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MARILENE DOS SANTOS ARAUJO AVALIAÇÃO DA CIMENTAÇÃO ATRAVÉS DE PERFIS SÔNICOS E ULTRA – SÔNICOS Orientador(a): Prof. Dr. Guillermo Ruperto Martin Cortés. SÃO PAULO 2018 MARILENE DOS SANTOS ARAUJO AVALIAÇÃO DA CIMENTAÇÃO ATRAVÉS DE PERFIS SÔNICOS E ULTRA – SÔNICOS Trabalho de pesquisa entregue ao Centro Universitário Estácio São Paulo, Campus Vila dos Remédios, como parte da avaliação parcial correspondente ao 10ª semestre da carreira de Engenharia de Petróleo. Orientador: Prof. Dr. Guillermo Ruperto Martin Cortés SÃO PAULO 2018 RESUMO A boa aderência mecânica entre revestimento metálico e a bainha cimentante de poços de petróleo pode diminuir a freqüência de operações de cimentação corretivas hoje verificadas, principalmente na região Nordeste, em poços sujeitos à injeção de vapor. Além do custo direto de cada operação corretiva, o impacto econômico da falha da cimentação primária também inclui a parada de produção do poço. Atualmente, a aderência entre o cimento e o revestimento é aferida por meio de uma metodologia de ensaio, não padronizada pelas normas do Amercan Petroleum Institute (API), que consiste em mensurar a resistência ao cisalhamento entre um tubo de aço e o cimento. Este trabalho tem por meia criar uma proposta de metodologia para padronizar os ensaios de Aderência de cimentos para poços de petróleo sobre revestimentos metálicos. Para isso utilizou-se a simulação de um trecho de poço cimentado. Também se usou o ensaio para caracterizar a sensibilidade das condições superficiais dos tubos, sem tratamento e com tratamento de hidrojateamento, assim como comportamento termo-mecânico de cimentos em contato com revestimento. Estes ensaios foram para validar novas pastas cimentantes desenvolvidas em função de diferentes condições de poços e métodos avançados de recuperação de óleo. Por meio de diferentes condições de superfície, aplicação de diferentes composições de cimentos e várias formas de aquecimento ao sistema, foi possível constatar que a geometria de ensaios propostas é sensível a alteração na aderência do conjunto causadas por situações reais encontradas nas condições de poços, especialmente aqueles sujeitos à injeção de vapor Palavra – Chaves: revestimento, poços de petróleo, padronização ABSTRACT Improving the adherence between oilwell metallic casing and cement sheath potentially decrease the number of corrective actions presently necessary for Northeastern wells submitted to steam injection. In addition to the direct costs involved in the corrective operations, the economic impact of the failure of the primary cementing also includes the loss in the production of the well. The adherence between casing and cement is currently evaluated by a simple shear tests non standardized by the American Petroleum Institute (API). Therefore, the objective of the present is to propose and evaluate a standardized method to assess the adherence of oilwell metallic casing to cement sheath. To that end, a section of a cemented oilwell was simulated and used to test the effect of different parameters on the shear stress of the system. Surface roughness and different cement compositions submitted or not to thermal cycling were evaluated. The results revealed that the test geometry and parameters proposed yielded different values for the shear stress of the system, corresponding to different adherent conditions between metallic casing and cement sheath. Keywords: Coating, oil wells, standardization 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVO A construção de um poço é indispensável para permitir a exploração de reservatórios contendo petróleo. Entre os procedimentos realizados na sua construção, a cimentação é um dos mais importantes. Esta operação é realizada para promover o isolamento completo e permanente de zonas produtoras de petróleo e zonas produtoras de gás e água é indesejável, por estar relacionada coma contaminação de aqüíferos ou com a produção descontrolada de gás pelo anular. O espaço anular compreende o espaço entre a coluna de revestimento e a formação geológica adjacente, devendo ser preenchido por uma pasta de cimento para garantir a segurança do poço. Para alcançar este objetivo, um vedamento hidráulico deve ser obtido entre o revestimento e o cimento, e entre o cimento e as formações adjacentes, e evitando também a formação de canais de fluidos na bainha cimentante. A pasta de cimento a ser utilizada em cada seção do poço depende de muitos fatores operacionais e locais. Em muitos casos a seleção de densidade de pastas é indicada por fatores que estão além das simples pressões de poro e fratura. Freqüentemente, cimentos são misturados produzidos pastas de altas densidades para alcançar altos valores de resistência à compressão em um curto intervalo de tempo. Mas, por razões econômicas, em algumas situações, são usadas pastas de baixa densidade que promove maior rendimento de cimento por saco. No entanto, pastas cimentantes constituídas apenas por cimentos têm se mostrado ineficazes, devido à sua natureza frágil. Por isso, as formulações de cimentos com características plásticas mostram-se como uma boa alternativa. O trabalho de cimentação é uma das ultimas operações durante a completação e tem um grande impacto sobre a produtividade do poço. Um erro na interpretação da qualidade do trabalho de cimentação causado por falta de informações, pode levar a decisões erradas, tais como trabalhos de “squeeze” inadequados e uma má avaliação de fluidos do reservatório, que teria conseqüências mais danosas. Geralmente estas situações são caras em pesadas perdas financeiras. A região Nordeste do Brasil possui uma grande quantidade de poços produtores de óleo que utilizam como método de recuperação secundária a injeção de vapor, já que o óleo produzido nesta região possui natura essencialmente viscosa. Este método de recuperação coloca na interface cimento/revestimento sobre coclagem térmica que, devido à diferença de coeficientes de expansão térmica entre o cimento e revestimento metálico provoca o surgimento de trincas nesta interface, possibilitando assim a passagem de fluidos pelo anular, que está associado a sérios riscos socioeconômicos e ambientais. Para alcançar o isolamento entre zonas produtoras, o vedamento hidráulico deve ser obtido entre o revestimento e o cimento e entre o cimento e as formações adjacentes, evitando, ainda, a formação de canais de fluidos na bainha cimentante. A falta de integridade do cimento pode comprometer a produção do poço e causar comunicação indesejável entre as diferentes zonas do reservatório. Em alguns casos, isto pode resultar em danos ecológicos, como por exemplo, a comunicação de uma zona de hidrocarbonetos como uma zona de água. A bainha e cimento é responsável pela estabilidade mecânica do poço. Muitos problemas podem ocorrer com o cimento, seja durante a cimentação primária do poço como também durante seus períodos produtivo [NELSON, 1990]. As operações para correção destes problemas são onerosas e demandam empo de produção. As condições superficiais do revestimento influenciam na interação cimento/revestimento, assim como também o tipo de esforços termomecânico ao qual esta interface está submetida. De acordo com Nevile (1998) e o Castro, (2000), num estudo sobre o concreto, a ligação entre o concreto e o metal é de considerável importância como relação ao comportamento estrutural,incluindo-se fissuração devida à retração e aos eventos térmicos das primeiras idades do cimento. A frequência de operações de cimentação corretiva verificações atualmente principalmente na região Nordeste, em poções sujeitos à injeção de vapor, pode ser diminuída pela boa aderência mecânica entre o revestimento metálico e a bainha de cimento dos poços de petróleo. Além do custo direto da operação corretiva deve ser contabilizado, ainda, prejuízos devidos à interrupção da produção de óleo e gás. A boa aderência entre metal e cimento mantém a capacidade de isolamento com as diferentes zonas atingidas pelo poço, contribuindo significativamente com a segurança do poço, reduzindo o risco de impactos ambientais e aumentando a produtividade do poço. 2. CIMENTO PORTLAND Segundo as normas API (2000), cimento Portland é um aglomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer portland como adição, durante a moagem, de pequena quantidade de sulfato de cálcio (gesso) para regular o tempo do início de hidratação dos componentes (tempo inicial de pega). O processo de fabricação do cimento Portland pode ser resumido nas seguintes operações: mineração e britagem do calcário; preparo e dosagem da mistura crua; homogeneização da mistura/ clinquerização e resfriamento e moagem de cimento. Do ponto de vista químico, os pós podem ser considerados como misturas de óxido de cálcio (CaO), alumínio (Al2O3), silício (SiO2), magnésia (MgO), ferro (Fe2O3), potássio (K2O) e sódio (Na2O). Durante o aquecimento a temperatura de aproximadamente 1450 °C a 1650 °C, estes óxidos se combinam em proporções convenientemente dosadas e homogeneizadas para formar silicatos e cálcio e aluminatos, os quais são comumente referenciados como clínquer. Posteriormente, o clínquer é resfriado e moído como a adição de pequenas quantidades de gesso (CaSO4), para retardar o processo de pega prematura do cimento. O produto final pode reagir como a água para formar um composto hidratado com propriedades cimentantes [TAYLOR, 1998; HEWLETT, 2001] 3. PROCESSO DE HIDRATAÇÃO DOS CIMENTOS PORTLAND A reação de hidratação forma produtos que, com o transcorrer do tempo originam uma massa firme resistente, a pasta de cimento endurecida. Os produtos de hidratação de cimento são muito pouco solúveis em água. Quando se adiciona água ao cimento obtém-se uma pasta bombeável que tem a propriedade de conservar esta plasticidade por um certo tempo, após o qual há um aumento brusco da sua viscosidade. Esta perda de plasticidade é denominada pega do cimento e é acompanhada por um lento processo de endurecimento que vai originar as propriedades mecânicas das pastas, argamassas e concretos. Na medida em que se adiciona água ao cimento Portland tem-se, quase que instantaneamente, o inicio de uma série complexa de reações de dissolução e a formação de ovas fases hidratadas. Após algum tempo, em produtos de apreciável resistência mecânica. (Analisada sob esse aspecto, a hidratação do cimento Portland representa a transformação das fases anidras e metaestáveis do clínquer Portand (alita, belita), aluminato de ferro- aluminato cálcicos), cujos campos de estabilidade envolvem via de regra temperaturas superiores a 1000 ºC, em novas fases hidratadas estáveis sob condições ambientais [UCHIKAWA, 1986] Apesar de aparente simplicidade com que foi abordado anteriormente, o processo de hidratação do cimento Portland revela detalhes extremamente complexos, que ainda hoje se constituem objetos de estudo. Dentre os fatores de maior expressão destacam-se o efeito da temperatura, da finura do cimento, das eventuais adições, da relação água/cimento usada, além das variações relacionadas às características clínquer Portland suas oscilações de composição e as próprias reatividades diferenciadas de suas fases. A todos esses aspectos, acrescenta-se o fato de que os produtos de hidratação do cimento Portland caracterizam-se por dimensões bastante reduzidas (da ordem de micrometros) e , não raramente, por baixos graus de cristalinidades e por uma composição não muita bem definida [LIMA, 2004] Nas micrografias eletrônicas de varredura, figuras 2.1 e 2.2 observam-se as morfologias do cimento após 3h 10h de hidratação respectivamente. Figura 2.1 – Micrografia Eletrônica de Varredura do cimento Portland após 3 h de hidratação Fonte: ebah.com.br [ MONTEIRO,2002] Figura 2.2 – Micrografia Eletrônica de Varredura do cimento Portland após 10 h de hidratação Fonte: ebah.com.br [ MONTEIRO,2002] 2.1. A Pega Apesar da diversidade dos competentes na constituição dos cimentos, todos eles apresetam uma característica comum as reações de hidratação provocam precipitações sólidas no estado de gel, o cristal que leva a um aumento de viscosidade da pasta. Estas precipitações regulam-se no processadas reações para conseguir um período de trabalhabilidade; passado este período, diz-se que o material está “pegando”. 2.2. O Endurecimento Passagem do estado gel para estado sólido por desidratação da argamassa sendo que a progressão do endurecimento se mede mediante ensaios de resistência mecânica. Não se deve confundir pega com endurecimento, visto que um cimento pode ser de pega lenta e apresentar o endurecimento rápido. Para que cimento possua endurecimento rápido, não esta implícitos que sua resistência final seja superior à resistência do cimento e endurecimento normal, ao término do período de um ou mais anos. As velocidades da pega e do endurecimento podem ser reguladas como o uso de aditivos específicos para cada caso. 4. O PROCESSO DE REVESTIMENTO E CIMENTAÇÃO DE POÇOS DE PETRÓLEO Para que seja possível visualizar a aplicação de um sistema de medição, ou sistemática de avaliação de desempenho, é importante compreender basicamente o processo de revestimento e cimentação de poços de petróleo. As operações de descida de tubos de revestimento e de cimentação de formações ocorrem logo após a perfuração de cada fase do poço (antes que a mesma perca sua estabilidade) e possuem fundamental importância para toda a vida produtiva do mesmo. Um poço com vazamentos em tubos de sustentação ou ainda com isolamento hidráulico deficiente, pode gerar impactos catastróficos tanto financeiramente quanto em relação à segurança operacional podendo comprometer pessoas, patrimônio e meio ambiente. A tubulação descida no poço perfurado, o revestimento, tem seu diâmetro em função do diâmetro da broca utilizada na sua construção e propicia a posterior reentrada de ferramentas no mesmo. Se a fase do poço foi perfurada com uma broca de 16”, o próximo revestimento a ser descido no poço deverá ter um diâmetro menor do que este, como 14”, 13 5/8” ou 13 3/8”, no caso dos projetos atuais da Petrobras em poços marítimos no Brasil. O isolamento hidráulico dos espaços existentes entre os tubos de revestimento e as paredes do poço perfurado é feito utilizando-se pasta de cimento, que é uma mistura de água (doce ou salgada) com um tipo especial de cimento Portland. Eventualmente, a essa mistura são adicionados alguns produtos químicos para ajuste das propriedades do composto de cimento de acordo com a característica necessária para vedação daquele trecho do poço. Espera-se desse material ser uma suspensão sólida homogênea e estável, além de permanecer líquida e bombeável durante certo tempo. Também é esperado que, depois de decorrido esse tempo, a pasta de cimento endureça, adquira resistência compressiva etenha baixíssima permeabilidade. Nem toda operação de vedação está necessariamente atrelada a uma operação de descida de tubos de revestimento, como é o caso de operações de correções dos isolamentos, por exemplo. Em contrapartida, nem toda descida de revestimento implica em uma posterior cimentação. Existem casos em que as cimentações estão relacionadas ao abandono permanente ou temporário do poço, ou ainda há casos onde elas são necessárias para se provocar um desvio de trajetória no mesmo. Essas operações também são realizadas quando há necessidade de se combater um vazamento de fluidos para a rocha (quando a formação geológica absorve parte ou completamente os fluidos que estão no poço devido à sua porosidade ou a existência de fraturas naturais), entre outros casos. Finalizada a perfuração da fase do poço, a próxima operação é a descida da tubulação de revestimento. Essa tubulação e todos os acessórios descidos são dimensionados para suportar as cargas tanto de perfuração quanto de produção (ou injeção) dos poços. A metalurgia escolhida precisa, necessariamente, ser compatível com os fluidos presentes evitando falhas decorrentes da corrosão da tubulação. As conexões dos tubos devem suportar os esforços demandados pelo poço. Como um exemplo, uma possível extensão média de tubulação de revestimento para a etapa de produção é de 3000 metros os quais seriam compostos por, aproximadamente, 250 tubos de 12 metros de extensão. Todos esses tubos, na sonda, são manuseados e conectados em sequência, o que caracteriza esta como sendo uma operação delicada e bastante arriscada em termos de segurança operacional. No caso de poços marítimos, é ainda utilizada uma coluna com tubos denominada coluna de assentamento para descer esses tubos até a cabeça de poço, localizada próxima do leito marinho. Após o assentamento dos tubos de sustentação na cabeça do poço são iniciados os preparativos para a cimentação dos espaços entre as paredes das formações perfuradas e esses tubos descidos no poço, chamado de espaço anular. Os produtos químicos necessários à pasta de cimento são misturados em um tanque próprio e é realizado o preparo de solução aquosa que receberá o tipo especial de cimento Portland (mistura de água industrial e produtos químicos específicos). O fluido no poço é circulado através de bombas na superfície existentes na sonda para resfriamento do poço e verificação da normalidade operacional, pois é imprescindível que tenhamos evidências de que a pasta de cimento conseguirá ser posicionada no local desejado com sucesso antes da preparação da mesma. A Unidade de Mistura, ou de Cimentação, é um equipamento próprio para realizar a mistura do cimento com a solução aquosa contendo os produtos químicos e se obter um material com as propriedades requisitadas pelo projeto do poço e desenhadas em laboratório. É importante que a pasta de cimento tenha as características desejadas de acordo com o cenário a ser isolado. Por exemplo, se durante a perfuração atravessaram-se zonas com gás, que são compostos mais suscetíveis à migração através da matriz de cimento, a pasta de cimento precisará ter em sua formulação produtos químicos bloqueadores de e gás para essa finalidade. 5. CARACTERÍSTICAS DAS PASTAS DE CIMENTO O desempenho de um pasta de cimento depende basicamente da característica do cimento, da temperatura e pressão a que o mesmo é submetido, da concentração e do, tipo de aditivos, da ordem de mistura, da energia de mistura e da razão água-cimento. Devido à grande interação entre os vários aditivos incluídos na pasta e à variação da composição do cimento em função da batelada, os testes com a pastas são imprescindíveis para a previsão do desempenho da pasta a ser utilizada. Para a maior parte das operações com cimento na completação, a pasta deve apresentar baixa viscosidade, não gelificar quando estativa, manter a viscosidade praticamente constante até a ocorrência da pega, ter baixa perda de filtrado sem separação de água livre ou decantação de sólidos A perfuração de um poço de petróleo é realizada utilizando-se uma sonda. As rochas são perfuradas pela ação da rotação e peso aplicado a uma broca existente na extremidade de uma coluna de perfuração, a qual consiste de comandos (tubos de paredes espessas) e tubos de perfuração (tubos de paredes finas). Os fragmentos da rocha são removidos, continuamente, por meio de um fluido de perfuração ou lama. O fluido é injetado por bombas para o interior da coluna de perfuração através da cabeça de injeção, e retorna à superfície percorrendo o espaço anular, trazendo consigo os cascalhos cortados pelo broca [THOMAS, 2004], conforme (figura abaixo) Foto perfuração de poço Fonte: ncpocosartesianos.com.br Após a descida de uma coluna de revestimento, o espaço anular a tubulação de revestimento e as paredes do poço é preenchido como cimento, de modo a fixas a tubulação e evitar que haja migração de fluidos entre as diversas zonas permeáveis atravessadas pelo poço, por detrás do revestimento. A cimentação do espaço anular é realizada, basicamente, mediante o bombeio da pasta de cimento, que é deslocada através da própria tubulação de revestimento. Após o endurecimento da pasta, o cimento deve ficar fortemente aderido à superfície externa do revestimento e à parede do poço, nos intervalos previamente definidos. As principais funções da bainha de cimento são: Isolar zonas produtoras de óleo gás e/ou água das formações adjacentes, além de dar estabilidade mecânica ao poço; Suportar o peso do revestimento, reforçar o revestimento, protegendo-o contra corrosão evitando o colapso do poço. 6. CIMENTAÇÃO INADEQUADA O comportamento reológico da pasta de cimentação é de extrema importância no processo de cimentação. Antes de alcançar sua resistência compressiva final, forma-se uma estrutura auto-sustentável que faz com que a pressão hidrostática da pasta se reduza à pressão hidrostática da água de mistura, enquanto existe permeabilidade ao gás. A redução do volume da pasta por perda de filtrado é outro fator que, associado ao anterior, reduz a pressão hidrostática ad pasta antes da pega permitindo o influxo de gás. Nessas condições um kick pode ocorrer. Para evitar esse problema pode-se: Minimizar a altura da pasta; Manter o anular pressurizado; Usar sais para aumentar a densidade da água de mistura; Usar pastas com tempos de pega diferenciados; Aumentar a massa específica do fluido antes da cimentação; Usar múltiplos estágios de cimentação; Usar pastas com aditivos bloqueadores de gás; Usar external Casing Packer (ECP) na coluna de revestimento. Algumas operações, quando realizadas de forma incorreta, podem causar kicks. Dentre ela podemos citar: Fratura da formação durante a circulação reversa; Existência de gás acumulado abaixo do packer, após a circulação reversa; Queda de nível do anular na abertura da válvula de circulação reversa; Colisão com um poço em produção: quando durante a perfuração de um poço ocorre a colisão com outro já em produção, cortando as colunas de revestimento e de produção. Há uma série de indícios que alertam a equipe de perfuração para a presença de um kick ou um kick iminente. Nem todos os sinais são, necessariamente, observados em qualquer instância, mas alguns servem de alerta. 7. DURANTE A PERDURAÇÃO Qualquer invasão de fluidoda formação resulta em um aumento no nível de lama nos tanques, que normalmente é um sistema fechado de circulação. Quando o aumento é muito lento, esse indício fica difícil de ser detectado. Além disso, outros fatores podem mascarar a mudança no nível. Qualquer adição feita a esse fluido deve ser comunicada e acompanhada para a equipe de perfuração possa acompanhar corretamente o nível de lama nos tanques. Um aumento brusco na taxa de penetração é geralmente causado por uma mudança no tipo de formação. Se uma litologia de maior perfurabilidade for alcançada, pode haver perda do equilíbrio de pressão, fazendo com que a pressão de poros fique maior do que a pressão no fundo do poço. É considerado um indicador secundário de influxo, pois alterações na taxa de penetração podem ser obtidas por variações do peso sobre a broca da rotação e da vazão. Aumento do fluxo no retorno, é um indicador primário e pode ser observado quando a vazão de retorno é maior que a vazão de injeção. Aumento da velocidade da bomba e diminuição da pressão de bombeio, inicialmente, a entrada do fluido invasor no poço pode causar floculação da lama e, temporariamente, um aumento da pressão de bombeio. Como a circulação é contínua esse efeito logo deixa de ser significativo. O fluido menos denso da formação torna a hidrostática do anular mais leve que a do interior da coluna, como formam um tubo em “U”, isso causa um desbalanceamento, aliviando o esforço da bomba. O volume de influxo recebido pelo poço durante o kick causa um aumento das pressões do sistema. Essa carga de pressão deve ser removida através da circulação de lama no poço e a substituição da mesma. Tanto o método do engenheiro quanto o método do sondador realizam este propósito, mas o método do engenheiro causa menores pressões no poço sendo essa a sua maior vantagem. De forma geral, o método do sondador deve ser preferido ao método do engenheiro devido à sua simplicidade e aplicabilidade em situações práticas de águas profundas e utraprofundas. 8. CONCLUSÃO As atividades de Revestimento e Cimentação de poços de petróleo são complexas e formadas por diversas ações específicas que precisam ser controladas e geridas com foco. O caminho para que a excelência operacional seja alcançada deve ser construído através do autoconhecimento organizacional ou departamental. Sendo o conhecimento proveniente de dados e fatos, é fundamental que a “memória” da organização ou departamento seja devidamente registrada para que se possa medi-la. Na busca pela verificação do andamento do departamento de Revestimento e Cimentação foi possível perceber que uma sistemática de avaliação de desempenho pode construir o autoconhecimento favorecendo a gestão de ambos os lados da cadeia produtiva cliente-fornecedor, conforme descrito nas análises expostas anteriormente. O próprio monitoramento de dados e construção das avaliações junto com as empresas prestadoras de serviços já trouxeram melhorias significativas no nível de atendimento dessas. Para o setor como um todo, os impactos já se apresentaram muito positivos. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE – API, Worldwide Cementing Practices, Dallas, 1991 AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS – ASTM, C219-02 Standard Termilogy Relating to Hidraulic Cement. Em: Annual Book of ASTM Standards, Filadélfia, 2002. API, API SPEC 10 A: Specifications for Cements and Materials for Well Cementing, 2000. 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