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INFECÇÃO BUCO-MAXILO-FACIAL - Penetração, desenvolvimento e multiplicação de seres infecciosos no organismo de hospedeiros - Considerada como um dos problemas mais difíceis para tratamento em odontologia Infecções: Bacterianas (abscessos) Virais (herpes) Fúngicas (candidíase) Protozoárias (leishmaniose) Manifestação: Nº microorg X virulência Resistência hospedeiro - Resistência do hospedeiro: Inespecífica (defesa orgânica geral) Específica (consequência de ataque prévio pelo microorganismo ou vacinação) - Para que ocorra manifestação: nº microorg/virulência > resistência hospedeiro Mecanismo de defesa: Local: - Barreira anatômica intacta - Microbiota normal Celular: - Granulócito - Monócito - Linfócito Humoral: - Imunoglobulina - Complemento Origem: Odontogênica: - Cárie → lesão periapical - Doença periodontal - Pericoronarite Não odontogênica: - Cirúrgica - Traumática - Hematogênica Tipos de infecção: Maxilar ou perimaxilar Aguda ou crônica Leve; moderada ou severa Fases da infecção: Edema: menor gravidade; pouca dor; bactérias aeróbias Celulite (expansão; proliferação): maior gravidade; dor; bactérias mistas; local vermelho Abscesso (combate do organismo à infecção): menor gravidade; pouca dor; bactérias anaeróbias; pus; local brilhante e mole EDEMA CELULITE ABSCESSO DURAÇÃO 0 a 3 dias 1 a 5 dias 4 a 10 dias DOR; BORDAS Média; difusa Difusa Localizada TAMANHO Variável Grande Pequeno COR Normal Vermelho Centro brilhante CONSISTÊNCIA Gelatinosa Endurecida Centro amolecido PROGRESSÃO Crescente Crescente Decrescente PUS Ausente Ausente Presente BACTÉRIA Aeróbica Mista Anaeróbica GRAVIDADE Baixa Alta Pequena (muito baixa) Disseminação: Dente Osso alveolar Tecidos moles Espaços profundos da face Espaços profundos da cavidade bucal Espaços profundos da cabeça/pescoço Entre musculatura Tórax podendo levar à morte - Depende da tábua óssea; posição do dente; inserções musculares; espaços faciais; limites anatômicos; causas prováveis; severidade Severidade da disseminação: Pequena: - Vestibular - Lingual/palatina - Subperiosteal - Corpo mandibular - Infra-orbitário Moderada: - Espaço perimandibular - Espaço submandibular - Espaço sublingual - Espaço submentoniano - Espaço mastigador - Espaço submassetérico - Espaço pterigomandibular - Espaço temporal superficial - Espaço temporal profundo e infra-temporal Grande: - Espaço profundo do pescoço - Vias aéreas - Espaço facial profundo Diagnóstico da infecção: História clínica: - Tempo - Local - Tratamento odontológico prévio - Dor - Mal estar; calafrios; suor - Mobilidade -Secreção; tumefação; edema - Febre - Febre: Inibe crescimento de microorganismos e aumenta a produção de anticorpos Verificar medicação 39°C – maléfica para o organismo – aumenta a freqüência cardíaca; freqüência respiratória; metabolismo; cefaléia; perda de líquidos; mais agressiva para jovens e idosos Paciente com sinais vitais normais e elevação discreta da temperatura → infecção leve Paciente com sinais vitais alterados e elevação perceptível da temperatura → infecção severa História médica: - Doença metabólica não controlada (diabetes; alcoolismo; desnutrição; doença renal avançada) - Doença supressora do sistema imune (AIDS; linfoma; leucemia; doença imunológica congênita/adquirida) - Hospitalização - Terapia imunossupressiva (quimioterapia; corticoesteróides; radioterapia; transplante) - Doenças recentes Exame clínico: - Inspeção (tumefação; trismo; condição dental; história bucal) - Palpação (linfonodo; consistência da tumefação) - Percussão (dente envolvido) - Olfato (hálito fétido) - Sinais clássicos da inflamação (rubor – vasodilatação; tumor – acúmulo de exsudato; calor – fluxo sanguíneo e metabolismo aumentado; dor – compressão de terminações nervosas; perda de função – trismo, mastigação, deglutição comprometidos) Exames complementares: - Raio-x convencional - Tomografia - Hematológico (coagulograma; hemocultura; série branca aumentada) - Microbiológico (cultura; antibiograma) - Teste microbiológico e de sensibilidade: Indicação: Localização além do processo alveolar Progressão rápida Não responsivo ao tratamento – 48hr Recorrente Comprometimento das defesas orgânicas Tratamento: Objetivo: Alivio da dor Restaurar função Preservar estruturas anatômicas Prevenção de recidiva Limitação do período de invalidez Necessita: Determinar severidade Avaliar defesa do hospedeiro Determinar local do tratamento (hospital/ consultório) Determinar se deve ser tratada cirurgicamente Escolha e prescrição de antibióticos Reavaliação Avaliação multidisciplinar Tipos: Local: - Remoção da causa - Drenagem cirúrgica (incisão → divulsão → soro → drenagem) Sistêmico: - Antibioticoterapia - Repouso - Dieta e ingestão de líquidos - Antiinflamatórios - Analgésicos Ambulatorial Hospitalar - Depende da severidade; localização; HM, saúde do paciente Microbiologia: Grupo altamente previsível de bactérias Bactérias presentes na cavidade bucal Anaeróbias e/ou mistas Aeróbias (maior %) Antibioticoterapia: Tumefação além do processo alveolar Celulite Trismo Linfadenopatia; febre Pericoronarite grave; osteomielite Empírica (não determina qual microorganismo deve ser combatido) Amoxicilina: 500mg – v.o. (6/6hr – 7 dias) + antiinflamatórios e analgésicos Clindamicina: 300mg – v.o. (8/8hr – 7 dias) + antiinflamatórios e analgésicos - Na maioria dos casos podem ser controladas com procedimento endodôntico, periodontal e cirúrgico menor associado à antibioticoterapia - Risco de evolução rápida; podendo tornar-se grave com risco de morte - Acompanhamento para evitar evolução rápida e disseminação da infecção Drenos: Função: Manter ferida aberta Atuação como corpo estranho Via de drenagem da secreção Permanecer por 48hr - Dreno de Pen Rose nº1: 15cm de comprimento 5mm de diâmetro - Dreno de Pen Rose associado ao dreno de irrigação: Pode ficar por dias, pois está lavando a cavidade *Angina de Ludwig: envolve espaço sublingual e submandibular do lado direito e esquerdo; associada a dente; paciente não consegue movimentar a língua; parte lateral oblíqua da mandíbula direita e esquerda; drenagem dos 2 lados � COMPLICAÇÕES DA EXODONTIA - Lesões de tecido mole - Lesões ósseas: Fraturas alveolares: - Diagnóstico: exame clínico; exame radiográfico - Etiologia: força excessiva; uso incorreto de elevadores; seleção incorreta da técnica cirúrgica - Incidência: dente anterior inferior; canino superior; molar superior - Tratamento: avaliar tamanho do fragmento fraturado; avaliar defeito residual caso ele seja removido; avaliar complicações decorrentes de sua remoção; possibilidade do fragmento permanecer em sua posição original sem comprometer o processo de reparo alveolar Fratura de tuberosidades: - Importância da tuberosidade - Quando ocorreu - Presença de 3º molar incluso - Número de dentes envolvidos - Tamanho da fratura - Etiologia: emprego inadequado de fórcipes/elevadores; seleção inadequada da técnica cirúrgica - Tratamento: preservar a estrutura Comunicação buço-sinusal: - Abertura simples do seio maxilar - Corpo estranho no seio maxilar - Diagnóstico: exame clínico; exame radiográfico; teste de Valsalva (descompressão timpânica; fechar alvéolo com retalho do periósteo – palato ou vestibular; palato – mais vascularizado, maior mobilidade, área aberta fica grande) - Tratamento: Abertura simples do seio maxilar: Local – interromper o procedimento; aproximar os bordos alveolares; realizar sutura oclusal Sistêmico – evitar bochechos; evitar assoar nariz; prescrever antibiótico (1 semana); descongestionante nasal *Fístula: comunicação persistente;formação de um tecido sobre o alvéolo; irrigação abundante Corpo estranho no seio maxilar: Local – corpo estranho retirado o mais rápido possível Sistêmico – evitar bochechos; evitar assoar nariz; prescrever antibiótico (1 semana); descongestionante nasal *Não retirar o corpo estranho pelo alvéolo para evitar o aumento da comunicação - Prevenção das complicações: Exame clínico Exame radiográfico Planejamento adequado Seleção da técnica cirúrgica correta � DENTES INCLUSOS - Dentes que não irromperam e cujas coroas permanecem completa ou parcialmente recobertas por osso Classificação: Inclusão fisiológica: - Até 2 anos após o período de erupção Inclusão patológica: - Após 2 anos do período normal de erupção Inclusão intra-óssea: - Coroa se encontra totalmente recoberta por osso Inclusão submucosa: - Coroa se encontra recoberta apenas por fibromucosa Semi-inclusão: - Coroa rompe parcialmente a fibromucosa Winter: baseada na angulação da distal do 2ºM e a posição do 3ºM em relação a essa face - Vertical - Mesioangular - Distoangular - Horizontal - Invertidos - Transversal (vestibuloangular; linguoangular) - Raras Pell e Gregory: distância da distal do 2ºM com o bordo anterior do ramo ascendente da mandíbula - Classe I (coroa totalmente fora do ramo) - Classe II (coroa parcialmente no ramo) - Classe III (sem espaço entre distal do 2ºM e o ramo da mandíbula) Pell e Gregory: relacionada ao plano oclusal; altura da coroa do 2ºM com o 3ºM - Posição A (coroas no mesmo plano) - Posição B (coroa do 3ºM na altura cervical do 2ºM) - Posição C (coroa do 3ºM abaixo da linha cervical do 2ºM) Incidência da inclusão: Em 3000 pacientes, 8,16% apresentaram inclusos – hoje essa porcentagem está aumentando 3º MI – 37% Canino S – 17% Supranumerários – 11% 3ºMS – 20% 2ºPMI – 4% Outros – 11% Em 734 inclusões, segundo classificação de Winter: MOLAR INFERIOR MOLAR SUPERIOR VERTICAL 20% 39% HORIZONTAL 41% 8% MESIOANGULAR 23% 30% DISTOANGULAR 16% 23% Etiologia: Razões embriológicas (formação do germe em ponto afastado) Razões mecânicas (falta espaço – mandíbula/maxilar pequeno com dentes grandes; obstrução da via de erupção; cisto – dentígero; tumor; fraturas; infecções; anquilose) Razões sistêmicas (disostose cleidocraniana; síndrome da costela bífida; disfunção endócrina – raquitismo; hipotireoidismo) Tratamento: Nenhum: - Alertar paciente (documento por escrito) para risco de ocorrência de cisto, tumor, reabsorção de raiz de dente vizinho, cárie em dente vizinho, infecção, fraturas Anti-interceptivo (conservador): - Ulectomia (remoção da mucosa que recobre a coroa do dente não irrompido) - Extração de supranumerários para favorecer erupção espontânea do dente incluso Cirúrgico-ortodôntico (conservador): - Técnicas: Exposição por tunelização Exposição por retalho mucoperiosteal - Requisitos: Espaço Idade Localização Normalidade de forma Presença de dente suporte Transplante: - Requisitos: Dente com menos de 1/3 das raízes formadas Leito ósseo – receptor favorável Espaço no arco dental Extração atraumática do incluso Presença de dente suporte - Passos cirúrgicos: Acesso cirúrgico Luxação Preparo do alvéolo receptor Extração Transplantação Imobilização (semi-rígida) Odontectomia parcial intencional (“coronectomy”): - Para casos extremos - Indicação: Envolvimento de raízes com feixe vásculo-nervoso com grande risco de injúria nervosa e sangramento Dilaceração radicular que gere muita dificuldade de extração Proximidade extrema com raízes de dentes vizinhos - Remoção cirúrgica da coroa do dente incluso, mantendo a porção radicular (acompanhar raízes por radiografia, às vezes afloram, outras não) - Técnicas: Odontosecção de 2-4mm abaixo da linha cemento-esmalte Desgastar de 3-4mm abaixo da crista alveolar Remoção cirúrgica: - Indicação: Mecânica: falta de espaço; desvio da direção de dentes vizinhos; rizólise de dentes vizinhos; reabsorção do septo interdental; cárie em dente vizinho; indicação ortodôntica Infecciosa: complicação da infecção apical/periodontal a partir de um dente vizinho; ocorrência frequente de pericoronarite Tumoral: relação com cisto dentígero; ceratocisto; outros tumores Fratura: incluso em linha de fratura (dificuldade na redução da fratura e criação de via de contaminação); fratura do dente incluso - Risco de fratura mandibular associada à 3ºM incluso: a distância da borda inferior da mandíbula ao ápice do dente incluso e a quantidade reduzida de osso são fatores consideráveis para a fratura do ângulo mandibular - Contra-indicação: Benefícios obtidos com a cirurgia menores que os riscos a saúde do paciente Extração causar maiores danos locais do que a permanência do dente incluso Indicação para transplante ou tracionamento cirúrgico-ortodôntico - Passos cirúrgicos: Diagnóstico e Planejamento (panorâmica; tomografia; periapical; oclusal; planigrafia) Pré-medicação (analgésico; antiinflamatório; antibiótico – casos recomendados, 1hr antes da cirurgia e manter por 3 dias) Anestesia Incisão e descolamento Osteotomia/ostectomia (broca esférica; cinzel) – canaleta V/D para facilitar luxação Odontosecção (broca tronco-cônica; zecria) Luxação e extração propriamente dita (fórcipe e elevador) Tratamento da cavidade (inspeção; curetagem; regularização com lima para osso) Sutura (seda; nylon; poliéster; retirar dentro de 5-7 dias) Medicação pós-operatório (para dor e edema; diclofenaco potássico 50mg; dipirona sódica 500mg/ml; etoricoxib 120mg) - Antibiótico: Terapêutico (pericoronarite recente; diabetes mellitus tipo1; imunodeprimido) – 2hr antes da cirurgia com 2x a dose de manutenção por 5-7 dias Profilático (febre reumática; prótese valvular cardíaca) – 2gr de amoxicilina 2hr antes da cirurgia Infecção instalada (amoxicilina 500mg/6hr; amoxicilina + ácido clavulânico 125mg; clindamicina 600mg; eritromicina 500mg) - Retalhos: Envelope: - Dentes simples de extrair - Dente sem dilaceração da raiz - Dentes que estejam quase aflorando na cavidade bucal - Dentes semi-inclusos ou com inclusões superficiais Triangular: - Maior campo de visão - Pra inclusões mais profundas Para-marginal: - Para dentes simples de extrair - Mesmo resultado de dor, edema, trismo e comprometimento periodontal do 2ºM quando comparado ao retalho triangular Szmyd: - Dificuldades técnicas para a exodontia - Condição periodontal pós-operatória do 2ºM semelhante às do retalho triangular Envelope:Triangular: Para-marginal: Szmyd: - Odontosecção: Acidentes e Complicações Os pacientes devem ser informados dos riscos potenciais das cirurgias, incluindo qualquer dano permanente com risco acima de 0,5% ou transitório acima de 5%. Tipos: Trans operatório: Fratura de raiz- pode ser que frature dentro do seio maxilar (desencadeia sinusite) ou dentro do canal mandibular Fratura de instrumentos (brocas)- geralmente em mandíbula. Lesão de nervos- a simples exposição do feixe nervoso do alveolar inferior durante a cirurgia leva a 20% de risco de parestesia, com uma chance de 70% de recuperação após 1 ano da cirurgia. Neuroapraxia: compressão com dano mínimo. Sensibilidade normal em poucos dias a 3 semanas. Axonotmesia: esmagamento sem ruptura com alguma degeneração. Sensibilidade normal somente após 6 a 8 semanas. Neurotmesia: ruptura ou esmagamento severo. Sensibilidade melhora em 3 meses com sutura, mas nunca completamente. -Lesão do nervo lingual e nervo alveolar inferior: dos distúrbios de sensibilidade após a cirurgia de inclusos, 64% se resolvem expontaneamente em até 6 meses e 1% se torna permanente -Lesão de n. Alveolar inf.: Kipp et al – 1980: 4,4% Duanson: 5% Rood – com broca: 7,4% Rood – sem broca: 0,3% -Lesão permanente no n. Alveolar inf.: Kipp et al – 1980: 1% Rud: 1,5% Rood – com broca: 2,2% Rood – sem broca: 0,3% -Lesão permanente do n. Lingual: 0%, 0,5% (bem baixo) *Tratamento (bastante empírico): gangliosídios (?nome do remédio?) – 40 mg/dia I.M. durante 30 dias. Neurorrafia se a sensação normal não retornar em até 3 meses após o trauma. Sangramento: pressão arterial elevada (dificuldade maior na coagulação), pacientes fazendo uso de anticoagulantes (atenar para exames laboratoriais- TS, TC, TP e INR, TTPA), rompimento de vasos sanguíneos (manobras a serem consideradas: compressão, esmagamento ósseo, ligadura, hemostáticos locais- Surgicel, Gelfoan, ácido tranexâmico, etc) Deslocamento dental para áreas adjacentes: -3o molares superiores: fossa infratemporal e seio mexilar -3o molares inferiores: espaço submandibular, canal alveolar inferior, espaço pterigomandibular Conduta: radiografar (tomografia se necessário), medicar, encaminhar para CBMF Fraturas ósseas: encaminhar ao especialista BMF Pós-operatório: trismo, dor e edema, abcesso subepitelial, enfisema e equimose -Trismo: dificuldade de contração muscular Tratamento: compressa quente na face 24 horas após a cirurgia, drogas relaxantes musculares, fisioterapia -Dor e edema: aparece normalmente Tratamento: manter a administração de antiinflamatórios 3 dias após a cirurgia -Abcesso subperiosteal: flora bacteriana invade – área de 1o molar Tratamento: medicar (profilaxia antibiótica), realiza drenagem e curetagem da região, irrigação. -Efisema: entrada de ar nos tecidos Tratamento: radiografar, medicar, acompanhar -Equimose: sangramento na pele Tratamento: medicar e acompanhar
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