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DAS OBRIGAÇÕES DE DAR - roteiro para os discentes

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DAS OBRIGAÇÕES DE DAR (arts. 233 ao 246)
São aquelas cujo objeto é a prestação de coisas.
Dividem-se em (1) obrigações de dar coisa certa e (2) obrigações de dar coisa incerta.
Já as obrigações de dar coisa certa se dividem em:
Obrigações de entregar: aquelas nas quais o devedor é o proprietário. Ex.: compra e venda;
Obrigações de restituir: o proprietário é o credor. Ex.: locação, comodato, arrendamento; e
Obrigações pecuniárias: são aquelas cuja obrigação é de dar certa quantia em dinheiro. Obrigação de entregar dinheiro.
OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA
Introdução
Caracteriza-se pela completa individualização da coisa.
Logo, nessa modalidade, o devedor obriga-se a dar, restituir ou restituir coisa específica, certa e determinada. Ex.: “um carro marca X, placa 5555, ano 1998, chassis n....., proprietário....”, um animal reprodutor bovino da raça nelore, com pede de .... arrobas, número de registro 88888, cujo proprietário é.......”
Assim, o será quando seu objeto for corpo é certo e determinado, uma coisa individuada.
Importantes regras aplicáveis
2.1. Princípio da acessoriedade (ou gravitação jurídica)
O acessório segue o principal. É o art. 233, salvo manifestação em sentido inverso.
Assim, o devedor que se obriga a dar a coisa principal obriga-se também a transferir os acessórios: benfeitorias, frutos, produtos e as pertenças (coisas, direitos e obrigações).
O principal é o que existe por si. Já o acessório é aquele cuja existência supõe a do principal.
Nelson Nery (2008): “Ainda que momentaneamente estejam separadas as coisas acessórias da principal, devem ser repostas no momento do cumprimento da obrigação de dar, acompanhando a coisa principal que deve ser entregue”.
Enfim, os bens acessórios são os que a sua utilidade econômica é dependente de outro, que se diz principal.
2.2. O credor não pode ser forçado a receber coisa diversa, ainda que mais valiosa (art. 313).
3) Teoria do Risco (perda ou deterioração da coisa)
O legislador teve especial preocupação em disciplinar as hipóteses de perecimento (destruição total da coisa) ou deterioração (diminuição da suas qualidades).
A regra eleita e aplicável (desde o direito romano!) é a da “res perit domino”, isto é, a coisa perece para o dono.
Logo, em casa de deterioração ou perecimento é o proprietário quem arca com o prejuízo.
Vale lembrar que a propriedade móvel somente se transfere com a tradição. Logo, com a tradição da coisa cessa a responsabilidade do devedor. 
A coisa pode perecer ou deteriorar COM ou SEM culpa do devedor:
Perda da coisa (art. 234):
a.1. SEM culpa: a obrigação se resolve.
a.2. COM culpa: o devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos
Deterioração da coisa (arts. 235 e 236):
b.1. SEM culpa: o credor da coisa tem duas opções: (1) considerar resolvido o contrato (234); (2) aceitar a coisa no estado em que se encontra, com o abatimento no preço que perdeu;
b.2. COM culpa: poderá também reclamar a devolução da preço pago OU aceitar a coisa com abatimento no preço, mas, em ambos os casos, terá direito à indenização por perdas e danos.
Direito aos melhoramentos e acrescidos (art. 237, CC)
Seguindo a mesma regra, se a coisa se perde em desfavor do proprietário, é razoável que eventuais melhoramentos ou acréscimos na coisa, antes da tradição, também beneficiem o devedor, porque ainda é o proprietário.
Assim:
Os melhoramentos ou acréscimos, antes da tradição, pertencem ao devedor, que poderá exigir aumento no preço. Se o credor não concordar, o devedor poderá resolver a obrigação.
Sobre os frutos, a regra é a seguinte: (1) percebidos: são do devedor; (2) pendentes: do credor.
FRUTOS: são as utilidades que a coisa produz periodicamente, sem acarretar-lhe destruição no todo ou em parte. Ex.: café; cereais; frutas; leite; crias dos animais, juros, aluguel etc.
OBRIGAÇÕES DE RESTITUIR (arts. 238 ao 242)
Aqui o credor já era o proprietário, cabendo-lhe o direito à restituição pelo devedor. A coisa se acha com o devedor para o seu uso, mas pertence ao credor, que é o titular do direito real.
O risco é distinto, pois se a coisa se perder, sem a culpa do devedor, prejudicado será o credor, na condição de dono, segundo a regra res perti domino.
A coisa pode perecer ou deteriorar COM ou SEM culpa do devedor:
Perda da coisa:
a.1. SEM culpa (art. 238): a obrigação se resolve, não havendo se falar em retorno ao estado anterior. Ressalvam-se os direitos do credor até o dia da perda!
a.2. COM culpa (art. 239): o devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos.
Deterioração da coisa:
b.1. SEM culpa (art. 239): o credor a receberá, no estado em que se achar, sem direito à indenização. 
b.2. COM culpa (art. 239, parte final): o devedor responderá pelo equivalente mais perdas e danos.
E os melhoramentos ou acréscimos?
Nas obrigações de restituir coisa certa, conforme os arts. 241 e 242:
se os melhoramentos ou acréscimos advieram sem trabalho ou dispêndio, lucrará o credor, ficando desobrigado da indenização.
Se para os acréscimos o devedor empregou trabalho ou dispêndio, aplicam-se as regras respeitantes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé e de má-fé:
Benfeitoria é toda obra realizada pelo homem na estrutura de um bem, com o propósito de conservá-lo, melhorá-lo ou proporcionar prazer ao seu proprietário. As benfeitorias podem ser: necessárias, úteis ou voluptuárias, ressaltando-se que cada uma delas produz um efeito jurídico.
Necessárias são aquelas que se destinam à conservação do imóvel ou que evitam que ele se deteriore. Exemplo: os reparos de um telhado, infiltração ou a substituição dos sistemas elétrico e hidráulico danificados serão benfeitorias necessárias, vez que conservam o imóvel e evitam sua deterioração.
As benfeitorias úteis são obras que aumentam ou facilitam o uso do imóvel. Exemplo: a construção de uma garagem, a instalação de grades protetoras nas janelas, ou o fechamento de uma varanda são benfeitorias úteis, porque tornam o imóvel mais confortável, seguro ou ampliam sua utilidade.
Já as benfeitorias voluptuárias não aumentam ou facilitam o uso do imóvel, mas podem torná-lo mais bonito ou mais agradável. Exemplo: as obras de jardinagem, de decoração ou alterações meramente estéticas.
Posse de boa-fé é aquela em que o possuidor a exerce na crença, e na certeza de que é o proprietário da coisa, uma vez que desconhece qualquer vício ou impedimento para a sua aquisição (art. 1201 do CC)
Logo, se os acréscimos consubstanciam benfeitorias necessárias ou úteis, o devedor de boa-fé terá direito de ser indenizado, podendo, inclusive, reter a coisa restituível até que lhe seja pago o valor devido (direito de retenção). As voluptuárias (embelezamento) poderá o devedor levantá-las (retirá-las), se não lhe for pago o valor correspondente, mas desde que não haja prejuízo para a coisa principal.
Mas, caso se trate de devedor cuja posse seja de má-fé, o devedor somente terá direito de reclamar a indenização pelas benfeitorias necessárias, sem possibilidade de retenção da coisa.
Sobre os frutos: (i) se de boa-fé, terá direito aos frutos percebidos; (ii) se má-fé deverá responder por todos os frutos colhidos e percebidos

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