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INTRODUÇÃO O artigo 403 do CPP, objetivando dotar de maior celeridade processual, estabelece que, no procedimento comum de rito ordinário, na regra geral, as alegações finais da acusação e da defesa serão orais. Todavia, quando o juiz entender que o caso é complexo ou possui um grande número de acusados ou há pedido de diligência de uma das partes cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução criminal, poderá determinar a apresentação das alegações finais por escrito, também chamada de memoriais. PROCEDIMENTO Encerrada a instrução, o procedimento para alegações finais orais será o seguinte: 1º) A acusação tem 20 minutos, por acusado, podendo esse tempo ser prorrogável por mais 10 minutos para oferecer alegações finais orais, tendo o assistente de acusação, caso exista, 10 minutos, para oferecer essas alegações finais (Art. 403, caput e § 2º, do CPP). Destaca-se que a legislação processual penal não prevê a possibilidade de prorrogação do tempo do assistente de acusação. 2º) A defesa tem 20 minutos, também por acusado, podendo ser prorrogável por mais 10 minutos para oferecer alegações finais orais. No caso de ter existido manifestação do assistente de acusação, a defesa terá mais 10 minutos para suas alegações finais orais (Art. 403, caput e § 2º, do CPP) OBSERVAÇÃO Havendo mais de um acusado, o tempo será computado individualmente, nos exatos termos do art. 403, § 1º, do CPP. Ou seja, em havendo, por exemplo, dois acusados, cada um dos acusados terá o prazo de defesa de 20 minutos podendo ser prorrogável por mais 10 minutos para as alegações finais orais. MEMORIAIS Alegações finais por escrito, também chamada de memoriais, na verdade é uma exceção, tendo em vista que ela somente poderá ser apresentada de forma escrita, como já mencionado, quando o juiz entender que o caso: - é complexo; - possui um grande número de acusados; - tem pedido de diligência de uma das partes cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução criminal. O juiz poderá conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação dos memoriais. Além disso, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença, como bem elucida o art. 403, § 3º e art. 404, parágrafo único, ambos do Código de Processo Penal. PRAZO O prazo é sucessivo de 5 (cinco) dias. A abertura dos prazos dos memoriais é SUCESSIVO, ou seja, primeiro há apresentação dos memoriais pela acusação, depois é que haverá os memoriais por parte da defesa, no prazo de 5 dias. OBSERVAÇÃO Ministério Público e advogado do réu tem sempre o prazo de 5 dias, já o defensor público terá o prazo de 10 dias. Vale ressaltar que em relação ao defensor nomeado (dativo) a jurisprudência entende que ele será intimado pessoalmente, mas que o prazo permanecerá de 05 dias, não sendo contado em dobro. OBRIGATORIEDADE DE CONCEDER MEMORIAIS O juiz NÃO está obrigado a conceder a apresentação dos memoriais, cabendo ao magistrado, em ocorrendo as situações acima apresentadas, decidir se concederá ou não a apresentação dos memoriais. Ou seja, os memoriais são uma determinação do juiz, a parte não escolhe se as alegações finais serão na forma escrita ou oral, é o juiz que determina se será cabível ou não as alegações finais na forma escrita, cabendo a parte tão somente requerer. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO DOS MEMORIAIS A apresentação dos memoriais será SEMPRE ao final da instrução probatória. Por esta razão, dificilmente é possível errar uma peça de memoriais, tendo em vista que a questão prática mencionará que houve o término da instrução probatória, com a apresentação de memoriais por parte da acusação, sendo a defesa intimada para apresentar a peça processual cabível, que só poderá ser as alegações finais na forma escrita. MEMORIAIS E RITOS PROCESSUAIS Vale lembrar que no rito comum ordinário existe previsão legal expressa de cabimento de memoriais no art. 403, § 3º do Código de Processo Penal. Já em relação ao rito sumário, sumaríssimo (Juizados Especiais) ou do Tribunal do Júri NÃO existe previsão legal expressa de cabimento dos memoriais. Todavia, entende a doutrina e a jurisprudência ser este procedimento perfeitamente cabível, somente o que vai mudar é a indicação da autoridade competente, devendo os memoriais serem fundamentados também no art. 403, parágrafo 3º do Código de Processo Penal por analogia. ENDEREÇAMENTO O endereçamento dos memoriais é bastante simples, tendo em vista que ele sempre será endereçado para o juiz que determina o feito. PEDIDO PRINCIPAL O que se pede nos memoriais como pedido principal é a absolvição, com fundamento no art. 386 do Código de Processo Penal, existindo apenas uma diferenciação no rito do Tribunal do Júri que será abordado posteriormente. PEDIDOS SUBSIDIÁRIOS Sempre se deve fazer pedidos subsidiários, como de aplicação da pena mínima prevista em lei, ou pela aplicação de atenuante, se for o caso. ARROLAMENTO DE TESTEMUNHAS É de suma importância esclarecer que nos memoriais NÃO se faz o pedido de arrolamento de testemunhas, pois já houve a instrução probatória e este foi o momento oportuno para fazer tal pedido de arrolamento. DICAS As partes devem fazer a fundamentação de mérito mais completa possível nos memoriais, pois esta será a última oportunidade de convencer o magistrado sobre seu pleito. DIFERENÇAS ENTRE OS PEDIDOS NOS MEMORIAIS DO RITO COMUM OU SUMÁRIO E OS DO TRIBUNAL DO JÚRI MEMORIAIS NO RITO COMUM ORDINÁRIO E SUMÁRIO - Será pedida a absolvição com base no art. 386 do Código de Processo Penal. Vamos à análise do artigo. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I – Estar provada a inexistência do fato; Neste caso, no decorrer da instrução criminal, prova-se que o fato imputado NÃO ocorreu. Ex. Estão acusando o réu do cometimento de lesão corporal gravíssima, mas a vítima aparece na instrução de julgamento sem nenhum sinal de lesão. Ex. Réu é acusado de furtar relógio da vítima, na instrução criminal a própria vítima aparece com o suposto relógio subtraído. Ex. Sujeito está sendo acusado de cometer extorsão mediante sequestro, mas, no curso da instrução probatória, aparece a vítima, com boa saúde, alegando que na verdade tinha viajado. II – não haver prova da existência do fato; Neste caso, o Ministério Público não tem elementos de materialidade para provar que o fato existiu. Não se consegue provar se o fato ocorreu ou não. Ex. A vítima afirma que foi furtada pelo réu. Mas, no decorrer do processo, a acusação NÃO consegue provar que houve efetivamente um furto. III – não constituir o fato infração penal; Ocorre quando o fato é atípico, não sendo previsto como crime pela legislação pátria. Ou seja, não existe um tipo penal para a conduta narrada nos autos. Até pode ter ocorrido o fato, entretanto, ele não constitui crime. Ex. Ocorrência de induzimento ao suicídio em que resultam apenas lesões leves, neste caso a conduta é atípica, já que só existe crime se, ao menos, resultar em lesão corporal de natureza grave. IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; Neste caso, no decorrer da instrução criminal, fica claro que houve o crime, mas está provado que o acusado NÃO concorreu para o cometimento do delito, ou seja, resta provado que o réu não foi autor ou partícipe do crime. Ex. O réu foi acusado de praticar o crimede lesão corporal praticado no dia 12/01/2010, mas neste mesmo dia o réu não estava no local do crime, estava viajando, sendo acostadas aos autos a passagem e a hospedagem em nome do réu. V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; No decorrer da instrução criminal fica reconhecido que o crime ocorreu, mas neste caso a acusação NÃO consegue demonstrar que o réu cometeu o crime como autor ou partícipe. Ou seja, a acusação não consegue provar de forma inequívoca o vínculo do réu com o fato criminoso. VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; Se tiver tratando de qualquer circunstância que exclui o crime ou isenta de pena será este o inciso a ser embasado. Neste caso o próprio inciso traz as hipóteses de exclusão do crime ou de isenção de pena, que são as seguintes: • Erro de Tipo (art. 20 do CP) – exclui o crime. • Descriminante putativa por Erro de tipo (art. 20, § 1º, do CP) – isenta de pena. • Erro de proibição (art. 21 do CP) – isenta de pena. • Coação irresistível e obediência hierárquica (art. 22 do CP) – isenta de pena. • Excludentes da ilicitude do fato (art. 23 do CP) – exclui o crime. • Inimputabilidade (art. 26 do CP) – isenta de pena • Embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, quando o sujeito era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (art. 28, § 1º, do CP) – isenção de pena. VII – não existir prova suficiente para a condenação. Esta é uma manifestação do in dúbio pro reo. No caso, a acusação não consegue demonstrar peremptoriamente que o réu cometeu crime. Esta hipótese tem uma natureza eminentemente residual. Neste caso, é possível fazer os seguintes pedidos: 1º) Absolvição Sumária – art. 415 do Código de Processo Penal. As hipóteses de absolvição sumária no rito do tribunal do júri estão previstas no art. 415 Código de Processo Penal e esta absolvição sumária é ao final da instrução probatória e vai ser pedida em MEMORIAIS. Cuidado que a absolvição sumária do art. 415 do Código de Processo Penal difere da absolvição sumária prevista no art. 397 do mesmo diploma legal que também é aplicada no rito do tribunal do júri de forma analógica, mas para a resposta à acusação. Vamos a análise de cada inciso deste dispositivo. Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I – provada a inexistência do fato; Neste caso fica provado que o fato NÃO existiu. Ex. Sujeito é acusado de homicídio, mas no decorrer do processo a suposta vítima aparece viva. II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; Admite-se que houve o fato, restando este provado, mas provou-se que o réu NÃO foi nem autor nem partícipe do fato. Ex. Mataram um sujeito, restando provado este fato. O réu foi acusado de ter matado o sujeito, entretanto, provou-se no curso da instrução criminal que o réu estava em outra cidade na hora do crime. III – o fato não constituir infração penal; Demonstra-se que o fato NÃO é crime, não possuindo tipificação legal respectiva. Ex. Sujeito é acusado de cometer o crime de suicídio, crime inexistente no ordenamento jurídico, tendo em vista que somente existe o crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Caso fique demonstrado que o réu está amparado por uma causa de exclusão de ilicitude ou de culpabilidade será alegado este inciso. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. A inimputabilidade é uma exceção, pois neste caso deve ser proferida uma sentença absolutória imprópria, sendo o agente inocentado, mas submetido a uma medida de segurança. Porém, desta exceção, caberá outra exceção, no caso de se configurar tese única de defesa. Nesse sentido, pode haver a absolvição sumária mesmo se tratando de inimputabilidade. Vale ressaltar que pode haver a absolvição sumária com base no inciso IV do art. 415 do CPP em decorrência de obediência hierárquica ou embriaguez involuntária proveniente de caso fortuito ou forca maior, pois estas causas isentam de pena do acusado e conduzem à exclusão da culpabilidade. 2º) Impronúncia – art. 414 do CPP A impronúncia ocorrerá quando não há certeza quanto a prova da materialidade e os indícios suficientes de autoria. Ela é uma sentença que não resolve mérito, sendo chamada de sentença interlocutória e o processo fica em suspenso diante da ausência destes requisitos. Porém, se aparecer fato novo pode haver o prosseguimento do processo enquanto o crime ainda não estiver prescrito e poder o Estado punir o agente. Destaca-se que a pronúncia ocorre quando o juiz, ao analisar o caso concreto, verificar que existem prova da materialidade do fato e de indícios suficientes de autoria. Ela é também chamada de sentença interlocutória, pois ela não pode adentrar no mérito. O juiz simplesmente não poderá condenar, será o tribunal do júri que poderá fazê-lo. 3º) Desclassificação – art. 419 do CPP No caso o juiz diz que houve o crime, com indícios suficientes de autoria e materialidade, o acusado é responsável pelo crime, mas o crime simplesmente NÃO é da competência do Tribunal do Júri. Com isso, o juiz desclassifica o crime e remete para o juiz competente, ela é chamada de desclassificação própria. Ex. Ao final da instrução probatória percebe-se que houve o crime de latrocínio e NÃO de homicídio. A desclassificação NÃO gera nulidade dos atos anteriores praticados, NÃO zera o processo, tudo que foi feito será aproveitado pelo juízo competente. Este é que proferirá sentença. OBSERVAÇÃO Na desclassificação imprópria, o juiz diz que houve o crime, o acusado é o autor do delito, mas o problema é que o crime NÃO é o que foi imputado ao agente, embora continue sendo de competência do tribunal do júri. Neste caso deve o juiz adotar o procedimento do art. 384 do Código de Processo Penal. Este artigo traz o instituto da mutatio libelli, esta ocorre quando o juiz entender que o crime que efetivamente ocorreu é diferente do narrado na peça acusatória. Como o réu defende-se dos FATOS apresentados, deve o juiz mandar que o Ministério Público proceda ao aditamento da denúncia, da peça acusatória. Caso não haja esse aditamento o juiz irá adotar o procedimento previsto ao art. 28 do Código de Processo Penal, remetendo o processo ao Procurador Geral de Justiça. Ex. Mulher é acusada do crime de infanticídio, mas no curso da instrução probatória ficou provado através de perícia que a mulher NÃO estava em estado puerperal. Logo, ela deverá responder pelo crime de homicídio, havendo uma desclassificação imprópria. Pode-se fazer a seguinte diferenciação: ► Desclassificação própria – o processo SAI da competência do Júri. ► Desclassificação imprópria – o processo NÃO sai da competência do Tribunal do Júri, mas deverá adotar o procedimento da do Art. 384 do Código de Processo Penal. DICA! Deve-se pedir: 1º) Absolvição Sumária 2ª) Subsidiariamente se for o caso – Impronúncia 3ª) Subsidiariamente se for o caso – Desclassificação. MEMORIAIS E CRIMES PREVISTOS NA LEI DE LICITAÇÃO São cabíveis, ainda,os memoriais, de acordo com a Lei 8.666/93, em seu art. 105 que prevê também o prazo de 05 dias para a sua propositura. Destaca-se que o prazo será sucessivo de 5 dias a cada parte. Assim sendo, os memoriais para os crimes previstos na lei de Licitação terão a fundamentação no artigo 105 da Lei 8.666/93. MEMORIAIS E CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO ELEITORAL São cabíveis memoriais para os crimes previstos no Código Eleitoral – Lei nº 4.737/65. Em seu artigo 360, o CE prevê o prazo de 5 dias para cada uma das partes - acusação e defesa - para a propositura de alegações finais. Assim sendo, a fundamentação dos memoriais quando se referir a crimes eleitorais será com base no artigo 360 do Código Eleitoral. FUNDAMENTAÇÃO DOS MEMORIAIS RITO/PROCEDIMENTO ---------------------------------------------FUNDAMENTAÇÃO Rito Ordinário--------------------------------------- Rito Sumário----------------------------------------- Rito Sumaríssimo---------------------------------- Tribunal do Júri------------------------------------- Crimes previstos na lei de licitações-------- Crimes previstos no Código Eleitoral------- ESTRUTURA DOS MEMORIAIS Endereçamento: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __________ (Regra Geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ________ (Regra geral) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _________________ (Crimes da Competência da Justiça Federal) Porém, se a comarca for a CAPITAL do Estado coloque: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ____ CAPITAL DO ESTADO DE __ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___ JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE __________ (Juizado Especial Criminal – excepcional) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ ZONA ELEITORAL DA COMARCA DE ____ (crimes eleitorais). Processo número: Coloque 4 dedos ou 3 dedos de espaçamento. Qualificação: (Fazer parágrafo) Nome, já qualificado nos autos do processo às folhas ( ), por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, parágrafo 3º do Código de Processo Penal (não colocar abreviatura) apresentar (sem saltar linhas) MEMORIAIS pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. (Pula-se uma linha) 1. Dos Fatos O candidato deve externar os fatos de forma sucinta. Não copie igual aos fatos, se a questão deu 20 linhas para os fatos devem-se usar menos linhas, umas 10, por exemplo. Deve-se fazer uma síntese, trazer os fatos de forma resumida. Os períodos devem ser sempre curtos, 5 ou 6 linhas. Recomenda-se primeiro narrar os fatos e depois arguir as preliminares no próximo ponto, tendo em vista que é melhor primeiro mencionar os fatos para depois se arguir eventuais defeitos decorrentes dos fatos. 2. Das Preliminares Buscam-se falhas, defeitos que possam inviabilizar a defesa. NÃO se deve entrar no MÉRITO. Nas alegações das preliminares basta fazer um parágrafo apontando a preliminar, esta é uma indicação inicial de um erro, de um equívoco existente no processo. Ela é uma indicação de ordem técnica, devendo mencionar o fundamento legal. Como já foi explicado existe uma sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: 1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 2º) Art. 109 CP – Prescrição 3º) Art. 564 CPP – Nulidades 4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude. 5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição liminar da peça acusatória. OBS.: Com já foi dito, as preliminares são apenas mencionadas, no mérito e que se poderá aprofundar alguma tese das preliminares, como no caso da preliminar de exclusão da ilicitude. 3. Do Mérito Deve-se alegar o que mais salta aos olhos, devendo demonstrar conhecimento. Se nas preliminares citou-se o instituto jurídico, por exemplo, da legitima defesa, deve discorrer sobre os requisitos da legitima defesa. Deve-se discorrer sobre os institutos demonstrando os requisitos do instituto. Não se deve discorrer sobre temas controversos, deve-se falar o que todo mundo sabe. Use ideias fáceis, simples e que todos conhecem. Lembre-se também que toda vez que se mencionar uma preliminar, deve-se falar no mérito sobre ela em um parágrafo. OBS.: Ao elaborar sua tese de defesa tente sempre demonstrar a necessidade de absolvição do réu. 4. Dos Pedidos Pedido de Absolvição = Pedido Principal No pedido de memoriais a regra é o de absolvição, no caso do rito comum ordinário, sumário ou sumaríssimo pede-se a absolvição com base no art. 386 do Código de Processo Penal. Já nos casos do rito do tribunal do júri pede-se a absolvição sumária com base no art. 415 do mesmo diploma legal. Pedidos Secundários. Deve-se atentar para a possibilidade de alegação dos pedidos secundários, lembrando que também é necessário discuti-los no mérito. Podendo haver, por exemplo, os seguintes pedidos subsidiários: • Desclassificação do Crime; • Afastamento de qualificadora; • Reconhecimento da atenuação da pena; • Reconhecimento de causa de diminuição de pena no momento; • Se o juiz entender pela condenação que seja aplicada a pena mínima ou que seja aplicada pena restritiva de direito. OBS.: Cuidado que, como já abordado, os pedidos secundários no caso de rito do júri será o de impronúncia ou desclassificação, conforme o caso concreto, além da possibilidade do pedido de anulação da instrução probatória em virtude de alguma preliminar arguida. Após terminar os pedidos pula 1 linha e coloque: Nestes termos, (no canto da página) Pede deferimento. (em outra linha sem saltar) Após salte 2 ou três linhas, vá para o meio da página e coloque Comarca, data (Centralizado) Advogado, OAB EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO CAPITAL DO ESTADO DE SÃO PAULO Processo número: Ronaldo, já qualificado nos autos do processo às folhas ( ), por seu advogado e bastante procurador que a esta subscreve, conforme procuração em anexo, vem, muito respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3º do Código de Processo Penal apresentar os seus MEMORIAIS pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 1. Dos Fatos Consta na inicial acusatória que o agente teria supostamente privado a liberdade da sua esposa, visto ter deixado-a trancada em casa, levando a chave, impedindo, assim que ela saísse. Em sede de inquérito, as testemunhas nada souberam informar, apenas sustentando que o acusado não mantinha um bom relacionamento com a esposa, testemunho esse modificado em juízo. Recebida a denúncia pelo juiz foi apresentada resposta e marcada audiência de instrução e julgamento, ocasião em que a vítima foi ouvida negando toda acusação, informando ter o réu apenas esquecido de deixar a chave com o vizinho, não tendo a intenção de privar a sua liberdade, depoimento confirmado pelo acusado em seu interrogatório. 2. Das Preliminares Preliminarmente, cumpre esclarecer a falta de pressuposto ou condição para o exercício da ação, em virtude da inexistência do crime na sua modalidade culposa, com fundamento no art. 395, II do Código de ProcessoPenal. Ainda em sede de preliminar, é imperioso elucidar que não há justa causa para o exercício da ação penal, razão pela qual a denúncia sequer deveria ter sido recebida, nos termos do artigo 395, III do Código de Processo Penal. 3. Do Mérito Cumpre esclarecer ao douto julgador a inocorrência do crime capitulado no art. 148, § 1º, I do Código Penal. Entende a melhor doutrina que para a configuração do delito em análise, faz-se a necessidade do dolo por parte do agente em querer privar a liberdade da vítima, tendo-se o elemento subjetivo do tipo o dolo, não havendo previsão para a modalidade de natureza culposa. No caso concreto em análise, o agente saiu de casa para trabalhar e terminou se esquecendo de deixar a chave para que a sua mulher saísse posteriormente, já que apenas possuíam uma chave de entrada, inexistindo a figura do dolo por parte do suposto acusado, que agiu com culpa ao ter se esquecido de deixar a chave. É mister destacar, ainda, que o crime cárcere privado previsto no art. 148 do Código Penal apenas admite a modalidade dolosa, seja o dolo, sendo inadmissível como elemento subjetivo do tipo a culpa, por falta de previsão legal. Com isso, o juiz sequer deveria ter recebido a inicial acusatória, pois não há no ordenamento jurídico esse tipo penal, nos termos do artigo 395, II do Código de Processo Penal. Com isso, o processo penal não terá um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade ao final do processo, devendo a denúncia ter sido rejeitada liminarmente. As testemunhas prestaram depoimentos perante a autoridade policial e ao juízo competente, nada sabendo informar acerca do crime questionado. Além disso, a vítima informou em juízo que o seu marido não a deixou trancada dentro de casa, apenas fechou saindo do domicílio com a chave e esquecido de deixá-la na casa do vizinho, para que este pudesse abrir a porta no horário em que a depoente sairia de casa, já que só possuíam uma chave e Ronaldo sempre saía mais cedo de casa por conta do trabalho. Nesse caso, não há que se falar em justa causa para o exercício da ação penal porque, para a sua configuração, é necessário e imprescindível o binômio prova da materialidade do fato mais indícios suficientes de autoria. A ausência de qualquer um deles descaracteriza a justa causa, o que já deveria ter causado a rejeição da inicial acusatória. Ainda é necessário esclarecer, excelência, que não entendendo pela absolvição do agente, é possível a aplicação da pena mínima abstratamente prevista ao delito, qual seja, dois anos, podendo este ser beneficiado pela substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, já que preenchidos os requisitos previstos no artigo 44 do Código Penal. Apenas a título de esclarecimento, em caso de negativa da substituição da pena, seria possível o início do regime aberto como cumprimento de pena, já que a pena mínima cominada ao crime seria de dois anos de reclusão, conforme preceitua o artigo 33, § 2º, “c” do Código Penal. 4. Dos Pedidos Diante de todo exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição do réu, com fundamento no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, visto o fato evidentemente não constituir infração penal. Apenas por cautela, não sendo acolhido o pedido de absolvição, o que não se espera, requer-se ao douto julgador seja decretada a anulação da instrução probatória em virtude da ocorrência manifesta falta de pressuposto processual ou condição, bem como ausência de justa causa para o exercício da ação penal, nos termos do artigo 395, II e III, do Código de Processo Penal. Por fim, não sendo acolhidos os pedidos acima, seja aplicada a pena mínima cominada ao delito, sendo, nesse caso, substituída a pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, nos termos do artigo 44 do Código Penal. Ainda, não aceitando Vossa Excelência na substituição dela pena restritiva de direitos, possa o agente iniciar no regime mais benéfico no cumprimento de pena, respeitando-se o artigo 33, § 2º, “c” do Código Penal. Termos em que, Pede deferimento. São Paulo, capital do Estado de São Paulo, 26 de agosto de 2014. Advogado, OAB RESPOSTA DO CASO PRÁTICO PROPOSTO • Peça: MEMORIAIS, com fundamento no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal. • Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 15ª VARA CRIMINAL DA COMARCA Z DO ESTADO BETA • Teses: Indicação da preliminar de nulidade por falta de intimação do advogado do réu para a audiência de instrução e falta de nomeação de defensor público ao réu presente, nos termos do art. 564, III, “c” e IV do Código de Processo Penal e art. 5º, LV, da Constituição Federal. Indicação da preliminar por falta de condição para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal. Desenvolvimento fundamentado acerca da existência do erro de tipo, art. 20, caput, do Código Penal. Desenvolvimento fundamentado acerca da nulidade por falta de intimação do advogado do réu para a audiência de instrução e falta de nomeação de um defensor público ao réu presente, nos termos do art. 564, III, “c” e IV do Código de Processo Penal e art. 5º, LV, da Constituição Federal. Desenvolvimento fundamentado acerca da falta de condição da ação para o exercício da ação penal, nos termos do art. 395, II, do Código de Processo Penal. • Pedidos: Pedido de absolvição com fundamento no art. 386, VI, do Código de Processo Penal. Pedido de anulação da instrução probatória em virtude da existência de nulidade por falta de intimação do advogado do réu para a audiência de instrução e falta de nomeação de defensor público ao réu presente, nos termos do art. 564, III, “c” e IV do Código de Processo Penal e art. 5º, LV, da Constituição Federal. Pedido de anulação da instrução probatória por falta de condição para o exercício da ação penal. Pedido de aplicação da pena do réu no mínimo legal e o regime inicial de cumprimento de pena no semiaberto. Não sendo acolhido o pleito de pena mínima, que seja reconhecida a atenuante prevista nos art. 65, I, do Código Penal, em virtude de o réu ser menor de 21 anos na data do fato. QUESTÕES PREJUDICIAIS ARTIGO 92 DO CPP Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados. ARTIGO 93 do CPP Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente. § 1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando suacompetência para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. § 2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso. § 3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-lhe o rápido andamento. EXCEÇÕES PROCESSUAIS COISA JULGADA LITISPENDÊNCIA ARTIGO 95 DO CPP EXTINÇÃO DO PROCESSO NULIDADE Poderão ser opostas as exceções de: I - Suspeição; II - Incompetência de juízo; III - Litispendência; IV - Ilegitimidade de parte; V - Coisa julgada. NULIDADES GERA NULIDADE Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena. – ART. 157 DO CPP NULA DESENTRANHAMENTO Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. § 1° São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. § 2° Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. § 3° Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: I - pela morte do agente; II - pela anistia, graça ou indulto; III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; IV - pela prescrição, decadência ou perempção; V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; VII - pelo casamento do agente com a vítima, nos crimes contra os costumes, definidos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial deste Código; VIII - pelo casamento da vítima com terceiro, nos crimes referidos no inciso anterior, se cometidos sem violência real ou grave ameaça e desde que a ofendida não requeira o prosseguimento do inquérito policial ou da ação penal no prazo de 60 (sessenta) dias a contar da celebração; IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. TESES DE MÉRITO 1° ABSOLVIÇÃO PRÓPRIA Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato; O Crime sequer existiu II - não haver prova da existência do fato; INDUBIO PRO REO III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; INDUBIO PRO REO VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; INDUBIO PRO REO VII - não existir prova suficiente para a condenação. INDUBIO PRO REO
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