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Memória STERNBERG, R. PSICOLOGIA COGNITIVA 1

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CAPITULO
Memória: Modelos e
Métodos de Pesquisa 5
EXPLORANDO A PSICOLOGIA COGNITIVA
1. Quais são algumas das tarefas usadas para o estudo da memória e o que essas várias
tarefas indicam sobre a estrutura da memória?
2. Qual tem sido o modelo tradicional predominante de estrutura da memória?
3. Quais são alguns dos principais modelos alternativos da estrutura da memória?
4. O que os psicólogos conheceram sobre a estrutura da memória estudando a memó
ria e a fisiologia do cérebro?
Quem é o presidentedos Estados Unidos? Que dia é hoje?Qual é a
aparência de seu melhor amigo e comoé o timbre da vo: de seu amigo?
Quais foram algumasde suas experiências quando começou a cursar a
faculdade? De que modo você dá um laço no cadarço de seu sapato?
INVESTIGANDO
A PSICOLOGIA
COGNITIVA
Como você sabe as respostas das perguntas precedentes ou de quaisquer perguntas
com relação a isso? Como você se lembra de qualquer informação que usa todas as
horas em que está desperto todos os dias? Memória é o meio pelo qual retemose nos
valemos de nossas experiências passadas para usar essas informações no presente (Tulving,
2000b; Tulving, Craik, 2000). A memória, como um processo, refere-se aos mecanismos
dinâmicos associados ao armazenamento, retenção e recuperação de informações sobre
experiências passadas (Bjorklund, Schneider, Hernández Blasi, 2003; Crowder, 1976). Os
psicólogos cognitivos identificaram especificamente três operações usuais de memória: co
dificação, armazenamento e recuperação (Baddeley, 1998, 1999 e 2000b; Brown, Craik,
2000). Cadaoperação representa um estágio do processamento da memória. Na codificação
você transforma dados sensoriais em uma forma de representação mental. Na armazena
mento você mantém as informações codificadas na memória. Na recuperação você acessa
ou usa as informações armazenadas na memória. Estes processos de memória são discutidos
detalhadamente no Capítulo 6.
Este capítulo introduz algumas das tarefas usadas para o estudo da memória. Em seguida,
discute o modelo de memória tradicional. Este modelo inclui os sistemas sensorial, de arma
zenamento de curto prazo e de longo prazo. Embora esse modelo ainda influencie o pensa
mento atual sobre memória, consideramos algumas perspectivas alternativas e modelos de
memória interessantesantes de passar a discutir a memóriadiferenciada e os conhecimentos
proporcionados pela Neuropsicologia.
153
Joyce Nunes
Realce
Joyce Nunes
Realce
Joyce Nunes
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154 Psicologia Cognitiva
Tarefas usadas para avaliação da memória
Os pesquisadores criaram, ao estudar a memória, diversas tarefasque exigem dos participan
tes lembrarem-se de informações arbitrárias (por exemplo, conjuntos de números ou de
letras) de maneiras distintas. Em virtude de este capítulo incluir muitas referências a essas
tarefas, iniciamos esta seção com um organizador antecipado - uma base para organizar as
informações a serem fornecidas. Você conhecerá, deste modo, como a memória é estudada.
As tarefasdescritasnas seçõesa seguirenvolvem memória de recordação versus de reconhe
cimento e memória implícita versus explícita.
Tarefas de Recordação versus Tarefas de Reconhecimento
Na recordação você apresenta um fato, uma palavra ou um outro item de memória. Os tes
tes de preenchimento de espaços em branco e a maioria dos demais testes exigemque você
QUADRO 5.1 Tipos de Tarefas Usadas para Avaliação da Memória
Algumas tarefas de memória envolvem recordação ou reconhecimento de memória
explícita para conhecimento declatativo. Outras tarefas envolvem memória implícita e
memória de conhecimento de procedimentos.
Tarefas que Exigem
Memória Expücita
para o Conhecimento
Declarativo
Tarefas de memória
explícita
Tarefas de conhecimento
declarativo
Tarefas de recordação
Tarefa de recordação
serial
Teste de recordação
livre
Tarefa de recordação
Descrição do que
as Tarefas Exigem
Você deve rememorar consciente
mente informações específicas.
Você deve recordar fatos.
Você deve apresentar um
fato, uma palavra ou outro item de
memória.
Você deve repetir os itens de uma
lista na ordem exata em que os ouviu
ou leu.
Você deve repetir os itens de
uma relação na ordem em que conse
guir relembrá-los.
Você deve memorizar uma relaçãode
pares de itens; em seguida, lhe é
apresentado um item do par c você
precisa se lembrar do item faltante
que forma o par.
Exemplo
Quem escreveu HamleO.
Qual é seu primeiro nome?
Testes de preenchimento de espaços
em branco requerem que você se lem
bre de itens da memória.
Por exemplo, "O termo para pessoas
que sofrem de déficit de memória se-
Se lhe fossem mostrados os algarismos
2-8-7-1 -6-4, haveria a expectativa de
que você os repetisse exatamente
nesta ordem.
Se lhe fosse apresentada
a relação de palavras "cão, lápis,
tempo, cabelo, macaco, restaurante",
seria plenamente aceitável se você
repetisse "macaco, restaurante, cão,
lápis, tempo, cabelo".
Suponha que lhe fosse apresentada a
seguinte relação de pares: "tem-
po-cidade, névoa-lar, chave-papel,
crédito-dia, punho-nuvem, número-
galho". Posteriormente, quando lhe
fosse dado o estímulo "chave",
você deveria diier "papel", e assim
por diante.
Joyce Nunes
Realce
Joyce Nunes
Realce
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Realce
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Realce
Capítulo5 • Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 155
se recorde de itens da memória. No reconhecimento você seleciona ou identifica um item
como um dos que aprendeu anteriormente. (Veja o Quadro 5.1 para exemplos e explicações
de cada tipo de tarefa.) Testesde múltipla escolha e com a opção verdadeiro-falso envolvem
algum grau de reconhecimento. Três tipos principais de tarefas de rememoração são usados
em experiências (Lockhart, 2000). O primeiro tipo é recordação serial, no qual você se re
corda de itens na ordem exata em que foram apresentados (Crowder, Green, 2000). O se
gundo é recordação livre, em que, inicialmente, lhe mostram itens em pares, porém, durante
a rememoração, você recebe informação de somente um componente de cada par e é solici
tado a lembrar-se do outro componente. A recordação também é denominada "recordação
em pares associados" (Lockhart, 2000). Os psicólogos tambémpodemmediro reaprendizado,
que é o número de tentativas necessárias para aprender novamente itens que foram aprendi
dos em alguma ocasião no passado. A reaprendizagem também tem sidodenominada reapro-
veitamento e pode ser observada em adultos, crianças e animais (Bauer, 2005; Lynne,
Yukako, McKinney, 2002; Monk et ai., 1996). O efeito de reaprendizagem também foi
QUADRO 5.1 Tipos de Tarefas Usadas para Avaliação da Memória (continuação)
Tarefas que Exigem
Memória Explícita
Para o Conhecimento
Declarativo
Descrição do que
as tarefas exigem
Exemplo
Tarefas de reconhecimento Você deve selecionar ou identificar
um item como tendo sido aprendido
anteriormente.
Testes de múltipla escolha e do tipo
verdadeiro-falso. Por exemplo: "O
termo para pessoascom capacidade
de memória excepcional é (1) amné-
sico, (2) semanticista (3) mnemo-
nista ou (4) retrógrados".
Tarefas de memória
implícita
Você precisa se valer de informações
na memória sem perceber consciente
mente que está agindo dessa forma.
Tarefas de preenchimento da palavra
faltante usam a memória implícita.
Seria apresentado a você um frag
mento de palavra; você seria solici
tado, em seguida, a completar o frag
mento com a primeira palavra que
lhe viesse à mente. Por exemplo, su
ponha que lhe fosse solicitado para
indicar as quatro letras faltantes para
o preenchimento nestes espaços em
branco e formar uma palavra:
e ór . Em virtude de ter visto
recentemente a palavra memória,
você provavelmente indicaria as qua
tro letras m m i a para preen
cher os espaços, em contraste a
alguém que não houvesse sido
expostorecentemente à palavra,
Tarefas envolvendo
conhecimento
Você deve se lembrar de aptidões
adquiridas e de comportamentos
automáticos ao invés de fatos.
Se você fosse solicitado a demonstrar
uma aptidão de "saber como fazer", po
deria ser-lheoferecidaexperiência para
resolução de quebra-cabeças ou para
leitura de palavras escritas em ordem
inversa, e, em seguida, lhe seria solici
tado demonstrar do que você se lembra
sobre o modo de usar essas aptidões.
Ou você poderia ser solicitadopara do
minar ou demonstrar aquilo que você
já se recorda a respeitode aptidões mo
toras específicas {porexemplo, andar
de bicicletaou patinar no gelo).
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156 Psicologia Cognitiva
observado em fetos de ratos, que demonstraram intervalos de aprendizagem mais reduzidos
para movimentos motores que haviam aprendido anteriormente (Robinson, 2005). Este
efeito é nitidamente generalizável de modo extensivo a muitas situações e participantes.
A memória de reconhecimento usualmente é muito melhor do que a recordação {em
bora existam algumas exceções, que são discutidas no Capítulo 6). Por exemplo, em um es
tudo, participantes puderam reconhecer perto de 2.000 fotografias em uma tarefa de
memória de reconhecimento (Standing, Conezio, Haber, 1970). E difícil imaginar uma pes
soa lembrando-se de 2.000 itensde qualquertipo que lhe foi solicitado para memorizar. Con
forme você verá, posteriormente, na seção sobre memória diferenciada, mesmo com treina
mento extensivo, o melhor desempenho de rememoração foi de aproximadamente 80 itens.
Informar aos participantes o tipo de teste futuro pode influenciar o volume de aprendiza
gem que ocorre. Os testes de recordação, em geral, trazem à tona especificamente níveis mais
profundos de processamento de informações do que os testes de reconhecimento. Imagine es
tudar para um exame. Quando se preparar para uma prova escrita, provavelmente tentará re-
lacionar conceitos entre si. No entanto, ao se preparar para um teste de múltipla escolha,
possivelmente tentará se lembrar de fatos. E possível que, após estudar para a prova escrita,
você se lembre de mais detalhes a respeito das informações. Conforme mencionado anterior
mente, a prova escrita é parecidacom a tarefa de recordação, e o teste de múltipla escolha re
lembra a tarefa de reconhecimento, embora, evidentemente, não sejam idênticos. Alguns
psicólogos referem-se às tarefas de memória de reconhecimento comode obtençãode conhe
cimento receptivo. Tarefas de memória de reconhecimento, para as quais você deve dar uma
resposta, requerem, diferentemente, conhecimento expressivo. Diferenças entre conhecimento
receptivo e expressivo também são observadas em áreas distintas daquelas das tarefas de me
mória simples (por exemplo, linguagem, inteligência e desenvolvimento cognitivo).
Tarefas de Memória Implícita versus Tarefas de
Memória Explícita
Os teóricos da memória distinguem entre memória explícita e memória implícita (Mulli-
gan, 2003). Cada uma das tarefas discutidas anteriormente envolve a memória explícita,
em que os participantes apresentam lembrança consciente. Por exemplo, podem lembrar ou
reconhecer palavras, fatos ou imagens de um determinado conjunto prévio de itens. Um
fenômeno relacionado é a memória implícita, na qual usamos informações, porém não te
mos conhecimento consciente de que estamos agindo dessa forma (McBride, 2007; Roedi-
ger, McDermott, 1993; Schacter, 1995a e 2000; Schacter, Chiu, Ochsner, 1993; Schacter,
Graf, 1986a e 1986b). Todos os dias você participa de muitas tarefas que envolvem sua
lembrança inconsciente de informações. Mesmo enquanto você lê este livro, está se lem
brando inconscientemente de muitas coisas, que incluem o significado de determinadas
palavras, alguns dosconceitos psicológico-cognitivos a respeito dosquaisvocê leu em capí
tulos anteriores e mesmo como ler. Existem diferenças na memória explícita ao longo da
vida; a memória implícita, entretanto, não apresenta asmesmas alterações. Crianças peque
nas e adultos mais idosos muitas vezes tendem, especificamente, a ter memória explícita
relativamente fraca, porém memória implícita comparável à de adultos jovens {Carver,
Bauer, 2001; Murphy, McKone, Slee, 2003). Em certos grupos de pacientes também se
observam diferenças de memória explícita e memória implícita preservada; esses grupos
serão discutidos posteriormente neste capítulo.
No laboratório, a memória implícita algumas vezes é estudada fazendo com que as pes
soas realizem tarefas de complementação de palavras. Em uma tarefa deste tipo, os partici
pantes recebem uma palavra incompleta, como as três primeiras letras de uma palavra. Eles,
em seguida, a completam com a primeira palavra que vem à mente. Por exemplo, suponha
que você seja solicitadoa preencher os espaços com as seis letras faltantes para formar uma
palavra: imp . Em virtude de você ter visto recentemente a palavra implí-
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Capítulo 5 • Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 157
cita, provavelmente indicaria as seis letras 1-í-c-i-t-a para os espaços em branco em compara
ção a uma pessoa que não tivesse sido exposta recentemente à palavra. Você foi induzido.
Indução é a facilitação de sua capacidade para utilizar informações faltantes. Em geral, os par
ticipantes possuem melhor desempenho quando tiverem visto a palavra em uma relação
apresentada recentemente, embora não tivessem sido instruídos explicitamente a se lembrar
de palavras dessa relação (Tulving, 2000a). A indução ocorre mesmo nas situações em que
você não tem consciência de ter visto a palavra antes, isto é, se a palavra foi apresentadadu
rante uma fração de segundo ou de outra forma degradada.
Memória de procedimentos, ou memória de processos, constitui em subtipo da memória
não declarativa (Tulving, 1985). Exemplos de memória de procedimentos incluem os procedi
mentos envolvidos para andar de bicicleta ou para dirigir um carro. Considere quando você
está dirigindo para ir ao shopping center: provavelmente engata a marcha, usa seu pisca-pisca
e permanece em sua pista sem pensar ativamente sobre a tarefa. Vocênem precisa lembrar-se
conscientemente do que deve fazer quando o semáforo fica vermelho. Muitas das atividades
que realizamos todos os dias enquadram-se no âmbito da memória de procedimentos; estas po
dem variar de escovar os dentes a escrever uma monografia.
O cerebelo parece ter uma participação importante na memória de procedimentos. As
descobertasneuropsicológicas e cognitivasque apoiam uma memóriade procedimentosdes
contínua têm sido muito bem documentadas (Cohen et ai, 1985; Cohen, Squire, 1980;
Rempel-Clower et ai., 1996; Squire, 1987; Squire, Knowlton, Musen, 1993). No laboratório,
a memória de procedimentos freqüentemente é estudada por meioda tarefa de acompanha
mento rotatório. Esta tarefa exige que os participantes mantenham contato entre uma agu
lha com formato de L e um pequeno disco rotativo (Costello, 1967). O disco geralmente é
do tamanho de uma moeda, com diâmetro inferior a 2,5 cm. O disco é colocado em uma
plataforma que gira rapidamente. O participante precisa tocar o disco pequeno com o esti
lete à medida que gira rapidamente em torno de uma plataforma. Após treinarem com disco
e velocidade de rotação específicos, os participantes são solicitados a completar a tarefa no
vamente, com o mesmo disco e a mesma velocidade ou com um novo disco ou outra veloci
dade. Verdolini-Marston e Balota (1994) observaram que, quando um novo disco ou outra
velocidade são usados, os participantes exibem um desempenho relativamente fraco. Porém,
com disco e velocidade idênticos, os participantes desempenhama tarefa tão bem quanto
após terem aprendido a tarefa, mesmo quando não se lembram de haver completado previa
mente a tarefa.
Outra tarefa usadapara estudar a memória é a reconstituição com o espelho. Na tarefade
reconstituição com o espelho, uma placa com o contorno de uma forma desenhada sobre ela
é colocada atrás de um obstáculo, onde não possa ser vista. Para além do obstáculo, na linha
visual do participante, encontra-se um espelho. Quando o participante aproxima-se do obstá
culo, sua mão e a placa com a forma delineada podem ser vistas. Os participantes pegam, em
seguida, uma caneta e traçam o contorno da forma desenhada na placa. Quando aprendem
essa tarefa pela primeira vez, os participantes têm dificuldade para manter o contorno da forma.
Normalmente existem muitos pontos nos quaiso estiletesaido contorno. Além disso, é neces
sário um tempo relativamente longo para reconstituir toda a forma. Entretanto, com a prática,
os participantes tornam-se bem eficientes e precisos na execução da tarefa. A retenção dessa
aptidão pelos participantesproporciona uma maneira para estudar a memória de procedimen
tos (Gabrieli etai, 1997; Rodrigue, Kennedy, Raz, 2005).
Os métodos para avaliar a memóriaexplícita e a implícitadescritos aqui e no Quadro 5.1
supõem que a memória implícita e a explícita são distintas e podem ser medidas por tarefas
diferentes. Alguns pesquisadores questionaram essa suposição. Eles supõem, como alterna
tiva, que ambos os tipos de memóriadesempenham um papel em toda resposta, mesmo se a
tarefa a ser realizada tiver como finalidade medir somente um tipo de memória. Portanto, os
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158 Psicologia Cognitiva
psicólogos cognitivos desenvolveram modelos que assumem a influência da memória implí
cita e da explícita em quase todas as respostas.
Um dos primeirose mais amplamente reconhecidos modelos nessa área é o modelo dedis
sociação do processo (Jacoby, 1991). O modelo supõe que a memória implícita e a explícita
exercem ambas um papel em praticamente toda resposta. Portanto, somente uma tarefa é ne
cessária para medir ambos processos. No entanto, duas tarefas diferentes podem ser usadas no
âmbito da estrutura de dissociação do processo.
Em uma dessas tarefas, os participantes aprendem uma relação de palavras e, em seguida,
lhes são apresentadas palavras incompletas. Neste ponto, recebem instruções para inclusão,
pelas quais devem fazer uso das informações que obtiveram anteriormente para completar as
palavras; ou as instruções referem-se à exclusão, isto é, o participante é avisado a não usar os
itens da relação anterior para preencher as letras faltantes. Ao subtrair o número de vezes
que uma palavra da relação for usada na condição de exclusão do mesmo evento na condi
ção de inclusão, jacoby foi capaz de estimar o efeito da memória explícita. Alguns passos adi
cionais permitiram a Jacoby estimar, na mesma tarefa, a memória implícita. A tarefa de
dissociação do processo foi usada extensivamente {Memon, Holliday, Hill, 2006; Yonelinas,
2001). No entanto, esse procedimento não está isento de críticas. Estas críticas confirmam
que a dissociação do processo produz estimativas distorcidas quando ocorre adivinhação e
quando os participantes usam uma estratégia que envolve avaliar e corrigir suas respostas
(McBride, Dosher, 2002; McKenzie, Tiberghien, 2004; Yu, Bellezza, 2000).
Modelo Tradicional de Memória
Existem diversos modelos de memória (Murdock, 2003; Roediger, 1980b). Em meados da
década de 1960, com base nos dados disponíveis à época, os pesquisadores propuseram um
modelo de memória, diferenciando duas estruturas de memória propostas inicialmente por
William James (1890/1970): memória primária, que armazena informações temporárias usa
das corretamente, e memória secundária, que inclui informações em caráter permanente ou
ao menos durante um longo período (Waugh, Norman, 1965). Três anos depois, Richard
Atkinson e Richard Shiffrin (1968) propuseram um modelo alternativo, que conceitualizou
a memória em termos de três sistemas de armazenamento: (1) um armazenamento sensorial,
capaz de estocar quantidades de informação relativamente limitadas durante períodos muito
breves; (2) um armazenamento de curto prazo, capaz de estocar informações por períodos
um tanto mais longos, mas também com capacidade relativamente limitada; e (3) um arma
zenamento de longo prazo, de grande capacidade, capazde estocar informações por períodos
muito longos, talvez mesmo indefinidamente (Richardson —Klavehn, Bjork, 2003).
O modelo diferencia entre estruturas para retenção de informações, são receptáculos, e in
formações armazenadas nas estruturas, que são denominados memória. Hoje, entretanto, os
psicólogos cognitivos comumente descrevem os três receptáculos como memória sensorial,
memória de curto prazo e memória de longo prazo. Atkinson e Shiffrin também não esta
vam sugerindo que os três receptáculos são estruturas fisiológicas distintas. Os receptáculos
são, preferivelmente, constructos hipotéticos - conceitos que não são, por si só, diretamente
mensuráveis ou observáveis, mas que atuam como modelos mentais para a compreensão de
como opera um fenômeno psicológico. A Figura 5.1 apresenta um modelo de processamento
de informações simples desses três receptáculos (Atkinson, Shiffrin, 1971). Conforme a figura,
o modelo Atkinson-Shiffrin enfatiza os receptáculos passivos, nos quais as memórias são ar
mazenadas. Porém, também se refere a alguns processos de controle que regem a transferên
cia de informações de um receptáculo para outro.
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Capítulo5 • Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 159
FIGURA 5.1
Richard Atkinson e Richard Shiffrin propuseram um modelo teórico para o fluxo de informações por meio doprocessa
dor de informações humano, ilustrado por Aüen Beechel e adaptado de "The Contrai of Short-Term Memory", de
Richard C. Atkinson e RichardM. Shiffrin. © 1971, Scientific American, Inc. Todos os direitos reservados.
O modelo de três receptáculos não é, no entanto, a única maneira para conceitualizar a
memória. As seçõesa seguirapresentam inicialmente aquilo que conhecemos sobrea memó
ria em termos do modelo de três receptáculos. São descritas, em seguida, algumas maneiras
alternativas para conceitualizar a memória. Vamos iniciar com o receptáculo sensorial no
modelo de três receptáculos.
Armazenamento Sensorial
A armazenamento sensorial constitui o repositório inicial de muitas informações que, no final,
passam a fazer parte da armazenagem de curto prazo e de longo prazo. Provas convincentes
(embora não sem questionamento; veja Haber, 1983) argumentam em favorda existência de
uma armazenagem icônica. O armazenamento icônico é um registro sensorial de natureza
visual e descontínua que retém informações por períodos muito breves. Sua designação ori
gina-se do fato de as informações serem armazenadas sob a forma de ícones. Estes, por sua
vez, são imagens visuais que representam algo. Ícones são parecidos usualmente com o que
estiver sendo representado.
Se você alguma vezescreveu seu nome com uma caneta cintilante (ou com um bastão de
incenso) em um fundo de cor preta, percebeu a persistênciade uma memória visual. Você "vê"
brevemente seu nome, embora a caneta não deixe um traço físico. Essa persistência visual
constitui um exemplo do tipo de informação mantida no armazenamento icônico.
A Descobertade Sperling
A descoberta inicial relativa à existência do armazenamento icônico originou-se de uma
tese de doutorado apresentada por um aluno do curso de pós-graduação chamado George
Sperling (1960). Ele estudou o tema relativo à quantidade de informações que podemos
codificar em um único e breve olhar de relance a um conjunto de estímulos. Sperling pro
jetou intermitentemente em uma tela uma sériede letras e números durante apenas 50 milis-
segundos (milésimos de um segundo).Os participantesforamsolicitados a indicara identidade
e a localização do maior número possível de símbolos que conseguissem relembrar.
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160 Psicologia Cognitiva
Sperling poderia estar seguro de que os participantes somente olharam rapidamente uma
única vez porque pesquisas anteriores haviam mostrado que 0,050 segundo é o tempo sufi
ciente para apenas olhar de relance o estímulo apresentado.
Sperlingconstatou que, quando os participantes eram solicitados a indicar o que tinham
visto, se lembravam somente de quatro símbolos. A descoberta confirmou uma anterior feita
por Brigden, em 1933. O número de símbolos lembrado era praticamente o mesmo, sem levar
em consideração quantos haviam sido apresentados visualmente. Alguns dos participantes de
Sperling mencionaram que tinham visto todos os estímulos nitidamente. Entretanto, ao in
dicar aquilo que viram, esqueceram-se dos demais estímulos. Sperling concebeu, em seguida,
uma idéiagenial que permitia avaliar o que os participantes viram. O procedimento usado por
Brigden e no primeiro conjunto de estudos por Sperling é um procedimento de relato integrai.
Nesse procedimento, os participantes indicam todo símbolo que viram. Sperling introduziu, a
seguir, um procedimento de relato parcial. Neste caso, os participantes precisavam comunicar
somente parte daquilo que vêem.
Sperling descobriu uma maneira para obter uma amostra de conhecimento de seus parti
cipantes. Ele, então, extrapolou essa amostra para estimar o conhecimento total. Sua lógica
foi similar àquela das provas escolares, que também são usadas como exemplos de conheci
mento total que uma pessoa tem da matéria do curso. Sperling apresentou símbolos em três
linhas com quatro símbolos cada. A Figura 5.2apresenta um quadro similaràqueleque os par
ticipantes de Sperling podem ter visto. Sperling comunicou aos participantes que teriam de
lembrarapenas de uma única linha do quadro. A linha a ser lembrada estava assinalada por
um tom de intensidade elevada, média ou reduzida. Os tons correspondiam à necessidade de
lembrar-se da linha superior, média ou inferior, respectivamente.
Sperling, para estimar a duração da memória icônica, variou o intervalo entre a exibi
ção e o tom. A amplitude do intervalo varioude 0,10 segundos antes do inícioda exibição a
1,0 segundo após o início da exibição do quadro. O procedimento de relato parcial alterou
drasticamente quanto os participantes conseguiam lembrar. Em seguida, Sperling multipli
cou por três o número de símbolos lembrados com esse procedimento. A razão era que os
participantes precisam se lembrar somente de um terço das informações apresentadas, porém
não tinham conhecimento prévio de qual das três linhas seriam solicitadas a indicar.
FIGURA 5.2
H B S T
A H M G
E L W C
Este quadro simbólico é similar àquele usado para a tarefa de rememoração visual de George Sperling. Margaret
W. Matiin, Psychology, 2 ed. © 1995, por Hok Rinehart and Winston. Reproduzido mediante autorização
do editor.
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Capítulo 5 * Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 161
Usando esse procedimento de relato parcial, Sperling constatou que os participantes pos
suíam disponíveis aproximadamente nove dos 12 símbolos, caso fossem induzidos imediata
mente antes ou imediatamente após o aparecimento do quadro. No entanto, quando eram
induzidos 1segundo mais tarde, sua rememoração diminuía paraquatroou cincodos 12 itens.
Esse nível de rememoração era aproximadamente igual àquele obtido por meio do procedi
mentode relato integral. Estes dados apontamque a armazenagem icônica pode conter cerca
de nove itens. Eles também indicam que as informações nesse receptáculodesaparecem muito
rapidamente (Figura 5.3). Realmente, a vantagem do procedimento de relato parcial reduz-se
de modo drástico ao atingir 0,3 segundos de demora. Essencialmente, é obliterado por 1 se
gundo de demora no início do tom.
Os resultados de Sperling indicam que as informações desaparecem rapidamente do ar
mazenamento icônico. Porque permanecemossubjetivamente inconscientes de tal fenômeno
de desaparecimento? Primeiro, raramente estamossujeitos a estímulos como osdessa experiên
cia. As letras apareceram somente durante 50 milissegundos e desapareceram emseguida, an
tes que os participantes precisassem rememorá-las. Segundo e mais importante, somos
incapazes, entretanto, de distinguir o que vemos na memória icônica daquilo que efetiva
mente vemos no ambiente. O que vemos na memória icônica é aquiloque supomos existir no
ambiente. Os participantes da experiência de Sperling geralmente comunicavam que ainda
conseguiam ver o quadro até 150milissegundos após ter sido apagado.
Por mais refinado que fosse, o uso por Sperlingdo procedimento de relato parcial era im
perfeito. Ainda estava sujeito, pelo menos em grau reduzido, ao problema inerente ao proce
dimento de relato integral: osparticipantes precisavam informar diversos símbolos. Eles podem
FIGURA 5.3
-.10 0 .15 .30 1-0
Atraso do tom (segundos)
100
75
£
O)
B
50 I
o
o
Q_
25
O gráfico mostra noeixo vertical esquerdo o número médio de letras lembradas (e noeixo vertical direito, valores per
centuais equivalentes) por um participante, com base na aplicação do procedimento de relato parcial, como função do
atraso entre a apresentação das letras e do tom que sinaliza quando demonstrar a rememoração. A barra no canto in-
feriar direito indica o número me'dio de letras lembradas quando osparticipantes adotam o procedimento de relato inte
gral (Sperling, 1960).
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162 Psicologia Cognitiva
ter constatado uma perda gradual de memória durante o processo de comunicação. Existe
realmente uma possibilidade distinta de interferência no resultado. Neste caso, a produção de
informações interfere com o fenômeno sendo estudado, isto é, comunicar verbalmente diver
sos símbolos pode interferir com relatos da memória icônica.
Refinamento Subsequente
Em um trabalho subsequente foram mostrados aos participantes quadros com duas linhas de
oito letras escolhidas aleatoriamente durante 50 milissegundos (Averbach, Coriell, 1961).
Nesta experiência, aparecia um pequenosinal logo acima das posições em que uma letra havia
aparecido (ou estava para aparecer). Seu aparecimento ocorria a intervalos de tempovariáveis
antes ou após a apresentação das letras. Portanto, nesta pesquisa, os participantes precisavam
informar somente uma única letra por vez. Dessa forma, o procedimento minimizava a inter
ferência no resultado. Esses pesquisadores descobriram que, quando a barra aparecia imedia
tamente antes ou após a apresentação do estímulo, os participantes conseguiam informar
corretamente cerca de 75% das tentativas. Portanto, pareciam estar retendo cerca de 12 itens
(75% de 16) na memória sensorial. Consequentemente, a estimativa feita por Sperling da
capacidade da memória icônica pode ter sido conservadora.As provas nesse estudo indicam
que, quando a interferência no resultado for reduzida consideravelmente, as estimativas da
capacidade de memória icônica podem aumentar sensivelmente. A memória icônica pode
abranger até 12 itens.
A segunda experiência (Averbach, Coriell, 1961) revelou uma importante característica
adicional da memória icônica: ela pode ser apagada. Esta possibilidade inerente à memória
icônica definitivamente torna nossas sensações visuais mais perceptíveis. Enfrentaríamossé
rias dificuldades se tudo que enxergássemos em nosso ambiente visual persistisse por muito
tempo. Por exemplo, se estivermos observando o ambiente apressadamente, precisamos queas
informações visuais desapareçam rapidamente.
Os pesquisadores descobriram que, quando um estímulo era apresentado após uma letra-
-alvo na mesma posição que a letra-alvo havia ocupado, poderiaapagar o ícone visual (Aver
bach, Coriell, 1961). Esta interferência é denominada ocultação visual traseira. Ocultação
visual traseira é a eliminação mental de um estímulo causado pelo posicionamento de um es
tímulo em que outro havia aparecidoanteriormente. Se o estímulooculto for apresentado no
mesmo lugarde uma letra e no intervalo de 100 milissegundos da apresentação da letra, ele
é superposto à letra. Por exemplo, F seguido de L seria E. Nos intervalos maiores entre o alvo
e o item oculto, este apaga o estímulo original. Por exemplo, somente o L permaneceria se o
F e, em seguida, o L tivessem sido apresentados. Em intervalos ainda maiores entre o alvo e
o item oculto, este cessa a interferência. Esta não-interferência ocorre presumivelmente por
que a informação almejada já foi transferida para uma armazenagem mais permanente da
memória.
Resumindo, a informação visual parece entrar em nosso sistema de memória por meio
de um armazenamento icônico, que a preserva por períodos muito breves. Na seqüência
usual dos eventos, essa informação pode ser transferida para outro receptáculo ou pode ser
apagada. Isso ocorrese outra informação for superposta à primeira antes de existir temposu
ficiente para a transferência de informação a outro receptáculo da memória. A eliminação
ou a movimentação para outro receptáculo também ocorre com a informação auditiva que
esteja no receptáculo da memória mais durável.
Armazenamento de Curto Prazo
A maioria de nós possui pouco ou nenhum acesso introspectivo a nossos receptáculos de me
móriasensorial. Entretanto, todos possuímos acesso a nossoreceptáculo de memóriade curto
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Capítulo5 • Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 163
prazo, que mantém a memória por algunssegundose, ocasionalmente, por até alguns minutos.
Por exemplo, você consegue se lembrar do nome do pesquisador que descobriu o armazena
mento icônico?Edos nomes dos pesquisadores que refinaramsubseqüentemente esse trabalho?
Se você consegue relembrar esses nomes, utilizou alguns processos de controle mnésicos para
tal finalidade. De acordo com o modelo Atkinson-Shiffrin, o receptáculo de curto prazo não
armazena apenas poucos itens. Também possui disponíveis alguns processos de controle que
regulamo fluxode informaçõesdirigido e originado do receptáculo de longo prazo. Neste caso,
podemospreservar informações por períodos mais longos. Normalmente osdados permanecem
no receptáculo de curto prazo por cerca de 30 segundos, a não ser que esteja treinado para
retê-los. As informaçõessão armazenadasauditivamente (pelo modo como soam) ao invés de
visualmente (pelo modo como aparentam ser).
Quantos itens de informação podemos manter em nossa memória? Em geral, nossa ca
pacidade de memória imediata (de curto prazo) para uma ampla gama de itens parece ser de
aproximadamente sete itens mais ou menos dois (Miller, 1956). Um item pode ser algo sim
ples, como um algarismo, ou algo mais complexo, como uma palavra. Se juntarmos um con
junto de, por exemplo, 20 palavras ou números em sete itens significativos, conseguimos
relembrá-los. Não conseguiríamos, entretanto, relembrar 20 itens e repeti-los imediatamente.
Por exemplo, a maioria de nós não consegue manter na memóriade curto prazoesta série de
21 algarismos: 101001000100001000100. Suponha, no entanto, que façamos a divisão desse
número em unidades menores, como 10, 100, 1000, 10000, 1000 e 100. Provavelmente, sere
mos capazes de reproduzir com facilidade os 21 algarismos com seis itens (Miller, 1956).
Outros fatores também influenciam a capacidade de armazenamento temporário na me
mória. Por exemplo, o número de sílabas que pronunciamos com cada item afeta o número
de itens que conseguimos nos lembrar. Quando cada item possui um número grande de síla
bas, conseguimos rememorar menos itens (Baddeley, Thomson, Buchanan, 1975; Naveh-
-Benjamin, Ayres, 1986; Schweickert, Boruff, 1986). Adicionalmente, qualquer atraso ou
interferência pode fazer com que nossa capacidade para sete itensdiminua para cercade três
itens. Realmente, em geral o limite da capacidade pode estar mais próximo de três a cinco
do que está de sete (Cowan, 2001). Algumas estimativas são até menores (por exemplo,
Waugh, Norman, 1965).
A maioria dos estudos empregou estímulos verbais para testar a capacidade da memória
de curto prazo, porém as pessoas também conseguem reter informações visuais na memó
ria de curto prazo. Porexemplo, podem manter informações sobre formas bem como suasco
res e orientações. Qual é a capacidade da armazenagem de curto prazo reter informações
visuais? Émenor, igual ou talvez maior?
Uma equipe de pesquisadores propôs-se a descobrir a capacidade do armazenamento de
curto prazo para informações visuais (Luck, Vogel, 1997; Vogel, Woodman, Luck, 2001).
Eles apresentaram aos participantes da experiência dois quadros visuais. Os quadros foram
apresentados em seqüência, um após o outro. Os estímulos foram de três tipos: quadrados
coloridos, linhas pretas com diversas orientações e linhas coloridas com orientações dife
rentes. Desse modo, o terceiro tipo de estímulo combinava as características dos dois pri
meiros. O tipo de estímulo foi o mesmo em cada um dos dois quadrados. Por exemplo, se o
primeiro quadro continha quadrados coloridos, o mesmo ocorria no segundo. Os dois qua
dros poderiam ser iguais ou diferentes entre si. Caso fossem diferentes, então a diferença se
limitava a somente uma característica. Os participantes precisavam indicar se os dois qua
dros eram iguais ou distintos entre si. Os pesquisadores descobriam que os participantes po
deriam manter na memória cerca de quatro itens, no âmbito das estimativas indicadas por
Cowan (2001). Os resultados foram os mesmos, caso somente características individuais
fossem variadas (isto é, quadrados coloridos, linhas pretas com diversas orientações) ou
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164 Psicologia Cognitiva
pares de características fossem variadas (isto é, linhas coloridas com orientações diferen
tes). Portanto, a retenção parece depender do número de objetos ao invés de número de
características.
Esse trabalho continha um possível complicador, isto é, outro fator responsável que não
pode ser facilmente isolado do fator causai suposto. Nos estímulos de linhas coloridas
com orientações diferentes, a característica agregada ocupava a mesma localização espacial
que a original, ou seja, a cor e a orientação estavam, em relação ao mesmo item, no mesmo
lugar no quadro. Portanto, foi feito um estudo posterior para distinguir os efeitos da localiza
ção espacial do número de itens (Lee,Chun, 2001). Nessa pesquisa, os estímulos que incluíam
espaçosdemarcados e linhas poderiam estar em localizações distintas ou sobrepostas. As lo
calizações sobrepostas separavam, portanto, os itens das localizações fixas. A pesquisa capa
citaria alguém a determinar se as pessoasconseguem se lembrar de quatro itens, conforme in
dicado no trabalho anterior, ou de quatro localizações espaciais. Os resultados foram os
mesmos alcançados na pesquisa anterior. Os participantes ainda conseguiam se lembrar de
quatro itens, independentemente das localizações espaciais. Portanto, a memória era de itens
e não de localizações espaciais. Adicionalmente, usando a Linguagem Americana de Sinais
(LAS), os pesquisadores descobriram que a memória de curto prazo pode reter aproximada
mente quatro itens para letras sinalizadas. Essa descoberta é coetente com trabalhos anterio
res sobre memória visuo-espacial de curto prazo. A descoberta faz sentido dada a natureza
visual desses itens (Bavelieretai, 2006; Wilson, Emmorey, 2006).
Armazenamento de Longo Prazo
Harry Bahrick é professor-
-pesquisador de Psico
logiana Ohio Wesleyan
University. Ele é mais
conhecido porseusestudos
de retenção permanentede
informações na memória
semântica. Demonstrou
que o conhecimento não
repetido pode permanecer
na memória durante 25
ou mais anos, como, por
exemplo, no casodo re
conhecimento de colegas de
escola conhecidos durante
os anos de ensino médio
e não vistos ou lembrados
desde aquela época.
(Foto: cortesia Harry
Bahrick)
Usamos constantemente a memória de curto prazo ao longo de nossas
atividades diárias. Entretanto, quando a maioria de nós se refere à me
mória, usualmente está se referindo à memória de longo prazo. Nesta
condição, retemos memórias que permanecem conosco ao longo de
períodos extensos, talvez indefinidamente. Todos dependemos conside
ravelmente de nossa memória de longo prazo. Mantemos nela informa
ções que precisamos para agir em nossas vidas diárias. Constituem
exemplos quais são os nomes das pessoas, onde guardamos objetos,
como nos programamos nos vários dias e assim por diante. Também nos
preocupamos quando temos receio de que nossa memória de longo
prazo não seja de primeira qualidade.
Quanta informação podemos reter em nossa memória de longo
prazo?Quanto tempo a informação dura? A pergunta sobre capacidade
de armazenagem pode ser posta de lado rapidamente porque a resposta
é simples. Não sabemos. Também não sabemos como poderíamos des
cobrir. Podemos criar experimentos para pôr à prova os limites da me
mória de curto prazo. Porém, não sabemos como testar os limites da
memória de longo prazo, e, portanto, identificar sua capacidade. Al
guns teóricos sugeriram que a capacidade da memória de longo prazo é
infinita, pelo menosem termospráticos (Bahrick, 1984a, 1984b e 2000;
Bahrick, Hall, 1991; Hintzman, 1978). A pergunta relativa à duração
das informações na memória de longo prazo não pode ser respondida
de modo fácil. Presentemente, não temos prova sequerda existênciade
um limite exterior absoluto relativo ao tempo que as informações po
dem ser armazenadas.
O que é retido no cérebro?Wilder Penfieldpesquisou este tema ao
realizar operações cirúrgicas nos cérebros de pacientes conscientes que
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Capítulo5 • Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 165
sofriam de epilepsia. Ele aplicou estímulos elétricos em várias partes do córtex cerebral para
localizar as origens do problema de cada paciente. Na realidade, seu trabalho foi instrumen
tal para identificar as áreas motoras e sensoriais do córtex descritas no Capítulo 2.
No decorrer de tal estimulação, Penfield (1955, 1969) descobriuque os pacientesalgumas
vezespareciam se lembrar de memórias dos primórdios de suas infâncias. Essas memórias po
dem não ter sido rememoradas durante um grande número de anos. (Observe que os pacien
tes podiam ser estimulados para lembrar de episódios como eventos de sua infância e não de
fatos como o nome dos presidentes dos EUA.) Estes dados indicaram a Penfield que as me
mórias de longo prazo poderiam ser permanentes.
Alguns pesquisadores contestaram as interpretações de Penfield (como Loftus, Loftus,
1980). Observaram, por exemplo, o número reduzido de tais casos em relaçãoàs centenas de
pacientes operados por Penfield. Além isso, não podemos ter certeza de que os pacientes re
almente estavam se lembrando desses eventos. Poderiam tê-los inventado. Outros pesquisa
dores, usando técnicas empíricas em participantes mais idosos, depararam-se com provas
contraditórias.
Alguns pesquisadores testaram a memória que os participantes tinham de nomes e foto
grafias de seuscolegas do ensino médio (Bahrick, Bahrick, Wittlinger, 1975). Mesmo após 25
anos, houve pouco esquecimento de alguns aspectos da memória. Os participantes tendiam a
reconhecer nomes que se relacionavam a colegasde classepreferencialmente a outras pessoas.
A memória de reconhecimento para atribuir nomes às fotografias da formatura foi bem acen
tuada. Conforme você poderiaesperar, a recordação de nomes resultou em nívelelevado de es
quecimento. A expressão armazenamento permanente refere-se à retenção durante um longo
tempo de informações, como o conhecimento de uma língua estrangeira (Bahrick, 1984a,
1984b; Bahrick et ai, 1993) e de matemática (Bahrick, Hall, 1991).
Schmidt etai. (2000) estudaram o efeito do armazenamento permanente para nomes de
ruas perto das casas em que uma criança morou. Realmente visitei há pouco tempo a casa
onde morei na infância, há mais de 40 anos, e lembrei-me perfeitamente dos nomes das ruas
vizinhas. Essas constatações indicam que o armazenamento permanente pode ocorrer
mesmo para informações que você aprendeu passivamente. Alguns pesquisadores indicaram
que a armazenagem permanente constitui um sistema de memória distinto. Outros, como
Neisser (1999), argumentaram que um sistema de memória de longo prazo pode explicar am
bos os casos. O tema permanece sem resolução até hoje.
O modelo de níveis de processamento
Um afastamento radical de modelo de memória dos três receptáculos é representado pela
estrutura dos níveis de processamento, a qual postula que a memória não possui três ou
mesmo qualquer nível específico de receptáculos distintos, mas varia segundo uma dimen
são contínua em termos de profundidade de codificação (Craik, Lockhart, 1972). Em outras
palavras, existe teoricamente um número infinito de níveis de processamento (NP), nos
quais os itens podem ser codificados. Não existem fronteiras nítidas entre um nível e o
próximo. A ênfase nesse modelo recai no processamento como chave para a armazenagem.
O nível em que a informação é armazenada dependerá, em grande parte, de comoé codifi
cada. Além disso, quanto mais profundo o nível de processamento, maior, em geral, a pro
babilidade de que um item possaser recuperado (Craik, Brown, 2000).
Um conjunto de expetimentos parecia apoiar a visãoNP (Craik, Tulving, 1975). Os par
ticipantes receberam uma relação de palavras; uma pergunta precedia cada palavra. As per
guntas foram variadas para incentivar três níveis de processamento diferentes. Em ordem
progressiva de profundidade, eram de natureza física, fonológica e semântica. Algumas palavras
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166 Psicologia Cognitiva
QUADRO 5.2 Estrutura dos Níveis de Processamento
Entre os níveis de processamentopropostos por Fergus Craik e Endel Tulving, encon
tram-se os níveis físico, fonológico e semântico, conforme apresentado neste quadro.NÍVEL DE
PROCESSAMENTO
Base para o processamento Exemplo
Físico Características visualmente claras das
letras
Palavra: MESA
Pergunta: A palavra está escrita em
letras maiúsculas?
Fonológico Combinações de sons associados com as
letras {por exemplo, rimas)
Palavra: GATO
Pergunta: A palavra rima com
"MATO"?
Semântico Significado da palavra Palavra: NARCISO
Pergunta: A palavra significa um tipo
de planta?
e perguntas estão indicadas no Quadro 5.2. Os resultados da pesquisa foram claros. Quanto
mais profundo o nível de processamento incentivado pela pergunta, maior o nível de reme
moraçãoalcançado. Resultados similares surgiramindependentemente na Rússia (Zinchenko,
1962, 1981). Palavras que possuíam relação lógica (por exemplo, taxonômica), como cachorro
e animai, foram lembradas mais facilmente do que aquelas com relação concreta (por exem
plo, cachorro e pata). Palavras com relação concreta foram lembradas mais facilmente, ao
mesmo tempo que as palavras sem conexão.
A estrutura dos níveis de processamento também pode ser aplicada a estímulos não ver
bais. Melinda Burgess e George Weaver (2003) observaram querostos processados emprofun
didade foram mais reconhecidos emumteste subsequente doqueaqueles queforam estudados
em um nível inferior de processamento. Um benefício de nível de processamento (ou de pro
fundidade de processamento) pode ser observado para uma variedade de populações, in
cluindo pacientes internados com esquizofrenia (Ragland et ai, 2003).
Uma induçãoaté mais intensa para a recordação foi denominada efeitode autorreferência
(Rogers, Kuiper Kirker, 1977). No efeito de autorreferência, os participantes demonstram níveis
muito elevados de rememoração quando solicitados a relacionar palavras significativas para si
mesmos, determinando se as palavras os descrevem. Mesmo as palavras que os participantes
consideram que não os descrevem são rememoradas em níveis elevados. Esta recordação ele
vada é o resultado de julgar se as palavras descrevem ou não os participantes. Entretanto, os
níveis mais elevados de recordação ocorrem com palavras que as pessoas consideramautodes-
critivas. Efeitos deautorreferência similares foram constatados pormuitos outros pesquisadores
(por exemplo, Bower, Gilligan, 1979; Brown, Keenan, Potts, 1986; Ganellen, Carver, 1985;
Halpin et ai, 1984; Katz, 1987; Reeder, McCormick, Esselman, 1987).
Surpreendentemente, o tipo de informação que está sendo aprendido pode influenciar
o efeito deautorreferência. Os investigadores, aocomparar traços positivos e negativos, des
cobriram o efeito de autorreferência para os traços positivos, porém não para os negativos
(DArgembeau, Comblain, Van der Linden, 2005). Portanto, estamos mais bemcapacitados
para associar a nós mesmos as descrições positivas ao invés das negativas.
Alguns pesquisadores sugerem que o efeito de autorreferência é distinto, porém outros
propõem que é facilmente explicado em termos da estrutura dos NP ou de outros processos
de memória usuais (porexemplo, Mills, 1983). Cada umde nós possui, especificamente, um
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Isto tem muito a com o nosso experimento, pode ser usado na discussão. null
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Capítulo 5 • Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 167
modelo próprio muito elabotado. Este modelo é um sistema organizado de induções internas
relacionadas aos nossos atributos, às nossas experiências pessoais e a nós mesmos. Portanto,
podemos, de modo diversificado e elaborado, codificar informações relacionadas à nossa pes
soa em número muito maior do que informações sobre outros tópicos (Bellezza, 1984, 1992).
Tambémpodemosorganizarfacilmente novas informações que dizemrespeitoa nós mesmos.
Quando outras informações também são prontamente organizadas, podemos rememorar de
modo igualmente fácil informações quenãosãoautorreferentes (Klein, Kihlstrom, 1986). Por
último, quando geramos nossas próprias induções, demonstramos níveis de recordação muito
mais elevados do que quando outra pessoa gera induções paraqueas utilizemos (Greenwald,
Banaji, 1989).
Apesar das muitas provas disponíveis, a estrutura NP como um todo tem seus críticos.
Para citarum exemplo, alguns pesquisadores propõem queos níveis específicos podem envol
ver uma definição circular. Nessa visão, os níveis são definidos como mais profundos porque
a informação é mais bemretida. Entretanto, a informação é vista como mais bem retida por
que os níveis são mais profundos. Além disso, alguns pesquisadores observaram alguns para
doxos na retenção. Por exemplo, em algumas circunstâncias, estratégias que usam rimas
resultaram em melhor retenção do que aquelas baseadas apenas em ensaio semântico. Por
exemplo, concentrar-se em sons superficiais e não nos significados subjacentes pode resultar
emmelhor retenção doqueconcentrar-se na repetição designificados subjacentes. Considere,
especificamente, o que ocorrequandoo contexto pararecuperação envolve atenção a proprie
dades fonológicas (acústicas) das palavras (por exemplo, rimas). Neste caso, ocorre maior de
sempenho quando o contexto para codificação envolve ensaio com base em propriedades
fonológicas ao invés das propriedades semânticas das palavras (Fisher, Craik, 1977, 1980).
Considere, entretanto, o que aconteceu quando a recuperação semântica, baseada na codifi
cação semântica, foi comparada com a recuperação acústica (rima), firmada na recuperação
da rima. O desempenho foi maiorpara a recuperação acústica (Fisher, Craik, 1977).
Em virtude dessas críticas e de algumas descobertas contrárias, o modelo NP foi revi
sado. A seqüência dos níveis de codificação pode não ser tão importante quantoa combina
ção entre o tipo de elaboração da codificação e o tipo de tarefa exigido para a recuperação
(Morris, Bransford, Franks, 1977). Além disso, parece existir dois tipos de estratégias para a
elaboração da codificação. O primeiro é a elaboração do próprio item. Essa estratégia elabora
a codificação do item específico (porexemplo, uma palavra ou outrofato) emtermos de suas
características, incluindo os vários níveis de processamento. O segundo tipo de estratégia é
a elaboração entre itens. A estratégia elabora a codificação, relacionando as características
de cada item (novamente em vários níveis) às características dos itens já na memória. Por
tanto, suponha que você desejasse ter certeza de lembrar-se de algo em particular. Você po
deria elaborá-lo em vários níveis para cada uma das duas estratégias.
As estratégias de elaboração possuem aplicações práticas: ao estudar, você
pode desejar relacionar o modo como codificar a matéria à maneira pela qual
se espera que vocêa recupere no futuro. Alémdisso, quanto mais elaborada
e diversificadamente você codificar a matéria, é provável que estará mais
preparado para relembrá-la no futuro, em uma variedade de contextos en
volvendo tarefas. Apenas ler a matéria diversas vezes da mesma maneira
apresenta menor probabilidade de serprodutivo para o aprendizado da ma
tériado que identificar mais de umamaneira paraaprendê-la. Seo contexto
para recuperação exigirá de sua pessoa uma compreensão profunda das in
formações, vocêdeveencontrar maneiras paracodificar a matéria em níveis
profundos de processamento, como, por exemplo, formular a si mesmo per
guntas com conteúdo significativo sobre ela.
APLICAÇÕES
PRÁTICAS DA
PSICOLOGIA
COGNITIVA
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168 PsicologiaCognitiva
Um modelo de Integração: A Memória
de Trabalho
O modelo da memória de trabalho é, provavelmente, o mais amplamente usado e aceito
atualmente. Os psicólogos que o adotam encaram a memória de curto prazo e a de longo prazo
de uma perspectiva diferente (por exemplo, Baddeley, 1990a, 1995; Cantor, Engle, 1993;
Daneman, Carpenter, 1980; Daneman, Tardif, 1987; Engle, 1994; Engle, Cantor, Carullo,
1992). O Quadro 5.3 apresenta o contraste entre o modelo Atkinson-Shiffrin e uma perspec
tiva alternativa. Observe as distinções semânticas, as diferenças na representação metafórica
e as diferenças de ênfase de cada visão. A principal característica da visão alternativa é o
papel da memória de trabalho. A memória de trabalho retém somente a porção da memória
de longo prazo mais recentemente ativada, ou consciente, e transfere esseselementos ativados
para dentro ou para fora da armazenagem da memória temporária (Dosher, 2003).
Alan Baddeleysugeriu um modelo de memória integrador (Baddeley, 1990b, 1992, 1993,
1997; Baddeley, Hitch, 1974), que sintetiza o modelo de memória de trabalho e a estrutura
NP. Ele visualiza a estrutura NP, essencialmente, como uma extensão e não uma substitui
ção do modelo de memória de trabalho.
Baddeley sugeriu, inicialmente, que a memória de trabalho inclui quatro elementos. O
primeiro é um esboço visuo-espacial, que retém brevemente algumas imagens visuais. O se
gundo é um circuito fonológico, que retém por pouco tempo a fala interior para compreen
são verbal e para ensaio acústico. Usamos o circuito fonológico para algumas tarefas diárias,
incluindo sondar palavras novas e difíceis e resolver problemas envolvendo palavras. Exis
tem dois componentes importantes nesses circuitos. Um é o armazenamento fonológico, que
retém informações na memória. O outro é o ensaio subvocal, usado para colocar as informa
ções na memória em primeiro lugar. O papel do ensaio subvocal pode ser visto no exemplo
a seguir. Considere tentar aprender uma relação de palavras, repetindo a de número cinco.
Nesse caso, o ensaio subvocal é inibido e você seria incapaz de ensaiar as novas palavras.
Quando o ensaio subvocal é inibido, a nova informação não é armazenada. Isso é denomi
nado supressão articulatória, que se torna mais pronunciada quando a informação é apresen
tada visualmente e não oralmente.
A quantidade de informações que pode ser manipulada no interior do circuito fonoló
gico é limitada. Portanto, podemos nos lembrar de um número menor de palavras longas
comparativamente a palavras curtas (Baddeley, 2000b). Sem esse circuito, a informação
acústica desaparece após dois segundos. O terceiro elemento é uma executiva central, que
coordena as atividades de atenção e controla as respostas. A executiva central é crítica
para a memória de trabalho por ser o mecanismo de acesso que decide a informação a ser
processada adicionalmente e como processá-la. Decide que recursos atribuir à memória e
às tarefas relacionadas e como distribuí-las. Também está envolvido no raciocínio e na
compreensão de ordem superior, sendo fundamental para a inteligência humana. O quarto
elemento é constituído por alguns "sistemas dependentes subsidiários", que desempenham
outras tarefas cognitivas ou perceptivas (Baddeley, 1989, p. 36). Recentemente, outro
componente, o anteparo episódico, foi agregado à memória de trabalho (Baddeley 2000a,
2001). O anteparo episódico é um sistema de capacidade limitada capaz de fundir informa
ções dos sistemas subsidiários e da memória de longo prazo em uma representação episó
dica unitária. Este componente integra informações de partes diferentes da memória de
trabalho, isto é, visuo-espacial e fonológica, a fim de que façam sentido para nós. Essa in
clusão nos permite resolver problemas e reavaliar experiências anteriores por meio de co
nhecimento mais recente.
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Capítulo 5 • Memória: Modelos e Métodos dePesquisa 169
QUADRO 5.3 Visão Tradicional versus Não-tradicional da Memória
Diversos modelos alternativos de memória foram propostos desde que Richard Atkinson
e Richard Shiffrin propuseram, inicialmente, seu modelo de memória em três receptá
culos, que pode ser considerado uma visão tradicional da memória.
Visão Tradicional Visão Alternativa da Memória*
Terminologia:
definição dos
receptáculos de
memória
Memória de trabalho é outra designação
para memóriade curto prazo, que é distinta
da memória de longo prazo.
Memória de trabalho (memória ativa) é
aquela parte da memóriade longo prazo que
inclui todo o conhecimento de fatos e pro
cedimentos que foram ativados na memória
recentemente, incluindo a memória de
curto prazo breve e efêmera e seu conteúdo.
Metáfora para
visualizar os re
lacionamentos
A memória de curto prazo pode ser visuali
zada como distinta da memória de longo
prazo, talveza seu lado ou hierarquicamente
ligada a ela.
Memória de curto prazo, memória de traba
lho e memória de longo prazo podem ser vi
sualizadascomo esferasconcêntricas abriga
das, em que a memóriade trabalho contém
somente a parte ativada mais recentemente
da memória de longo prazo e a memória de
curto prazo contém somente uma parte
muito pequena e efêmera da memória de
trabalho.
Metáfora para o
movimento de
informação
A informação move-se diretamente da me
mória de longo prazo para a memória de
curto prazo e, em seguida, retorna - nunca
se encontra em ambas simultaneamente.
A informação permanece na memória de
longo prazo; quando ativada, a informação
move-se para a memóriade trabalho espe
cializada da memória de longo prazo, que
moverá a informação ativamente para fora
do receptáculo de memória de curto prazo
contido em seu interior.
Ênfase Distinção entre memóriade longo prazoe
de curto prazo.
Papel da ativação ao mover informação
para a memória de trabalho e o papel
da memória de trabalho nos processos de
memória.
* Exemplos de pesquisadores que possuem essavisão: Cantor, EngSe, 1993; Engle, 1994; Engle, Cantor, Carullo,1992.
Os métodos neuropsicológicos e, especialmente, as imagens do cérebro, podem ser de
grande ajuda para o entendimento danatureza da memória (Buckner, 2000a, 2000b; Cabeza,
Nyberg, 1997; Markowitsch, 2000; Nyberg, Cabeza, 2000; Rosenzweig, 2003; Rugg, AUan,
2000; Ungerleider, 1995). As pesquisas neuropsicológicas mostraram provas abundantes de
umanteparo de memória breve. O anteparo é usado para a lembrança temporária de infor
mações. Édistinto damemória de longo prazo, que é usada para a lembrança de informações
durante períodos longos (Rudner et ai, 2007; Schacter, 1989a; Smith, Jonides, 1995, Squire,
1986; Squire, Knowlton, 2000). Além disso, por meio de algumas novas pesquisas promisso
ras, que usam técnicas de tomografia poremissão de pósitrons (PET, na sigla em inglês), pes
quisadores descobriram provas de que existem áreas do cérebro distintas envolvidas nos
diferentes aspectos da memória de trabalho. O circuito fonológico, mantendo informações
relacionadas à fala, parece envolver a ativação bilateral dos lobos frontal e parietal (Cabeza,
Nyberg, 1997). É interessante que o esboço visuo-espacial parece ativar áreas ligeiramente
diferentes. Dependendo da duração do intervalo de retenção, ele ativa determinadas áreas.
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link com a metria de neuroanatomia170 Psicologia Cognitiva
Alan Baddeley foi
diretor da MRC
Applied Psychology
Unit, de Cambridge,
Inglaterra, e é professor
de Psicologia Cognitiva
na York University, na
Inglaterra. Baddeley é
mais conhecido porseu
trabalho sobre o conceito
de memóriade trabalho,
o qual demonstrou que
esta memória podeser
considerada uma interface
entre muitos dos vários
aspectos da cognição.
(Foto; Cortesia do Dr.
Ahn Baddeley)
Intervalos mais breves ativam áreas do lobo parietal e dos lobos fron
tais esquerdos (Haxby et ai., 1995). As funções da executiva central
parecem envolver ativação, principalmente nos lobos frontais (Ro-
berts, Robbins, Weiskrantz, 1996). Finalmente, as operações do ante
paro episódico envolvem a ativação bilateral dos lobos frontais e de
partes dos lobos temporais, incluindo o hipocampo esquerdo (Rudner
et ai, 2007). Enquanto a visão de três áreas de armazenamento enfa
tiza os receptáculos estruturais para as informações armazenadas, o
modelo de memória de trabalho ressalta as funções desta memória no
controle dos processos de memória. Estes processos incluem informa
ções de codificação e integração. Exemplos são a integração de infor
mações acústicas e visuais por meio de interação cruzada, organizando
as informações em conjuntos significativos e unindo novas informa
ções a formas existentes de representação do conhecimento na me
mória de longo prazo.
Podemosconceitualizar as ênfasesdiferentes por meio de metáforas
contrastantes. Porexemplo, podemoscomparar a visão de três receptá
culos a um armazémem que a informaçãoé retida passivamente. O ar
mazenamento sensorial atua como a plataforma de carregamento. O
armazenamento de curto prazo inclui a área em torno da plataforma de
carregamento. Nessa área, a informação é armazenada temporaria
mente até ser transferida (ou a partir dela) para a localização correta
no armazém. Uma metáfora para o modelo de memória de trabalho
poderia ser a de um estúdio de produção multimídia. A memória de
trabalho gera e manipula continuamente imagens e sons. Também co
ordena a integração entre imagens e sons para formar arranjos com
significado. Após imagens, sons e outras informações serem armazena
das, ainda se encontram disponíveis para reformatação e reintegração de maneiras distintas
à medida que novas demandas e novas informaçõesse tornam disponíveis. Aspectos distin
tos da memória de trabalho encontram-se representados diferentemente no cérebro. A Fi
gura 5.4 mostra algumas dessas diferenças.
A memória de trabalho pode ser avaliada por intermédio de tarefas distintas. As mais
comumente usadas estão indicadas na Figura 5.5.
A Tarefa A é de adiamento da retenção. Constitui a tarefa mais simples apresentada na
figura. Um item é mostrado - neste caso, uma forma geométrica. (O sinal + no início é me
ramente um ponto focai para indicar que a série de itens está se iniciando.) Ocorre, em se
guida, um intervalo de retenção, que pode ser preenchido com outras tarefas ou não, caso
em que o tempo decorre sem qualquer atividade intermediária especificamente planejada.
Apresenta-se então ao participante um estímulo, e ele deve dizer se é anterior ou novo. Na
figura, o estímulo sendo testado é novo. Portanto, "novo" seria a resposta correta.
A Tarefa B é uma tarefa de carregamento da memória de trabalho ordenada tempora
riamente. Uma série de itens é apresentada e, após um intervalo, a série de asteriscos indica
que um item do teste será apresentado. Após esta apresentação, o participante precisa dizer
se o item é antigo ou novo. Em virtude de "4", o número na figura, não ter sido apresentado
antes, a resposta correta é "novo".
A Tarefa C é uma tarefa de ordem temporal. Uma série de itens é apresentada. Em se
guida, ps asteriscos indicam que um item do teste será indicado. O item do teste mostra dois
itens apresentados anteriormente, 3 e 7- O participante precisa indicar qual dos dois números
apareceu mais recentemente. A resposta correta é 7 porque este número apareceu após o
número 3 na relação.
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FIGURA 5.4
Capítulo 5 • Memória: Modelos e Métodos de Pesquisa 171
Áreas envolvidas na memória de trabalho verbal,
na armazenagem fonológica e no ensaio subvocal
Hemisfério esquerdo
Área motora suplementar ?i^.^r.ietal
e pré-motora
Hemisfério direito
Área de Broca
posterior
Área motora suplementar
e pré-motora
Áreas envolvidas na armazenagem fonológica
Hemisfério esquerdo Hemisfério direito
Área motora suplementar Area Parietal
posterior
Área motorasuplementar
e pré-motora
e pré-motora
Área de Broca
Área envolvida no ensaio subvocal
Hemisfério esquerdo
Áreas distintas do córtex cerebral encontram-se envolvidas em diferentes aspectos damemória de trabalho. A figura
mostra os aspectos envolvidos, principalmente, no circuito de articulação, incluindo o armazenamento fonológico e
o ensaio subvocal. De E. Awh et ai. (1996). Dissociação daarmazenagem e ensaio na memória de trabalho ver
bal: indícios obtidos por meio de tomografia por emissão depósitrons. Psychological Science, 7, p. 25-31. 1996,
Blackuieü, Inc.
A Tarefa D ocorre em sentido inverson vezes. Estímulossão apresentados e, em pontos es
pecíficos, solicita-se a um participante para repetir o estímulo queocorreu n apresentações an
teriores. Por exemplo, umapessoa podesersolicitada a tepetiro algarismo queocorreu em uma
posição anterior ou imediatamente antes (como é o caso do 6). Ou pode-se solicitar ao parti
cipante que repita o algarismo que ocorreu duas posições anteriores (como é o caso do 7).
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172 Psicologia Cognitiva
FIGURA 5.5
Item da tarefa
~1 Item
do teste
Adiamento da retenção
(preenchido ou não)
Item da tarefa:
antigo ou novo?
(a) Tarefa de adiamento da retenção
Tarefa de ordem relacionai
(c) Tarefa de ordem temporal
Tarefas de transposição
Teste
Tarefa: qual é
mais recente?
53 7 2'
Tarefa: reproduzir
na ordem correta
(e) Carga da memória de trabalho
ordenada temporalmente
tem da tarefa
A
„ „
Item
do teste
/
r / 7
Item da tarefa:2
5
+
(b) Carga da memória de trabalho ordenada
temporalmente
Tarefa de ordem relacionai
Tarefa: encontrar a
repetição n itens
anteriores
(d) tarefa n itens anteriores
Tarefa de transposição contínua
53 72'
Sim ou não
Tarefa: reproduzir
os itens finais na
ordem correta
(f) Carga da memória de trabalho ordenada
temporalmente
Tarefas e memória de trabalho. DeEncyclopedia of Cognitive Science, v. 4, p. 571. © 2003. Reproduzido me
diante autorização de B. Dos/ter.
A Tarefa E é uma tarefa de carregamento da memória de trabalho ordenada temporaria
mente. Também pode ser denominada simplesmente uma tarefa de intervalo de algarismos
(quando algarismos são usados). Apresenta-se à pessoa uma série de estímulos. Após serem
apresentados, são repetidos na ordem em que foram apresentados. Em uma variante dessa ta
refa o participante os repete na ordem inversa daquela da que foram apresentados - do fim
para o início.
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Capítulo 5 • Memória: Modelose Métodosde Pesquisa 173
Finalmente, a Tarefa F é uma tarefa de carregamento da memória de trabalho ordenada
temporariamente. Apresenta-se ao participante uma série de problemas aritméticos simples.
A pessoa indica, para cada problema, se a soma ou a diferença está correta. No final, ela re
pete os resultados dos problemas aritméticos em sua ordem correta.
Cada uma das tarefas descritas aqui e na Figura 5.5 permite o exame de quantas informa
ções podemos manipular na memória. Freqüentemente,cada uma dessas tarefas é apresentada
com uma segunda tarefa (denominada, apropriadamente, tarefa secundária), formando um par,
para que os pesquisadores possam ter mais conhecimento a respeito da executiva central. A
executiva central é responsável por alocar recursos de atenção e de outra natureza a tarefas
em andamento. Ao fazer com que os participantes realizem mais uma tarefa ao mesmo tempo,
podemos examinar como os recursos mentais são atribuídos (Baudoin et ai, 2006; DAmico,
Guarnera, 2005). Uma tarefa que freqüentemente forma um par com aquelas relacionadas na
Figura 5.5 constitui uma tarefa de geração de números aleatórios. Nessa tarefa, o participante
deve tentar gerar uma série aleatória de números completando simultaneamente uma tarefa
de memória de trabalho (Rudkin, Pearson, Logie, 2007).
Sistemas de Memória Múltipla
O modelo de memória de trabalho é coerente com a noção de que sistemas múltiplos podem
estar envolvidos na armazenagem e na recuperação de informações. Recorde-se de que,
quando Wilder Penfield estimulou eletricamente os cérebros de seus pacientes, eles muitas
vezes assegutaram que se lembravam vividamente de episódios e de eventos específicos.
No entanto, não se recordavam de fatos semânticos que não tivessem relação com qualquer
evento particular. Estas descobertas indicam que podem existir pelo menos dois sistemas
distintos de memória explícita. Um seria para organizar e armazenar informações com um
referente de tempo diferenciado. Formularia perguntas como "O que você comeu no al
moço ontem?" ou "Quem foi a primeira pessoa que você viu esta manhã?". O segundo sis
tema seria para informações que não possuem um referente de tempo específico. Formularia
perguntas como "Quem foram os dois psicólogos que primeiro propuseram o modelo de
memória de três receptáculos?" e "O que é mnemônica?".
Endel Tulving (1972), firmado em tais descobertas, propôs uma distinção entre dois ti
pos de memória explícita. A memória semântica armazena conhecimento geral do mundo.
É nossa memória para fatos que não são diferenciados para nós e que não são lembrados em
qualquer contexto temporal específico. A memória episódica armazena eventos ou episódios
que a pessoa vivenciou. De acordo com Tulving, usamos a memória episódica quando apren
demos relações de palavras ou quando precisamos nos lembrar de algo que nos ocorreu em
uma ocasião ou em um contexto específico. Por exemplo, suponha que eu precisasseme lem
brar que vi Harrison Hardimanowitz no consultório do dentista ontem. Eu estaria me va
lendo de uma memória episódica. Porém, se precisasse lembrar-me do nome da pessoa que
vejo agora na sala de espera ("Harrison Hardimanowitz"), estaria me apoiando em uma me
mória semântica. Não existe uma relação de tempo específicoassociado ao nome daquele in
divíduo ser Harrison. Porém, existe uma relação de tempo associada ao fato de tê-lo visto no
consultório do dentista ontem.
Tulving (1983, 1989) e outros (por exemplo, Shoben, 1984) apoiam a distinção entre me
mória semântica e episódica, com base em pesquisas cognitivas e investigações neurológicas.
As investigações neurológicas envolveram estudos de estimulação elétrica, estudos de pa
cientes com transtornos de memória e estudos de fluxo de sangue no cérebro. Por exemplo,
lesões no lobo frontal parecem afetar a lembrança a respeito de quando um estímulo foi apre
sentado. Porém, não afetam a rememoração ou a memória de reconhecimento que um estí
mulo específico foi apresentado (Schacter, 1989a).
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174 Psicologia Cognitiva
NO LABORATÓRIO DE M. K. JOHNSON
Uma lembrança é uma ex
periência mental que é
considerada uma repre
sentação autêntica (verí
dica) de um evento no
passado de uma pessoa.
As lembranças podem ser
falsas de um modo relati
vamente secundário (por exemplo, uma pessoa
acreditar que viu pela última vez as chaves do
carro na cozinha, quando, na realidade, esta
vam na sala de estar) e de maneira importante
que possui implicações profundas para a pessoa
e os demais (por exemplo, uma pessoa acreditar
erroneamente ser a fonte ou o inventor de uma
idéia ou acreditar que sofreu abuso sexual na
infância e isso não tenha ocorrido). Tais distor
ções de memória refletem erros que surgem de
processos de monitoramento imperfeito da fonte
- os processospelos quais fazemos atribuições a
respeito da origem das informações ativadasna
experiência mental. Erros de monitoramento da
fonte incluem confusões entre fontes de infor
mação internas e externas e entre várias fontes
externas (por exemplo, atribuir algo que foi
imaginado à percepção, uma intenção a uma
ação, algo que uma pessoa ouviu a algo que
testemunhou, algo lido em um tabloide a um
programa de televisão, um incidente que ocor
reu no local A ou na ocasião A ao lado B ou à
ocasião B). A integração das informações com
base nas experiências individuais de fontes dis
tintas é necessária para todo pensamento com
plexo e de ordem superior. Porém, esta própria
criatividade nos torna vulneráveis a ter memó
rias falsas porque algumas vezes atribuímos er
roneamente as fontes das informações que vêm
à mente. Diversos tipos de constatações indi
cam que o córtex pré-frontal (CPF) desempe
nha um papel predominante na identificação
das fontesdas experiências mentais. Uma lesão
no CPF produzdeficits na memória da fonte. Os
deficits da memóriada fonte são maisfreqüentes
nas crianças (cujos lobosfrontais apresentaram
desenvolvimento lento) e em adultos mais ido
sos (que têm propensão para apresentar neuro-
patologias no CPF com o avançar da idade). A
disfunçãodo CPF pode desempenhar um papel
na esquizofrenia, que inclui, algumas vezes,
deficits de monitoramento da fonte na forma
de delírios.
Meu laboratório está utilizando, atual
mente, imagens por ressonância magnética
funcional (RMf) para ajudar a conhecer as
regiões do cérebro envolvidas no monitora
mento da fonte. Em uma modalidade de es
tudo, os participantes viram uma série de itens
de dois tipos (fotografias e palavras). Posterior
mente, aplicou-se neles um teste de memória
no qual lhes foi mostrado algumas palavras
que correspondiam aos itens vistos previa
mente (itens antigos) misturados com alguns
que não correspondiam a qualquer dos irens
vistos anteriormente (itens novos). Compara
mos a atividade do cérebro quando os partici
pantes foram solicitados a fazer julgamentos
sobre a fonte (por exemplo, dizer "sim" a itens
vistos previamente como imagens)com a ativi
dade de cérebro quando simplesmente foram
solicitados a decidir se um item do teste era
familiar (dizer "sim" a qualquer item apresen
tado anteriormente). Detectamos maior ati
vidade no CPF na fonte de identificação
comparada com a condição de teste antiga/
nova (e, algumas vezes, no CPF direito, tam
bém uma maior atividade). Além disso, diver
sos outros laboratórios divulgaram descobertas
relacionadas, oferecendo provas convergentes
de que o CPF é acionado para o monitora
mento da origem das memórias. Outros estu
dos indicam que o CPF direito participa
quando julgamentos podem ser feitoscom base
em informações mais globais e menos específi
cas, como familiaridade ou existência recente.
Parece que os processos ativados secundaria
mente pelo CPF direito e esquerdo contribuem
para avaliar a origem das experiências men
tais, possivelmente de diferentes maneiras, e as
interações entre o hemisfério direito e o es
querdo são, provavelmente, importantes. Por
tanto, uma meta para pesquisasfuturas consiste
em relacionar mais especificamente processos

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