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Disciplina: Operações de terminais, armazéns e controle de estoques Aula 9: Transportes e trade-offs Apresentação Nesta aula, apresentaremos e detalharemos as principais características e a capacidade de cada um dos modais de transporte. Além disso, estudaremos os conceitos relacionados a transporte de cargas e indicaremos os principais trade-offs utilizados em logística que se aplicam a controle de estoques. Objetivos Descrever as características e capacidades de carga dos modais de transporte; Reconhecer os principais trade-off relacionados a estoques. Trade-offs Os trade-offs trazem aos gestores de estoques as referências mais importantes quanto aos seus custos relacionados a outros fatores como, transportes, nível de estoques etc. Ele está diretamente relacionado aos objetivos da logística. Conceituamos trade-off ou compensação de custos como sendo o reconhecimento de que os padrões de custos das várias atividades da empresa frequentemente revelam características que as colocam em conflito mútuo. Meios de transportes logísticos. (Fonte: Travel mania / Shutterstock) Decisões para melhorar e padronizar os processos — no nosso caso, de estocagem — analisar os desperdícios, centrar nos clientes, adquirir tecnologia e equipamentos, ou capacitar os colaboradores, para alguns gestores, são custos. Gráfico demonstrando o crescimento dos lucros. (Fonte: suphakit73 / Shutterstock) Porém, para aqueles profissionais que possuem visão holística e sistêmica do negócio, que buscam melhoria contínua e querem que suas organizações perpetuem no mercado, essas decisões são benefícios que ajudam as organizações a alcançarem a visão, as metas estratégicas (curta, média e longo prazo) e os objetivos traçados, ou seja, maximizar o lucro. Portanto, trade-off pode ser entendido como a relação entre os custos para melhoria de algo que trará benefícios futuros para a empresa. As empresas modernas, motivadas e obrigadas cada vez mais a reduzirem seus custos, têm a tarefa difícil de redução de seus estoques sem que isso possa prejudicar o nível de serviço ao cliente, que, quando relacionados aos estoques, traduz a capacidade de atender aos pedidos de forma imediata com material disponível em estoque. Para manter esse nível de serviço a bom termo, custos são gerados e devem ser comparados. Essa comparação reflete-se nos trade-offs, que quer dizer aproximadamente “troca compensatória”, ou seja, um determinado custo gerado deve ser compensado mais adiante de alguma forma. Os trade-off, em Logística, por exemplo, são elementos que devem ser tratados de forma global, ou seja, com a visão do ciclo completo de suprimentos, com o conceito do custo total. Não há sentido no tratamento de trade-off em parcelas de ciclos, uma vez que ganhos aparentes em fases podem ser compensados em fases contíguas, por vezes de forma natural. Portanto, devem ser analisados os processos que envolvem a gestão dos estoques para se ter a verdadeira visão dos custos envolvidos e suas compensações. Os trade-offs podem ser também analisados sobre o ângulo de custo de oportunidade. Relação entre qualidade, tempo e custo. (Fonte: Trueffelpix / Shutterstock) Custo de oportunidade Podemos afirmar que o “custo de oportunidade” equivale ao possível ganho que o indivíduo obteria pela escolha da segunda melhor opção em uma decisão qualquer. Considerando que o agente econômico toma decisões racionais, ele opta sempre pela melhor opção e abre mão do ganho ou remuneração que receberia pela escolha da segunda melhor opção. Atenção É importante destacar que o “custo de oportunidade” tende a ser observado, nas situações de trade-off, ou seja, nas circunstâncias em que o agente econômico precisa escolher uma dentre duas ou mais opções conflitantes. Nesta situação, ele elenca as vantagens de cada uma das opções e escolhe aquela que se apresenta como a melhor, sempre comparando o ganho inerente à opção escolhida com a recompensa ou o ganho que receberia pela escolha da segunda melhor opção. O conceito de custo de oportunidade se refere a uma possível perda de rendimentos ou não geração de lucratividade pela escolha de um investimento em detrimento de outro. Pode ser calculado fazendo-se a diferença entre um investimento e outro, e dos resultados que cada um deles iria gerar. Para se analisar esta diferença, é preciso considerar as possíveis receitas e os custos das duas alternativas. No caso específico dos estoques, deve-se considerar o custo de oportunidade com relação a outro investimento que a empresa pudesse ter feito em detrimento da formação de um estoque. Exemplo Como exemplo, podemos tomar uma empresa que decide aumentar a sua frota de distribuição, ao invés de investir em estoques. Claro que essa decisão deve ser muito bem planejada, pois não ter ou ter um pequeno estoque pode se refletir diretamente no nível de serviço que a empresa oferece, ou seja, o prazo de entrega dos pedidos pode aumentar e se a performance da concorrência for melhor, a perda de mercado é certa. Atividade 1. No caso da gestão de estoques, quando se opta por gastar recursos comprando mais itens para um estoque, para garantir que não falte em um pedido de cliente, e para poder realizar esta compra, desaplicamos dinheiro da organização que estava em um fundo de investimento. O valor de juros que a organização deixou de receber do recurso que foi desaplicado, em termos de custos logísticos, é denominado de: a) Custo de oportunidade. b) Custo fixo. c) Custo variável. d) Custo da demanda. e) Custo de estoque. Trade-off estoque x nível de serviço O nível de serviço oferecido especificamente pelos estoques se traduz na capacidade de atendimento de pedidos de forma imediata através dos itens que estão disponíveis em estoque. A elevação desse nível de serviço, que é também uma elevação do nível de estoque, traz uma elevação natural dos custos, pois eles impactam os estoques e são proporcionais ao tamanho deles. A análise do trade-off, entre o estoque e o nível de serviço por ele apresentado, é bastante importante para que se possa ressuprir o estoque de forma a que esse não gere custos inoportunos. No gráfico a seguir é possível verificar que quanto maior o nível do estoque, que deverá aumentar o nível de serviço, maior será também o custo do estoque que faz uma compensação (trade-off) com o custo de não serviço que diminui: O custo do não serviço pode ser entendido também como o custo da falta no estoque. O custo total normalmente se encontra na intercessão entre a curva do custo e a curva do não serviço, essa seria a posição ideal (nível de estoque). Podemos ainda notar, neste outro gráfico, que o posicionamento de lucro máximo no trade-off entre custo do estoque e nível de serviço é no ponto médio entre as duas curvas. Trade-off estoque x armazéns Esse também é um trade-off importante, pois os estoques têm uma dependência direta e proporcional com os armazéns, que são espaços físicos que preveem grandes investimentos e geram muitos custos. A análise desses custos, com relação aos armazéns, torna-se fundamental para a gestão dos estoques e para o negócio da empresa. Atividade 2. Na obtenção de vantagem competitiva na Gestão da Cadeia de Suprimentos, um trade- off logístico importante é a relação entre: a) Nível de serviço e custo total. b) Custo unitário de transporte e a quantidade de pedidos de reposição. c) Custo de manutenção de estoques e transporte. d) Nível de serviço e a quantidade de pedidos de reposição. e) Nível de serviço e quantidade a ser armazenada. Analisando o gráfico anterior, podemos verificar que: 01 A receita oriunda do nível de serviço do estoque vai aumentando, gradativamente, em função do número de armazéns, até um determinado momento que começa a declinar; 02 O custo do estoque aumenta, na medida em que se aumentao número de armazéns, pois é natural que com um maior número de armazéns o nível de estoque total aumente; 03 Ao contrário, o custo de transporte vai diminuindo na medida em que se aumenta o número de armazéns. Isso ocorre em função de que, com maior número de armazéns, as distâncias a serem percorridas pelo transporte tornam-se menores implicando em redução de custos; 04 A interseção entre as curvas do custo total e da receita gerada pelo nível de serviço do estoque indica o ponto de mais lucratividade relacionada ao número total de armazéns; 05 A interseção entre as curvas do custo do estoque (nível de estoque) e do custo de transporte indica o número ideal de armazéns a serem instalados. Trade-off estoque x transportes Por último vamos analisar o trade-off entre estoques e transportes utilizando o confronto das curvas de custos de estoques e custos de transportes em relação ao custo total. Analisando o gráfico a seguir, podemos fazer as seguintes verificações: 01 O custo do transporte diminui na medida em que são aumentados os estoques e o número de armazéns instalados no sistema; 02 O custo de manutenção do estoque aumenta proporcionalmente ao aumento dos estoques e de armazéns instalados no sistema, igualmente ao custo de fazer pedidos; 03 As interseções verificadas são os pontos ótimos. Estoques e transporte Os transportes precisam da nossa atenção pois são os maiores ofensores em custos na cadeia de suprimentos. Os estoques, devidamente balanceados, de forma a permitir que os custos com transportes sejam minimizados, são uma tarefa complexa, mas estritamente necessária. Além disso, vamos analisar os principais equipamentos utilizados nos transportes e movimentações internas. Meios de transportes logísticos. (Fonte: Travel mania / Shutterstock) Características do transporte Os transportes são responsáveis pelo deslocamento de um produto, mercadoria ou carga, desde um ponto de origem até um ponto de destino. Esse transporte pode ser externo ou interno. Transporte interno Os pontos de origem e destino podem estar internamente à empresa. São os casos de movimentação interna que tanto impacta quanto é impactado pelos estoques. Transporte externo O ponto de destino é externo à empresa, os estoques também podem influir no custo daqueles, em função da quantidade de carga que será disponibilizada para o transporte. Nesse aspecto, também é muito importante a escolha do modal a ser utilizado. Podemos afirmar que os transportes são fundamentais para os seguintes aspectos: 1 Relacionado ao desenvolvimento da civilização moderna, integra o funcionamento de qualquer sociedade. 2 Instrumento básico para viabilizar qualquer sistema econômico envolvendo trocas de mercadorias. 3 Fomenta o desenvolvimento econômico de uma região, facilitando a incorporação de recursos naturais. 4 Sua indisponibilidade pode inviabilizar uma região produtora, mesmo quando há demanda em outros locais. 5 Estimula a produção industrial, eleva a produtividade e facilita o escoamento da produção. Saiba mais Leia o texto Capacidade do modal de transportes <galeria/aula9/anexo/a09_18_01.pdf> para saber mais sobre o potencial de atender à demanda em um trecho específico, dentro de níveis de serviço fixados. Atividade 3. Os processos relacionados à responsabilidade pelo deslocamento de um produto, de uma mercadoria ou carga, desde um ponto de origem até um ponto de destino, são denominados: a) Transporte b) Estocagem c) Armazenagem d) Carregamento e) Guarda da carga Características operacionais dos modais Veja a seguir um quadro com algumas das características de desempenho e operacionais comparadas entre os modais: AÉREO RODOVIÁRIO FERROVIÁRIO FAQUAVIÁRIODUTOVIÁRIO Massa Pequena Média Grande Muito grande Muito grande Velocidade Muito alta Alta Média Baixa Muito baixa Alcance Muito longo Médio Longo Muito longo Muito longo Custo Muito alto Médio Baixo Muito baixo Muito baixo Saiba mais Leia o texto Natureza das cargas <galeria/aula9/anexo/a09_20_01.pdf> para saber mais sobre este assunto e sobre os tipos de riscos sofridos pelas cargas. Sistemas de movimentação Temos diversos tipos de sistemas de movimentação. Alguns deles são mais utilizados na armazenagem industrial. Veja a seguir um detalhamento com a visualização dos mais usuais que encontramos nas organizações: Estática Dinâmica Vertical Horizontal Interna Externa Alta Rotatividade Baixa Rotatividade Grãos Minérios Equipamentos Industriais Veja a seguir alguns equipamentos industriais que são utilizados no apoio ao transporte interno das cargas. Paleteiras Transelevador Ponte rolante, telescópica ou aérea Empilhadeira com lança telescópica e implementos Plataformas e rampas elevadoras ou basculantes Robô para transferência Veículos Automaticamente Guiados (AGV) Embalagens e manuseio As embalagens são, atualmente, itens imprescindíveis na vida cotidiana. Não dá para pensar os produtos sem a embalagem. Elas acompanharam o desenvolvimento humano e se adequaram às necessidades das pessoas e dos materiais. Hoje, verificamos embalagens de múltiplos tipos e para as mais variadas necessidades. Para a Logística, têm papel fundamental e, em algumas vezes, estratégico. Desempenham o cumprimento das necessidades de proteção dos produtos e devem ser concebidas da maneira mais simples e racional para que tenham o menor custo possível por unidade. Saiba mais Segundo alguns autores, as embalagens representam aproximadamente 2% do PNB, trazendo uma importância significativa para a economia do país. No Brasil, as perdas em exportação são muito altas, chegando a 15% da receita por deficiência nas embalagens, acarretando perdas dos produtos. Tipos de embalagens. (Fonte: Picsfive / Shutterstock) É preciso lembrar que a embalagem tem correlação com diversas operações logísticas que se integram, como: Movimentação de materiais; Armazenamento; Manuseio e transporte. Portanto, a embalagem deverá ser resistente o bastante para poder atravessar toda a cadeia de suprimentos e fazer com que o produto chegue intacto até o consumidor final. Nas operações de armazenagem e transportes é onde as embalagens requerem mais resistência. Atenção O índice de danos às mercadorias, nessas duas operações, é bastante significativo, principalmente em razão de dois aspectos: Embalagens inadequadas ao tipo de produto; Equipamentos que não condizem com o aspecto físico do produto. É comum verificarmos diversos tipos de improvisações, no uso de equipamentos de movimentação, culminando por causar danos às mercadorias. Para o Marketing a embalagem tem a finalidade apenas de promover a venda do produto, não importando, em seu projeto, a proteção que ela proporcionará a este. Porém, para a Logística a embalagem deve: 01 Dar proteção ao produto; 02 Auxiliar na movimentação de carga e descarga de veículos; 03 Facilitar a armazenagem; 04 Ter, em sua concepção, o conceito de sustentabilidade, proporcionando a sua reutilização — o que diminui drasticamente o descarte dos materiais que a compõe, na natureza, diminuindo aspectos prejudiciais ao meio ambiente e às pessoas. Classificação das embalagens A classificação das embalagens leva em conta as suas funções. Veja a seguir a definição de cada um dos tipos. Embalagem Primária É aquela que está em contato direto com o produto que a contém. Exemplos: Caixas de sabão em pó, leite, iogurte etc. Embalagem Secundária É a embalagem que visa dar proteção à embalagem primária. Exemplos: Um engradado de bebidas que visa dar proteção aos vasilhames que contém o produto. Embalagem Terciária São caixas de madeira, de papelão ou de plásticoque embalam certa quantidade de unidades que já estão em suas embalagens primárias e secundárias. Embalagens Quaternárias São dispositivos que visam facilitar a movimentação na armazenagem. Exemplos: Paletes e contenedores. Embalagens de Quinto Nível São as embalagens conteinerizadas e que atendem às necessidades de entregas a grandes distâncias, no Brasil, principalmente no modal marítimo, no caso de exportações e importações. Referências CHING, Hong Yuh. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística. São Paulo: Editora Atlas, 2009. LIMA, Rafael. Operações e controle de estoques. Rio de Janeiro: SESES, 2015. SZABO, Viviane. Gestão de Estoques. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. Próximos Passos Classificação dos custos logísticos; Detalhamento de custos de armazenagem, estocagem, tributação e de serviços associados aos custos logísticos. Explore mais Para explorar um pouco mais os temas estudados nesta aula, não deixe de ler os textos sugeridos a seguir: Análise de trade-off entre custo e nível de serviço: estudo de caso em uma empresa no setor de distribuição de bebidas; <http://www.abepro.org.br/biblioteca/TN_STO_226_319_30108.pdf> Conhecimento e avaliação dos trade-offs de custos logísticos: um estudo com profissionais brasileiros; <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1519-70772014000200111> Comparação de modais de transporte para escoamento de minério: indicadores de sustentabilidade. <http://www.inovarse.org/sites/default/files/T12_0564_2639.pdf>