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PRATICA DA NARRATIVA ARGUMENTAÇÃO _ALUNOS

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Título
	Teoria e prática da Argumentação Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	1  
	Tema
	As condições de produção do texto argumentativo  
	Objetivos
	- Contextualizar a disciplina Teoria e Prática da Argumentação Jurídica como continuidade do trabalho de produção das peças processuais iniciado na disciplina de segundo período.
- Reconhecer as diferenças entre texto narrativo e texto argumentativo.
- Compreender a relevância da narração para a produção da argumentação.
- Identificar que a parte argumentativa da peça inicial refere-se ao “Do Direito”.
	Estrutura de conteúdo
	1. Tipologia Textual
1.1. texto narrativo
1.2. texto descritivo
1.3. texto dissertativo
1.4. texto injuntivo
2. Características de semelhança e de diferenciação entre cada um dos tipos de texto
3. Tipologia textual e macro-estrutura das peças processuais
4. Narrativa jurídica a serviço da argumentação de teses
 
 
	Procedimentos de ensino
	Em primeiro lugar, é importante destacar que são muito raros os textos puros, ou seja, integralmente narrativos, descritivos ou dissertativos. Temos de observá-los em termos de predominância de certos padrões, que determinam sua classificação.
Pode ser interessante o professor indicar qual a tipologia aplicável a cada um dos incisos do artigo 282 do CPC e outros semelhantes, em que se observam as partes que estruturam as peças processuais.
Sempre que for possível, é interessante levar outras peças para discutir o mesmo conteúdo, com auxílio de datashow ou retroprojetor.
Quanto às questões objetivas:
Muitos esforços têm sido reunidos para garantir a aprovação dos nossos alunos na OAB e obter bons resultados no Enade. Sabemos que fazer provas e resolver questões exige do avaliado habilidades e competências que não podem ser exercitadas apenas nos períodos finais; ao contrário: é função primordial do professor das disciplinas de primeiros períodos contribuir de forma vigorosa para esse sucesso, incentivando a prática reiterada de solução de questões semelhantes às aplicadas nesses exames.
É com essa mentalidade que contamos com sua contribuição para, em todas as aulas, resolver as questões objetivas de exames anteriores. Ressaltamos que não se trata de “dar o gabarito”, mas de refletir sobre os enunciados, explicar as possíveis “pegadinhas”, etc.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor e cópias de peças processuais.
	Aplicação prática e teórica
	
Todo profissional do Direito, quando descreve o tipo de atuação profissional que escolheu, associa essa atividade à tarefa argumentativa. Os exemplos de advogados, promotores e defensores bem sucedidos baseiam-se em uma atuação – argumentativa – brilhante que convença o magistrado da necessidade de conceder a tutela jurisdicional dos direitos daqueles que representam em juízo.
Inicialmente, é fundamental ressaltar a idéia de que essa atuação profissional deve ser marcada pela eficiência técnica e persuasiva, mas nunca pode perder de vista a ética e a moral. Lembremos que antes mesmo dos sistemas jurídicos positivados, o homem deveria pautar sua conduta pelos valores universais do que é certo e justo.
Diante desse cenário geral, precisamos lembrar, ainda, que o papel principal do direito é compor conflitos e que a atividade processual é marcada pelo contraditório e pela ampla defesa.
Em outras palavras, quando um advogado atuar no Judiciário para defender os interesses de seu cliente, terá a certeza de que está ali para ajudar na solução de um conflito social cuja composição não foi conseguida pelas partes sem o auxílio de terceiros.
Cada um dos envolvidos na demanda enxerga os fatos de uma maneira, ou seja, cada qual atribui aos fatos do caso concreto uma interpretação distinta (a que mais lhe interessa), conforme se verifica no gráfico adiante:
A argumentação jurídica caracteriza-se, especialmente, por servir de instrumento para expressar a interpretação sobre uma questão do Direito, que se desenvolve em um determinado contexto espacial e temporal. Ao operar a interpretação, impõe-se considerar esses contextos, ater-se aos fatos, às provas e aos indícios extraídos do caso concreto e sustentá-la nos limites impostos pelas fontes do Direito.
Parece claro que nenhum juiz pode apreciar um pedido sem conhecer os fatos que lhe servem de fundamento. Conforme ressalta Fetzner�, a narração ganha status de maior relevância, porque serve de requisito essencial à produção de uma argumentação eficiente. É por essa razão que se costuma dizer que a narração está a serviço da argumentação.
Resumidamente, um profissional do Direito deve recorrer ao texto argumentativo para defender seu ponto de vista, mas para o sucesso dessa tarefa, precisa ter, antes, uma boa narração, na qual foram expostos os fatos de maior relevância sobre o conflito debatido.
Para melhor compreender as características que distinguem narração e argumentação, observe a tabela.
NARRAÇÃO
ARGUMENTAÇÃO
Qual o Objetivo?
Expor os fatos importantes do caso concreto a ser solucionado no Judiciário.
Defender uma tese (ponto de vista) compatível com o interesse da parte que o advogado representa.
Como o fato é tratado?
Cada fato representa uma informação que compõe a história da lide a ser conhecida no processo.
O fato (informação) narrado é aqui retomado com o status de elemento de persuasão; é um elemento de prova com o qual defende a tese.
Qual o tempo verbal utilizado?
Pretérito – é o mais utilizado, porque todos os fatos narrados já ocorreram. (Ex.: o empregado sofreu um acidente);
Presente – fatos que se iniciaram no passado e que perduram até o momento da narração. (Ex.: o empregado está sem capacidade laborativa);
Futuro – não é utilizado porque fatos futuros são incertos.
Presente – tempo verbal mais adequado para sustentar o ponto de vista. (Ex.: o autor deve ser indenizado por seu empregador);
Pretérito – deve ser usado para retomar os fatos (provas / indícios) relevantes da narração, com os quais defenderá a tese. (Ex.: o autor deve ser indenizado por seu empregador porque sofreu um acidente no local de trabalho);
Futuro – deve ser usado ao desenvolver as hipóteses argumentativas. (Ex.: o trabalhador deve receber o benefício do INSS, pois, caso contrário, não terá como se sustentar).
Qual a pessoa do discurso?
Utiliza-se a 3ª pessoa, por traduzir a imparcialidade necessária à atividade jurídica.
Também se utiliza a 3ª pessoa, pela mesma razão.
Como os fatos são organizados?
Os fatos são dispostos em ordem cronológica, ou seja, na mesma ordem em que aconteceram no mundo natural.
Os fatos e as idéias são organizados em ordem lógica, ou seja, da maneira mais adequada para alcançar a persuasão do auditório.
Quais seus elementos constitutivos?
Uma narrativa bem redigida deve responder, sempre que possível, às seguintes perguntas: a) O quê? (fato gerador); b) quem? (partes); c) onde? (local do fato); d) quando? (momento do fato); e) como? (maneira como os fatos ocorreram); f) por quê? (motivações da lide).
Antes de redigir uma argumentação consistente, tente refletir sobre, pelo menos, as seguintes questões: a) Qual o fato gerador do conflito? b) qual a tese que será defendida? C) com que fatos sustentará essa tese? d) Que tipos de argumento deverá utilizar?
Qual a natureza do texto?
O texto narrativo tem natureza predominantemente informativa. Sua função persuasiva está atrelada à fundamentação.
O texto argumentativo tem função persuasiva por excelência.
Quanto à parcialidade...
Uma narrativa pode ser simples (imparcial) ou valorada, dependendo da peça a produzir.
Não há como defender uma tese sem adotar um posicionamento. Toda argumentação é valorada.
QUESTÃO
São apresentados dois textos adiante. Ambos foram adaptados a partir de produções da Desembargadora Maria Berenice Dias. Em primeiro lugar, identifique se essestextos são narrativos ou argumentativos. Em seguida, procure justificar sua resposta por meio da cópia de alguns fragmentos. Você pode usar como parâmetro a tabela explicativa anterior.
 
Texto 1[1]
Reconhecida como entidade familiar, merecedora da proteção estatal, a união formada por pessoas do mesmo sexo, com características de duração, publicidade, continuidade e intenção de constituir família, decorrência inafastável é a possibilidade de que seus componentes possam adotar. Os estudos especializados não apontam qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homoafetivos, mais importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga aos seus cuidadores. É hora de abandonar de vez preconceitos e atitudes hipócritas desprovidas de base científica, adotando-se uma postura de firme defesa da absoluta prioridade que constitucionalmente é assegurada aos direitos das crianças e dos adolescentes (art. 227 da Constituição da República). No presente caso, o laudo especializado comprova o saudável vínculo existente entre as crianças e as adotantes.
 
Texto 2[2]
Trata-se de recurso de apelação interposto por L.L.F. contra a sentença das fls. 481-91, que, nos autos da ação de investigação de paternidade que lhe move B.C.S., representado pro sua mãe, V.C.S., julgou procedente o pedido para declarar a paternidade do réu em relação ao autor e condenar aquele ao pagamento de alimentos no valor de dois salários mínimos mensais, devidos desde a concepção do demandante (agosto de 1989). Condenou, ainda, o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios no valor de 20% sobre o valor da causa.
O apelante alega, em preliminar, que a sentença é nula por ser extra petita, porquanto há ausência de pedido de fixação alimentar na petição inicial, e que o recurso deve ser recebido no efeito suspensivo, sob pena de gerar dano de difícil reparação. No mérito, alega ser improcedente o pedido de declaração de paternidade, uma vez que a perícia concluiu pela evidência contrária à paternidade. Refuta a desconsideração do exame de HLA e a presunção da paternidade em virtude da sua recusa em se submeter a exame de DNA. Sustenta que o depoimento da representante legal do apelado corrobora o resultado negativo do exame pericial, sendo a decisão contrária à prova dos autos. No tocante ao dever de pagar alimentos, diz que, da forma como fixados, extrapola a prova dos autos e sua condição financeira. Requer o provimento do recurso para declarar-se a nulidade da sentença, ou a improcedência dos pedidos, com a inversão dos ônus da sucumbência (fls. 495-507).
O apelo foi recebido no seu duplo efeito quanto ao pedido investigatório e apenas no efeito devolutivo quanto aos alimentos (fl. 512).
O apelado apresentou contra-razões, pugnando pelo desprovimento do recurso (fls. 514-23).
Contra a decisão da fl. 512, o apelante interpôs agravo de instrumento (processo nº 70012345021), ao qual foi negado efeito suspensivo (fls. 525-42).
O Ministério Público em primeiro grau opinou pelo conhecimento do recurso, rejeição da preliminar de nulidade e, no mérito, pelo desprovimento (fls. 545-9).
Os autos vieram a esta Corte (fls. 550-1).
Com vista, a Procuradora de Justiça manifestou-se pelo parcial provimento do apelo, aos efeitos de que o termo inicial da obrigação alimentar seja a partir da citação do recorrente (fls. 561-70).
 
Exame do Enade - Curso de Direito – 2009.
Questão 1- A urbanização no Brasil registrou marco histórico na década de 1970, quando o número de pessoas que viviam nas cidades ultrapassou o número daquelas que viviam no campo. No início deste século, em 2000, segundo dados do IBGE, mais de 80% da população brasileira já era urbana.
Considerando essas informações, estabeleça a relação entre as charges: 
Porque 
BARALDI, Márcio. http://www.marciobaraldi.com.br/baraldi2/component/joomgallery/?func=detail&id=178. (Acessado em 5 out. 2009)
Com base nas informações dadas e na relação proposta entre essas charges, é CORRETO afirmar que
A) a primeira charge é falsa, e a segunda é verdadeira.
B) a primeira charge é verdadeira, e a segunda é falsa.
C) as duas charges são falsas.
D) as duas charges são verdadeiras, e a segunda explica a primeira.
E) as duas charges são verdadeiras, mas a segunda não explica a primeira. 
Exame do Enade - 2007.
Os ingredientes principais dos fertilizantes agrícolas são nitrogênio, fósforo e potássio (os dois últimos sob a forma dos óxidos P2O5 e K2O, respectivamente). As percentagens das três substâncias estão geralmente presentes nos rótulos dos fertilizantes, sempre na ordem acima. Assim, um fertilizante que tem em seu rótulo a indicação 10−20−20 possui, em sua composição, 10% de nitrogênio, 20% de óxido de fósforo e 20% de óxido de potássio. Misturando-se 50 kg de um fertilizante 10−20−10 com 50 kg de um fertilizante 20−10−10, obtém-se um fertilizante cuja composição é
(A) 7,5−7,5−5.
(B) 10−10−10.
(C) 15−15−10.
(D) 20−20−15.
(E) 30−30−20.
�
[1] DIAS, Maria Berenice. Adoção por casal do mesmo sexo. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/pecas/texto.asp?id=678>. Acesso em 23 de junho de 2010.
[2] IDEM. Obrigação alimentar: termo inicial é a data da concepção. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/pecas/texto.asp?id=660>. Acesso em 23 de junho de 2010.
	Avaliação
	
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	Recomendamos que a primeira obra da bibliografia básica seja adotada em sala de aula: Lições de argumentação jurídica.
 
Fruto do trabalho desenvolvido ao longo dos anos sob a orientação cuidadosa da professora Néli Luiza Cavalieri Fetzner, os autores acreditam que a linguagem didática e clara da obra tem ajudado nossos alunos a alcançar melhor desempenho na difícil tarefa de produzir boas peças processuais e bons textos jurídicos.
 
Boa sorte a todos e fiquem à vontade para entrar em contato, a fim de sanar quaisquer dúvidas.
	Título
	Teoria e Prática da Argumentação Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	2  
	Tema
	Silogismo a serviço da argumentação  
	Objetivos
	- Identificar conceito e estrutura do silogismo.
- Estabelecer uma relação entre o raciocínio positivista e o silogismo – método pelo qual aquele se operacionaliza.
- Reconhecer a importância do raciocínio silogístico para a argumentação jurídica.
- Identificar a relevância da razoabilidade para a persuasão de cada tipo de auditório. 
	Estrutura de conteúdo
	1. Silogismo
1.1. definição
1.2. estrutura
2. Silogismo e Positivismo
3. Silogismo e Argumentação
4. Razoabilidade e argumentação silogística
 
 
	Procedimentos de ensino
	Esta aula, além de trabalhar os conteúdos que lhe são devidos, estimula a consulta a fontes importantes para o estudante de Direito, entre elas a jurisprudência, a doutrina e dicionários jurídicos.
	Recursos físicos
	Datashow e retroprojetor
	Aplicação prática e teórica
	O ensino de Direito no Brasil fundou suas raízes em forte influência do chamado Positivismo jurídico. Segundo essa doutrina, os profissionais que atuam na solução de conflitos levados ao Judiciário deveriam encontrar o sentido do direito no sistema de normas escritas que regulam a vida social de um determinado povo.
De acordo com os adeptos dessa teoria, portanto, a prática jurídica deveria limitar-se à aplicação objetiva das normas vigentes ao caso concreto que se pretendia analisar, por meio de um método denominado silogismo. Esse método caracteriza-se por uma operação lógica em que compete ao juiz amoldar os acontecimentos da vida cotidiana à norma proposta pelo Estado.
Na prática, o silogismo� apresenta três proposições – premissa maior, premissa menor e conclusão – que se dispõem de tal forma que a conclusão deriva de maneira lógica das duas premissas anteriores. Mas será que a lei deve ser aplicadaa qualquer custo, ou cabe ao magistrado interpretar a vontade do legislador e usar a norma com razoabilidade? Nesse sentido, vamos refletir sobre o caso concreto que se lê.
Caso Concreto
Marcos Antônio, 26 anos, natural de Teresina, casado, pai de quatro filhos, com idades entre 1 e 6 anos, estava desempregado há quase três anos. Diante da situação de absoluta miséria, resolveu mudar-se para a cidade de São Paulo a fim de buscar emprego. Deixou mulher e filhos em sua cidade natal.
Em 23 de janeiro de 2006, foi contratado como auxiliar de cozinha pela empresa Gourmet Noblesse, restaurante de padrão internacional situado em um conhecido hotel da capital paulista. Seu empregador, após acertar a remuneração de um salário mínimo e meio, explicou as normas da empresa, anunciando que, ao término da jornada de trabalho, um vigilante teria como procedimento rotineiro a revista dos funcionários. Marcos Antônio trabalhou na empresa por quase quatro anos sem qualquer evento que merecesse menção.
Em 18 de maio de 2010, recebeu telefonema de sua mulher com a informação de que um de seus filhos estava doente e precisava de um remédio que custa R$ 180,00. Enviou a quantia pedida, mas ficou sem qualquer reserva financeira para as despesas habituais até o final do mês.
Em 25 de maio de 2010, com fome e sem qualquer dinheiro, Marcos Antônio viu-se sozinho na cozinha em que trabalhava e pegou duas latas de salsicha com validade próxima do vencimento e as colocou na mochila.
Ao sair da empresa, como de rotina, o vigilante revistou as bolsas dos funcionários e foram encontrados os enlatados. De imediato, Marcos Antônio foi separado dos outros funcionários de mesmo plantão e levado para uma sala isolada. Questionado pelos superiores, disse que julgou não ter qualquer problema levar as salsichas porque conhecia o cardápio do restaurante e aquele alimento não seria utilizado nos próximos dias. Como o produto sairia da validade e ele estava com muita fome, afirmou que não via erro em seu comportamento.
Seu empregador, porém, avaliou o quanto nocivo seria deixar passar sem represálias a conduta do empregado. Manteve o rapaz isolado na pequena sala por quase quatro horas até quando chegou um policial militar, que realizou prisão em flagrante e conduziu Marcos até a delegacia.
O delegado responsável abriu inquérito pela prática de furto qualificado pelo abuso de confiança para alcançar a subtração do bem, crime previsto no art. 155, §4º, II do CP, na forma tentada.
Marcos Antônio permaneceu preso pelo período de quatro dias até que um advogado contratado por amigos seus conseguiu sua liberdade.
 
Questão discursiva
Recorrendo-se a uma operação silogística, é fácil verificar que a acusação imputada a Marcos Antônio tem amparo legal, pelo menos se considerada a literalidade dos dispositivos legais que tratam da tentativa de furto qualificado pelo abuso de confiança.
Não se pode desprezar, porém, que as condutas do empregador e do delegado mostraram-se pouco razoáveis, tendo em vista a injustiça que a aplicação da norma parece ter gerado.
Tome como base essas informações, realize uma consulta à jurisprudência para reconhecer como o Judiciário de sua região tem compreendido casos semelhantes e produza um pequeno texto argumentativo (de até quinze linhas) defendendo a condenação ou a absolvição do acusado pelo crime já indicado. Seu texto deverá conter, necessariamente, as idéias de silogismo, legalidade, justiça e razoabilidade. Você pode recorrer a um dicionário jurídico.
Questão objetiva
Exame do Enade - Curso de Direito – 2009.
Questão 2 - Leia o gráfico, em que é mostrada a evolução do número de trabalhadores de 10 a 14 anos, em algumas regiões metropolitanas brasileiras, em dado período: 
http://www1.folha/uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u85799.shtml, acessado em 2 out. 2009. (Adaptado) 
Leia a charge:
www.charges.com.br, acessado em 15 set. 2009. 
Há relação entre o que é mostrado no gráfico e na charge?
A) Não, pois a faixa etária acima dos 18 anos é aquela responsável pela disseminação da violência urbana nas grandes cidades brasileiras.
B) Não, pois o crescimento do número de crianças e adolescentes que trabalham diminui o risco de sua exposição aos perigos da rua.
C) Sim, pois ambos se associam ao mesmo contexto de problemas socioeconômicos e culturais vigentes no país.
D) Sim, pois o crescimento do trabalho infantil no Brasil faz crescer o número de crianças envolvidas com o crime organizado.
E) Ambos abordam temas diferentes e não é possível se estabelecer relação mesmo que indireta entre eles. 
 
Exame do Enade - 2007.
Leia o esquema abaixo.
 
1 - Coleta de plantas nativas, animais silvestres, microorganismos e fungos da floresta Amazônica.
2 - Saída da mercadoria do país, por portos e aeroportos, camuflada na bagagem de pessoas que se disfarçam de turistas, pesquisadores ou religiosos.
3 - Venda dos produtos para laboratórios ou colecionadores que patenteiam as substâncias provenientes das plantas e dos animais.
4 - Ausência de patente sobre esses recursos, o que deixa as comunidades indígenas e as populações tradicionais sem os benefícios dos royalties.
5 - Prejuízo para o Brasil!
 
Com base na análise das informações acima, uma campanha publicitária contra a prática do conjunto de ações apresentadas no esquema poderia utilizar a seguinte chamada:
(A) Indústria farmacêutica internacional, fora!
(B) Mais respeito às comunidades indígenas!
(C) Pagamento de royalties é suficiente!
(D) Diga não à biopirataria, já!
(E) Biodiversidade, um mau negócio?
 
	Avaliação
	
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	Há dois arquivos em anexo, cujos lugares de inserção estão indicados nos templates respectivos.
	Título
	Teoria e Prática da Argumentação Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	3  
	Tema
	Demonstração e argumentação  
	Objetivos
	- Estabelecer a diferença entre demonstração e argumentação.
- Relacionar demonstração e os tipos de prova admitidos em Direito.
- Compreender a contribuição da demonstração para a argumentação jurídica.
	Estrutura de conteúdo
	1. Procedimento demonstrativo
1.1. Características
1.2. Meios de prova e argumentatividade
2. Argumentação
2.1. Características
2.2. Relação entre demonstração e argumentação
 
	Procedimentos de ensino
	Prezados Professores, esperamos que os alunos entendam que mesmo sendo o exame de DNA procedimento indispensável - segundo a compreensão popular - para atribuir a paternidade em casos de divergência, o Direito fixa regras (especialmente pela jurisprudência) que podem estabelecer as mesmas obrigações decorrentes da paternidade, ainda que sem esse exame, como é o caso da negativa reiterada de comparecer para a colheita de material genético, em respeito ao melhor interesse da criança. Dessa forma, diz-se que a demonstração está a serviço da argumentação, mas a sua obrigatoriedade depende de regras próprias que o próprio Direito estabelece.
	Recursos físicos
	Datashow e retroprojetor.
	Aplicação prática e teórica
	 
Fetzner[1] reconhece que a demonstração pode auxiliar a argumentação a alcançar seus objetivos. Segundo os autores, a demonstração caracteriza-se por ser um “meio de prova, fundado na proposta de uma racionalidade matemática”, a qual é operacionalizada pela lógica formal – silogismo.
A título de exemplo, reconheçamos que, para desenvolver uma argumentação que convença o magistrado da procedência do pedido de alimentos, é necessário demonstrar que realmente o requerido tem essa obrigação de alimentar o requerente, ou seja, é fundamental que a parte autora demonstre a paternidade para o juiz, sem a qual não tem qualquer serventia o fundamento jurídico selecionado.
Quais os meios de prova admitidos pelo Direito no tocante à comprovação (demonstração) da paternidade?
Vejamos o art. 1605 do Código Civil:na falta, ou defeito, do termo de nascimento (certidão), poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito: I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente; II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
 
Na mesma temática já abordada insere-se a sentença, cujo relatório adiante será transcrito.
 
Ação de investigação de paternidade,
Processo número ...
S E N T E N Ç A[2]
Vistos etc.
L.S.S. ajuizou ação de investigação de paternidade em face de P.C.V.A., alegando ser ele o seu pai, tendo a concepção ocorrida durante período em que M.G.F.S. trabalhava como doméstica, na residência dos pais do requerido.
Acostou à peça inicial certidões e cópias de documentos civis.
Citado, o réu apresentou contestação a fls. 19/21, negando qualquer tipo de envolvimento ou relacionamento sexual com a mãe do autor, ou com qualquer outra empregada doméstica, mesmo porque, à época da concepção, contava com 14 anos de idade, sem experiência na área sexual. Conclui atribuindo à exploração política, o ajuizamento da presente ação, que seria represália ao fato de não haver, ele réu, ajudado financeiramente o autor, quanto lho solicitou.
Réplica a fls. 24 e 27/30. A partir deste ponto, voltou-se o esforço processual à realização de exame de DNA, que culminou por não ser realizado ante a negativa do réu (fls. 47).
Após dois adiamentos, foi a audiência realizada a fls. 77/90, com os depoimentos pessoais das partes e inquirição de testemunhas tanto do autor quanto do réu, que novamente negou-se a se submeter a exame de DNA.
Nova audiência a fls. 100/102, e outro adiamento a fls. 107, para finalmente ocorrer a audiência de fls. 112/117 com a oitiva de testemunhas referidas.
Alegações finais do autor a fls. 118/124 e do réu a fls. 125/129, manifestando-se o Ministério Público a fls. 131/133.
Vieram os autos conclusos em 09 de novembro de 1999.
É O RELATÓRIO.
DECIDO.
 
Questão
Verificamos, pela leitura, que o requerido, alegando exploração política do fato, nega-se sistematicamente a realizar o exame de DNA, prova demonstrativa necessária à verificação dos fatos alegados pelo requerente.
O Judiciário já presumiu algumas vezes a paternidade, tendo em vista a conduta de negativa de realização desse exame.
A partir das informações já expostas nesta aula, realize uma pesquisa de jurisprudência e indique, sucintamente (até 10 linhas de texto argumentativo), qual a premissa maior que sustenta a presunção relativa de paternidade mesmo sem o exame de DNA. Sustente, ainda, se você é favorável ou contrário a esse raciocínio.
 
Exame do Enade - Curso de Direito – 2009.
Questão 3 - O Ministério do Meio Ambiente, em junho de 2009, lançou campanha para o consumo consciente de sacolas plásticas, que já atingem, aproximadamente, o número alarmante de 12 bilhões por ano no Brasil.
Veja o slogan dessa campanha: 
O possível êxito dessa campanha ocorrerá porque
I. se cumpriu a meta de emissão zero de gás carbônico estabelecida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, revertendo o atual quadro de elevação das médias térmicas globais.
II. deixaram de ser empregados, na confecção de sacolas plásticas, materiais oxibiodegradáveis e os chamados bioplásticos que, sob certas condições de luz e de calor, se fragmentam.
III. foram adotadas, por parcela da sociedade brasileira, ações comprometidas com mudanças em seu modo de produção e de consumo, atendendo aos objetivos preconizados pela sustentabilidade.
IV. houve redução tanto no quantitativo de sacolas plásticas descartadas indiscriminadamente no ambiente, como também no tempo de decomposição de resíduos acumulados em lixões e aterros sanitários.
Estão CORRETAS somente as afirmativas
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
 
Exame do Enade - 2007.
Vamos supor que você recebeu de um amigo de infância e seu colega de escola um pedido, por escrito, vazado nos seguintes termos:
 
“Venho mui respeitosamente solicitar-lhe o empréstimo do seu livro de Redação para Concurso, para fins de consulta escolar.”
 
Essa solicitação em tudo se assemelha à atitude de uma pessoa que
(A) comparece a um evento solene vestindo smoking completo e cartola.
(B) vai a um piquenique engravatado, vestindo terno completo, calçando sapatos de verniz.
(C) vai a uma cerimônia de posse usando um terno completo e calçando botas.
(D) freqüenta um estádio de futebol usando sandálias de couro e bermudas de algodão.
(E) veste terno completo e usa gravata para proferir uma conferência internacional.
 
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[1] FETZNER, Néli Luiza Cavalieri (Org. e Aut.); TAVARES, Nelson; VALVERDE, Alda. Lições de Argumentação Jurídica: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Forense, 2010, capítulo 2.3.
[2] NICOLAU Jr., Mauro. Juiz de Direito da Vara de Família, Infância e Juventude da comarca de Nova Friburgo (RJ). Disponível em < http://jus2.uol.com.br/pecas/texto.asp?id=92 >. Acesso em 23 de junho de 2010.
 
 
	Avaliação
	
	Título
	Teoria e Prática da Argumentação Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	4  
	Tema
	Estrutura e linguagem do texto argumentativo: situação de conflito, tese e contextualização do real  
	Objetivos
	- Compreender que a tarefa de persuadir o magistrado terá mais chances de sucesso se for bem planejado o texto argumentativo.
- Desenvolver o planejamento do texto argumentativo pela seleção dos elementos: a) situação de conflito; b) tese; c) contextualização do real (fatos - provas e indícios).
- Redigir cada um dos elementos constitutivos do planejamento da argumentação.
	Estrutura de conteúdo
	1. Estrutura e linguagem do texto argumentativo
2. Elementos estruturais da argumentação
2.1. Situação de conflito
2.2. tese
2.3. Contextualização do real
2.3.1. Tipos de prova
2.3.2. Indícios
 
	Procedimentos de ensino
	É muito comum o aluno perguntar onde essas informações que produzimos nesta aula serão inseridas na peça processual. É importante que compreenda serem os “elementos estruturantes da argumentação” itens de um planejamento do conteúdo da argumentação, a fim de garantir maiores chances de sucesso na persuasão do auditório.
É exatamente esse planejamento que garantirá coesão seqüencial e coerência argumentativa ao texto produzido.
Não existe uma resposta fechada para a situação de conflito, a tese e a contextualização do real. Incentive a reflexão crítica, o debate e a produção de conhecimento jurídico.
 
Sugerimos que se leia o livro “O caso dos exploradores de cavernas” e que seja feito um trabalho continuado com essa obra, a fim de abordar, desta aula em diante, todo o conteúdo pertinente à disciplina. Acreditamos que o trabalho seqüencial com um mesmo texto para quase todo o conteúdo facilita a aprendizagem e favorece atividades posteriores como o júri simulado, que deve ser viabilizado segundo as especificidades de cada unidade da Universidade Estácio de Sá.
 
	Recursos físicos
	Datashow, retroprojetor e uma leitura recomendada em "procedimentos de ensino".
	Aplicação prática e teórica
	 
A produção do texto argumentativo pressupõe um raciocínio extremamente complexo, que seleciona e organiza várias informações. O advogado já experiente realiza esse procedimento mentalmente, mas para o estudante de Direito, por questões de ordem didática, é importante que essa preparação seja feita, por escrito, passo a passo. Nesta aula, seguiremos as três primeiras tarefas: a) identificação da situação de conflito; b) escolha da tese a ser defendida; c) seleção dos fatos por meio dos quais a tese será defendida.
Segundo Fetzner[1], registrar a situação de conflito é fundamental para delimitar a questão sobre a qual se argumentará. Isso porque serão fornecidos os elementos indispensáveis para compor o caso concreto e inseri-lo no contextojurídico. Nesta, o orador definirá a centralidade da questão jurídica que estará sob apreciação, isto é, o fato jurídico. Em seguida, identificará as partes envolvidas na lide, devidamente qualificadas, determinando aquele que, em tese, representa o sujeito passivo e o que será considerado sujeito ativo. Por fim, estabelecerá quando e onde esta ocorreu.
A tese representa o ponto de vista a ser defendido, com base em todas as informações (fatos) disponíveis sobre o caso concreto e nos limites permitidos pela norma.
Para conseguir sustentar a tese, torna-se necessário extrair do caso concreto todas as informações que, explícita ou implicitamente, concorrem para comprová-la. Compreender o caso concreto, interpretar todas as suas sutilezas, valorá-las, apreender os diversos sentidos que um mesmo fato, prova ou indício promovem é fundamental para a produção de um texto argumentativo consistente. É essa seleção de fatos que representa a contextualização do real.
 
Leia o caso concreto e, em seguida, faça o que se pede.
 
Amanda Correia, de 6 anos de idade, matriculada na Escola Primeiros Sonhos, cursava o primeiro ano do Ensino Fundamental, quando, em 1º de agosto de 2008, foi realizada atividade recreativa durante o horário das aulas, dirigida pela professora “Tia Mariah”. A proposta era desenvolver habilidade motora e promover socialização entre os alunos.
Para desenvolver a atividade, a professora recorreu a bambolês. Em certo momento, Mario de Andrade, coleguinha de turma, jogou para Amanda Correia, a distância, seu bambolê, que se abriu no elo de ligação e atingiu Amanda no olho esquerdo. A aluna foi imediatamente conduzida pela escola a atendimento médico e se constatou a perda completa da visão no olho em que foi atingida.
Representada em juízo por seus pais, a autora, Amanda Correia, promoveu ação indenizatória em face da empresa ré, Escola Primeiros Sonhos, em que pediu, em síntese: indenização por danos morais (R$ 50 mil), indenização por danos estéticos (R$ 15 mil) e indenização por danos materiais (R$ 10 mil) para custear tratamento e internação.
Sustenta, como causa de pedir, a negligência da instituição de ensino, que adquiriu produto de péssima qualidade para realizar atividade pedagógica. Argumenta que o bambolê tinha as duas pontas unidas internamente por um prego, que facilmente se soltou e atingiu a autora no olho esquerdo, sem que as próprias crianças concorressem para tal acidente.
Acrescenta que os danos morais e estéticos são evidentes quando se trata de acidente dessa natureza, especialmente quando tem como vítima criança de pouca idade, como se observa na presente lide.
O dano moral, defende, deve ser indenizado em quantum compatível com o sofrimento da vítima e a reprovabilidade da conduta da ré (caráter pedagógico). O dano material foi comprovado por meio de documentos e notas fiscais juntadas ao processo.
Em contestação, a ré sustenta que o pedido da autora não deve prosperar. Observa-se a ilegitimidade do pólo passivo, ou seja, quem deveria figurar na condição de ré seria a empresa fabricante do produto defeituoso, causador do acidente, Plastimóbil Ltda.
Ainda que assim não fosse, prossegue, a professora não faltou com o dever de cuidado ao conduzir a atividade. Seria impossível interceptar, em pleno ar, o objeto para que não atingisse a aluna. Trata-se, portanto, de caso ortuito, por cuja culpa não tem responsabilidade.
Por fim, assinala que os danos estéticos são englobados pelos danos morais, não sendo devida a cumulação desses dois pedidos.
 
Questão1 - destaque:
a) o fato gerador do conflito sobre o qual o caso concreto discorre (o quê?);
b) as partes, devidamente identificadas (quem?);
c) quando e onde esse fato ocorreu.
Com base nessas informações, produza o parágrafo relativo à situação de conflito.
 
Questão 2
Indique a tese que pretende defender.
 
Questão 3
Selecione, em tópicos, as informações que possam colaborar com a defesa da tese que você escolheu. Indique, pelo menos, cinco fatos.
 
Exame do Enade - Curso de Direito – 2009.
Leia o trecho:
O movimento antiglobalização apresenta-se, na virada deste novo milênio, como uma das principais novidades na arena política e no cenário da sociedade civil, dada a sua forma de articulação/atuação em redes com extensão global. Ele tem elaborado uma nova gramática no repertório das demandas e dos conflitos sociais, trazendo novamente as lutas sociais para o palco da cena pública, e a política para a dimensão, tanto na forma de operar, nas ruas, como no conteúdo do debate que trouxe à tona: o modo de vida capitalista ocidental moderno e seus efeitos destrutivos sobre a natureza (humana, animal e vegetal).
GOHN, 2003.
 
É INCORRETO afirmar que o movimento antiglobalização referido nesse trecho
A) cria uma rede de resistência, expressa em atos de desobediência civil e propostas alternativas à forma atual da globalização, considerada como o principal fator da exclusão social existente.
B) defende um outro tipo de globalização, baseado na solidariedade e no respeito às culturas, voltado para um novo tipo de modelo civilizatório, com desenvolvimento econômico, mas também com justiça e igualdade social.
C) é composto por atores sociais tradicionais, veteranos nas lutas políticas, acostumados com o repertório de protestos políticos, envolvendo, especialmente, os trabalhadores sindicalizados e suas respectivas centrais sindicais.
D) recusa as imposições de um mercado global, uno, voraz, além de contestar os valores impulsionadores da sociedade capitalista, alicerçada no lucro e no consumo de mercadorias supérfluas.
E) utiliza-se de mídias, tradicionais e novas, de modo relevante para suas ações com o propósito de dar visibilidade e legitimidade mundiais ao divulgar a variedade de movimentos de sua agenda. 
 
 
Exame do Enade - 2007.
Desnutrição entre crianças quilombolas
“Cerca de três mil meninos e meninas com até 5 anos de idade, que vivem em 60 comunidades quilombolas em 22 Estados brasileiros, foram pesados e medidos. O objetivo era conhecer a situação nutricional dessas crianças.(...)
De acordo com o estudo,11,6% dos meninos e meninas que vivem nessas comunidades estão mais baixos do que deveriam,considerando-se a sua idade, índice que mede a desnutrição. No Brasil, estima-se uma população de 2 milhões de quilombolas.
A escolaridade materna influencia diretamente o índice de desnutrição. Segundo a pesquisa, 8,8% dos filhos de mães com mais de quatro anos de estudo estão desnutridos. Esse indicador sobe para 13,7% entre as crianças de mães com escolaridade menor que quatro anos.
A condição econômica também é determinante. Entre as crianças que vivem em famílias da classe E (57,5% das avaliadas), a desnutrição chega a 15,6%; e cai para 5,6% no grupo que vive na classe D, na qual estão 33,4% do total das pesquisadas.
Os resultados serão incorporados à política de nutrição do País. O Ministério de Desenvolvimento Social prevê ainda um estudo semelhante para as crianças indígenas.”
BAVARESCO, Rafael. UNICEF/BRZ. Boletim, ano 3, n. 8, jun. 2007.
 
O boletim da UNICEF mostra a relação da desnutrição com o nível de escolaridade materna e a condição econômica da família. Para resolver essa grave questão de subnutrição infantil, algumas iniciativas são propostas:
I - distribuição de cestas básicas para as famílias com crianças em risco;
II programas de educação que atendam a crianças e também a jovens e adultos;
III hortas comunitárias, que ofereçam não só alimentação de qualidade, mas também renda para as famílias.
 
Das iniciativas propostas, pode-se afirmar que
(A) somente I é solução dos problemas a médio e longo prazo.
(B) somente II é solução dos problemas a curto prazo.
(C) somente III é solução dos problemas a curto prazo.
(D) I e II são soluções dos problemas a curto prazo.
(E) II e III são soluções dos problemas a médio e longo prazo.
 
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[1]FETZNER, Néli Luiza cavalieri (Org. e Aut.); TAVARES, Nelson; VALVERDE, Alda. Lições de Argumentação Jurídica: da teoria à prática. Rio de Janeiro: Forense, 2010, capítulos 5.1.1, 5.1.2 e 5.1.3.
	Avaliação
	 
	Título
	Teoria e prática da Argumentação Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	5  
	Tema
	Estratégias argumentativas: técnicas de elaboração de hipóteses  
	Objetivos
	- Compreender que as hipóteses são argumentos possíveis a serem utilizados na fundamentação.
- Desenvolver o hábito de ponderar a força persuasiva do argumento antes mesmo de redigi-lo.
- Redigir estruturas de valor hipotético com verbos no futuro do pretérito e com função persuasiva.
- Selecionar fatos, provas e indícios que se prestem à produção das hipóteses.
	Estrutura de conteúdo
	1. Estrutura da hipótese causal
1.1. Uso de conectores e tempo verbal adequados
1.2. seleção de fatos que se prestem a esse tipo de hipótese
 
2. Estrutura da hipótese condicional
2.1. Uso de conectores e tempo verbal adequados
2.2. seleção de fatos que se prestem a esse tipo de hipótese
 
3. Diferenças estruturais e argumentativas entre as hipóteses e os argumentos
	Procedimentos de ensino
	Em decorrência do fato de a questão discursiva inserir-se na prova de direito constitucional, entendemos de grande valia a realização de uma ponderação de interesses, que confrontem valores como liberdade, direito de livre expressão e indisponibilidade de certos direitos da personalidade.
 
	Recursos físicos
	Datashow, retroprojetor, fontes pesquisadas na Internet.
	Aplicação prática e teórica
	Hipóteses são raciocínios previamente construídos que poderão ser utilizados no texto argumentativo como estratégia persuasiva. Partindo de fatos comprovados, o argumentador tira uma inferência. Há, assim, uma relação lógica entre as duas partes da hipótese.
 
 
               Para esclarecer como são produzidas essas hipóteses, conheça o exemplo extraído de Lições de argumentação jurídica: imagine que uma casa tenha sido assaltada. A tese a provar é que houve participação, no furto, de alguém da família ou de empregado da casa. Digamos que foram destacados do real os seguintes elementos:
a)                   Fato: somente o quarto da dona da casa foi vasculhado;
b)                  Prova testemunhal (depoimento de Sueli, a dona da residência furtada): “No mês passado, trouxe todas as minhas jóias, que guardava no cofre do banco, a fim de dividi-las com as minhas três filhas”;
c)                   Indício: o assaltante sabia o que desejava furtar.
 
Hipóteses causais:
1ª) utilizando-se do fato:
Já que somente o quarto da dona da casa havia sido vasculhado, o assalto teria sido planejado.
 
2º) utilizando-se da prova testemunhal:
Uma vez que Sueli afirmou que trouxera as jóias para casa a fim de dividi-las com as filhas, o assaltante teria conhecimento da atual localização das jóias.
 
3ª) utilizando-se do indício:
Tendo em vista que o assaltante sabia o que desejava furtar, seria alguém íntimo da família.
 
Hipóteses condicionais:
Se houve participação de um dos empregados da casa, deveria o crime a ele imputado ser qualificado pelo abuso de confiança.
 
Com base nessas hipóteses, todas relacionadas pelo mesmo objetivo - provar que houve a participação, no furto, de alguém conhecido da família - o texto argumentativo será estruturado. Nele, as suposições se transformarão em afirmações, isso é, em inferências das quais não se tem dúvida. Tais afirmações ainda deverão estar acompanhadas das justificativas que representarão como se processou a conexão entre o fato, a prova, o indício e a conclusão, que se extraiu a partir dessa conexão.
 
CASO CONCRETO
O caso concreto adiante foi retirado da prova de Direito Constitucional da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, no ano de 2010.
 
Um indivíduo hipossuficiente, interessado em participar da prática de modificação extrema do corpo (body modification extreme), decidiu se submeter a cirurgias modificadoras, a fim de deixar seu rosto com a aparência de um lagarto. Para tanto, pretende enxertar pequenas e médias bolas de silicone acima das sobrancelhas e nas bochechas, e, após essas operações, tatuar integralmente sua face de forma a parecer a pele do anfíbio.
Frustrado, após passar por alguns hospitais públicos, onde houve recusa na realização das mencionadas operações, o indivíduo decidiu procurar a Defensoria Pública para assisti-lo em sua pretensão.
 
 
SE JULGAR CONVENIENTE, RECORRA ÀS FONTES:
A seguir a tradução de uma das músicas bastante acessada na Internet. A temática insere-se na discussão presente no caso concreto.
 
Extreme Modificação corpora�l
Scent Of Death
Experimentos Merciless 
Limpeza de todos os vestígios humanos 
Condenado à agonia 
Eu grito para a salvação nesta célula clínica 
Substituir meus órgãos 
Violar a minha humanidade 
Perverter o meu corpo 
Eu rezo para o fim dos meus dias neste inferno médica ... médica inferno 
Analisando minha anatomia 
Checking 'até a última gota de sangue 
Tão cansado, tão cego, tão desperdiçado 
Degradados, amputada, profanado 
Gosto do meu medo, da dor disparar 
Desejo um final rápido 
Eu quero o esquecimento 
Eu quero a paz da morte 
Estou esperando o meu fim 
Eu ouço vozes na minha cabeça 
Onde está a luz do dia? 
Por um punhado de teste que confinar um inocente 
Diga-me que tipo de pecado, 
Que tipo de pecado que eu tinha feito 
Eu não posso me reconhecer 
Mutação de tudo o que eu sabia 
Meu corpo é um estranho para mim 
Fragmentos de uma vida perdida 
Aparece dentro do meu cérebro 
Afogado em solidão para sempre 
dor asséptica 
Vítima da ciência 
Sensores em torno de mim 
Sonda, digitalização ... 
experimentos Merciless 
Limpeza todos os vestígios humanos 
Condenado à agonia 
Eu grito para a salvação nesta célula clínica 
Veja meu rosto, eu sou grotesco 
Ver meus olhos, coisas terríveis 
Absorvendo a minha vida ... 
Eu rezo para o fim dos meus dias neste inferno médica 
Senhor das trevas, esperando para ser livre 
Deformado além de todos os seus pensamentos 
Onde o sol morre 
Quando a minha carne queimará 
Quando o meu sangue está fervendo dentro de minhas veias 
Esperando meu tempo, banido para todos, erro genético, esperma estéril ... 
Tão cansado, tão cego, tão desperdiçado 
Degradados, amputada, profanado 
Gosto do meu medo, da dor disparar 
Desejo um final rápido 
Pelas coisas que eu tinha ver 
Para as coisas que eles fizeram para mim 
Transgredindo todas as leis 
Atrás do torto fica 
Hopeless ... Dreamless ... 
Eu não posso me reconhecer 
Mutação de tudo o que eu sabia 
Meu corpo é um estranho para mim 
Fragmentos de uma vida perdida 
Aparece dentro do meu cérebro 
Afogado em solidão para sempre!
 
Significado[1]
Alteração Corporal é qualquer alteração deliberada, ou semi-alteração do corpo, de forma permanente e por razões não-médicas, como por exemplo: razões espirituais, estéticas, tribais, sociais, etc. Atualmente, essa prática (por vezes extrema) está constantemente à nossa volta, desde o mandamento da circuncisão na religião judaica, orelhas furadas, a castigos corporais até mesmo ao extremo de cortar a língua numa atitude rebelde contra a sociedade.
 
 Sugerimos pesquisar, ainda, a origem dessa prática, suas motivações morais e se existem países que autorizam tais cirurgias pelo sistema público de saúde. Observem ainda se a pretensão do assistido enquadra-se ou não nos direitos fundamentais previstos na Constituição brasileira.
 
Questão discursiva
Após analisara estrutura das hipóteses (conectores e tempo verbal) na pequena parte teórica introdutória, elabore uma hipótese causal e outra condicional sobre o caso concreto oferecido. Lembre-se de que as hipóteses têm por função intensificar o caráter persuasivo de sua tese.
 
 
QUESTÃO OBJETIVA
 
Prova do Enade – Direito – 2006.
Samba do Approach
Venha provar meu brunch
Saiba que eu tenho approach
Na hora do lunch
Eu ando de ferryboat
Eu tenho savoir-faire
Meu temperamento é light
Minha casa é hi-tech
Toda hora rola um insight
Já fui fã do Jethro Tull
Hoje me amarro no Slash
Minha vida agora é cool
Meu passado é que foi trash
Fica ligada no link
Que eu vou confessar, my love
Depois do décimo drink
Só um bom e velho engov
Eu tirei o meu green card
E fui pra Miami Beach
Posso não ser pop star
Mas já sou um nouveau riche
Eu tenho sex-appeal
Saca só meu background
Veloz como Damon Hill
Tenaz como Fittipaldi
Não dispenso um happy end
Quero jogar no dream team
De dia um macho man
E de noite uma drag queen.
                  (Zeca Baleiro)
 
I - “(...) Assim, nenhum verbo importado é defectivo ou simplesmente irregular, e todos são da primeira conjugação e se conjugam como os verbos regulares da classe.”
(POSSENTI, Sírio. Revista Língua. Ano I, n.3, 2006.)
 
II - “O estrangeirismo lexical é válido quando há incorporação de informação nova, que não existia em português.”
(SECCHIN, Antonio Carlos. Revista Língua, Ano I, n.3, 2006.)
 
III - “O problema do empréstimo lingüístico não se resolve com atitudes reacionárias, com estabelecer barreiras ou cordões de isolamento à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o dinamismo cultural, com o gênio inventivo do povo. Povo que não forja cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de mero usuário de criações alheias.”
(CUNHA, Celso. A língua portuguesa e a realidade brasileira.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1972.)
 
IV - “Para cada palavra estrangeira que adotamos, deixa-se de criar ou desaparece uma já existente.”
(PILLA, Éda Heloisa. Os neologismos do português e a
face social da língua. Porto Alegre: AGE, 2002.)
 
 
O Samba do Approach, de autoria do maranhense Zeca Baleiro, ironiza a mania brasileira de ter especial apego a palavras e a modismos estrangeiros. As assertivas que se confirmam na letra da música são, apenas,
(A)I e II.
(B)I e III.
(C)II e III.
(D)II e IV.
(E)III e IV.
 
Prova do Enade – Direito – 2006.
 
 
Qual afirmativa e respectiva razão fazem uma associação mais adequada com a situação apresentada?
(A) Afirmativa 1- porque o “senso moral” se manifesta como conseqüência da “consciência moral”, que revela sentimentos associados às situações da vida.
(B) Afirmativa 1- porque o “senso moral” pressupõe um “juízo de fato”, que é um ato normativo enunciador de normas segundo critérios de correto e incorreto.
(C) Afirmativa 1- porque o “senso moral” revela a indignação diante de fatos que julgamos ter feito errado provocando sofrimento alheio.
(D) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” se manifesta na capacidade de deliberar diante de alternativas possíveis que são avaliadas segundo valores éticos.
(E) Afirmativa 2- porque a “consciência moral” indica um “juízo de valor” que define o que as coisas são, como são e por que são.
 
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[1] Disponível em: <http://modbody.wordpress.com/body-extreme-mod/> Acesso em: 19 de julho de 2010.
 
	Avaliação
	
	Título
	Teoria e Prática da Argumentação Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	6  
	Tema
	Tipos de argumento: seleção e combinação  
	Objetivos
	- Distinguir os vários tipos de argumento disponíveis ao profissional da área jurídica.
- Compreender que a coesão seqüencial depende não apenas das informações registradas, mas também dos tipos de argumento por meio dos quais esses dados são veiculados.
- Estabelecer relação significativa entre as fontes do Direito e os tipos de argumento.
- Redigir parágrafos argumentativos persuasivos.
	Estrutura de conteúdo
	1. Relação entre fontes do Direito e tipos de argumento
 
2. Argumento pró-tese.
2.1. Estrutura, características e informações lingüísticas relevantes
 
3. Argumento de autoridade
3.1. Estrutura, características e informações lingüísticas relevantes
 
4. Argumento de senso comum
4.1. Estrutura, características e informações lingüísticas relevantes
	Procedimentos de ensino
	Professores, os tipos de argumento que trabalhamos com nossos alunos devem ser discutidos do ponto de vista da estrutura, do conteúdo e da capacidade de convencer. Em geral, nossos esforços seguem esse ordem, na medida em que perceber o critério "persuasão" neste momento ainda é um pouco difícil para a maioria.
	Recursos físicos
	Datashow, retroprojetor e material pesquisado na Internet
	Aplicação prática e teórica
	Os argumentos são recursos lingüísticos que visam ao convencimento. O argumento não é uma prova inequívoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como nas ciências exatas. O argumento implica um juízo do quanto é provável ou razoável.
 
A) ARGUMENTO PRÓ-TESE
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: Tese  +  porque  +  e também  +  além disso. Cada um desses elos coesivos introduzem fatos distintos favoráveis à tese escolhida.
 
B) DE AUTORIDADE
Argumento constituído com base nas fontes do Direito, em pesquisas científicas comprovadas.
 
C) ARGUMENTO DE SENSO COMUM
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso geral; está amplamente difundido na sociedade.
 
 
CASO CONCRETO
Nelson Gomes ajuizou ação de reparação em face do Estado de Santa Catarina porque teve sua perna direita amputada após acidente em jogo de futebol em março de 2009. Segundo os autos, Nelson sofreu uma queda violenta quando praticava esportes e foi conduzido por amigos ao Hospital. Lá foi prontamente atendido e medicado, liberado no dia seguinte, com a recomendação de retorno em 20 dias. Com fortes dores, ele voltou ao hospital cerca de cinco dias antes do previsto, quando foi atendido e liberado mesmo sem alteração do quadro. Dois dias depois, retornou ao hospital e foi informado que teria de se submeter a uma intervenção cirúrgica, sem que lhe fossem explicados os motivos. Ao acordar, verificou que sua perna tinha sido amputada. Em suas razões, o Estado alegou que Nelson corria risco de morte, pois a perna estava totalmente infeccionada e nada mais poderia ser feito.
O Estado argumentou, ainda, que a obrigação dos médicos é atuar com diligência, prudência e perícia possíveis e exigíveis, porém sem a exigência de cura. O advogado da parte autora entende que ficou comprovada a negligência médica, pois se o paciente tivesse recebido tratamento adequado e se sua perna tivesse sido operada antes da necrose – morte do tecido orgânico - possivelmente não teria acontecido a amputação. Lembrou também que o paciente tinha o direito de ser informado de que teria sua perna amputada.
 
SE JULGAR NECESSÁRIO, RECORRA ÀS POLIFONIAS SEGUINTES:
 
A matéria vem sendo regulada diferentemente, ao longo do tempo, pelas diversas Constituições como se verá das transcrições adiante[1].
Constituição Política do Império do Brasil de 1824:
"Art. 179, 29 – Os empregados públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no exercício das suas funções, e por não fazerem efetivamente responsáveis aos infratores".
 
Constituição Federal de 1891:
"Art. 82 – Os funcionários públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões emque incorrerem no exercício de seus cargos, assim como pela indulgência ou negligência em não responsabilizarem efetivamente os seus subalternos.
Parágrafo único – O funcionário público obrigar-se-á por compromisso formal, no ato da posse, ao desempenho dos seus deveres".
 
Constituição Federal de 1934:
"Art. 171 – Os funcionários públicos são responsáveis solidariamente com a Fazenda nacional, estadual ou municipal, por quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício dos seus cargos.
§ 1º - Na ação proposta contra a Fazenda pública, e fundada em lesão praticada por funcionário, este será sempre citado como litisconsorte.
§ 2º - Executada a sentença contra a Fazenda, esta promoverá execução contra o funcionário público".
 
Constituição Federal de 1937:
"Art. 158 – Os funcionários públicos são responsáveis solidariamente com a Fazenda Nacional, estadual ou municipal, por quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício dos seus cargos".
 
Constituição Federal de 1946:
"Art. 194 – As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único – Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcionários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes".
 
Constituição Federal de 1967/69:
Art. 105 – As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único – Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável, nos caso de culpa ou dolo".
 
Constituição Federal de 1988:
"Art. 37, § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".
 
Verifica-se que pelas duas primeiras Cartas Políticas, a de 1824 e a de 1891, os funcionários públicos eram direta e exclusivamente responsáveis por prejuízos decorrentes de omissão ou abuso no exercício de seus cargos. O Estado nenhuma responsabilidade assumia perante terceiros prejudicados por atos de seus servidores. Imperava a teoria da irresponsabilidade do Estado por atos de seus servidores.
Na vigência das Constituições de 1934 e de 1937 passou a vigorar o princípio da responsabilidade solidária. O prejudicado podia mover a ação contra o Estado ou contra o servidor público, ou contra ambos, bem como, promover a execução de sentença contra ambos ou contra um deles, segundo o seu critério de conveniência e oportunidade.
A partir da Constituição Federal de 1946 adotou-se o princípio da responsabilidade em ação regressiva. Desapareceu a figura da responsabilidade direta do servidor ou da responsabilidade solidária; não há mais o litisconsórcio necessário. Com o advento do Código Civil, prevendo, expressamente, em seu artigo 15, o princípio da regressividade, este acabou ganhando corpo na doutrina, refletindo na elaboração de textos constitucionais a partir da Carta Política de 1946, que adotou a teoria da responsabilidade objetiva do Estado.
Interessante notar que desde a Constituição de 1967 houve um alargamento na responsabilização das pessoas jurídicas de direito público por atos de seus servidores. É que houve a supressão da palavra interno, passando a abranger tanto as entidades políticas nacionais, como as estrangeiras.
Logo, entidades de direito público de potências estrangeiras, também, são responsáveis por atos de seus servidores, exceto nas hipóteses de aplicação do princípio da extraterritorialidade. É o princípio da territorialidade, que tem seu legítimo fundamento na soberania de cada Estado.
Esse alargamento acentuou-se na Constituição de 1988, que passou a estender a responsabilidade civil objetiva às pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviços públicos. Determinados serviços públicos, os não essenciais, ao contrário dos essenciais - como concernentes à administração da justiça, à segurança pública etc. - podem ter as respectivas execuções delegadas aos particulares. Com o advento do regime militar, na década de sessenta, inúmeras empresas estatais foram criadas com a missão precípua de executarem esses serviços públicos, sob o regime de concessão. Essas estatais, hoje, estão sendo privatizadas. 
Mas isso nenhuma alteração traz no que tange à responsabilidade civil dessas empresas prestadoras de serviços públicos. O que submete essas empresas ao regime da responsabilidade objetiva, previsto no Texto Magno, não é a natureza do capital, público, privado ou misto, mas, o fato de executar o serviço público.
De fato, não seria justo, nem jurídico, submeter o terceiro, vítima da ação ou omissão do concessionário, à difícil tarefa de comprovar a culpa do agente só porque o Estado delegou ao particular a execução da obra ou do serviço. Por isso, as empresas concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços públicos respondem objetivamente pelos danos causados por atos ou omissões de seus diretores, gerentes ou empregados.
 
Jurisprudência:
2008.001.12021 - APELACÃO - DES. SERGIO CAVALIERI FILHO - Julgamento: 14/05/2008 - DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL TJ/RJ
ERRO MÉDICO - CIRURGIA MAL SUCEDIDA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - OBRIGACAO DE INDENIZAR - MAJORACÃO DA CONDENACÃO. RESPONSABILIDADE POR ERRO MÉDICO. Responsabilidade. Dano Moral e Estético. Arbitramento. Equilíbrio no Binômio Compensação-Punição. Majoração da Indenização. A autora entrou andando e com poucas dores na sala de cirurgia e de lá saiu em cadeira de rodas, com problemas na realização de suas necessidades fisiológicas, as quais se realizam, até hoje, mediante cateterismo. Erro médico gravíssimo, reconhecido pelo CREMERJ, a merecer reparação exemplar - compensatória e punitiva. Certamente, a reparação por dano moral não pode ser fonte de lucro indevido àquele que a postula, sob pena de se ensejar novo dano. Entretanto, não é menos certo que sua fixação não pode ser tão moderada a ponto de estimular a continuidade de comportamentos abusivos, contrários aos maiores interesses da sociedade. Daí a afirmação de a indenização possuir natureza dúplice: compensatório-punitivo. Esses dois aspectos da reparação merecem equilibrada consideração, quando da apreciação judicial dos fatos. Provimento do apelo autoral.
Ementário: 34/2008 - N. 19 - 18/09/2008
 
Código de Defesa do Consumidor
Art. 6° - São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência;
 
Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
 
Questão discursiva
 
Leia o caso concreto indicado para esta aula e recorra às fontes indicadas ou sugeridas. Redija três parágrafos argumentativos: um argumento pró-tese, um argumento de autoridade e um argumento de senso comum. Vale observar que, normalmente, após o argumento de autoridade é sugerida a produção do argumento de oposição; entretanto, esse argumento será reservado para a próximaaula.
 
 
QUESTÕES OBJETIVAS
 
Exame do Enade – Direito – 2006.
A tabela abaixo mostra como se distribui o tipo de ocupação dos jovens de 16 a 24 anos que trabalham em 5 Regiões Metropolitanas e no Distrito Federal.
 
 
(Fonte: Convênio DIEESE / Seade, MTE / FAT e convênios regionais.
PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego Elaboração: DIEESE)
 
Das regiões estudadas, aquela que apresenta o maior percentual de jovens sem carteira assinada, dentre os jovens que são assalariados do setor privado, é
(A)Belo Horizonte.
(B)Distrito Federal.
(C)Recife.
(D)Salvador .
(E)São Paulo.
 
 
Exame do Enade – Direito – 2009.
O Brasil tem assistido a um debate que coloca, frente a frente, como polos opostos, o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Algumas iniciativas merecem considerações, porque podem agravar ou desencadear problemas ambientais de diferentes ordens de grandeza. Entre essas iniciativas e suas consequências, é INCORRETO afirmar que 
A) a construção de obras previstas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tem levado à redução dos prazos necessários aos estudos de impacto ambiental, o que pode interferir na sustentabilidade do projeto.
B) a construção de grandes centrais hidrelétricas nas bacias do Sudeste e do Sul gera mais impactos ambientais do que nos grandes rios da Amazônia, nos quais o volume de água, o relevo e a baixa densidade demográfica reduzem os custos da obra e o passivo ambiental.
C) a exploração do petróleo encontrado na plataforma submarina pelo Brasil terá, ao lado dos impactos positivos na economia e na política, consequências ambientais negativas, se persistir o modelo atual de consumo de combustíveis fósseis.
D) a preocupação mais voltada para a floresta e os povos amazônicos coloca em alerta os ambientalistas, ao deixar em segundo plano as ameaças aos demais biomas.
E) os incentivos ao consumo, sobretudo aquele relacionado ao mercado automobilístico, para que o Brasil pudesse se livrar com mais rapidez da crise econômica, agravarão a poluição do ar e o intenso fluxo de veículos nas grandes cidades. 
 
Exame do Enade – Direito – 2006.
A legislação de trânsito brasileira considera que o condutor de um veículo está dirigindo alcoolizado quando o teor alcoólico de seu sangue excede 0,6 gramas de álcool por litro de sangue. O gráfico abaixo mostra o processo de absorção e eliminação do álcool quando um indivíduo bebe, em um curto espaço de tempo, de 1 a 4 latas de cerveja.
 
 
Considere as afirmativas a seguir.
I - O álcool é absorvido pelo organismo muito mais lentamente do que é eliminado.
II - Uma pessoa que vá dirigir imediatamente após a ingestão da bebida pode consumir, no máximo, duas latas de cerveja.
III - Se uma pessoa toma rapidamente quatro latas de cerveja, o álcool contido na bebida só é completamente eliminado após se passarem cerca de 7 horas da ingestão.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
(A)II, apenas.
(B)I e II, apenas.
(C)I e III, apenas.
(D)II e III, apenas.
(E)I, II e III.
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[1] Harada, Kiyoshi. Responsabilidade civil do Estado. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=491>. Acesso em: 19 de julho de 2010.
	Avaliação
	
	Título
	Teoria e Prática da Argumentação Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	7  
	Tema
	Tipos de argumento: seleção e combinação (continuação)  
	Objetivos
	- Reconhecer estrutura e aspectos persuasivos dos argumentos de oposição, de causa e efeito e de analogia.
- Compreender que a quebra de expectativas como estratégia discursiva do argumento de oposição, apoiada no uso dos operadores argumentativos de concessão e adversidade.
- Identificar o uso da jurisprudência como importante fonte argumentativa.
	Estrutura de conteúdo
	1. Relação entre fontes do Direito e tipos de argumento
 
2. Argumento de oposição.
2.1. Estrutura, características e informações lingüísticas relevantes
 
3. Argumento de causa e efeito
3.1. Estrutura, características e informações lingüísticas relevantes
 
4. Argumento de senso comum
4.1. Estrutura, características e informações lingüísticas relevantes
	Procedimentos de ensino
	Para o sucesso na redação do argumento de oposição, há que se atentar para os seguintes detalhes:
- a seleção dos fatos favoráveis à tese e dos contrários a ela deve ser cuidadosa;
- é necessário ponderar o peso que cada fato terá na relação opositiva, pois o fato que favorece a tese do argumentador deve ser sempre mais consistente que o fato negativo para essa tese, sob pena de não alcançar os objetivos do argumento.
- a observância dos conectores sintáticos e da estrutura sugerida são importantes para o sucesso da produção do argumento, mas sempre podemos dar liberdade redacional ao aluno para buscar de forma criativa a concretização de todas as orientações que oferecemos.
 
Quanto ao argumento de causa e efeito, vale lembrar que não basta haver uma relação de causa e efeito para caracterizar o texto argumentativo. O texto narrativo também pode mostrar fatos que revelem esse valor semântico. Para que haja a estrutura argumentativa, o advogado deverá estabelecer uma relação direta entre a conduta (omissiva ou comissiva do agente) e as conseqüências jurídicas desse evento.
 
	Recursos físicos
	Datashow, Retroprojetor e material recolhido da Internet.
	Aplicação prática e teórica
	O ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO serve ao profissional do Direito como uma estratégia discursiva eficiente para a redação de uma boa fundamentação. Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista defendido pelo argumentador, admitindo-o como uma possibilidade de conclusão, para depois apresentar, como argumento decisivo, a perspectiva contrária.
Apoiada no uso dos conectores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia permite antecipar as possíveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais fortes da parte oposta.
Observe os quadros abaixo:
INSERIR AQUI O ANEXO 11
Para ficar ainda mais clara essa estrutura, os parágrafos anteriores foram desenvolvidos. Compreenda que as estruturas sugeridas não são, de forma alguma, instrumentos que impedem a liberdade redacional do argumentador; ao contrário, a partir delas novas informações podem ser acrescidas – sem descaracterizar a estratégia.
 
Argumento de oposição concessiva
Embora haja quem argumente ser impossível pensar a afetividade como valor jurídico, pois não existe lei que obrigue alguém a ser pai, nem garanta reaproximações indesejadas, a Justiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva. Essa reparação André Júlio deve a Alexandre, por sua luta inglória desde quase os sete anos de idade, a fim de reaver o afeto do pai. Falta de carinho, de atenção e de presença não se quantifica, mas pode ser compensada para amenizar o sofrimento de Alexandre, por ter tido um pai ausente.
 
Também podemos redigir o argumento desta maneira:
 
Argumento de oposição restritiva
Há quem argumente ser impossível pensar a afetividade como valor jurídico, ou seja, que não existe lei que obrigue alguém a ser pai, nem garanta reaproximações indesejadas, mas a Justiça pode, sim, fazer valer o direito de um filho em relação aos cuidados paternais, por meio de uma reparação afetiva. Essa reparação André Júlio deve a Alexandre, por sua luta inglória desde quase os sete anos de idade, a fim de reaver o afeto do pai. Falta de carinho, de atenção e de presença não se quantifica, mas pode ser compensada para amenizar o sofrimento de Alexandre, por ter tido um pai ausente.
 
 
Além do argumento de oposição, outro que também se mostra de grande eficiência na prática argumentativa é o ARGUMENTO DE CAUSAE EFEITO, que estabelece uma relação de causalidade, ou seja, são apresentadas as causas e as conseqüências jurídicas de um ato praticado.
 
Com relação ao ARGUMENTO DE ANALOGIA, a obra principal adotada para esta disciplina – Lições de Gramática aplicadas ao Texto Jurídico – menciona que é importante discutir se é possível usar a jurisprudência com fonte. Antes de enfrentar qualquer questão, tomemos como conceito de jurisprudência, em sentido estrito, o conjunto de decisões uniformes, sobre uma determinada questão jurídica, prolatadas pelos órgãos do Poder Judiciário.
O próprio conceito atribuído à fonte aqui discutida sugere que sua autoridade advém do órgão que a profere (jurisdição). Isso é inegável. O que se questiona é que, independentemente da autoridade que a reveste, o que faculta verdadeiramente seu uso – e a torna eficiente – é a proximidade do caso analisado com os outros cujas decisões são tomadas como referência.
Isso implica dizer que, em última instância, o que faz do uso da jurisprudência uma estratégia interessante para a argumentação é o raciocínio de que casos semelhantes devem receber tratamentos análogos por parte do Judiciário, para que não sejam observadas injustiças ou discrepâncias. É a semelhança entre o caso concreto analisado e o processo já transitado em julgado que autoriza o uso da jurisprudência.
Tanto é assim que se ambos os conflitos versarem sobre direito possessório, por exemplo, mas as circunstâncias em que cada um deles ocorreu não forem as mesmas, a simples proximidade temática não autoriza o uso da jurisprudência pela autoridade de que é revestida. Por essa razão, preferimos elencar as decisões judiciais reiteradas como motivadoras de argumentos por analogia. 
Uma observação se faz necessária, neste ponto: para o acadêmico de Direito importa, muitas vezes, mais o domínio das estratégias argumentativas e dos tipos de argumento, do ponto de vista prático, que a própria classificação desses elementos, pois esta é uma preocupação prioritariamente didática.
 
 
CASO CONCRETO
Trata-se de ação de ressarcimento proposta por Marta Gomes em face de Supermercados Zona Norte, na qual pretende a autora obter a reparação de danos morais e materiais sofridos em virtude de ter escorregado no piso molhado de um dos supermercados da ré, fato esse que lhe provocou lesões em seu pé direito e acarretou a sua inatividade por cerca de vinte dias.
Alega a demandante ter tropeçado em uma funcionária da empresa requerida, a qual se encontrava abaixada lavando o piso do estabelecimento em que a primeira, no dia 14 de junho de 2010, fazia compras.
Afirma a autora não ter visto a referida trabalhadora do supermercado e, pelo fato de estar o piso molhado e com sabão, não foi possível se equilibrar. Em razão da queda, sustenta que foi levada por empregados da ré a uma clínica conveniada ao plano de saúde oferecido pela empresa a seus funcionários, onde lhe foi recomendado que se dirigisse a um ortopedista, pois não havia na clínica profissional especializado naquele momento.
A autora, então, foi encaminhada ao Centro de Reumatologia e Ortopedia, no qual foi diagnosticada tendinite na face dorsal de seu pé direito; o que ensejou a imobilização de seu pé direito por 21 (vinte e um) dias; tendo ficado afastada de seu trabalho e de suas atividades esportivas por todo esse tempo. Pretendeu a autora, de forma subseqüente, obter ante a requerida o reembolso das despesas efetuadas com sua recuperação; o que foi negado pela ré, ante a fundamentação de que a autora havia declarado que, alguns anos antes do fato em referência, sofrera uma lesão no tornozelo direito, pelo que o diagnóstico realizado no Centro de Reumatologia e Ortopedia referir-se-ia a esse evento.
Requer judicialmente a autora, portanto, a condenação da ré ao pagamento de R$865,99 (oitocentos e sessenta e cinco reais e noventa e nove centavos) a título de danos materiais, bem como de compensação pecuniária pelos alegados danos morais sofridos em virtude do mesmo fato. Acompanham a inicial os documentos comprobatórios das despesas médicas realizadas pela autora.
 
Jurisprudência
2006.001.32821 - APELACAO CIVEL
JDS. DES. SIRLEY ABREU BIONDI - Julgamento: 29/11/2006 - DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. Queda da apelada no interior do estabelecimento comercial apelante (Casas Sendas) em razão de piso molhado. Seguradora denunciada. Condenação das apelantes (empresa e seguradora) ao pagamento dos danos materiais pela incapacidade total temporária, incapacidade total permanente, parcelas vencidas corrigidas nos termos da Súmula 490 do STF e indenização por danos morais no valor de R$ 15.000,00, havendo reconhecimento quanto à sucumbência recíproca com compensação da verba honorária. Procedência quanto ao pedido com relação à Seguradora denunciada, no valor fixado pelo dano moral, com o pagamento das despesas com a denunciação e honorários devidos no percentual de 10% sobre o valor da condenação, em favor da denunciante. Inconformismo das apelantes quer seja pela condenação pelos danos materiais, quer seja pelos danos morais. Danos materiais devidamente comprovados, assim como o nexo de causalidade. Relação contratual existente entre a apelante 1 ( Casas Sendas ) e a apelante 2 ( Seguradora), com relação aos danos materiais. Contudo, não engloba o dever quanto ao pagamento de danos morais, como foi fixado pela nobre Julgadora. Dano moral reconhecido na sentença, que deve ser objeto de indenização por parte da apelante 1 à apelada, sem obrigatoriedade de ressarcimento por parte da apelante 2 (Unibanco AIG Seguros ). Conclui-se, destarte, pelo DESPROVIMENTO DO RECURSO 1 (Sendas S/A) e PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO 2 (UNIBANCO AIG SEGUROS S/A), afastando tão somente o pagamento referente ao dano moral.
 
Doutrina
Empresas são responsáveis por acidentes sofridos por clientes[1]
As empresas são responsáveis pelos acidentes sofridos por seus clientes dentro de seus estabelecimentos. Toda vez que isso ocorrer, elas deverão dar assistência médica e hospitalar à pessoa acidentada, pagar os medicamentos necessários e indenizá-la pelos danos sofridos. O fornecedor só está isento de pagar uma indenização se a culpa pelo acidente for exclusiva do consumidor ou de terceiros.
A indenização é devida sempre que ficar provado que o local onde ocorreu o acidente apresentava perigo, como no caso de um piso irregular. Placas informando sobre riscos de acidente não retiram a culpa do fornecedor em caso de dano. Uma placa onde se lê para tomar cuidado porque o piso está molhado não livra o fornecedor de indenizar o consumidor caso venha a sofrer problemas numa queda. A obrigação da empresa é impedir o trânsito de pessoas naquela área.
Em caso de acidente, o consumidor deve encaminhar um pedido de indenização ao gerente da loja onde ocorreu o acidente. O consumidor pode se precaver fazendo um boletim de ocorrência na delegacia mais próxima do local. Ë uma forma de preservar seu direito de reclamar futuramente. Se o gerente recusar o pedido, a saída é abrir um processo contra a empresa na Justiça. Se não tiver testemunhas que tenham presenciado o acidente, o consumidor deverá ter o cuidado de guardar a nota fiscal da compra ou um recibo do estacionamento.
 
 
Legislação (Código de defesa do consumidor)
Art. 2° - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
 
Art. 3° - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° - Serviço

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