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Doenças Orificiais Histórico. Ser humano: 600.000 anos de vida. 6.000 anos de história escrita. 200 anos de grande desenvolvimento técnico-científico. Medicina inicialmente tem caráter místico. Proctologia: 5.000 anos de história. Proctologia no século XIX: “Século dos cirurgiões” => Grandes avanços na anestesia, antissepsia e instrumental e brilhantes cirurgiões. Anatomofisiologia anorretal. O reto constitui a parte terminal do tubo digestivo. Do ponto de vista cirúrgico, considera-se o reto começando no nível do promontório sacral e continuando no sentido caudal, acompanhando a curvatura do sacro e do cóccix, em uma extensão de 12 a 15 cm, aproximadamente, e termina no nível dos músculos elevadores do ânus, onde se inicia o canal anal. Sua porção distal está fixada ao cóccix e é denominada ampola retal. Esse segmento tem a capacidade de dilatar-se e armazenar as fezes até a evacuação. A mucosa da parede da ampola retal contém receptores nervosos intramurais sensíveis à distensão. O preenchimento dessa ampola com conteúdo intestinal provoca sua dilatação, estimulando os receptores que conduzem essa informação, via parassimpático, ao sistema nervoso central, com identificação do grau de necessidade evacuatória. Com a dilatação progressiva da ampola retal, ocorre a contração voluntária, reflexa, do músculo esfíncter externo do ânus e o relaxamento simultâneo do músculo puborretal e do esfíncter anal interno que possibilitam o controle do ato evacuatório. Na sua porção caudal final, transição para o canal anal, encontra-se o Anel anorretal, discreto relevo contrátil que corresponde ao bordo superior da musculatura anal, coincidente com o exterior, determinado pelo músculo elevado do ânus e pela inserção do puborretal. Exame proctológico O exame proctológico é de fundamental importância na avalição de qualquer paciente, seja ele clínico ou cirúrgico. Consiste em: inspeção anal (estática e dinâmica), toque retal (palpação) e exames endoscópicos (Anuscopia e retossigmoidoscopia). Inspeção estática. Primeiro passo, consiste na avaliação do ânus. Essa inspeção/exame pode ser feita em 2 posição: Posição genupeitoral (Paciente semifletido) e posição de decúbito lateral (posição mais utilizada atualmente-Posição de Sims). Técnica: A - Lavar as mãos. B – Calçar a luva de procedimento. C - Fazer a inspeção estática. D- Fazer uma abertura da parte anal, avaliar pregas anais, avaliar se tem algum deslocamento, alguma lesão visível. Inspeção dinâmica. Solicitar ao paciente que faça contração esfincteriana a fim de verificar se há tônus no esfíncter anal. Pedir para fazer força evacuatória para verificar se há prolapso de alguma estrutura anatômica (Manobra de valsalva). Palpação. Palpar com um dedo em torno do ânus a fim de identificar se há abaulamento, caroço, tumor. Após isso, no final, deve-se proceder para o toque retal. Toque retal: Falar para o paciente que vai fazer o toque retal. Explicar para o paciente que apesar de ser um exame chato de ser feito é ideal e importante pois permiti verificar lesões que não foram visualizadas até o momento, como por exemplo lesões mais profundas e tumor. Antes de ser realizado deve-se passar xilocaína geleia no dedo indicador antes da introdução do dedo no ânus. Após a penetração (2/3 do dedo) proceder com o toque das paredes do ânus rapidamente e retirar o dedo. Resultado: Resultado normal: Presença de fezes no dedo de luva “fezes em dedo de luva” ou “nada a declarar”. Resultado anormal: Presença de sangue no dedo de luva “sangue em dedo de luva”. Se vier sangramento deve-se desconfiar de doenças orificiais, principalmente hemorroida. Exames endoscópicos = Anuscopia e retossigmoidoscopia. Anuscopia. É feito após o toque retal. Consiste na introdução de uma válvula (anuscópio) que permite abrir e visualizar a parede do ânus. É um exame bem superficial e incompleto. É menos eficaz que o retosigmoidoscópio, portanto na prática ninguém faz o toque, anuscopia e retossigmoidoscopia, faz direto a retossigmoidoscopia, pois permite visualizar uma quantidade de até 20 centímetros. Exames => Anuscopia >> retossigmoidoscopia >> colonoscopia. Retossigmoidoscopia rígida. O exame de retossigmoidoscopia é utilizado para o diagnóstico das doenças que acometem a porção final do intestino grosso. Com a retossigmoidoscopia é possível diagnosticar doenças que acometem os 30 cm finais do tubo digestivo, avaliar a mucosa do reto e sigmoide, verificar a presença de câncer retal, pólipos intestinais, divertículos em sigmoide, colites, diagnosticar amebíase através de biópsia de reto Preparo: Paciente vai no ambulatório uns 5 dias antes preenche a folha de serviço. O paciente deve tomar laxante, para fazer uma limpeza do colo, pois ao passar o retosigmoidoscópio se o paciente tiver com a ampola retal cheia terá vontade de evacuar, ou então, se tiver com muitos resquícios fecais não há como visualizar nada. Após colocar o aparelho deve insuflar ar. Após a expansão consegue visualizar melhor. No aparelho há uma luz na ponta que facilita a visualização desde a válvula anal até um pouco mais para dentro. O exame é realizado na posição genupeitoral. É feito sem sedação e com auxílio de xilocaína gel. Observação: A colonoscopia tem que fazer preparo/sedação e o pcte idoso não aguenta sedação fácil. A colonoscopia é padrão ouro, pois consegue fazer todo o estudo do cólon, inclusive o direito que está lá do outro lado. Então sempre que você pede esse exame e tem dúvida, você pede a colonoscopia, pois é um exame completo, faz exame de todo o intestino grosso, a retossigmoidoscopia, o próprio nome já diz, estuda o reto e sigmoide, não estuda cólon transverso, nem esquerdo e direito. Então se for um paciente que você suspeita de câncer de intestino (maior causa de obstrução intestinal de intestino grosso), principalmente em idoso. Doença hemorroidária A doença hemorroidária manifesta-se habitualmente com prolapso, sangramento e prurido. As hemorroidas podem ser descritas como canais vasculares (venosos) dilatados. Incidência. Aproximadamente 10-25% da população adulta é afetada pela doença hemorroidária, com incidência é 4,4% da população total. Os sintomas aparecem com maior frequência entre 45-65 anos. Sexo masculino (2:1). Presente em todas as raças e idades. Maior incidência pela hemorroida interna. Anatomia. As hemorroidas internas originam-se acima da linha denteada e são recobertas por mucosa colunar e transicional (epitélio colunar e escamoso). Já as hemorroidas externas têm localização próxima à margem anal e são recobertas por epitélio escamoso. A cirurgia da hemorroida (hemorroidectomia) é feita em posição ginecológica (Litotomia). Fatores de risco e etiologia. São vários: - Constipação e diarreia devido a alteração de hábito intestinal ou pelo esforço evacuatório. - Esforço físico prolongado. – Obesidade. – Tabagismo. – Gravidez. – Hereditariedade. – Ortostatismo. – Envelhecimento. - Pressão intra- abdominal. ATENÇÃO!!!!!! Ler revistas e jornais enquanto fazem as necessidades aumenta a incidência de DH pois essa posição no vaso sanitário aumenta a pressão da região anal, que é um dos fatores de risco. Dessa forma, potencializa o surgimento das hemorroidas. Na gravidez, que a gravida é totalmente vasodilatada há perda do tônus esfincteriano. Classificação*. Hemorroidas externas. São hemorroidas localizadas fora do canal anal. Hemorroidas mistas. São hemorroidas que se caracteriza por ser uma mistura da interna com externa. Hemorroidas internas: As hemorroidasinternas tornam-se sintomáticas quando sua estrutura de suporte entra em uma espécie de “colapso”, e o coxim vascular prolapsa. A hemorroida interna é encontrada com maior frequência em indivíduos com constipação que apresenta normalmente fezes endurecidas. - Primeiro grau: Não tem nenhum tipo de prolapso hemorroidário no exame físico, nem toque nem nada. Há sangramento com a evacuação. Atenção!!!!!!!!!!! O principal sintoma das hemorroidas é o sangramento anal indolor. Se há dor pensar em fissura anal. - Segundo grau: Há prolapso hemorroidário pela linha pectínea que se reduz de modo espontâneo (retorno espontâneo a sua posição de origem). - Terceiro grau: a hemorroida prolapsa através do canal anal a qualquer momento (principalmente com a evacuação) e são reduzidas manualmente a sua posição original. Ou seja, é prolapsada e a redução do anel hemorroidário é feita com manobra digital. Nesse caso pode apresentar dor. - Quarto grau: É uma hemorroida prolapsada permanentemente. Há sinais de sofrimento e trombose hemorroidária. Sintomas. Os principais sintomas são: Sangramento anal indolor (Enterorragia). Prolapso, quando a hemorroida está prolapsada. Exsudação perianal que é o prurido anal. Desconforto anorretal (sem dor). Tudo que é sangramento indolor é hemorroida, nesse contexto, se tiver dor pode ser hemorroida com outro sintoma associado. Complicações. As complicações são: Trombose hemorroidária e o pseudoestrangulamento hemorroidário. A complicação pode gerar cianose e pode dar até necrose. Atenção!!!!!!!!! O tratamento tem que ser rápido, nas primeiras 24 horas orienta-se cirurgia. Depois que a trombose está instalada, o ideal é que é fazer tratamento clínico para depois fazer cirurgia. Tratamento. Apenas hemorroidas sintomáticas precisam ser tratadas, exemplo hemorroida com sangramento. Uma vez, feito o diagnóstico de hemorroida sintomática, o tratamento dependerá do grau e da extensão da lesão. Portanto, cada grau de hemorroida institui um tratamento diferente. Opções de tratamento: Tratamento clinico. Tratamento conservador. Tratamento cirúrgico. Tratamento clínico*: - Modificação dos hábitos alimentares (fibras e líquidos), pois melhora a formação do bolo fecal. - Regularização do hábito intestinal. - Pomadas, cremes e supositórios (Proctyl). - Abolição do papel higiênico, dá preferência para ducha higiênica. - Banho morno de assento, melhora a inflamação na região anal. - Derivados flavonoides micronizados. Tratamento conservador. Também chamado de intervencionista não cirúrgico. O objetivo do tratamento é diminuir a vascularização ou o volume das hemorroidas e/ou aumentar sua fixação à parede retal. Então as medidas que eu falei iniciais servem para hemorroidas de grau 1 ao grau 4, se for de grau 1, só sangramento anal indolor, ficamos só naquelas medidas, o grau dois em diante vamos associar ou ligadura elástica ou hemorroidectomia. - Escleroterapia: É feito com óleo fenolado a 5%; uréia ou solução salina hipertônica; ethamolin e ácido fênico a 12%. Ethamolin é muito usado, mas está em desuso. Você vai fazer esclerose do anel, obliterar a circulação para ela dar uma murchada, pode ser feita até no consultório do Proctologia, mas o mais usado é ligadura elástica. - Crioterapia: É feito com nitrogênio líquido a 196 grau. Não é muito usado. - Fotocoagulação: Fotocoagulação com raios infravermelhos emprega radiação do aparelho de raios infravermelhos para coagular tecidos, levando à fibrose. Trabalhos tem demonstrado bons resultados para hemorroidas de segundo grau. - Ligadura elástica: É a técnica não cirúrgica (conservador) mais utilizada. Atenção!!!!!!!!!! É o método realizado em consultório/ambulatório e tem se mostrado o mais popular entre os proctologistas. A técnica envolve o emprego de um anuscópio utilizando-se um ligador. Sangramento profuso e sepse são complicações pouco frequentes. Todavia, este procedimento não é recomendado em pacientes com imunodeficiência de qualquer etiologia. A ligadura elástica é usada mais frequentemente para hemorroidas de segundo grau, pois são aquelas que têm redução espontâneo. As de terceiro e quarto grau são indicadas cirurgia => Hemorroidectomia. Tratamento cirúrgico: Pacientes sintomáticos que não responderam ou que não são candidatos aos tratamentos não operatórios (DH grau 3 e grau 4): - Doença extensa. - Doenças concomitantes (fissura e fistula). - Pacientes que preferem o tratamento cirúrgico. Atenção!!!!!!!!!! Então só para resumir: Hemorroida => Grau 1: Apenas tratamentos clínicos e comportamentais. Grau 2: Tratamentos clínicos, comportamentais e ligadura elástica. Grau 3: Se menor pode fazer tratamento ser clinico, comportamentais e a ligadura elástica ou hemorroidectomia, se for maior. Grau 4: Tratamento clínico, comportamental e hemorroidectomia. A técnica cirúrgica mais utilizada é a hemorroidectomia aberta (Milligan-Morgan, descrita em 1937). O procedimento consiste na incisão do epitélio do ânus e da mucosa do canal anal em torno do mamilo hemorroidário, dissecção e liberação desse mamilo dos planos profundos, identificação e ligadura dos vasos que nutrem a hemorroida e, por último, ressecção da hemorroida. A ferida não é fechada com pontos e cicatriza por segunda intenção (daí o nome aberta). Nessa técnica é retirado o anel e pode tirar algumas fibras do musculo esfíncter anal, então uma complicação é a incontinência fecal. Portanto, o ideal da hemorroida é não esperar chegar no grau 3 e 4. Então o ideal é pegar o paciente ainda no grau 2 e fazer a ligadura elástica e impedir a evolução desfavorável da doença. A hemorroidectomia fechada (Ferguson) não é utilizada com frequência em nosso meio, apesar de menos dor pós-cirúrgica essa técnica possui um maior risco de estenose do canal anal e infecção do sitio cirúrgico. A hemorroidectomia semifechada (Obando – 1972) e a Hemorroidectomia a laser (Laser cirúrgico de CO2 com raios infravermelhos de ondas continuas), são pouco utilizadas. A hemorroidectomia por Stapler, ou hemorroidopexia grampeada ou hemorroidectomia grampeada ou PPH =. Consiste no uso de um grampeador circular próprio que resseca a mucosa acometida pela doença hemorroidária e reanastomosa a mucosa sadia com a linha pectínea. Resumindo!!!!!! Apesar de várias técnicas a mais usada é a Milligan Morgan = Paciente em Litotomia tem a região anal exposta, é feita a ressecção em forma de raquete, é dado ponto e feito a cauteriza, sendo que o único inconveniente é incontinência fecal. Tratamento da trombose. Hemorroida apresenta-se com trombose (roxa, cianótica). Trombo hemorroidário pequeno e único: O tratamento é clínico: - Banho de assento. – AINE. – Analgesia. -Derivado flavonoide micronizado via oral e local. Nesse caso é uma trombose pequena, portanto o tratamento consiste em esfriar o processo. Tromboses muito grandes, volumosas: O paciente sente muita dor, dá repercussão hemodinâmica, o ideal é operar em 24 a 48 horas. - Tratamento, sem resposta ao tratamento clínico em 24 horas: Realizar Trombectomia. Paciente grávida: Realizar a trombectomia imediata. Atenção!!!!!!!!!! A trombectomia do nodo hemorroidal e uma técnica cirúrgica minimamente invasiva que é usada para trombose anorretal. A essência da técnica e remover o trombo, formado nas hemorroidas, para eliminar os sintomas dolorosos. A sequência de ações para trombectomia e a seguinte: 1 - Perfure a zona anorretal e o cone de hemorroida com um anestésico local. 2 - Uma pequena incisão de um cone de hemorroida. 3 - Purificação do coagulo desangue das hemorroidas. 4 - Pontos na ferida cirúrgica. Então nas primeiras 24 horas é tratamento clínico intenso, soro, Cetoprofeno, se não melhorar, quiser usar a trombectomia de urgência, se chegar depois de 48 horas com trombose mais antiga, você só acompanha. Se for paciente grávida você faz de imediato, pois trombo hemorroidário é um sítio, pode facilitar a translocação bacteriana, região anal já é contaminada, aí pode ter translocação de bactérias fecais para a corrente sanguínea, então se for grávida, imunodeprimida por causa da gestação, você faz a trombectomia imediata. A hemorroidectomia aberta de urgência (Milligan-Morgan de urgência), é indicada em caso de trombose hemorroidária com necrose. MedCurso!!!! O evento inflamatório que complica as hemorroidas externas é a trombose. O quadro clinico é de congestão, edema e dor acometendo o plexo hemorroidário externo. A dor é aguda, latejante ou em queimação, de intensidade crescente e associada à sensação de plenitude anal. Caso o paciente se apresente nas primeiras 48 horas do inicio dos sintomas, o tratamento consiste em excisão de toda a trombose e da pele suprajacente. Este procedimento pode ser feito em consultório sob anestesia local, a ferida é deixada aberta, cicatrizando por segunda intenção. Nos doentes com mais de 3 dias de evolução, a cirurgia não é mais indicada. Nesses casos, recomenda-se tratamento conservador com banhos de assentos com água morna, analgésicos e AINEs e dieta rica em fibras. Geralmente ocorre remissão completa em 7 a 10 dias. A conduta conservadora pode ser também recomendada em gravidas próximo do termo, pelo risco de qualquer procedimento cirúrgico precipitar o trabalho de parto.
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