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Resenha 2 – Mito e Psicanálise.
MITO: “CONSTRUTOR” DE VERDADES
Esta resenha tem como objetivo relacionar mito e psicanálise; mito e desejo; e apresentar a linguagem como construtora de verdades e mitos. Com base no livro “Mito e Psicanálise” de Ana Vicentini de Azevedo (2004), os mitos foram fundamentais na construção da teoria freudiana, pois aquilo que já se falava no mito, foi mais tarde explicitado pela psicanálise. 
Vários personagens da mitologia grega foram utilizados por Freud, que por meio de suas histórias contribuíram para conceitos importantes na teoria do autor vienense, como é o caso de Édipo, Narciso, que se transformaram em Complexo de Édipo, Narcisismo. 
 No dicionário eletrônico Houssais (2001) a primeira definição de mito é: relato fantástico de tradição oral, protagonizado por seres que encarnam, sob forma simbólica, as forças da natureza e os aspectos gerais da condição humana. A partir dessa definição avaliamos que o mito seja uma forma de expressar aquilo que o sujeito não pode realizar. 
Na psicanálise o mito não pode ser vivido, para exemplificar a afirmação consideremos o mito de Édipo, em que o personagem de fato mata o pai e dorme com a mãe realizando assim seu desejo. No sujeito esse desejo existe, no entanto está inconsciente, e é nomeado por Freud Complexo de Édipo.
Para Laplanche e Pontalis (2004) o Complexo de Édipo é definido como um conjunto de desejos amorosos e agressivos que a criança sente em relação aos pais; desejo de amor pelo sexo oposto, e de ódio pelo sujeito do próprio sexo (p.77). 
O desejo existente dessa relação de amor e ódio da criança pelos pais, não se materializa, como no mito, por ser interditada pela lei do incesto, lei que ordena a vida do homem e os diferencia dos animais, segundo Lacan (apud CESAROTTO, LEITE, 1987). 
Na clínica psicanalítica, Lacan diz que o mito confere a um processo discursivo, que não pode ser visto como uma verdade objetiva, pois a medida em que a fala avança, essa verdade se constitui, permitindo a verdade de cada sujeito (apud DOR, 1996). Essa definição de Lacan consente ver o mito como uma verdade que se transforma em cada enunciação, por isso, cada um tem a sua própria verdade, ou o próprio o mito. 
Ana Vicentini de Azevedo (2004) em “Mito e Psicanálise” afirma que: “é nela [na palavra] que se situa o falso, o enganoso e o verdadeiro”. Na dimensão, mito como linguagem, percebemos que as enunciações são modificadas ao longo da história, no que se refere ao mito há uma repetição que aparece em seu relato, e é similar em suas particularidades históricas e culturais, com o objetivo de dar atenção a contradições e a sua superação (p.15). Como apresentado no filme de Passolini, “Édipo Rei”, em que o diretor situa o passado, da história grega, e o presente, a modernidade. 
No que condiz a palavra, é por meio dessa que a psicanálise se estrutura, proveniente do procedimento catártico de Breuer, a associação livre, transferência e interpretação são pilares para a técnica psicanalítica (FREUD, 1904[1903]). Sendo assim, a fala, suas “representações” e o que elas significam na vida de um paciente. Como Lacan, a palavra só é algo, a partir do momento em que se acredita que ela é, de maneira que a palavra situa-se antes de tudo (apud DOR, 1996). Ampliamos a palavra para a linguagem, pois, segundo o mesmo autor, ao nascer estamos inseridos no “mundo de linguagem”, já somos falados antes mesmo de vir ao mundo (apud GUELLER, SOUZA, 2008). 
Portanto, o mito na psicanálise nada mais é do que uma representação dos desejos que não podem ser vividos, passados de geração em geração sem mudar a essência daquilo que se repete. No âmbito da linguagem o mito permite construções singulares e inovadoras, por meio das enunciações; e a linguagem, por sua vez, torna-se fundante na clínica psicanalítica, para a construção dos mitos e da própria verdade do sujeito.
 
REFERÊNCIAS 
AZEVEDO, A. V. Mito e Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2004.
CESAROTTO, O.; LEITE, M. P. S. O que é psicanálise? 3 ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUSSAIS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Dezembro, 2001. 
DOR, J. Clínica Psicanalítica. Trad. Maria Lúcia Homem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
ÉDIPO REI, filme de Passolini.
FREUD, S. O método psicanalítico de Freud (1904[1903]). 2 ed. Rio de Janeiro: Imago Editora Ltda. Vol. VII. 
GUELLER, A. S.; SOUZA, A. S. L. (org.). Psicanálise com crianças: perspectivas teórico-clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2008.
LAPLANCHE, J. Dicionário de Psicanálise: Laplanche e Pontalis. 4 ed. Trad. Pedro Tamem. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

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