Feynman Lectures on Physics e Mecaˆnica: Curso de F´ısica de Berkeley sa˜o particu- larmente interessantes. As leituras destes livros em paralelo podem ajudar no entendimento do conteu´do exposto em sala de aula. livros de n´ıvel “avanc¸ado” Os livros a seguir NA˜O SERA˜O USADOS neste curso, mas sa˜o recomendados para aqueles que desejam se aventurar em alguma coisa mais avanc¸ada! • THORNTON, S. T., MARION, J. B., Classical dynamics of particles and systems, 2004, Bro- oks/Cole. • ARYA, A. P., Introduction to Classical Mechanics, Prentice Hall, 1998 • BEER, F. P., JOHNSTON Jr. , RUSSELL E., EISENBERG E. R., CLAUSEN W. E. , STAAB G. H. Vector Mechanics for Engineers, Statics and Dynamics, McGraw-Hill, 2003. SUMA´RIO 5 Refereˆncias Multimı´dia Cursos de f´ısica ba´sica Fundamentals of Physics-I with Professor Ramamurti Shankar Para quem arranha no ingleˆs, existem alguns cursos completos em v´ıdeo de f´ısica ba´sica. O curso do prof. Ramamurti Shankar de Universidade de Yale e´ altamente recomenda´vel. No link abaixo, e´ poss´ıvel fazer o download do curso completo gratuitamente: http://oyc.yale.edu/physics/fundamentals-of-physics Os v´ıdeos apresentam uma transcric¸a˜o em ingleˆs do que e´ dito na aula o que pode ajudar no enten- dimento do conteu´do. MIT OpenCourseWare Va´rios dos cursos oferecidos pelo MIT na a´rea de f´ısica esta˜o dispon´ıveis em v´ıdeo. E´ interessante dar uma olhada na pa´gina http://ocw.mit.edu/courses/physics/ Cursos avanc¸ados Para algue´m que tenha interesse em material extra-classe e mais avanc¸ado, recomendo os cursos do Prof. Leonard Susskind de Stanford no link: http://www.youtube.com/watch?v=pyX8kQ-JzHI 6 SUMA´RIO Cap´ıtulo 1 Conceitos e Definic¸o˜es 1.1 O Sistema Internacional de Unidades A f´ısica esta´ fundamentada em medidas. Desta forma, ao longo do tempo a metodologia e a padro- nizac¸a˜o das grandezas f´ısicas tem sido aprimorada. O sistema internacional de unidades (SI) escolheu sete grandezas fundamentais a partir das quais outras grandezas derivadas podem ser definidas. No curso de F´ısica I, treˆs grandezas sera˜o importantes: o tempo, o comprimento e a massa. Na tabela abaixo estas grandezas e as respectivas unidades sa˜o mostradas: Grandeza Nome da Unidade S´ımbolo da unidade Comprimento metro m Tempo segundo s Massa quilograma kg A partir das unidades da tabela podemos definir outras. Por exemplo, a unidade SI de poteˆncia, chamada de watt (s´ımbolo: W), e´ definida da seguinte forma 1 watt = 1 W = 1 kg× m 2 s3 onde o u´ltimo conjunto de s´ımbolos de unidades e´ lido como quilograma metro quadrado por segundo ao cubo. 1.2 Notac¸a˜o Cient´ıfica & Ordem de grandeza Ordem de grandeza e´ a poteˆncia de 10 com expoente inteiro que mais se aproxima do valor medido de uma determinada grandeza a ser analisada. Qualquer que seja o nu´mero (q) que corresponde a essa medida em 7 8 CAPI´TULO 1. CONCEITOS E DEFINIC¸O˜ES mo´dulo, esta´ compreendida entre duas poteˆncias de 10, inteiras e consecutivas, ou seja, 10n ≤ |q| ≤ 10n+1 Para obter a ordem de grandeza de um nu´mero, devemos inicialmente coloca´-la em notac¸a˜ocient´ıfica (por ex: q = a× 10n), com o nu´mero “a” obedecendo a` relac¸a˜o 1 ≤ a ≤ 10. Nesta notac¸a˜o, 3.560.000.000 m = 3, 56× 109 m 0, 000 000 492 s = 4, 92× 10−7 s. A notac¸a˜o cient´ıfica em computadores e´ usada de maneira mais abreviada como por exemplo, 3, 56E9 e 4, 92E− 7, onde E representa o “expoente de dez”. Em algumas calculadoras a notac¸a˜o e´ mais concisa substituindo-se o E por um espac¸o em branco. A decisa˜o de usar 10n ou 10n+1 (ordem de grandeza n ou n+ 1) e´ feita comparando-se o mo´dulo de “a”com o valor 101/2 ≈ 3, 16, uma vez que a variac¸a˜o do expoente e´ igual a` unidade. Assim temos: 1. Se |a| < 3, 16 a ordem de grandeza e´ 10n, 2. Se |a| > 3, 16 a ordem de grandeza e´ 10n+1 O nu´mero 2, 7 × 106 possui portanto ordem de grandeza 106 e o nu´mero 5, 9 × 106 possui ordem de grandeza igual a 106+1 = 107. Tambe´m sa˜o utilizados prefixos para denotar as poteˆncias de 10. Isto e´ muito u´til quando lidamos com nu´meros muito grandes ou muito pequenos. Fator Prefixo S´ımbolo 109 giga- G 106 mega- M 103 quilo- k 10−2 centi- c 10−3 mili m 10−6 micro µ 10−9 nano n 10−12 pico p Estes sa˜o os prefixos mais comumente usados. Acrescentando um prefixo a uma unidade no SI produz o efeito de multiplica´-la pelo fator associado. Assim, podemos escrever uma dada poteˆncia ele´trica como 1, 27× 109 watts = 1, 27 gigawatts = 1, 27 GW 1.2. NOTAC¸A˜O CIENTI´FICA & ORDEM DE GRANDEZA 9 ou um intervalo de tempo particular como 2, 35× 10−9 s = 2, 35 nanosegundos = 2, 35 ns Alguns prefixos, como os usados em mililitro, cent´ımetro, quilograma e megabyte, sa˜o certamente familiares ao leito de l´ıngua portuguesa. 1.2.1 Algarismos Significativos Suponha que uma pessoa ao fazer uma se´rie de medidas do comprimento de uma barra (l), tenha obtido os seguintes resultados: 1. comprimento me´dio: l¯ = 92,8360 cm. 2. erro estimado: ∆l = 0,312 cm. Supondo que o erro da medida esta´ na casa dos de´cimos de cm, na˜o faz sentido fornecer os algarismos correspondentes dos cente´simos ou mile´simos de cm e assim por diante. Isso quer dizer que o erro estimado em uma medida deve conter apenas o seu algarismo mais significativo. Os algarismos menos significativos do erro sa˜o utilizados apenas para efetuar arredondamentos ou simplesmente sa˜o desprezados. Neste caso, ∆l deve ser representado apenas por: ∆l = 0, 3 cm Os algarismos 9 e 2 do valor me´dio sa˜o exatos, pore´m o algarismo 8 ja´ e´ duvidoso, pois o erro estimado afeta a casa que lhe corresponde. Deste modo, os algarismos 3 e 6 sa˜o desprovidos de significado f´ısico e na˜o e´ correto escreveˆ-los. Estes algarismos sa˜o utilizados para efetuar arredondamentos ou simplesmente sa˜o desprezados. Sendo assim, o modo correto de expressar o resultado desta medida sera´ enta˜o: l = (92, 8± 0, 3) cm Nos casos em que o erro da medida na˜o e´ estimado devemos tambe´m escrever o algarismo significativo com crite´rio. Em problemas de engenharia, os dados raramente sa˜o conhecidos com uma precisa˜o superior a 2%. Portanto e´ desnecessa´rio realizar ca´lculos com precisa˜o superior a 2%. Em resumo: algarismos significativos sa˜o todos os algarismos corretos de um nu´mero mais o primeiro duvidoso. Exemplos: • 0,00007 tem 1 algarismo significativo. 10 CAPI´TULO 1. CONCEITOS E DEFINIC¸O˜ES • 0,0080 tem 2 algarismos significativos. • 23,00 tem 4 algarismos significativos. • 3,2×105 tem 2 algarismos significativos. 1.3 Apresentac¸a˜o de grandezas f´ısicas Um grandeza f´ısica pode ser representada como X = x¯±∆x, onde x¯ e´ o valor me´dio da grandeza e ∆x o seu desvio. O desvio deve ser escrito com um u´nico algarismo significativo e o valor me´dio da grandeza deve ter a mesma precisa˜o do desvio. Vejamos um exemplo: Se apo´s uma se´rie de medidas o valor da a´rea de uma chapa meta´lica for apresentada como A = (42, 2921 ± 0, 03875) m2 todos os algarismos devem ser considerados para efeito de ca´lculo. No entanto, para apresentac¸a˜o final a grandeza deve ser reescrita. No exemplo apresentado o desvio afeta a segunda casa decimal do valor me´dio da a´rea, desta forma, os outros algarismos posteriores perdem o significado, i.e., na˜o sa˜o significativos e devem ser desprezados. Assim, escreve-se o resultado final da seguinte maneira: A = (42, 29± 0, 04) m2 ou em notac¸a˜o cient´ıfica, como A = (4, 229± 0, 004)× 10 m2 O desvio foi obtido a partir da regra do arredondamento e o valor me´dio da grandeza foi reescrito com a precisa˜o do desvio. A tabela abaixo mostra a forma errada e a forma correta de se apresentar medidas de algumas grandezas f´ısicas. Grandeza F´ısica Errada Correta Comprimento (3,4563 ± 0,0037) m (3,456 ± 0,004) m A´rea (54,3524 ± 1,884) m2 (5,4 ± 0,2)×10 m2 Volume (346,43 ± 13,2) m3 (3,5 ± 0,1)×102 m3 Intervalo de tempo (345765,31546 ±205, 440) s (3,458 ±0, 002)×105 s Carga Ele´trica (0,03464±0,000489) C (3,46 ± 0,05)×10−2 C 1.4. MUDANC¸AS DE UNIDADES 11 1.4 Mudanc¸as de Unidades Frequ¨entemente precisamos trocar de unidades nas quais esta´ expressa a grandeza f´ısica. Fazemos a mudanc¸a por um me´todo chamado de conversa˜o encadeada. Neste me´todo, multiplicamos a medida original por um fator de conversa˜o. Por exemplo, pelo fato de 1 min e 60 s serem intervalos de tempo ideˆnticos, temos 1 min 60 s = 1 e 60 s 1 min = 1 de modo que as razo˜es 1 min 60 s e 60 s 1 min = 1 podem ser usadas como fatores de conversa˜o. Isto na˜o e´ a mesma coisa que escrever 1/60 ou 60 = 1; cada nu´mero e sua unidade devem ser tratados em conjunto. Como nenhuma grandeza se altera ao ser multiplicada pela unidade, podemos introduzir tais fatores onde quer que os achemos u´teis. Neste me´todo usamos os fatores para eliminar as unidades que na˜o nos interessam, por exemplo: 2 min = 2× (1) min = 2× ( 60 s 1 min ) × 1 min = 120 s Exemplos 1. (a) Supondo que cada cent´ımetro cu´bico de a´gua possui uma massa de exatamente 1 g, determine a massa de um metro cu´bico de a´gua em quilogramas. (b) Suponha que demore 10,0 h para esvaziar um recipiente de 5700 m3 de a´gua. Qual a “taxa de escoamento de massa” da a´gua do recipiente em quilogramas por segundo? (a) 1 m3 = (102)3 cm3 = 106 cm3 mas cada cent´ımetro cu´bico tem exatamente 1 g, assim, a massa de um metro cu´bico e´ dada por, m1m3 = 10 6 ×m1cm3 = 106 × 1 g = 106 g = 103 kg (b) A taxa de escoamento e´ obtida simplesmente dividindo-se o volume do recipiente pelo tempo que leva para esvazia´-lo: taxa = massa contida em 5700 m3 10 h = 5700× 103 kg 10× 1 h× 60min 1 h × 60 s 1 min = 158 kg 12 CAPI´TULO 1. CONCEITOS E DEFINIC¸O˜ES 2. (a) O ferro possui uma massa de 7,87 g por cent´ımetro cu´bico de volume, e a massa do ferro e´ 9,27×10−26 kg. Se os a´tomos sa˜o esfe´ricos e firmemente dispostos uns contra os outros. (a) qual o volume de um a´tomo de ferro e (b) qual a distaˆncia entre os centros de a´tomos adjacentes. (a) Em um cent´ımetro cu´bico temos uma massa de 7,87 g. Assim, se dividimos esta massa pela massa de cada a´tomo, enta˜o sabemos quantos a´tomos esta˜o contidos em 1 cm 3 de ferro, ou seja, no de a´tomos = 7, 87× 10−3 kg 9, 27× 10−26 kg = 8, 49× 10 22 a´tomos Se dividimos o cent´ımetro cu´bico pelo nu´mero de a´tomos enta˜o descobrimos quanto volume cada a´tomo ocupa. Isto e´ poss´ıvel porque e´ assumido que os a´tomos sa˜o esferas que distribu´ıdas uniformemente sobre o volume, assim, segue que: Vol. por a´tomo = 1× 10−6 m3 8, 49× 1022 a´tomos = 1, 18× 10 −29 m3 (b) A distaˆncia entre os centros de duas esferas em contato e´ simplesmente igual ao diaˆmetro de uma das esferas. Assim, basta calcular o diaˆmetro de uma esfera de volume igual a 1, 18 × 10−29 m3, assim, usamos, distaˆncia entre os centrosdos a´tomos = 3 √ 6× 1, 18× 10−29 m3 pi = 0, 282 nm 3. Uma unidade astronoˆmica (UA) e´ a distaˆncia me´dia do Sol a Terra, aproximadamente 1, 5 × 108 km. A velocidade da luz e´ aproximadamente 3, 0 × 108 m/s. Expressa a velocidade da luz em unidades astronoˆmicas por minuto. 3, 0× 108 m s = 3, 0× 108 m s 1 UA 1, 5× 1011 m 60 s 1 min = 0, 12 UA/min Cap´ıtulo 2 Movimento Unidimensional A mecaˆnica e´ o ramo da f´ısica em que se estuda o movimento dos corpos. Comec¸amos o estudo da Mecaˆnica considerando o movimento mais simples poss´ıvel: movimento em uma dimensa˜o ou ao longo de uma linha reta. Ale´m disso, por ora na˜o estaremos preocupados com a causa do movimento, mas apenas com a sua descric¸a˜o. Assim, estaremos focados na cinema´tica do movimento como e´ chamado o conjunto de conceitos que interveˆm na descric¸a˜o do movimento. Mais tarde vamos considerar que tipo de movimento e´ causado por um determinado tipo de forc¸a, o que e´ chamado de dinaˆmica do movimento. Ale´m de considerar que o movimento esta´ restrito em uma linha reta1, tambe´m consideramos que o objeto em movimento e´ uma part´ıcula (termo usado para dizer o objeto e´ um pontual, como um ele´tron) ou que se move como uma part´ıcula de forma que todas as partes do objeto se movem na mesma direc¸a˜o e ao mesmo tempo. Os objetos que teˆm esta propriedade sa˜o chamados de corpos r´ıgidos. Para descrever o movimento, precisamos primeiramente de um sistema de refereˆncia, i.e., um sis- tema de eixos que permita localizar a part´ıcula no espac¸o. Tambe´m e´ necessa´rio saber o qua˜o ra´pida esta part´ıcula esta´ se deslocando e ainda se esta “rapidez” varia no tempo. Em f´ısica, todas essas ca- racter´ısticas do movimento, que sa˜o intuitivas para no´s, sa˜o definidas de maneira formal. Isto permite caracterizar o movimento e obter equac¸o˜es que permitam prever como um corpo ira´ se mover a partir do conhecimento pre´vio de alguns paraˆmetros. A seguir, vamos definir as quantidades necessa´rias para descrever o movimento unidimensional. 1o movimento pode ser vertical como uma pedra caindo, ou horizontal como um carro em uma rodovia, ou inclinado, mas o importante e´ que seja em linha reta. 13 14 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL 2.1 Posic¸a˜o e Deslocamento Localizar uma part´ıcula se movendo em uma dimensa˜o significa determinar a posic¸a˜o desta part´ıcula em relac¸a˜o a algum ponto de refereˆncia. Este ponto normalmente e´ escolhido como o zero de uma reta orientada (eixo), chamada referencial ou sistema de refereˆncia. O zero e´ chamado de “origem” do sistema de refereˆncia. Como ilustrado na figura 2.1, se a part´ıcula esta´ localizada a` esquerda da origem, sua posic¸a˜o no sistema de refereˆncia e´ negativa; caso a part´ıcula se encontre a` direita da origem enta˜o sua posic¸a˜o e´ positiva. Assim, se a posic¸a˜o da part´ıcula e´ x = 3 m, enta˜o sabemos que a part´ıcula se encontra a` direita de zero na posic¸a˜o x = +3 m. Caso a posic¸a˜o da part´ıcula seja −1 m, enta˜o sabemos que a part´ıcula esta´ localizada a` esquerda de zero na posic¸a˜o x = −1 m. O sinal positivo na˜o precisa ser explicitado e quando encontramos um nu´mero sem sinal, fica subentendido que a posic¸a˜o e´ positiva, ou seja, a` direita de zero. No entanto, o sinal de menos deve ser sempre mostrado. Uma mudanc¸a de uma posic¸a˜o qualquer x1 para outra posic¸a˜o x2 e´ chamada de deslocamento ∆x: ∆x = x2 − x1. (2.1) Usamos o s´ımbolo ∆ para denotar variac¸a˜o de uma grandeza, neste caso a variac¸a˜o e´ na posic¸a˜o. Note que o deslocamento e´ definido como a posic¸a˜o final menos a inicial. Assim, um deslocamento positivo implica um movimento no sentido positivo do eixo x. Por exemplo, imagine que a posic¸a˜o inicial da part´ıcula seja x1 = −2 m e a posic¸a˜o final seja x = +3 m. Assim, ∆x = +3 m−(−2 m) = +5 m. Ou seja, a part´ıcula se deslocou 5 m no sentido positivo do eixo x. Agora considere que a part´ıcula estava inicialmente em x1 = −2 m e deslocou-se para x2 = −10 m. O deslocamento sera´ enta˜o ∆x = −10 m−(−2 m) = −8 m. O deslocamento neste caso e´ no sentido negativo do eixo x, a part´ıcula estava inicialmente no lado negativo da origem e se moveu para uma posic¸a˜o mais distante do lado negativo do eixo. Da mesma forma que no caso da posic¸a˜o, e´ crucial explicitar o sinal negativo do deslocamento e a auseˆncia de sinal e´ interpretada como sendo um sinal positivo. O deslocamento e´ uma quantidade vetorial, e portanto, para caracteriza´-la e´ necessa´rio fornecer seu mo´dulo, direc¸a˜o e sentido. No caso presente, a direc¸a˜o ja´ esta´ impl´ıcita quando dizemos que o movimento e´ horizontal ou vertical, etc. O sentido e´ determinado pelo sinal da quantidade, ou seja, se o sinal e´ positivo enta˜o temos um deslocamento da esquerda para a direita (no caso da figura 2.1) e o sentido inverso para o sinal negativo. No estudo do movimento em 2 e 3 dimenso˜es o cara´ter vetorial vai ficar mais claro do que no caso presente. O mo´dulo do deslocamento indica a distaˆncia percorrida entre as posic¸o˜es final e inicial. Assim, no primeiro exemplo, apesar da posic¸a˜o inicial ser x1 = −2 m e a posic¸a˜o final seja x = +3 m a distaˆncia percorrida foi de 5 m embora a part´ıcula tenha ficado na posic¸a˜o +3 m. 2.2. VELOCIDADE ME´DIA E VELOCIDADE ESCALAR ME´DIA 15 Figura 2.1: A posic¸a˜o e´ determinada em um eixo que e´ marcado em unidades de comprimento (neste caso metros) e que se estende indefinidamente em ambas as direc¸o˜es. O lado direito corresponde a valores positivos de x e o lado esquerdo corresponde a valores negativos. 2.2 Velocidade Me´dia e Velocidade Escalar Me´dia Uma vez que definimos a posic¸a˜o e o deslocamento da part´ıcula, o pro´ximo passo e´ considerar a variac¸a˜o destas quantidades com o tempo. De fato, o movimento e´ um fenoˆmeno dinaˆmico e, portanto, a descric¸a˜o do movimento consiste em determinar a func¸a˜o x(t), a posic¸a˜o em func¸a˜o do tempo. O conhecimento de x(t) nos permite determinar todas as propriedades cinema´ticas da part´ıcula. O gra´fico de x(t) e´ particularmente interessante e ilustrativo. Na figura 2.2 temos dois gra´ficos ilustrando duas situac¸o˜es: o primeiro, mostrado na figura 2.2a, e´ uma linha reta horizontal que indica que a posic¸a˜o x(t) e´ constante para todos os valores do tempo. Portanto, esta e´ uma representac¸a˜o de uma part´ıcula em repouso. No segundo gra´fico, mostrado na figura 2.2b, temos um gra´fico onde x(t) varia desde −5 m, passando pela origem em t = 3 s e finalmente atinge o valor 3 m em t = 5 s. Este gra´fico ilustra um movimento em linha reta da posic¸a˜o x(t) = −5 m para a x(t) = +3 m, veja figura 2.2c. Ale´m de ilustrar o deslocamento da part´ıcula, podemos obter mais informac¸o˜es sobre o movimento da mesma usando o gra´fico x(t). Com efeito, podemos determinar o qua˜o ra´pido a part´ıcula se deslocou ao longo da trajeto´ria. Isso e´ feito atrave´s da definic¸a˜o da velocidade me´dia, vme´d, definida da seguinte forma, vme´d = ∆x ∆t = x2 − x1 t2 − t1 (2.2) que e´ a raza˜o do deslocamento ∆x pelo tempo ∆t em que este deslocamento ocorreu. A velocidade me´dia tem unidades de metros por segundo (m/s) no sistema internacional, mas tambe´m e´ comum expressa´-la em quiloˆmetros por hora (km/h) ou ainda em cent´ımetros por segundo (cm/s). O significado f´ısico da definic¸a˜o e´ obvio: a velocidade e´ uma medida da “rapidez” com que um determinado corpo se 16 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL movimenta. A partir do gra´fico de x(t) podemos atribuir um significado geome´trico para a velocidade Figura 2.2: (a) mostra um gra´fico de x(t) para uma part´ıcula em repouso. (b) caso em que x(t) mostra um objeto em movimento na direc¸a˜o x desde x = −5 m ate´ x = +3 m. (c) trajeto´ria real da part´ıcula. me´dia.Conforme ilustrado na figura 2.3, a velocidade me´dia e´ o mo´dulo do coeficiente angular da reta que passa pelos pontos (x2, t2) e (x1, t1). Assim como o deslocamento e posic¸a˜o, a velocidade me´dia possui mo´dulo direc¸a˜o e sentido, desde que e´ uma quantidade vetorial. Neste caso, valores positivos da velocidade me´dia, significam que a reta que liga os pontos e´ inclinada para cima a` medida que a part´ıcula se desloca para a direita. No caso de um sinal negativo, temos uma reta inclinada para baixo a` medida que a part´ıcula se desloca para a direita. Outra maneira de quantificar a “rapidez” de um objeto e´ por meio da chamada velocidade escalar me´dia , definida como a raza˜o da distaˆncia total percorrida pelo corpo em movimento pelo tempo gasto no percurso. Assim, escrevemos, sme´d = dist. total percorrida ∆t . (2.3) Como o pro´prio nome diz, sme´d e´ uma quantidade escalar e e´ dada apenas pelo mo´dulo do deslocamento total pelo tempo percorrido. Por esta raza˜o, existem situac¸o˜es em que sme´d e vme´d sa˜o bem diferentes. Exemplo Vamos considerar o exemplo resolvido no livro do Halliday para ilustrar o uso das definic¸o˜es acima. 1. Voceˆ dirige uma picape mal-conservada numa estrada reta por 8,4 km a 70 km/h, quando a picape pa´ra por falta de gasolina. Nos 30 min seguintes, voceˆ caminha adiante por outros 2,0 km pela estrada ate´ chegar a um posto de gasolina. (a) Qual o seu deslocamento total desde a sa´ıda com a picape ate´ a 2.2. VELOCIDADE ME´DIA E VELOCIDADE ESCALAR ME´DIA 17 Figura 2.3: Demonstrac¸a˜o da velocidade me´dia como o coeficiente angular da reta que passa pelo par de pontos (x2, t2) e (x1, t1). sua chegada ao posto de gasolina. (b) Qual o intervalo de tempo ∆t do in´ıcio da viagem ate´ a chegada ao posto? (c) Qual a velocidade me´dia vme´d do in´ıcio da viagem ate´ a chegada no posto? Determine esta velocidade tanto nume´rica quanto graficamente. (d) Suponha que para colocar gasolina, pagar e voltar para a picape voceˆ leve mais 45 min. Qual a velocidade escalar total do in´ıcio da viagem ate´ voceˆ voltar para a picape com gasolina? (a) Vamos considerar que estamos nos movendo na direc¸a˜o positiva do eixo x a partir da origem, i.e., supomos que o ponto inicial x1 = 0 e ponto x2 e´ o posto de gasolina. Assim, considerando que com a picape ocorreu um deslocamento de 8,4 km e, em seguida, um segundo deslocamento de 2,0 km, enta˜o o deslocamento total e´ dado por: ∆x = x2 − x1 = 8, 4 km + 2, 0 km− 0 = 10, 4 km (b) O tempo do in´ıcio da viagem ate´ a chegada ao posto e´ composto por duas contribuic¸o˜es: a viagem com a picape mais o tempo gasto a` pe´ da picape ate´ o posto. O tempo gasto na viagem com a picape pode ser facilmente determinado usando-se a definic¸a˜o da velocidade me´dia: vme´d = ∆x ∆t onde ∆x = 8, 4 m e vme´d = 70 km/h. Assim, substituindo na definic¸a˜o para a velocidade me´dia, podemos 18 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL determinar o intervalo de tempo correspondente a` viagem com a picape, que chamamos ∆t1: ∆t1 = ∆x vme´d = 8, 4 km 70 km/h = 0, 12 h. Considerando que o tempo da caminhada foi de ∆t2 = 30 min = 0, 5 h, podemos escrever o tempo total gasto na viagem, ∆t = ∆t1 +∆t2 = 0, 12 h + 0, 5 h = 0, 62 h (c) A velocidade me´dia desde o in´ıcio da viagem ate´ a chagada ao posto (viagem completa), e´ determi- nada considerando-se que a posic¸a˜o e tempo iniciais sa˜o iguais a zero (escolhido como origem de nosso referencial) e o tempo e posic¸o˜es finais sa˜o 10,4 km e 0,62 h, calculado no item anterior, assim escrevemos: vme´d = 10, 4 km 0, 62 h ≈ 17 km/h (d) Neste caso, precisamos considerar que ocorreu um deslocamento adicional de 2 km em um tempo de 45 min que corresponde a 0,75 h. Assim, a velocidade escalar me´dia e´ dada pela soma do trajeto total pelo tempo total assim, escrevemos: sme´d = 8, 4 km + 2, 0 km + 2, 0 km 0, 12 h + 0, 5 h + 0, 75 h = 9, 1 km/h 2.3 Velocidade Instantaˆnea e Velocidade Escalar Ate´ agora descrevemos a velocidade me´dia de uma part´ıcula, no entanto, muitas vezes se faz necessa´rio determinar a velocidade em um determinado instante de tempo, da mesma maneira que determinamos a posic¸a˜o de uma part´ıcula em um ponto. Isto e´ poss´ıvel, tomando-se a velocidade me´dia em instantes de tempo cada vez mais curtos de maneira que no limite em que o intervalo de tempo tende a zero, temos a velocidade no instante de tempo t. Assim, tomando-se a Eq. (2.2) no limite de ∆t→ 0, obtemos: v(t) = lim ∆t→0 vme´d = lim ∆t→0 ∆x ∆t = dx dt ou seja, v(t) = dx dt (2.4) 2.4. ACELERAC¸A˜O 19 que e´ a derivada da func¸a˜o x(t) em relac¸a˜o ao tempo. Assim, em um gra´fico da posic¸a˜o em func¸a˜o do tempo, a velocidade em certo instante de tempo e´ determinada tomando-se uma reta tangente a` curva x(t) no instante considerado. Este e´ o processo limite obtido geometricamente a partir da velocidade me´dia tomando-se os pares (x2, t2) e (x1, t1) cada vez mais pro´ximos. A exemplo do que ocorre com a velocidade me´dia, podemos definir aqui uma velocidade escalar que e´ simplesmente o mo´dulo da velocidade instantaˆnea. Esta velocidade apenas nos retorna o mo´dulo da velocidade sem qualquer menc¸a˜o a` direc¸a˜o e sentido do movimento. Esta quantidade e´ encontrada nos veloc´ımetros dos carros e nos informa sempre a magnitude da velocidade independente se estamos andando para a frente ou de marcha-a-re´. 2.4 Acelerac¸a˜o Ate´ o momento consideramos como a posic¸a˜o da part´ıcula depende do tempo e a velocidade que permite descrever a “rapidez” com que a part´ıcula se desloca. Neste caso, podemos trabalhar com valores me´dios, ou ainda com o valor instantaˆneo da velocidade tomando-se um limite infinitesimal do intervalo de tempo em que ocorre o deslocamento. A pro´xima questa˜o seria perguntar como a pro´pria velocidade varia em um determinado intervalo de tempo. Quando isso ocorre, dizemos que a part´ıcula esta´ acelerada (ou sofre acelerac¸a˜o). Para o caso simples, unidimensional que consideramos aqui, a acelerac¸a˜o me´dia e´ definida por, ame´d = v2 − v1 t2 − t1 = ∆v ∆t (2.5) onde a part´ıcula tem a sua velocidade alterada de v1 no instante t1 para v2 no instante t2. Da mesma forma que no caso da velocidade, a acelerac¸a˜o num dado instante de tempo e´ determinada aplicando-se o limite ∆t→ 0 na Eq. (2.5), ou seja, a = lim ∆t→0 ∆v ∆t ou seja, a = dv dt (2.6) que e´ simplesmente a derivada temporal da velocidade. Assim, se substituirmos a Eq. (2.4) em (2.6), podemos escrever ainda, a = d2x dt2 . (2.7) 20 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL Assim, a acelerac¸a˜o e´ obtida atrave´s da segunda derivada da posic¸a˜o em relac¸a˜o ao tempo. A unidade usual da acelerac¸a˜o e´ o metro por segundo ao quadrado (m/s2). Existem outras unidades em que podemos expressar a acelerac¸a˜o, mas sempre sera´ na forma comprimento por tempo ao quadrado. Ale´m disso, a acelerac¸a˜o e´ uma grandeza vetorial de modo que e´ caracterizada por um mo´dulo, direc¸a˜o e sentido. A direc¸a˜o e´ determinada pelo eixo sobre o qual se desenvolve o movimento e o sentido e´ determinado pelo sinal alge´brico da mesma forma que no caso da velocidade e deslocamento, ou seja, a acelerac¸a˜o com um valor positivo esta´ na direc¸a˜o positiva do eixo e um valor negativo esta´ apontando no sentido negativo do eixo. Com o objetivo de ilustrar a relac¸a˜o entre a posic¸a˜o, velocidade e acelerac¸a˜o, na figura 2.4 os gra´ficos da posic¸a˜o, velocidade e acelerac¸a˜o sa˜o mostrados para um elevador que esta´ inicialmente em repouso e enta˜o descreve um movimento de subida ate´ parar. A curva da posic¸a˜o x(t) exibe uma curvatura inicial no intervalo de 0s a 3s, seguida por um comportamentolinear entre 3s e 8s e finalmente exibe um curvatura contra´ria de 8s a 9s tornando-se constante novamente em 10s. Considerando que a curvatura e´ quadra´tica, enta˜o a velocidade instantaˆnea, mostrada no gra´fico de v(t) pode ser estimada usando-se a definic¸a˜o da derivada da posic¸a˜o. No intervalo em que o movimento comec¸a e termina (0-3s e 8-9s) a velocidade e´ linear, pois corresponde a derivada de uma func¸a˜o quadra´tica. No entanto, a inclinac¸a˜o da reta deve ser oposta desde que a curvatura no in´ıcio do intervalo e´ positiva e no final, negativa. Na regia˜o linear de x(t), a velocidade deve exibir um valor constante desde que estamos considerando aqui a derivada de uma func¸a˜o linear. Dada a curva da velocidade, podemos estimar a curva da acelerac¸a˜o fazendo mentalmente a derivada da velocidade em func¸a˜o do tempo. De fato, a acelerac¸a˜o e´ diferente de zero somente nos intervalos (0-3s e 8-9s) onde a velocidade exibe um comportamento linear. Nas demais regio˜es a velocidade e´ constante e na˜o temos acelerac¸a˜o. Ale´m disso, notamos que o elevador esta´ acelerando no in´ıcio do movimento, portanto, a > 0 e no final do movimento o elevador comec¸a a frear ate´ parar e, com isso, a < 0. 2.5 Movimento com acelerac¸a˜o constante Ate´ o momento definimos algumas grandezas f´ısicas que nos permite descrever o movimento de um corpo r´ıgido que se comporta como uma part´ıcula movendo-se em 1 dimensa˜o. O pro´ximo passo e´ relacionar estas quantidades de maneira a prever o movimento que a part´ıcula ou corpo ira´ exibir a partir de alguns valores iniciais de velocidade e posic¸a˜o. Em outras palavras, pretendemos determinar a func¸a˜o x(t) que nos fornece a posic¸a˜o da part´ıcula para todos os instantes de tempo. A partir desta func¸a˜o, conseguimos determinar todas as quantidades que caracterizam o movimento como a velocidade e acelerac¸a˜o. 2.5. MOVIMENTO COM ACELERAC¸A˜O CONSTANTE 21 Figura 2.4: (a) gra´fico da posic¸a˜o em func¸a˜o do tempo para um elevador que parte do repouso e se move para cima ate´ parar. (b) velocidade do elevador. (c) acelerac¸a˜o. 22 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL Os movimentos dos corpos podem ser muito complicados desde que a acelerac¸a˜o e velocidade em princ´ıpio podem assumir qualquer dependeˆncia com o tempo. No entanto, um caso particular e´ de grande interesse: os movimentos em que a acelerac¸a˜o dos corpos e´ constante no tempo. O principal exemplo deste tipo de movimento e´ a queda livre dos corpos na superf´ıcie da Terra, onde os corpos que esta˜o a uma certa altura em relac¸a˜o ao cha˜o experimentam a acelerac¸a˜o da gravidade que pode ser aproximada para um valor constante e igual2 a: g = −9, 8 m/s2. Assim, dada a relevaˆncia deste caso, vamos estuda´-lo em detalhes nesta sec¸a˜o. 2.5.1 Equac¸o˜es para acelerac¸a˜o constante Para determinar o movimento com acelerac¸a˜o constante, partimos da definic¸a˜o da acelerac¸a˜o como a derivada temporal da velocidade: a = dv dt que pode ser reescrita na forma, dv = a dt e integrando em ambos os lados em relac¸a˜o ao tempo, segue que:∫ dv = ∫ a dt, e desde que estamos supondo que a e´ constante podemos escrever: v + C1 = at+ C2 ou ainda, v = at+ C (2.8) onde agrupamos as duas constantes de integrac¸a˜o na forma: C = C2 − C1. Para determinar o valor da constante C, basta utilizar uma condic¸a˜o inicial. Neste caso, supomos que no tempo t = t0 a velocidade da part´ıcula e´ v0, assim, temos que, v0 = at0 + C 2denotamos a acelerac¸a˜o da gravidade pelo s´ımbolo g, reservando o a para acelerac¸o˜es gerais que na˜o sa˜o devido a forc¸a gravitacional 2.5. MOVIMENTO COM ACELERAC¸A˜O CONSTANTE 23 o que nos permite obter, C = v0 − at0 e substituindo na Eq. (2.8), obtemos a primeira equac¸a˜o para o movimento com acelerac¸a˜o constante: v(t) = v0 + a(t− t0) (2.9) onde explicitamos que v = v(t), ou seja, a velocidade e´ uma func¸a˜o do tempo. Vemos enta˜o que a velocidade e´ linear com o tempo no caso em que a e´ constante. Uma vez que conhecemos v(t), podemos determinar a variac¸a˜o da posic¸a˜o com o tempo. Para isso, usamos a definic¸a˜o da velocidade: v = dx dt ou ainda, dx = v dt e integrando em relac¸a˜o ao tempo, segue que∫ dx = ∫ v dt. A integral no primeiro membro e´ direta, ou seja x + K1, com K1 sendo a constante de integrac¸a˜o. Assim, temos x+K1 = ∫ v dt. Para determinar a segunda integral, precisamos saber como a velocidade varia com o tempo. Isso e´ determinado pela Eq. (2.9), assim, substituindo na integrac¸a˜o, obtemos: x+K1 = ∫ [v0 + a(t− t0)] dt e lembrando que v0, a e t0 sa˜o constantes, podemos escrever x+K1 = v0 ∫ dt+ a ∫ t dt− at0 ∫ dt e resolvendo as integrac¸o˜es escrevemos x+K1 = v0t+K2 + at2 2 +K3 − at0t+K4 24 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL onde K1,K2,K3 e K4 sa˜o constantes de integrac¸a˜o. Escrevemos ainda, x+K1 = v0t+ a 2 ( t2 − 2t0t ) +K2 +K3 +K4 e completando o quadrado no pareˆnteses, podemos obtemos x = v0t+ a 2 ( t2 − 2t0t+ t20 )− at20 2 −K1 +K2 +K3 +K4 e desde que at20 2 e´ tambe´m uma constante arbitra´ria, desde que t0 e´ arbitra´rio, podemos agrupar este termo junto com as demais constantes de integrac¸a˜o. Ale´m disso, podemos escrever o termo entre pareˆnteses na forma (t− t0)2, assim segue que x = v0t+ a 2 (t− t0)2 +K (2.10) onde, K = −at 2 0 2 −K1 +K2 +K3 +K4. Resta agora determinar a constante K na Eq. (2.10). Para isso, consideremos que no tempo t = t0 a part´ıcula encontra-se na posic¸a˜o x = x0, assim, obtemos, x0 = v0t0 + a 2 (t0 − t0)2 +K o que leva a, K = x0 − v0t0 e substituindo este valor de volta na Eq. (2.10), podemos escrever x(t) = x0 + v0(t− t0) + a 2 (t− t0)2 (2.11) onde deixamos expl´ıcita a dependeˆncia temporal da posic¸a˜o com o tempo x = x(t). Existem situac¸o˜es em que se faz necessa´rio trabalhar com apenas velocidade e posic¸a˜o da part´ıcula em movimento. Podemos obter uma equac¸a˜o relacionando estas quantidades diretamente por meio da regra da cadeia do ca´lculo. Para isso, escrevemos a definic¸a˜o da acelerac¸a˜o na forma: a = dv dt = dv dx dx dt e identificando o segundo fator com a definic¸a˜o de velocidade podemos escrever, a = v dv dx 2.5. MOVIMENTO COM ACELERAC¸A˜O CONSTANTE 25 o que pode ser colocado na forma: v dv = a dx e integrando esta equac¸a˜o em ambos os lados, obtemos:∫ v dv = ∫ a dx As integrais sa˜o diretas desde que consideramos que a acelerac¸a˜o e´ constante tambe´m em relac¸a˜o a` posic¸a˜o, logo v2 2 + L1 = ax+ L2 e agrupando as constantes de integrac¸a˜o na forma L = L2 − L1, podemos escrever ainda, v2 2 = ax+ L E para determinar a constante L, consideramos que para uma dada posic¸a˜o inicial x = x0 a part´ıcula tenha uma velocidade v = v0, assim, obtemos: v20 2 = ax0 + L e isolando L, temos L = v20 2 − ax0 e substituindo novamente na equac¸a˜o para v, obtemos: v2 2 = ax+ v20 2 − ax0 o que pode ser escrito na forma v2 = v20 + 2a(x− x0) (2.12) que e´ a relac¸a˜o procurada envolvendo apenas posic¸o˜es e velocidades. As Eqs. (2.9), (2.11) e (2.12) permitem determinar o movimento de uma part´ıcula com acelerac¸a˜o constante. Podemos aplica´-las para va´rios tipos de movimento, conforme ficara´ claro nos exemplos seguintes. No entanto, e´ interessante combinar estas equac¸o˜es com o objetivo de determinar algumas propriedades interessantes decorrente da acelerac¸a˜o constante. Para isso, considere novamente a Eq. (2.12), v2 = v20 + 2a(x− x0) 26 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL que pode ser escrita na forma v2 − v20 = 2a(x− x0) (v − v0)(v + v0) = 2a(x− x0) (2.13) mas a diferenc¸a v − v0, podeser escrita em termos da acelerac¸a˜o usando a Eq. (2.9): v − v0 = a(t− t0) e substituindo na Eq. (2.13), obtemos a(t− t0)(v + v0) = 2a(x− x0) e eliminando a acelerac¸a˜o, podemos escrever: x− x0 t− t0 = 1 2 (v + v0) (2.14) e identificando o primeiro membro com a velocidade me´dia, podemos escrever ainda vme´d = 1 2 (v + v0). (2.15) E vemos que no movimento com acelerac¸a˜o constante, a velocidade me´dia pode ser obtida a partir de uma me´dia aritme´tica entre dois valores de velocidade. Isto e´ uma consequ¨eˆncia do movimento ser com acelerac¸a˜o constante e na˜o pode ser generalizado para casos em que a acelerac¸a˜o tenha outros comportamentos. Podemos obter uma segunda equac¸a˜o, combinando as Eqs. (2.9) e (2.11). Para isso primeiramente multiplicamos a Eq. (2.9) pela diferenc¸a de tempo t− t0: v(t− t0) = v0(t− t0) + a(t− t0)2 (2.16) Retomando a Eq. (2.11), temos: x− x0 = v0(t− t0) + 1 2 (t− t0)2 (2.17) Agora subtra´ımos a Eq. (2.16) da (2.17), obtendo-se: x− x0 − v(t− t0) = −1 2 (t− t0)2 2.5. MOVIMENTO COM ACELERAC¸A˜O CONSTANTE 27 No da Eq. Equac¸o˜es Paraˆmetro ausente (2.9) v(t) = v0 + a(t− t0) x− x0 (2.11) x(t) = x0 + v0(t− t0) + a 2 (t− t0)2 v (2.12) v2 = v20 + 2a(x− x0) t (2.14) x− x0 = 1 2 (v + v0)(t− t0) a (2.18) x− x0 = v(t− t0)− 1 2 (t− t0)2 v0 Tabela 2.1: Equac¸o˜es para o movimento com acelerac¸a˜o constante. Figura 2.5: Veja exemplo 1. o que pode ser colocado na forma final: x− x0 = v(t− t0)− 1 2 (t− t0)2 (2.18) que tem a vantagem de na˜o fazer refereˆncia a` velocidade no tempo inicial. Esta e´ a u´ltima equac¸a˜o deduzida para o caso da acelerac¸a˜o constante. Com este conjunto de equac¸o˜es podemos investigar va´rias situac¸o˜es envolvendo problemas com acelerac¸a˜o constante. Na tabela abaixo fazemos um resumo das principais expresso˜es obtidas. 2.5.2 Exemplos 1. Um ele´tron com velocidade inicial v0 = 1, 50 × 105 m/s penetra em uma regia˜o de comprimento L = 1, 00 cm, onde e´ eletricamente acelerado (Fig. 2.5) e sai dessa regia˜o com v = 5, 70×106 m/s. Qual e´ a acelerac¸a˜o do ele´tron, supondo que seja constante? O problema pode ser facilmente resolvido usando-se a equac¸a˜o de Torricelli, assim, v2 = v20 + 2a∆x 28 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL e resolvendo para a, obtemos: a = 1 2 ( v2 − v20 ∆x ) a = 1 2 ( (5, 70× 106 m/s)2 − (1, 50× 105 m/s)2 1, 00 cm ) e resolvendo para a acelerac¸a˜o, temos finalmente: a = 1, 62× 1015 m/s2. 2. Quando um trem de passageiros de alta velocidade (trem-bala) que se move a 161 km/h faz uma curva, o maquinista leva um susto ao ver que uma locomotiva entrou indevidamente nos trilhos atrave´s de um desvio e se encontra a uma distaˆncia D = 676 m a` frente, veja Fig. 2.6. A locomotiva esta´ se movendo a 29, 0 km/h. O maquinista do trem de alta velocidade imediatamente aciona os frios. (a) Qual e´ o valor mı´nimo do mo´dulo da desacelerac¸a˜o (suposta constante) para que a colisa˜o na˜o ocorra? (b) Suponha que o maquinista esta´ em x = 0 quanto, em t = 0, avista a locomotiva. Figura 2.6: Veja exemplo 2. O trem-bala deve reduzir a sua velocidade ate´ um valor de mı´nimo igual a` velocidade da locomotiva vl, caso contra´rio ira´ colidir com a mesma. Esta reduc¸a˜o deve ocorrer dentro da distaˆncia igual a ∆x = D + vl∆t desde que no processo de desacelerac¸a˜o, que ocorre dentro do intervalo de tempo ∆t = t − t0. Assim, para determinar a acelerac¸a˜o temos que: ∆x = 1 2 [v(t) + v0]∆t e assim, substituindo o valor de ∆x = D + vl∆t, o valor final da velocidade v = vl, temos: D + vl∆t = 1 2 [vl + v0]∆t 2.5. MOVIMENTO COM ACELERAC¸A˜O CONSTANTE 29 onde vl e´ a velocidade final do trem-bala que deve ser igual a` da locomotiva. Dividindo a expressa˜o acima por ∆t, temos ainda: D ∆t + vl = 1 2 [vl + v0]. O tempo ∆t pode ser determinado pela equac¸a˜o, v(t) = v0 + a∆t logo, ∆t = v(t)− v0 a e considerando ainda que no tempo t a velocidade do trem-bala deve ser igual a vl, podemos escrever ∆t = vl − v0 a logo, aD vl − v0 + vl = 1 2 [vl + v0]. o que pode ser escrito na forma, aD vl − v0 = 1 2 [v0 − vl]. logo, a = − 1 2D [vl − v0]2. e substituindo os valores correspondentes segue que: a = − 1 2× 0, 676 km[29, 0 km/h− 161 km/h] 2. 3. A a´gua pinga de um chuveiro em um piso situado 200 cm abaixo. As gotas caem a intervalos de tempo regulares (iguais) com a primeira gota atingindo o piso quando a quarta gota comec¸a a cair. Quando a primeira gota atinge o piso, a que distaˆncia do chuveiro se encontram (a) a segunda e (b) a terceira gota? Primeiro, precisamos determinar o tempo t1 que a primeira gota leva para atingir o cha˜o. Isto pode ser obtido via equac¸a˜o para a queda livre: y1(t) = y0 + v0t1 − g 2 t21 30 CAPI´TULO 2. MOVIMENTO UNIDIMENSIONAL e definindo a posic¸a˜o −h no piso e 0 a posic¸a˜o do chuveiro em relac¸a˜o ao cha˜o, podemos escrever −h = 0 + 0− g 2 t21 o que pode ser colocado na forma: t1 = √ 2h g e substituindo os valores correspondentes, segue que: t1 = √ 2× 2 m 9, 8 m/s2 = 0, 639 s. Como os intervalos de tempo sa˜o regulares, assim, dividindo o tempo t1 por 3, obtemos o intervalo de tempo entre as gotas, ∆t = t1 3 = 0, 639 s 3 = 0, 213 s. O tempo t2 que deve ser usado para determinar a posic¸a˜o da segunda gota, e´ dado por: t2 = 2×∆t = 0, 426 s assim, substituindo este tempo na equac¸a˜o para a queda livre obtemos, y2(t2) = y0 + v0t2 − g 2 t22 e substituindo-se os valores correspondentes, obtemos: y2(t2) = 0 + 0− g 2 (0, 426 s)2 = −0, 889 m. E usando o mesmo racioc´ınio, temos que: y3(t3) = y0 + v0t3 − g 2 t23 onde t3 = 0, 213 s. Assim, temos que: y3(t3) = 0 + 0− g 2 (0, 213 s)2 = −0, 222 m. Cap´ıtulo 3 Forc¸a e Movimento 3.1 Vetores No cap´ıtulo anterior definimos a posic¸a˜o de uma part´ıcula a partir de um sistema de refereˆncia de modo que se a part´ıcula esta a` direita da origem a posic¸a˜o assume valores positivos enquanto que no caso inverso a posic¸a˜o tinha valores negativos. O conhecimento da posic¸a˜o da part´ıcula com o tempo significava um conhecimento completo das propriedades do movimento da part´ıcula como a velocidade e a acelerac¸a˜o. No caso de movimento em 2 e 3 dimenso˜es, especificar a posic¸a˜o apenas usando sinais de + e − na˜o e´ suficiente. Neste caso, a utilizac¸a˜o de vetores e´ necessa´ria desde que para caracterizar a posic¸a˜o da part´ıcula e´ necessa´rio indicar a orientac¸a˜o do movimento da mesma. Da mesma forma, grandezas como o deslocamento, velocidade e acelerac¸a˜o tambe´m requerem a especificac¸a˜o de suas orientac¸o˜es no plano ou no espac¸o. Para representar estas grandezas usamos vetores, que sa˜o representados geometricamente por meio de setas cujo tamanho representa o mo´dulo e a orientac¸a˜o desta seta no espac¸o ou no plano especifica sua direc¸a˜o e sentido. Grandezas que requerem este tipo de especificac¸a˜o sa˜o chamadas de grandezas vetoriais. E´ importante notar que nem todas as grandezas f´ısicas sa˜o grandezas vetoriais. Temperatura, pressa˜o, energia, massa, etc., sa˜o exemplos de grandezas que na˜o necessitam da especificac¸a˜o de suas orientac¸o˜es em relac¸a˜o a um sistema de refereˆncias. Estas sa˜o completamente definidas especificando apenas seu mo´dulo e sinal, da mesma forma que as grandezas que estudamos no caso 1D. A grandeza vetorial mais simples e´ o deslocamento, ou mudanc¸a de posic¸a˜o. Um vetor que representa um deslocamento e´ chamado de vetor deslocamento. Conforme mostrado na Fig. 3.1, se a part´ıcula se desloca da posic¸a˜o A para a posic¸a˜o B, representamos o deslocamento por uma seta apontando de A 31 32 CAPI´TULO 3. FORC¸A EMOVIMENTO para B. A seta especifica o vetor graficamente. Figura 3.1: (a) As treˆs setas teˆm o mesmo mo´dulo e orientac¸a˜o e, portanto, representam o mesmo deslocamento. (b) As treˆs trajeto´rias que unem os dois pontos correspondem ao mesmo vetor deslocamento. Na Fig. 3.1a, as treˆs setas de A para B, de A′ para B′ e de A′′ para B′′ teˆm o mesmo mo´dulo e orientac¸a˜o; assim, especificam vetores deslocamento iguais e representam a mesma variac¸a˜o na posic¸a˜o da part´ıcula. Um vetor pode ser deslocado sem que seu valor mude caso o comprimento, a direc¸a˜o e o sentido sejam os mesmos. O vetor deslocamento nada diz sobre a trajeto´ria percorrida por uma part´ıcula. Na Fig. 3.1b, por exemplo, as treˆs trajeto´rias que unem os pontos A e B correspondem ao mesmo vetor deslocamento da Fig. 3.1a. Um vetor deslocamento representa apenas o resultado final do movimento, na˜o o movimento propriamente dito. 3.1.1 Operac¸o˜es com vetores Para descrever o movimento de uma part´ıcula usando vetores e´ necessa´rio conhecer a a´lgebra vetorial que especifica as regras para combinar vetores, i.e., somar, subtrair e multiplicar vetores. No caso em particular, somente a soma e subtrac¸a˜o vetoriais sera˜o de interesse aqui, a multiplicac¸a˜o sera´ deixada para cap´ıtulos posteriores. E´ importante notar que a divisa˜o de vetores na˜o e´ definida de maneira que apenas as treˆs operac¸o˜es fundamentais sa˜o poss´ıveis. A operac¸a˜o mais simples e´ a soma vetorial, que pode ser ilustrada considerando novamente desloca- mentos no plano. Assim, considere o deslocamento de uma part´ıcula que parte do ponto A ate´ B e enta˜o, vai de B para C (veja Fig. 3.2a). Podemos representar o deslocamento total atrave´s de vetores deslo- camentos, o primeiro ligando os pontos A e B e o segundo ligando os pontos B e C. O deslocamento total e´ um u´nico deslocamento de A para C. Chamamos o vetor que liga os pontos A e C de vetor soma (ou vetor resultante) dos vetores AB e BC. Esta soma na˜o e´ uma soma alge´brica comum. 3.1. VETORES 33 Figura 3.2: (a) As treˆs setas teˆm o mesmo mo´dulo e orientac¸a˜o e, portanto, representam o mesmo deslocamento. (b) As treˆs trajeto´rias que unem os dois pontos correspondem ao mesmo vetor deslocamento. Na Fig. 3.2b, os vetores foram rotulados por ~a, ~b e ~s, onde a seta em cima da letra indica que se trata de uma grandeza vetorial. Na maioria dos livros, os vetores sa˜o representados por letras em negrito, assim, os vetores da Fig. 3.2b podem ser representados por a, b e c ficnado subentendido que se trata de grandezas vetoriais. Assim, podemos representar algebricamente a soma dos treˆs vetores na forma: ~s = ~a+~b, ou, s = a+ b lembrando que esta na˜o e´ uma soma alge´brica comum, mas uma soma que leva em conta, ale´m do mo´dulo das grandezas, o sentido e a direc¸a˜o. A maneira de somar vetores geometricamente e´ feita desenhando o primeiro vetor na orientac¸a˜o apropriada. A seguir desenhamos o segundo vetor com direc¸a˜o e sentidos apropriados mas com a origem deste vetor coincidindo com a extremidade do primeiro vetor. O vetor soma e´ o que vai da origem do primeiro a` extremidade do u´ltimo. Na Fig. 3.3 e´ mostrado um exemplo de soma de dois vetores ~a e ~b. Da Fig. 3.3 notamos que a ordem em que a soma e´ feita e´ irrelevante. Podemos representar este fato atrave´s da equac¸a˜o vetorial ~a+~b = ~b+ ~a (lei comutativa) Outra propriedade importante da soma vetorial e´ a associatividade, i.e., quando existem mais de dois vetores, podemos agrupa´-los em qualquer ordem para soma´-los. Assim, se temos treˆs vetores ~a, ~b e ~c, podemos primeiramente somar ~a com ~b e somar o resultado com ~c. Ou ainda, somar primeiro ~b e ~c e depois somar o resultado com ~a, o resultado e´ o mesmo conforme mostra a Fig. 3.4 Este resultado tambe´m pode ser escrito na forma de uma equac¸a˜o vetorial: (~a+~b) + ~c = ~a+ (~b+ ~c) (lei associativa) 34 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO Figura 3.3: A ordem em que os vetores ~a e ~b sa˜o somados na˜o afeta o resultado. Figura 3.4: Os vetores ~a, ~b e ~c podem ser agrupados em qualquer ordem para serem somados sem alterar o resultado final. Quando multiplicamos um vetor por um escalar positivo, modificamos o seu mo´dulo. Assim, o vetor 2~b e´ um vetor com a mesma direc¸a˜o e sentido de ~b mas com o dobro do comprimento. Quando multiplicamos um vetor por um escalar negativo, enta˜o ale´m da possibilidade de modificar o mo´dulo do vetor, invertemos o seu sentido. Assim, o vetor −~b e´ um vetor com o mesmo mo´dulo de ~b mas com sentido contra´rio (veja Fig. 3.5). Quando somamos vetores com mo´dulo e direc¸o˜es iguais mas com sentidos opostos o resultado e´ zero. Em termos de deslocamento, isso equivale a se deslocar uma certa distaˆncia e depois voltar ao mesmo ponto de origem. O deslocamento final e´ zero. Esta situac¸a˜o pode ser representada pela seguinte equac¸a˜o vetorial: ~b+ (−~b) = 0 Vemos enta˜o que somar −~b e´ o mesmo que subtrair ~b. Usamos esta propriedade para definir a subtrac¸a˜o de vetores. Seja ~d o resultado da subtrac¸a˜o dos vetores ~a e ~b, enta˜o escrevemos esta diferenc¸a como ~d = ~a−~b = ~a+ (−~b), (subtrac¸a˜o de vetores). 3.1. VETORES 35 Figura 3.5: Os vetores ~b e −~b teˆm mesmo mo´dulo e direc¸a˜o mas sentidos opostos. ou seja, calculamos a subtrac¸a˜o somando o vetor −~b com o vetor ~a. A Fig. 3.6 nos mostra como a subtrac¸a˜o e´ feita geometricamente. Figura 3.6: (a) Os vetores ~a, ~b e −~b. (b) Para subtrair o vetor ~b do vetor a basta inverter ~b e somar com ~a. Como na a´lgebra comum, podemos manipular a equac¸a˜o vetorial da mesma forma que uma equac¸a˜o alge´brica comum no que diz respeito a`s operac¸o˜es de soma e subtrac¸a˜o. Assim, quando passamos um vetor de um lado da equac¸a˜o para o outro este ganha um sinal de menos. Assim, considerando a u´ltima equac¸a˜o, podemos escreveˆ-la na forma: ~d+~b = ~a ou ~a = ~d+~b. 3.1.2 Decomposic¸a˜o de vetores Ate´ o momento consideramos a representac¸a˜o geome´trica de vetores e baseado-se nesta representac¸a˜o, conseguimos mostrar as propriedades ba´sicas dos vetores. No entanto, operar com vetores na forma geome´trica e´ bastante trabalhoso ainda mais quando consideramos equac¸o˜es mais complicadas envolvendo somas e subtrac¸o˜es de va´rios vetores. A decomposic¸a˜o de vetores permite somar e subtrair vetores usando 36 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO a´lgebra comum. Neste procedimento, representamos os vetores no sistema de coordenadas retangulares. Os eixos x e y sa˜o normalmente desenhados no plano do papel. O eixo z normalmente e´ perpendicular ao plano do papel. No entanto, como estamos considerando movimentos em duas dimenso˜es, vamos ignorar o eixo z por ora. Figura 3.7: (a) As componentes ax e ay do vetor ~a. (b) As componentes na˜o mudam quando o vetor e´ deslocado, desde que o mo´dulo e a orientac¸a˜o sejam mantidos. (c) As componentes correspondem aos catetos de um triaˆngulo retaˆngulo cuja hipotenusa e´ o mo´dulo do vetor. Uma componente de um vetor e´ a projec¸a˜o do vetor em um eixo. Na Fig. 3.7a, por exemplo, ax e´ a projec¸a˜o do vetor ~a na direc¸a˜o x e ay e´ a projec¸a˜o do vetor ~a na direc¸a˜o y. Ainda considerando a Fig. 3.7a, notamos que o processo de decomposic¸a˜o consiste em trac¸ar retas perpendiculares aos eixos passando pela origem e extremidade do vetor. Com isso, fica claro que o vetor e´ a hipotenusa de um triaˆngulo retaˆngulo cujos catetos sa˜o as componentes ax e ay do vetor. A Fig. 3.7b nos mostra que o deslocamento do vetor para outra regia˜o do plano-xy na˜o afeta as componentes do vetor ta˜o logo seu mo´dulo e orientac¸a˜o na˜o sejam modificados. Note que o sentido e direc¸a˜o das componentes (em relac¸a˜o ao eixo) sa˜o as mesmas que as do vetor. Assim, caso o vetortivesse sua orientac¸a˜o invertida, as componentes estariam apontando na direc¸a˜o inversa em relac¸a˜o a`quelas da Fig. 3.7. Podemos determinar geometricamente o mo´dulo das componentes do vetor ~a, atrave´s do triaˆngulo retaˆngulo ilustrado na Fig. 3.7c. Considerando o aˆngulo θ que o vetor ~a faz com o semi-eixo positivo, enta˜o segue que: ax = a cos θ e ay = a sin θ. 3.1. VETORES 37 Atrave´s da Fig. 3.7c fica claro como formar o vetor ~a a partir das componentes, podemos escreveˆ-lo como: ~a = ~ax + ~ay o que significa colocar a origem de uma das componentes na extremidade da outra e formar o triaˆngulo da soma dos vetores. Uma vez que conhecemos as componentes de um vetor, podemos especifica´-lo atrave´s das componentes ax e ay, ou atrave´s de seu mo´dulo a e aˆngulo θ. Os dois pares de valores sa˜o equivalentes na especificac¸a˜o do vetor desde que podemos determina´-los um a partir do outro. De fato, podemos calcular ax e ay a partir de a e θ com as seguintes relac¸o˜es: a = √ a2x + a 2 y e θ = arctan ( ay ax ) . No caso mais geral de treˆs dimenso˜es, precisamos do mo´dulo e de dois aˆngulos (a, θ e φ, digamos) ou de treˆs componentes (ax, ay e az) para especificar um vetor. 3.1.3 Vetores Unita´rios (versores) A maneira de representar vetores no sistema de coordenadas, e´ feita usando-se a decomposic¸a˜o vetorial que discutimos na u´ltima sec¸a˜o. No entanto, uma maneira mais pra´tica de se lidar com vetores e´ atrave´s do uso de vetores unita´rios, tambe´m chamados de versores. O vetor unita´rio e´ um vetor que tem mo´dulo igual a 1 e aponta em uma certa direc¸a˜o. Este vetor na˜o possui dimensa˜o nem unidade, sua u´nica func¸a˜o e´ especificar uma orientac¸a˜o. Os versores que indicam o sentido positivo dos eixos x e y sa˜o representados por iˆ e jˆ, respectivamente, onde o s´ımbolo “∧”sobre os vetores indica que o mo´dulo destes vetores e´ igual a 1. No caso tridimensional temos ainda o versor kˆ indicando o sentido positivo do eixo z. Na Fig. 3.8a temos a representac¸a˜o dos treˆs vetores unita´rios e os eixos x, y e z. Usando os vetores unita´rios podemos expressar o vetor da Fig. 3.7 da seguinte forma: a = ~a = axiˆ+ ay jˆ onde simplesmente usamos o fato dos vetores ~ax e ~ay formados pelas projec¸o˜es de a sobre os eixos x e y podem ser escritos como mu´ltiplos dos vetores unita´rios, veja a Fig. 3.8b. Sendo assim, podemos escrever, ~ax =axiˆ ~ay =ay jˆ. 38 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO Figura 3.8: Componentes vetoriais do vetor ~a = a em termos dos vetores unita´rios iˆ e jˆ. Desde que os vetores unita´rios sa˜o ortogonais, na˜o e´ poss´ıvel escrever o versor iˆ como um mu´ltiplo de jˆ. Isso garante que, quando queremos descobrir se dois vetores sa˜o iguais basta comparar as suas componentes em cada eixo e verificar se estas sa˜o iguais. Em caso positivo, temos que os vetores sa˜o ideˆnticos. 3.1.4 Somando vetores algebricamente Agora que sabemos decompor vetores algebricamente atrave´s dos versores, podemos fazer soma e sub- trac¸a˜o de vetores sem a necessidade de desenha´-los no plano-xy. Antes de considerar a soma, vamos denotar vetores usando s´ımbolos em negrito em vez da seta sobre o s´ımbolo. Assim, consideremos dois vetores a e b, cuja soma resulta no vetor r, assim, escrevemos1: r = a+ b O vetor a tem projec¸o˜es ax, ay e az nos eixos coordenados. O vetor b tambe´m apresenta as treˆs projec¸o˜es correspondentes que chamamos de bx, by e bz. Assim, podemos escrever r na forma: r = axiˆ+ ay jˆ+ azkˆ+ bxiˆ+ by jˆ+ bzkˆ assim, podemos escrever: r = (ax + bx)ˆi+ (ay + by )ˆj+ (az + bz)kˆ 1De modo equivalente poder´ıamos ter escrito ~r = ~a+~b, usando a notac¸a˜o com setas. 3.2. POSIC¸A˜O, VELOCIDADE E ACELERAC¸A˜O VETORIAIS 39 que e´ o resultado da soma dos dois vetores. Note que terminamos com um vetor com as seguintes projec¸o˜es ao longo dos eixos x, y e z: rx =ax + bx ry =ay + by rz =az + bz A subtrac¸a˜o de vetores tambe´m e´ direta. Seja d o vetor resultante da diferenc¸a entre os vetores a e b, assim, temos que: d = a− b e substituindo os vetores a e b na forma de componentes, e fazendo a subtrac¸a˜o como no caso anterior, obtemos: d = (ax − bx)ˆi+ (ay − by )ˆj+ (az − bz)kˆ e terminamos novamente com um vetor d com componentes dadas por: dx =ax − bx dy =ay − by dz =az − bz 3.2 Posic¸a˜o, Velocidade e Acelerac¸a˜o Vetoriais Agora que ja´ sabemos como localizar um ponto em um plano usando vetores, podemos voltar ao estudo do movimento de uma part´ıcula agora em duas dimenso˜es. Para isso, precisamos redefinir novamente as grandezas f´ısicas que caracterizam o movimento usadas no caso 1-D para o caso mais geral de 2 e 3 dimenso˜es. Na Fig. 3.9 temos a representac¸a˜o do movimento de uma part´ıcula que descreve a trajeto´ria APB no plano-xy. Para localizar a part´ıcula usamos o chamado vetor posic¸a˜o que liga a origem ao ponto onde se encontra a part´ıcula. No instante t a part´ıcula esta´ localizada no ponto P , assim o vetor posic¸a˜o para a part´ıcula neste ponto e´ r(t) dado por: r(t) = x(t)ˆi+ y(t)ˆj 40 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO Figura 3.9: Vetor posic¸a˜o, vetor deslocamento e a trajeto´ria de uma part´ıcula em um plano. onde x(t) e y(t) sa˜o as coordenadas do ponto P e o mo´dulo do vetor r(t) e´ simplesmente igual ao tamanho do segmento de reta OP . Apo´s um intervalo de tempo ∆t a part´ıcula agora se encontra no ponto P ′ e um segundo vetor posic¸a˜o r(t+∆t) e´ usado para localiza´-la, assim escrevemos r(t+∆t) = x(t+∆t)ˆi+ y(t+∆t)ˆj O deslocamento da part´ıcula do ponto P ao ponto P ′ e´ dado por: ∆r = r(t+∆t)− r(t) (3.1) Substituindo os vetores r(t+∆t) e r(t) na definic¸a˜o de deslocamento, podemos escrever, ∆r = x(t+∆t)ˆi+ y(t+∆t)ˆj− x(t)ˆi− y(t)ˆj ou seja, ∆r = ∆xˆi+∆yjˆ onde ∆x = x(t+∆t)−x(t) que e´ o deslocamento na direc¸a˜o x e ∆y = y(t+∆t)−y(t) que e´ o deslocamento na direc¸a˜o y. Por analogia com o que fizermos no caso 1D, aqui definimos a velocidade me´dia como a raza˜o entre o deslocamento pelo intervalo de tempo em que este deslocamento ocorreu, assim escrevemos: vme´d = ∆r ∆t (3.2) 3.2. POSIC¸A˜O, VELOCIDADE E ACELERAC¸A˜O VETORIAIS 41 Figura 3.10: (a) Velocidade de uma part´ıcula. (b) Acelerac¸a˜o de uma part´ıcula. e considerando que ∆r = ∆xˆi+∆yjˆ, podemos escrever da mesma forma: vme´d = vme´d,xiˆ+ vme´d,y jˆ. (3.3) onde, vme´d,x = ∆x/∆t e vme´d,y = ∆y/∆t. Estas sa˜o as componentes da velocidade me´dia na direc¸o˜es x e y. Continuando com as nossas definic¸o˜es, vemos que e´ poss´ıvel determinar, de maneira ana´loga ao caso unidimensional, a velocidade instantaˆnea da part´ıcula tomando-se o limite ∆t→ 0. Assim, a velocidade instantaˆnea no tempo t pode ser escrita como: v(t) = lim ∆t→0 ∆r ∆t o que nos permite escrever: v(t) = vx(t)ˆi+ vy(t)ˆj onde, vx(t) = lim ∆t→0 ∆x ∆t vy(t) = lim ∆t→0 ∆y ∆t Observando o que ocorre com o vetor ∆r a medida que o intervalo de tempo vai a zero (Fig. 3.10a), vemos que a direc¸a˜o da velocidade instantaˆnea v(t) e´ da tangente a` trajeto´ria em P , e o sentido e´ o sentido de percurso da trajeto´ria da part´ıcula para t crescente. Observamos, sem prova, que tanto a velocidade quanto o deslocamento obedecem a`s regras de composic¸a˜o de vetores. Assim, conclu´ımos que a derivada de um vetor, e´ tambe´m um vetor. Portanto, escrevemos a velocidade instantaˆnea na forma: v(t) = dr dt = dx dt iˆ+ dy dt jˆ. (3.4) 42 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO Para definir a acelerac¸a˜o me´dia, tomamos o vetor velocidade em dois instante de tempo, v(t+∆t) e v(t) nos pontos correspondentes a P (t) e P (t+∆t), veja a Fig. 3.10b. Assim, definimos: ame´d = ∆v ∆t = v(t+∆t)− v(t) ∆t (3.5) A acelerac¸a˜oinstantaˆnea e´ determinada tomando-se o limite ∆t→ 0, assim segue que: a(t) = lim ∆t→0 ∆v ∆t = lim ∆t→0 v(t+∆t)− v(t) ∆t que e´ a derivada do vetor velocidade, assim escrevemos ainda: a(t) = dv dt = dvx dt iˆ+ dvy dt jˆ. (3.6) que pode ser escrita em termos do vetor deslocamento na forma: a(t) = d2r dt2 = d2x dt2 iˆ+ d2y dt2 jˆ. (3.7) Ate´ o momento consideramos apenas a descric¸a˜o do movimento, ou seja, a cinema´tica do movimento. Neste cap´ıtulo passaremos a estudar a causa da acelerac¸a˜o dos objetos. A causa e´ sempre uma forc¸a, que pode ser definida em termos coloquiais como sendo um empurra˜o ou um puxa˜o exercido sobre um objeto. 3.3 Mecaˆnica Newtoniana A relac¸a˜o entre forc¸a e acelerac¸a˜o foi descoberta por Isaac Newton. O estudo desta relac¸a˜o e suas aplicac¸o˜es e´ chamada de mecaˆnica newtoniana. A mecaˆnica newtoniana e´ aplicada para situac¸o˜es do nosso cotidiano, i.e., para objetos de tamanhos macrosco´picos e baixas velocidades. Quando as velocidades sa˜o pro´ximas a` da luz, devemos usar a mecaˆnica relativ´ıstica; para sistemas microsco´picos devemos aplicar a mecaˆnica quaˆntica. A mecaˆnica newtoniana e´ baseada em treˆs leis chamadas leis de Newton . A seguir, vamos considerar a primeira e segunda leis de Newton. Posteriormente, discutiremos a terceira lei de Newton. 3.3.1 A Primeira lei de Newton Antes de Newton formular a sua mecaˆnica, acreditava-se que para manter um corpo em movimento com velocidade constante era necessa´rio uma “forc¸a”. Deste modo, o estado natural de um corpo era o estado de repouso. Para que um corpo se movesse com velocidade constante era necessa´rio que fosse empurrado ou puxado; se na˜o fosse assim o corpo pararia naturalmente. 3.3. MECAˆNICA NEWTONIANA 43 Estas ide´ias pareciam razoa´veis. Se fazemos um disco de metal deslizar sobre uma superf´ıcie de madeira, ele realmente diminui de velocidade ate´ parar. Para que continue a deslizar indefinidamente, com velocidade constante, devemos empurra´-lo ou puxa´-lo continuamente. Por outro lado, se o disco for lanc¸ado em um rinque de patinac¸a˜o ira´ percorrer uma distaˆncia maior antes de parar. E´ poss´ıvel imaginar superf´ıcies cada vez mais lisas nas quais o disco percorreria distaˆncias cada vez maiores. No limite, podemos imaginar uma superf´ıcie perfeitamente lisa (conhecida como superf´ıcie sem atrito), na qual o disco na˜o diminuiria de velocidade. A partir destas considerac¸o˜es, podemos concluir que um corpo mantera´ seu movimento com velocidade constante se nenhuma forc¸a agir sobre ele. Isto nos leva a` primeira lei de Newton: "Se nenhuma forc¸a atua sobre o corpo, sua velocidade n~ao pode mudar, ou seja, o corpo n~ao pode sofrer acelerac¸~ao." Em outras palavras, se o corpo esta´ em repouso, ele permanece em repouso; se esta´ em movimento este permanece em movimento com a mesma velocidade. 3.3.2 Forc¸a Vamos agora definir a forc¸a. Em f´ısica, a unidade de forc¸a e´ definida em termos da acelerac¸a˜o que esta imprime a um corpo de refereˆncia, que tomamos como o quilograma padra˜o. A este corpo e´ atribu´ıda uma massa de exatamente 1 kg. Colocamos o corpo padra˜o sobre uma mesa horizontal e o puxamos para a direita ate´ que, por tentativa e erro, ele adquira uma acelerac¸a˜o de 1 m/s2. Declaramos enta˜o, a t´ıtulo de definic¸a˜o, que estamos aplicando sobre o corpo padra˜o uma forc¸a de mo´dulo igual a 1 newton (1 N) . A forc¸a pode ser medida pela acelerac¸a˜o que produz, i.e., sua magnitude. No entanto, precisamos ainda definir sua direc¸a˜o e sentido que segue a direc¸a˜o e sentido da acelerac¸a˜o. O fato da forc¸a ser uma grandeza vetorial implica que quando uma ou mais forc¸as atuam sobre um corpo, podemos calcular a forc¸a resultante, somando vetorialmente as forc¸as. Este fato e´ chamado de princ´ıpio da superposic¸a˜o de forc¸as. Com isso, podemos enunciar a 1a lei de Newton de uma forma mais rigorosa: "Se nenhuma forc¸a resultante atua sobre um corpo (Fres = 0), sua velocidade n~ao pode mudar, i.e., o corpo n~ao pode sofrer uma acelerac¸~ao." Assim, um corpo pode estar submetido a va´rias forc¸as, mas se a resultante destas forc¸as for zero, o corpo sofre uma acelerac¸a˜o. A 1a lei de Newton na˜o se aplica a todos os referenciais, mas podemos sempre encontrar referenciais nos quais esta lei (assim como o resto da mecaˆnica Newtoniana) e´ verdadeira. Estes referenciais sa˜o 44 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO chamados de referenciais inerciais. 3.3.3 Massa A massa e´ definida como a propriedade que relaciona uma forc¸a que age sobre um corpo a` acelerac¸a˜o resultante. A massa na˜o tem uma definic¸a˜o mais coloquial; podemos ter uma sensac¸a˜o f´ısica da massa apenas quando tentamos acelerar um corpo, como ao chutar uma bola de futebol ou uma bola de boliche. Medimos a massa de um corpo atrave´s da comparac¸a˜o com um corpo-padra˜o, cuja massa e´ definida como sendo 1 kg. Suponha que o corpo-padra˜o sofre uma acelerac¸a˜o de 1, 0 m/s2. Dizemos enta˜o que o corpo sofre uma acelerac¸a˜o de 1,0 N. Suponha agora que aplicamos a mesma forc¸a a um corpo de massa desconhecida, que chamamos de corpo X. Suponha que este corpo sofre uma acelerac¸a˜o de 0, 25 m/s2. Sabemos que um corpo com massa menor sofre uma acelerac¸a˜o maior quando a mesma forc¸a e´ aplicada sobre ambos. Assim, para o corpo X e o corpo-padra˜o, podemos escrever: mX m0 = a0 aX ∴ mX = a0 aX m0 onde usamos o ı´ndice “0” para o corpo-padra˜o. Substituindo-se os valores correspondentes, obtemos: mX = 1, 0 m/s2 0, 25 m/s2 × 1, 0kg = 4, 0kg. Nossa hipo´tese e´ va´lida somente se funcionar para outros valores de forc¸a. Por exemplo, se aplicamos um forc¸a de 8,0 N ao corpo-padra˜o, enta˜o obtemos 8, 0 m/s2. Quando aplicada ao corpo X, obtemos uma acelerac¸a˜o de 2, 0 m/s2, assim, mX = 8, 0 m/s2 2, 0 m/s2 × 1, 0kg = 4, 0kg. compat´ıvel com o primeiro experimento. 3.3.4 A 2a lei de Newton Tudo o que foi discutido ate´ aqui pode ser resumido na forma ~Fres = m~a (3.8) que e´ a 2a lei de Newton. A lei e´ enunciada da seguinte forma: ‘‘A forc¸a resultante que age sobre um corpo e´ igual ao produto de sua massa pela sua acelerac¸~ao.’’ 3.3. MECAˆNICA NEWTONIANA 45 A Eq. (3.8) e´ simples, mas devemos aplica´-la com cautela. Primeiro, devemos escolher o corpo ao qual vamos aplica´-la; ~Fres deve ser a soma vetorial de todas as forc¸as que atuam sobre o corpo. Apenas as forc¸as que atuam sobre o corpo devem ser inclu´ıdas na soma vetorial e na˜o as forc¸as que atuam sobre outros corpos envolvidos na mesma situac¸a˜o. Podemos reescrever 2a lei de Newton na forma de componentes: Fx,res = max, Fy,res = may, Fz,res = maz. (3.9) Cada uma destas equac¸o˜es relaciona a componente da forc¸a resultante em relac¸a˜o a um eixo a` ace- lerac¸a˜o ao longo deste mesmo eixo. Por exemplo, a componente x da forc¸a resultante produz a componente x da acelerac¸a˜o mas na˜o produz as demais componentes nas outras direc¸o˜es. Para resolver problemas que envolvem a 2a lei de Newton frequentemente usamos um diagrama de corpo livre no qual o u´nico corpo mostrado e´ aquele sobre o qual somamos as forc¸as. Muitas vezes representamos o corpo por um ponto. 3.3.5 Algumas forc¸as especiais Forc¸a Gravitacional A forc¸a da gravidade ~Fg exercida sobre um corpo e´ a atrac¸a˜o gravitacional que um segundo corpo exerce sobre o primeiro. Aqui consideramos que o segundo corpo e´ a Terra e o primeiro e´ o nosso objeto de estudo. Um corpo de massa m em queda livre sofre uma acelerac¸a˜o de mo´dulo g = 9, 8 m/s2 apontando em direc¸a˜o ao solo . Neste caso, desprezando a resisteˆncia do ar, a u´nica forc¸a que atua sobre o corpo e´ ~Fg, assim, usando a 2a lei de Newton (Eq. (3.8)), podemosescrever: ~Fres = −Fg jˆ = −mgjˆ onde consideramos que ~Fg e ~g esta˜o apontando no sentido negativo do eixo-y. Assim, Fg = mg e´ o mo´dulo da forc¸a gravitacional que estaremos usando ao longo deste e dos pro´ximos cap´ıtulos. Peso O peso de um corpo e´ o mo´dulo da forc¸a necessa´ria para impedir que o corpo caia livremente sob a ac¸a˜o da forc¸a da gravidade, medida em relac¸a˜o ao solo. Assim, por exemplo, para manter uma bola em repouso 46 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO em sua ma˜o enquanto voceˆ esta´ parado de pe´, voceˆ deve aplicar uma forc¸a para cima para equilibrar a forc¸a gravitacional que a Terra exerce sobre a bola. Suponha que o mo´dulo da forc¸a e´ Fg = 2, 0 N. Logo, o mo´dulo da forc¸a para cima deve ser de 2,0 N e, portanto, o peso da bola e´ de 2,0 N. De modo geral, considere que um corpo tem acelerac¸a˜o nula em relac¸a˜o ao solo. Duas forc¸as atuam sobre o corpo: a forc¸a ~Fg dirigida para baixo e uma forc¸a para cima, de mo´dulo P que a equilibra. A 2 a lei de Newton no eixo vertical e´ dada por: P − Fg = m(0) ∴ P = Fg, portanto, P = mg Assim, chegamos a` conclusa˜o de que: ‘‘O peso de um corpo e´ igual ao mo´dulo da forc¸a gravitacional.’’ Note que o peso na˜o e´ igual a` massa. Peso e´ o mo´dulo de uma forc¸a e esta´ relacionado com a massa pela equac¸a˜o P = mg. Assim, se g 6= 9, 8 m/s2, medimos um P diferente mas a massa continua a mesma. Forc¸a Normal Se ficamos de pe´ em um colcha˜o ele se deforma, e nos empurra para cima exercendo uma forc¸a chamada forc¸a normal. Vamos aplicar a 2a lei de Newton para um corpo de massa m que se encontra em repouso sobre uma mesa. Temos que: ~N + ~Fg = m~a e considerando que a forc¸a normal tem sentido contra´rio a` forc¸a gravitacional N jˆ− Fg jˆ = may jˆ N −mg = may N = m(g + ay) e considerando ainda que a mesa esta´ parada, enta˜o ay = 0 logo: N = mg. que e´ o mo´dulo da forc¸a normal. Note que a forc¸a depende do estado do movimento da superf´ıcie sobre a qual o objeto se encontra em repouso. 3.3. MECAˆNICA NEWTONIANA 47 Forc¸a de Atrito A interac¸a˜o entre os a´tomos de um corpo com os a´tomos da superf´ıcie sobre a qual o corpo se encontra da´ origem a` forc¸a de atrito. A forc¸a de atrito e´ uma forc¸a de resisteˆncia ao movimento do corpo sobre a superf´ıcie. Desta forma, a forc¸a de atrito sempre aponta no sentido contra´rio ao movimento ou a` tendeˆncia de movimento. Vamos discutir este tipo de forc¸a com maiores detalhes posteriormente. Trac¸a˜o Quando uma corda (fio, cabo, etc.) e´ presa a um corpo e´ esticada aplica ao corpo uma forc¸a ~T orientada ao longo da corda. Esta forc¸a e´ chamada de forc¸a de trac¸a˜o. Uma corda e´ frequentemente considerada sem massa e inextens´ıvel. Neste caso, a corda existe apenas como ligac¸a˜o entre 2 corpos. Esta´ forc¸a puxa dois corpos com mesmo mo´dulo T , mesmo que estes dois corpos estejam acelerando e mesmo que a corda passe por uma polia (tambe´m considerada sem massa e sem atrito). 3.3.6 A 3a lei de Newton Dizemos que dois corpos interagem quando puxam um ao outro, ou seja, quando um corpo exerce uma forc¸a sobre o outro. Suponha, por exemplo, que voceˆ apo´ia um livro sobre uma caixa. Neste caso, o livro e a caixa interagem: o livro exerce um a forc¸a ~FLC sobre a caixa e a caixa exerce uma forc¸a ~FCL sobre o livro. A 3a lei de Newton nos diz que: ‘‘Quando dois corpos interagem, as forc¸as que cada corpo exerce sobre o outro s~ao sempre iguais mas com sentidos opostos.’’ No caso do livro e da caixa, temos enta˜o: FLC = FCL e, ~FLC = −~FCL Exemplos 1. Um arremessador de peso lanc¸a um peso de 7, 260 kg empurrando-o ao longo de uma linha reta com 1, 650 m de comprimento e um aˆngulo de 34, 10o com a horizontal, acelerando o peso ate´ a velocidade de lanc¸amento de 2, 500 m/s (que se deve ao movimento preparato´rio do atleta). O peso deixa a ma˜o do arremessador a uma altura de 2, 110 m e com um aˆngulo de 34, 10o e percorre uma distaˆncia horizontal de 48 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO 15, 90 m. Qual e´ o mo´dulo da forc¸a me´dia que o atleta exerce sobre o peso durante a fase de acelerac¸a˜o? (Sugesta˜o: Trate o movimento durante a acelerac¸a˜o como se fosse ao longo de uma rampa com o aˆngulo dado.) Na fase de preparac¸a˜o, o atleta comec¸a a empurrar o peso que esta´ a uma velocidade inicial de v0 = 2, 500 m/s e enta˜o o peso sai da ma˜o do atleta com uma velocidade diferente, devido ao empurra˜o que o atleta emprega sobre o peso. A acelerac¸a˜o esta´ no movimento de empurra˜o que tratamos como se o peso estivesse ao longo de uma rampa com aˆngulo θ = 34, 10o. A forc¸as atuando no peso neste caso sa˜o a forc¸a da gravidade e a forc¸a exercida pelo atleta, que devemos determinar. Assim, aplicando a lei de Newton ao esquema mostrado na Fig. 3.11, obtemos: Figura 3.11: Veja soluc¸a˜o do exemplo 1. F −mg sin θ = ma ou seja, F = m(a+ g sin θ) (3.10) Note que temos g e M e θ mas na˜o temos a acelerac¸a˜o. Assim, precisamos determina´-la. Para isso notamos que o peso e´ acelerado ao longo de uma distaˆncia ∆x = 1, 650 m antes de ser arremessado. Assim, podemos usar: v2 − v20 = 2a∆x ou seja, a = v2 − v20 2∆x 3.3. MECAˆNICA NEWTONIANA 49 onde v0 = 2, 500 m/s e´ a velocidade inicial e v e´ a velocidade final com que o peso e´ arremessado. Assim, para determinar a acelerac¸a˜o, precisamos descobrir o valor de v. Para isso, consideramos as equac¸o˜es para um movimento parabo´lico, dadas por: x = vt cos θ y = y0 + vt sin θ − 1 2 gt2 onde estamos considerando que em relac¸a˜o ao movimento parabo´lico, comec¸amos a contar a posic¸a˜o horizontal a partir de x0 = 0. Como apenas temos informac¸a˜o de pontos da trajeto´ria no plano-xy, vamos eliminar o tempo entre as duas equac¸o˜es: y = y0 + v x v cos θ sin θ − 1 2 g ( x v cos θ )2 y = y0 + x tan θ − gx 2 2(v cos θ)2 O peso percorre uma distaˆncia de 15, 90 m, assim conclu´ımos que quando o peso atinge esta posic¸a˜o ele tambe´m atinge o cha˜o. Logo, a posic¸a˜o final do peso e´ y = 0 e x = 15, 90 m. Desde que o aˆngulo com que o peso deixa o atleta tambe´m e´ de θ = 34, 10o, podemos determinar a velocidade v: 0 = 2, 110 m + 15, 90 m× tan(34, 10o)− 9, 8 m/s 2(15, 90 m)2 2(v cos 34, 10o)2 de onde obtemos o valor da velocidade, v = 11, 85 m/s. Substituindo este valor na expressa˜o para acelerac¸a˜o, obtemos: a = (11, 85 m/s)2 − (2, 500 m/s)2 2× 1, 650 m = 40, 65 m/s 2. Substituindo este valor da acelerac¸a˜o na expressa˜o (3.10), podemos obter a forc¸a que o atleta emprega sobre a bola: F = 7, 260 kg× (40, 65 m/s2 + 9, 8 m/s2 sin 34, 10o) = 335 N. 2. A figura 3.12 mostra treˆs blocos ligados por cordas que passam por polias sem atrito. O bloco B esta´ sobre uma mesa sem atrito; as massas sa˜o mA = 6, 00 kg, mB = 8, 00 kg e mC = 10, 0 kg. Quando os blocos sa˜o liberados qual e´ a tensa˜o da corda da direita? 50 CAPI´TULO 3. FORC¸A E MOVIMENTO Figura 3.12: Veja exemplo 2. Vamos considerar que o movimento no sentido hora´rio do sistema como um todo e´ positivo. Assim, o movimento para baixo do bloco C e´ positivo, o movimento para a direita do bloco B e´ positivo e o movimento para cima do bloco A e´ positivo. Para determinar a tensa˜o na corda da direita devemos aplicar a segunda lei de Newton para cada bloco ou ainda notar que o movimento no sentido hora´rio do sistema como um todo, nos permite aplicar a lei de Newton como se os treˆs corpos fosse apenas um submetido a duas forc¸as de magnitudes mAg e mCg, assim: Ma = Fres onde M = mA +mB +mC , assim temos: Ma = −mAg +mCg (3.11) logo, a = mC −mA mA +mB +mC g Agora aplicamos a segunda lei de Newton para o bloco C: mCa = mCg − T e isolando T , segue que: T = mCg −mCa = mC(g
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