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alegações finais

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EXCELENTISSIMO SENHOR JUIZ DA VARA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DA COMARCA DE RONDONOPOLIS / MT
Processo nº 
GABRIEL MATOS, brasileiro, casado, profissão, portador do rg nº_____, inscrito sob o CPF nº ______, residente e domiciliado na rua______, nº____, bairro_____, por seu advogado que abaixo subscreve, na ação penal promovida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, que alega o suposto do crime de AMEAÇA, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 403, § 3º do CPP, apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS
Pelas razões de fato e de Direito que serão expostas a seguir.
DOS FATOS
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso ofereceu denúncia em face do cidadão acusado, imputando ao mesmo, o delito descrito no artigo 1 47, caput, do Código Penal. Segundo as alegações do i. parquet, o cidadão acusado, teria encontrado sua esposa acompanhada de um sujeito desconhecido, com o qual mantinha um relacionamento extraconjungal há 8 (oito) anos. Surpreendido com tais revelações, o denunciado disse em alto e bom tom que “ jamais aceitaria a separação”, causando à vítima temor. Supostamente, o cidadão a inda teria evadido do local, mas foi encontrado em sua residência por volta das 23h00min do mesmo dia.
Todavia, a veracidade dos fatos foi demonstrada em sede de Resposta à Acusação.
No dia 03/03/2018 aproximadamente as 20:00hrs, o Sr. Gabriel passava por um bar situado na Av. Amazonas nº310, nesta cidade, quando este encontrou sua esposa Maria com quem está casado a 12 (doze) anos, e ela estava acompanhada por um desconhecido até então para o denunciado, quando questionada de quem seria o citado rapaz, Maria admite que mantinha um caso extraconjugal há mais de 8 (oito) anos com o homem em questão e ainda disse que pretende se separar do requerente.
Diante de tais revelações o requerente insiste em conversar com sua esposa, mas não obtém êxito e acabam por discutir, momento em que o denunciado disse que “jamais aceitaria a separação”. Após esse desentendimento e para evitar maiores dessabores o denunciado vai para sua residência esperar a chegada de sua esposa para que com mais tranquilidade possam conversar sobre o ocorrido.
No entanto por volta das 23:00 hrs, quando o Sr. Gabriel já estava em sua casa, a senhora Maria retorna à residência do casal, porém acompanhada de Policiais Militares, que ao tomarem conhecimento do ocorrido no bar decidem por conduzir o requerente para a delegacia mais próxima em ato de suporto flagrante. Tendo em vista que o denunciado não havia realizado nenhuma conduta que pudesse configurar ameaça a sua esposa, este apenas demonstrou decepção e interesse em conversar para poder solucionar a questão.
Ato contínuo houve pedido de Relaxamento da Prisão Ilegal, o que restou indeferido pelo M.M Juiz, convertendo a prisão em flagrante em prisão preventiva.
Recebia a denúncia, o acusado apresentou Resposta à Acusação, após audiência o Ministério Público fez suas Alegações Finais de fls (...) em que pede a condenação do acusado, sob o argumento de que existem provas suficientes para condena-lo pelo delito de Ameaça descrito no art. 147, caput do CP. Autos à defesa, para apresentar Alegações Finais.
Em síntese são estes os fatos.
DO MÉRITO
Inicialmente importante ressaltar que o denunciado é réu primário, possui residência e emprego fixo, conforme documentos juntados aos autos.
Dito isto podemos ver que existem algumas NULIDADES ocorridas em todo procedimento até então realizado, tendo em vista que não houve descrição fática dos elementos e circunstâncias que serviram de base para a imputação do crime de ameaça e também pela ausência de justa causa, afinal, uma simples discussão conjugal não é motivo para oferecer denúncia.
Além disso, todas as perguntas formuladas pela Defesa, que relatavam a discussão havida entre a Vítima e o Denunciado no bar, foram indeferidas pelo M.M Juiz, cerceando assim o direito de defesa do acusado.
Ao explorar o processo, verifica-se que o inquérito policial que instruiu a presente denúncia é fundado, tão somente, do auto de prisão em flagrante. A luz do Art. 395, inciso I, do CPP:
 Art. 395, I. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta;
Dessa forma houve ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório conforme reza art. 5º, inciso LV, CF/88, da culpabilidade e da presunção de inocência art. 5º, inciso LVII, CF/88. Igualmente como ao preceito do art. 564, inciso III, do CPP:
Art. 564.  A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte;
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante; (grifo nosso)
Não houve, portanto, a clara descrição fática dos elementos e circunstancias que serviram de base para a imputação do delito previsto no art. 147 do CP.
DA FALTA DE JUSTA CAUSA
A comprovação da materialidade e presença de indícios mínimos de autoria do delito de ameaça, demonstrados somente por elementos de provas colhidos pela polícia, quais sejam, declarações da ofendida e o auto de prisão em flagrante por si só não constituem justa causa suficiente para autorizar o recebimento da denúncia.
De acordo com art. 41 do CP a denúncia deve conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias. Mas, para que se dê início à persecução criminal mostra-se imprescritível a existência de justa causa, devendo esta ser entendida como lastro probatório mínimo a embasar a pretensão acusatória, a qual se satisfaz com a demonstração da materialidade do crime e dos indícios de autoria.
Examinemos o Art. 395, inciso III, do CPP:
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Tratando-se da apreciação da denúncia, dois são os parâmetros objetivos que devem nortear o exame da questão, quais sejam, o art. 41 do CPP, que detalha o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, e o art. 395 também do CPP, que avalia as condições da ação e os pressupostos processuais descritos.
Pretende o i. Parquet consubstanciar a exordial acusatória, com uma tese insuficiente e que não comprovada nos documentos acostados aos autos, eivada, portanto, de vícios que impedem a instauração da relação processual.
DA AUSÊNCIA DE TIPICIDADE
Novamente verifica-se que um requisito imprescindível para a concretização da conduta tipificada ao cidadão acusado, qual seja, o dolo.
Temos que o verbo do tipo do artigo 147, CP é “ameaçar”. No caso, ameaçar alguém de um mal injusto e grave. Como diz claramente a lei, o mal prometido há que ser “injusto. Além disso, o mal deverá ser “grave”. Esse elemento do crime deve ser analisado de acordo com o caso concreto, aferindo se o mal prometido atinge um interesse de considerável importância para a vítima, que não restou comprovado no caso em tela, haja vista que um simples desentendimento não pode ser visto como grave ameaça.
De acordo com Nucci temos que ameaçar alguém nada mais é que:
“Procurar intimidar alguém, anunciando-lhe a ocorrência de mal futuro, ainda que próximo”. 
Ainda segundo o autor, requer a lei que haja o anúncio de mal injusto (ilícito ou até mesmo imoral) e grave (sério, verossímil e capaz de gerar temor). O que com certeza Excelência não se vê no presente caso.
Ressalte-se, ainda, que é necessário a presença do dolo especifico o que não se revela na vontade do autor, nunca foi a vontade do mesmo incutir medo na vítima, ou seja, intimida-la. Por sua vez a forma culposa não é admitida em nosso ordenamento.
Por fim, importanteressaltar que a atual doutrina possui o entendimento de que para configurar o tipo penal de ameaça é necessário que se verifique a seriedade e idoneidade, motivo pelo qual é comum encontrarmos decisões judiciais apontando pela não configuração da ameaça quando esta é produto de ato impensado, revolta ou ira.
Nesse sentido temos o presente julgado:
APELAÇÃO CRIMINAL - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - AMEAÇA EM RELAÇÃO A UMA DAS VÍTIMAS- AUSÊNCIA DE ÂNIMO CALMO E REFLETIDO - APELANTE EXALTADO COM O FATO DE SUA ESPOSA E SEU FILHO ESTAREM NA RESIDÊNCIA DE SUA SOGRA - FATO ATÍPICO - ABSOLVIÇÃO DECRETADA - RECURSO PROVIDO.
- De acordo com o conjunto probatório formado nos autos, mormente pelas declarações de uma das vítimas e do recorrente, não se vislumbra que o apelante estivesse em estado de ânimo calmo e refletido no momento da ameaça supostamente proferida, sendo atípica a conduta praticada.
- Recurso provido.
(TJ-MG-APR:10471150016791001 MG, RELATOR: Corrêa Camargo, Data de Julgamento:06/09/2017, Câmaras Criminais/ 4ª CÂMARA CRIMINAL, Data da Publicação: 13/09/2017)
Como ficou demonstrado não restou comprovado a veracidade dos argumentos elencados na exordial acusatória, uma vez que o acusado não agiu na intenção de ameaçar a vítima, tão pouco agiu cm agressividade ou tentando intimida-la, este simplesmente deixou o local e foi para sua casa sem brigas nem discussões apesar do imenso dissabor pelo que haverá passado.
Posto isso, conclui-se que em matéria de condenação criminal, não bastam meros indícios de culpabilidade do agente. A prova da autoria deve ser lógica e livre de dúvida, pois apenas a certeza autoriza a condenação no juízo criminal.
Quando as provas não se mostram suficientes, prevalecerá o princípio do in dubio pro reo, patente in casu.
Desta feita, restando comprovada a fragilidade da acusação, face às provas de conduta atípica, bem como a falta de materialidade do deito, não há que se falar em crime cometido pelo acusado.
Conclui-se no mérito que, se o conjunto probatório não permitir precisa essa conclusão em decorrência da dúvida, cumpre ao magistrado optar pela absolvição com base no princípio do in dúbio pro reo.
DOS PEDIDOS
Ante ao exposto requer:
A absolvição do denunciado, nos termos do art.386, inciso V do CPP, pela ausência de provas de que este concorreu para a prática do crime;
Caso não seja este o entendimento de Vossa Excelencia, que seja absolvido por não existir provas suficientes para a condenação, com base no art.386. inciso VII, CPP, haja vista que não há prova concreta e inquestionável para sustentar uma condenação, prevalecendo o princípio de in dúbio pro reo;
No mérito, requer a presente demanda seja julgada totalmente IMPROCEDENTE;
Para a efetivação da justiça, direitos e garantias asseguradas a todos os cidadãos, e por tudo evidenciado nos autos, revela-se mais adequada, razoável e humana, o acatamento dos argumentos e total procedência dos pedidos formulados por medida de JUSTIÇA!
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Local e data.
(Assinatura do Advogado)
(Número de Inscrição na OAB)

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