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1 Material 5 Sociedade Contemporânea Material 5 UNIDADE 3 - O contexto sociocultural e suas representações na Sociedade Contemporânea Profª Ana Luísa Vieira de Azevedo 2 2 Sumário da Aula: a) Cultura, Subcultura e Etnocentrismo. 3 Prof. Ana Luísa Vieira de Azevedo a) Cultura, Subcultura e Etnocentrismo 4 3 5 De acordo com Roberto Da Matta (1981) cultura é um termo que possui vários significados. O antropólogo Da Matta, um dos mais conhecidos no Brasil, trata do termo usando seus dois significados mais comuns: cultura na apreensão do senso comum e cultura no sentido antropológico. 6 O sentido dado pelo senso comum à cultura está associado ao volume de leituras, de informação, de educação, de controle de informações, de títulos universitários etc. Cultura na apreensão do senso comum Por outro lado, a palavra cultura pode ser usada para classificar as pessoas, os grupos sociais, servindo como arma discriminatória contra algum grupo, sexo, idade, etnia ou sociedades inteiras. Por exemplo: os ingleses e os franceses são polidos e cultos, já os brasileiros, não têm cultura. 4 7 Para a Antropologia todos os indivíduos têm cultura, mesmo aqueles que nunca estudaram. Isto porque para os antropólogos ela é o conceito-chave para a interpretação da vida social. Cultura no sentido antropológico Cultura representa a maneira de viver total de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Cultura é um mapa, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam, modificam o mundo e a si mesmas. 8 No sentido antropológico, a cultura representa um conjunto de regras que diz como o mundo pode e deve ser classificado. Prof. Ana Luísa Vieira de Azevedo Cultura no sentido antropológico É a cultura que torna possível a vida em sociedade – porque pessoas de interesses distintos compartilham parcelas importantes deste código, ainda que sejam estas pessoas bem diferentes. 5 9 Como podemos definir então cultura? 10 Cultura “Cultura é a soma das ideias, das práticas e dos objetos materiais compartilhados que as pessoas usam para se adaptar aos seus ambientes”. Pode ser composta de símbolos, linguagem, valores, crenças e normas de comportamento. As culturas possibilitam às pessoas se adaptar e prosperar em seus ambientes. Baseado em: BRYM, Robert et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p.73;101-103. 6 11 Cultura “Embora os sociólogos reconheçam que a biologia estabelece os limites e os potenciais humanos, a maioria não acredita que os comportamentos e arranjos sociais específicos sejam biologicamente determinados”. O ambiente social coloca em ação nossos potenciais biológicos gerando variações enormes na expressão cultural de tais potenciais. “A análise da cultura em toda a sua diversidade, e a demonstração de como essa diversidade se articula com as variações da estrutura social, é uma tarefa para os sociólogos”. Baseado em: BRYM, Robert et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p.73;84. 12 A forma similar de se vestir, hábitos e comportamentos semelhantes podem aumentar a solidariedade dos grupos sociais, separando-os de outros grupos? 7 13 Subcultura Tais características podem distinguir membros de subculturas particulares, ou seja, adeptos de um conjunto de valores, normas e práticas distintos dentro de uma cultura mais ampla. Baseado em: BRYM, Robert et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p.100. Subculturas são gêneros de cultura que são equivalentes a diferentes modos de sentir, celebrar, pensar e agir no mundo. Podem estar associados a segmentos sociais. Exemplo de subculturas: funkeiros, emos, nordestinos no Rio de Janeiro, japoneses em São Paulo etc. 14 Agora que começamos a perceber um pouco o que é cultura, discutiremos as posições que as pessoas têm em relação a culturas diferentes. 8 15 Etnocentrismo “Apesar de sua importância central na vida humana, a cultura é frequentemente ‘invisível’”. “As pessoas tendem a considerar sua própria cultura como um dado, pois ela nos parece tão ‘racional’ e natural que raramente pensam sobre ela”. Baseado em: BRYM, Robert et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p.84. Por outro lado, “as pessoas muitas vezes estranham quando são confrontadas com outras culturas”. “Ou seja, as ideias, as normas e as técnicas de outras culturas nos parecem estranhas, irracionais e até mesmo inferiores”. 16 Etnocentrismo “Julgar outra cultura exclusivamente com base na nossa é uma visão conhecida como etnocentrismo”. O etnocentrismo atrapalha a análise sociológica. Baseado em: BRYM, Robert et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p.84. Um exemplo é a prática que parece meio bizarra a muitos de nós, ocidentais: a adoração de vacas entre os camponeses hindus na Índia. O etnocentrismo toma a diferença como desvio. Se levado ao extremo, o etnocentrismo pode se tornar uma forma de exclusão social grave. 9 17 Etnocentrismo Todos os cuidados, como por exemplo, deixar que as vacas andem livremente pelas ruas e interrompam o trânsito, podem parecer absurdos para os ocidentais. Baseado em: BRYM, Robert et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p.84-85. No entanto, este etnocentrismo pode enganar muitos observadores ocidentais, que não conseguiram perceber esta prática como racional, do ponto de vista econômico, na Índia rural, a analisando com base nos padrões ocidentais de agronegócio. Eles recusam-se a matar vacas e comer sua carne porque, para eles, a vaca é um símbolo religioso de vida. 18 Etnocentrismo As vacas produzem centenas de milhões de quilos de adubo orgânico, utilizados como fertilizantes e combustível para cozinhar. Baseado em: BRYM, Robert et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p.85. A manutenção das vacas na Índia é barata, uma vez que se alimentam de coisas impróprias para o consumo humano. Os camponeses não podem comprar tratores, então as vacas são necessárias para parir bois, altamente necessários nas lavouras. Além disso, serve de fonte de alimento para os membros de castas mais baixas, já que é permitido aos “intocáveis” utilizar o corpo de vacas mortas. 10 19 Em oposição ao etnocentrismo temos o relativismo cultural, que é a possibilidade de se pensar sobre as culturas sem hierarquizá-las. Relativismo cultural O relativismo cultural nos propõe o respeito à cultura do outro, ao diferente. Não se trata de se tornar o outro, mas de deixar de estranhá-lo tanto, reconhecendo sua humanidade. Não é possível colocar culturas em escalas. Por exemplo, não podemos dizer que somos mais evoluídos do que as tribos indígenas. Podemos dizer que somos diferentes, dominamos a sociedade em termos de tecnologia, mas por outro lado, hoje a natureza cobra seu ônus. Já muitas tribos, que não dominaram tanto a natureza, de certo modo, podem nos ensinar como podemos respeitá-la mais.
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