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TRATAMENTO ANAERÓBIO DE ESGOTO ENGENHARIA CIVIL SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO Arq. Profa. MSc. Yone Natumi 2º semestre 2018 Fonte: SPERLING, Marcos von. Tecnologias de tratamento de esgotos. FUNASA IV Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública. PROCESSOS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS BIOLÓGICOS Sistemas anaeróbios: tanques sépticos, tanques Imhoff, filtros anaeróbios, reatores UASB, reatores anaeróbios de leito expandido ou fluidificado. Necessitam de uma etapa adicional de tratamento visando reduzir a carga de sólidos e melhorar a oxigenação de seus efluentes. Utilizados como unidades de pré-tratamento de lagoas, filtros biológicos e lodos ativados pois reduzem boa parte da carga orgânica sem necessidade de aeração, resultando em economia de custo com energia elétrica. UM REATOR ANAERÓBIO ANTES DE UM AERÓBIO As principais vantagens da inclusão de um reator anaeróbio antes de um aeróbio concentram-se na operação do sistema, permitindo a redução substancial no consumo de energia elétrica e na produção de lodo pelo sistema de tratamento. FATORES RELEVANTES NA ESCOLHA DA ALTERNATIVA DE TRATAMENTO DE ESGOTO • Restrições ambientais; • Requisitos de manutenção e operação; • Requisitos de energia; • Características do afluente; • Requisitos de pessoal; • Custo de construção; • Disponibilidade de terreno; • Características do local; • Custo do terreno. ESCOLHA DO SISTEMA MAIS ADEQUADO Seleção e projetos de ETEs: custo inicial de construção + custos anuais de operação e manutenção. Figura : Fluxograma para o planejamento de Estações de Tratamento de Esgotos Fonte: Oliveira (2004) TRATAMENTO ANAERÓBIO DE ESGOTOS Estágios da Digestão Anaeróbia Matéria Orgânica Complexa Ácidos Orgânicos Voláteis CH4 + CO2 Bactérias Acidificadoras (Facultativas) Bactérias Metanogênicas (Anaeróbias estritas) ( CH4 Metano + CO2 Dióxido de Carbono ) TRATAMENTO ANAERÓBIO O processo anaeróbio é mais lento que o processo aeróbio e normalmente produz mau cheiro pela intensa formação de gases. Os tipos mais utilizados de reatores anaeróbios são: • Filtro anaeróbio (tanque séptico) • Reator UASB - Upflow Anaerobic Sludge Blanket ou reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo (RAFA). Fluxograma típico do sistema de tanque séptico seguido de filtro anaeróbio Colmatação = entupimento; preenchimento de vazios ou fissuras. NBR 13969:1997 REATOR ANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE E DE MANTA DE LODO (Upflow Anaerobic Sludge Blanket Reactor - UASB) RAFA Reator UASB • constituem-se na principal tendência atual de tratamento de esgotos no Brasil. • a biomassa cresce dispersa no meio. • Como a concentração de biomassa no reator é bastante elevada, o volume requerido para os reatores anaeróbios de manta de lodo é bastante reduzido. • O processo dos reatores UASB consiste essencialmente de um fluxo ascendente de esgotos através de um leito de lodo denso e de elevada atividade, o que causa a estabilização de grande parte da matéria orgânica pela biomassa. • De forma a reter a biomassa no sistema, impedindo que ela saia com o efluente, a parte superior dos reatores de manta de lodo apresenta uma estrutura que possibilita as funções de separação e acúmulo de gás e de separação e retorno dos sólidos. Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente e de Manta de Lodo(RAFA) ou Reator UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket • É um reator fechado onde o tratamento biológico ocorre por processo anaeróbio, isto é, sem oxigênio. O esgoto entra pela base do reator, passa por uma manta de micro-organismos anaeróbicos onde ocorre a decomposição da matéria orgânica. O esgoto tratado é coletado pelas calhas na parte superior. • Trata-se de uma tecnologia que ocupa pouco espaço, sendo indicada para centros urbanos, bairros, vilas etc. • Por se tratar de um sistema fechado, há liberação de gás que é coletado e queimado. REATOR ANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE • RAFA – É um reator fechado. O tratamento biológico ocorre por processo anaeróbio, isto é, sem oxigênio. A decomposição da matéria orgânica é feita por microrganismos presentes num manto de lodo. • O esgoto sai da parte de baixo do reator e passa pela camada de lodo que atua como um filtro. A eficiência atinge de 65% a 75% e, por isso, é necessário um tratamento complementar que pode ser feito através da lagoa facultativa. É um mecanismo compacto e de fácil operação. http://www.saneamento.poli.ufrj.br/images/fotos_infraestrutura/UASB_2.jpg detalhes do topo do reator Capacidade para atender a 500 habitantes REATOR UASB Figura : Reatores UASB de Ribeirão Pires/SP Gás: queima, purificação e/ou utilização (energia do metano) UASB - ETE Jesus Netto ETE Menino Deus Coroa de Distribuição do Afluente ETE Atuba Sul – Curitiba - PR ETE Atuba Sul – Curitiba - PR Separador Trifásico: por separar o líquido, os sólidos e os gases. Reator UASB 7,40 m 1,55 m 3,10 m 1,55 m 0,6 m 0,6 m 2,68 m 2,12 m 0,8 m 0,3 m 0,4 m L = 14,8 m 7,4 m 1,35 m 1,62 0,25 m gás Caixa de alimentação H2S Sulfato de Hidrogênio CH4 Metano Reator UASB • O gás coletado na parte superior, no compartimento de gases, pode ser retirado para reaproveitamento (energia do metano) ou queima. • Com a contínua entrada de alimento no reator, na forma de DBO, há um contínuo crescimento da biomassa. Isso traz a necessidade de remoções periódicas dessa biomassa (lodo), de forma a manter o sistema em equilíbrio. O lodo retirado do reator UASB já sai digerido e adensado, podendo ser simplesmente desidratado em leitos de secagem ou por meio de equipamentos mecânicos. REACTOR UASB REACTOR UASB REACTOR UASB Construção de Reator UASB – ETE Melchior (Brasília) Construção de Reator UASB – ETE Melchior (Brasília) Construção de Reator UASB – ETE Melchior (Brasília) ETE Piçarrão – Campinas - SP ETE Piçarrão – Campinas - SP Reatores UASB – Critérios e Parâmetros Para o Dimensionamento 1. Vazão de Esgotos de Projeto Os reatores UASB são empregados à jusante apenas do tratamento preliminar, o que o torna desprotegido das variações de vazão de esgotos, uma vez que os tempos de detenção utilizados são relativamente pequenos. Desta forma, costuma recomendar-se que o reator apresente condições de atender `a situação mais desfavorável, isto é, vazão máxima horária de esgotos. Tempo de Detenção dos Esgotos no Reator Tempos de detenção hidráulicos da ordem de apenas 6 horas, com base na vazão máxima horária de esgotos, são suficientes para garantir uma eficiência média na remoção de DBO dos esgotos em torno de 65%. Alguns autores sugerem a adoção de tempo de detenção hidráulico de 8 horas, com base na vazão média de esgotos sanitários. Taxa de Aplicação de Substrato Como os esgotos sanitários são relativamente diluídos, os reatores UASB têm o seu limite de capacidade definido pela taxa de aplicação hidráulica, que resulta em determinada velocidade que poderá ou não ser suficiente para provocar o arraste de parte do manto de lodo, descontrolando o processo. No tratamento de efluentes industriais mais concentrados, os reatores UASB são limitados pela aplicação de matéria orgânica, em geral na faixa de 5 a 10 kg DQO/m3.dia, embora tenham sido registradas taxas de até 20 kg/m3.dia com bons resultados no tratamento. Velocidade Ascencional na Zona de Manto de Lodo A manutenção de determinada faixa de velocidade ascensionaldos esgotos ao longo do corpo do reator é importante para garantir grau adequado de expansão da manta de lodo, sem que haja arraste excessivo para a zona de decantação. Recomenda-se a faixa de 0,7 a 1,0 m/h para reatores UASB tratando esgoto sanitário. Velocidade de Passagem da Zona de Manto de Lodo para a Zona de Decantação Lodos bem granulados resistem ao arraste com velocidades de passagem de até 10 m/h. Mas como ocorrem situações em que o lodo não granula, apenas flocula e mesmo assim o reator mantém boa eficiência na remoção de DQO, recomenda-se limitar a velocidade de passagem a 4 m/h. Taxa de Escoamento Superficial na Zona de Decantação A parte superior do reator UASB, externa ao “chapéu” coletor de gás, funciona como decantador, permitindo a recuperação de grânulos escapados da zona de manto de lodo. Recomendam-se taxas de escoamento superficial inferiores à 1,25 m3/m2.h para a garantia do retorno de parte significativa do lodo para a zona de manto. A inclinação das abas do chapéu (ângulo com a horizontal), deverá ser superior a 55°. Distribuição dos Esgotos à Entrada (Fundo) do Reator A distribuição dos esgotos à entrada do reator é fundamental para garantir um funcionamento integral da zona de manto de lodo, sem escoamentos preferenciais ou curtos- circuitos que podem reduzir o tempo de detenção e o contato dos esgotos com o lodo ativo. Recomenda-se pelo menos uma entrada a cada 2 a 3 m2 de fundo de reator. As extremidades dos tubos de alimentação deverão distar cerca de 30 cm do fundo do reator. Fluxograma típico do sistema de reatores UASB Os reatores UASB dificilmente produzem efluentes que atendem aos padrões estabelecidos pela legislação ambiental. Diante desse fato torna-se de grande importância o pós-tratamento dos efluentes dos reatores UASB, como uma forma de adequar o efluente tratado aos requisitos da legislação ambiental e propiciar a proteção dos cursos d’água. ASSOCIAÇÃO COM OUTROS PROCESSOS REATOR ANAERÓBIO UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket Uma das principais tendências atuais do tratamento de esgotos sanitários reside na inclusão de uma etapa inicial de tratamento anaeróbio. Estes sistemas mistos são constituídos de tratamento preliminar e dos reatores UASB, que podem ter os seus efluentes complementarmente tratados por um dos seguintes processos alternativos: • Lodos ativados • Lagoas aeradas mecanicamente • Lagoas de estabilização • Filtros biológicos aeróbios • Tratamento físico-químico EGSB (expanded granular sludge bed) Para resolver alguns dos problemas relacionados com os reatores UASB , como a ocorrência de zonas mortas, fluxos preferenciais, curtos circuitos, entre outros. A sua viabilidade tem sido demonstrada para efluentes industriais com substratos orgânicos na forma mais solúvel. Reatores UASB + pós-tratamento • Praticamente todos os processos de tratamento de esgotos podem ser usados como pós-tratamento dos efluentes do reator UASB. • Nesse caso, os decantadores primários (caso existentes) são substituídos pelos reatores anaeróbios, e o excesso de lodo da etapa aeróbia, se ainda não estabilizado, é bombeado de volta ao reator anaeróbio, onde sofre adensamento e digestão, juntamente com o lodo anaeróbio. • os decantadores primários (caso existentes) são substituídos pelos reatores anaeróbios, e o excesso de lodo da etapa aeróbia, se ainda não estabilizado, é bombeado de volta ao reator anaeróbio, onde sofre adensamento e digestão, juntamente com o lodo anaeróbio. = LAGOAS DE MATURAÇÃO SISTEMAS ALAGADOS CONSTRUÍDOS (WETLANDS) Fundação Nacional de Saúde Taboa, sombrinha chinesa simplificação no processo de UASB seguido de Lodos Ativados REATOR UASB + LODO ATIVADO Vantagens dessa associação : • o reator UASB promove uma redução de carga de DBO bem superior à do decantador primário (65% contra 30%); • o lodo ativado pode trabalhar na faixa convencional com digestão complementar do excesso de lodo no próprio reator UASB, eliminando-se a necessidade de um digestor específico de lodo; • o UASB promove o adensamento do lodo, eliminando também a necessidade desta etapa. REATOR UASB + LODO ATIVADO Desvantagens : • necessidade de controle de odores ofensivos emanados do processo anaeróbio e falta de carbono orgânico para a desnitrificação do esgoto, quando esta é necessária e posicionada (câmaras anóxicas de pré- desnitrificação) entre o reator UASB e o processo de lodo ativado, recebendo o lodo nitrificado retornado deste último. Neste caso é necessário desviar parcela da vazão de esgotos do reator UASB, enviando-a diretamente para a a entrada da câmara de pré- desnitrificação. Essa parcela pode chegar a 50% da vazão de esgoto, reduzindo bastante o aproveitamento dos reatores UASB. Sistema UASB + Lodos Ativados Tratamento Preliminar Reator UASB Tanque de Aeração Decantador Secundário Desidrata ção final Lodo “Seco” Filtrado Retorno de Lodo Excesso de Lodos Ativados Estado da Arte Sólidos suspensos totais ou não-filtráveis (SST); NTK nitrogênio amoniacal ou amônia Considerações Finais Referência Bibliográfica • Apostila Tratamento de Esgoto da CESAN Companhia Espírito Santense de Saneamento • Apostila Tratamento de Esgoto Sanitário. Roque Passos Piveli • CARVALHO, Anésio Rodrigues de; OLIVEIRA, Maroá Vendramini Castrignano de. Princípios Básicos do Saneamento do Meio. São Paulo, SP: SENAC, 2003. • GARCEZ, Lucas Nogueira. Elementos de Engenharia Hidráulica e Sanitária. São Paulo, SP: Edgard Blücher, 2013. • NUVOLARI, Ariovaldo. Esgoto sanitário. Coleta, transporte, tratamento e reúso agrícola. São Paulo: Blucher, 2011. • PHILIPPI JR., Arlindo. Saneamento, Saúde e Ambiente. Fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005. • SPERLING, Marcos von. Tecnologias de Tratamento de Esgotos. IV Seminário Internacional de Engenharia de Saúde Pública. FUNASA. Belo Horizonte, março 2013. • TOMAZ, Plínio. Rede de Esgoto. São Paulo, SP: Navegar, 2011
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