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Clínica Médica 20 Distúrbios do Equilíbrio Hidroeletrolítico e Acidobásico Fisiologia: Osmolaridade plasmática = 275-290mOsm/L Osm(plasma) = 2xNa + Glicose/18 + Uréia/6 Osm(plasma) efetiva = 2xNa + Glicose/18 = Tonicidade Gap osmótico = osm (osmômetro) – osm plasma Se > 10mOsm/L Intoxicação exógena (álcool por ex.) *A uréia não contribui para a osmolaridade efetiva! O manitol contribui! *Alterações na osmolaridade efetiva provocam oscilam no volume das células, em particular, o neurônio, que não tolera tais variações. Mecanismos regulatórios (produzidos frente a um aumento da osmolaridade): ADH: Produzido pelos núcleos supraótico e paraventricular do hipotálamo. É o centro osmorregulador. Age no túbulo coletor, onde estimula a produção de canais de água na membrana luminal (aquaporinas). Com isso, consegue reabsorver água, concentrando a urina (Max concentrada = 800-1400mOsm/L e Max diluída = 50-70 mOsm/L). para que o ADH possa agir é necessário que o interstício medular esteja hiperosmolar, função da porção espessa da alça de Henle. Centro da sede: É o principal fator protetor contra a hiperosmolaridade. Água corporal: Intracelular = 2/3 da água corporal total = 40-60% do peso corporal Água corporal Total = 50 (M) a 60% (H) do peso corporal do adulto = 90% ao nascimento = 60% nas crianças *A obesidade diminui a proporção de água corporal. *Quanto maior a massa muscular, maior a proporção de água. Calculo de infusão em gotas: Volume em ml Tempo em horas X 3 Reposição da volemia: Soro glicosado 5% Somente 5-7% do volume total permanece no compartimento intravascular decorrido um curto espaço de tempo. (de 1000ml, apenas cerca de 50-70ml) Cristalóide isotônico (SF 0,9%) Cerca de 20% permanece no intravascular após 15-20 min, o que faz desse tipo de soro uma alternativa muito superior ao SG quando o objetivo é repor a volemia. O excesso de SF gera acidose metabólica HIPERclorêmica, ao contrario do SRL, que é alcalinizante. Hiponatremia Conceito: é o excesso de água no organismo! Na < 135mEq/L I – Hiponatremia Hipotônica (Osm PL ef < 275mOsm/L): Hipovolêmica: Relacionada à diminuição da volemia. (Osm ur > 450mOsm/L) Com sódio urinário baixo (< 20mEq/L): ocorre nas perdas extrarrenais de volemia decorrentes de vômitos de repetição, diarréia e hemorragias. Com sódio urinário alto (> 40mEq/L): ocorre nas síndromes perdedoras de sal na vigência de hipovolemia. As principais causas são: uso de diuréticos tiazídicos (hidroclotiazida), o hipoaldosteronismo e a síndrome cerebral perdedora de sal. A SCPS ocorre na primeira semana após uma lesão cerebral grave, decorrente da hiperativação simpática e da secreção anômala do pepitídeo natriurético cerebral. O quadro costuma se resolver espontaneamente em 2-4 semanas. A restrição hídrica está contra-indicada. Cursa com acido úrico normal ou elevado. Hipervolêmica: Cursam com o aumento da água corporal total. ICC e Cirrose Hepática: O seqüestro de liquido para o terceiro espaço, causa uma hipovolemia relativa, que ativa o ADH, levando à retenção de água (Hipervolemia relativa). (Na ur < 20mEq/L e Osm ur > 450mOsm/L) IRA ou IRC: A TFG quando cai para níveis inferiores a 10-20% predispõe à hiponatremia.(Na ur > 40mEq/L e Osm ur 200-800mOsm/L) Normovolêmica: Com diurese Hipertônica (> 100mOsm/L): Incapacidade renal de excretar água livre, secundária à hipersecreção de ADH na ausência de estímulos osmóticos ou hemodinâmicos. O sódio urinário é maior que 40mEq/L. Insuficiência adrenal Hipocortisolismo estimula a produção e liberação de ADH e o hipoaldosteronismo gera uma tendência ao estado hipovolêmico. Hipotireoidismo Ocorre queda na taxa de filtração glomerular e do debito cardíaco, o que estimula a secreção de ADH. SIADH As principais causas são o Carcinoma broncogênico de pequenas células, o Pós-operatório de cirurgias de grande porte (resposta endócrino-metabólica ao trauma), doenças do SNC (TCE, AVE, Meningite) e pulmonares (infecção por Legionella) e drogas como Clorpropramida, Carbamazepina, Neurolépticos, Ocitocina, antineoplásicos e Ecstasy. Ocorre hipouricemia. Com diurese Hipotônica: Único grupo que cursa com osmolaridade urinária apropriadamente baixa (< 100mOsm/L) e sódio urinário > 40mEq/L. Aqui o distúrbio pode ser tanto o influxo de soluções hipotônicas quanto a baixa ingestão de solutos. São causas principais: Polidipsia Primária, Cirurgia de Ressecção transuretral de próstata (RTU) e Alcoolismo (desnutrição protéico-calórica). II - Hiponatremia Hipertônica: Hiponatremia relacionada às síndromes Hiperglicêmicas do Diabético (cetoacidose, sd. Hiperosmolar não-cetótica). A cada 100 pontos de aumento da glicemia (acima de 100mg/dl) tem-se uma redução de 1,6 pontos na natremia. Logo o sódio corrigido deve ser calculado somando-se 1,6 à natremia mensurada, para cada 100 pontos de aumento da glicemia. Na conta da osmolaridade efetiva deve-se usar o valor calculado do sódio e não o sódio corrigido!! III – Pseudo-hiponatremia Ocorre em presença de hiperproteinemia ou hiperlipidemia que “enganam” o espectrofotômetro e sugerem sódio sérico diminuido. Manifestações Clínicas: Em indivíduos sem lesões neurológicas, a hiponatremia hipotônica sintomática começa a se manifestar quando o sódio plasmático cai agudamente (horas) para um valor inferior a 125mEq/L. Os neurônios são as células mais sensíveis ao aumento de volume. O edema cerebral pode levar a sinais e sintomas como: cefaléia, náuseas e vômitos, câimbras musculares, agitação, sonolência, rigidez, tremor, nistagmo, distonias. Na hiponatremia aguda grave (< 110 mEq/L) é freqüente o surgimento de crise tônico-clônica generalizada, estupor, coma, hipertensão intracraniana, herniação cerebral, apneia e óbito. Quando a hiponatremia hipotônica, mesmo grave, se instala de forma lenta e progressiva (dias), o paciente pode apresentar-se completamente assintomático. Em pacientes com hiponatremia grave (Na < 115mEq/L) é perigosíssima a correção abrupta da hiponatremia, pois há risco de óbito ou de grave lesão neurológica. A conseqüência é a crenação ou desidratação neuronal, levando à Síndrome de Desmielinização Osmótica ou Mielinólise Pontina. Tratamento: Hiponatremia Hipovolêmica: Reposição volêmica com cristalóide isotônico - SF 0,9% (escolha) Hiponatremia Crônica (> 48h) Normo/Hipervolêmica Assintomática: Retirar agente causador se presente como medicamentos. Repor hormônios específicos nos casos de hipotireoidismo e insuf. Adrenal. Na ICC, cirrose hepática, na polidipsia primária a conduta será a restrição hídrica e dieta hipossódica. Caso somente essa medida não seja suficiente, deve-se acrescentar o furosemida. Na SIADH a conduta será a restrição hídrica (800-1000ml/dia) e dieta hiperssódica (ou salina hipertônica). Caso não seja suficiente, acrescenta-se o furosemida. Os tiazidicos são contra-indicados. Opção é o uso de Conivaptan (vaptano) e Demeclociclina ou Lítio. Não aumentar a natremia em mais do que 10mEq/l nas primeiras 24h. Hiponatremia Aguda (< 48h) Sintomática (Na < 120mEq/L): Correção imediata: Repor sódio com salina hipertônica a 3% em dose calculada. Objetivo: Aumentar a natremia em 3mEq/L nas 3 primeiras horas. Elevar a natremia em 10-12mEq/L em 24h. Cálculo: Déf de Na = 0,6(H) ou 0,5(M) X Peso X Var. des. de Na (ou 3 ou 12) – O resultado é dado em mEq Resultado / 17 X 100 / 3 = resultado é dado em ml. Na+ < 135 mEq/L Osmolaridade Plasmática Baixa Elevada Normal Dosar Lipídeos e proteínas no soro Normal Aumentados Uso de manitol isotônico Pseudo-Hiponatremia Osmolaridade urinária < 100 mOsm/L > 100 mOsm/L Polidipsia primária Avaliar Volemia Reduzida Elevada Normal SIADH Hipotireoidismo Ins. Suprarrenal Sódio Urinário < 20 mEq/L > 40 mEq/L Perdas Renais Perdas extrarrenais Síndromes Diabéticas Uso de manitol hipertônico ICC Cirrose Ins. Renal HipernatremiaConceito: Falta de água no organismo (desidratação hipertônica) = Na > 145mEq/L Toda hipernatremia é hipertônica (Osm pl efetiva > 300mOsm/L) Na pratica médica encontramos hipernatremia em pacientes que possuem incapacidade de ingerir ou ter acesso a liquidos: recém-nascidos, lactentes, idosos, pacientes intubados e indivíduos com rebaixamento de consciência. Causas: Perda de água livre: Aumento das perdas cutâneas Aumento das perdas respiratórias Diabetes insipidus Central Pós-TCE, Hipofisectomia transesfenoidal, adenoma hipofisário, craniofaringioma, Sarcoidose. Neurogênico Congênito, Hipercalemia e Hipercalcemia grave, Sais de lítio. Perda de fluidos hipotônicos: Diarréia osmótica (principal causa) Gastroenterite infecciosas (ppm virais), uso de laxantes, uso de manitol e síndromes intestinais de má absorção. Diuréticos de alça (Furosemida) Poliúria osmótica Diabetes Mellitus Redução patológica da ingesta de água Hipodipsia hipotalâmica Ganho de sal ou soluções hipertônicas, Hiperaldosteronismo primário e Sind. Cusshing. Manifestações Clínicas: Ocorre desidratação cerebral (edema cerebral), convulsões e coma. Pode ocorrer encefalopatia hiperosmolar (rebaixamento do nível de consciência, fraqueza, rigidez, tremor, coréia) e até hemorragia intracraniana por ruptura de pequenos vasos, principalmente subdural e subaracnóide. Tratamento: Perda de água livre: Reposição de água livre (de preferência por via oral) ou SG 5% EV Perda de fluidos hipotônicos: Se em grandes quantidades, repor por via parenteral com SG 5% ou salina hipotônica a 0,45%. *Deve ser somada à quantidade de água a ser resposta o volume de “perdas insensíveis” normais (cerca de 1.500ml) No DI central Desmopressina (dDAVP) No DI nefrogênico Restrição de sal e proteínas na dieta. Se a poliúria continuar, associar diurético tiazídico ou amiloride. Calculo de déficit de água corporal: Def = 0,5 (H) ou 0,4 (M) X Peso X (Na sérico/Na desejado - 1) Hipocalemia (K < 3,5mEq/L) É o distúrbio eletrolítico mais comum da prática médica. Manifestações clínicas: Fraqueza muscular geral e dos musc. Respiratórios (Insuf. Respiratória) Fadiga ou intolerância aos exercícios Palpitações e Dispnéia Parestesias, câimbras e hiporreflexia Constipação e distensão abdominal Outras alterações: poliúria aquosa, nefropatia hipocalêmica Manifestações cardíacas: arritmias (extrassístoles, fibrilação ventricular) Precipitação de alcalose metabólica Desencadear encefalopatia hepática em cirróticos (aumento de amônia) Alterações no ECG: Onda T achatada Aumento do intervalo QT Aumento da onda U Onda P apiculada Alargamento do QRS Causas: Perda externa de potássio: Baixa ingestão ou reposição de potássio Perdas gastrointestinais acima do piloro Vômitos recorrentes, drenagem nasogástrica, estenose hipertrófica do piloro ( alcalose metabólica) “Quem vomita perde potássio pela urina” Perdas gastrointestinais abaixo do piloro Diarréia e fistulas (biliar, pancreática ou entérica) Uso de laxantes (causa oculta) Alcalose metabólica; Acidoses tubulares renais tipo I e II Diuréticos (tiazidicos, de alça – Furosemida - e inibidores da anidrase carbônica - Acetazolamida) Poliúria e Hipomagnesemia Anfotericina B, Aminoglicosídeos, Penicilina e Tolueno Hiperaldosteronismo primário (Sd. De Conn) e Hipercortisolismo, Hipertensão renovascular Sínd. Genéticas: S. Barter, S. Gitelman, S. Liddle Diálise Entrada de Potássio nas células: Administração de insulina Pico de adrenalina no estresse Beta-2 agonistas Hipotermia; Hipertireoidismo Diagnóstico: Potássio urinário < 20mEq/L = Perda extrarrenal (diarréia, perdas digestivas pós-pilóricas, diálise) > 30mEq/L = Perda renal ou pré-pilórica (diuréticos, hipomagnesemia, aminoglicosideos, anfotericina B, Hiperaldosteronismo, vômitos e perdas digestivas pré-pilóricas) Cloreto Urinário: < 15 mEq/L = Perdas digestivas pré-pilóricas > 25 mEq/L = Diuréticos, hipomagnesemia, aminoglicosídeos, anfotericina B, Hiperaldosteronismo Tratamento: Reposição de cloreto de potássio de preferência por VIA ORAL (Xarope de KCl a 6%) – Casos leves A via venosa deve ser utilizada se: Há intolerância gastrointestinal Há perdas gastrointestinais importantes Há hipocalemia grave Limitações da infusão venosa de KCl: Velocidade de infusão lenta (20-40mEq/h), a concentração de KCl não deve ultrapassar 40-60 mEq/L e na hipocalemia grave não deve ser resposta com soro glicosado. A infusão de 200–400 mEq/L de potássio eleva a calemia em torno de 1 mEq/L Para cada 0,1 unidade de variação no pH , o potássio sérico varia 0,5-0,6 mEq/L A melhor solução de infusão é a salina hipotônica a 0,45%. Hipercalemia (K > 5,5 mEq/L) Causas Principais: IRA/C, Rabdomiólise, Síndrome da lise tumoral Manifestações no ECG: Ondas T altas e apiculadas Redução do intervalo QT Alargamento do QRS Desaparecimento da onda P Clínica: Paralisia flácida aguda, arritmias, Etiologia: Retenção de Potássio: Administração de excesso de potássio Insuficiência renal aguda e crônica IRA pré-renal Acidose metabólica Insuficiência adrenal PRIMÁRIA Hipoaldosteronismo hiporreninêmico Acidose tubular tipo IV Drogas retentoras de potássio: Diuréticos poupadores de potássio: Espironolactona (Aldactone), Amiloride e Tramtereno. IECA e Beta-bloq (bloqueiam a ação da adrenalina dificultando o influxo de potássio para o ambiente intra celular) BRA II e Heparina (Causa certo grau de hipoaldo) AINEs (Hipoaldo), trimetopim (Amiloride-símile), ciclosporina Síndrome de Gordon Saída de potássio das células: Hiperosmolaridade Exercício físico extenuante e Pós-operatório Acidose metabólica Rabdomiólise Hemólise maciça Drogas: Digitálicos, beta-bloqueadores, succinilcolina Tratamento: Glicoinsulinoterapia = Insulina venosa (10u) + glicose 50% 10 ampolas OU Bicarbonato de Sódio EV Diminuição rápida da calemia OU Beta-2 agonista inalatório de curta duração (Salbutamol ou Fenoterol) Reposição de cálcio Proteção das fibras cardíacas / Não reduz a calemia Gluconalto de cálcio ou cloreto de cálcio Manutenção: Retirar todo o potássio da dieta, Diuréticos de alça (furosemida), Quelantes de potássio (poliestirenossulfonato de cálcio) Indicação de diálise se: Paciente estiver com anúria ou oligoanuria ou Hipercalemia grave e refratária às medidas convencionais Gasometria Arterial Valores: pH = 7,35 – 7,45 PCO2 = 35 – 45 mmHg HCO3 real = 22 – 26 mEq/L HCO3 standard = 22 – 26 mEq/L (distúrbio metabólico primário ou compensatório) BE = -3 a +3 mEq/L (Agudo ou Crônico) Alteração aguda: pH muito alterado, BE normal Alteração crônica: pH normal/quase normal, BE alterado Alteração crônica agudizada: pH muito alterado, BE alterado Anion Gap = Na – (Cl + HCO3) = 8 - 12 Acidose metabólica: PCO2 esperada = (1,5 X HCO3) + 8 Alcalose Metabólica: PCO2 esperada = HCO3 + 15 Relação Delta-Delta: Δ AG / Δ HCO3 (calcular em casos de AG aumentado) – Indivíduos com provável distúrbio misto porem com parâmetros gasométricos normais Se > 2 Alcalose Metabólica + Acidose metb. com AG aumentado Se < 0,5 Acidose Metabólica + Acidose metb. com AG aumentado Acidose Metabólica Conceito: HCO3 < 22 e pH < 7,35 Causas: Anion Gap alto [Na – (Cl + HCO3) > 12mEq/L: Normoclorêmicas Ganho de um “novo ácido” Acidose lática (mais comum): Sepse, Choque, PCR, Rabdomiólise, Insuf. Hepática Cetoacidose: Hiperglicemia + cetonúria Uremia (Acidose urêmica): Clearance <20ml/min + Hipercalemia Intoxicação por salicilatos, metanol e por etilenoglicol Anion Gap Normal (Hiperclorêmicas) Ocorre perda de HCO3 para o meio externo ou retenção de H+, compensada pela reabsorção de Cl. Diarréia Fistulas biliares, pancreáticas, entéricas Ureterossigmoidostomia Acidoses tubulares renais Nutrição parenteral total Acetazolamida e Diuréticos poupadores depotássio *Acidose hiperclorêmica com AG plasmático normal (8 – 12) AG urinário + ATR AG urinário muito - Perdas extrarrenais Tratamento: Diagnosticar e afastar a causa base Reposição de bases (Bicarbonato de sódio ou Citrato de Potássio) A reposição de bases NÃO está indicada nos casos de Acidose Lática e Cetoacidose!! Somente nos casos graves (pH< 7,1) e refratários. Efeitos do uso de bicarbonato venoso: Edema agudo de pulmão Hipernatremia Redução do CA ionizado (predispõe a parada cardíaca, tetania e convulsões) Alcalose Metabólica Conceito: HCO3 > 26 e Ph > 7,45 Ocorre perda de H + para as células ou para o meio externo, com retenção de bicarbonato. A hipovolemia e a depleção de cloreto podem perpetuar a alcalose. A hipocalemia pode causar e perpetuar a alcalose A alcalose pode precipitar os sintomas da hipocalcemia – Tetania, convulsões, torpor, coma. Outro sintoma que envolve a alcalose é a encefalopatia hepática por aumento de amônia. Causas: Extrarrenal responsiva a cloreto: Perdas Gástricas acima do piloro!!! Hipocloremia, com cloro urinário < 20 Eventos do TGI Vômitos, drenagem com SNG, Sd. Zollinger-Ellison, Estenose Hipertrófica do piloro. Renal responsiva a cloreto: Hipocloremia, com cloro urinário > 20 Perda renal de cloreto Diuréticos de alça e tiazídicos, Sd. Bartter e Gitelmam Extrarrenal não responsiva a cloreto: Cl sérico normal, Cl urinário < 20 Reposição de bicarbonato, citrato, hemotransfusão, hipoproteinemia Renal não responsiva a cloreto Cl sérico normal, Cl urinário > 20 Hiperaldosteronismo, Sd. Liddle e Cushing. Tratamento: Manter o paciente euvolemico Manter o paciente normocalêmico Corrigir depleção de cloreto com SF 0,9% + KCl Pacientes hipervolêmicos Acetazolamida Acidose Respiratória Conceito: PCO2 > 45 mmHg e Ph < 7,35 O mecanismo envolvido é o de hipoventilação pulmonar com aumento da retenção de CO2 e acumulo de íons H+ Causas: Agudas: Pneumopatias, EAP, Obstrução de VAS, TCE, AVE, Tumores SNC, Sd. Guillain-Barré, Crise miastênica. Crônica: DPOC, Pneumopatias crônicas, E.L.A., Sd. Pickwick (obesidade mórbida + apneia do sono) Tratamento: A acidose respiratória aguda deve ser prontamente revertida para evitar a síndrome da carbonarcose (O CO2 age como um potente vasodilatador cerebral, levando o paciente em poucos minutos a alterações do sensório como, confusão, agitação, convulsões, torpor, coma, além de papiledema e distúrbios hemodinâmicos). O tratamento efetivo deve ser a pronta intubação traqueal + ventilação mecânica. A acidose respiratória crônica não precisa ser tratada quando compensada. A conduta visa apenas o tratamento da doença de base. Quando estes pacientes descompensam (crônica agudizada) devem ser intubados. Alcalose Respiratória Conceito: PCO2 < 35mmHg e pH > 7,45 O mecanismo envolvido é o da hiperventilação pulmonar. Causas: Aguda: Hiperventilação psicogênica, Intoxicação por Salicilatos, Insuf. Hepática Aguda, Pneumopatias agudas (Asma, TEP), Sepse por gram-negativos. Crônica: Pneumopatias crônicas com hiperventilação, Insuf. Hepática, Hipertireoidismo, Sepse por gram-negativos. Tratamento: O tratamento deve ser imediato pois a diminuição de CO2 leva à uma intensa vasoconstricção cerebral e à síndrome do hipofluxo cerebral, manifestando-se com alteração do sensório. A tetania pode ser desencadeada por diminuição do cálcio ionizado. O tratamento é voltado à causa básica. Distúrbios do Magnésio Hipomagnesemia (Mg < 1,5mg/dl): Mecanismos: Redução da absorção intestinal: Síndromes diarréicas disabsortivas (especialmente as que cursam com esteatorréia), Ingestão de álcool. Perda renal: Sd. Bartter e Gitelman, Uso de diuréticos tiazídicos e de alça, Aminoglicosídeos e Anfotericina B, ingestão de álcool. Está muito associada à depleção de potássio (cerca de 40-60%) e de cálcio. As etiologias são semelhantes e a depleção de magnésio tem efeito caliurético. As principais manifestações clínicas são: fraqueza, anorexia, tetania, vômitos, convulsões, arritmias. Tratamento: Quando grave indica a reposição venosa na dose de 1-2 g de Sulfato de Magnésio em 15 minutos, seguida de infusão continua de 6g/24h diluídos no soro de hidratação. A infusão deve ser mantida por pelo menos 2 dias. A hipomagnesemia leve pode ser tratada com sais de magnésio orais. O principal efeito colateral da reposição oral é a diarréia. Hipermagnesemia (Mg > 2,5mg/dl): Mecanismos: Administração excessiva de magnésio exógeno: Tratamento da eclampsia ou pré-eclampsia. Retenção renal: IRA ou IRC Os sinais e sintomas começam a se manifestar quando a dosagem de magnésio ultrapassa 4,5mg/dl. Inicialmente o paciente desenvolve hiporreflexia tendinosa. Posteriormente pode evoluir com arreflexia, fraqueza muscular, íleo paralitico, bradipneia, bradcardia e até PCR. Tratamento: Intoxicação aguda: Gluconato de cálcio EV 1-2g Em pacientes nefropatas, ou descompensados hemodinamicamente, a diálise está indicada. Soluções Hidroeletrolítcas Cristalóides: Conceito: São fluidos que contem apenas água e eletrólitos, sem adição de macromoléculas. Podem ser hipo, hiper ou isotônicos em relação ao plasma. Os isotônicos são os mais utilizados. Do total infundido, cerca de 20% permanecerá dentro dos vasos (cerca de 15-20min). Assim se for utilizado soluções cristalóides isotônicas para repor a perda de certo volume de sangue, será necessário infundir um volume cerca de 5 vezes maior que as perdas estimadas. Soro fisiológico 0,9%: É considerada solução isotônica Quando administrada em grande quantidade (> 2L /dia) pode causar uma leve acido metabólica hiperclorêmica. É usada basicamente quando o paciente apresentar: Hipovolemia + Hiponatremia leve Hipovolemia + Hipocloremia (Alcalose metabólica hipoclorêmica) Paciente que vomita muito ou tem alto débito de SNG Hipovolemia + Hipercalemia (nefropata crônico) Não contem potássio Hipovolemia + Hipercalcemia Não contem cálcio Soros balanceados (Ringer Simples e Ringer Lactato): Possuem menos sódio que o plasma, portanto devem ser evitados em indivíduos com predisposição à formação de edemas (PPM nos casos de lesão do SNC). Devem ser evitados em indivíduos hipercalcêmicos e hipercalêmicos, pois mesmo em pequenas quantidades presentes nesses soros, são capazes de agravar o quadro. O SRL é alcalinizante. Salinas Hipertônicas (NaCl a 3%): Objetivos: Repor sódio ao longo de 24h Expandir a volemia de maneira imediata A salina hipertônica é capaz de repor a volemia fornecendo menos água ao paciente, por retirar água do espaço intracelular e aprisioná-la no intravascular. Tal mecanismo é vantajoso em situações em que existe forte predisposição à formação de edemas. Efeitos colaterais: dose-dependentes Hipernatremia, hipercloremia, hipocalemia, hemólise e disfunção do sistema de coagulação. Soro Glicosado: Contem apenas água e glicose (o que equivale fazer água pura). Seu objetivo principal é a correção da hipernatremia com reposição de água livre, ainda que seu principal emprego na pratica seja a profilaxia da Cetose de jejum, nos indivíduos que permanecem em dieta zero. Em 2L de SG 5% fornecemos 100g de glicose o que equivale a 400Kcal. É útil para prevenir a hipoglicemia em diabéticos que recebem insulina e precisam ficar em dieta zero. Colóides: São fluidos que contem água, eletrólitos e macromoléculas. A função dessas macromoléculas é impedir a saída de liquido do intravascular para o espaço intersticial. Após a administração a maior parte do colóide não abandona o intravascular. Albumina: É obtida pelo fracionamento do sangue humano, sendo o risco de transmissão de doenças, nulo ou mínimo. Seu emprego se justifica quando os cristalóides foram incapazes de sustentar um volume circulante adequado, devido a um grande aumento da permeabilidade vascular (Peritonite aguda, Paciente grande queimado) Em pacientes com hipoalbuminemia, é utilizada a dosagem de 25%. A meia-vida da albuminaexógena é 16h. Duas horas após a infusão, 90% ainda estarão no interior dos vasos. As principais complicações de seu uso são a anafilaxia, a hipocalcemia aguda, a indução de coagulopatia e o edema agudo de pulmão.
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