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Abordagens latino-americanas Da comunicação •Inquietações políticas e sociais, mais do que científicas: marcas da dependência estrutural que evocam uma cultura do silêncio e de submissão, mas também de resistência e luta. Desde da década de 30: estudos de jornalismo vinculados à discussão sobre liberdade de imprensa e legislação. Métodos historiográfico e bibliográfico. 1959: Ciespal (Centro Internacional de Estudos Superiores de periodismo para AL), fundado no contexto da Aliança para o Progresso de Kennedy, pela UNESCO: oferece cursos para o aperfeiçoamento de profissionais em comunicação de massa na região. Principais abordagens teóricas: •Temas sobre comunicação e modernização, rádio e tele- educação, liderança de opinião, metodologias – pesquisa quantitativa e análise de conteúdo. •Comunicação rural (Paulo Freire/Chile) •Comunicação rural (Paulo Freire/Chile) •Preocupação com a comunicação popular e a pesquisa participante. Década de 60: perspectiva desenvolvimentista e a introdução acrítica das novas tecnologias, e teoria da dependência. •Allende, 1970, CEREN ( Centro de Estudos da Realidade Nacional), coordenado por Armand Mattelart. •Pesquisas sobre o domínio das multinacionais na comunicação da AL; perspectiva marxista e conceitos de comunicação da AL; perspectiva marxista e conceitos de ideologia, relações de poder, conflitos de classe. •México, ILET ( Instituto LA de Estudos Transnacionais): propostas alternativas para a democratização dos meios de comunicação. Referência : Christa Berger. “A pesquisa em comunicação na América Latina In: HOLFELD, A. et alli (orgs) Teoria da Comunicação..Vozes, 2001. Entre o final dos 60 e início dos 70: Funcionalismo e Marxismo //Sociologia e Semiologia •Reflexão efetiva da AL, pois as condições estruturais do subdesenvolvimento passam a ser consideradas e incorporadas na análise dos meios. A marca da reflexão é o panorama político da região. Oposição ao “american way of life”. •Formas alternativas de comunicação popular frente à cultura •Formas alternativas de comunicação popular frente à cultura transnacional. Duas áreas temáticas: 1.estudo da estrutura de poder dos meios – transnacional e nacional - e as estratégias de dominação dos países capitalistas; 2.estudo sobre as formações discursivas e as mensagens da cultura de massa desde suas estruturas de significação. Crítica de Jesús Martin-Barbero: •Meios de comunicação reduzidos a ferramentas; moralizados de acordo com o seu emprego: maus nas mãos das oligarquias reacionárias, mas bons quando o proletariado assumisse seu controle. •Ideologização impediu que se interrogasse qualquer outra coisa nos processos além dos rastros do dominador. Nunca os do dominado, e muito menos os do conflito. dominado, e muito menos os do conflito. •Uma concepção teológica do poder – onipotente e onipresente – levou à crença de que bastava analisar os objetivos econômicos e ideológicos dos meios massivos para se descobrirem as necessidades que provocavam e como submetiam os consumidores. • entre emissores-dominantes e receptores-dominados, nenhuma sedução, nem resistência; só a passividade do consumo e da alienação decifrada na imanência de uma mensagem-texto. • sem conflitos e contradições, muito menos por lutas. •essas abordagens tornam impossível tudo o que na comunicação se mantém irredutível e não equiparável à comunicação se mantém irredutível e não equiparável à transmissão e à mediação de informações; • não cabem no esquema emissor-receptor: bailes, cultos, cotidianos, que introduzem uma assimetria entre os códigos do emissor e do receptor implodindo a linearidade em que está baseado todo o modelo. Final dos anos 80: •Redefinição da cultura: é fundamental, a compreensão de sua natureza comunicativa, do seu caráter de processo produtor de significações e não de mera circulação de informações, no qual o receptor não é um simples decodificador daquilo que o emissor depositou na mensagem, mas também um produtor. •Abandono do mediacentrismo (inovação tecnológica), já que o sistema da mídia estaria perdendo parte de sua especificidade para converter-se em elemento integrante de outros sistemas de maior envergadura, como o econômico, cultural e político. •Um novo modelo de análise: cultura no papel de mediação social e teórica da comunicação com o popular, com a vida cotidiana, com os meios. MARTIN_BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações. RJ: UFRJ Estudos da recepção •Mostra que os receptores lêem textos e os adapta aos seus usos e prazeres, e estas leituras podem ser influenciadas por vários fatores tais como raça, gênero, classe e experiências de vida. •Não existiria correspondência necessária entre mensagens codifi- cadas nos textos pelos produtores e o que é lido pelos leitores.cadas nos textos pelos produtores e o que é lido pelos leitores. •Deslocamento dos “meios às mediações” leva ao resgate da figura do receptor, tomado não como mero receptáculo de mensagens veiculadas pelos meios, mas como participante ativo do processo que se desenrola. • O desafio apresentado pela indústria cultural aparece com toda a sua densidade no cruzamento dessas duas linhas de renovação que inscrevem a questão cultural no interior do político e da comunicação. (Martín-Barbero, 1997:287) •Crítica: os estudos da recepção se esquecem que a comunicação é um processo, reduzindo o problema da recepção à audiência. Enfatizam o pólo receptor, isolado no recepção à audiência. Enfatizam o pólo receptor, isolado no processo de comunicação e fora do contexto em que se dá a recepção. Nos anos 90: •As categorias não são mais a de ideologia, nem a de dependência, mas a de mediação e a de hibridização, que permitem repensar a relação do popular com o massivo, da comunicação com os movimentos sociais, do receptor com o meio, todas mediadas pelas estruturas socioculturais. •O contexto é enunciado através da problemática da •O contexto é enunciado através da problemática da mundialização. •Articulações entre práticas de comunicação e movimentos sociais. Jesús Martin-Barbero: 1. O ambíguo processo de gestação do massivo a partir do popular; 2. Os modos de presença/ausência, de afirmação/negação, de confisco e de deformação da memória popular nos atuais processos de “massmediación”; 3. Os usos populares do massivo, tanto de assimilação quanto3. Os usos populares do massivo, tanto de assimilação quanto de ressemantização. A pesquisa se torna independente do estudo dos meios para compreender a vida cotidiana, onde os meios ingressam detendo um lugar. A perspectiva que vai se afirmando é a comunicação que deve ser tratada no cenário da cultura, que na AL encontra eco na sua formação híbrida, que propicia múltiplas mediações na recepção das mensagens. Campo das mediações: constituído pelos dispositivos através dos quais a hegemonia transforma por dentro o sentido do trabalho e da vida da comunidade. •Ex: o deslocamento do artesanato do étnico ou do típico: desconexão e recomposição; mediação dos objetos sagrados e dos ritos. Diante do popular urbano ,a concepção mais frequente é negar pura e simplesmente a sua existência cultural: 1. elitismo aristocrático que reconhece a romântica identificação do popular com o identificável pela nitidez de seus traços, 2. identifica o popular como uma resistência intrínseca, espontânea, que o subalterno oporia ao hegemônico. •Nova percepção: popular enquanto trama, entrelaçamento de submissões e resistências, impugnações e cumplicidades. •O estudo dos usos: deslocamento do espaço de interesse, dos meios para o lugar onde é produzido o seu sentido: para os movimentos sociais e, de um modo especial, para aqueles que partem dos bairros. •A maneira e os métodos como as coletividades sem poder político e sem representação social assimilam as ofertas a seu alcance, sexualizam o melodrama, extraem traços satíricos de um humor infamante, divertem-se e comovem-se semse um humor infamante, divertem-se e comovem-se sem se transformar ideologicamente, persistem na rebeldia política ao cabo de uma impressionante despolitização, vivificam, a seu modo, a cotidianidade e as tradições, convertendo carências em técnica identificatória. •Ex: Mulheres em bairros pobres: uma interpelação do político a partir do cotidiano, uma integração das diversas dimensões da vida “normalmente” separadas, compartimentadas, e um questionamento de dimensões inéditas da opressão. •Processos de reconhecimento como “lugares” de constituição das identidades (bairros). •Criatividade estética popular na cidade: grafites (tatuando o protesto na pele da cidade), pichações, decoração de ônibus, fachadas, vitrines. •Reelaboração musical pelo abandono do autêntico, e a deformação profanatória, a mestiçagem. O folclórico se faz popular. •Novos conflitos: lutas contra as formas de poder que perpassam, discriminando ou reprimindo, a vida cotidiana e as lutas pela apropriação de bens e serviços. Debate sobre a identidade: •Nacionalismo populista buscando o resgate de raízes e as massas urbanas como contaminação e negação do popular X progressismo iluminista que continua a ver no povo o obstáculo para o desenvolvimento (cultura como disciplina, distância, demarcação x necessidades imediatas) = razão dualista. •A identidade latino-americana resulta do convívio de tradições •A identidade latino-americana resulta do convívio de tradições que ainda permanecem vivas com o processo de modernização. •O convívio de diferentes tempos e matrizes culturais permite que se pense em romper com a razão dualista que, de um lado defende o resgate das raízes, e do outro acredita que o povo é um obstáculo para o desenvolvimento. •Considera-se a importância das culturas regionais e locais na formação das identidades, e a possibilidade dessas identidades serem construídas ou reafirmadas através dos meios de comunicação. •A perspectiva que afirma: é a comunicação que deve ser tratada no cenário da cultura, que na AL encontra eco na sua formação híbrida, que propicia múltiplas mediações naformação híbrida, que propicia múltiplas mediações na recepção das mensagens. Estatuto transdisciplinar do estudo da comunicação: •Os meios passaram a constituir o público, a mediar na produção de imaginários que de algum modo integram a desgarrada experiência urbana • Seja substituindo a teatralidade de rua da política pela sua espetacularização televisa •Seja desmaterializando a cultura, e a retirando da história, •Seja desmaterializando a cultura, e a retirando da história, mediante tecnologias que, como as redes telemáticas ou os vídeos-game, propõem a hiperrealidade e a descontinuidade como hábitos perceptivos dominantes. Referência: MARTIN_BARBERO, J. Ofício de cartógrafo. SP: Loyola, 2004 •A comunicação em processo. •Espaço de reflexão sobre o consumo como prática cotidiana: lugar de interiorização muda da desigualdade social. •O consumo não é apenas reprodução de forças, mas também produção de sentidos: luta que não se restringe à posse dos objetos, pois passa pelos usos que lhes dão forma social e nos quais se inscrevem demandas e dispositivos de ação nos quais se inscrevem demandas e dispositivos de ação provenientes de diversas competências culturais. •Novos conflitos: lutas contra as formas de poder que perpassam, discriminando ou reprimindo, a vida cotidiana e as lutas pela apropriação de bens e serviços. Néstor García Canclini (1998) Culturas híbridas •A hibridização é vista como processo criativo do contato entre antigos e novos padrões, resultando desse contato algo genuinamente novo. •O popular não deve ser visto como espaço de manutenção de uma memória passadista e sim como local de constante elaboração, visto que o importante não é o que se extingue, mas elaboração, visto que o importante não é o que se extingue, mas o que é possível criar e transformar tendo por referencial antigos padrões. •O que surge dessas reflexões é a noção do espaço popular como instância capaz de criar, de se apropriar e produzir significados com base em experiências individuais, que carregam as marcas dos grupos do qual fazem parte, do local onde vivem. •O popular não é o que o povo tem, e sim tudo aquilo a que ele pode ter acesso, que chama sua atenção e quer ou pode usar. •Um produto midiático, por exemplo, torna-se popular ou não a partir dos usos, respondendo às necessidades de um grupo ou de parte dele. •A hibridização ocorre como consequência de diversos fatores , tais como internacionalização econômica, aumento do fluxo migratório e turístico, transnacionalização dos meios de comunicação. • “Trama majoritariamente urbana, em que se dispõe de uma oferta simbólica heterogênea, renovada por uma constante interação do local com redes nacionais e transnacionais de comunicação”.transnacionais de comunicação”. •O processo de hibridização coloca no mesmo plano as diversas manifestações da cultura e rompe as fronteiras estabelecidas pela modernidade, em que o culto deveria estar nas galerias ou em grandes museus e o popular nas feiras e mercados. Referência: CANCLINI< Néstor Garcia. Culturas Híbridas. Ed. UNESP.
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