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CAPITULO 8 Meio Ambiente e Saneamento do Meio AÇCÕES SIMPLES PARA CONTROLAR O MEIO AMBIENTE QUE TANTA INFLUÊNCIA TEM SOBRE A SAÚDE DA COMUNIDADE FAZEM PARTE DOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS E PORTANTO DAS ACTIVIDADES DE UM CENTRO DE SAÚDE. 8.1 Algumas Definições Saúde Ambiental: Ciência que relaciona a saúde humana e os seus determinantes ou factores de risco (naturais, sociais, económicos) com vista a melhorar a qualidade de vida do ser humano de uma forma sustentável. Meio Ambiente: Significa tudo que nos rodeia; - o ar, a água - a aldeia com as casas, quintais, ruas, árvores, fontes de água e animais - os arredores da aldeia com as machambas, as montanhas, os rios e as florestas Higiene Ambiental: Todas acções levadas a cabo no sentido de tornar limpo o meio que nos rodeia. Saneamento: Significa melhorar, conservar, eliminar. Saneamento do meio: Significa o tratamento das condições do meio que nos rodeia e da nossa vida e como podemos melhorar a nossa saúde. - como podemos melhorar e conservar o nosso meio ambiente - como podemos eliminar do nosso meio ambiente o que nos molesta e o que prejudica a nossa saúde, por exemplo a água estagnada, o lixo, as fezes humana e dos animais. 8.2 Fica portanto óbvio que é preciso ter o conhecimento da área de saúde, tarefa que deve ser levada a cabo assim que chegue a uma nova unidade sanitária. No entanto a atenção deve ser dirigida aos seguintes aspectos: 8.2.1. Agua potável para o consumo humano A água é um bem essencial para a vida; sem ela não nos alimentamos, não cozinhamos os nossos alimentos, não fazemos a nossa higiene individual ou colectiva. A falta da água traz consigo consequências directas como a desidratação ou indirectas como as doenças diarreicas ou ainda a propagação das doenças da pele por má higiene individual. Será importante que as instituições educacionais, unidades sanitárias e fabricas de géneros alimentícios incluindo as de engarrafamento da agua tenham kits para o controlo regular da qualidade da água. Técnico de saúde ambiental e saneamento do meio terá tarefa de : - Visitar as fontes de captação e de abastecimento de água, avaliando as actividades que ocorrem e os factores de risco ambientais ao redor, como por exemplo moscas, baratas, ratos e outros vectores. Se as cisternas e tanques estão limpos, fechados e protegidos contra contaminações humanas, animais e do próprio solo. - Verificar se as fontes de captação de água sejam elas poços, furos ou rios estão longe de fontes de contaminação como latrinas ou estábulos de animais. - Caso a água seja captada no rio, o técnico deve observar se a boca do tubo de captação encontra-se protegida da entrada de peixes, serpentes, insectos ou outros animais. - Em todas as fontes de captação de água deve-se controlar as características que determinam a qualidade como: temperatura da água, devendo esta ser constante em todas as estacões, limpidez, caudal, sabor, ausência de germes patogénicos ou de sinais de contaminação química e bacteriológica. - No caso das fontes de captação de água serem poços, deve-se observar a distância em que os poços se encontram das latrinas, estrumeiras, lavadouros mais próximos, devendo ser não menos do que 30 metros e de preferência sempre a um nível acima (a montante) dos mesmos. - Verificar também se os poços estão protegidos internamente de preferência com uma cintura de betão pelo menos de 1-2 metros de profundidade no lençol de água, e externamente, de argila. Ver ainda se os poços têm uma calçada de protecção contra contaminações e infiltrações ( os primeiros 30 metros devem estar bem protegidos com betão), pois a água dos poços é sempre suspeita. - Se o sistema de distribuição de água envolve um sistema de canalização, é preciso ver se os canais ou tubos são enterrados ou exteriores, e se garantem a conservação da pressão, evitando fendas que possam facilitar contaminações fecais e infiltrações de matéria orgânica. - Caso a água abastecida as comunidades seja suspeita e/ou não potável deve-se assegurar que ela seja tratada através da desinfecção com o cloro e filtração, desinfecção pelos raios solares e quando possível pela fervura,. Outras técnicas locais (como a decantação utilizando a argila, carvão e areia) devem ser estudadas junto da comunidade. - A conservação da água a nível domiciliar é também um aspecto a considerar. O técnico deve aconselhar as comunidades a manter os recipientes de conservação da água sempre limpos, incluindo as cisternas e tanques, tapados e colocados a um nível de cerca de meio metro do chão para evitar a entrada de poeiras insectos e até mesmo que as crianças possam introduzir as mãos sujas. 8.2.2. Higiene dos alimentos As doenças de origem alimentar constituem um grande problema de saúde pública e causa significante de redução de produtividade económica. Anualmente a nível mundial, milhões de pessoas particularmente crianças e lactentes sofrem e morrem devido a doenças de origem alimentar. Muitos casos de doenças de origem alimentar, podem ser prevenidas e muitas vidas salvas se; - os manipuladores de alimentos forem bem educados e treinados em boas práticas de manipulação (consultar o Código de Boas Práticas disponível no Ministério da Saúde); - os consumidores sejam bem alertados/aconselhados para uma melhor escolha de seus alimentos; Os princípios gerais de higiene de alimentos se aplicam a toda a cadeia alimentar, desde a produção primária até ao consumidor final, estabelecendo os requisitos higiénicos necessários para produzir alimentos inócuos e saudáveis para o consumo ( HACCP, 2001). Estes princípios devem ser aplicados levando em conta os seguintes aspectos: Tradições e cultura da comunidade em relação a comida/alimentos Lugares de preparação e distribuição de alimentos (hotéis, restaurantes, messes, quartéis, escolas, centros infantis, lares, hospitais, etc) Matadouros Mercados Lojas Assim o papel do técnico de saúde responsável pelo saneamento do meios será o de: Explicar contínua a população sobre a higiene a ter com os alimentos, o perigo da presença das moscas, a higiene das mãos e utensílios domésticos, a destruição das baratas e luta contra os roedores. - Sobre todas as verduras que se comem cruas e que devem ser bem lavadas com muita água potável; - Para que seja observado o grau de apresentação, conservação, validade dos alimentos enlatados; Alertar as comunidades para que as carnes consumidas sejam provenientes de animais mortos em boas condições de saúde (matadouros devidamente credenciados e inspeccionados por pessoal da veterinária e da saúde); Reforçar a sensibilização aos vendedores de géneros alimentícios para que respeitem as regras elementares de higiene, protecção dos alimentos contra as moscas, limpeza das mãos, venda de alimentos com qualidade etc (Decreto no 12/82 de 23 de Junho); Fazer a educação para a saúde de acordo com o manual de educação para a saúde; Fazer parte da equipe conjunta (saúde, industria e comercio e veterinária) de inspecção sanitária do Distrito; Vigiar as condições de higiene e saneamento dos matadouros, mercados, armazéns, lojas. 8.2.3. Segurança e higiene das habitações A segurança e higiene das habitações aspectos muito importantes na preservação do meio ambiente em que vivemos. Para tal o sector da saúde joga um papel muito importante na transmissão das mensagens educativas sobre a construção, manutenção e uso da habitação levando em consideração o tipo de terreno, a relação com o clima e com a água, formas de eliminação de resíduos e excretas. Assim o técnico de saúde ambiental e saneamento do meio deverá pois, durante as suas visitas às comunidades e no acto das pré vistorias (equipe conjunta com as obras públicas e habitação) para aconcessão de licença de construção de casas (consultar o regulamento das edificações urbanas), verificar se: -O telhado é completamente impermeável, e se resguarda a casa do calor e da chuva; -O pavimento é seco e não húmido; -Se as janelas favorecem uma boa circulação do ar; -Se a cama ou enxerga encontra-se num plano de nível um pouco elevado em relação ao chão; -Proibir a convivência das pessoas com os animais dentro de casa; -O estado higiénico da casa, higiene da louça e utensílios, a higiene e qualidade da água, formas de conservação e protecção da água e dos alimentos; - Verificar se tem ou não a latrina ou outras formas de eliminação de excreta. Em caso de latrinas observar a sua localização, o estado higiénico da mesma; - Verificar a localização da fonte de água - Verificar o sistema de eliminação de resíduos sólidos; - Em épocas frias é comum que as pessoas se aglomerem ao redor de uma lareira para se aquecer. O técnico neste caso lembrar a comunidade que a lareira produz um gás tóxico, o óxido de carbono que silenciosamente pode matar durante o sono. Além disso as chamas podem provocar queimaduras as pessoas desprevenidas em particular crianças, com repercussões de saúde graves; Por conseguinte, explicar também que é preciso deixar circular sempre um pouco de ar nos quartos de maneira que o gás tóxico seja levado para fora senão, há perigo de morte; Contra os mosquitos sensibilizar as comunidades para o uso de redes mosquiteiras, repelentes, pôr redes nas janelas e ventiladores ou fazer fumigações com substâncias anti-mosquitos. Lembrar ainda para a necessidade de eliminar os charcos e cortar o capim a volta das residências como forma de lutar contra as larvas. 8.2.4. Disposição adequada de fezes e urinas Os excrementos humanos são uma das principais fontes de doenças infecciosas e parasitárias como as gastro-enterites, cólera, amebiase, helmintíases, e outras generalizadas como a poliomielite, hepatite viral, febre tifóide e outras. A sua disposição deverá ser garantida a prior no desenho do assentamento da população ou no desenvolvimento urbano, instalação de fabricas, instituições educacionais, unidades sanitárias, mercados ou qualquer outra instituição pública. Para uma boa disposição de excretas deve-se ter sempre em conta; Alternativas possíveis Conhecimento e atitude da comunidade frente a excretas Técnicas de manutenção dos sistemas de evacuação O técnico de saúde ambiental e saneamento do meio deve aconselhar as comunidades: - Sobre a importância do problema, ligando nas suas palestras, a vantagem higiénica trazida pela construção de latrinas; - Vulgar, promover e demonstrar para as comunidades os vários tipos de latrinas: Latrina com fossa seca constituída por uma cova ou poço escavado no solo, por um estrado de madeira ou laje de betão armado, munido de um buraco onde caem as fezes e tendo a volta uma cabana de material fácil ao redor como capim ou chapas de metal por exemplo, para privacidade e protecção contra mau tempo. Esta deve estar construída a uma distância de pelo menos 10 metros da casa e de pelo menos 30 de qualquer poço de água potável, e sempre a nível mais baixo do que o poço. Latrina de fossa estanque constituída por uma câmara em alvenaria, subterrânea, revestida no interior por uma camada de cimento que assegura a impermeabilidade. A fossa deve estar a uma distância de pelo menos a 1 metro das paredes da casa e de pelo menos 30 metros de qualquer poço, cisterna ou conduta de água potável para evitar possíveis poluições de água por infiltração. É oportuno que o tubo da latrina destinado aos excrementos seja munido de uma dupla curva de sifão e mantido sempre limpo com água e escova especial. Este tipo de fossa deve ser esvaziada periodicamente; o efluente pode ser empregue como fertilizantes na agricultura, mas só depois de uma fermentação de 2-4 meses. Quando a fossa estiver quase cheia (50-30 cm abaixo do nível do pavimento) enche-se de terra, desmonta-se a cabana e abre-se uma nova fossa, mantendo a primeira bem tapada e coberta de terra durante 2-4 meses. O seu conteúdo poderá depois ser usado como estrume. Para zonas de lençol freático alto, é preciso um local adequado para a construção das latrinas ou mudar-se a tecnologia, optando por exemplo para o modelo dupla latrina estanque. Consiste num tipo de latrinas com dupla câmara utilizada alternadamente para dar tempo as fezes de se transformarem em estrume. As duas fossas ficam construídas lado a lado, e a urina não deve entrar na fossa, senão para um recipiente separado. Após cada defecação deve colocar cinza sobre as fezes para eliminar o mau cheiro e secar a matéria fecal. O buraco de defecação deve estar sempre tapado. Quando o buraco estiver cheio, tapa-se e muda-se a placa para outra fossa. Latrina com fossa séptica de escoamento contínuo Trata-se de uma fossa em alvenaria dividida em duas secções por um tabique, para que a matéria fecal sofra uma fermentação antes de sair do conduto e se difundir no solo. Sua construção já requer ajuda de um pedreiro. Para diferentes tipos de terreno (arenosos, pantanosos, pedregosos) por favor consultar o técnico das obras públicas mais próximo). Para qualquer um dos casos, o técnico deve reforçar as mensagens de higiene: - Incentivar as comunidades a manter as latrinas sempre limpas e com tampa, de contrário torna-se um local nojento, cheio de moscas e perigo para a saúde; - Não usarem fezes humanas como adubos na agricultura, sem a fermentação adequada de 2-3 meses. 8.2.5. Disposição adequada do lixo e das águas residuais O lixo e as águas residuais nutrem e favorecem a multiplicação de muitos insectos e outros animais nocivos como moscas, mosquitos e roedores. Estes por sua vez transmitem doenças como a malária, amebiase, gastro-enterites, cólera, tracoma, hepatite viral, febre tifóide, poliomielite e outras febres hemorrágicas. Por isso, o técnico da saúde ambiental e saneamento do meio deve-se encorajar as comunidades: - A fazer o aterro para o lixo. O aterro faz-se escavando uma fossa de cerca de 2 metros de profundidade no solo, onde o lixo é despejado e tapado com uma camada de terra. Depois de cheia cobre-se com uma camada de terra e deixa-se repousar por 6 meses. - Onde o solo não permitir recorre-se a incineração. Principalmente nas US, um incinerador é sempre necessário. - As comunidades devem ser apoiada pelas obras publicas e habitação bem como pelo município, no sentido de terem um sistema de drenagem das águas residuais. É pois importante que se faca um estudo do tipo de terreno onde se encontram as comunidades para que se desenhe um sistema de drenagem adequado para cada tipo de terreno. 8.2.6- Luta contra os insectos transmissores de doenças Um problema fundamental para a saúde, e muito ligado ao meio ambiente, é a presença e distribuição de vectores de doenças transmissíveis. O estabelecimento de programas para o controle dos vectores, e a sua avaliação, é geralmente tarefa de especialistas do sector. Aos trabalhadores do CS cabe organizar simples acções que permitam a redução do numero de vectores, tais como a limpeza de aldeias e bairros, e a drenagem ou cobertura de deposito de água estagnada, educação da população para evitar a criação de vectores domésticos. O envolvimento comunitário é essencial para o sucesso desta actividade. A população deve estar suficientemente informada e educada para que entenda a importância da luta anti-vectorial no combate a doenças como a malária e outras febres hemorrágicas. Torna-se portanto crucial direccionar a nossa luta envolvendo mais as mulheres nas comunidades, professores e crianças nas escolas. Programas de comunicação e promoção para a saúde envolvendo os profissionais da saúde, da educação e agentes comunitários/activistasconstitui outra grande estratégia de combate. Parecerias com os lideres comunitários e a Educação constituem uma grande oportunidade na luta contra os vectores transmissores de doenças. O técnico de saúde ambiental e saneamento do meio deve: Ter um domínio sobre o tipo de vectores de doença presentes na área de saúde; Ter um conhecimento sobre a atitude da comunidade frente a vectores Sensibilizar as comunidades para a importância da eliminação dos charcos ou colecções de água; Incentivar as populações a eliminar os insectos com os meios que estão ao alcance: mata-moscas, armadilhas de gaze ou iscas insecticidas, difusão de insecticidas em pó; Promover a luta contra as larvas, mediante larvicidas, destruição de condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento das larvas (escoamento de lixo, das fezes e urina, corte de árvores contra algumas espécies de glossinas cujas larvas vivem na sombra, destruição de vasilhas abandonadas); Experimentar com a população e com as autoridades tradicionais, a identificação de plantas, arvores (eucalipto) ou óleos capazes de afastar ou matar os mosquitos/larvas de mosquitos em charcos; e moluscos nas valas; Promover o uso de redes mosquiteiras impregnadas, repelentes, fumigações, pulverizações; Promover a construção de estábulos para desviar o rumo dos mosquitos da casa para o estábulo; Outras acções do técnicos de saúde: 8.2.7. Práticas de higiene individual e colectiva A higiene pessoal e colectiva é um factor importante para manter são qualquer organismo humano, contra micróbios agentes de doenças, micetes produtores de tinha, parasitas da sarna, larvas de moscas, pulgas, matacanha; sintomas tais como conjuntivites, abcessos, ulcerações e cólera que mais tarde podem originar sequelas profundas e irreversíveis. O técnico de saúde ambiental e saneamento do meio deve dominar as técnicas de educação para a saúde (ver o manual sobre as técnicas de educação para a saúde). A educação sanitária deve ser extensiva a roupa e cama. Roupa e cama suja são factores de riscos de doenças, principalmente as parasitoses causadas por piolhos, percevejos, ácaros da sarna, pulgas. O técnico de saúde ambiental e saneamento do meio deve ainda e sempre que possível aconselhar o uso de calçado como forma de evitar a penetração de larvas de alguns parasitas (ancilostoma) ou outros vermes, matacanhas, ferimentos por vidro, pregos, espinhas etc. 8.2.8- Higiene das escolas e das creches A escola e a creche são locais onde as crianças vivem muitas horas da sua vida, onde se aplicam no estudo, onde entram em contacto com outras crianças e com os adultos, seus professores e outros funcionários. Dai a necessidade imperiosa de tornar o ambiente da mesma o mais saudável possível. Regra geral deve-se criar o mesmo tipo de ambiente que o das nossas casas com todas as condições de ornamentação e sobretudo as higiénico e sanitárias. Cabe pois ao técnico de saúde ambiental e saneamento do meio: -Vigiar as condições higiénicas das escolas e creches em termos de asseio, aplicação devida das regras de higiene fundamentais como a limpeza dos sanitários, quartos e cozinha; a promoção do hábito de lavar as mãos antes das refeições, e da utilização correcta das latrinas e das casas de banho, etc. -Verificar se as latrinas ou sanitários das escolas foram construídas segundo as regras mais rígidas, observando se as mesmas se encontram limpas. Deve-se sensibilizar os professores e educadores a ensinar os alunos como usar os sanitários e como lavar as mãos depois de os terem utilizado; -Verificar se o telhado se encontram em bom estado protegendo as crianças contra a chuva e o sol, boa iluminação e ventilação, bem como pavimento facilmente limpável. -Sobre a profilaxia das doenças infecciosas e parasitárias, o profissional de saúde deve sensibilizar a comunidade escolar para que sejam realizadas e cumpridas todas as medidas de higiene individual e colectiva; -Contra as helmintíases intestinais promover a construção e manutenção de latrinas, e garantia de água potável; -Que se tomem medidas necessárias contra a malária através de quimio-profilaxia nas épocas de transmissão, saneamento no interior e ao redor das escolas; -Sobre a refeição escolar, caso sejam distribuídas nas escolas, o técnico de saúde deve controlar e aconselhar a preparação dos alimentos seja feita com um alto nível de higiene e limpeza; -Na área de educação sanitária é necessário que sejam promovidas acções de sensibilização e de educação sanitária sobre iniciativas de saneamento do meio e de luta contra as doenças infecciosas. O profissional de saúde deve ser o promotor desta actividade e conselheiro técnico dos estudantes. 8.2.9- Higiene das fábricas, e outros locais de trabalho É indispensável que o profissional de saúde ambiental e saneamento do meio visite os lugares de trabalho das unidades de produção e veja quais são os problemas sanitários relacionados com o tipo de produção. Neste âmbito deve observar. As condições de saúde dos trabalhadores; - O ambiente de trabalho, se é adequado, limpo e confortável; - A circulação de ar, humidade, e temperatura; - Se existem possibilidades de absorver substâncias tóxicas, como vernizes, sais de chumbo, alcatrão, pesticidas etc., - Se há o risco de acção alérgica ou irritante como no caso de contacto com a serradura de algumas madeiras, vernizes, cimento, sumos de plantas como o de casca de caju; - Se já perigo de transmissão de agentes infecciosos como o carbúnculo durante o trabalho de couros ou lãs, ou parasitários no caso dos anquilostomos nos mineiros, oleiros, operários de plantações agrícolas; esquistosomas nos arrozais ou nas culturas de irrigação; inalação de pós prejudiciais como nos canteiros, mineiros, operários de varias fabricas de construção e outras onde o pó se levanta etc.; O profissional de saúde ambiental e saneamento do meio deve ainda: -Submeter todos os trabalhadores a um exame médico periódico; -Vigiar para que não hajam poluições industriais que poluam o meio ambiente com substâncias residuais que provenham das fábricas, com impacto também nas plantações, animais e pessoas a volta das mesmas; - Promover o uso do equipamento de protecção individual (capacete, óculos, protector para os ouvidos, máscara, fato-macaco, luvas e botas) por forma a minimizar os riscos de contaminação e acidentes de trabalho; 8.2.10- Higiene dos estábulos e dos animais domésticos; Os animais domésticos não devem viver dentro de casa porque os seus excrementos atraem as moscas o seu corpo atrai artrópodes picadores (mosquitos, flebótomos, moscas tsé-tsé e caraças) e podem ser portadores de doenças transmissíveis também ao homem (carbúnculo hermético, brucelose, hidatidose, raiva, tuberculose e Gripe das Aves). Assim o profissional de saúde ambiental e saneamento do meio deve: -Sensibilizar as comunidades para que nunca deixem os animais domésticos atravessar as zonas residenciais porque sujam as ruas com os seus excrementos; -Proibir que os animais bebam água acima das captações de água destinada ao uso humano, nem nos poços de água; -Sensibilizar para que sejam construídos currais sólidos, cobertos e que os animais sejam bem nutridos, e que sejam vigiados sob o ponto de vista higiénico e de saúde; -Abater ou promover diligências para o abate ou de animais que tenham sinais de peste bubónica, peste suína, raiva, carbúnculo hemático, nagana, pleuro-pneumonia contagiosa dos bovinos e tuberculose. Depois de morto o animal deve ser destruído por meio do fogo. Envolver, sempre que disponível, a intervenção de um veterinário, deve- se isolar o animal e chamar o veterinário com urgência. -Para animais bovinos ou suínos cujos músculos notarem-se a presença de cisticercos deve-se observar também o coração, os músculosde mastigação e a língua, e finalmente aconselhar aos interessados nesta carne para que a mesma seja comida depois de muito bem cozida, e nunca cruas ou levemente assadas. 8.2.11- Higiene dos cemitérios O profissional de saúde ambiental e saneamento do meio deve incutir no seio das comunidades a necessidade de haver cemitérios públicos; deve desencorajar a abertura de campas isoladas. Os cemitérios quer sejam familiares ou comunitários devem estar a uma distância razoável das habitações, sobretudo das fontes de água; deve-se respeitar uma distancia mínima de 10 metros da fonte de água e numa posição de cerca de 3 metros abaixo do nível onde se encontram as fontes de abastecimentos de água. Essa medida ajuda a minimizar o risco de contaminação da água para o consumo pela degradação dos cadáveres. Os cemitérios devem permanecer limpos e secos para isso devendo-se fazer um programa de limpeza regular. As mesmas devem ser levadas a cabo pelas comunidades com o apoio do município ou outras autoridades. 8.3 A responsabilidade do pessoal de saúde sobre estes assuntos é principalmente de controlar e Incentivar as comunidades para as acções de promoção para a saúde. Deve existir uma boa ligação com a comunidade para se poder efectuar uma educação sanitária: deve existir uma boa ligação com as estruturas competentes (educação, comércio, agricultura, construção e águas, municípios, lideres comunitários) para intervir no melhoramento da saúde da população. 8.4 Alguns dos indicadores possíveis para avaliar estas actividades são os seguintes: 8.4.1 A percentagem da poluição que se abastece em fontes diferentes de água (canalizada, poços, rios, pântanos, nascentes, etc); as variações destas percentagens a favor das fontes mais seguras ao longo dos anos. 8.4.2 A percentagem da população que tem uma boa fonte de água, que corresponda a certos critérios de quantidade, qualidade e regularidade, dentro de 15 minutos de caminho; o aumento desta percentagem ao longo dos anos indica um melhoramento. 8.4.3 É útil saber a quantidade média de água consumida por pessoa; em colaboração com a empresa gestora de água, é possível saber a quantidade de água abastecida por habitante. Um aumento percentual da população com boas condições indica que o programa para o abastecimento de água esta a andar bem. 8.4.4 Amostras de água consumida pela população, analisadas periodicamente e com características quimico-físicas e bacteriológicas de pureza; uma diminuição da percentagem de amostras de água contaminadas ou imprópria para o uso/consumo, indica um bom andamento do programa no que diz respeito ao controle da qualidade da água. 8.4.5 O controle periódico numa amostra de famílias do tipo de conservação de água e da sua duração; a percentagem de famílias com armazenamento que corresponde a certos critérios de segurança como: recipiente limpo, com tampa, instrumento apropriado para tirar água, boa temperatura ambiental, intervalo de 24 horas de uso, etc. 8.4.6 A percentagem de casas com latrina ou com outro sistema higiénico de evacuação de excretas, numa amostra de casas em áreas geográficas diferentes; o aumento desta percentagem ao longo dos anos é um bom indicador de melhoramento da educação e do nível sócio-económico. Contudo a presença da latrina não é garantia do seu uso, nem garante que haverá uma diminuição da incidência e prevalência das doenças de transmissão feco-oral. Por isso um programa de educação sanitária bem desenhado e baseado na comunidade é essencial para alterar o comportamento da população em relação ao tratamento das excretas e assim promover e com sustentabilidade hábitos de vida saudáveis. 8.4.7 A percentagem de aldeias, bairros, mercados, escolas, outras instituições com aterro sanitário apropriadamente construído e utilizado, numa amostra periódica deste tipo de instituições, constitui um bom indicador de do estado de higiene das comunidades. O aumento de casos de diarreias em adultos (sinal premonitor de epidemia de cólera) pode ser um indicador indirecto do estado de higiene das comunidades 8.4.8 Indicadores relativos ao estado da habitação: percentagem de casas com boa ventilação, com estabulo para os animais domésticos, com cozinha em lugar apropriado, com boa armazenagem da comida e dos alimentos, com fogão seguro para as crianças, com tecto em bom estado, etc. Pode-se também calcular a média de pessoas que dormem num mesmo quarto e a percentagem de famílias com mais ou menos de duas pessoas por quarto. 8.4.9. A percentagem dos estabelecimentos inspeccionados (mercados, restaurantes, hotéis, lojas ou outras instituições que lidam com alimentos) com um sistema de abastecimento de água adequado, com latrinas ou outro tipo de sanitários devidamente funcionais, com aterros sanitários ou outro sistema de destruição do lixo, pode ser um bom indicador da qualidade de alimentos. No entanto é importante que se divulguem mensagens apropriadas sobre a produção, conservação, armazenamento, transporte, venda e consumo dos alimentos com qualidade e em segurança junto dos produtores, armazenistas, transportadores, comerciantes, vendedores e consumidores. 8.5 A recolha de dados para calcular todos estes indicadores dificilmente pode ser feita por rotina, porque precisaremos de um numero enorme de trabalhadores para controlar toda a área de saúde e de mais pessoal para manter os registos e fazer o trabalho administrativo. É aconselhável escolher só alguns dos indicadores de acordo com os programas, o perfil epidemiológico da área de saúde e as actividades que se querem avaliar, e recolher os dados com pequenos inquéritos periódicos em amostras casuais de habitantes, famílias, casas ou instituições. Estes inquéritos e a metodologia para a escolha da amostra podem ser uniformizados a novel central, de maneira a garantir a comparabilidade das informações em áreas de saúde e épocas diferentes. 8.5.1 Ainda que não seja possível recolher de uma forma rotineira os dados para os indicadores, é sempre necessário proceder a uma actividade inspectiva regular das fontes de abastecimento de água, dos sistemas de evacuação de lixo e excretas, da cadeia alimentar e do controle vectorial. Cabe ao pessoal do CS implementar todas as leis do Estado para a defesa da saúde publica a nível da área de saúde. Deve ser feito um plano de inspecções após um reconhecimento prévio da área de saúde. Cada inspecção deve ser registada em fichas apropriadas, individuais, uma por cada estabelecimento, aldeia ou estrutura. Para maximizar o rendimento é útil incluir a actividade inspectiva junto com outras actividades (PAV, tuberculose e lepra, visitas a aldeias e escolas, etc). 8.6 O próprio CS deve ser um modelo de higiene e limpeza para a comunidade: deve ter um bom abastecimento de água potável, uma cozinha e armazém de géneros alimentícios limpos e funcionais, latrinas ou outro tipo de sanitários limpos, com boa manutenção e funcionais, um aterro sanitário para o lixo, uma morgue. Deve ter rotina de trabalho funcional e conhecida pelos trabalhadores de saúde. 8.7. Destruição do lixo Antes da destruição do lixo, segregar deve-se segregar por categoria: lixo comum, lixo perigoso, lixo altamente perigoso. (para mais detalhes consultar a Politica de Gestão do lixo Hospitalar ou o guião de apoio para implementação do regulamento sobre a gestão de lixos biomédicos ou ainda o decreto nº 8 /2003 de 18 de Fevereiro sobre o regulamento sobre a gestão de lixos biomédicos). Preparar um aterro sanitário especial para a destruição e decomposição dos restos de comida e utilizar o composto como fertilizante na horta ou no pomar do CS; Deitar nos buracos das latrinas ou nas fossas sépticas, ou enterrar, todas as excretas: pus, vómitos, fezes, urina e outro material potencialmente infeccioso; Garantir que a US tenha um incinerador que pode ser constituído por um velho barril de gasolina, ou construído com tijolos e cal para se poder destruir o lixo diariamente; Fezes, urina e águas sujas, provenientes da US deve ser escoado para um sistema de esgotos das águas que assegure a plena destruição dos germes patogénicos. Aconselha-se neste caso uma plena supervisão de um médico, mas o profissional de saúde em saneamento do meio deve chamar pela participação das comunidades na construção das valas; Enterrar as placentas numa fossa própria e não deixa-las descobertas;
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