Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRABALHO CLASSIFICADO EM 5º LUGAR NO I PRÊMIO JOVEM CIENTISTA CONTÁBIL CRC-BA-2001. AUTORA: Elisangela Fernandes dos Santos Graduanda em Ciências Contábeis da Universidade Federal da Bahia. Título do Trabalho: A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DE APOIO A GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. 2 IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DE APOIO A GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Resumo Este trabalho corresponde ao desenvolvimento de uma pesquisa que investiga a importância da Contabilidade para as empresas de pequeno porte, mostrando a necessidade de se ter acesso a informações úteis que possibilitem ao gestor administrar seu negócio de maneira eficiente. Dada a representatividade da pequena empresa no contexto econômico, há necessidade de se dar uma atenção especial a este segmento, pois, segundo o Banco de Dados do SEBRAE, 80% das pequenas empresas fecham antes de completar um ano de atividades. As pequenas empresas, no contexto do desenvolvimento regional, têm um papel decisivo. Segundo o mesmo Banco de Dados, no Brasil, apenas no ano de 1999 foram constituídas 475.005 mil empresas, dentre as quais 267.525 mil são microempresas, representando um percentual de 56,32% do total de empresas constituídas no Brasil. É objetivo deste trabalho demonstrar a importância da Contabilidade como instrumento de apoio na gestão dos negócios para os empresários de pequeno porte. Para ilustrar o tema proposto, serão feitas algumas reflexões sobre, a história da Contabilidade, a informação como recurso eficiente e útil na gestão e sobre algumas ferramentas da Contabilidade Gerencial que são de extrema importância no processo administrativo de uma empresa. 1. Considerações Iniciais: Desde os primórdios da humanidade a contabilidade vem avançando de forma a demonstrar o fluxo da riqueza nas entidades. Evoluindo da simples função de proporcionar memorização e controle para a função de apoiar a gestão, a contabilidade vem reforçando sua função social. Posição que confere a ela uma importância substancial para o usuário da informação Contábil. 3 Para entendermos a dimensão da ciência que abraçamos para estudo basta que lancemos o olhar para o passado onde podemos constatar através das evidências históricas que as organizações mais primitivas faziam uso da Contabilidade, ainda que de forma rudimentar. Segundo SÁ1, “Provas arqueológicas denunciam registros em grutas, ossos e outros materiais, contendo manifestações da inteligência humana na percepção de meios patrimoniais, qualitativa e quantitativamente, ou seja, constituindo a conta primitiva”. As provas mais antigas que dispomos acerca da aplicação do conhecimento contábil, são as do paleolítico superior, ou seja, entre 10.000 a 5.000 anos antes de Cristo. Precisamente do mesolítico, período posterior ao glacial, portanto marcado pelo reaquecimento da terra.2 O homem primitivo já apresentava a preocupação com a variação da riqueza que detinha.Com o uso de sua arte, passou a contabilizar sua riqueza patrimonial através de inscrições nas paredes das grutas (produzindo pinturas) onde qualificavam o objeto patrimonial e também simbolizavam o registro da quantidade desse mesmo bem. Desta forma, o conjunto (qualidade e quantidade) formou a “conta primitiva” ou seja, uma evidência com a identificação da utilidade (desenho) e a quantificação (riscos). De acordo com SÁ3, Conta significa, “Instrumento de registro contábil relativo a fatos da mesma natureza e que se identifica por um título, contendo registros que informam sobre a evolução transformadora do aludido objeto, qualificando, quantificando, historiando no tempo e apresentado saldos devedores ou credores de acordo com cada caso”. A contabilidade caminhava, então, no sentido ao apoio efetivo à gestão dos negócios. Verifica-se, no processo histórico da contabilidade, que a preocupação do homem com suas propriedades e riquezas existe desde a Antiguidade, ou seja, a milhares de anos atrás a contabilidade já era importante. Nos dias atuais, devido ao nível de complexidade das organizações e a necessidade de se ter informações cada vez mais úteis e confiáveis a Contabilidade se tornou imprescindível. A evolução da contabilidade foi lenta, tendo em vista que por milênios a história da Contabilidade é a própria história do homem cercada de toda complexidade inerente. Esta teve evolução significativa com o nascimento dos registros em partida dobrada. Este procedimento baseia-se no princípio de que a todo crédito sempre corresponde a um débito de igual valor e vice-versa. 1 SA, Antônio Lopes de. Fundamentos da Contabilidade Geral. Belo Horizonte : UNA, 2000, p.09. 2 O aquecimento climático favoreceu o surgimento das primeiras organizações humanas. 3 SA, Antônio Lopes de. História Geral e das Doutrinas da Contabilidade. São Paulo : Atlas, 1997, p.20. 4 No entanto, a intensificação da difusão do conhecimento contábil, só efetivou-se, com o desenvolvimento dos meios de imprensa através de Gutenberg, o qual aperfeiçoou e desenvolveu a partir da 1450 e impressão em série. Isto possibilitou a impressão em 1494 de um trabalho sobre a partida dobrada de autoria do frei italiano, Luca Pacioli. A partir do século XVI surgem as primeiras obras dedicadas exclusivamente, a escrituração contábil, dentre elas destaca-se a do monge beneditino italiano Ângelo Pietra, de 1586. Iniciou-se nesta época a teorização da contabilidade e muitos conceitos foram apresentados e analisados. Contudo, a contabilidade só se estruturou cientificamente em 1923, com a doutrina de Vicenzo Masi, na Itália, que tinha como objetivo conhecer as relações que existem entre os acontecimentos da riqueza patrimonial e explicar o que acontece com esta, a partir das referidas relações. Num primeiro momento da evolução do pensamento Contábil o foco era a “conta” como se esta fosse a alma ou o registro fosse a finalidade maior da contabilidade. Foi assim no Contismo, evoluindo posteriormente para a doutrina de Lombarda4. Os estudos e publicações de Francesco Villa ensejaram o aparecimento de uma escola de pensamento denominada Lombarda. A origem dos pensamentos e conhecimentos que orientaram as doutrinas dessa escola científica, foi a obra de Villa, publicada 1840, sob o título “La contabilitá applicata alle amministrazione private e publiche”, sendo esta obra premiada pelo imperador da Áustria. Para Villa, o entendimento do movimento da riqueza era a “substância”, ou seja, um objeto imprescindível de estudo. Assim para esta escola os registros eram apenas dados, ou seja, subsídios para estudos, não se devendo confundi-las com a interpretação desta e não se devendo admitir que Contabilidade aos registros se limite. A partir deste momento, a Contabilidade adquiriu de forma modesta a função gerencial, deixando de ser apenas um modelo de escrituração, para ser um instrumento de acompanhamento e controle, ou seja, a informação gerada pela contabilidade serviria de apoio na administração dos negócios. Contudo, a inquietude científica, no campo da Contabilidade, foi responsável pelo surgimento de análise da matéria sob diversos ângulos. O personalismo foi uma corrente que estudou os conceitos jurídicos e pessoais interligados a administração. Guiseppe Cerboni, precursor do Personalismo, partiu do raciocínio de que tudo o que ocorre na empresa ou na entidade motiva direitos e obrigações, e que tais relações são as 4 A denominação delombarda provém da região da Itália onde ela teve sua origem, a Lombardia, cuja principal cidade é Milão, um dos mais importantes centros industriais do país. 5 importantes para a vida das aziendas. Daí por que definiu os personalistas o patrimônio como um conjunto de direitos e obrigações. Nesta corrente (Personalismo) é muito forte a influência da Administração e do Direito, mas, no âmago identifica-se uma tendência ou vocação para centralizar os estudos contábeis na vida da riqueza. Desta corrente podemos perceber que a contabilidade gerencial está se tornando cada vez mais, um instrumento de apoio na administração das aziendas. Em seguida surgiram os controlistas, tendo como precursor Fábio Besta, que criaram novas formas de observar o objeto de estudos da contabilidade, conseguiram contribuir de forma expressiva para o desenvolvimento da ciência contábil. Fábio Besta coloca-se, pois, em posição diferente daquela dos personalistas, destacando seu ponto de vista sobre a riqueza, sobre a necessidade de considerá-la como ela mesma e não pelos direitos ou obrigações que ocorrem quando a mesma é dinamizada. Enfatiza a necessidade de abandonar-se o raciocínio jurídico dos personalistas para situar-se em uma realidade materialista de maior significação. Os controlistas admitiam que o objetivo era estudar a matéria sob o ângulo do controle da riqueza e o que de forma correlata com este se relacionasse. Esta corrente foi de extrema importância, sendo considerada umas das mais expressivas produções da era moderna científica. Observa-se que a contabilidade gerencial nasceu na corrente de Lombarda e desenvolveu-se aos longos dos anos, tornando-se atualmente num instrumento imprescindível de apoio na gestão dos negócios. Da Escola de Lombarda à escola Neopatrimonialista o que se observou foi o desenvolvimento de funções gerenciais. 2. Objetivos da Contabilidade O principal objetivo da Contabilidade é informar o seu usuário, seja ele interno ou externo. Pouca importância terá uma informação contábil se a utilidade a que se destina é nula. Segundo IUDÍCIBUS5, a contabilidade pode ser conceituada como sendo: “... o método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, financeira, física e social, a fim de permitir decisões e julgamentos adequados por parte dos usuários da informação.” Nos tempos atuais, a Informação é uma poderosa ferramenta de gestão a disposição dos empresários, ou seja, através das informações extraídas das demonstrações contábeis 5 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 1997 p. 08 6 e/ou relatórios gerenciais podem-se mensurar o desempenho da organização, traçando planejamento estratégico adequado a partir destas informações. Segundo WARREN6, a informação contábil é dividida em duas áreas: financeira e gerencial. O diagrama abaixo ilustra as relações entre as contabilidades financeira e gerencial. CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL Usuários: Características: As informações da contabilidade financeira são relatadas em Demonstrativos Contábeis úteis para os usuários da contabilidade, como por exemplo, administradores, acionistas, credores, instituições governamentais e público em geral (Figura 01). Segundo WARREN7, “Na medida em que a administração usa esses demonstrativos contábeis para dirigir operações atuais e planejar operações futuras, as duas áreas contábeis sobrepõem-se”. A demonstração Contábil, Objetiva e periodica, relata, os 6 Warren, Carl s. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Pioneira, 2001 p. 02. 7 Warren, Carl s. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Pioneira, 2001 p. 03. Demonstrações Financeiras Relatórios Gerenciais Usuários Externos e Administração Administração Objetivo e Subjetivo Objetivo Preparados conforme os princípios fundamentais da contabilidade (PFC’s) Preparados de acordo com as necessidades gerenciais Entidade empresarial ou segmento Entidade Empresarial Preparadas periodicamente ou quando necessário Preparadas Periodicamente Figura 01. Contabilidade no contexto decisório. 7 resultados das operações e a condição financeira da empresa de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade (PFCs). As informações da Contabilidade gerencial incluem dados históricos e estimados usados pela administração na condução de operações diárias, no planejamento das operações futuras e no desenvolvimento de estratégias de negócios integradas. As características da contabilidade gerencial são influenciadas pelas variadas necessidades da Administração. Os relatórios de contabilidade gerencial fornecem medidas objetivas de operações passadas e estimativas subjetivas de futuras decisões. O uso de estimativas subjetivas nesses relatórios auxilia a administração a responder às oportunidades de negócios. A Contabilidade gerencial fornece a informação clara, precisa e objetiva para a tomada de decisão. A informação contábil é um instrumento para a tomada de decisões, portanto, deve atender a todos os objetivos a que se destina, com responsabilidade, observando-se os benefícios e custos, relevância, e valor preditivo, bem como padrões de confiabilidade. É forçoso lembrar: a Contabilidade moderna deve ser estruturada visando ser um instrumento de informação, decisão e controle, fornecendo informações capazes de atender plenamente os objetivos dos usuários. Cada vez mais, a informação deve aparecer no suporte do ciclo de planejamento, execução e controle, que se consubstancia no processo de gestão, daí a necessidade imprescindível da Ciência Contábil na figura de sua técnica como instrumento de apoio à gestão dos negócios. 3. A contabilidade e a informação A contabilidade surgiu pela necessidade do homem em ter informações econômicas e financeiras a respeito dos seus negócios. A contabilidade tem um potencial enorme de informação, pois todos os fatos que são passíveis de expressão monetária podem ser agrupados dentro dessa área, objetivando a uma visão sistêmica da situação da empresa. MARION8 quando trata da questão da utilização das informações contábeis para gestão, afirma: “A função básica do contador é produzir informações úteis aos usuários da Contabilidade para a tomada de decisões”. A informação é fundamental no apoio às estratégias e processos de tomada de decisão, bem como no controle das operações empresariais. Sua utilização representa uma intervenção no processo de gestão, podendo, inclusive, provocar mudança 8 organizacional, à medida que afeta os diversos elementos que compõem o sistema de gestão. Esse recurso vital da organização, quando devidamente estruturado, integra as funções das várias unidades da empresa, por meio dos diversos sistemas organizacionais. Segundo BEUREN9, “O Desafio maior da informação é o de habilitar os gestores a alcançar os objetivos propostos para a organização, por meio do uso eficiente dos recursos disponíveis”. A definição e tradução da estratégia, de forma compreensível e factível aos membros da organização, passa pela necessidade de disponibilizar informações adequadas aos responsáveis pela elaboração da Estratégia. Para a tomada de decisão, os gestores precisam ser supridos com informações de valor. Tal situação requer que a informação, enquanto recurso básico para o desenvolvimento das atividades empresariais e sua valorização como produto econômico,seja bem gerenciada. MCGEE E PRUSAK10 argumenta que, “embora a informação seja um ativo que precisa ser administrado, da mesma forma que os outros tipos de ativo representado pelos seres humanos, capital, propriedades e bens materiais, ela representa uma classe particular dentre esses outros tipos de ativo. As diferenças decorrem do próprio potencial da informação assim como do desafio de administra-la.” A principal diferença da informação em relação aos demais ativos da empresa, é que ela é infinitamente reutilizável, sem, contudo se deteriorar ou depreciar em função do uso. VASCONSELOS11, afirma que, “A eficácia da informação se concretiza quando converte-se em decisão. O que faz distar a informação dos outros ativos da empresa é o seu caráter de reutilização sem desgaste pelo uso.” O nível de eficácia da informação está estritamente ligado a capacidade de gestão dos negócios. Contudo, se o propósito da Informação é capacitar os gestores a alcançar os objetivos da organização com o uso eficiente de seus recursos, e sendo a informação também um recurso, faz-se necessário a mensuração destas informações, visto que os dados que são coletados, processados, acumulados e comunicados às empresas, por meio de sistemas de informações formais, precisam ser mensurados de alguma forma. Os gestores das empresas que são responsáveis pela tomada de decisão precisam de mensurações adequadas das informações para dar suporte a seus modelos decisórios.Porém, estruturar um modelo de mensuração que possa ser aplicado a objetos 8 MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. São Paulo. Atlas, 1993, p. 30. 9 BEUREN, Ilsen Maria. Gerenciamento da Informação: Um recurso Estratégico no Processo de Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, 2000, p. 45-46. 10 McGEE, James, PRUSAK, Laurence. Gerenciamento estratégico da informação: aumente a competitividade e a eficiência de sua empresa utilizando a informação como uma ferramenta estratégica. Rio de Janeiro: campus, 1994, p. 23. 11 VASCONSELOS, Yumara Lúcia. Evidenciação : Forma e Qualidade. ENECON. 9 ou eventos que ainda estão por se realizar é uma tarefa complexa, visto que essas medidas se referem a estimativas subjetivas. Entretanto, a precisão dos padrões de mensuração são de fundamental importância no processo de fazer mensurações e comparações exatas, a fim de prover informações válidas, confiáveis apropriadas e econômicas, para cada decisão a ser tomada12. Se a contabilidade tem como uma de suas principais funções suprir de informações úteis os gestores, cabe a ela gerar informações que dêem o devido suporte ao processo de tomada de decisões em todos os seus estágios: no reconhecimento do problema, na identificação das alternativas e na escolha da melhor delas. Na fase de reconhecimento de problemas, a contabilidade apresenta-se como um importante instrumento de gestão à medida que é um sinalizador deles, apontando variações em relação a padrões estabelecidos, desempenhando um papel relevante nas fases de identificação de alternativas e da escolha da mais adequada para a organização. 5.A Informação no Contexto das Pequenas e Médias Empresas Em pesquisa desenvolvida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, realizada em 12 (doze) Unidades da Federação, no período de agosto/98 a junho/99, apurou-se a taxa de mortalidade das empresas para até três anos de criação das mesmas. Conforme a Unidade da Federação, essa taxa variou de cerca de 30% até 61%, no primeiro ano de existência da empresa, de 40% até 68%, no segundo ano, e de 55% até 73%, no terceiro período do empreendimento. Nesta pesquisa também, procurou-se identificar fatores condicionantes dessa mortalidade. Em praticamente todas as Unidades da Federação pesquisadas o percentual de Microempresas em atividade é inferior ao de Microempresas extintas, isto é, quanto menor os empreendimentos maiores são as possibilidades de extinção, conforme mostra a Tabela e o gráfico abaixo13. Assim como maior o número destes mesmos negócios, maior o número de oportunidade para o profissional Contador. 12 A mensuração todavia, não é suficiente, faz-se necessário interpretar os números ou objeto mensurado. 13 Pesquisa desenvolvida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, no período de agosto de 1998 a Junho de 1999. 10 Tabela e Gráfico 1 Valores em (%) AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N Microempresa 94 96 88 99 87 96 89 97 87 94 99 99 80 96 93 96 93 98 89 96 87 96 Pequena empresa 6 4 12 1 11 4 9 3 12 6 1 1 18 4 7 4 7 3 10 4 13 4 Média empresa 0 1 1 0 2 0 1 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 Grande empresa 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Porte das empresas AM PE PRMS PB SC SE SP TORN Resposta AC 94 88 87 89 87 99 80 93 93 89 8796 99 96 97 94 99 96 96 98 96 96 AC AM MS PB PE PR RN SC SE SP TO 0 20 40 60 80 100 120 Microempresa Situação em atividade extinta Fonte: Pesquisa Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas - Período: out/99. Porte das Empresas Valores em (%) 6 12 11 9 12 1 18 7 7 10 13 4 1 4 3 6 1 4 4 3 4 4 AC AM MS PB PE PR RN SC SE SP TO 0 5 10 15 20 25 Pequena Empresa 11 Isto acontece devido à deficiência de informação durante o processo administrativo, que engloba planejamento, controle e acompanhamento do desempenho da empresa. Entretanto, o fator determinante assinalado pelos empresários como a maior dificuldade foi a falta de capital de giro, apontada em 8 (oito) dos 11 (onze) Estados, tanto pelas empresas em atividade como pelos negócios extintos.Também a carga tributária e a recessão econômica foram fatores citados por ambos os grupos como inibidores do bom desempenho dos negócios. Curiosamente, a qualidade da informação não foi requer referenciada. Os resultados da pesquisa indicam que, a empresa para ter sucesso deve possuir bom conhecimento do mercado onde atua. Também ter um bom administrador e fazer uso de capital próprio foram fatores considerados como importantes para o sucesso do empreendimento, conforme veremos na tabela a seguir. Tabela 2 Este resultado comprova a deficiência informativa dos empresários de pequeno porte no que diz respeito a planejamento, neste caso principalmente em relação ao planejamento Valores em (%) AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N AT IV EX TI N capacidade do empresário para assumir riscos 20 27 32 29 18 14 21 18 24 8 2 3 23 17 27 22 23 30 26 26 21 22 aproveitamento das oportunidades de negócios 27 20 30 21 22 22 26 25 49 45 21 34 27 26 25 21 34 15 22 19 24 26 ter um bom administrador 38 50 26 32 35 36 42 46 49 38 26 34 39 61 34 39 40 41 36 37 53 60 bom conhecimento do mercado onde atua 46 44 44 37 47 41 52 50 51 68 34 44 42 62 55 50 33 49 52 55 51 50 capacidade de liderança do empresário 11 9 9 21 11 7 12 10 3 4 9 6 9 17 6 8 3 6 9 6 6 8 uso de capital próprio 36 4334 31 31 40 30 35 37 44 6 13 33 30 27 31 34 24 30 39 30 32 criatividade do empresário 26 26 19 28 24 14 21 31 17 13 24 24 28 19 30 22 32 34 25 21 23 13 reinvestimento dos lucros na própria empresa 19 18 16 21 18 13 19 17 8 3 4 1 26 10 21 16 32 26 18 20 15 13 boa estratégia de vendas 26 20 26 27 18 16 19 28 15 23 27 16 19 19 21 17 17 19 26 22 24 16 terceirização das atividades meio da empresa 3 1 1 1 2 2 1 3 1 0 2 6 3 1 1 4 2 1 3 2 1 2 ter acesso a novas tecnologias 12 11 16 12 9 7 12 6 5 7 5 4 8 1 14 5 8 6 11 9 16 16 empresário com persistência / perseverança 20 10 16 8 25 21 23 5 3 1 10 5 25 12 24 14 9 6 19 15 21 16 outro 2 3 1 0 3 4 0 3 1 3 0 13 2 5 1 9 1 0 1 2 3 1 (*) A questão admitia até três opções. SC SERN Quais são, na sua opinião, os fatores mais importantes para o sucesso de uma empresa? (*) PE Resposta SPAC AM MS PB TOPR 12 do Fluxo de Caixa, custos, investimentos, os quais são essenciais para a sobrevivência de uma empresa. Por detrás de todos os fatores destacados acima, se refletirmos mais atentamente, está a INFORMAÇÃO E SEU USO. É A Informação que capacita o empresário a assumir riscos, porque o conscientiza a respeito dele; O instrumentaliza a escolher oportunidade de mercado e promove a visão necessária sobre seu negócio. Desta forma, a capacidade de liderança e a criatividade encontram ambiente fértil. MATARAZZO14, cita que “a Demonstração do Fluxo de Caixa é peça imprescindível na mais elementar atividade empresarial e mesmo para pessoas físicas que se dedicam a algum negócio.”. O que se observa com certa freqüência é que várias empresas, principalmente as pequenas, têm falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência. Em questionário aplicado junto a micros e pequenos empresários fora perguntado se a empresa possuía contabilidade: 87,5% responderam afirmativamente, 12,5% disseram que não possuíam contabilidade. Aos que afirmaram não possuir contabilidade fora perguntado sobre a visão que tinham sobre o processo contábil. 100% visualizavam a contabilidade como uma “praxe”, uma obrigação. Aos que afirmaram utilizar a contabilidade, perguntamos qual finalidade para a sua empresa da contabilidade. 62,5% responderam que a finalidade era atender o fisco, 12,5% disseram que a finalidade era a de registrar os eventos ocorridos no passado e apenas 25% afirmaram utilizar a contabilidade como Instrumento de Apoio a Gestão dos negócios. Perguntamos ainda como estes avaliavam o resultado operacional da empresa: 25% responderam que avaliavam através da Demonstração de resultado do exercício elaborada pela contabilidade, 12,5% responderam que avaliavam através da contabilidade gerencial, 25% responderam que avaliavam através de outros métodos não especificados e 37,5% disseram avaliar através do saldo positivo de caixa. Questionamos também como estes empresários analisavam a situação financeira e econômica de sua empresa: 62,5% disseram que não analisavam, 25% responderam que analisavam através das demonstrações contábeis e 12,5% disseram avaliar através dos processos que ocorrem na área financeira. 14 MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços. São Paulo : Atlas. 1998, p. 369. 13 Ao perguntarmos se possuíam planejamento estratégico de mercado, 62,5% responderam que possuíam (mesmo que de forma rudimentar), 37,50% afirmaram que não possuíam nenhum tipo de planejamento de mercado. Por fim perguntamos se estes empresários tinham interesse de processo contábil de forma a gerar relatórios gerenciais, possibilitando a análise do desempenho da empresa, produzindo informação útil para tomada de decisão. 12,5% afirmaram não ter interesse, enquanto 87,50% dos empresários responderam que tinham interesse em ter na contabilidade um instrumento de apoio na gestão dos negócios. Esta pesquisa revela a deficiência do pequeno empresário no que diz respeito a gestão eficiente dos negócios. Deste levantamento depreende-se também a leitura formal que o empresário de pequeno porte tem da contabilidade. Culpados a parte, não podemos nos esquecer da responsabilidade do profissional contador na construção e enraizamento dessa visão, porque o cartão de visita de qualquer profissional é sem dúvida o seu trabalho. Ouvimos empresários que criticam a carga tributária, os encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos, etc., fatores estes que, sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa. Entretanto, descendo a fundo nas nossas investigações, constatamos que, muitas vezes, a “célula cancerosa” não repousa naquelas críticas, mas na má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo, sem dados portanto confiáveis. Neste contexto, verifica-se a grande necessidade por parte dos pequenos empresários da realização de uma Contabilidade completa e precisa que auxilie na gestão dos negócios. É através da Contabilidade que o empresário terá acesso a informação útil para tomada de decisão. Saber se a empresa está dando lucro, ter conhecimento da situação financeira e econômica, possuir um planejamento de mercado, analisar a liquidez da empresa, saber qual a posição no mercado com relação aos concorrentes, dentre outras informações representa a sobrevivência dos micros e pequenos empresários inseridos no contexto globalizado em que vivemos atualmente. A adaptação das pequenas empresas aos novos paradigmas de um mercado globalizado, exigindo capacidade de inovação, flexibilidade, rapidez, qualidade, produtividade, dentre outros requisitos, torna cada vez mais importante e estratégico o papel que a contabilidade exerce na vida de uma empresa. Neste contexto, torna-se imprescindível a realização de uma contabilidade eficiente e confiável, tornando cada vez mais relevante a Análise Financeira das Demonstrações Contábeis e/ou Relatórios Gerenciais, buscando extrair informações através de Técnicas 14 de Análise Econômico-Financeira que visam demonstrar o desempenho das organizações. 6. Demonstrações Contábeis dados ou informações? MATARAZZO15, define dados e informações da seguinte forma: “Dados são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor. Informações representam, para quem as recebe, uma comunicação que pode produzir reação ou decisão, freqüentemente acompanhada de um efeito-surpresa”. As demonstrações contábeis mostram, por exemplo, que a empresa tem $Y milhares de dívida. Isto é um dado. A conclusão de que a dívida é excessiva ou é normal, de que a empresa pode ou não pagá-la é informação, porque decorre da interpretação. O Objetivo da Análise das demonstrações contábeis é transformar os dados contidos nas demonstrações em informações úteis e confiáveis que auxiliem na gestão de empresas. 7. Ferramentas da Contabilidade Gerencial A Contabilidade Gerencial é um instrumento substancial de apoio na gestão dos negócios, uma vez, que são utilizadas em diferentes atividades empresariais e processos decisórios. Veremos a seguir, apenas algumas dessas ferramentas, as que são mais largamente utilizadas. 7.1 Análise das demonstrações Contábeis Na análise das demonstrações contábeis, a análise dos indicadores econômico- financeiros pode ser realizada de várias maneiras distintas. Dentre as mais utilizadas estão: estática, vertical, horizontal e indicadores absolutos. É importante salientar que, de acordo com IUDÍCIBUS16 : “é muito mais útil calcular um certo número selecionado de índices e quocientes, de forma consistente, de período para período, e compará-los com padrões pré-estabelecidos e tentar, a partir daí, tirar uma idéia de quais problemasmerecem uma investigação maior, do que apurar dezenas e dezenas de índices, sem correlação entre si, sem comparações e, ainda, pretender dar um enfoque e uma significação absolutos a tais índices e quocientes.” Portanto, a análise financeira e de balanços não se resume, como muitos acreditam, no cálculo de centenas de índices. Ela trata da interpretação e da relevância desses índices, sendo um instrumento de avaliação e desempenho. 7.2 Orçamento empresarial O orçamento envolve planejamento, ou seja, é preciso decidir antecipadamente o que deve ser feito e quais os recursos necessários para se atingir o objetivo pré-estabelecido. 15 MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços. São Paulo : Atlas. 1998, p. 18. 16 IUDICIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. São Paulo. Atlas. 1993, p. 59. 15 Orçar significa processar todos os dados contábeis atuais introduzindo os dados previstos para o próximo exercício. Todo processo de gerenciamento contábil tem seu ponto culminante, em termos de controle, no orçamento empresarial. Uma das grandes vantagens do orçamento está na obrigatoriedade dos administradores pensarem no futuro, terem uma visão a longo prazo, procurando relacionar também os fatores externos que influenciam as decisões da empresa. 7.3 Análise da margem de contribuição Para que se compreenda o conceito da margem de contribuição é preciso, primeiramente, que se entenda o conceito de método de custeio direto. Em sua concepção restrita, o Custeio Direto ou Custeio Variável caracteriza-se por apropriar aos produtos ou serviços somente os seus custos variáveis. No Custeio Direto ou Custeio Variável, só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o Resultado; para os estoques somente vão, como conseqüência, custos variáveis. Um conceito relevante, derivado do custeamento variável, é o conceito de margem de contribuição ou de abordagem de contribuição, que é a diferença entre as receitas e os custos e despesas variáveis. Os custos fixos são subtraídos desta margem de contribuição para se obter a renda líquida. A margem de contribuição propicia informações ao gerente para decidir sobre qual linha de produção deve diminuir ou expandir uma linha de produção, para avaliando as alternativas de investimentos. Também é possível decidir sobre estratégias de preço, serviços ou produtos e principalmente, avaliar o desempenho da empresa. 7.4 Fluxo de caixa Sinteticamente, o fluxo de caixa é o instrumento de programação financeira, que corresponde às estimativas de entradas e saídas de caixa em certo período de tempo. Esse instrumento possibilita: planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros da empresa. O objetivo do fluxo de caixa é dar uma visão das atividades desenvolvidas, bem como as operações financeiras que são realizadas diariamente, no grupo do ativo circulante, dentro das disponibilidades, e que representam o grau de liquidez da empresa. A otimização dos fluxos de caixa reduz, automaticamente, a necessidade de capital de giro, sendo, portanto interesse da empresa buscar essa otimização. 16 8. Considerações Finais: A presente pesquisa representa o estudo da importância da contabilidade como instrumento de apoio aos micros e pequenos empresários na gestão dos negócios. No contexto globalizado, onde os concorrentes apresentam-se altamente competitivos, torna-se imprescindível ao pequeno empresário conhecer sua empresa e administrá-la de maneira eficiente e eficaz, usando todas as ferramentas disponíveis. A contabilidade como ciência que estuda a vida da riqueza das entidades, mais do que nunca se torna vital para a sobrevivência destas, pois é através da contabilidade que se identifica à situação financeira e econômica da empresa. Neste sentido faz-se necessário que o pequeno empresário tenha conhecimento ou tome consciência, da importância da realização de uma contabilidade completa e eficiente que reflita a realidade da empresa, possibilitando elaborar demonstrações contábeis que sirvam de base para gerar informações úteis para a gestão dos negócios. O conhecimento é a ferramenta fundamental e indispensável para permanência de uma entidade no mercado. Sendo a contabilidade o instrumento que gera conhecimento sobre uma organização, nada mais justo, que afirmar que a empresa que não detiver o conhecimento, ou seja, a contabilidade como instrumento de elaboração de informação não sobreviverá. 9. Referências Bibliográficas BEUREN, Ilsen Maria. Gerenciamento da Informação: Um recurso Estratégico no Processo de Gestão Empresarial. São Paulo: Atlas, 2000. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas,1997. MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas. 1998. MATARAZZO, Dante. Análise Financeira. São Paulo: Atlas, 2001. SÁ, Antônio Lopes de. Fundamentos da Contabilidade Geral. Belo Horizonte: Una Editora. 2000. SÁ, Antônio Lopes de. História Geral e das Doutrinas da Contabilidade. São Paulo: Atlas. 1997. SÁ, Antônio Lopes de. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas. 1999. VASCONCELOS, Yumara Lúcia & VIANA, Aurelina L. Evidenciação : Forma e Qualidade. ENECON – V Encontro Nordestino de Contabilidade. Junho/2001. WARREN, Carl s. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Pioneira, 2001.
Compartilhar