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Ética e Cidadania

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1.1- O CAMPO DA MORAL 
 
No nosso dia-a-dia, encontramo-nos freqüentemente 
diante de situações nas quais a nossa decisão depende daquilo 
que consideramos bom, justo ou moralmente correto. Toda vez 
que isso ocorre, estamos diante de uma decisão que envolve um 
julgamento moral da realidade, a partir do qual vamos nos 
orientar. Assim, o homem age no mundo de acordo com valores, 
isto é, para ele, as coisas do mundo e as ações sobre o mundo 
não são indiferentes, não se equivalem, mas são hierarquizadas 
de acordo com as noções de bem e de justo que os homens 
compartilham em um determinado momento. Em outras palavras, 
o homem é um ser moral, um ser que avalia sua ação a partir de 
valores. Exemplo de julgamento moral: - Este homem realizou 
uma boa ação. 
Exemplo de julgamento estético: Este homem é belo. 
 
-DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL 
 
-MORAL- É o conjunto de regras de conduta admitidas em 
determinada época ou por um determinado grupo de pessoas 
com o objetivo fundamental de obter uma melhor relação em 
sociedade. Como as comunidades humanas são distintas entre 
si, tanto no espaço quanto no tempo, os valores podem ser 
distintos de uma comunidade para outra, o que origina códigos 
morais diferentes. Podemos dizer, de modo simplificado, que o 
sujeito moral é aquele que age bem ou mal, na medida em que 
acata ou transgride as regras morais. 
 
-ÉTICA- É a parte da filosofia (disciplina filosófica) que se ocupa 
com a reflexão a respeito das noções e princípios que 
fundamentam a vida moral. A ética é uma disciplina teórica sobre 
uma prática humana, que é o comportamento humano. No 
entanto, as reflexões éticas não se restringem apenas à busca 
de conhecimento teórico sobre valores humanos, cuja origem e 
desenvolvimento levantam questões de caráter sociológico, 
antropológico, religioso e etc. A ética é uma filosofia prática. 
 
-DOUTRINAS FUNDAMENTAIS: DEONTOLOGIA E TELEOLOGIA 
 
-DEONTOLOGIA- Doutrina ética que privilegia, entre as prioridades 
da interação pessoal, a conformidade a certas normas de caráter 
obrigatório e universal, onde a idéia de respeito recíproco 
assume um valor intrínsico, revestindo-se da dignidade de um 
dever moral a ser cumprido. Aqui é concedida uma prioridade ao 
conceito de justiça 
 
-TELEOLOGIA- Doutrina ética cujos princípios repousam 
principalmente na avaliação de modos de agir e condutas que se 
conformam a um determinado fim a ser alcançado e tido como 
um bem, seja ele a felicidade, a excelência humana ou mesmo o 
prazer. Aqui é concedida uma prioridade ao conceito de bem. 
 
-PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA TELEOLOGIA E DA 
DEONTOLOGIA 
 
-TELEOLOGIA 
 
-ARISTÓTELES (384-322 a.C.): 
-“A virtude de uma coisa é relativa ao seu funcionamento 
apropriado... na alma existem três coisas que controlam a ação e 
a verdade: sensação, razão e desejo... A origem da ação - sua 
causa eficiente, não final - é a escolha, e a da escolha é o desejo 
e o raciocínio com um fim em vista... pois a boa ação é um fim ao 
qual visa o desejo” (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São 
Paulo: Abril Cultural, 1973. Col. Os pensadores,Vol. IV. Livro VI, 
cap.2 , p. 342) 
“... tudo o mais é desejado no interesse deste fim... 
evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem... pois 
tanto o vulgo como os homens de cultura superior dizem ser este 
fim a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir como o ser 
feliz”. (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: abril 
cultural, 1973. Col. Os pensadores. Vol. IV.Livro I, cap.2 e 4, p. 
249 e 251) 
 
-DEONTOLOGIA 
 
-KANT (1724-1804): 
 
- “O respeito, e não o prazer ou a fruição da felicidade, é pois 
algo para o qual nenhum sentimento precedente, posto como 
fundamento da razão, é possível (porque este seria sempre 
estético e patológico); a consciência do constrangimento 
imediato da vontade pela lei [imperativo categórico) dificilmente é 
um análogo do sentimento de prazer porque, em relação à 
faculdade de desejar, produz justamente o mesmo sentimento, 
mas a partir de fontes diferentes; porém só mediante este modo 
de representação se pode alcançar o que se procura, a saber, 
que as ações têm lugar não apenas em conformidade com o 
dever (em conseqüência de sentimentos agradáveis), mas por 
dever, o que tem de ser o verdadeiro fim de toda formação 
moral”.( KANT. Crítica da Razão Prática. Lisboa: Edições 70, 
1999. Col. Textos Filosóficos. capítulo II da Dialética da Razão 
Pura Prática, p.136). 
 
-LEIS NATURAIS E LEIS MORAIS 
 
LEIS NATURAIS: Leis nas quais todo o ser vivo está submetido. 
Necessariamente nascemos, vivemos e morremos, como todos 
os demais animais. As leis naturais não estão subordinadas à 
nossa vontade. Para David Hume (1711-1776) “a lei natural é 
resultado de uma experiência fixa e inalterável”. Assim, todos 
estamos submetidos a leis naturais invariáveis cuja descoberta 
precisa e cuja redução ao mínimo número possível constituem o 
eterno objetivo dos cientistas. 
 
LEIS MORAIS: O reino das leis morais é o reino da práxis, no qual 
as ações são realizadas racionalmente não por necessidade 
causal, mas segundo a nossa vontade. Apesar de existirem 
milhares de leis ou regras morais que variam de sociedade para 
sociedade. Segundo Kant, o dever é uma forma que deve valer 
para toda e qualquer ação moral. Assim, o dever é um imperativo 
categórico que ordena incondicionalmente a razão e vale, sem 
exceção, para todas as circunstâncias de todas as ações morais. 
O imperativo categórico é uma lei moral universal. 
 
1.2- LIBERDADE E DETERMINISMO 
Quando nos referimos ao conceito de liberdade, 
podemos fazê-lo a partir de diversas perspectivas. No sentido 
mais comum, uma pessoa livre é aquela que pensa e age por si 
própria, não é constrangida a fazer o que não deseja nem é 
escrava ou prisioneira. Mas podemos considerar liberdade em 
outros sentidos mais amplos, por exemplo, no âmbito da política, 
da economia, das leis, da sociedade, espaços específicos em 
que os indivíduos se relacionam entre si no exercício do poder, 
dos negócios, do direito, no convívio pessoal. Embora esses 
campos tenham suas características próprias, em todos eles 
perpassa a idéia de liberdade ética, que diz respeito ao sujeito 
moral, capaz de decidir com autonomia em relação a si mesmo e 
aos outros. Sabemos que, assim como somos determinados pela 
natureza, somos submetidos à regras sociais que determinam 
 
 
nosso comportamento desde o nosso nascimento. É preciso 
considerar os dois pólos contraditórios do pessoal e do social 
como uma relação dialética, ou seja, uma relação em que se 
estabeleça o tempo todo a implicação recíproca entre 
determinismo e liberdade, entre aceitação e recusa da interdição. 
 
-O QUE É DETERMINISMO? 
-Segundo o determinismo científico, tudo que existe tem uma 
causa. O mundo explicado pelo princípio do determinismo é o 
mundo da necessidade, e não o da liberdade. Necessário 
significa tudo aquilo que tem de ser e não pode deixar de ser. 
Nesse sentido, necessidade é o oposto de contingência, que 
significa "o que pode ser de um jeito ou de outro". 
Exemplificando: se aqueço uma barra de ferro, ela se dilata: a 
dilatação é necessária, no sentido de que é um efeito inevitável, 
que não pode deixar de ocorrer. No entanto, é contingente que 
neste momento eu esteja usando roupa vermelha ou amarela. 
Como vimos anteriormente, do ponto de vista moral, somos 
determinados a herdar os valores do grupo social a que estamos 
inseridos, mas a dimensão social da moral passa pelo crivo da 
dimensão pessoal. Ou seja, somos livres e enquanto seres 
capazes de agir de forma autônoma, podemos alterar ou 
modificar totalmente essas regras, caso contrário, as regras 
seriam eternamente válidas. É importante refletirmos neste item 
se nossas decisões dependem apenas do nosso querer ou são 
definidas por condições que nos obrigama agir independente de 
nossa escolha consciente? 
 
1.3- FELICIDADE E DEVER MORAL 
 
Aristóteles define o homem como ser racional e 
considera a atividade racional, o ato de pensar, como a essência 
humana. Para ele:Para ser feliz, portanto, o homem deve viver 
de acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a sua 
razão, a sua consciência reflexiva. E, orientando os seus atos 
para uma conduta ética, a razão o conduzirá à prática da 
virtude.Para Aristóteles, a virtude representa o meio-termo, a 
justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta de um 
atributo qualquer. Exemplos: a virtude da prudência é o meio-
termo entre a precipitação e a negligência; a virtude da coragem 
e o meio-termo entre a covardia e a valentia insana; a 
perseverança é o meio-termo entre a fraqueza de vontade e a 
vontade obsessiva.“(...) 0 que é próprio de cada coisa é, por 
natureza, o que há de melhor e de aprazível para ela (...) para o 
homem a vida conforme a razão é a melhor e a mais aprazível, já 
que a razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem. Donde 
se conclui que essa vida é também a mais feliz”. 
(ARISTÓTELES. Ética a Nicôrnaco. Apud História do 
pensamento, v. 1, p. 97). 
 
1.4- ÉTICA E POLÍTICA 
 
Se a política tem como finalidade a vida justa e feliz, isto 
é, a vida propriamente humana digna de seres livres, então é 
inseparável da ética.De fato, para os gregos, era inconcebível a 
ética fora da comunidade política - a pólis como koinonia ou 
comunidade dos iguais, pois nela a natureza ou essência 
humana encontrava sua realização mais alta.Quando estudamos 
a ética, vimos que Aristóteles distinguira entre teoria e prática e, 
nesta, entre fabricação e ação, isto é, diferenciara poiesis de 
práxis. Vimos também que reservara à práxis um lugar mais alto 
do que à fabricação, definindo-a como ação voluntária de um 
agente racional em vista de um fim considerado bom. A práxis 
por excelência é a política. A esse respeito, na Ética a Nicômaco, 
escreve Aristóteles: 
Se, em nossas ações, há algum fim que desejamos por 
ele mesmo e os outros são desejados só por causa dele, e se 
não escolhemos indefinidamente alguma coisa em vista de uma 
outra (pois, nesse caso, iríamos ao infinito e nosso desejo seria 
fútil e vão), é evidente que tal fim só pode ser o bem, o Sumo 
Bem (...). Se assim é, devemos abarcar, pelo menos em linhas 
gerais, a natureza do Sumo Bem e dizer de qual saber ele 
provém. Consideramos que ele depende da ciência suprema e 
arquitetônica por excelência. Ora, tal ciência é manifestamente a 
política, pois é ela que determina, entre os saberes, quais são os 
necessários para as cidades e que tipos de saberes cada classe 
de cidadãos deve possuir (...). A política se serve das outras 
ciências práticas e legisla sobre o que é preciso fazer e do que é 
preciso abster-se; assim sendo, o fim buscado por ela deve 
englobar os fins de todas as outras, donde se conclui que o fim 
da política é o bem propriamente humano. Mesmo se houver 
identidade entre o bem do indivíduo e o da cidade, é 
manifestamente uma tarefa muito mais importante e mais perfeita 
conhecer e salvaguardar o bem da cidade, pois o bem não é 
seguramente amável mesmo para um indivíduo, mas é mais belo 
e mais divino aplicado a uma nação ou à cidade. 
 
 Platão identificara a justiça no indivíduo e a justiça na 
pólis. Aristóteles subordina o bem do indivíduo ao Bem Supremo 
da pólis. Esse vínculo interno entre ética e política significava que 
as qualidades das leis e do poder dependiam das qualidades 
morais dos cidadãos e vice-versa, isto é, das qualidades da 
cidade dependiam as virtudes dos cidadãos. Somente na cidade 
boa e justa os homens podem ser bons e justos; e somente 
homens bons e justos são capazes de instituir uma cidade boa e 
justa. 
 
Anotações!!! 
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