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COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

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WEBAULA 1 
Unidade 1 – Formas da Linguagem 
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM 
“Por isso, deram-lhe o nome de Babel, porque ali o Senhor confundiu 
a linguagem de todos os habitantes da terra, e dali os dispersou 
sobre a face de toda a terra.” (Gênesis, 11;9) 
Independente da crença de cada um, é fato que, em algum momento 
de sua evolução, o homem sentiu necessidade de se expressar, de se 
comunicar com seu semelhante, indo além de gritos e gestos, 
prováveis formas de comunicação pré-históricas. 
Os antropólogos supõem que a comunicação entre os pré-hominídeos 
e hominídeos era semelhante à dos demais mamíferos (gritos, urros, 
grunhidos, rosnados e determinadas posturas corporais que 
traduziam a necessidade de comer, de acasalar, de brincar e também 
revelavam ameaça ou perigo. Gradativamente, com o aumento de 
sua massa cerebral, o que era uma linguagem natural dos pré-
hominídeos e primeiros hominídeos passou a ser uma linguagem 
intencionalmente imitativa dos sons emitidos pelos animais e dos 
sons da natureza.[...] 
A complexificação dessa linguagem onomatopaica, assim como a 
sofisticação da linguagem corporal, permitiu que esses grupos 
desenvolvessem regras de interpretação comuns e complementassem 
o entendimento dos meros sinais naturais com a instituição de 
símbolos que procuravam determinar a que grupos pertenciam, a 
definir certa orientação para as caçadas, a delimitar fronteiras e, até 
mesmo, para expressar as relações de poder. 
Disponível em: http://www.scribd.com/doc/932718/Historia-da-
comunicacao-humana. Acesso em: 07 set. 2010. 
 
Acredita-se que a fala foi desenvolvida entre 40.000 e 10.000 anos 
atrás e, por meio dela, o homem, já possuindo grande 
desenvolvimento cultural, pode narrar a seus descendentes tudo 
aquilo que aprendera pela tradição oral de sua comunidade. 
Mas isso não era suficiente: a memória falha, as palavras se perdem 
no vento... Assim, numa tentativa de registrar suas histórias e feitos, 
os homens pré-históricos utilizaram-se de representações pintadas 
nas paredes das cavernas (pintura rupestre). 
Por volta de 4.000 a.C. desenvolveu-se a escrita cuneiforme pelos 
sumérios, os quais cunhavam-na em placas de barro. Nessa mesma 
época, os egípcios antigos desenvolveram as escritas demótica e 
hieroglífica. 
 
O alfabeto que conhecemos e utilizamos tem origem, principalmente, 
no fenício, que se estendeu pelos povos da Ásia a partir do século XV 
antes de Cristo. Progressivamente, o alfabeto fenício foi adaptado na 
Grécia. Na Itália, o alfabeto grego influenciou bastante o abecedário 
etrusco, que, por sua vez, originou o alfabeto latino (séculos VII a III 
antes de Cristo). E chegamos ao século XXI nos comunicando via 
rádio, televisão, telefones móveis e internet! 
A INTERAÇÃO PELA LINGUAGEM 
A linguagem já foi vista de diferentes formas ao longo do tempo, as 
quais podem ser sintetizadas da seguinte forma: como expressão do 
pensamento; como meio de comunicação; como forma de interação. 
Apesar de essas diferentes concepções conviverem até hoje, estamos 
atualmente sob o domínio da linguagem como forma de interação 
social, ou seja, o homem pratica ações e influencia o outro por meio 
da linguagem. 
Na Pedagogia, o interesse sobre a educação normalmente recai sobre 
conteúdos e técnicas pedagógicas; quase não se discute sobre a 
linguagem praticada em sala por professor e alunos. Essa reflexão, 
no entanto, é necessária na medida em que a técnica não será 
eficiente se não houver entre professor e alunos um entrosamento 
linguístico adequado. 
O professor, por um lado, não deve “falar difícil” – utilizar um nível de 
linguagem extremamente diferente do aluno –, mas, por outro lado, 
também não pode adaptar-se ao nível de linguagem do aluno, pois o 
objetivo da escola é justamente oferecer ao estudante a possibilidade 
de adquirir outros dialetos e praticar outros níveis de linguagem 
diferentes do seu. 
A aula é uma interação com um contexto bem particular: o diálogo 
tradicionalmente é assimétrico, visto que o professor detém um saber 
que será repassado ao aluno, o qual, supostamente, não o tem. 
Contudo, hoje, ao se portar como mediador entre aluno e 
conhecimento, o professor, por meio da linguagem e de sua postura 
ao conduzir a classe, permite ao aluno expressar sua subjetividade e 
o ensino-aprendizagem torna-se lugar de um jogo de representações 
em que o acesso ao conhecimento se dá por meio de um processo de 
negociação, de trocas, de normas partilhadas, de concessões. 
LINGUAGEM VERBAL E NÃO-VERBAL 
Na comunicação, não dispomos 
somente de palavras (linguagem verbal), mas empregamos 
diferentes códigos para transmitir mensagens a nossos 
interlocutores: olhares, sons, imagens, gestos, vestimentas, 
comportamentos, cores entre outros elementos não-verbais. Até 
mesmo a culinária pode ser usada para comunicar algo: se num 
jantar a dois, o outro lhe oferecer ostras ou chocolate com pimenta, 
isso pode ser um sinal de que ele quer “algo mais”, visto que se 
acredita que esses alimentos têm poderes afrodisíacos... 
Nas Artes Visuais, por exemplo, a moda, o vídeo, o cinema, a 
fotografia, a web, a ilustração, a animação digital são consideradas 
linguagens áudio-visuais. 
Portanto, apesar de as palavras serem o principal código que 
utilizamos para nos comunicar, existem outros códigos de 
comunicação possíveis. 
CLIQUE AQUI e leia o artigo “Comunicação não-verbal em sala de 
aula”, de Flávia Maria T. dos Santos e Eduardo F. Mortimer. 
A LINGUAGEM EM USO 
Dentre as diferentes formas de linguagem, a que mais utilizamos em 
nosso cotidiano é a língua (falada ou escrita). A língua pertence ao 
grupo social que a utiliza e, por ser um fato social, ela é um 
fenômeno ao mesmo tempo conservador e dinâmico. Conservador 
porque precisa manter certo grau de uniformidade e dinâmico porque 
se modifica com o tempo. 
Os elementos componentes de uma língua têm uma uniformidade 
capaz de distingui-la de outra língua. Com isso, todos os falantes 
conhecem as estruturas gerais de funcionamento da sua língua e 
conseguem reconhecer aquilo que não pertence a ela. 
Por outro lado, não há duas pessoas que falem da mesma forma, 
embora estejam falando a mesma língua. O modo de cada falante 
utilizar os recursos linguísticos de dada língua é responsável pelo 
fenômeno da diversidade. Essas variações, muitas vezes, são pouco 
perceptíveis. No entanto, quando elas são bastante evidentes e 
diferenciam grupos dentro da mesma língua recebem o nome de 
variações linguísticas. 
 
[1] http://www.fae.ufmg.br/abrapec/revistas/v1n1a2.pdf 
Esse contraste entre uniformidade e diversidade é notado, sobretudo 
na fala, pois a escrita é mais conservadora e obedece a padrões mais 
rígidos. Essa variação da língua resulta de vários motivos: 
• regionais: o regionalismo é notado, em primeira 
instância, na pronúncia (no sotaque); contudo o 
vocabulário e o uso de normas gramaticais também 
denotam algumas diferenças; 
• socioculturais: idade, sexo, posição social, nível de 
estudos, cultura, profissão; 
• contextuais: assunto, lugar, momento, relação entre os 
interlocutores. 
Nos quadrinhos abaixo, Maurício de Souza explora essa questão das 
variedades linguísticas: 
 
Com o decorrer do tempo, as variedades da língua alteram-se sob 
vários aspectos. Podemos perceber, por exemplo, que o vocabulário é 
enriquecido com palavras relacionadas a novos produtos, novos 
hábitos ou novas criações artísticas. Basta pensar no uso que se faz 
hoje de termos como acessibilidade, sustentabilidade. 
É preciso ficar claro que a variação é um fenômeno característico a 
qualquer língua do mundo, não é algo restrito à língua portuguesa. 
Mas, mais importante que isso: não há hierarquia entre os usos, 
assim como não há um uso que seja melhor que outro, são apenasusos diferentes. 
VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO 
A língua, sendo um código de que o homem se serve para se 
comunicar, apresenta basicamente duas modalidades: a culta e a 
popular. 
A linguagem culta, também chamada padrão, tem por base a norma 
estabelecida pela gramática tradicional ou normativa (“regras do bem 
falar e bem escrever”), cuja origem compreende a língua literária e a 
forma linguística utilizada pelo segmento mais culto e influente da 
sociedade. Atualmente, determinados meios de comunicação de 
massa (emissoras de televisão, jornais, revistas, etc.) e o ensino 
escolar são seus maiores transmissores. 
A norma culta tem seu papel dentro da língua, afinal é ela que 
assegura a unidade da língua, fato que tem implicações político-
culturais. Em nome dessa unidade, ela é ensinada nas escolas e 
difundida nas gramáticas de cunho normativo. 
Para ler um resumo das mudanças ortográficas que ocorreram 
na língua portuguesa a partir de 2009. 
Por outro lado, temos a espontaneidade, a expressividade, a 
dinamicidade e a criatividade da linguagem popular. É a linguagem 
cotidiana, utilizada no dia-a-dia. Ela apresenta gradações diversas, 
tendo em seu limite a gíria e o calão (“palavrões”). 
O falante faz escolhas para usar a língua. Assim, conforme a 
situação, ele pode fazer usos diversos, como, por exemplo: Estou 
cansada (culto); Tô cansada (popular); Tô pregada (gíria). 
Apesar do avanço dos estudos sobre língua e linguagem, algumas 
ideias persistem e continuam originando aquilo que Bagno (2002) 
chama de preconceito linguístico. 
Para o autor, esse preconceito tem origem na confusão entre o que é 
língua e o que é gramática normativa: 
A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a 
gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela 
mais visível dele, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, 
tem seu valor e seus méritos, mas é parcial [...] e não pode ser 
autoritariamente aplicada a todo o resto da língua [...] (BAGNO, 
2002, p. 9-10, grifos do autor). 
O autor adverte que, embora hoje exista uma forte luta contra os 
preconceitos quaisquer sejam suas origens e formas, com relação à 
língua, ele ainda é muito comum. A mitologia do preconceito 
linguístico envolve oito afirmações corriqueiras que constituem, 
segundo Bagno (2002), mitos difundidos em nossa cultura, mas que 
se afastam da nossa realidade. São eles: 
1. A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma 
unidade surpreende. 
2. Brasileiro não sabe português/ Só em Portugal se fala 
bem português [...]. 
3. Português é muito difícil. 
4. As pessoas sem instrução falam tudo errado. 
5. O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o 
Maranhão. 
6. O certo é falar assim porque se escreve assim. 
7. É preciso saber gramática para falar e escrever bem. 
8. O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão 
social. 
Bagno (2002) assevera que esse preconceito é perpetuado pelo 
ensino que ainda se baseia na visão normativa e pelos meios de 
comunicação quando “pregam” que as pessoas devem “falar o 
português correto” e desrespeitam os falantes que não dominam essa 
variante, abordando-os de forma estereotipada e preconceituosa. 
Para desconstruir o preconceito, o autor sugere que uma mudança de 
atitude, partindo dos professores de língua e atingindo as demais 
camadas da sociedade: 
Uma das principais tarefas do professor de língua é conscientizar seu 
aluno de que a língua é como um grande guarda-roupa, onde é 
possível encontrar todo tipo de vestimenta. Ninguém vai só de maiô 
fazer compras num shopping-center [...]. Usar a língua, tanto na 
modalidade oral como na escrita, é encontrar o ponto de equilíbrio 
entre dois eixos: o da adequabilidade e o da aceitabilidade. [...] É 
totalmente inadequado, por exemplo, fazer uma palestra num 
congresso científico usando gíria, expressões marcadamente 
regionais, palavrões etc. A platéia dificilmente aceitará isso. É claro 
que se o objetivo do palestrante for precisamente chocar seus 
ouvintes, aquela linguagem será muito adequada... Não é adequado 
que um agrônomo se dirija a um lavrador analfabeto usando uma 
terminologia altamente técnica e especializada, a menos que queira 
não se fazer entender. Como sempre, tudo vai depender de quem diz 
o quê, a quem, como, quando, onde, por quê e visando que efeito 
[...] (BAGNO, 2002, p. 130-131, grifos do autor). 
Portanto, ao usar a língua, lembre-se da comparação feita pelo autor: 
A LÍNGUA É COMO UM GRANDE GUARDA-ROUPA 
Da mesma forma que você se preocupa 
“com que roupa eu vou a tal lugar?” para ir trajado de maneira 
adequada e não passar vergonha, pense “que linguagem vou usar 
nesta situação para que meu interlocutor me compreenda?”. No uso 
da linguagem e nas demais relações sociais, vale a regra do bom-
senso, daquilo que é adequado a cada situação! 
WEBAULA 2 
Unidade 1 – Formas da Linguagem 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência, a vossa! 
Ai, palavras, ai, palavras, 
sois de vento, ides no vento, 
no vento que não retorna, 
e, em tão rápida existência, tudo se forma e se transforma! 
(Das palavras aéreas, Cecília Meireles) 
Cecília Meireles, na estrofe que abre esta aula, admira-se com a 
“estranha potência” das palavras. De fato, não basta conhecer a 
língua, as palavras, é preciso saber reconhecê-las e usá-las! 
Por exemplo, num encontro causal, quando o falante diz “Tudo 
bem?”, ele não está, de fato, querendo que o outro lhe conte sobre 
sua vida; trata-se tão somente de um cumprimento, uma forma de se 
estabelecer contato. Saudações e cumprimentos em situações 
formais não veiculam ou buscam informações referenciais, as 
palavras são esvaziadas de significado descritivo e ganham valor 
sócio-comunicativo. 
As palavras podem ser usadas a partir de dois eixos de significação: o 
eixo denotativo ou referencial e o conotativo ou afetivo, figurativo. 
Um enunciado tem valor denotativo sempre que o falante/ autor 
utiliza as palavras em seu sentido literal, o qual corresponde à 
primeira significação atribuída às palavras nos dicionários da língua. 
Já num enunciado conotativo, as palavras têm sentido afetivo, 
figurado, dado pelo contexto. 
Para exemplificar a relação entre sentido denotativo e conotativo, 
citamos Garcia (1983, p. 141): 
A palavra cão tem sentido denotativo quando aponta ou 
designa o animal mamífero quadrúpede canino; mas é pura 
conotação quando expressa o desprezo que me desperta uma pessoa 
sem caráter ou extremamente servil. A palavra rosa não significa a 
mesma coisa para o botânico interessado na classificação das 
espécies vegetais, para o jardineiro profissional incumbido de regá-la, 
para o amador que a cultive como passatempo nos fins-de-semana e 
procura, por simples deleite, através de enxertos e cruzamentos, uma 
espécie nova para exibir a amigos e visitantes. Muito diversa será 
ainda a conotação para a dona-de-casa que com ela adorne um 
centro de mesa, para o florista, que vê nela apenas um objeto de 
transação comercial rendosa. 
Tendo por base o autor citado acima, podemos afirmar que a 
conotação implica um estado de espírito, um juízo de valor em 
relação ao objeto designado, o qual varia segundo a experiência, o 
conhecimento de mundo, a cultura do indivíduo. A conotação é, 
enfim: 
[...] uma espécie de emanação semântica, possível graças à 
faculdade de associação de ideias inerente ao espírito humano, 
faculdade que nos permite relacionar coisas análogas ou 
assemelhadas. Esse é, em essência, o traço característico do 
processo metafórico, pois metáfora é conotação (GARCIA, 1983, p. 
142). 
Marques (1990, p. 62) observa que “no sentido conotativo das 
formas linguísticas, incluem-se os valores de significado que elas 
adquirem no contexto ou situação de uso [...]”. 
É interessantedestacar que textos humorísticos, muitas vezes, 
brincam com o trânsito entre os sentidos literal e figurado, e o humor 
vem justamente da confusão entre os sentidos: 
 
 
O menino usa a expressão “cabeça de gado” em sentido conotativo, 
criando uma metonímia (figura de linguagem em que se usa a parte 
pelo todo) e Chico Bento entende em sentido literal, por isso a 
resposta dada. Já nas piadas abaixo, o humor está no uso de 
expressões que têm mais de um sentido possível: 
• Dois litros de leite atravessaram a rua e foram 
atropelados. Um morreu, o outro não. Por quê? – 
Resposta: Porque um deles era Longa Vida. 
• Porque o elefante não pega fogo? - Resposta: Porque ele 
já é cinza. 
• O que o tomate foi fazer no banco? - Resposta: Foi tirar 
extrato. 
• O que a galinha foi fazer na igreja? - Resposta: Assistir a 
Missa do Galo. 
Nessas piadas, o humor reside na polissemia (possibilidade de 
diferentes sentidos) das expressões “longa vida” (duração da vida x 
tipo de embalagem do leite, o famoso “leite de caixinha”), 
“cinza” (cor x restos de uma queimada), “extrato” (molho ou massa 
do tomate x comprovante que se retira no banco), “missa do galo” 
(missa rezada pelo Papa na passagem de ano x o galo seria quem 
rezaria a missa). 
Os provérbios ou ditos populares são também um grande exemplo de 
linguagem conotativa, visto que são textos breves que condensam 
ensinamentos provindos da sabedoria popular: 
• Pimenta nos olhos dos outros é refresco. 
• Santo de casa não faz milagres. 
• Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. 
Como se vê nos provérbios acima, temos uma linguagem 
essencialmente conotativa. Denotativamente, poderíamos passar 
essas mesmas informações:
• O sofrimento do outro não afeta àqueles que não estão 
envolvidos.
• A pessoa que tem uma profissão não costuma c
em prática quando está em casa.
• A insistência pode levar ao êxito/ a se conseguir aquilo 
que deseja.
DENOTAÇÃO: emprego de palavras no seu sentido próprio, comum, 
habitual, preciso, aquele que consta nos dicionários.
CONOTAÇÃO: emprego de palavras tomadas em sentido figurado, 
que depende do contexto.
CONOTAÇÃO E LINGUAGE
“Uno quer o trono do Gol”
Chamam a atenção do leitor o título e a construção desse texto, não 
é mesmo? Especialmente quando se nota que o texto em questão é 
uma reportagem, portanto um texto informativo, que pressupõe 
linguagem predominantemente denotativa. É interessante como seu 
autor, Fernando Pedroso, utiliza linguagem conotativa num texto em 
que ela não é esperada. No entanto, essa “transgressão” do autor 
não é condenável, pelo contrário, ele soube utilizar linguagem
figurada (Uno quer “trono” do Gol) e, ainda, aproveitou para fazer 
intertextualidade com contos de fadas no primeiro parágrafo (“era 
uma vez...”) e com o subtítulo “os reis estão nus”, chamando atenção 
para seu texto. 
E essa estratégia funcionou muito bem
ler notícias e reportagens no site MSN; acesso esse site somente por 
causa do meu e-mail (hotmail). No entanto, esse título inusitado 
chamou minha atenção e, mesmo sendo uma reportagem sobre um 
Como se vê nos provérbios acima, temos uma linguagem 
essencialmente conotativa. Denotativamente, poderíamos passar 
essas mesmas informações: 
O sofrimento do outro não afeta àqueles que não estão 
envolvidos. 
A pessoa que tem uma profissão não costuma c
em prática quando está em casa. 
A insistência pode levar ao êxito/ a se conseguir aquilo 
que deseja. 
RESUMINDO: 
emprego de palavras no seu sentido próprio, comum, 
habitual, preciso, aquele que consta nos dicionários. 
emprego de palavras tomadas em sentido figurado, 
que depende do contexto. 
CONOTAÇÃO E LINGUAGEM FIGURADA 
Leia o texto 
 
“Uno quer o trono do Gol” 
Chamam a atenção do leitor o título e a construção desse texto, não 
é mesmo? Especialmente quando se nota que o texto em questão é 
uma reportagem, portanto um texto informativo, que pressupõe 
nguagem predominantemente denotativa. É interessante como seu 
autor, Fernando Pedroso, utiliza linguagem conotativa num texto em 
que ela não é esperada. No entanto, essa “transgressão” do autor 
não é condenável, pelo contrário, ele soube utilizar linguagem
figurada (Uno quer “trono” do Gol) e, ainda, aproveitou para fazer 
intertextualidade com contos de fadas no primeiro parágrafo (“era 
uma vez...”) e com o subtítulo “os reis estão nus”, chamando atenção 
E essa estratégia funcionou muito bem: eu não tenho o costume de 
ler notícias e reportagens no site MSN; acesso esse site somente por 
mail (hotmail). No entanto, esse título inusitado 
chamou minha atenção e, mesmo sendo uma reportagem sobre um 
Como se vê nos provérbios acima, temos uma linguagem 
essencialmente conotativa. Denotativamente, poderíamos passar 
O sofrimento do outro não afeta àqueles que não estão 
A pessoa que tem uma profissão não costuma colocá-la 
A insistência pode levar ao êxito/ a se conseguir aquilo 
emprego de palavras no seu sentido próprio, comum, 
emprego de palavras tomadas em sentido figurado, 
Chamam a atenção do leitor o título e a construção desse texto, não 
é mesmo? Especialmente quando se nota que o texto em questão é 
uma reportagem, portanto um texto informativo, que pressupõe 
nguagem predominantemente denotativa. É interessante como seu 
autor, Fernando Pedroso, utiliza linguagem conotativa num texto em 
que ela não é esperada. No entanto, essa “transgressão” do autor 
não é condenável, pelo contrário, ele soube utilizar linguagem 
figurada (Uno quer “trono” do Gol) e, ainda, aproveitou para fazer 
intertextualidade com contos de fadas no primeiro parágrafo (“era 
uma vez...”) e com o subtítulo “os reis estão nus”, chamando atenção 
: eu não tenho o costume de 
ler notícias e reportagens no site MSN; acesso esse site somente por 
mail (hotmail). No entanto, esse título inusitado 
chamou minha atenção e, mesmo sendo uma reportagem sobre um 
carro que não me chama a atenção, 
computador para poder utilizá
minhas aulas e é o que estou fazendo agora...
Assim, cabe uma observação: as figuras de linguagem, quando 
intencionalmente bem utilizadas, enriquecem o texto, tor
interessante para o ouvinte ou leitor. No entanto, quando utilizadas 
sem propósito claro ou num contexto inapropriado, certas figuras 
acabam se convertendo em vícios de linguagem. Mais uma vez, 
portanto, vemos que, em língua, deve haver o bom
adequação! 
“Cuidado com os clichês!”
Já que estamos seguindo uma linha bem
convido você a assistir a um trecho de um espetáculo de humor em 
que Marcius Melhem, conhecido humorista da Rede Globo, brinca com 
o pleonasmo (como vício de linguagem):
DENOTAÇÃO E LINGUAGE
Sabia que, desde que entrou na Universidade, você está 
frequentando a “academia” e, por isso, produz textos “acadêmicos”?
O texto acadêmico promove a circulação do saber científico, primeiro 
como repetição, depois como atividade criativa que demonstra 
autoria e, portanto, autonomia, promovendo a inserção do aluno na 
comunidade científica e, também, no mercado de trabalho. Porta
o que caracteriza um texto acadêmico é, antes de tudo, o seu objeto: 
ele veicula o fruto de alguma 
artística. Deve, pois, refletir o rigor, a perspectiva crítica, a 
preocupação constante com a objetividade e a cl
inerente da pesquisa acadêmica.
A maioria dos textos acadêmicos tem, primordialmente, caráter 
dissertativo/argumentativo e descritivo e serve para enunciar uma 
tese, uma visão de mundo ou uma opinião que devem ser 
sustentadas cientifica
linguagem técnica/padrão.
carro que não me chama a atenção, li o texto, gostei e salvei em meu 
computador para poder utilizá-lo como exemplo em alguma de 
minhas aulas e é o que estou fazendo agora... 
Assim, cabe uma observação: as figuras de linguagem, quando 
intencionalmente bem utilizadas, enriquecem o texto,tor
interessante para o ouvinte ou leitor. No entanto, quando utilizadas 
sem propósito claro ou num contexto inapropriado, certas figuras 
acabam se convertendo em vícios de linguagem. Mais uma vez, 
portanto, vemos que, em língua, deve haver o bom
Leia o texto 
 
“Cuidado com os clichês!” 
Já que estamos seguindo uma linha bem-humorada nesta web
convido você a assistir a um trecho de um espetáculo de humor em 
Melhem, conhecido humorista da Rede Globo, brinca com 
o pleonasmo (como vício de linguagem): 
DENOTAÇÃO E LINGUAGEM ACADÊMICA 
Sabia que, desde que entrou na Universidade, você está 
frequentando a “academia” e, por isso, produz textos “acadêmicos”?
texto acadêmico promove a circulação do saber científico, primeiro 
como repetição, depois como atividade criativa que demonstra 
autoria e, portanto, autonomia, promovendo a inserção do aluno na 
comunidade científica e, também, no mercado de trabalho. Porta
o que caracteriza um texto acadêmico é, antes de tudo, o seu objeto: 
ele veicula o fruto de alguma investigação científica, filosófica ou 
artística. Deve, pois, refletir o rigor, a perspectiva crítica, a 
preocupação constante com a objetividade e a clareza que são parte 
inerente da pesquisa acadêmica. 
A maioria dos textos acadêmicos tem, primordialmente, caráter 
dissertativo/argumentativo e descritivo e serve para enunciar uma 
tese, uma visão de mundo ou uma opinião que devem ser 
sustentadas cientificamente e formalizadas de acordo com a 
linguagem técnica/padrão. 
li o texto, gostei e salvei em meu 
lo como exemplo em alguma de 
Assim, cabe uma observação: as figuras de linguagem, quando 
intencionalmente bem utilizadas, enriquecem o texto, tornam-no 
interessante para o ouvinte ou leitor. No entanto, quando utilizadas 
sem propósito claro ou num contexto inapropriado, certas figuras 
acabam se convertendo em vícios de linguagem. Mais uma vez, 
portanto, vemos que, em língua, deve haver o bom-senso e a 
humorada nesta web-aula, 
convido você a assistir a um trecho de um espetáculo de humor em 
Melhem, conhecido humorista da Rede Globo, brinca com 
Sabia que, desde que entrou na Universidade, você está 
frequentando a “academia” e, por isso, produz textos “acadêmicos”? 
texto acadêmico promove a circulação do saber científico, primeiro 
como repetição, depois como atividade criativa que demonstra 
autoria e, portanto, autonomia, promovendo a inserção do aluno na 
comunidade científica e, também, no mercado de trabalho. Portanto, 
o que caracteriza um texto acadêmico é, antes de tudo, o seu objeto: 
científica, filosófica ou 
artística. Deve, pois, refletir o rigor, a perspectiva crítica, a 
areza que são parte 
A maioria dos textos acadêmicos tem, primordialmente, caráter 
dissertativo/argumentativo e descritivo e serve para enunciar uma 
tese, uma visão de mundo ou uma opinião que devem ser 
mente e formalizadas de acordo com a 
Não há normas rígidas de produção formal de um texto acadêmico. 
No entanto, a tradição acadêmica acabou delimitando, em razoável 
medida, as formas típicas de expressão escrita para as diversas 
modalidades de textos acadêmicos. No Brasil, por exemplo, são 
seguidas as normas ABNT, cujo objetivo é uniformizar a publicação 
de conhecimentos. 
Com a expansão da comunicação e da difusão do conhecimento, 
cresceu a preocupação em discutir como a literatura científica é 
produzida e difundida não só entre os pesquisadores, mas na 
sociedade em geral. Segundo Vogt (2003), o conhecimento científico 
produzido circula através de diversos meios de comunicação, entre 
pesquisadores, estudantes, jornalistas e a sociedade como um todo. 
Inseridos nesse meio de intensa produção e difusão do conhecimento, 
subdividido em áreas e linhas cada vez mais específicas, estão os 
graduandos que são envolvidos por esse turbilhão de informações, 
tanto como assimiladores quanto como reprodutores desses 
conhecimentos. 
Reconheceu-se nessa situação? Está pensando no que fazer? 
De você, estudante do ensino superior, espera-se aquisição da 
capacidade de discutir e aplicar conhecimentos teóricos adquiridos ao 
longo do curso (ou das disciplinas), e expor suas ideias sobre 
determinado tema, de forma clara e convincente. Para tal, você deve 
se utilizar do discurso acadêmico, e dos gêneros inscritos neste 
discurso (na modalidade escrita, podemos citar o artigo acadêmico, a 
resenha, o relatório, o TCC, entre outros). 
Assim, caro aluno, é imprescindível a busca de aprimoramento do 
conhecimento linguístico apropriado para a confecção de seus 
trabalhos. A dica que posso dar é: leia! Principalmente textos 
acadêmicos para ir se acostumando com a linguagem científica, 
acadêmica e também para se inteirar das pesquisas que estão sendo 
feitas em sua área de estudos. 
Sugestão: 
Para conhecer boas revistas científicas da sua área, acesse o site 
http://www.capes.gov.br/avaliacao/qualis. Nesse endereço, estão 
disponíveis os nomes dos periódicos avaliados e aprovados pela 
Capes, ou seja, são boas publicações. 
Boa pesquisa! 
 
WEBAULA 1 
Unidade 2 – Texto e Discurso 
DO TEXTO AO DISCURSO 
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEXTO 
O termo texto certamente não é desconhecido para você: essa 
palavra aparece frequentemente na linguagem cotidiana, não 
somente no ambiente escolar, mas em quaisquer outros. Assim, você 
certamente tem noção do que seja um texto, embora talvez não 
consiga formular uma definição para ele. 
De modo geral, o texto pode ser definido como uma unidade básica 
de transmissão de ideias, informações, sentimentos e informações. 
Koch e Travaglia (2003, p. 8) apresentam a seguinte definição: 
Texto será entendido como uma unidade linguística concreta 
(perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da 
língua (falante, escritor/ ouvinte, leitor), em uma situação de 
interação comunicativa, como unidade de sentido e como 
preenchendo uma função comunicativa reconhecível e reconhecida, 
independentemente da sua extensão. 
Essa observação quanto à extensão é muito pertinente visto que em 
sentido amplo, um quadro, uma escultura, um filme, um sinal de 
trânsito ou até mesmo uma única palavra podem constituir formas 
textuais. 
O texto é uma totalidade, mas esse todo é formado por partes, as 
quais são articuladas e organizadas entre si. Para entender um texto 
em sua totalidade, é preciso estabelecer a relação entre as partes, 
visto que o todo é a junção das partes. Para que o leitor tenha acesso 
à totalidade, é necessário também extrair o tema, o assunto do qual 
se fala. 
Observe os quadrinhos a seguir: 
 
Nesses três primeiros quadrinhos, a expectativa que se cria é a de 
que se trata de uma conversa sobre valores morais. Será mesmo? 
Vamos ler a tira completa: 
 
A expectativa inicial foi quebrada no último quadrinho. Isso significa 
que os quadrinhos anteriores precisam ser relidos à luz da 
totalidade. 
POR QUE É IMPORTANTE EU SABER O QUE É TEXTO? 
Toda pessoa, independentemente da área de formação, deve ter 
consciência de que nós nos comunicamos utilizando diferentes formas 
de linguagem (verbal, não-verbal, as duas juntas), mas não nos 
comunicamos por meio de frases isoladas: nós nos comunicamos por 
meio de textos! 
Durante muito tempo o ensino de língua portuguesa caracterizava-se 
por ser normativo e conceitual, privilegiando a “decoreba” de regras e 
exceções, especialmente de ortografia e sintaxe. 
Com o desenvolvimento da ciência linguística e também por influencia 
de outros campos do saber (como psicologia, filosofia, etc.), essa 
visão centrada na forma foi posta em cheque pelas teorias inspiradas 
no sociointeracionismo, nas teorias da enunciação e do discurso e na 
linguística textual. Para essas novas teorias, o uso da linguagem seria 
uma forma de interação entre sujeitos, cujo resultado seria otexto. 
Portanto, além das formas linguísticas, o interesse voltou-se para a 
relação entre essas formas e seu contexto de uso, as condições de 
produção e o processo mental de todos esses elementos pelo sujeito. 
Assim, o ensino passa a ser centrado no uso e no funcionamento da 
língua, entendida como um sistema simbólico utilizado num dado 
contexto sócio-histórico. Tendo em vista essa compreensão, formula-
se a noção de produção de texto, a qual pretende evidenciar o ato, o 
processo de elaboração de um texto. 
Quando se entende que é próprio da linguagem esse caráter 
interlocutivo, consequentemente se entende que produzir um texto 
não é somente escrever sobre um tema utilizando a norma culta da 
língua. Sempre que se produz um texto, ele é determinado por 
diversos fatores, os quais irão interferir em sua estrutura e na 
organização das informações. Esses fatores são: 
• PARA QUEM: sempre que se fala ou escreve, tem-se em 
vista um interlocutor que interfere na produção textual: é 
homem ou mulher? Adulto ou criança? Conhecido ou 
desconhecido? 
• POR QUÊ: toda produção textual tem uma finalidade. 
• DE QUE “LUGAR SOCIAL”: na interação, podemos assumir 
diferentes papéis sociais conforme a situação em que 
estamos inseridos. Alguns papéis sociais que ocupo no 
meu dia-a-dia: filha, irmã, tia, esposa, cunhada 
(situações familiares); colega, amiga (situações 
pessoais); professora, orientadora, colega de trabalho 
(situações profissionais). 
• QUE EFEITOS DE SENTIDO QUERO PROVOCAR: quero 
levar a pessoa a refletir sobre algo? Quero levar a pessoa 
a concordar comigo? Quero discordar de alguém? Quero 
emocionar o outro? etc. 
• QUE GÊNERO TEXTUAL DEVO UTILIZAR: conforme a 
finalidade e a situação, vou utilizar um bilhete, uma carta, 
um memorando, um e-mail, etc. 
Dessa forma, produzimos textos em diferentes contextos e a cada 
circunstância correspondem: 
• finalidades diferentes: divulgar serviços para seduzir 
clientes; expressar opinião sobre um assunto; informar as 
qualificações profissionais; obter notícias sobre um amigo 
distante; 
• interlocutores diversos: leitores de um dado jornal; 
colegas de trabalho; um amigo; um parente; um possível 
contratante; 
• lugares de circulação determinados: mídia impressa; 
círculo de amizades; uma empresa; meio acadêmico; 
• gêneros textuais específicos: carta do leitor; anúncio; 
folheto; artigo científico; e-mail; currículo. 
Antes de nos aprofundarmos na noção de “gêneros textuais” (tema 
de nossa web aula 2 da Unidade 2), vamos pensar sobre o discurso. 
O TEXTO TRAZ CONSIGO O DISCURSO! 
Do jardim de infância até a 8ª série, 
estudei num “colégio de freiras”, particular, que oferecia ensino pré-
escolar e de primeiro grau (hoje educação básica e ensino 
fundamental). A escola não era muito grande, havia somente uma 
turma de cada série. Uma das coisas que mais me chateava naquele 
tempo era que muitos pensavam que eu estudava lá porque recebia 
bolsa, quando, na verdade, era meu pai quem pagava – caro – para 
eu estudar. Na única briga em que me envolvi na vida, estava na 7ª 
série, era 1990; levei um murro no olho depois de dar um tapa no 
rosto de um aluno que disse que “aquele negão seu pai deve ser 
traficante e sua mãe deve ser uma prostituta que ele pegou na rua”. 
Nem pensei, só desci a mão! E recobrei os sentidos, caída no chão. 
Ele foi suspenso da escola, eu fui socorrida e consolada pela diretora 
e pelos colegas que testemunharam a cena. 
O que quero mostrar a você com isso? Esse exemplo revela que o 
sentido do texto é determinado pelas condições sociais de sua 
produção. Além do conteúdo, o texto deve ser visto sob as condições 
em que é produzido. As condições de produção se referem a 
situações específicas e gerais, a posições histórico-sociais, aos 
interlocutores e a imagem que fazem de si, do outro e do assunto. 
Assim, numa perspectiva discursiva é importante entender o que se 
fala, quem fala (sua posição social e a imagem que construiu para si), 
a quem fala (sua posição social e a imagem que foi construída dele) e 
em que situação histórica se fala. 
A partir disso, podemos entender o texto como lugar social onde os 
sujeitos dialogam com a finalidade de interagirem com/ sobre os 
outros, num movimento de troca e confronto de forças ideológicas. 
considera, em suas análises, não apenas o que é dito em dado 
momento, mas as relações que esse dito esta
dito antes e, até mesmo, com o não
posição social e histórica dos sujeitos e para as formações discursivas 
às quais se filiam os discursos.
Voltando ao relato que fiz acima, vemos que, naquela época (
dos anos 1980, começo dos 1990), não era comum alunos de classe 
média-baixa, muito menos “de cor”, terem acesso a escolas 
particulares. Aquele menino branco, de classe média
direito de mostrar que ali não era meu lugar e resolveu ins
“negrinha pobre” que estudava no colégio de “gente rica e branca”. 
Acredito que hoje em dia eu não passaria por essa situação, a época 
mudou, as relações sociais mudaram, existem as cotas, o 
 comportamento das pessoas visa ao “politicamente correto
diferentes formas de preconceito são discutidas abertamente e se 
buscam formas de erradicá
Você deve estar se perguntando: por que preciso saber disso? Ora, 
todo texto é produzido dentro de um contexto, de uma época, 
seguindo uma linha teórica, u
determinará o que pode ou não ser dito/ escrito naquele texto. Em 
seus estudos na Pedagogia, você irá se deparar com diferentes 
teorias cujos discursos se excluem, ou seja, há teorias que você não 
poderá “misturar” como se fos
diferentes teorias sobre alfabetização e os métodos defendidos por 
elas; cada qual tem um fundamento, uma forma de aplicação e isso 
precisa ficar muito claro quando você opta por uma forma de 
abordagem em sala de aula.
Sobre alfabetização, CLIQUE AQUI
Longo Mortatti, História dos métodos de alfabetização no Brasil.
Outro ponto importante na Pedagogia é o discurso de Paulo Freire: 
ele defendia que as questões e os principais problemas da educação 
Assim, o estudo discursivo 
considera, em suas análises, não apenas o que é dito em dado 
momento, mas as relações que esse dito estabelece com o que já foi 
dito antes e, até mesmo, com o não-dito, atentando, também, para a 
posição social e histórica dos sujeitos e para as formações discursivas 
às quais se filiam os discursos. 
Voltando ao relato que fiz acima, vemos que, naquela época (
dos anos 1980, começo dos 1990), não era comum alunos de classe 
baixa, muito menos “de cor”, terem acesso a escolas 
particulares. Aquele menino branco, de classe média-alta achou
direito de mostrar que ali não era meu lugar e resolveu ins
“negrinha pobre” que estudava no colégio de “gente rica e branca”. 
Acredito que hoje em dia eu não passaria por essa situação, a época 
mudou, as relações sociais mudaram, existem as cotas, o 
comportamento das pessoas visa ao “politicamente correto
diferentes formas de preconceito são discutidas abertamente e se 
buscam formas de erradicá-lo. 
Você deve estar se perguntando: por que preciso saber disso? Ora, 
todo texto é produzido dentro de um contexto, de uma época, 
seguindo uma linha teórica, uma formação ideológica, o que 
determinará o que pode ou não ser dito/ escrito naquele texto. Em 
seus estudos na Pedagogia, você irá se deparar com diferentes 
teorias cujos discursos se excluem, ou seja, há teorias que você não 
poderá “misturar” como se fossem uma coisa só. Por exemplo, as 
diferentes teorias sobre alfabetização e os métodos defendidos por 
elas; cada qual tem um fundamento, uma forma de aplicação e isso 
precisa ficar muito claro quando você opta por uma forma de 
abordagem em sala de aula. 
CLIQUE AQUI e leia o artigo de Maria Rosário 
Longo Mortatti, História dos métodos de alfabetização no Brasil.
nte na Pedagogia é o discurso de PauloFreire: 
ele defendia que as questões e os principais problemas da educação 
Assim, o estudo discursivo 
considera, em suas análises, não apenas o que é dito em dado 
belece com o que já foi 
dito, atentando, também, para a 
posição social e histórica dos sujeitos e para as formações discursivas 
Voltando ao relato que fiz acima, vemos que, naquela época (final 
dos anos 1980, começo dos 1990), não era comum alunos de classe 
baixa, muito menos “de cor”, terem acesso a escolas 
alta achou-se no 
direito de mostrar que ali não era meu lugar e resolveu insultar a 
“negrinha pobre” que estudava no colégio de “gente rica e branca”. 
Acredito que hoje em dia eu não passaria por essa situação, a época 
mudou, as relações sociais mudaram, existem as cotas, o 
comportamento das pessoas visa ao “politicamente correto”, as 
diferentes formas de preconceito são discutidas abertamente e se 
Você deve estar se perguntando: por que preciso saber disso? Ora, 
todo texto é produzido dentro de um contexto, de uma época, 
ma formação ideológica, o que 
determinará o que pode ou não ser dito/ escrito naquele texto. Em 
seus estudos na Pedagogia, você irá se deparar com diferentes 
teorias cujos discursos se excluem, ou seja, há teorias que você não 
sem uma coisa só. Por exemplo, as 
diferentes teorias sobre alfabetização e os métodos defendidos por 
elas; cada qual tem um fundamento, uma forma de aplicação e isso 
precisa ficar muito claro quando você opta por uma forma de 
e leia o artigo de Maria Rosário 
Longo Mortatti, História dos métodos de alfabetização no Brasil. 
nte na Pedagogia é o discurso de Paulo Freire: 
ele defendia que as questões e os principais problemas da educação 
não eram questões pedagógicas, mas políticas! Para Freire, a 
educação e o sistema de ensino não modificam a sociedade, mas ela 
é quem pode mudar o sistema instrucional, o qual tem importante 
papel na revolução cultural ou a consciente participação do povo. 
Dessa forma, a pedagogia crítica contribuiria para revelar a ideologia 
esquecida na consciência das pessoas. 
Quando e por que Paulo Freire defendeu essas ideias? Bem, isso você 
irá aprender no decorrer do curso de Pedagogia. Por hora, minha 
intenção foi deixar clara a importância de não só ler o texto, como 
localizá-lo numa formação discursiva, histórico-social e ideológica. 
Até a próxima web aula! 
WEBAULA 2 
Unidade 2 – Texto e Discurso 
OS GÊNEROS TEXTUAIS 
Tradicionalmente, nas aulas de redação, trabalhava-se com a 
tripartição descrição, narração, dissertação. Contudo, ela era falha, 
uma vez que não abarcava satisfatoriamente os diversos textos com 
os quais o aluno se deparava no seu dia-a-dia. 
Bakhtin (1997) lançou uma nova visão 
ao afirmar que os tipos de texto são incontáveis e os definir como 
“tipos relativamente estáveis de enunciados”, uma vez que o assunto, 
a estrutura e o estilo serão as características definidoras de cada 
gênero. 
Dessa forma, quando se fala em produção textual versa-se sobre a 
necessidade de conhecer os gêneros e sua adequação às diferentes 
situações comunicativas. 
Nem todo gênero serve para se dizer qualquer coisa, em qualquer 
situação comunicativa. Se alguém pretende discutir a legalização do 
aborto ou qualidade do ensino no país, essa pessoa precisará 
organizar seu discurso em um gênero como o artigo de opinião, já 
que ele pressupõe a argumentação, a discussão de questões 
controversas por meio da sustentação de argumentos favoráveis ao 
ponto de vista defendido pelo autor e da refutação aos argumentos 
contrários. 
Por outro lado, se a finalidade é relatar a um grande público um 
acontecimento do dia anterior, o gênero escolhido pode ser a notícia. 
Se a finalidade é passar ensinamentos às crianças, utilizando como 
personagens animais com características humanas, a fábula será o 
gênero mais adequado. Se a finalidade é garantir que seu 
companheiro não se esqueça de um compromisso, o gênero pode ser 
o bilhete. 
Por conseguinte, saber selecionar o gênero envolve o conhecimento 
de suas características e a avaliação de sua conformidade às 
finalidades, ao lugar de circulação e ao contexto de produção. 
APLICAÇÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS EM SALA DE AULA 
Pela definição bakhtiniana de gêneros, seria impossível especificar 
quantos e quais são eles, o que seria problema para as aulas de 
produção textual. 
Bronckart (1999) e seus companheiros procuraram aplicar as ideias 
de Bakhtin em sala de aula e propuseram um trabalho com gêneros 
de forma espiralada, ou seja, o aluno vê um determinado gênero sem 
diferentes séries, de forma cada vez mais complexa, mais 
aprofundada. 
A partir do conceito de ferramenta de Vygotsky como elemento que 
permite intervenção sobre a realidade, Dolz e Schneuwly (2004) 
concebem os gêneros como ferramentas que possibilitam uma ação 
linguística na realidade. Os autores agruparam os gêneros em cinco 
grupos, conforme o domínio social de circulação, os aspectos 
tipológicos e a capacidade de linguagem dominante de cada gênero, o 
que pode ser observado na tabela abaixo: 
 
Viu como as possibilidades foram ampliadas se comparamos com a 
tipologia tradicional (narração, descrição, dissertação)? No trabalho 
em sala, é importante discutir as marcas típicas do gênero, pois cada 
um tem características próprias: 
• contexto de produção e relação autor/ texto: o texto 
tem uma história, um lugar de onde saiu, quando e por 
quem foi produzido, para quem foi destinado. 
• conteúdo temático: cada gênero inclui certos temas e 
exclui outros. Por exemplo, para falar da necessidade de 
se fazer economia, numa coluna de jornal ou revista, 
certamente irão constar indicadores econômicos; já num 
bilhete que a patroa escreve para a empregada, não é 
preciso colocá-los, basta ela pedir para a funcionária 
prestar atenção aos preços e evitar comprar o que esteja 
muito caro. 
• estrutura composicional: cada gênero tem uma 
formatação textual. Observe: 
 
Mesmo sem conhecer a língua, você consegue identificar, pela 
estrutura, que o texto acima é uma receita culinária. 
• marcas linguísticas e enunciativas: as marcas 
linguísticas são aspectos linguísticos de modo geral, como 
nível de formalidade do texto, vocabulário empregado, 
construções frasais, recursos de pontuação, etc. Já as 
marcas enunciativas são marcas formais do texto, tais 
como palavras, verbos, aspas, destaques gráficos e 
outras, responsáveis, entre muitos aspectos, pela 
imagem que o enunciador quer passar de si, pela imagem 
que atribui ao co-enunciador, pelo tom do texto, por 
outras vozes que o enunciador traz para o texto, pelo 
nível de comprometimento que assume com as 
informações, por como se mostra no texto usando a 
primeira pessoa verbal, ou procura se ocultar por meio de 
formas verbais impessoais. 
 Para resumir essa inovação proposta por Bronckart, Dolz e 
Schneuwly, assista ao vídeo abaixo: 
https://www.youtube.com/watch?v=OQPw
 
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem.
Paulo: Hucitec, 1999.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal.
Martins Fontes, 1997.
BRONCKART, Jean-Paul. 
discursos: por um interacionismo sócio
1999. 
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. 
na escola. Campinas: Mercado das Letras, 
 
https://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk&feature=player_embedded
 
Marxismo e filosofia da linguagem.
 
Estética da criação verbal. 2. ed. São Pau
Martins Fontes, 1997. 
Paul. Atividade de linguagem, textos e 
por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo: Educ, 
DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros orais e escritos 
Campinas: Mercado das Letras, 2004. 
xUK_tk&feature=player_embedded 
Marxismo e filosofia da linguagem. 9. ed. São 
2. ed. São Paulo: 
Atividade de linguagem, textos e 
discursivo. São Paulo: Educ, 
Gêneros oraise escritos

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