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EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR Aula 1: Atendimento nas situações Clínicas emergenciais no ambiente de trabalho EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 1 Índice Aula 1: Atendimento nas situações Clínicas emergenciais no ambiente de trabalho .......... 2 Introdução .......................................................................................................................... 2 Conteúdo ............................................................................................................................ 3 A emergência ..................................................................................................................... 3 Asma ..................................................................................................................................... 9 Suporte básico de vida.................................................................................................... 12 O funcionamento do suporte básico de vida ............................................................ 12 Hemorragias internas ..................................................................................................... 17 Atividade proposta 01 ..................................................................................................... 17 Atividade proposta 02 ..................................................................................................... 17 Referências ....................................................................................................................... 19 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 20 Chaves de resposta .............................................................................................................. 24 EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 2 Emergência em Saúde do Trabalhador Apostila Aula 1: Atendimento nas situações Clínicas emergenciais no ambiente de trabalho Introdução Nesta aula, vamos apresentar, de maneira abrangente, como é uma situação de emergência e de que maneira a pessoa que fará o socorro deve se comportar. Você verá como é feita a abordagem das diferentes e frequentes situações de emergência relacionadas ao ambiente de trabalho, tais como pressão arterial elevada, manifestada por sintomas de órgão-alvo, as crises asmáticas provocadas por poeira, mas, também, pela aspersão de produtos químicos em caso de vazamento. Veremos também como resolver inicialmente um envenenamento. Além disso, explicaremos quais os medicamentos utilizados para cada caso específico e que ações eles fazem no organismo para reverter o quadro apresentado. Também apresentaremos as ações que podem ser implementadas por uma pessoa que presencia uma parada cardíaca e o que deve ser feito até que o serviço especializado de saúde chegue ao local de atendimento. Aprenda quais procedimentos podem ser realizados em ambientes de trabalho antes do atendimento hospitalar. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 3 Objetivo: 1. Apresentar os sinais e sintomas de diferentes situações que podem ocorrer em ambientes de trabalho; 2. Explicar as técnicas utilizadas para o atendimento de emergência. Conteúdo A emergência O termo emergência está diretamente relacionado a uma situação de risco iminente à vida; ou seja, se a situação em que o paciente se encontra não for rapidamente resolvida por meio de uma intervenção médica imediata, este pode vir a morrer em decorrência dos sintomas apresentados. O Conselho Federal de Medicina, em sua resolução CFM nº 1451, de 10/03/1995, define emergência como “constatação de agravo à saúde que implique em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento imediato”. Urgência Vamos então fazer uma ligeira comparação entre urgências e emergências. Acompanhe: EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 4 Pode-se ainda relacionar o termo emergência a situações que envolvam acidentes e violências. Estamos vivendo em cidades cada vez mais populosas, e a circulação de pessoas e de carros é um fator muito evidenciado no cotidiano destas metrópoles. Os acidentes com carros e motos são corriqueiros e envolvem situações de exposição do corpo ao risco de fraturas, entre outras lesões, que podem colocar as pessoas em risco à vida. Os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de morte no Brasil, principalmente entre jovens. Nas emergências, os pacientes experimentam sintomas de início imediato (súbito), que não são percebidos por eles ao longo do tempo; além disso, os enfermos não sabem como descrevê-los por se tratar de algo que nunca sentiram antes. Alguns pacientes relatam que são coisas estranhas e que não entendem como acontecem. Eles só conseguem dizer que aconteceu de repente e que não têm explicação. Isso se dá pelo fato de os pacientes apresentarem sintomas que não são conhecidos por eles e, às vezes, envolver áreas do corpo que nunca foram afetadas antes por dores ou qualquer outro problema. Emergência Diante do que acabamos de ver, podemos afirmar que a emergência é uma situação em que os pacientes apresentam os sintomas de maneira rápida e intensa, e que o fator tempo deve ser levado a sério para que o paciente seja atendido com segurança, enquanto que, na urgência, a relação de tempo é maior e não há risco iminente à vida. As situações que envolvem emergências estão diretamente relacionadas aos órgãos do corpo que são importantes à vida, tais como o coração, os pulmões e o cérebro. São alguns exemplos de situações de emergência envolvendo esses órgãos: EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 5 Infarto (IAM): quando o paciente sente uma dor em pressão no centro do peito. Dispneia: quando o paciente sente falta de ar e não consegue respirar satisfatoriamente. Acidente Vascular Cerebral (AVC): quando o paciente não consegue controlar os músculos de braços, pernas e, às vezes, da face. Eventos cardiológicos Os eventos cardiológicos são frequentes em cenários de emergência, chegando a constituir a terceira causa mundial de mortes entre adultos. A seguir, elencamos alguns desses eventos. As síndromes coronarianas são caracterizadas por algum grau de oclusão da artéria coronariana. O desenvolvimento começa com uma ruptura da erosão da placa. São fatores de doença cardíaca: histórico familiar, obesidade, sedentarismo, diabetes, hipertensão, entre outros. A dor torácica decorre da oclusão da artéria coronária ou da progressão do trombo com consequente oclusão, obstruindo o fluxo sanguíneo. Necessariamente, há um desequilíbrio no fluxo sanguíneo e, com isso, o suprimento do miocárdico fica comprometido em relação ao aporte de oxigênio oferecido a ele. De acordo com o estado do vaso sanguíneo e do percentual de oclusão, o paciente pode experimentar sensações diferentes. No caso de uma obstrução parcial em vaso calibroso, por exemplo, o paciente experimenta a dor torácica anginosa, que pode cessar com o repouso (angina estável). Em casos de obstruções parciais em vasos de menor calibre, além da dor, o paciente apresenta alterações na estrutura miocárdica (infarto não Q). EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 6 Os sintomas clássicos no caso de dor torácica coronariana são a opressão torácica (angina pectoris), queimação e irradiação para membros superiores, mandíbula e pescoço. No entanto, nunca deixe de pesquisar a dor torácica em pacientes sabidamente diabéticos e, também,com queixas mal definidas. Nesses casos, os pacientes podem relatar sintomas inespecíficos, tais como fadiga, falta de ar, sudorese, ansiedade, náuseas, vômito, entre outros. Caso a pessoa ao seu lado no trabalho apresente alguns desses sintomas, é importante mantê-la em repouso para que o trabalho cardíaco seja reduzido, e o sangue possa circular com maior facilidade; em seguida, chame o serviço de saúde especializado. No hospital, serão solicitados exames que permitirão avaliar o dano causado ao músculo do coração. Envenenamento A questão dos envenenamentos, que chamaremos de intoxicações, é sempre dúbia em ambientes de trabalho, pois, em termos gerais, pressupõe-se que não há por que haver uma ingestão acidental de produtos durante o trabalho. Nesse sentido, ainda que elas ocorram, é preciso sempre identificar que tipo material foi ingerido ou, ainda, se entrou em contato com a pele da pessoa. As intoxicações exógenas acontecem pelos mais variados motivos e produzem efeitos diferentes conforme a substância que foi ingerida e pela via pela qual foi absorvida. Nesse sentido, é importante que o hospital para o qual o paciente foi encaminhado tenha o contato de algum centro de intoxicação da região para que eles informem o tratamento correto. Além disso, deve-se enviar, junto com o paciente, a embalagem do produto e, se for o caso, realizar a lavagem da área afetada com água em abundância, o que contribui para minimizar as EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 7 lesões. Listamos as três intoxicações mais frequentes em ambientes de trabalho, que geram acidentes e situações de emergência: No caso da ingestão excessiva de álcool, o indivíduo experimenta a sensação de sonolência e agressividade, além de ter dificuldade de concentração e equilíbrio. Quanto à ingestão de cocaína, os efeitos são adversos aos do álcool, ou seja, a pessoa fica alerta, porém trêmula e com taquicardia. As pessoas que ingerem sedativos, assim como nos efeitos do álcool, ficam sonolentas, letárgicas e, até mesmo, desacordadas. Crise hipertensiva A crise hipertensiva é a condição clínica onde há aumento súbito da pressão arterial (PA), que é diagnosticada acima de 180 m.m.Hg de pressão arterial sistólica (PAS), e de 120 m.m.Hg de pressão arterial diastólica (PAD), acompanhada de sintomas que poderão estar associados a um órgão-alvo e, por isso, serem de maior gravidade. Essa crise apresenta duas classificações gerais, que determinam a gravidade do evento e, portanto, a necessidade de intervenção prioritária. São elas: A urgência hipertensiva, que, ao alcançar esses valores, faz com que o paciente manifeste sintomas de leves a moderados, tais como cefaleia, tontura e zumbido. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 8 A emergência hipertensiva, que é expressa quando os sintomas, além de surgirem com maior intensidade, apresentam alterações na funcionalidade dos órgãos ditos alvos, tais com cérebro, coração e pulmão. Esses sintomas são considerados graves e estão relacionados à dispneia, dor precordial e coma. Em ambos os casos, os pacientes devem ser hospitalizados em unidade de tratamento intensivo e iniciar a terapia com o uso de anti-hipertensivos, betabloqueadores e anticoagulantes de ação imediata. Essas drogas deverão ser administradas sob rigoroso controle de infusão em bomba infusora, e a mensuração dos parâmetros pressóricos são importantes na avaliação do paciente. Os hipertensos sem adesão ao tratamento medicamentoso chegam a 40 % desses casos por diversas razões, como o custo da medicação, informação inadequada do paciente, uso de mais de uma droga, efeitos adversos, cronicidade da doença e ausência de sintomas específicos. As classes sociais menos favorecidas são responsáveis pela maior demanda de hipertensos nos serviços de urgência. Hemorragias As hemorragias são condições de emergência em que há perda de sangue para o meio externo ao vaso sanguíneo. Ela pode ser interna ao corpo humano, quando fica restrita aos órgãos e aos vasos sanguíneos que o vascularizam. E poder ser uma hemorragia externa, quando o sangue é visualizado fora do corpo por meio de uma lesão cortante ou da comunicação de um órgão com o meio externo (ex.: estômago, traqueia). Além dessa classificação, as hemorragias são ainda diferenciadas conforme o tipo de vaso sanguíneo. Existem as hemorragias venosas, quando o sangramento é proveniente de veias, e hemorragia arterial, quando vazão de sangue é proveniente de artérias. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 9 A intensidade e as características dos sangramentos são também diferentes, conforme o seguinte quadro: Asma A asma é uma afecção respiratória permanente, que ataca as vias aéreas e é manifestada por uma reação exacerbada e edematosa das vias aéreas. Embora crônica, não é instalada, ou seja, manifesta-se de vez em quando por meio de crises asmáticas (conforme o ambiente e os fatores predisponentes) e atinge igualmente homens e mulheres. O tratamento da asma é muito demorado e, em geral, tem pouca adesão do doente. A pessoa apresenta edema de via aérea, produção excessiva de muco e deposição de colágeno (produto do metabolismo do sistema imunológico). No tecido respiratório, é pseudoestratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes, ou seja, o colágeno se deposita na membrana basal, dificultando a passagem do líquido intracelular, causando edema de via aérea. É preciso reduzir esse edema de alguma forma, pois, com o colágeno, a membrana fica mais rígida, causando maior dificuldade na transferência de EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 10 líquido, o que diminui a osmolaridade (a permeabilidade da célula) e ocasiona coleção de líquido dentro da célula e, também, fora dela. Além disso, ocorre acúmulo de macrófagos e mastócitos para fazer fagocitose, e o produto da fagocitose eleva a infiltração de eosinófilos e neutrófilos. O brônquio, para compensar o edema, aumenta de tamanho e coloca a secreção para fora. Essa secreção, se estagnada, causa infecção. O início da crise asmática se dá por qualquer agente que produza irritação, como, por exemplo, a poeira, que, em cascata, produz irritação da mucosa e deposição de colágeno. Como uma resposta imunológica com células de defesa, o brônquio aumenta de tamanho e expele mais secreção para fora. O resultado do metabolismo da resposta inflamatória é a hipertrofia do brônquio, e o aumento da secreção é uma reação imunológica para expelir o organismo agressor ou a substância que desencadeou essa resposta. Os sinais e sintomas apresentados pela pessoa, que podem ser observados em sua avaliação, são: dispneia, sibilos expiratórios (provocados pelo estreitamento do brônquio, obrigando a pessoa a fazer força para colocar o ar para fora), tosse, entre outros. Fatores desencadeantes da asma Além de saber quais sintomas as pessoas apresentam quando estão em crise, é preciso conhecer também o que os provoca. Diante disso, listamos alguns fatores desencadeantes da asma: • Refluxo gastroesofágico; • Doenças respiratórias infecciosas e inflamatórias; • Contato com fumantes (a fumaça é irritativa e diminui a competência dos pulmões); • Aumento de partículas de ozônio e óxidos sulfídrico e nítrico, causado pela poluição; EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 11 • Exercício físico, devido ao ressecamento de via aérea. Assim como outras doenças, se a asma não for rapidamente tratada pode gerar complicações para todoo corpo, tais como a hipercapnia caracterizada pelo aumento da concentração de CO2, exaustão pelo esforço respiratório, Neste caso, pode ser necessária intubação para poupá-lo do esforço respiratório e evitar uma acidose respiratória pelo aumento de CO2. A pessoa nesta condição está em geral torporosa, muito cansado e o nível de consciência já está deprimindo. Em outras situações em que a pessoa tem dificuldade respiratória, porém não apresenta sinais de cansaço pode-se usar CPAP traduzido do inglês como pressão positiva contínua nas vias aéreas. A pessoa pode ainda ter agravada a concentração de oxigênio na corrente sanguínea e apresentar hipóxia por dificuldade de hematose. Asma tratamento O tratamento para a asma baseia-se em medicamentos que buscam atenuar os sintomas e corrigir as consequências da crise asmática. Abaixo, listamos algumas desses drogas que são comumente utilizadas em emergências. • Beta-adrenérgicos (ipratrópio e fenoterol): faz broncodilatação imediata; • Anticolinérgico (epinefrina): é a adrenalina subcutânea para broncodilatar e tirar da situação de hipoxemia; • Corticóide (hidrocortisona e metilpredinisolona): hormônio com ação broncodilatadora. São aplicados diretamente na corrente sanguínea e possuem dois tipos de ação: rápida com efeito curto, ou lenta com efeito prolongado. A escolha depende da condição da pessoa ao chegar à emergência e de quanto tempo a pessoa está em crise; • Metilxantinas (aminofilina): pouca ação durante a crise, mas com efeito duradouro na redução do broncoespasmo. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 12 Suporte básico de vida O suporte básico de vida é uma série de ações realizadas por uma pessoa que presencia um mal súbito em que a perda da consciência é o primeiro sinal de destaque. Essa sequência foi determinada há muito anos e passa por revisões periódicas em consenso com grandes estudos ao redor do mundo. O suporte básico de vida é representado pelas três primeiras letras do alfabeto, mas que tem um significado único no que diz respeito a atendimento de emergência. A letras, traduzidas do inglês, são: “A”, como vias aéreas; “B”, como ventilação; e “C”, como circulação. Aquele que socorre precisa saber que cada etapa é muito importante para a sobrevida da vítima de mal súbito. O funcionamento do suporte básico de vida A última atualização do protocolo de reanimação cardiopulmonar básica ocorreu em 2010 e faz uma ressalva de que a compressão torácica deva ser iniciada mesmo que não se disponha de métodos adequados de ventilação. Nessa situação, as compressões, ao invés de obedecerem à relação de 30 compressões para duas ventilações, deverão ocorrer em 2 minutos ininterruptamente, com frequência maior que 100 por minuto. Compressões Airway (via Aerea) Breathing (Ventilação) EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 13 Com a ajuda que foi solicitada anteriormente, espera-se que haja um desfibrilador automático ou semiautomático para que seja avaliado o ritmo, e o choque seja efetuado. O ritmo mais comum (85 % dos casos) é a fibrilação ventricular. Quanto antes for exercida a compressão torácica e o choque, menor o risco de lesão cerebral irreversível e de assistolia para o paciente. Fundamentalmente, o atendimento consiste no restabelecimento neurológico, cardiológico e pulmonar da pessoa que tem uma parada cardiorrespiratória. Para se iniciar o atendimento é preciso: 1 – Determinar o nível de consciência da vítima e chamada por ajuda caso ela não responda. 2 - Manter a permeabilidade das vias aéreas com a hiperextensão do pescoço e se não for presenciada a inconsciência com a proteção da coluna cervical elevando-se apenas a mandíbula e a observação da dinâmica torácica (respiração). 3 - Ventilar artificialmente a pessoa com métodos de barreira caso a respiração espontânea não esteja presente ou a freqüência seja reduzida (respiração de resgate <8 irpm) com duas ventilações. 4 - Avaliar se o paciente possui pulso carotídeo e não outro qualquer. Isto por que caso a pressão sistólica for baixa, a perfusão cerebral é mantida mesmo com um pulso fraco e lento nesta região. Se não for palpado qualquer pulso em 10 segundos, iniciam-se as compressões torácicas com ritmo acelerado e com 5 ciclos de compressões torácicas e ventilações (30:2). As compressões devem deprimir o tórax para que estes junto com a coluna possam exercer pressão sobre o coração e haja bombeamento do sangue. Interrupções nas compressões antes do término dos cinco ciclos são contraindicadas por reduzirem a pressão em válvula aórtica e consequentemente o débito cardíaco. A colocação do desfibrilador não deve interromper a compressão torácica e mesmo tendo sido deflagrado o choque, novo ciclo de compressões deve ser EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 14 iniciado e completado para se checar o pulso e verificar se a pessoa retornou ao ritmo espontâneo. Com chegada da equipe de saúde especializada no atendimento às emergências serão instituídas medidas para a manutenção qualitativa da vida do paciente. A primeira delas é a intubação orotraqueal e concomitante acesso venoso. Neste acesso venoso serão infundidas drogas (adrenalina), além da reposição volêmica para o paciente. Uma vez feito isso novas avaliações são necessárias como exames de imagem para confirmar ou descartar hipóteses assim como, exames laboratoriais. Dor torácica Na admissão do paciente na sala de emergência, são solicitados exames para o rápido diagnóstico ou avaliação do dano já causado pelo sofrimento do miocárdico. Entre eles, está o eletrocardiograma, que não é definidor, isoladamente, para o diagnóstico de infarto. Como dito anteriormente, esse exame deve ser realizado na admissão e, pelo menos, a cada quatro horas de intervalo em três séries. Isso porque o eletrocardiograma pode se manter inalterado nas primeiras 12 horas a partir da ocorrência da dor anginosa. Em relação a exames laboratoriais, como os marcadores de necrose miocárdica, que são importantes para a concreta definição do quadro de infarto do miocárdio. As creatinoquinases permitem a avaliação da injúria causada pela redução do fluxo sanguíneo (isquemia) ao músculo cardíaco. Assim como o eletrocardiograma, a alteração pode aparecer de imediato ou elevar-se com o tempo. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 15 A troponina deve ser colhida no caso de o paciente ter apresentado dor a quatro horas antes da admissão na emergência ou na segunda coleta da curva enzimática (marcadores cardíacos). É fundamental que se investigue o uso de medicamentos por via intramuscular e atividade física prévia. Outros exames diagnósticos podem ser efetuados em caráter de urgência se houver alteração eletrocardiográfica com menos de 12 horas do evento de dor. O cateterismo cardíaco avalia o estado das coronárias obstruídas quanto à percentual obstruído e ramo arterial afetado. Os medicamentos que serão utilizados no atendimento ao paciente com dor torácica visam o restabelecimento do fluxo sanguíneo à coronária e previnem os danos que podem ocorrer referente ao período em que o músculo ficou desprovido de oxigenação. São eles: Nitratos – medicamento utilizado por via sublingual com o objetivo de dilatar as artérias coronárias. Pode ser utilizado até o máximo de 15 mg em três doses. -bloqueadores – procura reduzir a carga de trabalho miocárdio e as demandas por oxigênio. Antiplaquetários - reduzem o risco da oclusão e da agregação de plaquetas aotrombo que obstrui a artéria. Oxigênio – aumentar a oferta na corrente sanguínea Nitroglicerina – quando administrada por via endovenosa, atua dilatando as artérias coronarianas e as veias (venodilatação). Com isso, além de aumentar o fluxo sanguíneo na artéria também reduz a pré-carga e, por conseguinte o trabalho cardíaco. Atenção aos valores sistólicos e a frequência cardíaca. Morfina – alívio da dor, porém, com reflexos simpáticos. Heparina – ativação do plasminogênio aumentando as chances de permeabilidade arterial. Após a realização de todos estes exames na sala de emergência é possível que a pessoa siga três caminhos diferentes. O primeiro é o tratamento clínico com a dosagem regular de marcadores cardíacos e o uso de medicamentos que EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 16 melhoram a circulação sanguínea. O segundo caminho é a realização de cateterismo cardíaco em que por imagens radiológicas observa-se a localização da obstrução na artéria e se indicado faz-se uma intervenção para que seja desobstruída a artéria e a colocação de uma prótese (stent) e assim, manter as permeabilidade do fluxo sanguíneo. A terceira hipótese é a de que a pessoa precise fazer uma intervenção cirúrgica com a colocação de pontes desviando o fluxo sanguíneo na artéria comprometida pela obstrução. Crise hipertensiva Um dos motivos mais frequentes de admissão de pacientes hipertensos nos serviços de emergência é a elevação súbita da pressão arterial, e é, geralmente, quando a doença é descoberta. Durante a admissão do paciente na emergência ou na unidade de atendimento, deve-se: • Obter a história do paciente; • Realizar exame físico; • Aferir a pressão em ambos os braços; • Monitorar a pressão arterial, obtendo o controle de forma gradativa e segura; • Avaliar a intensidade e frequência de sinais e sintomas que caracterizem o quadro como emergência hipertensiva; • Administrar drogas por vias parenteral e oral; • Executar o tratamento. O tratamento para as crises hipertensivas é baseado na administração de medicamentos anti-hipertensivos, tais como os inibidores da E.C.A. por via oral, mas também pode ser feito com o uso de vasodilatadores potentes, como o nitroprussiato de sódio por via endovenosa e controle de infusão por bombeamento. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 17 Hemorragias internas Para o tratamento das hemorragias internas, o paciente deverá passar por procedimento cirúrgico para que os vasos lesionados sejam rafiados pelo cirurgião e, então, cesse o sangramento. Até que tal procedimento seja efetuado, o enfermeiro deverá avaliar e mensurar sinais vitais, principalmente aqueles relacionados à pressão arterial e à frequência cardíaca. A oxigenioterapia é indicada para suplementar a perda desse gás presente no sangue, que é perdido com o sangramento. Nos casos de hemorragias externas, o procedimento imediato deverá ser a contenção do sangramento com gazes e a realização de curativos compressivos até que a rafia da pele e, até mesmo, do vaso, se necessária, seja realizada pelo médico cirurgião. Atividade proposta 01 Conforme estabelecido no atendimento à pessoa com dor torácica, o reconhecimento precoce dos sintomas aumentam as chances de sobrevida. Chave de resposta: Como é possível reconhecer precocemente os sintomas da dor torácica coronariana, o aluno poderá responder que, a partir da definição clara dos sintomas apresentados pela pessoa, que caracterizam a dor torácica típica, é possível determinar o desenvolvimento do evento coronariano e a abordagem precisa ao caso. Atividade proposta 02 Os envenenamentos são práticas comuns entre pessoas com distúrbios de ordem psíquica e emocional. Essas ações geram afastamentos do ambiente de trabalho e risco ao desenvolvimento das atividades laborais e do contato com EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 18 outras pessoas. De que maneira o enfermeiro do trabalho deve conduzir esses casos de alteração psíquica no ambiente de trabalho? Chave de resposta: O aluno deverá expor que, ao atender ou identificar alguém com alteração de ordem psíquica, o enfermeiro deve encaminhar esta pessoa para tratamento adequado e afastá-la da atividade que exerce, principalmente se esta função causar risco direto ao trabalhador. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 19 Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da unidade de emergência/Hospital São Rafael: Monte tabor. Ministério da Saúde. 10ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CALIL, A. M.; PARANHOS, W. Y. O. Enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo: Atheneu, 2013. FORTES, J. I. Enfermagem em emergências. São Paulo: EPU, 2008. NASI, L. A. Rotinas em pronto-socorro. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 20 Exercícios de fixação Questão 1 Um dos sintomas clássicos que caracterizam a dor torácica de origem coronariana é: a) A dor em pontada no hemitórax direito. b) A dor em fisgada no hemitórax esquerdo. c) A dor opressiva em hemitórax direito. d) A dor opressiva em hemitórax esquerdo. e) A dor em fisgada em hemitórax esquerdo. Questão 2 De que maneira os nitratos atuam no tratamento da dor torácica coronoariana? a) Dilatando as artérias. b) Reduzindo a carga de trabalho miocárdio e as demandas por oxigênio. c) Reduzindo o risco da oclusão e da agregação de plaquetas ao trombo que obstrui a artéria. d) Alíviando da dor, porém, com reflexos simpáticos. e) Dissolvendo os coágulos para restabelecer o fluxo sanguíneo. Questão 3 Os sintomas que definem a crise hipertensiva como uma emergência hipertensiva são: a) Cefaleia e vômito. b) Cefaleia e tontura. c) Cefaleia e dor abdominal. d) Cefaleia e diarreia. e) Cefaleia e mioclonia. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 21 Questão 4 De que maneira reage o brônquio diante de uma condição de irritabilidade exógena inflamatória? a) Com tosse secretiva. b) Com a contração de seus músculos e tosse secretiva. c) Com o aumento da frequência cardíaca e tosse secretiva. d) Com a hiperinsuflação pulmonar e contração de seus músculos. e) Com a tosse secretiva e edema. Questão 5 O suporte básico de vida é uma cadeia de atitudes tomadas pelos socorristas para que a pessoa com um mal súbito seja atendida de maneira rápida e eficiente. Com isso, ela é preconizada em uma sequência representada por qual conjunto de letras? a) ABC b) CAB c) BCA d) CBA e) BAC Questão 6 O suporte básico de vida sofreu modificações no ano de 2010. Dentre elas, está a sequência de atendimento quanto às ventilações e compressões torácicas. Diante disso, assinale abaixo a alternativa que corresponde ao preconizado pela Associação Americana do Coração como a relação correta entre ventilações e compressões torácicas. a) 15:2 com dispositivo de barreira b) 2:15 com dispositivo de barreira EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 22 c) 2:30 com dispositivo de barreira d) 30:2 com dispositivo de barreira e) 30:15 com dispositivo de barreira Questão 7 Como deve ser posicionado no leito um paciente que apresenta ruídos respiratórios adventícios e que tem histórico recente de infecção pulmonar e asma? a) Em fowler b) Em posição supina c) Em posição sentada d) Em posição de ancoragem e) Em posição lateral sentado Questão8 As hemorragias podem ser classificadas quanto ao tipo de vaso comprometido. Nesse sentido, algumas diferenças são identificadas quanto a este sangramento. No caso de hemorragias arteriais, como o sangue é evidenciado? a) Em jato e escuro. b) Em jato e claro. c) Derramando sobre a pele e claro. d) Derramando sobre a pele e escuro. e) Enegrecido e com pontas escuras sobre a lesão. Questão 9 Em pacientes que sofrem intoxicação ou envenenamento, a sondagem nasogástrica serve para que resíduos/substâncias do veneno fiquem em contato EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 23 com a mucosa gástrica por um tempo menor. Sendo assim, a técnica de sondagem nasogástrica é contraindicada quando: a) O paciente está inconsciente para que não broncoaspire. b) Quando o paciente está acordado para que não retire. c) Quando a substância é alcalina. d) Quando a substância é cáustica. e) Quando a substância é desconhecida. Questão 10 Na condução do paciente com dor torácica, o enfermeiro tem a autonomia para realizar um eletrocardiograma até que o médico trace uma conduta para o tratamento dele. Dessa forma, o que o enfermeiro deve fazer antes de iniciar os procedimentos de atendimento do paciente com vistas a trazer segurança e minimizar os efeitos da isquemia cardíaca? a) Colocá-lo em repouso e aguardar. b) Administrar medicamentos que são padronizados para esse tratamento. c) Realizar um exame de sangue antecipando o pedido médico, já que se trata de rotina. d) Posicionar o paciente confortavelmente com oxigênio sob máscara. e) Posicionar o paciente à frente da fila de atendimento, priorizando sua consulta m EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 24 Chaves de resposta Questão 1 - D Justificativa: Dentre as queixas apresentadas pelos pacientes, a dor opressiva em hemitórax esquerdo é a caracterização definida pela Associação Americana do Coração como aquela que representa a isquemia do músculo cardíaco. Questão 2 - A Justificativa: Os nitratos são substâncias vasodilatadoras coronarianas, que, além de favorecerem a circulação sanguínea, também reduzem a pré-carga circulatória. No entanto, não podem ser administrados se a PAS estiver abaixo de 100 m.m.hg. Questão 3 - A Justificativa: Dentre todos esses sintomas, a associação da cefaleia com vômito refere-se ao aumento da pressão intracraniana, que sugere redução do fluxo sanguíneo para o cérebro e possibilidade de áreas isquêmicas. Questão 4 - B Justificativa: Ao ser invadido por algum tipo de alergênico, o trato respiratório procura expulsar aquilo que o está irritando e, com isso, contrai os músculos brônquicos, impedindo a progressão do invasor e forçando a tosse para que ele seja expelido. Questão 5 - C Justificativa: As compressões cardíacas não devem ser retardadas quando a pessoa não responde ao comando verbal ou quando não mexe o tórax. Assim a letra “C”, referente à compressão, seguida da letra “B”, de ventilação (breathing, em inglês), e a letra “A”, de via aérea, formam a sequência preconizada pela Associação Americana do Coração. EMERGÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 25 Questão 6 - C Justificativa: Nesta questão, há um detalhe: ela propõe que as ventilações ocorram antes da compressão torácica; por isso, a relação inverte-se. Questão 7 - E Justificativa: A vantagem de posicionar o paciente sentado no leito em posição lateral permite aumentar não somente a ventilação pulmonar do paciente, como dá segurança a ele, minimizando o risco de quedas. Uma terceira vantagem é a redução do trabalho cardíaco em caso de congestão pulmonar. Questão 8 - B Justificativa: Em virtude de ser um sangue oxigenado, a sua coloração apresenta-se vermelho-claro e, por estar em uma artéria em que este sangue circula sobre pressão, ele é evidenciado em jato. Questão 9 - D Justificativa: A sondagem nasogástrica é contraindicada quando a substância ingerida é cáustica, visto que pode agravar a lesão provocada pela ingestão e, também, pelo trauma da própria sonda introduzida no esôfago, ação que causa fístulas. Questão 10 - D Justificativa: O posicionamento no leito, reduzindo o trabalho cardíaco, e a suplantação de oxigênio garantem um atendimento competente e adequado. No entanto, nada impede que o médico seja alertado sobre a urgência do atendimento caso o paciente apresente, além da dor, uma frequência cardíaca anormal.
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