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Psicopatologia 2

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Aula 06-
O Transtorno de Sintomas Somáticos -são caracterizados por perturbação e/ou descontinuidade da integração normal de consciência, memória, identidade, emoção, percepção, representação corporal, controle motor e outros transtornos com sintomas somáticos proeminentes constituem uma nova categoria no DSM-5 denominada “Transtorno de sintomas somáticos e transtornos relacionados. O que caracteriza indivíduos com transtorno de sintomas somáticos não são os sintomas somáticos em si, mas como eles se apresentam e como são interpretados. 
Transtorno de Sintomas Somáticos 300.82 (DSM-5, 2014, p. 311) CID-10 (1993, F45.1) 
Indivíduos com transtorno de sintomas somáticos geralmente apresentam sintomas somáticos múltiplos e atuais que provocam sofrimento ou resultam em perturbação significativa da vida diária (Critério A), embora às vezes apenas um sintoma grave, mais comumente dor, esteja presente. Os sintomas podem ser específicos (p. ex., dor localizada) ou relativamente inespecíficos (p. ex., fadiga). Por vezes representam sensações ou desconfortos corporais normais que geralmente não significam doença grave. Sintomas somáticos sem uma explicação médica evidente não são suficientes para fazer esse diagnóstico. O sofrimento do indivíduo é autêntico, seja ou não explicado em termos médicos. 
Características diagnósticas no DSM-5: 
A. Um ou mais sintomas somáticos que causam aflição ou resultam em perturbação significativa da vida diária. 
B. Pensamentos, sentimentos ou comportamentos excessivos relacionados aos sintomas somáticos ou associados a preocupações com a saúde manifestados por pelo menos um dos seguintes: 
1. Pensamentos desproporcionais e persistentes acerca da gravidade dos próprios sintomas. 
2. Nível de ansiedade persistentemente elevado acerca da saúde e dos sintomas. 
3. Tempo e energia excessivos dedicados a esses sintomas ou a preocupações a respeito da saúde. 
C. Embora algum dos sintomas somáticos possa não estar continuamente presente, a condição de estar sintomático é persistente (em geral mais de seis meses). 
Especificar a gravidade atual:
Leve: Apenas um dos sintomas especificados no Critério B é satisfeito. Moderada: Dois ou mais sintomas especificados no Critério B são satisfeitos. 
Grave: Dois ou mais sintomas especificados no Critério B são satisfeitos, além da presença de múltiplas queixas somáticas (ou um sintoma somático muito grave). 
Fatores de Risco e Prognóstico 
Temperamentais. O traço de personalidade afetividade negativa (neuroticismo) foi identificado como um fator correlacionado/de risco independente para muitos sintomas somáticos. Ansiedade ou depressão comórbida é um aspecto comum e pode exacerbar os sintomas e a incapacidade. 
Ambientais. O transtorno de sintomas somáticos é mais frequente em indivíduos com poucos anos de instrução e baixo nível socioeconômico e nos que tenham sofrido recentemente eventos estressantes na vida. 
Modificadores do curso. Sintomas somáticos persistentes estão associados a aspectos demográficos (sexo feminino, idade mais avançada, menos anos de instrução, baixo nível socioeconômico, desemprego), história relatada de abuso sexual ou outra adversidade na infância, doença psiquiátrica crônica ou transtorno psiquiátrico concomitante (depressão, ansiedade, transtorno depressivo persistente [distimia], pânico), estresse social e fatores sociais reforçadores como benefícios obtidos com a doença. Fatores cognitivos que afetam o curso clínico incluem sensibilidade à dor, atenção elevada a sensações corporais e atribuição de sintomas corporais a uma possível doença médica em vez de reconhecê-los como um fenômeno normal ou estresse psicológico. 
Transtorno de Ansiedade de Doença | 300.7 (DSM-5, 2014, p. 315) CID-10 (1993, F45.21) 
A maioria dos indivíduos hipocondríacos é hoje classificada como portadora de transtorno de sintomas somáticos; entretanto, em uma minoria de casos, o diagnóstico de transtorno de ansiedade de doença se aplica, o qual envolve uma preocupação com ter ou contrair uma doença médica grave não diagnosticada. Sintomas somáticos não estão presentes ou, caso estejam, são de intensidade apenas leve. Uma avaliação completa não consegue identificar uma condição médica grave que justifique as preocupações do indivíduo, as quais podem ser derivadas de um sinal ou de uma sensação física não patológica, mas seu sofrimento é oriundo não da queixa física em si, e sim de sua ansiedade a respeito do significado, da importância ou da causa da queixa. 
Características diagnósticas no DSM-5: 
A. Preocupação com ter ou contrair uma doença grave. 
B. Sintomas somáticos não estão presentes ou, se estiverem, são de intensidade apenas leve. Se uma outra condição médica está presente ou há risco elevado de desenvolver uma condição médica (p. ex., presença de forte história familiar), a preocupação é claramente excessiva ou desproporcional. 
C. Há alto nível de ansiedade com relação à saúde, e o indivíduo é facilmente alarmado a respeito do estado de saúde pessoal. 
D. O indivíduo tem comportamentos excessivos relacionados à saúde (p. ex., verificações repetidas do corpo procurando sinais de doença) ou exibe evitação mal-adaptativa (p. ex., evita consultas médicas e hospitais). 
E. Preocupação relacionada a doença presente há pelo menos seis meses, mas a doença específica que é temida pode mudar nesse período. 
F. A preocupação relacionada a doença não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como transtorno de sintomas somáticos, transtorno de pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno dismórfico corporal, transtorno obsessivo-compulsivo ou transtorno delirante, tipo somático. 
Fatores de Risco e Prognóstico 
Ambientais. O transtorno de ansiedade de doença pode, às vezes, ser precipitado por um estresse de vida importante ou uma ameaça grave, porém benigna, à saúde do indivíduo. História de abuso infantil ou uma doença grave na infância pode predispor ao desenvolvimento do transtorno na idade adulta. 
Modificadores do curso. Entre aproximadamente um terço até a metade dos indivíduos com transtorno de ansiedade de doença tem a forma transitória, a qual é associada a menos comorbidade psiquiátrica, a mais comorbidade médica e ao transtorno de ansiedade de doença menos grave. 
Consequências Funcionais do Transtorno de Ansiedade de Doença 
O transtorno de ansiedade de doença causa comprometimento funcional substancial e perdas importantes no funcionamento físico e na qualidade de vida relacionada à saúde. As preocupações com a saúde com frequência interferem nas relações interpessoais, perturbam a vida familiar e comprometem o desempenho profissional. 
Comorbidades: Transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, TOC e transtornos depressivos. 
Transtorno Conversivo
(Transtorno de Sintomas Neurológicos Funcionais) | 300.11 
(DSM-5, 2014, p. 319) CID-10 (1993, F44._) 
No transtorno conversivo (transtorno de sintomas neurológicos funcionais) pode haver um ou mais sintomas de diversos tipos. Sintomas motores incluem fraqueza ou paralisia; movimentos anormais, como tremor ou movimentos distônicos; anormalidades da marcha; e postura anormal de membro. Sintomas sensoriais incluem sensação cutânea, visão ou audição alteradas, reduzidas ou ausentes. Episódios de tremores generalizados de membros com aparente prejuízo ou perda de consciência podem assemelhar-se a convulsões epiléticas. Pode haver episódios de ausência de resposta semelhantes a síncope ou coma. Outros sintomas incluem volume da fala reduzido ou ausente (disfonia/afonia), articulação alterada (disartria), uma sensação de “bola” ou caroço na garganta (globus) e diplopia (visão dupla). 
Características diagnósticas no DSM-5: 
A. Um ou mais sintomas de função motora ou sensorial alterada. 
B. Achados físicos evidenciam incompatibilidade entre o sintoma e as condições médicas ou neurológicas encontradas. 
C. O sintoma ou déficit não é mais bem explicado por outro transtorno mental ou médico.D. O sintoma ou déficit causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo ou requer avaliação médica.
Especificar o tipo de sintoma: 
(F44.4) Com fraqueza ou paralisia 
(F44.4) Com movimento anormal (p. ex., tremor, movimento distônico, mioclonia, distúrbio da marcha) 
(F44.4) Com sintomas de deglutição 
(F.44.4) Com sintoma de fala (p. ex., disfonia, fala arrastada) 
(F.44.5) Com ataques ou convulsões 
(F.44.6) Com anestesia ou perda sensorial 
(F.44.6) Com sintoma sensorial especial (p. ex., perturbação visual, olfatória ou auditiva) 
(F44.7) Com sintomas mistos 
Fatores de Risco e Prognóstico 
Temperamentais. Traços de personalidade mal-adaptativa estão comumente associados ao transtorno conversivo. 
Ambientais. Pode haver história de abuso e negligência na infância. Eventos estressantes de vida estão com frequência, mas nem sempre, presentes. 
Modificadores do curso. A duração breve dos sintomas e a aceitação do diagnóstico são fatores prognósticos positivos. Traços de personalidade mal-adaptativa, a presença de doença física comórbida e a obtenção de benefícios com a incapacidade podem ser fatores prognósticos negativos. 
Questões Diagnósticas Relativas ao Gênero: O transtorno conversivo é 2 a 3 vezes mais comum em pessoas do sexo feminino. 
Comorbidades. Transtornos de ansiedade, especialmente transtorno de pânico, e transtornos depressivos costumam coexistir com transtorno conversivo. O transtorno de sintomas somáticos pode coexistir também. Transtornos da personalidade são mais comuns em indivíduos com transtorno conversivo do que na população em .
Transtorno Factício | 300.19 (DSM-5, 2014, p. 319) CID-10 (1993, F68.10) 
A característica essencial do transtorno factício é a falsificação de sinais e sintomas médicos ou psicológicos em si mesmo ou em outro associado a fraude identificada. Indivíduos com transtorno factício também podem buscar tratamento para si mesmos ou para outro depois da indução de lesão ou doença. O diagnóstico requer a demonstração de que o indivíduo está agindo de maneira a falsear, simular ou causar sinais ou sintomas de doença ou lesão na ausência de recompensas externas óbvias. Os métodos de falsificação de doença podem incluir exagero, fabricação, simulação e indução. Se uma condição médica preexistente estiver presente, o comportamento fraudulento ou a indução de lesão fraudulenta associada à fraude faz outras pessoas verem esses indivíduos (ou outros) como mais doentes ou comprometidos, o que pode levar a intervenções médicas excessivas. 
Características diagnósticas no DSM-5: 
Transtorno Factício Autoimposto 
A. Falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou indução de lesão ou doença, associada a fraude identificada. 
B. O indivíduo se apresenta a outros como doente, incapacitado ou lesionado. 
C. O comportamento fraudulento é evidente mesmo na ausência de recompensas externas óbvias. 
D. O comportamento não é mais bem explicado por outro transtorno mental, como transtorno delirante ou outra condição psicótica. 
Transtorno Factício Imposto a Outro (Antes Transtorno Factício por Procuração) 
A. Falsificação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, ou indução de lesão ou doença em outro, associada a fraude identificada. 
B. O indivíduo apresenta outro (vítima) a terceiros como doente, incapacitado ou lesionado. 
C. O comportamento fraudulento é evidente até mesmo na ausência de recompensas externas óbvias. 
D. O comportamento não é mais bem explicado por outro transtorno mental, como transtorno delirante ou outro transtorno psicótico. 
AULAS 07 e 08
Transtornos Dissociativo - são caracterizados por perturbação e/ou descontinuidade da integração normal de consciência, memória, identidade, emoção, percepção, representação corporal, controle motor e comportamento. Os sintomas dissociativos podem potencialmente perturbar todas as áreas do funcionamento psicológico.
 
Transtornos Dissociativo de Identidade | 300.14 (DSM-5, 2014, p. 292) CID-10 (1993, F44.81) A característica definidora do transtorno dissociativo de identidade é a presença de dois ou mais estados de personalidade distintos ou uma experiência de possessão. Entretanto, a manifestação ou dissimulação desses estados de personalidade variam em função da motivação psicológica, do nível de estresse, de conflitos e dinâmicas internas e da resiliência emocional. Períodos longos de perturbação da identidade podem ocorrer quando pressões psicossociais são graves e/ou prolongadas. 
Características diagnósticas no DSM-5: 
A.Ruptura da identidade caracterizada pela presença de dois ou mais estados de personalidade distintos, descrita em algumas culturas como uma experiência de possessão. A ruptura na identidade envolve descontinuidade acentuada no senso de si mesmo e de domínio das próprias ações, acompanhada por alterações relacionadas no afeto, no comportamento, na consciência, na memória, na percepção, na cognição e/ou no funcionamento sensório-motor. Esses sinais e sintomas podem ser observados por outros ou relatados pelo indivíduo. 
B. Lacunas recorrentes na recordação de eventos cotidianos, informações pessoais importantes e/ou eventos traumáticos que são incompatíveis com o esquecimento comum. 
C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
D. A perturbação não é parte normal de uma prática religiosa ou cultural amplamente aceita. Nota: Em crianças, os sintomas não são mais bem explicados por amigos imaginários ou outros jogos de fantasia. 
E. Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., apagões ou comportamento caótico durante intoxicação alcóolica) ou a outra condição médica (p. ex., convulsões parciais complexas). 
Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico-
Indivíduos com transtorno dissociativo de identidade apresentam- se geralmente com depressão, ansiedade, abuso de substância, automutilação, convulsões não epiléticas ou outros sintomas como comorbidade. Com frequência ocultam, ou não têm consciência completa de, perturbações na consciência, amnésia e outros sintomas dissociativos. Muitos com o transtorno relatam flashbacks dissociativos durante os quais revivem sensorialmente um evento pregresso como se ele estivesse ocorrendo no presente, em geral com mudança de identidade, perda parcial ou completa de contato com a realidade presente durante o flashback e amnésia subsequente em relação ao conteúdo do flashback.
Diagnóstico Diferencial:
Transtorno Bipolar, TEPT, Transtornos Psicóticos, Transtornos de Personalidade (em especial Borderline), Transtorno Conversivo e Transtorno Factício ou simulação. 
Transtorno de Despersonalização/Desrealização | 300.6 (DSM-5, 2014, p. 302) CID-10 (1993, F48.1) - Os aspectos essenciais são episódios persistentes ou recorrentes de despersonalização, desrealização ou ambas 
Despersonalização -O indivíduo pode sentir-se distanciado de seu próprio ser como um todo (p. ex., “Não sou ninguém”, “Não tenho identidade”). Essa pessoa pode também sentir-se subjetivamente distanciada de aspectos de si mesmo, incluindo sentimentos (p. ex., hipoemotividade: “Sei que tenho sentimentos, mas não consigo senti- los”), pensamentos (p. ex., “Meus pensamentos não parecem meus”, “cabeça vazia”), o corpo inteiro ou partes do corpo, ou sensações (p. ex., toque, propriocepção, fome, sede, libido). Pode haver também sensação de perda de domínio das próprias ações (p. ex., sentir-se como um robô, autômato; perda de controle da fala e dos movimentos). A experiência de despersonalização pode, às vezes, envolver uma cisão no senso de si mesmo, com uma parte observando e outra participando, fenômeno conhecido como “experiência extracorpórea” em sua forma mais extrema. O sintoma unitário de “despersonalização” consiste em diversos fatores sintomáticos:experiênciascorporais anômalas (i.e., irrealidade de si mesmo e alterações perceptuais); anestesia emocional ou física; e distorções temporais com recordação subjetiva alterada. 
Desrealização- Episódios de desrealização são caracterizados por um sentimento de irrealidade ou distanciamento ou estranhamento do mundo como um todo: indivíduos, objetos inanimados ou o meio. O indivíduo pode sentir como se estivesse entre nuvens, em um sonho ou em uma bolha, ou como se houvesse um véu ou um vidro entre ele e o mundo ao redor. O meio pode ser vivenciado como artificial, incolor ou inerte. A desrealização é comumente acompanhada por distorções visuais subjetivas, como visão embaçada, acuidade visual aumentada, campo visual ampliado ou estreitado, dupla dimensionalidade ou achatamento, tridimensionalidade exagerada ou alteração da distância ou do tamanho de objetos (i.e., macropsia ou micropsia). Distorções auditivas também podem ocorrer, nas quais vozes ou sons são mudos ou mais intensos do que de fato são .
Características diagnósticas no DSM-5: 
A. Presença de experiências persistentes ou recorrentes de despersonalização, desrealização ou ambas: 
1. Despersonalização: Experiências de irrealidade, distanciamento ou de ser um observador externo dos próprios pensamentos, sentimentos, sensações, corpo ou ações (p. ex., alterações da percepção, senso distorcido do tempo, sensação de irrealidade ou senso de si mesmo irreal ou ausente, anestesia emocional e/ou física). 
2. Desrealização: Experiências de irrealidade ou distanciamento em relação ao ambiente ao redor (p. ex., indivíduos ou objetos são vivenciados como irreais, oníricos, nebulosos, inertes ou visualmente distorcidos). 
B. Durante as experiências de despersonalização ou desrealização, o teste de realidade permanece intacto. 
C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
D. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., convulsões). 
E. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como esquizofrenia, transtorno de pânico, transtorno depressivo maior, transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático ou outro transtorno dissociativo. 
Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico-
Indivíduos com transtorno de despersonalização/desrealização podem ter dificuldade em descrever seus sintomas e podem achar que estão “loucos” ou “enlouquecendo”. Outra experiência comum é o medo de dano cerebral irreversível. Um sintoma que costuma estar associado é um sentido de tempo subjetivamente alterado (i.e., rápido ou lento demais), bem como dificuldade subjetiva em recordar vividamente memórias passadas e considerá-las pessoais e emocionais. Sintomas somáticos vagos, como pressão na cabeça, formigamento ou atordoamento, não são incomuns. Os indivíduos podem sofrer de ruminação extrema ou preocupação obsessiva (p. ex., constantemente obcecado com a dúvida de se realmente existe ou verificando suas percepções para determinar se parecem reais). Graus variados de ansiedade e depressão também são aspectos associados comuns. Observou-se que indivíduos com esse transtorno têm hiporreatividade fisiológica a estímulos emocionais. 
AULA – O9
Os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação que resulta no consumo ou na absorção alterada de alimentos e que compromete significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial. 
Os critérios diagnósticos para os transtornos alimentares resultam em um esquema de classificação que é mutuamente excludente, de maneira que, durante um único episódio, apenas um desses diagnósticos pode ser atribuído. A justificativa para tal conduta é que, apesar de uma série de aspectos psicológicos e comportamentais comuns, os transtornos diferem substancialmente em termos de curso clínico, desfecho e necessidade de tratamento. Um diagnóstico de pica, no entanto, pode ser atribuído na presença de qualquer outro transtorno alimentar. 
A obesidade não está inclusa no DSM-5 como um transtorno mental 
A obesidade (excesso de gordura corporal) resulta do excesso prolongado de ingestão energética em relação ao gasto energético. Uma gama de fatores genéticos, fisiológicos, comportamentais e ambientais que variam entre os indivíduos contribui para o desenvolvimento da obesidade; dessa forma, ela não é considerada um transtorno mental. Entretanto, existem associações robustas entre obesidade e uma série de transtornos mentais (p. ex., transtorno de compulsão alimentar, transtornos depressivo e bipolar, esquizofrenia). Os efeitos colaterais de alguns medicamentos psicotrópicos contribuem de maneira importante para o desenvolvimento da obesidade, e esta pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de alguns transtornos mentais (p. ex., transtornos depressivos). 
Anorexia Nervosa | (DSM-5, 2014 p. 338) 
A. Restrição da ingesta calórica em relação às necessidades, levando a um peso corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento e saúde física. Peso significativamente baixo é definido como um peso inferior ao peso mínimo normal ou, no caso de crianças e adolescentes, menor do que o minimamente esperado. 
B. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou comportamento persistente que interfere no ganho de peso, mesmo estando com peso significativamente baixo. 
C. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. 
Nivéis de gravidade_Leve: IMC ≥ 17 kg/m2 Moderada: IMC 16-16,99 kg/m2 Grave: IMC 15-15,99 kg/m2 Extrema: IMC < 15 kg/m2 
Algumas pessoas sentem-se completamente acima do peso. Outras percebem que estão magras, mas ainda assim se preocupam com determinadas partes do corpo, em particular que o abdome, os glúteos e o quadril estão “gordos demais”. Elas podem empregar uma variedade de técnicas para avaliar o tamanho ou o peso de seus corpos, incluindo pesagens frequentes, medição obsessiva de partes do corpo e uso persistente de um espelho para checar áreas percebidas de “gordura”. A estima de indivíduos com anorexia nervosa é altamente dependente de suas percepções da forma e do peso corporal. A perda de peso é, com frequência, vista como uma conquista marcante e um sinal de autodisciplina extraordinária, enquanto o ganho ponderal é percebido como falha de autocontrole inaceitável. Embora alguns indivíduos com esse transtorno talvez reconheçam que estão magros, frequentemente não assumem as graves implicações médicas de seu estado de desnutrição. Geralmente, o indivíduo é levado à atenção profissional por familiares depois de perda de peso marcante ter ocorrido. Se buscam ajuda por si mesmos, costuma ser devido à angústia causada por sequelas somáticas e psicológicas da inanição. É raro uma pessoa com anorexia nervosa queixar-se da perda de peso por si só. Na verdade, indivíduos com anorexia nervosa com frequência carecem de insight ou negam o problema. É, portanto, importante obter informações de familiares ou de outras fontes para avaliar a história da perda de peso e outros aspectos da 
CARACTERÍSTICAS -A anorexia nervosa começa geralmente durante a adolescência ou na idade adulta jovem. Proporção feminino- masculino de aproximadamente 10:1. Raramente se inicia antes da puberdade ou depois dos 40 anos, porém casos de início precoce e tardio já foram descritos. O início desse transtorno costuma estar associado a um evento de vida estressante, como deixar a casa dos pais para ingressar na universidade. O curso e o desfecho da anorexia nervosa são altamente variáveis.O risco de suicídio é elevado na anorexia nervosa, com taxas de 12 por100.000 por ano. 
COMORBIDADE_Transtornos bipolares, depressivos e de ansiedade em geral ocorrem concomitantemente com anorexia nervosa. O TOC é descrito em alguns indivíduos com anorexia nervosa. O transtorno por uso de álcool e outras substâncias pode também ser comórbido à anorexia nervosa. 
Bulimia Nervosa | ( 307.51. DSM-5, 2014 p. 345) CID-10 (1993. F50.2) 
A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado pelos seguintes aspectos: 
1. Ingestão, em um período de tempo determinado (p. ex., dentro de cada período de duas horas), de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período sob circunstâncias semelhantes. 
2. Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio (p. ex., sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e o quanto se está ingerindo).
B. Comportamentos compensatórios inapropriados recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos; uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; jejum; ou exercício em excesso. 
C-A compulsão alimentar e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem, em média, no mínimo uma vez por semana durante três meses. 
D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela forma e pelo peso corporais. 
E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa. 
CARACTERÍSTICAS-Indivíduos com bulimia nervosa em geral sentem vergonha de seus problemas alimentares e tentam esconder os sintomas. A compulsão alimentar normalmente ocorre em segredo ou da maneira mais discreta possível. Com frequência contínua até que o indivíduo esteja desconfortável ou até mesmo dolorosamente cheio. O antecedente mais comum da compulsão alimentar é o afeto negativo. Outros gatilhos incluem fatores de estresse interpessoais; restrições dietéticas; sentimentos negativos relacionados ao peso corporal, à forma do corpo e a alimentos; e tédio. A compulsão alimentar pode minimizar ou aliviar fatores que precipitam o episódio a curto prazo, mas a autoavaliação negativa e a disforia com frequência são as consequências tardias. 
Indivíduos com bulimia nervosa estão geralmente dentro da faixa normal de peso ou com sobrepeso (IMC > 18,5 kg/m2 e < 30 em adultos). 

A prevalência-ponto é maior entre adultos, já que o transtorno atinge seu pico no fim da adolescência e início da idade adulta. Pouco se sabe a respeito da prevalência- ponto de bulimia nervosa no sexo masculino, porém o transtorno é bem menos comum nestes, com uma proporção feminino-masculino de aproximadamente 10:1. 

Um risco significativamente maior de mortalidade (por todas as causas e por suicídio) foi relatado para indivíduos com bulimia nervosa. O risco de suicídio é alto na bulimia nervosa. A avaliação completa de indivíduos com esse transtorno deverá incluir determinação de ideação e comportamentos suicidas, bem como outros fatores de risco para suicídio, incluindo história de tentativas de suicídio. 

Pica | (DSM-5, 2014 p. 329)
CID-10 (1993, F98.3 em crianças e F50.8 em adultos) 
A. Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não alimentares, durante um período mínimo de um mês. 
B. A ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, é inapropriada ao estágio de desenvolvimento do indivíduo. 
C. O comportamento alimentar não faz parte de uma prática culturalmente aceita. 
D. Se o comportamento alimentar ocorrer no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual], transtorno do espectro autista, esquizofrenia) ou condição médica (incluindo gestação), é suficientemente grave a ponto de necessitar de atenção clínica adicional. 
Características_As substâncias típicas ingeridas tendem a variar com a idade e a disponibilidade e podem incluir papel, sabão, tecido, cabelo, fios, terra, giz, talco, tinta, cola, metal, pedras, carvão vegetal ou mineral, cinzas, detergente ou gelo. Geralmente não há aversão a alimentos em geral. É preciso que a ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, seja inapropriada ao estágio de desenvolvimento e não parte de uma prática culturalmente aceita. Sugere-se uma idade mínima de 2 anos para o diagnóstico de pica, de modo a excluir a exploração de objetos com a boca que acabam por ser ingeridos, normal no desenvolvimento das crianças pequenas. 
Diagnóstico Diferencial
Anorexia nervosa. A pica normalmente pode ser distinguida de outros transtornos alimentares pelo consumo de substâncias não nutritivas, não alimentares. É importante observar, no entanto, que algumas apresentações de anorexia nervosa incluem a ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, como lenços de papel, na tentativa de controlar o apetite. Nesses casos, quando a ingestão de substâncias não nutritivas, não alimentares, é usada essencialmente como meio de controle do peso, anorexia nervosa deverá ser o diagnóstico primário. Transtorno factício. Alguns indivíduos com transtorno factício podem ingerir intencionalmente objetos estranhos como parte do padrão de falsificação de sintomas físicos. Nesses casos, existe um elemento fraudulento compatível com a indução deliberada de lesão ou doença. Autolesão não suicida e comportamentos de autolesão suicida nos transtornos da personalidade. Alguns indivíduos podem deglutir itens potencialmente nocivos (p. ex., alfinetes, agulhas, facas) no contexto de padrões desadaptativos de comportamento associados a transtornos da personalidade ou autolesão não suicida. 
Transtorno de Ruminação | ( 307.53. DSM-5, 2014 p. 332) CID-10 (1993. F98.21) 
A. Regurgitação repetida de alimento durante um período mínimo de um mês. O alimento regurgitado pode ser remastigado, novamente deglutido ou cuspido.
B. A regurgitação repetida não é atribuível a uma condição gastrintestinal ou a outra condição médica (p. ex., refluxo gastroesofágico, estenose do piloro). 
C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar ou transtorno alimentar restritivo/evitativo. 
D. Se os sintomas ocorrerem no contexto de outro transtorno mental (p. ex., deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual] ou outro transtorno do neurodesenvolvimento), eles são suficientemente graves para justificar atenção clínica adicional. 
Critérios de Diagnóstico:
O alimento previamente deglutido que já pode estar parcialmente digerido é trazido de volta à boca sem náusea aparente, ânsia de vômito ou repugnância. O alimento pode ser remastigado e então ejetado da boca ou novamente deglutido. A regurgitação no transtorno de ruminação deverá ser frequente, ocorrendo pelo menos várias vezes por semana, em geral todos os dias. 
O transtorno pode ser diagnosticado durante toda a vida, sobretudo em indivíduos que também apresentam deficiência intelectual. Muitos indivíduos com o transtorno podem ser observados diretamente durante o comportamento de ruminação pelo médico. Em outros casos, o diagnóstico pode ser feito com base no autorrelato ou em informações corroborativas de pais ou cuidadores. Os indivíduos podem descrever o comportamento como habitual ou fora de seu controle. 
Consequências Funcionais:
A desnutrição secundária à regurgitação repetida pode estar associada a atraso no crescimento e pode ter um efeito negativo no potencial de desenvolvimento e aprendizagem. Alguns indivíduos mais velhos com o transtorno restringem deliberadamente a ingestão de alimentos em virtude do aspecto socialmente indesejável da regurgitação. Eles podem, assim, apresentar-se com perda ponderal ou baixo peso. 
Diagnóstico Funcional-
Condições gastrintestinais. É importante diferenciar regurgitação no transtorno de ruminação de outras condições caracterizadas por refluxo gastroesofágico ou vômitos. Anorexia nervosa e bulimia nervosa. Indivíduos com anorexia nervosa e bulimia nervosa também podemregurgitar com subsequente eliminação do alimento como um meio de livrar- se das calorias ingeridas em virtude da preocupação com o ganho de peso. 
Aula 10 e 11-
As disfunções sexuais formam um grupo heterogêneo de transtornos que, em geral, se caracterizam por uma perturbação clinicamente significativa na capacidade de uma pessoa responder sexualmente ou de experimentar prazer sexual. Um mesmo indivíduo poderá ter várias disfunções sexuais ao mesmo tempo. 
Parâmetro_O julgamento clínico deve ser utilizado para determinar se as dificuldades sexuais são resultado de estimulação sexual inadequada; mesmo nessas situações ainda pode haver necessidade de tratamento, embora o diagnóstico de disfunção sexual não seja aplicável. Esses casos incluem, mas não se limitam a, condições nas quais a falta de conhecimento sobre estimulação eficaz impede a experiência de excitação ou de orgasmo. 
Os subtipos são usados para designar o início da dificuldade. Em muitos indivíduos com disfunções sexuais, o momento de início do quadro poderá indicar etiologias e intervenções diferentes. 
Terminologias
“Ao longo da vida” refere-se a um problema sexual que está presente desde as primeiras experiências sexuais; 

“Adquirido” aplica-se aos transtornos sexuais que se desenvolvem após um período de função sexual relativamente normal; 

“Generalizado” refere-se a dificuldades sexuais que não se limitam a certos tipos de estimulação, situações ou parceiros; 
• “Situacional” aplica-se a dificuldades sexuais que ocorrem somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros. 

Fatores de Avaliação-
1) fatores relacionados ao parceiro (p. ex., problemas sexuais; estado de saúde); 
2) fatores associados ao relacionamento (p. ex., falta de comunicação; discrepâncias no desejo para atividade sexual); 
3) fatores relacionados a vulnerabilidade individual (p. ex., má imagem corporal; história de abuso sexual ou emocional), comorbidade psiquiátrica (p. ex., depressão, ansiedade) ou estressores (p. ex., perda de emprego, luto); 
4) fatores culturais ou religiosos (inibições relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer; atitudes em relação à sexualidade); 
5) fatores médicos relevantes para prognóstico, curso ou tratamento. 
ATENÇÃO-O julgamento clínico sobre o diagnóstico de disfunção sexual deve levar em consideração fatores culturais que possam influenciar expectativas ou criar proibições sobre a experiência do prazer sexual. O envelhecimento pode estar associado a redução na resposta sexual normal para o período. 
A resposta sexual tem uma base biológica essencial, embora, em geral, seja vivenciada em um contexto intrapessoal, interpessoal e cultural. Portanto, a função sexual envolve uma interação complexa entre fatores biológicos, socioculturais e psicológicos. Em muitos contextos clínicos, não se conhece com exatidão a etiologia de um determinado problema sexual. 
OBSERVAÇÃO-Não obstante, o diagnóstico de uma disfunção sexual requer a exclusão de problemas que são mais bem explicados por algum transtorno mental não sexual, pelos efeitos de uma substância (p. ex., droga ou medicamento), por uma condição médica (p. ex., devido a alguma lesão no nervo pélvico) ou por perturbação grave no relacionamento, violência do parceiro ou outros estressores. Nos casos em que a essência da disfunção sexual for explicável por outro transtorno mental não sexual (p. ex., transtorno depressivo ou transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, transtorno de estresse pós- traumático, transtorno psicótico), deve-se, então, diagnosticar apenas o outro transtorno mental. 
Ejaculação Retardada | 302.74 (DSM-5, 2014, p. 424) CID-10 (1993, F52.32) 
A. Qualquer um dos seguintes sintomas deve ser vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) da atividade sexual com parceira (em contextos situacionais identificados ou, se generalizada, em todos os contextos), sem que o indivíduo deseje o retardo: 1. Retardo acentuado na ejaculação. 2. Baixa frequência marcante ou ausência de ejaculação. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo ao indivíduo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma substância/medicamento ou a outra condição médica. 
A característica particular da ejaculação retardada é retardo acentuado ou incapacidade de atingir a ejaculação. O homem relata dificuldade ou incapacidade para ejacular, a despeito da presença de estimulação sexual adequada e do desejo de ejacular. Geralmente esse tipo de queixa envolve atividade sexual com parceira. Na maior parte dos casos, faz-se o diagnóstico a partir do relato do próprio indivíduo. A definição de “retardo” não apresenta limites precisos, tendo em vista que não há consenso sobre o que seria um tempo razoável para atingir o orgasmo ou o que é um tempo inaceitavelmente longo para a maioria dos homens e para suas parceiras sexuais. 
Diagnóstico Diferencial_
Uso de substância/medicamento: 
Inúmeros agentes farmacológicos, como antidepressivos, antipsicóticos, medicamentos alfa simpáticos e opioides, podem causar problemas ejaculatórios. 
Disfunção com orgasmo: É importante verificar, na história, se a queixa diz respeito a ejaculação retardada, sensação de orgasmo ou a ambas. A ejaculação ocorre nos órgãos genitais, enquanto se acredita que a experiência de orgasmo seja principalmente subjetiva. Em geral, ejaculação e orgasmo ocorrem ao mesmo tempo, mas nem sempre. 
Comorbidade: 
Existem algumas evidências indicando que a ejaculação retardada é mais comum em formas graves do transtorno depressivo maior.
 
Transtorno Erétil | 302.72
(DSM-5, 2014, p. 426) CID-10 (1993, F52.21) 
A. Pelo menos um dos três sintomas a seguir deve ser vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos): 1. Dificuldade acentuada em obter ereção durante a atividade sexual. 2. Dificuldade acentuada em manter uma ereção até o fim da atividade sexual. 3. Diminuição acentuada na rigidez erétil. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma substância/medicamento ou a outra condição médica. 
A característica particular do transtorno erétil é a falha repetida em obter ou manter ereções durante as atividades sexuais com parceira. 
A obtenção cuidadosa de uma história sexual é imprescindível para verificar se o problema esteve presente por um período de tempo significativo e ocorre na maioria das ocasiões sexuais. 
Os sintomas podem ocorrer somente em situações específicas envolvendo determinados tipos de estimulação ou de parceiros ou podem ocorrer de forma generalizada em todos os tipos de situações, estimulações ou parceiros .
Fatores de Riscos e Prognósticos
Temperamentais: 
Traços neuróticos de personalidade podem estar associados a problemas de ereção em estudantes universitários, e traços de personalidade submissa podem estar associados a problemas de ereção em homens com idade igual ou superior a 40 anos. Alexitimia (i.e., déficits no processamento cognitivo de emoções) é comum em homens diagnosticados com disfunção erétil “psicogênica”. Problemas de ereção são comuns em homens com diagnóstico de depressão e transtorno de estresse pós-traumático. 
Modificadores do curso: 
Os fatores de risco para transtorno erétil adquirido incluem idade, tabagismo,sedentarismo, diabetes e desejo diminuído. 
Transtorno do Orgasmo Feminino | 302.73 (DSM-5, 2014, p. 429) CID-10 (1993, F52.31) 
A. Presença de qualquer um dos sintomas a seguir, vivenciado em quase todas ou em todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, se generalizado, em todos os contextos): 1. Retardo acentuado, infrequência acentuada ou ausência de orgasmo. 2. Intensidade muito reduzida de sensações orgásmicas. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo no indivíduo. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento (p. ex., violência do parceiro) ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma substância/medicamento ou a outra condição médica. 
Características-O transtorno do orgasmo feminino se caracteriza pela dificuldade de atingir o orgasmo e/ou pela intensidade muito reduzida das sensações orgásmicas. 
As mulheres apresentam ampla variabilidade no tipo ou na intensidade da estimulação que produz o orgasmo. Da mesma forma, as descrições subjetivas de orgasmo são extremamente variadas, o que sugere que seja experimentado de maneiras muito diferentes entre as mulheres e em diferentes ocasiões pela mesma mulher. 
Se uma mulher que atinge o orgasmo por meio de estimulação clitoridiana, mas não durante a relação sexual, não preenche os critérios para o diagnóstico clínico de transtorno do orgasmo feminino. É importante observar também se as dificuldades para atingir o orgasmo são resultado de estimulação sexual inadequada, o diagnóstico de transtorno do orgasmo feminino não é aplicável. 
Desenvolvimento de Curso-As taxas de prevalência relatadas de problemas orgásmicos em mulheres variam amplamente, de 10 a 42%, dependendo de vários fatores (p. ex., idade, cultura, duração e gravidade dos sintomas); entretanto, essas estimativas não levam em conta a presença de sofrimento. Apenas parte das mulheres que experimentam dificuldades orgásmicas relata também sofrimento associado. 
A primeira experiência de orgasmo de uma mulher pode ocorrer em qualquer momento a partir do período pré-puberal até a vida adulta. As mulheres apresentam um padrão etário mais variável em termos de idade quando do primeiro orgasmo do que os homens, sendo que os relatos de experiência orgásmica por parte das mulheres aumentam com o avanço da idade. Muitas aprendem a ter orgasmo à medida que experimentam uma ampla variedade de estimulações e adquirem um conhecimento maior sobre seus próprios corpos. 
Transtorno de Dor Gênito-pélvica/Penetração | 302.76 (DSM-5, 2014, p. 437) CID-10 (1993, F52.6) 
A. Dificuldades persistentes ou recorrentes com um (ou mais) dos seguintes: 1. Penetração vaginal durante a relação sexual. 2. Dor vulvovaginal ou pélvica intensa durante a relação sexual vaginal ou nas tentativas de penetração. 3. Medo ou ansiedade intensa de dor vulvovaginal ou pélvica em antecipação a, durante ou como resultado de penetração vaginal. 4. Tensão ou contração acentuada dos músculos do assoalho pélvico durante tentativas de penetração vaginal. 
B. Os sintomas do Critério A persistem por um período mínimo de aproximadamente seis meses. 
C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para a mulher. 
D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento (p. ex., violência do parceiro) ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma substância ou medicamento ou a outra condição médica. 
Características-Transtorno da dor gênito-pélvica/penetração está frequentemente associado a outras disfunções sexuais, particularmente desejo e interesse sexual reduzidos. Às vezes, o desejo e o interesse são preservados em situações sexuais que não são dolorosas e não exigem penetração. Mesmo quando mulheres com o transtorno relatam interesse ou motivação sexual, com frequência há um comportamento evitativo de situações e de oportunidades sexuais. Evitar exames ginecológicos, a despeito de recomendações médicas, também é uma atitude frequente. O padrão de evitação é semelhante àquele observado em transtornos fóbicos. É comum mulheres que não foram bem-sucedidas na relação sexual fazerem tratamento somente quando desejam engravidar. Muitas com o transtorno experimentarão problemas de relacionamento/conjugais associados; elas também relatam com frequência que os sintomas diminuem de forma significativa seus sentimentos de feminilidade. 
Fatores de Riscos e Prognóstico
Ambientais: A violência sexual e/ou física foi frequentemente mencionada como preditora dos transtornos dolorosos sexuais pelo DSM- IV. Há controvérsias sobre esse tema na literatura atual. 
Genéticos e fisiológicos: As mulheres que experimentam dor superficial durante a relação sexual muitas vezes relatam o início da dor depois de uma história de infecções vaginais. A dor persiste mesmo após a resolução das infecções e na ausência de achados físicos residuais conhecidos. 
Questões Diagnósticas Relativas à Cultura: No passado, a educação sexual inadequada e a ortodoxia religiosa foram frequentemente consideradas fatores predisponentes relacionados à cultura para o diagnóstico de vaginismo do DSM-IV. 
Ejaculação Prematura (Precoce) | 302.7 (DSM-5, 2014, p. 443) CID-10 (1993, F52.4) 
A. Padrão persistente ou recorrente de ejaculação que ocorre durante a atividade sexual com parceira dentro de aproximadamente um minuto após a penetração vaginal e antes do momento desejado pelo indivíduo. Nota: Embora o diagnóstico de ejaculação prematura (precoce) também possa ser aplicado a indivíduos envolvidos em atividades sexuais não vaginais, não foram estabelecidos critérios específicos para o tempo de duração dessas atividades. 
B. Os sintomas do Critério A devem estar presentes por pelo menos seis meses e devem ser experimentados em quase todas ou todas as ocasiões (aproximadamente 75 a 100%) de atividade sexual (em contextos situacionais identificados ou, caso generalizada, em todos os contextos). C. Os sintomas do Critério A causam sofrimento clinicamente significativo para o indivíduo. D. A disfunção sexual não é mais bem explicada por um transtorno mental não sexual ou como consequência de uma perturbação grave do relacionamento ou de outros estressores importantes e não é atribuível aos efeitos de alguma substância ou medicamento ou a outra condição médica 
Características-Muitos homens com queixa de ejaculação prematura (precoce) relatam uma sensação de falta de controle sobre a ejaculação e demonstram apreensão a respeito da incapacidade prevista para retardar a ejaculação em futuros encontros sexuais. 
As estimativas da prevalência de ejaculação prematura (precoce) variam amplamente de acordo com a definição utilizada. Em termos internacionais, mais de 20 a 30% dos homens com idades entre 18 e 70 anos demonstram preocupação com a rapidez da ejaculação. Com a nova definição de ejaculação prematura (precoce): ejaculação que ocorre dentro de aproximadamente um minuto após a penetração vaginal, somente 1 a 3% dos homens seriam diagnosticados com esse transtorno. A prevalência da disfunção pode aumentar com a idade. 
Fatores de Riscos e Prognóstico
Ambientais: A ejaculação prematura (precoce) pode ser mais comum em homens com transtornos de ansiedade, especialmente transtorno de ansiedade social (fobia social). 
Genéticos e fisiológicos: Há contribuição genética moderada para a ejaculação prematura (precoce) ao longo da vida. 
Consequências funcionais: Um padrão de ejaculação prematura (precoce) pode estar associado a autoestima diminuída, sensação de falta de controle e consequências adversas para o relacionamento. Além disso, pode causar sofrimento pessoal e satisfação sexualdiminuída na parceira sexual.

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