Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade de Educação a Distância SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Belo Horizonte / 2013 Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 2| P á g i n a ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA REITOR JOÃO PAULO BARROS BELDI VICE-REITORA JULIANA SALVADOR FERREIRA DE MELLO COORDENAÇÃO GERAL SINARA BADARÓ LEROY DESIGNER INSTRUCIONAL JUCÉLIA SOARES COELHO EQUIPE DE WEB DESIGNER FILIPE AFONSO CALICCHIO SOUZA LUCIANA REGINA VIEIRA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZÓLIO RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVÁSIO AUXILIAR PEDAGÓGICO FABÍOLA MARIA FERREIRA MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA REVISORA DE TEXTO MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO SECRETARIA LUANA DOS SANTOS ROSSI MARIA LUIZA AYRES MONITORIA ELZA MARIA GOMES AUXILIAR ADMINISTRATIVO MARIANA TAVARES DIAS RIOGA THAYMON VASCONCELOS SOARES AUXILIAR DE TUTORIA FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS MIRIÃ NERES PEREIRA VANESSA OLIVEIRA BARBOSA Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 3| P á g i n a Sumário Unidade 1: Introdução à segurança do trabalho e saúde ocupacional 5 Unidade 2: Higiene e segurança do trabalho 17 Unidade 3: Legislação de segurança do trabalho e saúde ocupacional 29 Unidade 4: Ergonomia 45 Unidade 5: Primeiros Socorros e Prevenção e Combate a Incêndios 58 Unidade 6: Fundamentos da Higiene no Trabalho 74 Unidade 7: Gestão de segurança do trabalho e saúde ocupacional 88 Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 4| P á g i n a Ícones Comentários Reflexão Dica Lembrete Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 5| P á g i n a Unidade 1: Introdução à segurança do trabalho e saúde ocupacional 1. Nosso Tema Nosso objetivo é apresentar a você a importância da segurança e da saúde ocupacional para a sobrevivência do homem. E para falar deste assunto devemos lembrar que o homem sempre procurou a sua sobrevivência seja na pré-história ou nos tempos atuais. Mas, o que ele faz para distinguir uma época da outra? É a forma que o homem busca para manter-se vivo e com saúde. Na pré-história, a busca era por alimentos e por locais seguros para se proteger das ameaças que existiam naquele período da historia. Nos tempos atuais, como podemos perceber esta questão para o homem? O que mudou? Pode ser a forma de buscar o alimento ou a forma de se proteger? Parece um pouco estranho imaginar que, após tantos séculos, a preocupação do homem continua tão básica. Este é o objetivo do estudo desta disciplina: apresentar a você, acadêmico, os conceitos e os assuntos históricos e atuais que envolvem a segurança e a saúde ocupacional, e como este assunto está em evolução e sua importância para a sociedade. Nesta unidade, serão apresentados a você o conceito e o contexto histórico da segurança e da saúde no trabalho, as leis e as normas que tratam deste assunto, os aspectos sociais, os tipos de acidentes, o número de acidentes no país e o papel da previdência social nas questões relativas a acidentes do trabalho. Vamos em frente!! Para Refletir Como você entende este assunto? Para você, o que é segurança do Trabalho? Segurança é fazer os trabalhadores usarem os equipamentos de proteção individual (capacete, botina e óculos)? O que iremos perceber é que a segurança está muito além do simples ato de utilizar um equipamento de proteção individual, e que se trata de um assunto que envolve toda a sociedade e apresenta diversos aspectos sociais. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 6| P á g i n a 2. Conteúdo Didático 2.1. Evolução histórica da Segurança do Trabalho Agora lhe apresentaremos a evolução da segurança no contexto histórico. Voltando no tempo, percebemos que o homem na pré-história já se preocupava com sua segurança, saindo para caçar em grupos, vivendo em cavernas, etc. Eram várias as formas de se proteger dos riscos que o acometiam naquela época. Nesta fase, o homem também começa a se organizar e formar grupos e tribos para manter a sua sobrevivência. Em grupos era mais forte para combater os ataques dos animais e até mesmo para caçá-los. Assim, o homem, vivendo em tribos e aldeias, passou a brigar entre si e o perigo que eram os animais selvagens agora eram os próprios seres humanos. Dessa forma, o homem criou vários equipamentos de proteção, como o escudo, o capacete. Esses instrumentos podem ser chamados de os primeiros equipamentos de segurança. Nos próximos tópicos, veremos a evolução da segurança. 2.2. Valorização do trabalho na sociedade Com a própria evolução, o homem passou a produzir seu alimento, semeando. Essa necessidade fez com o homem criasse ferramentas para o plantio. Começou com pedaços de ossos e, em seguida, passou a dominar os metais. Assim, começam a surgir varias profissões, como o agricultor, os fabricantes de armas e de utensílios para a agricultura. Com todos esses recursos mais próximos, a população crescia de forma mais acelerada, fazendo com que a demanda de produtos aumentassem a cada dia, sendo necessária a criação de formas de produção que oferecessem uma produtividade maior do que os trabalhos artesanais. Nesta fase, na Europa, ocorreu à revolução industrial no século XVII. O trabalho, então, deixa de ser artesanal e passa a ser industrial. Surgem daí os acidentes de trabalho. Neste século, foi quando o médico italiano, chamado Bernardino Ramazzini, fez o primeiro estudo da relação das doenças com o trabalho. Ele pôde concluir que determinadas substâncias provocavam determinados tipos de doenças. Ramazzini é considerado o pai da medicina do trabalho. Para que você compreenda a importância dos estudos de Bernardino para a medicina do trabalho, podemos mencionar o fato de naquela época ele ter identificado algumas doenças que são bem atuais, como as lesões por esforços repetitivos. Há também um fato interessante que ele identificou: as chamadas doenças do conselheiro do rei. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 7| P á g i n a Agora lhe pergunto: que doença é essa que acometia os conselheiros dos reis e continua existindo até hoje? Para que você possa entender, imagine a seguinte situação: conselhos bons - glórias ao rei; conselhos ruins - falha do conselheiro, que poderia ser condenado à morte. Diante desse exemplo, você já deve saber que essa doença temo nome atualmente de estresse. Você pode perceber que há três séculos, esse médico conseguiu mapear importantes doenças do trabalho que valem até hoje. No paragrafo anterior, falamos da revolução industrial, que ocorreu na Europa. Os acidentes e as doenças que acompanharam essa evolução ocorreram no seculo XVII. Já no Brasil, eles só foram ocorrer no início do século XX. Dessa forma, o Brasil teve que conviver com um grande número de acidentes e de doeças ocupacionais, sugindo uma necessidade de controlá-los e reduzi-los. Foi então que, em 1944, o presidente Getúlio Vargas criou a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), que é uma obrigação legal até os dias atuais. A CIPA é uma comissão formada por representantes dos empregados e do empregador que se reúnem uma vez por mês para discutirem assuntos relativos à segurança do trabalho. Seu papel principal é a prevenção de acidentes e de doenças do trabalho. Estaremos aprofundando neste assunto na Unidade 3. Na década de 1970, através da Lei nº 6514 de 22/12/1977, foram criadas as Normas Regulamentadoras e Segurança e Medicina do Trabalho. Elas foram aprovadas pela Portaria 3214/78 de 08/06/1978, do Ministério do Trabalho. O Brasil passa a ter uma legislação para tratar dos assuntos de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Essas normas criadas nesta época são basicamente as mesmas que determinam as ações de prevenção de acidentes do trabalho nos tempos atuais. Em sua grande maioria, são normas que poderiam ser revisadas. A Lei nº 6514, além de criar as normas regulametadoras em segurança e medicina do trabalho, alterou também o capítulo do título II da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, relativo à segurança e à medicina do trabalho. Com essa alteração, alguns artigos da CLT foram modificados, assim ditando mais claramente regras a serem cumpridas em segurança. Esses artigos vão do 154 até 201. Com base nessas informações, podemos agora passar a você o conceito de segurança do trabalho: “Segurança do trabalho é o um conjunto de medidas técnicas, educacionais, médicas e psicológicas usadas para prevenir acidentes, quer eliminando as condições inseguras dos ambiente quer instrutindo ou convencendo as pessoas da implementação de práticas preventivas” (CHIAVENATO, 1999, p.381). Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 8| P á g i n a Entendendo o que é a segurança do trabalho e sua evoluação histórica, você poderá visualizar melhor os conceitos de acidentes de trabalho que veremos a seguir. 2.3. O acidente do trabalho: definição e lesões. Para melhor compreensão do que é um acidente do trabalho, é importante conhecer os dois conceitos que tratam desse tema: o primeiro é o Legal; e o segundo é o Prevencionista. O conceito Legal, de acordo com a Lei nº 6367 de 19/10/1976, indica que o acidente do trabalho é aquele que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Já para o conceito Prevencionista, segundo Oliveira (2002, p.35), afirma que o acidente do trabalho é a ocorrência imprevista e não desejada em que haja risco, próximo ou remoto, de lesão corporal e que tenha referida ocorrência como resultado: lesão pessoal imediata, lesão pessoal mediata (doença ocupacional), dano material ou apenas a iminência de lesão ou danos materiais. Cada um desses conceitos tem sua importância, pois nos norteará de acordo com a nossa necessidade. Vamos identificá-los nos exemplos a seguir: 1 - O trabalhador estava executando seu trabalho quando, ao movimentar-se no local, pisou em um buraco no piso, torcendo o seu pé direito, provocando uma fratura nele. 2 – O trabalhador estava executando seu trabalho quando, ao movimentar-se no local, pisou em um buraco no piso e quase sofreu uma queda. As peças que ele transportava caíram e algumas se quebraram. No exemplo 1, ocorreu uma lesão, caracterizando o acidente do trabalho, como dita o conceito Legal. Dessa forma, a empresa deverá emitir uma Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) para que o trabalhador seja encaminhado ao hospital para atendimento médico. No exemplo 2, não ocorreu a lesão, mesmo assim será caracterizado como acidente de trabalho com base no conceito Prevencionista. O incidente deverá ser analisado, investigando a sua causa e o potencial de risco, pois, nesse conceito, o que é importante é a prevenção. Ocorreu somente o dano material, porém, levando em consideração o potencial de risco, poderia ter havido conseqüências mais sérias. Portanto, quando houver a necessidade de saber se legalmente ocorreu um acidente de trabalho, levaremos a cabo o conceito legal em que deverá ser observado se houve uma vítima com lesão para que seja dada a tratativa adequada. E para uma atuação preventiva, devemos considerar qualquer Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 9| P á g i n a situação anormal que interfira no andamento do trabalho, devendo ser investigado seu potencial de risco e estabelecer as ações preventivas. Você pode perceber que o segundo conceito é mais abrangente e contempla até a condição de danos materiais e acidentes sem lesão, permitido uma atuação mais abrangente da área de segurança. Nesse contexto de acidente, existe uma diferença entre acidente e lesão, que reside no fato de que a segunda é conseqüência da primeira. Por exemplo, o acidente é a queda e a lesão é a fratura. Outro exemplo seria que o acidente é o contato de qualquer parte do corpo com uma superfície quente e a queimadura é a lesão. Entre os fatores geradores de acidentes, podemos destacar três que são: Condição insegura; Ato inseguro e Fator pessoal de insegurança. Conhecendo esses fatores, entendo como ocorrem e, atuando de forma preventiva, os riscos podem ser reduzidos, eliminados e/ou mantidos sob controle. Vamos agora defini-los: Condição insegura: são as situações de riscos geradas pelo ambiente de trabalho que podem provocar um acidente. Exemplo: Piso irregular, máquinas e equipamentos defeituosos, excesso de ruído ou vibrações, falta de limpeza e arrumação. Ato inseguro: é o ato praticado pelo trabalhador de forma consciente ou não, que poderá gerar o risco de acidentes, ou seja, é o descumprimento de regras de segurança por falta de treinamento ou até mesmo estando treinado. Exemplo: Não usar equipamento de proteção individual, fumar em local proibido, brincadeiras no ambiente de trabalho, ajustar ou limpar uma máquina em funcionamento. Fator pessoal de insegurança: são consideradas as condições pessoais do trabalhador quer sejam físicas, emocionais ou mentais que podem contribuir para a ocorrência de um acidente. Exemplo: Alcoolismo, problemas familiares, problemas diversos de ordem pessoal ou psicológica. Agora que você como futuro profissional de RH conhece os fatores geradores de acidentes, qual o papel do profissional de recursos humanos nesse contexto? Você tem a função de identificar pontos ou falhas nos processos que podem gerar riscos, como falta ou necessidade de treinamento melhor, conscientização da liderança em relação à segurança e à saúde no trabalho, avaliação do clima interno, manutenção de uma interação comos trabalhadores, para identificar os pontos já mencionados. Durante o processo de admissão, analisar o perfil do candidato quanto ao cumprimento de regras de segurança e ao histórico de acidentes. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 10| P á g i n a Até o momento, estudamos a evolução histórica dos acidentes, as leis e os mecanismos de entendimento sobre o que é o acidente do trabalho. A seguir, veremos o número de acidentes de trabalho no Brasil e a legislação de amparo ao trabalhador vitimado. 2.3.1. Número de acidentes no Brasil e legislação de acidente do trabalho. O Brasil, mesmo com a criação de leis, fiscalizações e multas com objetivo de eliminar ou reduzir os números de acidentes, ainda continua nas estatísticas mundiais como um dos países que mais tem acidentes de trabalho. Veja, na sua aula online, um quadro com os dados de acidentes de trabalho em algumas décadas no Brasil. Os números elevados têm impactos diretos na Previdência Social, que é hoje a principal fonte de custeio dos acidentados que gozam de alguns benéficos garantidos na Lei nº 8213/91. Auxilio Doença Acidentário É o beneficio de direito do trabalhador que sofre acidente ou doença e tem necessidade de afastamento das suas atividades por um periodo superior a 15 dias consecutivos. Lembrando que os primeiros 15 dias de afastamento são custeados pela empresa. A partir do 16º dia de afastamento do trabalho, o custo é pago pela Previdência Social. No caso dos contribuintes como os profissionais liberais, empresários, autônomos, entre outros, a Previdência paga por todo o período que o trabalhador estiver afastado de suas atividades, desde que ele tenha devidamente requerido o benefício. Para que o trabalhador possa receber o benefício, a empresa deverá emitir a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). Como você pode observar, aqui está sendo tratado o conceito Legal de acidente do trabalho, ou seja, deve haver vítima com lesão. O benefício é de direito do trabalhador após a contribuição para a Previdência Social, durante um período de no mínimo 12 meses. Em caso de acidente dentro ou fora do ambiente de trabalho, esse prazo não será exigido. É necessária a comprovação da incapacidade de trabalho, concedida pela perícia médica da Previdência Social, para que o benefício seja liberado. Para se evitar a suspensão do benefício e dar continuidade ao seu recebimento, o trabalhador deve, obrigatoriamente, realizar exames médicos periódicos. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 11| P á g i n a O beneficio pára de ser pago quando, através de pericia médica, custeda pela previdência, é caracterizada a condição de retorno ao trabalho ou quando é convertido em aposentadoria por invalidez. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 12| P á g i n a Auxilio Acidente Tem direito a esse benefício o segurado que, após receber auxílio doença acidentário, retorne ao trabalho e com alguma sequela definitiva que limite a sua capacidade para o trabalho que exercia antes do acidente. O auxílio equivale a 50% do sálario nominal do empregado que tem como referência o valor do salário da data do acidente. Vejamos um exemplo: Sr. Zé sofreu um acidente de trabalho, uma fratura exposta no braço direito. Após tratamento e acompanhamento médico, retornou ao trabalho, porém não podendo mais execer a função de mecânico de manutenção. No exemplo, você pode perceber que houve um limitação para os trabalhos do Sr. Zé, portanto ele passa a ter direito ao benefício, que deixará de ser pago quando começar a receber aposentadoria de qualquer espécie. Vale destacar que o trabalhador receberá o auxílio acidente, mesmo que esteja trabalhando e recebendo na condição de assalariado em uma empresa, desde que observado o exposto anterior. Aposentadoria por invalidez É o direito do segurando que, após receber ou não auxílio doença, seja considerado incapaz por perícia médica da Previdência Social para execer seu trabalho ou condições de ser reabilitado, ou seja, recolocado no mercado de trabalho em outra atividade diferente que exercia ou impossibilitado de realizá-la. Dessa forma, não tem de onde prover seu sustento. Poderão gozar deste benefício os segurandos que atendam o que determina a lei nº 8213/91, como, por exemplo: Não possuir doença ou lesão pré-existente a sua filiação à Previdência; Sendo aceita a situação que o agravamento da enfermidade levou a incapacidade para o trabalho. Para manter o benefício, deverá o segurando passar por perícia médica em caráter bienal, sob pena de suspensão do benefício, que também poderá deixar de ser pago quando o segurado oferecer condições de retornar a trabalhar. No caso de acidente do trabalho, o segurado, estando inscrito na Previdência Social, tem seu direito assegurado, nos demais casos, terá direito, desde que já tenha contribuído pelo menos 12 meses para a Previdência. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 13| P á g i n a Pensão por morte Será pago ao dependetes legais do trabalhador, quando ele morre. Para ter direito a esse benefício, não há carência de contribuição para Previdencia. Porém, o trabalhador deve estar na condição de segurado, ou seja, inscrito e contribuindo com a Previdência Social. Sempre que ocorre um acidente, é obrigação do empregador a emissão da CAT – Comunicação de Acidente de trabalho. Essa emissão é importante e necessária para que o trabalhador tenha resguardados seus direitos previdenciários. Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT A Comunicação de Acidente do Trabalho deve ser emitida pela empresa e encaminhada em conjunto com o acidentado ao local de atendimento médico. Ela se classifica em três tipos: Inicial - é aberta no ato da ocorrência do acidente ou do conhecimento da doença ocupacional. Reabertura - quando o acidentado volta a apresentar problemas relativos ao acidente ou à doença ocupacional em que já havia sido emitida uma CAT. Comunicação de óbito - é emitida à Previdência nos casos em que ocorreu a morte do trabalhador em função de um acidente de trabalho ou de doença ocupacional. Caso o empregador não emita esse documento, poderão também emiti-lo: O médico que prestou o atendimento; O próprio acidentado; Os dependentes direto do acidentado; A entidade sindical da cotegoria do acidentado; Qualquer autoridade pública. Nesse caso, é importante resaltar que a omissão da empresa diante da emissão da comunicação de acidente do trabalho poderá atingi-la de forma negativa, além do fato de poder gerar ações de fiscalização por parte da Previdência e/ou Ministério do Trabalho e Emprego. 2.4. Introdução à Higiene e à Segurança do Trabalho Neste tópico, iremos introduzir os conceitos básicos do que é higiene e segurança do trabalho, que, na maioria das vezes, é confundido com limpeza e conservação do ambiente. Na realidade,trata-se de conceitos técnicos para a avaliação do ambiente de trabalho, identificando os riscos presentes que Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 14| P á g i n a podem gerar danos à saúde do trabalhador. De acordo com o livro Higiene do Trabalho e PPRA de Tuffi Saliba 1 , temos o seguinte conceito para a higiene do trabalho: São a ciência e arte dedicadas a antecipação, reconhecimento, avaliação e controle de fatores e riscos ambientais originados nos postos de trabalho e que podem causar enfermidade, prejuízos para a saúde ou bem-estar dos trabalhadores, também tendo em vista o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente em geral. (SALIBA, 2002, p.11). Como você pode perceber, a higiene do trabalho visa manter de fato limpo o ambiente, porém de fatores que podem agredir a saúde do trabalhador, que são considerados os riscos ambientais. Os riscos ambientais, quando não controlados e monitorados, podem agredir a saúde do trabalhador, provocando doenças ocupacionais. Dessa forma, podem também gerar para a empresa processos trabalhistas, em que se pleiteia o pagamento do adicional de insalubridade, pago quando a exposição a riscos ambientais ultrapassa o limite de tolerância, podendo prejudicar a saúde do trabalhador. Percebemos, assim, que a falta de segurança no trabalho poderá gerar prejuízos financeiros. Você, futuro gestor de RH, deverá saber identificar situações que podem gerar riscos ambientais e tomar ações para que eles permaneçam sob controle. No próximo tópico, você conhecerá um pouco sobre esses riscos. 2.4.1. Riscos Ambientais2 São considerados riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos, presentes no ambiente de trabalho, capazes de produzir danos à saúde do trabalhador, quando superados os respectivos limites de tolerância. Esses limites são estabelecidos por normas nacionais do Ministério do Trabalho e Emprego ou internacionais, de acordo com o tipo de agente. Vejamos alguns exemplos de riscos ambientais: Riscos Físicos: Ruídos, temperaturas extremas (frio ou calor), radiações ionizantes e não ionizantes; Riscos Químicos: Poeira, fumos, gases, vapores, óleo e graxa; Riscos Biológicos: Bactérias, fungos, protozoários e vírus. O objetivo da higiene e da segurança no trabalho é neutralizar os agentes que podem causar doenças, controlar e monitorar o ambiente, preservando a integridade física do trabalhador. Trataremos novamente deste assunto na unidade 3. 1 Saliba, Tuffi Messias. Higiene do Trabalho e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. São Paulo: LTr. 2002. 2 Saliba, Tuffi Messias. Higiene do Trabalho e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. São Paulo: LTr. 2002. p.13 Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 15| P á g i n a 3. Teoria na Prática O texto que lhe será apresentado demonstra a importância de ações corretas em segurança e saúde no trabalho, bem como o cumprimento da legislação, dos impactos e danos para o trabalhador, a família, a Previdência e a empresa. Boa leitura. A "boa aparência" perdida. (*) A família de Mariana mudou-se de Pernambuco para São Paulo, em busca de melhores oportunidades de trabalho, quando ela tinha dois anos de idade. Aos doze anos, Mariana começou a trabalhar para cooperar nas despesas domésticas, e aos quatorze conseguiu um emprego de Auxiliar Geral numa indústria mecânica. Não era um emprego com carteira, mas, de qualquer forma, era um emprego... Além do mais, aquela empresa não tinha mesmo o costume de registrar seus empregados: uma de suas colegas de trabalho já tinha um ano de casa e continuava sem registro. Mariana não sabia bem quais as tarefas que teria que cumprir como "Auxiliar Geral". Em seu primeiro dia de trabalho, ficou sabendo que iria trabalhar com máquinas. Mariana trabalhava há dezoito dias na empresa, quando recebeu a incumbência de limpar uma máquina de processamento de carne. A garota desligou a máquina e enfiou a mão dentro dela, para iniciar a limpeza. Mariana ignorava, porém, que o motor dessa máquina não parava instantaneamente: continuava funcionando ainda durante vários segundos após desligado o interruptor. O acidente tornou-se ainda mais grave porque o chefe da menina, ao vê-la com a mão presa, pensou que a máquina estivesse ligada e acionou o interruptor com o intuito de "desliga-la". Com sua precipitação, o chefe ligara novamente a máquina, o que aumentou consideravelmente a lesão sofrida pela garota. Inconsciente, Mariana foi levada para o hospital com a mão ainda aprisionada pela engrenagem da máquina e teve os seus dedos amputados. O chefe, que a acompanhara, receando alguma conseqüência indesejável para o seu lado, inventou para os médicos a versão de que a menina era apenas uma "amiga", que mexera na máquina sem o seu conhecimento. Mariana permaneceu no hospital por vários dias, estranhando o fato de ninguém ir visitá-la, nem mesmo seus familiares. Ao voltar para casa, tomou conhecimento de que sua família não fora sequer informada de seu acidente, tendo passado todos os aqueles dias sem qualquer notícia a seu respeito. Quanto ao seu ex-chefe, só foi reencontrá-lo meses depois, quando foi convocado pela Delegacia Regional de Trabalho para registrá-la. Mariana passou a freqüentar o Centro de Reabilitação Profissional do INSS, onde recebeu uma luva estética, destinada a minimizar os efeitos de seu acidente. Começou a procurar emprego como auxiliar de escritório. Como freqüentava com bom aproveitamento um curso supletivo do ginásio, passava com facilidade nos testes de admissão, mas, no momento das entrevistas, invariavelmente escutava que, sua "boa aparência física" ficara prejudicada... Além desta, outra barreira impunha-se às suas expectativas de conseguir uma nova colocação no mercado de trabalho: o fato de constar, em sua Carteira de Trabalho, uma passagem pelo INSS como acidentada. (*) extraído de um texto de Leonilde Galasso, baseia-se numa história verídica. Há mais relatos desta natureza na obra "Isto é trabalho de Gente?", trabalho que demonstra as condições impostas ao trabalhador Fonte: AFFONSO JÚNIOR, Carlos Morais. Acidentes de trabalho. Jus Navigandi, Teresina, ano 4, n. 45, set. 2000. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1211>. Acesso em: 15/11/2008. Neste texto, é apresentado de forma clara um exemplo de como é tratada ainda a segurança do trabalho por algumas empresas, que a princípio vislubram um ganho imediato, porém o risco que correm podem contribuir para grandes prejuízos. Além disso, contribuem para que o Brasil continue Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 16| P á g i n a liderando as estatísiticas mundiais de acidentes do trabalho. Pense no papel do RH nesse contexto. Qual a sua responsabilidade? 4. Recapitulando Nesta unidade, você estudou: Os antecedentes históricos da segurança e da saúde no trabalho, quando ocorreu os primeiros estudos relacionando a doença com o trabalho realizado em 1700 por Bernardino Ramazzini, um médico italiano;A CIPA, que foi criada em 1944, com o objetivo de atuar na prevenção de acidentes; A Lei nº 6514 de 22/12/1977, que criou as Normas Regulamentadoras em Segurança e Medicina do Trabalho,aprovadas pela Portaria 3214/78 de 08/06/1978, do Ministério do Trabalho, uma legislação para tratar dos assuntos de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais; Os fatores geradores de acidentes, que são: ato inseguro, condição insegura e fator pessoal de insegurança; A responsabilidade do RH na prevenção de acidentes; O número de acidentes no Brasil; Os benefícios que têm direito os acidentados no trabalho, garantidos pela Lei nº 8213/91; O que é a Comunicação de Acidente do trabalho, quem tem a obrigação de emiti-la e quem também tem direito de emiti-la; A higiene e a segurança do trabalho, que é identificada pelo controle dos riscos químicos, físicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho e que podem provocar danos à saúde do trabalhador. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 17| P á g i n a Unidade 2: Higiene e segurança do trabalho 1. Nosso Tema Na unidade anterior, você conheceu a evolução da segurança do trabalho, dos acidentes do trabalho, entre outros assuntos. Tratamos também dos riscos ambientais, que são os fatores, químicos, físicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho e que podem provocar danos à saúde do trabalhador. Agora, o que veremos, nesta unidade, são os impactos desse problema e a importância de manter um controle rígido, para que isso não aconteça. Iremos conhecer algumas entidades relacionadas à segurança e à saúde no trabalho, qual o seu papel e importância e, ainda, a inter-relação delas com as empresas. A Organização Mundial de Saúde define saúde como: “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”. Podemos perceber que, nesse conceito, temos que mudar a idéia de apenas tratar a doença e sim de preveni-la. Para isso, precisamos realizar atividades de identificação e mapeamento dos riscos que acontecem nos ambientes de trabalho, que podem ser os principais “vilões” quando se fala em doença ocupacional. Além disso, o RH (Recursos Humanos) tem o importante papel de contribuir para manter o bem-estar mental e social do trabalhador. Ficou curioso? Então, vamos em frente!! Para Refletir Vamos pensar um pouco: Para você, como podemos reconhecer os riscos existentes no ambiente de trabalho? Não se preocupe que, no decorrer da unidade, responderemos a essa questão. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 18| P á g i n a 2. Conteúdo Didático 2.1. Conceitos de saúde ocupacional Podemos definir, de forma sucinta, saúde como um bem-estar físico e mental e social, e, para manter essa condição no ambiente de trabalho, são necessárias algumas ações e implantação de medidas para prevenir ou manter sob controle a presença de agentes considerados como agressivos à saúde do trabalhador. Com esse objetivo, a Portaria 3214 de 08/06/78 apresenta uma Norma Regulamentadora de número 07, a qual trata da obrigação das empresas em relação ao controle médico da saúde do trabalhador, o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO. Oliveira (2002) aborda o assunto da seguinte maneira: No PCMSO, são estabelecidas as diretrizes básicas para monitoramento da saúde no trabalho, e para a sua elaboração, deverão ser seguidos os seguintes tópicos, segundo Oliveira (2002, p.102- 105): Atividade desenvolvida pela empresa e grau de risco, com base na Classificação Nacional de Atividades econômicas - CNAE; Características da estrutura física da empresa; Riscos Operacionais – (riscos ambientais); Atividades preventivas desenvolvidas; Tipos de exames a serem realizados: o Admissional; o Periódico; o Mudança de Função; o Retorno ao Trabalho; o Demissional. Os quatro primeiros tópicos são uma referência para apresentação e identificação da empresa e dos riscos presentes no ambiente de trabalho. Com base nessas informações, inicia-se o processo de estruturação do PCMSO. Já o quinto tópico se refere à avaliação clinica do estado de saúde do trabalhador, que terá como referência a aplicação prática do que foi estabelecido nos itens anteriores, além, é claro, de ser uma importante ferramenta para o monitoramento da saúde dele, pois, como veremos a seguir, existe um motivo gerador para cada tipo de exame. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 19| P á g i n a Na unidade anterior, os riscos ambientais são os agentes presentes no ambiente de trabalho, que podem provocar danos à saúde do trabalhador. Então, são esses riscos que devemos identificar, estabelecendo, assim, os parâmetros para o monitoramento de saúde, ou seja, definindo os tipos de exames que devem ser realizados para cada cargo ou função na empresa e sua periodicidade. Os exames serão estabelecidos no programa através de um médico do trabalho, responsável pela sua elaboração. É também intitulado médico coordenador do PCMSO. Esse profissional é o responsável por todas as ações que envolvam o programa, devendo seu nome e demais dados profissionais constar em toda a documentação do PCMSO, principalmente no Atestado de Saúde ocupacional – ASO. Este é o documento emitido em que se atesta a condição de saúde do trabalhador, sendo obrigatória a entrega de uma cópia ao interessado, colhendo sua assinatura, confirmando o recebimento. Para você, futuro gestor de RH, é importante saber da importância da realização dos exames e dos controles médicos, pois serão eles que darão condições de fazer uma gestão da saúde do trabalhador desde sua admissão até seu desligamento, criando um histórico laboral da saúde do trabalhador, apresentando as atividades exercidas, os riscos presentes no ambiente e o monitoramento da saúde do trabalhador. Vale destacar que os riscos ambientais são identificados através do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA -, que tem sua sustentação legal na Norma Regulamentadora de número 09 da Portaria 3214 de 08/06/78. Entenda agora o que são esses exames: Admissional: é o exame que deverá ser realizado antes da admissão. Tem por finalidade avaliar previamente a condição física do trabalhador e a pré-existência de doenças que podem ser agravadas com o tipo de atividades a serem exercidas pelo cargo, além, é claro, de ser o melhor momento para avaliar a compatibilidade física do candidato com o cargo ao qual está concorrendo. É importante lembrarmos que o exame médico é uma das fases do processo seletivo, podendo também reprovar ou identificar alguma incompatibilidade do candidato com o cargo pleiteado. Periódico: é o exame que deverá ser realizado conforme a periodicidade estabelecida pelo PCMSO da empresa, podendo ser anual, semestral ou em período determinado pelo médico do trabalho. Com esse exame, o que queremos observar é se a exposição do trabalhador aos riscos ambientais presentes em seu local de trabalho estão sobre controle, não prejudicando sua saúde. Caso sejaobservada qualquer alteração nos exames que possa haver uma relação com a atividade laboral, demonstra a existência de uma falha no controle dos riscos ambientais, o que Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 20| P á g i n a sinaliza a necessidade de uma rápida intervenção para identificação e avaliação das causas da falha. Mudança de função: é o exame que deverá ser realizado sempre que ocorrerem alterações na função do trabalhador, por mudança de local de trabalho, promoção, etc. Será realizado antes da alteração da função. Ele tem uma aplicação similar ao exame admissional; sua finalidade é avaliar as características e as condições físicas do candidato em relação à alteração que ocorrerá em suas atividades na empresa. Como exemplo, podemos avaliar a seguinte condição: O Sr. Zé está sendo promovido, porém, neste novo cargo, deverá controlar a entrada de peças em forno, ou seja, um ambiente com temperatura elevada. No exame médico, foi identificado que o Sr. Zé faz uso de medicação para controle da pressão arterial, que, às vezes, sobe um pouco. Diante desse fato, o médico do trabalho poderá considerar o candidato inapto para função, por entender que tal ambiente oferece um risco à sua saúde. Retorno ao trabalho: é o exame pelo qual deverá passar o trabalhador quando ficar afastado do trabalho por um período superior a 30 (trinta) dias, por motivo de doença, acidente do trabalho e/ou licença maternidade. Com esse exame, o médico do trabalho irá avaliar a condição do trabalhador para o retorno às atividades, podendo considerá-lo apto ou inapto para função. No segundo caso, poderá a empresa ser obrigada a fazer uma reabilitação do trabalhador, ou seja, colocá-lo para trabalhar em outro setor que não ofereça riscos à saúde. Demissional: é o exame que deverá ser realizado até a data do desligamento do trabalhador da empresa. Tem por finalidade demonstrar que ele está se desligando da empresa sem nenhuma seqüela ou doença que poderia ter sido provocada pelos riscos ambientais, presentes no local de trabalho. A legislação prevê que esse exame poderá ser desnecessário, caso o trabalhador tenha passado por algum dos exames mencionados anteriormente em um período inferior a 90 (noventa) dias ou até a 135 (cento e trinta e cinco) dias, cumpridos alguns critérios legais. Para aplicação dos prazos do exame demissional, deverão ser observadas as diretrizes estabelecidas pela Portaria 3214 de 08/06/78, através da Norma Regulamentadora de número 07, em que deverão ser considerados: o número de funcionários da empresa e o grau de risco da atividade; o tipo de risco a que está exposto o trabalhador; a periodicidade dos exames estabelecida no PCMSO; e a determinação do Ministério do trabalho e Emprego – MTE -, ou por negociação coletiva, podendo evitar custos desnecessários com a realização de novos exames. Assim, observamos que o PCMSO é um programa abrangente e contempla as diversas fases do trabalhador na empresa, sendo uma ferramenta importante para manter o bem-estar físico do Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 21| P á g i n a trabalhador, o que é de suma importância para impactos humanos, econômicos e sociais. Além disso, apresenta melhores condições de trabalho e de resultados para as empresas, como veremos a seguir. 2.2. Aspectos humanos, econômicos e sociais As empresas que praticam com seriedade os assuntos pertinentes à prevenção e ao controle de doenças, com certeza vão contribuir para que os aspectos humanos, econômicos e sociais sejam preservados. Preservar consiste em uma melhor ou, no mínimo, a manutenção da saúde do trabalhador, que poderá também manter ou melhorar a produtividade da empresa, contribuindo para a sociedade, por exemplo, com o não desprendimento de recursos para pagamento previdenciário. Poderá ainda contribuir para a imagem da empresa ao se perceber a preocupação dela com a responsabilidade social, pois uma empresa que demonstra atitudes proativas em preservar a integridade física de seus trabalhadores poderá ser vista pela sociedade como uma organização que está engajada e que dá o devido valor às suas responsabilidades sociais. Podemos perceber que o investimento na prevenção de doenças contribui para as empresas, pois evita o absenteísmo de seus trabalhadores, evita o pagamento de indenização em caso de uma reclamação trabalhista, evita a rotatividade de pessoal e além, é claro, do fato de poder evitar uma intervenção do Ministério do Trabalho por não cumprimento da legislação. Para os trabalhadores, os aspectos positivos são: melhor qualidade de saúde, prevenção de doenças, maior confiança em relação ao controle dos riscos ambientais e certeza da preservação da sua integridade física, manutenção das condições básicas de trabalho necessárias, e ainda receber normalmente o seu salário, pois estarão em gozo de plena saúde. A sociedade terá como contribuição a redução de pagamentos de benefícios previdenciários e profissionais saudáveis no mercado, que é sinônimo de trabalhador produtivo, que gera retornos financeiros e produtividade para a empresa e que resulta, ainda, na contribuição para girar a economia. Com esses fatores, a sociedade enxerga a empresa como uma instituição socialmente responsável e envolvida com as questões relacionadas à saúde do trabalhador. Diante do apresentado até o momento, você percebe a atuação do profissional de RH? Se a resposta foi em todos os aspectos, parabéns, pois, de fato, caberá também a esses profissionais, conhecer e entender os programas de promoção à saúde do trabalhador e quais outros fatores podem também ser geradores de adoecimento no ambiente de trabalho, que podem estar relacionados ao alcoolismo, tabagismo, dependência química, estresse e AIDS. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 22| P á g i n a Deve-se dar atenção também a outras doenças que podem não demonstrar nexo direto com o trabalho, mas que são importantes e devem ser consideradas e tratadas, pois acabam gerando também afastamento do trabalhador. Quando o serviço médico da empresa não amplia a sua forma de atuação e considera importante simplesmente monitorar e controlar as situações identificadas como riscos ambientais, poderá não estar cuidando de forma preventiva da saúde do trabalhador. Como já mencionamos, existem outras doenças que também podem ser prevenidas e é importante realizar essa prevenção, visto que elas também influenciam na saúde dele e, conseqüentemente, poderão gerar impactos para empresa, nos casos de afastamento. O que queremos é chamar a sua atenção, futuro gestor de RH, para o fato de que é muito importante identificar ou solicitar ao serviço médico da empresa os tipos de doenças comuns na região em que a empresa está instalada e nos locais em que presta serviços, pois, assim, poderá atuar preventivamente, como, por exemplo, com campanhas de vacinação contra a gripe, febre amarela, tétano entre outras. 2.3. Entidades relacionadas, políticas, programa de atividades de segurança. Estudaremos, nesta subunidade, como abordado por Araújo (2002, p.16-25),as entidades que estão relacionadas a ações de prevenção, seja por meio de suporte técnico, criação de leis e normas ou fiscalização do cumprimento da legislação, políticas e programas que também servem para a prevenção de doenças ocupacionais. Segundo Araújo (2002, p.16-25), as entidades que estão relacionadas às ações de prevenção, seja por meio de suporte técnico, criação de leis e normas, ou fiscalização do cumprimento da legislação, são: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) - no que tange à segurança e à saúde no trabalho, é o órgão responsável pela representação política e social do governo em assuntos relacionados ao trabalho. Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) - tem como objetivo orientar e controlar, dentro de sua jurisdição, a execução de atividades relacionadas com a fiscalização nos ambientes de trabalho, inclusive nos aspectos de segurança e saúde. Para que você compreenda melhor a importância e a atuação dessas delegacias, saiba que são elas que, através das fiscalizações, podem Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 23| P á g i n a multar, autuar, notificar, embargar ou interditar os locais de trabalho ou empresas que apresentem riscos à integridade física dos trabalhadores ou não estejam cumprindo a legislação. Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro- pode ser considerado com um braço técnico do MTE, ou seja, atua em pesquisas, suportes e orientações técnicas relativas à segurança do trabalho, entre outras atribuições. Sempre que necessitar de alguma orientação relativa à segurança do trabalho, você deve procurar, preferencialmente, esse órgão em detrimento ao MTE, pois ele é também um agente fiscalizador. Sindicatos da Categoria - adotam acordos ou convenções coletivas que podem abordar temas relativos à segurança e à saúde no trabalho. Cabe a você, futuro gestor de RH, ao iniciar as atividades em uma organização, conhecer seu sindicato e acordos ou convenções coletivas, entendendo e cumprindo o que for estabelecido para a área de segurança e saúde ocupacional ou simplesmente difundindo a informação para o departamento de segurança, caso a organização o tenha. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - é responsável pela normalização técnica no país. Vale destacar que a Portaria 3214 de 08/06/78 estabelece que, caso as Normas Regulamentadoras não contemplem todos os aspectos para reduzir ou neutralizar os riscos nos ambientes de trabalho, deverão ser consultadas outras normas nacionais ou de reconhecimento internacional para adoção de medidas de segurança. Organização Internacional do Trabalho (OIT) - tem como atividade principal a divulgação de informações e recomendações internacionais que visam à proteção do trabalhador. As recomendações relativas à segurança não têm caráter obrigatório, ficando a cargo de cada país que participa dessa organização decidir se irá transformar a recomendação em lei. Sobre as políticas e os programas de atividades de segurança, podemos destacar que, no Brasil, atualmente não existe uma Política Nacional de Prevenção em Segurança e Saúde no trabalho. Existe uma proposta do MTE, em que, além da prevenção de acidentes e doenças do trabalho, é proposta também a unificação das informações entre a Previdência Social, Ministério do Trabalho e Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, atribuem-se a cada um deles suas responsabilidades Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 24| P á g i n a quanto ao tema e também facilita o cruzamento de informações, como ações de fiscalização e sobre as empresas que não investem em segurança e saúde no trabalho. Para ter acesso à proposta da Política Nacional de Prevenção em Segurança e Saúde, visite o site do MTE, disponível em: <http://www.mte.gov.br/seg_sau/proposta_consultapublica.pdf> Acesso em: 08/01/2009. Mesmo não tendo uma Política Nacional de Prevenção de Acidentes, foi introduzida no Brasil a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes – CANPAT -, que foi instituída pelo Decreto nº 8.255, de 16 de fevereiro de 1971, com objetivo de promover ações de prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. É obrigação das empresas promoverem essas campanhas internas de prevenção, com uma periodicidade que proporcione a conscientização dos trabalhadores. Entre os Programas de prevenção de acidentes e doenças a serem aplicados pelas empresas, destacamos os seguintes: PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - é obrigatória a implantação em todas as empresas. Seu objetivo principal é mapear e identificar os riscos ambientais presentes no ambiente de trabalho. Ele também servirá como base para o desenvolvimento do PCMSO da empresa, pois são as informações constantes neste programa que darão subsidios para o médico do trabalho identificar as doenças que podem ser provocadas pela exposição aos riscos mapeados. Com os riscos ambientais identicados, caberá à empresa dar trativas adequadas para controle, neutralização ou redução dos riscos desses agentes. A essas medidas adotadas de forma preventiva é dado o nome de higiene do trabalho. PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - é obrigatória a implantação nas empresas, como já mencionado no paragrafo anterior. O PCMSO terá como base as informações lenvatadas no PPRA para o seu desenvolvimento, sendo que o médico do trabalho também poderá considerar outros fatores para o desenvolvimento do programa que visa ao monitoramento da saúde do trabalhador, ou seja, ele serve como um indicador sobre que ações tomadas com base no PPRA estão sendo eficazes, não provocando danos à saúde dele. PCA – Programa de Conservação Auditiva - é obrigatória a sua implantação para as empresas que apresentem altos níveis de ruído no ambiente de trabalho. Esse programa consiste em estratificar no ambiente de trabalho os principais fatores geradores de ruído e os mecanismos para neutralizá-los, além de ser muito importante para a definição do tipo de equipamento de segurança mais adequado para o ambiente. A sua implantação auxilia tanto no PPRA como no PCMSO. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 25| P á g i n a PPR – Programa de Proteção Respiratória - é obrigatória a sua implantação para as empresas que apresentem agentes agressivos à saúde que podem ser inalados, podendo ser gases, vapores ou poeiras. Como o PCA, esse programa também auxilia no PPRA, PCMSO e na definição do tipo de proteção respiratória mais adequada para o ambiente e trabalhador. PCMAT – Programa de Controle do Meio Ambiente de Trabalho - este é um programa que tem um foco direcionado para canteiros de obras. São ações de prevenção que deverão ser contempladas do início ao fim da obra. Um confusão comum em relação ao PCMAT é de se achar que, uma vez implementado, não há a obrigação de implantar o PPRA, pois, na realidade, ambos deverão ser aplicados nos canteiros de obra, pois cada um atende a determinados requisitos de segurança, necessários para redução ou neutralização dos riscos nos ambientes de trabalho; Você deveentender a importancia da interrelação da área de RH com os assuntos relativos à segurança e à sáude no trabalho, à amplitude das ações e à interação das diversas entidades e programas de segurança e qual a finalidade de cada um, para assim, desenvolver um bom trabalho no que diz respeito à prevenção e à proteção da saúde do trabalhador. Na proxima unidade, será apresentado a você como funcionam esses programas e qual sua finalidade, sua exigência legal, seus objetivos e também os impactos que podem provocar aos trabalhadores e à empresa. Até lá!! Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 26| P á g i n a 3. Teoria na Prática Com base nesta unidade, podemos perceber ou visualizar a importância da promoção da saúde nas empresas, como sendo um fator de grande participação na prevenção de doenças ocupacionais, geração de lucros ou melhores resultados para as empresas e impactos econômicos e sociais. Agora, que você tem esse conhecimento, deve saber também por que aplicá-lo. Como um bom exemplo, temos a matéria publicada no Globo OnLine, em 04/06/2008, por Ione Luques. Ela retrata a importância da realização dos exames médicos admissionais, que, antes de ser uma obrigação legal, é uma importante ferramenta para empresas para não assumirem ou contratarem profissionais com doenças pré-existentes que possam ser agravadas no ambiente para o qual a pessoa esta sendo contratada, além do fato de avaliar a capacidade do candidato para exercer a atividade requerida pelo cargo. Veja a matéria na íntegra disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/seubolso/mat/2008/06/04/exame_admis sional_cuidar_da_saude_importante_para_conquistar_um_emprego- 546646790.asp>. Acesso em 07/01/2009. De acordo com o conteúdo da unidade e o texto da matéria indicada, reafirmamos a importância de um Programa de Controle Medico e Saúde Ocupacional (PCMSO) bem estruturado, pois é com base nas diretrizes estabelecidas neste programa que serão realizados os exames dos candidatos. Caso ocorram falhas nesses processos de avaliação médica e clínica, poderão acarretar sérios riscos para a saúde do candidato. Ou seja, aprovando um candidato que não apresente condições de saúde, que permita realizar as atividades do cargo, implicara limitação na execução dos trabalhos ou provocará no trabalhador uma condição que poderá gerar um agravo no caso de uma doença pré-existente. Um exemplo dessa situação temos em Monteiro (2000, p.71). Um exame não identificou que o candidato é portador de um tipo de Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho – DORT, denominada como ”Dedo no gatilho”, que consiste na impossibilidade de estender o dedo após flexão máxima. A vaga em questão é para ser frentista em um posto de gasolina, e a atividade consiste em acionamento do gatilho da bomba de gasolina. A aprovação do candidato nessa condição poderá trazer sérios problemas para a sua saúde, além do fato de a empresa passar a assumir uma responsabilidade de uma doença pré-existente, gerando, assim, uma obrigação de indenizar o trabalhador em caso de uma ação trabalhista. Nesse exemplo, temos diversos fatores a serem observados: de um lado, o candidato que necessita da vaga para manter seu sustento, de outro a empresa que espera contratar uma pessoa capaz de Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 27| P á g i n a realizar as atividades que são inerentes ao cargo. Em meio a esses fatores, existe a doença pré- existente, que, no exercício do trabalho, poderá gerar o agravamento da lesão, e, como conseqüência, o afastamento do empregado. A empresa tem que assumir os prejuízos em administrar a falta deste trabalhador - o que poderá gerar atrasos na produção e prejuízos financeiros. Agora você deverá estar apto para lidar com essa situação, sem contrariar a legislação que fala da não discriminação do candidato, e a necessidade da empresa em contratar uma pessoa em condições para realizar a atividade. Não será uma tarefa fácil, pois a contratação poderá prejudicar a saúde do candidato. Diante desse fato, como lhe explicar o motivo de sua reprovação? Uma alternativa será apresentar os danos que poderão ser provocados à sua saúde, caso seja contratado para o cargo, deixando entender que tal motivo se faz em função da doença que ele já possui. Por outro lado, caso a empresa tenha outras áreas onde possa recolocar esse profissional, poderá contratá-lo e manter um controle rígido com relação ao monitoramento da doença já existente que deverá ser mencionada em toda a documentação médica, desde o ato da admissão até o fim do pacto laboral. Com isso, o que percebemos é que investir na saúde do trabalhador é a melhor forma de a empresa manter seus lucros e resultados, preservar o trabalho íntegro, evitar impactos para a sociedade com os pagamentos de benefícios previdenciários, além do fato de manter pessoas saudáveis no mercado de trabalho. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 28| P á g i n a 4. Recapitulando Neste capitulo, você aprendeu: O conceito de saúde, que é um bem-estar físico, metal e social; As fases para implantação de um Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional e como pode trazer benefícios para empresa e trabalhadores, quando implantados e aplicados de forma coerente com os riscos identificados no ambiente de trabalho; A importância da realização de exames médicos para o monitoramento da saúde do trabalhador, como ferramenta para verificação da eficácia das medidas preventivas adotadas no ambiente de trabalho. Entre esses exames que devem ter uma periodicidade, podemos destacar os seguintes: Admissional, Periódico, Mudança de Função, Retorno ao Trabalho e Demissional; O Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) é um documento em que será registrado se o candidato ou trabalhador está apto ou não para o trabalho, ou seja, atesta a condição de saúde do trabalhador, o qual tem o direito de receber uma cópia desse documento; A inter-relação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais com Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, um atuando no monitoramento e controle do ambiente de trabalho e outro no monitoramento e controle da saúde do trabalhador, dois importantes programas que se integram; O investimento em prevenção de acidentes e doenças ocupacionais poderá gerar grandes benefícios para as empresas, como cumprimento dos prazos de entrega, trabalhadores em um ambiente de trabalho saudável, manutenção da sua saúde e contribuição para a sociedade, que também se beneficia com o não pagamento de benefícios previdenciários; O papel do RH no contexto da prevenção de doenças ocupacionais, que deixa de ser uma situação passiva para ser proativa, identificando os diversos fatores que podem prejudicar a saúde do trabalhador ou gerar prejuízos para empresa, em função de falhas na prevenção; As entidades relacionadas à segurança e à saúde no trabalho, a sua importância e a atuação na prevenção, segurança e saúde no trabalho; No Brasil, ainda não existe uma Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, mas a sua implementação está emfase de estudo. Por isso, há a aplicação de outros meios para a conscientização da população; Programas preventivos em Segurança e Saúde no Trabalho, para que servem e onde são aplicados, como o PPRA, PCMSO, PCA, PPR e PCMAT. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 29| P á g i n a Unidade 3: Legislação de segurança do trabalho e saúde ocupacional 1. Nosso Tema Nesta unidade, estudaremos a legislação aplicada à segurança e à saúde no trabalho, o que possibilitará o entendimento da aplicação legal dos conceitos prevencionistas. A legislação além de ser uma importante ferramenta de prevenção, é também um guia para os agentes de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, pois é através das leis que eles se direcionam, para verificar as condições de segurança do ambiente de trabalho. Iremos conhecer como é caracterizada uma situação insalubre ou periculosa, os riscos que podem proporcionar ao trabalhador e à empresa. Começaremos, agora, a entender ainda mais a legislação que se aplica à segurança e à saúde no trabalho. Nesse contexto, o RH pode contribuir em muito para que seja cumprido o que é estabelecido na legislação, pois o não cumprimento dela poderá acarretar danos à saúde do trabalhador e prejuízos financeiros para a empresa. Então, vamos em frente e entender esse assunto!!! Para Refletir Lanço algumas questões para pensar: Alguém pode trabalhar em um local insalubre? Uma atividade de periculosidade oferece riscos à integridade física do trabalhador? O simples fato de cumprir a legislação contribuirá para que os riscos mencionados acima sejam eliminados? No decorrer desta unidade, você encontrará respostas para essas questões. Então, vamos lá!! Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 30| P á g i n a 2. Conteúdo Didático 2.1. Organização de Segurança do Trabalho e Leis de acidentes do trabalho Nesta unidade, estudaremos a importância da organização de segurança e leis de acidentes do trabalho no decorrer dos nossos estudos, o que iremos perceber é a importância e a inter-relação dessas duas situações que serão favoráveis tanto para o trabalhador quanto para a empresa. Observaremos que a aplicação preventiva desses conceitos irá contribuir para manter o bem estar físico do trabalhador e da empresa, com a redução dos riscos de ações trabalhistas pelo não cumprimento das regras de segurança. A seguir, veremos as atribuições dos órgãos internos das empresas que são responsáveis por essas ações preventivas, as leis que regulamentam e as diretrizes a serem seguidas para implantação de medidas ou regras de segurança do trabalho e de saúde ocupacional. 2.1.1. CIPA, SESMT, NR’s, PCMSO, PPP, PPRA Quantas siglas? Para que servem? É necessário decorar? Neste momento, pode ser que você esteja com esses e com muitos outros questionamentos. No decorrer desta unidade, verificaremos essas questões. Vamos em frente!! A primeira sigla que lhe apresentaremos é a CIPA, que significa Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Oliveira (2002) apresenta a evolução e o surgimento da CIPA, que ocorreu em 1944. O Presidente Getulio Vargas institui essa comissão, como já tratamos na Unidade 1. Desde então, ela tem sido alterada e ganhando cada vez mais atribuições e autonomia de atuação. A CIPA tem sua sustentação legal assegurada pela Norma Regulamentadora de número 05 da Portaria 3214, de 08/06/78. Para uma atuação eficaz da CIPA, a legislação determina que a comissão seja composta por representantes dos empregados e do empregador, que deverão reunir no mínimo uma vez por mês para tratar dos assuntos de segurança. Os representantes dos empregados serão por eles eleitos, através de um processo que seguem algumas regras e critérios, como eleição de cargos públicos. Já os representantes da empresa são por ela designados. Uma vez formada a comissão deverá ser registrada no Ministério do Trabalho e Emprego, onde receberá um número de registro o qual será de validade permanente. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 31| P á g i n a Formada a comissão, ela terá um mandato de um ano e é permitida uma reeleição dos representantes dos empregados. Os representantes da empresa podem ser designados sucessivas vezes. Vale mencionar que o membro eleito tem estabilidade no emprego durante o ano de mandato e mais um ano após encerrada a gestão. Não é permitido que o mesmo candidato seja eleito por mais de dois mandatos consecutivos, ou seja, a cada dois mandatos consecutivos, ele deverá ficar sem se candidatar, no mínimo, um ano, veja o exemplo: Na empresa XYZ, o Sr. Zé foi eleito para compor a CIPA nos anos de 2007 e 2008. Em 2009, ele não pode se candidatar, somente a partir de 2010 ele poderá novamente se candidatar. Mas, como realizar um processo eleitoral? Acesse sua aula online e saiba como é feito este processo eleitoral. Acesse o link para obter mais informações em relação à CIPA, suas atribuições e o processo eleitoral: <http://www.mte.gov.br/delegacias/pr/pr_serv_cipa.asp>. Acesso em: 08/02/2009. Neste momento, você deve estar se perguntando: quem é obrigado a manter a CIPA? E a resposta é: todas as empresas e as organizações que tenham empregados regidos pela CLT, levando em consideração o que estabelece o quadro I e o II da NR- 05, em que são estabelecidos o dimensionamento. No caso de a empresa não se enquadrar nos quadros I e II da NR-05, o empregador deverá designar um representante para tratar dos assuntos relativos à segurança e à saúde no trabalho, devendo cumprir e fazer cumprir todas as obrigações legais referentes a esse assunto. Para um melhor preparo do designado ou membro eleito, a legislação determina que seja ministrado um curso com carga horária mínima de 20 horas. Ele deve ser realizado no horário normal de trabalho e antes da posse da comissão, salvo exceção do primeiro mandato de uma CIPA. Para esse curso, a legislação prevê um currículo mínimo, em que deverão ser abordados assuntos relativos às condições do ambiente de trabalho, investigação de acidentes, noções de acidentes e doenças do trabalho, legislação trabalhista e previdenciária, princípios gerais de higiene do trabalho, organização e funcionamento da CIPA. Poderá ser ministrado pelo Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT da empresa ou outra entidade que tenha conhecimento sobre o tema. Para acessar a NR-05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, na íntegra, use este link: Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 32| P á g i n a <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_05.pdf>. Acesso em: 08/02/2009. Na sequência, estaremos tratando do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho SESMT, que é um departamento o qual a CIPA deve servir de suporte, além, é claro, de manter uma constante interação, uma vez que ambos têm um objetivoem comum: a prevenção de acidentes. Agora é a vez do SESMT, também conhecido como SEESMT – Serviço Especializado em Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho, que é o departamento de segurança do trabalho das empresas. A norma que trata esse assunto é a NR – 04. Araújo (2002) apresenta as implicações e as obrigações legais para dimensionamento e manutenção do SESMT nas empresas. Como a CIPA, o SESMT é uma obrigação legal que deve ser cumprida por todas as empresas que tenham empregados regidos pela CLT. Em caso de não cumprimento, implicará penalidades. Apesar de ser uma obrigação legal, nem todas as empresas são obrigadas a manter um SESMT, pois, além de ter empregados regidos pela CLT, as empresas deverão se enquadrar no dimensionamento estabelecido pelo quadro II da NR – 04. Esse enquadramento considera duas variáveis, que são a Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE e o número de empregados da empresa. O estabelecimento do cruzamento dessas informações é que irá permitir a verificação da necessidade ou não do SESMT para empresa ou estabelecimento, além de determinar como será composto o quadro de profissionais. Os profissionais que compõem o SESMT são: Técnico em Segurança do Trabalho; Engenheiro em segurança do Trabalho; Médico do Trabalho; Enfermeiro do Trabalho; Auxiliar de Enfermagem do Trabalho. Para que seja considerado como SESMT completo de uma empresa, não é necessário que haja todos esses profissionais e sim que atenda ao dimensionamento do Quadro II da NR – 04. Portanto, de acordo com o quadro, poderá ocorrer que o SESMT de uma empresa possa ser composto apenas por um técnico em segurança do trabalho. É importante sabermos que os profissionais SESMT seguem regras determinas pela NR-04, inclusive no tocante à jornada de trabalho. Veja como funciona: Técnico em Segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho, jornada de oito horas diárias, respeitada a legislação trabalhista; Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 33| P á g i n a Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do trabalho, quando a jornada for parcial, consideram-se três horas diárias e integrais como seis horas diárias. O dimensionamento e a jornada de trabalho desses profissionais são estabelecidos pela Portaria 3214 de 08/06/78, através na NR-04. E como a CIPA, o SESMT também deverá ser registrado no MTE, apesar de o número de registro também ser permanente, a empresa é obrigada a informar ao MTE qualquer alteração que ocorrer no quadro de profissionais do SESMT da empresa. O não cumprimento desse registro poderá acarretar multas para empresa em caso de uma fiscalização. A não obrigatoriedade em manter o SESMT não exime a empresa da responsabilidade de cumprir o que determina a legislação. Para isso, deverá a empresa definir um representante legal para cumprimento dessas obrigações, o qual deverá ser capacitado e qualificado para tal, e denominado como representante designado. O SESMT na empresa será responsável por todos os trabalhos de prevenção e conscientização no tocante à segurança e à saúde no trabalho. Eles serão responsáveis pela determinação de condutas, de regras e de definição de formas de segurança para realização dos trabalhos na empresa. Caberá a esses profissionais manter o controle das informações, o ambiente de trabalho, todos os documentos pertinentes à área atualizados, além de promover campanhas de conscientização. A esses profissionais é também imputada a responsabilidade de cumprir e fazer o que determina as Normas Regulamentadoras – NR’s do MTE. Elas formam um total de trinta e três normas, que trataremos a seguir. A NR – 01 Disposições Gerais: nela, são estabelecidos os campos de aplicação das demais Normas Regulamentadoras de segurança e saúde do trabalho urbano. A NR – 02 Inspeção Prévia: nesta norma, são estabelecidos parâmetros para que a empresa solicite a realização de uma inspeção de seus estabelecimentos antes de iniciar o funcionamento, ou seja, uma aprovação para iniciar a operar o negócio. A NR – 03 Embargo ou Interdição: estabelece parâmetros para embargo ou interdição de máquinas, equipamentos, instalações ou canteiros de obras. A base desta norma é não deixar o trabalhador ficar exposto ao risco grave e iminente de acidente ou doença do trabalho. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 34| P á g i n a A NR – 04 Serviço Especializado e Segurança e Medicina do Trabalho: trata do dimensionamento e da forma de atuação dos profissionais deste setor nas empresas, como já tratamos anteriormente. A NR – 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA: é uma norma para tratar das atribuições, responsabilidades e forma de atuação da comissão. A NR – 06 Equipamentos de Proteção Individual – EPI: esta norma estabelece as regras em relação à comercialização, à importação e à utilização de EPI’s. Também trata da responsabilidade do MTE, das empresas e dos empregados em relação aos EPI’s. A NR – 07 Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO: esta norma estabelece parâmetros para controle e monitoramento da saúde do trabalhador, como já tratado na Unidade 2. Nela se estabelecem os exames a que os trabalhadores deverão ser submetidos enquanto perdurar o pacto laboral. A NR – 08 Edificações: é uma norma que estabelece parâmetros mínimos que devem ser observados nas edificações (construções) para proporcionar segurança e conforto para os que nela trabalham. A NR – 09 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA: esta norma trata da higiene do ambiente de trabalho, ou seja, seu objetivo é identificar e manter sob controle os riscos físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho, apesar de ser tratada após a NR-07 PCMSO. Ela fornece subsídios para o desenvolvimento do PCMSO, pois, somente após identificar os riscos no ambiente, é possível determinar os exames médicos e clínicos para monitorar a saúde do trabalhador. Abordaremos novamente essa norma no decorrer desta unidade. A NR – 10 Instalações e Serviços em Eletricidade: nesta norma estão as diretrizes mínimas para garantir segurança aos trabalhadores, usuários e terceiros na realização de trabalhos e na utilização da energia elétrica em suas fases de distribuição, transmissão e consumo. A NR – 11 Transporte, Movimentação, Armazenamento e Manuseio de Materiais: estabelece regras básicas para transporte e movimentação manual de materiais; forma e requisitos de segurança para um correta estocagem do material; e regras para condução de veículos com força motriz própria para a movimentação de cargas. A NR – 12 Máquinas e Equipamentos: esta norma visa atuar preventivamente nos equipamentos visando à prevenção de acidentes nas etapas de operação e manutenção. Disciplina: Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional Autor: Márcio Ibraim de Araújo Loureiro Unidade de Educação a Distância | Newton 35| P á g i n a A NR – 13 Caldeiras e Vasos Sob Pressão: nesta norma são apresentados os requisitos técnicos legais relativos à instalação, à operação e à manutenção desses equipamentos, de modo prevenir
Compartilhar