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Comportamento Bem Estar dos Bovinos 2018

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Universidade José Eduardo dos Santos
Faculdade de Medicina Veterinária
Disciplina de Comportamento e Bem Estar Animal
2º Ano
Professora Dra. Efigénia Camela
Tema III. Bem estar Geral e específico
Comportamento e bem estar de Bovino
Objectivo
Dominar o comportamento de bovinos e analisar a interação entre o comportamento e bem estar bem como a sua influência no seu meio ambiente, com a finalidade de se Identificar comportamentos anormais em bovinos e respeitar as normas de bem estar animal.
Introdução
O desenvolvimento dos comportamentos dos bovinos
o comportamento dos bovinos é determinado basicamente pelo seu instinto e por sua experiência. Em termos fisiológicos, as respostas comportamentais dos bovinos são derivadas da interação entre as funções cerebrais, corporais e vias envolvidas na variabilidade genética.
O condicionamento operante é um mecanismo de aprendizagem que evolui quando o animal recebe o que quer ou uma dada recompensa ao executar uma determinada ação. Trata-se basicamente de tentativa e erro, onde o animal deve experimentar a recompensa repetidas vezes, para que o comportamento seja aprendido. Esta é a maneira mais comum de aprendizado de bovinos, uma vez que são animais curiosos e dispostos a explorar novas situações.
Adotar práticas de bem-estar e aplicar boas práticas de maneio é necessário para promover melhores condições aos animais e aumentar sua produtividade nas propriedades rurais. Entretanto, o custo adicional nos sistemas de produção que contemplam bem-estar é um dos principais obstáculos para oferecer um melhor tratamento aos animais nas propriedades rurais (OLIVEIRA, 2010). 
Assim, implantar mudanças nas atitudes humanas, que não requeiram investimentos adicionais, é o ponto de partida para a incorporação de bem-estar nas propriedades (HEMSWORTH; BARNETT, 2001; COSTA et al., 2010).
O bem-estar de um indivíduo é seu estado em relação às suas tentativas de adaptar-se ao seu ambiente. 
Além disso, é preciso atentar para o conceito das cinco liberdades, elaborado pelo Comitê de Brambell, na Inglaterra, em 1965, e que até hoje norteia o bem-estar dos animais de produção.
 É importante entender que esse conceito deve ser avaliado pela ótica do animal e são eles: todos os animais devem ser livres de fome e sede; livres de ansiedade, medo e estresse; livres de desconforto; livres de dor e doenças; livres para expressar seu comportamento natural.
 Estes indicadores fornecem um conjunto de princípios, sendo que os ideais expressos em cada liberdade representam os parâmetros a serem utilizados para avaliar se o bem-estar está sendo atendido.
 A partir da verificação do atendimento ou não das cinco liberdades pode-se quantificar o bem-estar de determinado animal (BROOM; FRASER, 2010).
De maneira simplificada, o comportamento animal pode ser entendido como o conjunto de todas as atividades que um animal apresenta ou deixa de apresentar. Ainda pode-se definir comportamento como toda resposta muscular ou secretória, observada por mudanças no ambiente interno e externo dos animais (Kandel, 1976).
 Assim, o conhecimento do assunto deve direcionar-se tanto aos padrões comportamentais de determina espécie como, sobretudo, à sua utilização como ferramentas para a tomada de decisões voltadas ao melhor desempenho produtivo dentro das condições mínimas de bem-estar animal.
O estudo do comportamento animal assume papel importante dentro da produção animal, uma vez que para racionalizar os métodos de criação temos desenvolvido técnicas de manejo, alimentação e instalações que interferem (e também dependem) do comportamento.
Para isto, existe a ciência que procura observar o comportamento animal de maneira objetiva denominada etologia (ethos=caracter, logia=estudo), a qual fornece informações importantes para, por exemplo, determinar acções no campo da produção animal, a partir das quais os animais tenham as melhores condições para desenvolver-se.
Origem e Domesticação
Os bovinos (latim científico: Bovinae) constituem uma subfamília de mamíferos artiodátilos bovídeos, distribuídos por todos os continentes. São ungulados de tamanho médio a grande, incluindo o boi doméstico, o bisonte, o búfalo, o iaque, e os antílopes de quatro chifres e de chifres espirais, como o elande e o cudo).
 O boi é um ruminante, ou seja, regurgita o alimento para a boca após sua ingestão, onde é novamente mastigado e deglutido.
 O gado doméstico descende do auroque na Europa e do gauro na Ásia. Sua domesticação teve início há mais de 5 000 e 6 000 anos atrás. Os bovinos domesticados tinham várias serventias para o ser humano: como animal de carga (assim como a cabra e os cavalos) e a produção de leite em vida e carne/couro após a morte, representando grande importância para a economia de muitos países.
 Era incomum a criação de gado para alimentação, a carne do animal era consumida apenas se ele morresse ou não tivesse mais utilidade.
Hoje em dia, os bovinos são os principais figurantes na indústria de produção de carne. A cadeia produtiva da carne está em vários ramos de negócios, desde a fabricação de ração e o ensino de profissionais qualificados (médicos veterinários, zootecnista e agrônomos) até as empresas de consultoria em sistemas de comércio exterior.
Em vida livre, os bovinos são animais que vivem em áreas de pasto sem território fixo e com comportamento gregário fortemente desenvolvido ( GREGORY,2003). 
Com a industrialização da bovinocultura de corte e leiteira, houve significava alteração na qualidade de vida destes animais, com a modificação quase que total de suas condições naturais.
 Porém, não significa, necessariamente, que bovinos criados de maneira mais intensiva estejam em condições insatisfatórias de bem - estar animal, e bovinos em sistemas extensivos estejam em melhor nível de bem - estar animal.
Entretanto, muitos dos comportamentos classificados como anormais são observados em sistemas intensivos e devem ser analisados para que alguma possível solução seja tomada.
Pode-se dar como exemplo, o caso do enrolamento da língua nas vacas em sistemas empobrecidos, que como porcos mordendo barras de ferro, ratos em laboratórios andando de um lado para o outro, galinhas praticando canibalismo, ovinos mastigando cochos, ou cavalos praticando aerofagia, apresentam estes comportamentos anormais como resposta a um ambiente artificial e empobrecido, ou seja, estão frustrados e necessitam apresentar comportamentos que os ajudem a enfrentar sua própria frustração.
Estes comportamentos, denominados estereotipias, não seriam apresentados em ambientes naturais ou enriquecidos. (vieira e Siqueira 2012).
Acta Zoológica (taxonomia)
Bovinos
 
Classificação cientifica ( Gray,1821) 
Reino: Animalia 
Filo: Chordata 
Classe:Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Familia: Bovidae
Subfamilia: Bovinae
 
Órgãos de sentidos e comunicação
Para manejar os bovinos de forma racional deve-se, antes de tudo, compreender como este animal percebe o ambiente.
 O universo sensitivo dos bovinos, ou seja, o funcionamento dos seus sentidos e suas percepções do ambiente condiciona grande parte das reações destes animais. Desta forma, o estudo e o conhecimento dos sentidos e da percepção dos bovinos são essenciais para compreender e predizer suas reações.
Visão
O olho do bovino é semelhante ao de todos os mamíferos, contendo dois tipos de fotorreceptor: bastonetes e cones.
Os bastonetes são responsáveis pela sensibilidade do olho à luz; são associados geralmente com a visão noturna. Os cones são responsáveis pela acuidade visual e contêm foto-pigmentos que determinam a visão das cores; são associados geralmente com a visão diurna.
DIMBERTON (1999) citado por MOUNAIX, 2007 propõe uma descrição anatômica detalhada do olho do bovino e de suas características funcionais principais.
 Discute a proporção elevada dos bastonetes e também o formato do cristalino,que dá ao bovino uma sensibilidade visual boa (percepção forte de estímulos claros), mas acuidade reduzida (percepção fraca dos detalhes).
Os bovídeos podem distinguir diversos formatos geométricos e também sua orientação. Entretanto, a anatomia de seu olho gera uma acuidade visual diferente para objetos imóveis e móveis. Em particular, a percepção do movimento dinâmico é mais detalhada do que a visão humana, sendo que a visão de elementos em movimento é distorcida. Esta característica explicaria o motivo pelo qual os animais temem quando se deparam com movimentos rápidos, gerando a necessidade de que as pessoas que lidam com os animais evitem movimentos bruscos.
Figura1: Percepção dos movimentos nos seres humanos e nos bovinos
A posição lateral dos olhos dos bovinos, somado ao formato retangular das pupilas, permite um campo de visão mais largo (± 332°), que é essencialmente monocular: sem mover a cabeça. 
As pesquisas mais recentes mostram que os bovinos têm uma visão dicromática, com tons de máxima sensibilidade à luz amarelo-esverdeada (552-555 nanômetro) e azul-púrpura (444-455 nanômetro) (JACOBS et al., 1998 apud BARBOSA SILVEIRA, 2005).
 
Os bovinos podem ver em profundidade, embora tenham de baixar a cabeça para perceber a profundidade do campo visual (BARBOSA SILVEIRA, 2005).
Figura 2: Campo de visão do bovino 
Figura3: Posicionamento da cauda, meio de comunicação visual.
Olfato
O cheiro complementa a informação visual e contribui para o reconhecimento dos indivíduos, a construção de relacionamentos, como a relação vaca bezerro, promovendo a organização social do grupo. A percepção dos odores participa ativamente na reprodução, constituindo meios de uma comunicação entre os membros do grupo (MOUNAIX, 2007).
Os odores são detectados pelas células sensoriais (quimiorreceptores) situadas no epitélio nasal. Entretanto, os bovinos possuem também um segundo órgão olfatório: o órgão de Jacobson ou órgão Vomeronasal, que é usado em uma comunicação entre indivíduos. Este órgão é situado no interior da boca na região do palato superior. Sua utilização está relacionada ao comportamento característico conhecido como “Reflexo de Flehmen” por meio do qual o animal levanta o nariz com a boca ligeiramente aberta e, com lábio superior e a língua dobrada permite a passagem de ar para o órgão.
Figura 3: Reflexo de Flehmen
Uma comunicação olfativa entre indivíduos é feita através das feromonas. Estas são as moléculas químicas emitidas por um animal a qual gera uma resposta específica no animal que as detecta (percebe) (CHEAL, 1975 apud MOUNAIX, 2007). Estas moléculas, presentes em todas as secreções animais (respiração, urina, fezes, secreções vaginais), são de uma natureza química variada, mas são compostas principalmente de alcaloides aromáticos. O órgão Vomeronasal parece mais sensível as feromonas do que a membrana mucosa nasal.
Em função da comunicação olfativa de um rebanho ser basicamente feita através de feromonas, um indivíduo enfrentando uma situação de risco emite odores em sua urina, por exemplo, que modificarão as reações comportamentais de seus companheiros. Assim, as feromonas liberadas pelo animal constituem um sinal de alerta de perigo aos seus companheiros.
A percepção olfatória permite o reconhecimento social-hierárquico dentro do rebanho, sendo que, mesmo animais cegos são capazes de distinguir a hierarquia do grupo.
Audição
A audição é mais sensível nos bovinos do que nos seres humanos. Bovídeos percebem uma escala mais extensiva de frequências (23 a 37.000 hertz) e sua sensibilidade às frequências elevadas e baixas é maior, sendo esta situada em torno de 8.000 hertz. O sentido auditivo dos bovinos também os permite ouvir e identificar familiares. Por exemplo, um bezerro é capaz de reconhecer o mugido de sua mãe (HEFFNER, 1998).
A sensibilidade dos bovinos ao ruído varia com idade: bezerros (as) reagem mais rapidamente aos sons novos do que animais adultos, mas o temperamento do animal é um fator importante da variação. Além disso, o gado adapta-se rapidamente a seu ambiente usual identificando os ruídos diários da fazenda, sendo que somente os ruídos novos ou inesperados os conduzem às reações alarmantes, como por exemplo, os sons agudos (altas frequências). Os sons graves (frequências baixas) tendem a acalmar o animal (ARAVE, 1996).
O bovino pode memorizar sons e associá-los com uma experiência prévia. Assim, o som do trator pode ser associado com a chegada do alimento, e um som metálico, por exemplo, do brete pode lembrar o animal de uma experiência dolorosa. Consequentemente, o mesmo ruído pode ter efeitos diferentes de acordo com experiências prévias dos animais.
O gado é sensível à voz humana e pode identificá-la. As variações na voz e o reconhecimento (ou não) da chamada da pessoa conduzem às mudanças de comportamento. Assim, um grito humano pode causar mais agitação e aceleração do ritmo cardíaco do que um som metálico. Um estudo mostrou que as vacas preferem um ser humano que fale calmamente a um que grite. Uma comunicação com o animal é possível através da voz humana. Este fato pode ser observado em bezerros que são capazes de responder a seu nome quando são chamados para mamarem em suas mães (MURPHEY e DUARTE, 1983).
Tato
A comunicação tátil em bovinos é bem menos documentada que as demais, entretanto é importante no comportamento sexual e materno, nas relações afetivas, no estabelecimento da dominância e nas interações entre homem e animal.
A sensibilidade tátil é o resultado de diversos tipos de receptores sensoriais, sendo responsáveis pela percepção tátil (mecanorreceptores), pela percepção térmica (termorreceptores), e pela percepção dolorosa (nocirreceptores). 
A percepção tátil ocorre através da deformação mecânica da pele sob o efeito do contato através dos pelos.
 A percepção térmica é condicionada pelo efeito térmico de um objeto em contato com a pele (um objeto de metal parece mais frio do que um objeto de madeira porque transmite sua temperatura mais eficientemente à pele). 
Finalmente, a percepção dolorosa é relativa a uma intensidade superior do que as percepções acima mencionadas e, em determinadas situações, destas estimulações combinadas.
Figura 5- Interação de tato da vaca com o neonato.
Paladar
O gosto corresponde à percepção das sensações de doce, salgado, ácido e amargo. Estas sensações são associadas com as necessidades fisiológicas essenciais dos mamíferos (PHILLIPS, 1993). A percepção do gosto é assegurada pelos receptores que são estimulados por moléculas químicas. A escolha do alimento é ligada ao provar e o gosto é ligado com as outras percepções sensoriais. A sensibilidade ao gosto varia com idade, mas também com fatores endócrinos.
Os processos fundamentais no comportamento: Comportamento individual e comportamento social
Comportamento individual
O comportamento individual inclui reatividade, alimentação, locomoção e outros movimentos, comportamento exploratório, espaço individual, descanso e sono, tempo de ruminação.
O temperamento é a característica mais importante da personalidade de um animal, uma vez que é esta característica que determina sua percepção e resposta à diferentes situações. A demonstração mais visível do temperamento de um animal é a sua reatividade.
Reatividade- probabilidade de demonstração de alguma resposta a uma grande variedade de estímulos (predadores, qualquer aspecto do meio ambiente) gera entrada sensorial modificando o estado motivacional pré-existente, podendo resultar em actividade motora ou não, desde actividades reflexas (medula espinhal) até actos conscientes, processados e integrados de variadas formas (córtex cerebral). Ex; a busca de alimentos, abrigo. Já o sistema nervoso autônomo no caso do medo, raiva, luta e fuga isto é a reatividade a estímulos aversivos e dor (componente emocionais de medo, ansiedade e desconforto). A dor é uma combinação de um estímulo sensorial extremamente aversivo +reação eliciada.
Comportamento alimentar dos bovinos
Para sobrevivero bovino precisa de locomoção, reprodução, resistência ao vento, chuva e sol, a parasitas e a infecções; e ainda ter força, reflexo, vitalidade e capacidade de autodefesa. 
O bovino tem como objetivo primário de seu comportamento a busca e a ingestão de alimentos. E nesse aspecto, os bovinos têm algumas características que lhes são bastante peculiares, como: Comportamento ingestivo:
O comportamento ingestivo varia de acordo com o tipo de alimento que está sendo consumido. As folhas das forrageiras ingeridas no pastoreo são apreendidas com a língua e cortadas com os dentes incisivos inferiores, isto possibilita consumo de folhas com maior tamanho, ingestão facilitada, e, maior quantidade de folhas ingeridas em menor espaço de tempo. 
No caso de alimentos concentrados, da mesma maneira, apreendidos com a língua, mas, ao contrário das folhas de forrageiras, estes são sugados com a boca, pois, as partículas são muito pequenas, praticamente não havendo necessidade de mastigação. 
Digestão dos alimentos: Os bovinos têm em seu aparelho digestivo o rúmen e o retículo, que são dois órgãos, em que bactérias e protozoários fazem a maior parte da digestão das fibras, liberando energia, proteínas, minerais e vitaminas. 
Durante a digestão, partes do material que está no rumem, é regurgitado para a boca do animal, sendo novamente mastigado, num processo conhecido como ruminação.
 Diversas vezes ao dia, a vaca para de comer, e, em pé, ou deitada, enquanto descansa, passa algum tempo ruminando. Na ruminação, o tamanho das partículas das folhas, talos e outras fibras ingeridas, no momento da preensão da forragem, são reduzidos, o que leva a um aumento do desempenho da digestão.
Os alimentos concentrados não passam por esse processo, sendo digeridos diretamente pelo estômago normal do bovino.
Em situações normais, as refeições dos bovinos duram em média 110 minutos e tem frequência de 5 vezes ao dia (Phillips, 2002). 
Um bovino em situação normal pasteja cerca de 9 horas/dia, podendo chegar até 13 horas/dia em regiões mais secas, e apresenta tempo de ruminação em torno de 5 a 9 horas diárias. 
O período em que os bovinos não se encontram pastando ou ruminando é denominado ócio, onde estes exibem outros comportamentos característicos, como lamberem-se uns aos outros, sendo este comportamento importante para a remoção de parasitas externos e como componente do comportamento social.
Normalmente, bovinos consomem, em média, cerca de 40- 50 litros de água por dia, mas em condições de forragem seca e água de temperatura elevada, este consumo pode ser elevado para até 150 litros (Fraser, 2004).
Comportamento na locomoção e outros movimentos
Escore de locomoção é uma boa ferramenta para avaliar o conforto das vacas.
O índice de locomoção é uma técnica bastante útil para avaliação, conforme ilustrado nas figuras a seguir. Baseia-se na observação das vacas em pé e caminhando, com atenção especial à postura das costas. É bastante eficaz para detecção precoce de problemas de casco. 
- Escore de locomoção 1 - a vaca para em pé e anda normalmente, apoiando-se firmemente sobre as 4 patas; as costas permanecem retas. 
- Escore locomoção 2 - a vaca para em pé normalmente, com as costas retas, mas ao caminhar arqueia as costas; as passadas mostram ligeiramente manqueira. 
 - Escore de locomoção 3 - tanto parada em pé como ao caminhar as costas ficam arqueadas; passadas mais curtas com pelo menos uma das patas. 
- Escore de locomoção 4 - tanto parada em pé como ao caminhar as costas ficam arqueadas; evita, ao menos em parte, depositar o peso em uma ou mais patas. 
 - Escore de locomoção 5 - tanto parada em pé como ao caminhar as costas ficam arqueadas; evita totalmente depositar o peso em uma ou mais patas; pode recusar ou apresentar grande dificuldade em caminhar.
As avaliações do escore de locomoção devem sempre ser feitas em piso plano e seco, que proporcione segurança para as vacas caminharem. Se o objetivo é uma avaliação do manejo, especialmente o que se refere ao conforto das vacas, recomenda-se avaliar pelo menos 25% das vacas, com uma amostragem mínima de 50 vacas. Se o objetivo é identificação de problemas de casco, recomenda-se avaliar todas as vacas do rebanho. 
Movimentação lenta, calma dos bovinos em confinamento também pode baixar o estresse, reduzir as doenças, e permitir que os bovinos voltem a se alimentar mais rapidamente. Bovinos que correm freneticamente nas áreas de pastoreo tornam-se estressados. A fim de reduzir a tensão e melhorar a produtividade, a movimentação calma, tranquila dos bovinos em todos os aspectos do maneio é muito importante. 
Nos sistemas de pastagem extensiva os bovinos são conduzidos e rapidamente aprendem a passar de um pasto para outro. Nestas situações, os movimentos dos bovinos através do portão para a próxima pastagem devem ser controlados por uma pessoa a pé próximo do portão.
Comportamento exploratório
É a actividade que o animal realiza para aumentar sua interação com o meio após ser motivado pela curiosidade e só é exibido quando o animal se sente num ambiente livre de tensão (olhar, dirigir-se ou tocar no objecto) os animais mais novos são mais curiosos em explorar ambientes e tocar objectos novos. Comportamento exploratório varia de 30 a 50 minutos.
Espaço individual
O espaço individual é representado pela área onde o animal se encontra ou se encontrará e, portanto, se desloca com ele. Esse espaço compreende aditivamente ao espaço físico que o animal necessita para realizar os movimentos básicos, um espaço social, que caracteriza a distância mínima que se estabelece entre um animal e os demais membros do grupo. Além disso, existe também a distância de fuga, que é o máximo de aproximação que um animal tolera a presença de um estranho ou do predador, antes de iniciar a fuga.
A compreensão da existência e funcionamento desta zona de espaço individual é extremamente importante para o manejo correto e eficiente dos animais, uma vez que a ação de transpassar essa zona pode apresentar reação correspondente de movimento de fuga (que pode ser tranquilo ou explosivo), ou comportamento agressivo de luta.
Figura 3. Esquema ilustrativo do espaço individual e a distância de fuga nos bovinos.
Descanso e sono
O descanso do indivíduo é vital para sua integração e mediação com o meio ambiente. Apesar das vacas poderem dormir em pé, o fato de deitarem contribui para a sua facilitação social bem como nas suas funções fisiológicas. A vaca deita-se em decúbito ventral ou lateral, posição esta que os animais podem permanecer por longos períodos durante o dia. A duração do tempo em que permanecem deitadas depende do tipo de instalação, do conforto que a cama ou a área oferece, do tipo de dieta, período de gestação e fatores climáticos. Em relação à luminosidade e à temperatura, os bovinos permanecem mais tempo deitados à noite (80%) do que de dia (58%). Existe uma forte relação entre o animal deitado e a ruminação. Em torno de 80% da ruminação ocorre com o animal deitado ou em descanso. Embora ainda pouco conhecidos, alguns aspectos da ruminação levam o animal a um estado de sonolência, cuja função restauradora dos mecanismos fisiológicos somente é alcançada pelo sono profundo. A ruminação é um ato reflexo resultante de estímulos mecânicos que está diretamente relacionado com o tipo e a quantidade da dieta. Quanto melhor o alimento é ruminado, melhor será digerido e eliminado, dando espaço para mais alimentos. Assim, a ruminação determina a quantidade de a ingestão futura.
Muitos reconhecem a importância de reduzir o estresse dos animais durante a rotina de maneio, sabem, por exemplo, que animais agitados durante o maneio correm maior risco de acidentes, levando ao aumento de contusões nas carcaças (Paranhos da Costa et al., 1998), além de a carne ficar mais dura e escura (Voisinet et al., 1997). Contudo, poucos reconhecem que esses riscos diminuem quando os animais são manejados com calma e tranquilidade.
Obviamente, algumas ações (e comportamentos)humanas são claramente aversivas para os bovinos: elevação da voz, pancadas e utilização de ferrão são ações muito comuns no manejo de bovinos de corte, resultando em animais com medo de humanos. Práticas de rotina, como vacinação, marcação e castração, também são aversivas. Em geral, ações aversivas conduzem a respostas negativas, com o aumento do nível de medo dos animais pelos humanos causando uma maior distância de fuga, dificultando o manejo de alimentação, dos cuidados sanitários, da ordenha e das práticas zootécnicas e resultando em estresse agudo ou crônico.
Há também tratamentos classificados como positivos. As associações positivas dos animais em relação às ações recebidas são refletidas no aumento da produtividade, melhores índices reprodutivos, na obtenção de produtos de melhor qualidade, numa menor distância de fuga e na facilidade em desempenhar o manejo do rebanho. Dentre as ações positivamente aceitas pelos bovinos podem ser citadas: afagos, conversas com timbre de voz suave, assobios e músicas.
Reatividade a predadores
Os bovinos como outros animais domésticos apresentam mecanismos anti-predação desenvolvidos por seleção natural.
Predadores são organismos ativos, carnívoros, não parasitas,que consomem todo ou parte de outro organismo vivo,retirando-o da população, ou reduzindo o seu desenvolvimento,fecundidade ou sobrevivência.
Mecanismos de defesas
1-Primários (independentes da presença do predador)
Ex: descansar em tocas, realizar actividades em momentos de baixa possibilidade de detecção pelo predador (pastar), manter vigilância constante.
2- Secundários (quando o predador é detectado)
Ex; Correr, entrar na toca, fingir morte, retaliar (morder, chifrar, escoicear)
As diferentes reações podem ser agrupadas em várias classes:
Reações reflexas
Ex: Evacuação e micção reflexa em bovinos quando da invasão de seu espaço individual.
 Fuga ao se assustar.
Comunicação vocal 
A vocalização é a forma principal de comunicação dos animais 
Algumas das vocalizações mais comuns em bovinos aparecem relacionadas à frustração ou estresses, como por exemplo, bezerros que foram separados de suas mães expressam o seu descontentamento através de repetidos berros. Outros sinais em forma de sons são emitidos por animais com fome, dor e em cio. Ex: mugir (vacas expressam o luto pela morte ou afastamento do bezerro), arruar, berrar, roncar (em caso de problemas respiratórios), urrar.
A disposição do animal em utilizar seu meio ambiente é um aspecto importante de sua reatividade que vai mudando ao longo do dia e das estações.
Ex: Agressividade verso reprodução /Pastoreio verso clima
Reação de esquiva
Em caso de perturbação, os bovinos correm mais individualmente.
A reação mais óbvia é a fuga, que pode ser controlada (manutenção da posição dentro do grupo) descontrolada (pânico) perda da organização social.
A reação mais comum é a submissão social com gestos e posturas características (abaixar a cabeça e desviar o olhar e a submissão hipotônica”decúbito”).
Ainda altas densidades de lotação onde os indivíduos são forçados a violar o espaço individual de outros. 
Os Bovinos têm necessidades de varias formas, inclusive vocalizando.
Levar em consideração o comportamento individual facilita o maneio, melhora a produção e o bem-estar animal.
Comportamento social 
Os bovinos são animais gregários, apesar da vida em grupo trazer uma série de vantagens adaptativas ela também resulta em competição por recursos, principalmente quando escassos, resultando na apresentação de interações agressivas entre os animais do mesmo grupo ou rebanho. Essa é uma questão muito importante na vida social dos bovinos, principalmente quando mantidos sistemas intensivos de criação ou em condições pouco apropriadas às suas necessidades, podendo ter efeitos importantes na definição do manejo reprodutivo.
As interações sociais envolvem muitos fenômenos comportamentais de importância para o manejo reprodutivo; dentre eles a formação da hierarquia de dominância e a definição de liderança, que certamente são dependentes do espaço e recursos disponíveis e da densidade populacional. Um dos recursos que afeta a competição entre machos é a disponibilidade de fêmeas em cio: a formação da hierarquia de dominância entre os touros traz como principal conseqüência a predominância de cópulas efetivadas pelo touro dominante, caracterizando um sistema de acasalamento poligínico. Mas, dependendo da situação outras estratégias de acasalamento alternativas podem ser utilizadas, com ocorrência de poliandria e promiscuidade. Nestes casos mesmo o touro mais submisso do lote pode ter sucesso reprodutivo.
Estrutura ou organização social
Os bovinos apresentam uma série de padrões de organização social, que definem como serão as interações entre grupos e entre animais do mesmo grupo, contribuindo para minimizar os efeitos negativos da competição. O conhecimento destes padrões de organização social é imprescindível para que possamos manejar o gado adequadamente.
Uso do espaço
Um aspecto importante está relacionado com o uso do espaço pelos animais. Os animais não se dispersam ao acaso em seu ambiente. Este falta de casualidade no uso do espaço é relacionada com as estruturas física e biológica do ambiente, com o clima e com o comportamento social (Arnold e Dudzinski, 1978).
Em rebanhos criados extensivamente e pouco manejados os bovinos definem a área de vida, que é caracterizada pela área onde os eles desenvolvem todas as suas atividades, sendo, portanto o seu espaço mais amplo. Nesse contexto, o espaço pode ser encarado como o substrato de interação para o animal, onde mantêm todas as suas relações com o ambiente, inclusive as sociais. De maneira geral, estas áreas apresentam dimensões variáveis, dependendo da disponibilidade dos recursos e da pressão ambiental (clima, predadores, etc.). Esta área pode ser subdividida de acordo com a sua utilização pelos animais em áreas de descanso e de alimentação. Um dado rebanho de bovinos pode ter mais de uma área de descanso, dependendo das condições ecológicas prevalecentes, por exemplo, quando são muito incomodados pela presença de moscas eles podem eleger os locais mais ventilados para área de descanso, ou os locais sombreados nas horas mais quentes do dia, ou ainda próximas das aguadas se o ambiente for muito quente e seco. Em determinadas situações é difícil definir o porquê da escolha de determinada área para descanso. A simples busca de sombra para se abrigar da radiação solar não caracteriza a definição de uma área de descanso, para tanto o animal deve usar a mesma área regularmente.
Quando qualquer uma dessas áreas é defendida, surge o que denominamos território; que pode ser de uso múltiplo, quando compreende toda a área de vida; de descanso que se restringe à área onde os animais acampam para descansar e assim por diante. Os bovinos podem ser caracterizados por apresentarem um padrão de uso do espaço em que compartilham as áreas de vida, com tolerância mútua. Portanto, não são animais essencialmente territoriais, não sendo comum a defesa de áreas de vida, de descanso ou de qualquer outra.
Há apenas um tipo espaço que é defendido, mas não é considerado um território, o espaço individual que é representado pela área onde o animal se encontra e, portanto, não é fixo, se desloca com ele. Esse espaço compreende aditivamente ao espaço físico que o animal necessita para realizar os movimentos básicos, o espaço social que caracteriza a distância mínima que se estabelece entre um animal e os demais membros do grupo. Há ainda a zona da de fuga, que é uma área de segurança individual, que define a distância de fuga, caracterizada pela distância mínima de aproximação ante da fuga ante a presença de um estranho, de um dominante ou de um predador.
Indivíduos isolados do rebanho tornam-se estressados, uma exceção são as vacas próximas do parto, que se isolam para parir. Conforme temos observado (Paranhos da Costa et al., 1996) a superlotação de piquetes, pode trazer inúmeras complicaçõespara vacas e bezerros recém nascidos, atrasando a primeira mamada ou na rejeição do neonato; resultando na diminuição da probabilidade de sobrevivência dos bezerros, com conseqüente prejuízo econômico (Paranhos da Costa e Cromberg, 1997).
Hierarquia de dominância
Todavia, tais padrões de espaçamento não são suficientes para a neutralização ou diminuição da agressividade entre animais que estão competindo por algum recurso. Há outro mecanismo de controle social, que tem origem na familiaridade e na competição entre os animais, resultando na definição da liderança e da hierarquia de dominância, respectivamente.
A dominância se estabelece nesses grupos pela competição, ou seja, ela é produto de interações agressivas entre os animais de um mesmo grupo ao competirem por um determinado recurso, definindo quem terá prioridade no acesso a comida, água, sombra, etc.
O dominante é o indivíduo ou indivíduos do grupo que ocupam as posições mais altas na hierarquia, dominam os demais os atacando impunemente e têm prioridade em qualquer competição; os submissos (ou dominados) são os que se submetem aos dominantes. Os factores que normalmente determinam a posição na hierarquia são o peso, idade e raça. O tempo até o estabelecimento da hierarquia em um lote recém-formado vai depender do número de animais e do sistema de criação.
Liderança
Um outro aspecto do comportamento social dos bovinos é a liderança, que muitas vezes resulta na atividade sincronizada dos bovinos. Um rebanho de vacas se comporta como uma unidade, na qual a maioria dos membros apresenta o mesmo comportamento ao mesmo tempo. Há sempre um animal que inicia o deslocamento ou as mudanças de atividade, quando ele é seguido pelos outros, trata-se do líder. Geralmente são as vacas mais velhas que lideram os rebanhos, que não estão no topo da ordem de dominância. Isto faz sentido se considerarmos que a estrutura social dos bovinos é originalmente matrilinear (Stricklin e Kautz-Scanavy, 1984).
Tal comportamento não envolve atividades agressivas, mas sua compreensão pode ser muito útil para o maneio do gado nas pastagens, particularmente durante a condução do rebanho para áreas de maneio..
 Instalações e maneio: alterações no comportamento dos bovinos.
De maneira geral, pode-se dizer que os bovinos são bem modestos em suas necessidades em qualquer um desses itens e, portanto, elas podem ser atendidas sem muitas dificuldades. Todavia, quando bovinos são manejados, conduzindo-os, geralmente, para os currais, promovesse uma desorganização em suas atividades sociais, dificultando a manutenção do espaço individual e provocando a quebra do equilíbrio na hierarquia de dominância, sendo difícil minimizar esses efeitos devido aos equipamentos e às estratégias usadas rotineiramente.
Outro aspecto prático, envolvendo comportamento e maneio, diz respeito ao dimensionamento das estruturas de maneio mais intensivo, as quais são elaboradas em geral visando apenas o maneio de uma categoria específica de animais (animais adultos). Assim, indivíduos menores (bezerros) ocupam menor espaço dentro dos compartimentos de maneio (brete ou tronco), o que oferece a possibilidade, não desejável, de maior movimentação, por exemplo: virando-se completamente e ficando posicionado na direção oposta ao movimento desejado. Este problema tem sido resolvido através do desenvolvimento de estruturas que reduzam o espaço interno e são acopladas em tais compartimentos durante o maneio específico.
Ainda outro aspecto importante é a condução dos animais para ambientes que eles desconhecem, como os caminhões. Neste caso, deseja-se que o embarque seja feito de forma rápida e tranquila, mas nem sempre isso é possível. Dependendo do temperamento dos animais e do sistema de maneio utilizado, o gado pode ficar muito relutante em entrar no caminhão (ou em qualquer outro tipo de instalação desconhecida para ele); geralmente os animais abaixam a cabeça, cheirando o chão ou piso, e se locomovem muito lentamente, às vezes com relutância (avançando alguns passos e recuando em seguida). Na expectativa de acelerar o processo de embarque (ou de entrada em bretes ou troncos), geralmente os animais são estimulados com cutucões, choques elétricos e, não raras vezes, com pancadas fortes. Tal atitude irá estressar ainda mais os animais, que ficarão mais nervosos, aumentando a agressividade e os riscos de acidentes (eles podem se atirar contra as grades do caminhão, pular sobre outros animais, escorregar, cair, atacar os outros animais com cabeçadas e coices, etc.).
O espaço reservado a cada animal dentro de uma área de maneio é extremamente importante no sentido de facilitar a convivência social em um grupo. Em áreas de confinamento, este pode ser um factor preponderante na qualidade de vida dos animais, facilidade de maneio e até mesmo na garantia de sucesso do empreendimento.
Interações entre humanos e bovinos.
Provavelmente seres humanos e animais interagem há centenas de milhares de anos.
Atualmente, a intensidade e o tempo que despendemos na interação com esta espécie animal é variável, dependendo do sistema de criação adotado. Há a expectativa de que em sistemas intensivos de criação há uma maior interação entre humanos e bovinos, uma vez que os primeiros são responsáveis pelo fornecimento de alimento, cuidados sanitários e ordenha, dentre outras ações desenvolvidas rotineiramente com esses animais. Entretanto, a qualidade desta relação (humano x bovino) precisa ser mais bem avaliada, pois além do tempo despendido no cuidado dos animais é preciso saber também como seres-humanos e animais reagem a esta interação, se é algo que traz estímulos positivos, negativos ou neutros; enfim se a interação é ou não é agradável para cada um dos sujeitos. Com esta perspectiva fica claro que a análise das relações deve se dar em nível individual e de forma contextualizada.
Há fortes evidências de que existem períodos sensíveis para a definição da qualidade destas relações, sendo que situações críticas, como o nascimento e a desmama, se caracterizariam como períodos sensíveis para a definição das relações entre humanos e bovinos (Boivin et al., 1992). Assim, as reações dos bovinos à presença humana seriam definidas, em grande parte, pelo tipo de interação que ocorrer principalmente nesses, mas também em outros momentos. Há evidências empíricas disto: Boivin et al. (1992), mostraram que bezerros manejados de forma gentil próximo ao nascimento e ao desmame foram menos reativos à presença humana, com a supressão de respostas agressivas mesmo após muitos meses desde o maneio gentil.
Apesar dessas evidências, muitos pesquisadores, criadores e trabalhadores ainda não reconhecem este relacionamento como valioso. Apontam os bovinos puramente como objetos de trabalho, máquinas de produção que não se alteram com os comportamentos humanos.
As necessidades de segurança dizem respeito a acidentes com equipamentos e instalações, ação de predadores, etc., que em geral são pouco considerados, provavelmente pelo fato de não serem alvo de muitos estudos, mas que podem resultar até em morte do animal. 
Dentre todas, as necessidades comportamentais são as menos compreendidas, sendo classificadas em três categorias (Curtis, 1993): abuso (crueldade ativa, agressão física), negligência (crueldade passiva do tipo que ocorre quando um animal é confinado e então é negada uma necessidade fisiológica como alimento, água, cuidados com saúde ou abrigo) e privação (crueldade passiva que envolve a negação de certos elementos ambientais que são considerados menos vitais que as necessidades fisiológicas ou de segurança).
 O não atendimento dessas necessidades geralmente resulta em frustração, medo ou desconforto, com consequências negativas no processo produtivo como um todo (queda na produtividade e produtos de pior qualidade).
Comportamento reprodutivo (época de acasalamento)
As fêmeas bovinas são poliestras continuas.
Quando estão em cio, montam e deixam-se montar, mugem, ficam as vezes inapetentes, têm a vulva edematosa e avermelhadacom corrimento filante transparente (muco estral).
O comportamento sexual dos machos é evidenciado por manifestações da libido, puberdade, estacionalidade e o ato da cópula.
Os machos apresentam todos os reflexos primários ou inatos da cópula:
Reflexo da aproximação e preparação sexual. 
Reflexo da ereção do pênis. 
Reflexo da monta e do abraço.
Reflexo da busca e introdução do pênis. 
Reflexo da fricção.
Reflexo da ejaculação. 
Reflexo da desmonta e recuperação
Embora, muitas vezes não seja observada na natureza divisão tão precisa, os sistemas de acasalamento podem ser agrupados em quatro categorias: 1) Monogamia – um macho se acasala com uma única fêmea, formando um par unido durante a estação reprodutiva ou por toda a vida; 2) Poliginia – um macho se acasala com muitas fêmeas, enquanto cada fêmea se acasala com um único macho, ou seja, há formação de haréns; 3) Poliandria –o inverso da poliginia: uma fêmea se associa a vários machos ao mesmo tempo (poliandria simultânea) ou sucessivamente (poliandria sucessiva) e 4) Promiscuidade – seria a ocorrência de poliginia e poliandria na mesma população ou espécie. Poligamia é frequentemente usada como definição neste caso.
Sob a perspectiva individual, o sucesso reprodutivo de um macho dependeria de sua capacidade de driblar os obstáculos para que ele identifique uma fêmea receptiva e consiga copulá-la com sucesso. Estes obstáculos certamente são diferentes para cada macho dentro de um mesmo grupo, afinal no ambiente de um está o outro e vice-versa. Há estratégias alternativas, que são meios pelo qual um determinado indivíduo garante sucesso reprodutivo. 
O sistema de acasalamento dos bovinos é similar ao da maioria dos mamíferos, ou seja, é descrito como poligínicos (Chenoweth, 1981; Phillips, 1993), com competição entre machos, sendo que as fêmeas providenciam o maior investimento parental.
Comportamento materno (duração da gestação, preparação, nascimento)
Deve-se dar maior importância das relações materno-filiais logo após o nascimento e, também, toda a habilidade materna da fêmea.
Em relação ao padrão de comportamento normal de parição, a literatura parece concordar que as alterações de comportamento não devem ser utilizadas para prever com precisão o momento do parto, visto quem podem iniciar-se desde dias até poucas horas antes do nascimento. No entanto, percebe-se com clareza que as vacas tornam-se irrequietas, aumentando suas atividades de locomoção. É comum a fêmea afastar-se do restante do rebanho, escolhendo um lugar seco e macio para se deitar normalmente cercado por densa vegetação, utilizada como esconderijo. Bem próximo ao parto, às vacas ficam ainda mais inquietas, andando e até mesmo trotando, deitando-se e levantando-se, além de interromperem suas atividades rotineiras, como a alimentação e a ingestão de água.
Ao ocorrer a primeira descarga de líquido amniótico, as vacas tornam-se mais calmas e lambem este líquido até o momento do parto realmente. As vacas podem parir em pé ou deitadas, sendo o primeiro caso o mais comum. Em ambos os casos, a fêmea leva algum tempo para iniciar os cuidados com seu filhote. Esse tempo é menor nas vacas mais experientes, que pariram anteriormente, podendo variar de poucos minutos nestas a até meia hora a quarenta minutos em novilhas.
Do nascimento até aproximadamente três ou quatro horas após o parto, as vacas ocupam-se de várias atividades. A primeira delas é cheirar e tocar o bezerro, o que provavelmente está relacionado ao reconhecimento da cria pela mãe e o estabelecimento do vínculo entre ambos. Uma segunda atividade é lamber o bezerro. Este comportamento tem sido associado à estimulação da circulação dos recém nascidos e à facilitação da termogênese (produção de calor), além de fortalecer o vínculo entre a mãe e a cria, iniciado com as “cheiradas”. Fêmeas de primeira cria (novilhas) demoram mais também para lamber seus bezerros e aceitam bem o auxílio de fêmeas mais velhas e experientes nessa atividade, sem demonstrar rejeição pelo filhote.
Apesar de termos ressaltado que novilhas podem aceitar que outras fêmeas tenham comportamentos carinhosos com suas crias (cheiradas, toques, lambidas), o mais comum é que a vaca restrinja o contato de outras fêmeas com seu filhote e, também, que evite a proximidade de outros bezerros, em possíveis tentativas para roubar leite. É importante também frisar que se um recém-nascido consegue mamar em outra vaca que não sua mãe, a sua ingestão de colostro pode estar comprometida e, portanto, a sua taxa de sobrevivência e seu desenvolvimento adequado.
 O comportamento de vacas e seus filhotes durante e logo após o parto influenciam tanto o desenvolvimento da cria quanto o desempenho da fêmea em seus futuros partos. Assim, o maneio “do parto e do cuidado com as crias” a ser adotado na propriedade é importante também para a redução nos custos, visto que o maneio está intimamente relacionado com a mão de obra necessária no futuro, utilizada, por exemplo, para cuidar das crias rejeitadas na tentativa de reduzir a taxa de mortalidade de bezerros.
Comportamento neonatal
Os bezerros recém-nascidos têm sua sobrevivência e aptidão diretamente relacionada com sua capacidade de se levantar mais rápido, localizar as tetas de suas mães e mamar mais rapidamente. Os sons emitidos pelas mães parecem estimular os bezerros a se levantar, além de funcionar como um “imprinting” ou estampagem, visto que os mesmos são capazes de reconhecer o chamado de suas mães, como frequentemente observado em propriedades leiteiras com retirada de leite com bezerro ao pé da vaca.
É importante notar que, mesmo que ao tratador seja recomendado apenas observar e não intervir nos cuidados da vaca para com sua cria, sob pena da mesma rejeitar seu filhote, em dois casos particulares, uma ajuda pode ser bem-vinda. No caso de fêmeas mais velhas, que têm em geral o úbere em formato pendular, o filhote pode ter dificuldade de abocanhar a teta da mãe, demorando mais tempo para ingerir o colostro. Da mesma forma, as novilhas, pela própria falta de experiência anterior, têm uma maior tendência em afastar suas crias de suas tetas, dificultando a amamentação. Nos dois casos, a ajuda do tratador pode ser bem-vinda, desde que restrita a estes momentos.
Desmame
Em bovinocultura de corte, o bezerro permanece com a mãe até a desmama aos seis a oito meses de idade. No entanto, em bovinocultura de leite pouco tem sido estudado sobre este assunto, uma vez que o filhote é separado da mãe logo após o parto.
Boas práticas de maneio durante o desmame.
Os bezerros devem ser desmamados lado a lado, para garantir o contato do bezerro com a mãe, reduzindo o estresse e aumentando o ganho de peso nas primeiras semanas do desmame.
Problemas de comportamento ( evitáveis e inevitáveis)
Vacinação (gado refugando-se na entrada do curral ou na seringa). 
Transporte (geralmente os animais abaixam a cabeça, cheirando o chão ou piso e se locomovem muito lentamente e às vezes com relutância).
As consequências do maneio agressivo são: dificuldades com o gado (retardando-o), lesões nos animais (fraturas, cortes, hematomas), danos nas instalações e riscos de acidentes para os trabalhadores.
 E os animais ficarão mais estressados, resultando em prejuízos para a carcaça (hematomas) e qualidade da carne (cortes escuros). 
Considerações finais
O bem-estar animal está em pleno desenvolvimento no mundo, e quanto mais às sociedades se conscientizam da forma de como os animais vem sendo submetidos, mais existirão exigências e barreiras àqueles que não se adequarem a este novo modo de produzir.
Para melhor avaliar as atuais estratégias de produção de bovinos é necessário ampliar o conhecimento sobre seus comportamentos e bem-estar, independente dos sistemas de criação.
2014 OIE – Código Sanitário de Animais Terrestres – Versão 7 – 07/07/2014
Critérios ou variáveis mensuráveis para o bem-estar de gado de corte 
Os seguintes critérios mensuráveis baseados em resultados, especificamente aqueles mensuráveis no animal,podem ser indicadores úteis de bem-estar animal. A utilização desses indicadores e os limites adequados devem ser adaptados às diferentes situações de manejo do gado de corte. Da mesma forma deve-se ter em conta o sistema de produção. 
1. Comportamento 
Certos comportamentos podem indicar problemas de bem-estar animal. Por exemplo: a diminuição da ingestão de alimentos, aumento da frequência respiratória ou respiração ofegante (avaliada pela condição corporal), e a demonstração de comportamento estereotipado, agressivo, depressivo ou outros comportamentos anormais. 
2. Taxa de morbidade 
Taxas de morbidade, incluindo as relacionadas com: doenças, claudicação, complicações pós-procedimento, frequência de lesões, quando encontradas acima dos limites reconhecidos, podem ser indicadores diretos ou indiretos do estado de bem-estar animal de todo o rebanho. Compreender a etiologia da doença ou da síndrome é importante para detectar potenciais problemas de bem-estar animal. Sistemas de pontuação, tais como os graus de claudicação, podem fornecer informações adicionais. 
O exame post-mortem é útil para estabelecer as causas de morte em bovinos. A patologia clínica e exames post-mortem podem ser utilizados como indicadores de doença, lesões e outros problemas que podem comprometer o bem-estar animal.
3. Taxa de mortalidade 
As taxas de mortalidade, assim como as taxas de morbidade, podem ser indicadores diretos ou indiretos do estado de bem-estar animal. Dependendo do sistema de produção, as estimativas de taxas de mortalidade podem ser obtidas por meio da análise das causas de morte, bem como o padrão de frequência e a distribuição tempo-espacial da mortalidade. As taxas de mortalidade devem ser registradas regularmente, ou seja, diariamente, mensalmente, anualmente ou quando ocorrerem as principais atividades de manejo dentro do ciclo de produção. 
4.Alterações no peso e condição corporal 
Nos animais em crescimento, o ganho de peso pode ser um indicador da saúde e bem-estar animal. Má condição corporal e perda de peso significativa podem ser indicadores de que o bem-estar animal está comprometido. 
5. Eficiência reprodutiva 
Eficiência reprodutiva pode ser um indicador do estado de saúde e bem-estar animal. Baixo desempenho reprodutivo pode indicar problemas de bem-estar animal. São exemplos de baixo desempenho reprodutivo: 
 anestro ou intervalo pós-parto prolongado, 
 baixas taxas de concepção, 
 altas taxas de aborto, 
 altas taxas de distocia. 
6. Aspecto físico 
O aspecto físico pode ser um indicador da saúde e bem-estar animal, bem como das condições de manejo. Os atributos do aspecto físico que podem indicar o bem-estar comprometido incluem: 
 presença de ectoparasitas, 
 cor ou textura anormal na pelagem, ou sujeira excessiva com os excrementos, lama ou sujeira, 
 desidratação, 
 emagrecimento. 
7. Respostas ao manejo 
O manejo incorreto pode resultar em medo e sofrimento em bovinos. Os indicadores para avaliar as respostas ao manejo podem incluir: 
 velocidade de saída da manga do curral ao brete de contenção, 
 tipo de comportamento na manga ou brete de contenção, 
percentagem de animais que escorregam ou caem, 
 percentagem de animais deslocados com um aguilhão elétrico, 
 percentagem de animais em feridos em cercas ou portões, 
 percentagem de animais feridos durante o manejo (chifres e pernas quebrados e lacerações), 
 percentagem de animais vocalizam durante a contenção.
 
8.Complicações devido à procedimentos de rotina de manejo 
Os procedimentos cirúrgicos e não-cirúrgicos são comumente realizados em gado de corte para melhorar o desempenho, facilitar o manejo, melhorar o bem-estar animal e a segurança humana, no entanto, o bem-estar animal pode ser comprometido se estes procedimentos não forem realizados corretamente. Indicadores de tais problemas podem incluir: 
 infecção e inchaço após o procedimento, 
 miíases, 
 mortalidade. 
Recomendações 
Cada recomendação apresentada contém uma lista de critérios relevantes e mensuráveis decorrentes do artigo 7.9.4. Tais critérios não excluem outras medidas consideradas adequadas. 
1. Biossegurança e saúde animal 
a) Biossegurança e prevenção de doenças 
Biossegurança significa o conjunto de medidas destinadas a manter os animais em um estado de saúde particular e impedir a entrada ou propagação de agentes infecciosos no rebanho. 
Planos de biossegurança devem ser elaborados e implementados de acordo com o estado de saúde desejado e o risco de doenças existentes no rebanho. Com relação às doenças constantes na lista da OIE, os planos devem estar em conformidade com as recomendações pertinentes encontradas no Código Terrestre. 
Os planos de biossegurança devem ter como finalidade o controle das principais fontes e vias de disseminação de patógenos: 
i) bovinos, 
ii) outros animais, 
iii) pessoas, 
iv) equipamento, 
v) veículos, 
vi) ar, 
vii) abastecimento de água, 
viii) alimentação. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxa de morbidade, taxa de mortalidade, eficiência reprodutiva, alterações no peso e condição corporal.
Gestão da saúde animal 
Entende-se por gestão da saúde animal o sistema projetado para otimizar a saúde física, comportamental e o bem-estar do rebanho bovino. Inclui a prevenção, tratamento, controle de doenças e transtornos que afetam o rebanho. Incluem também, quando apropriado, o registo de doenças, lesões, mortalidades e tratamentos médicos veterinários. 
Deve haver um programa eficaz para a prevenção e tratamento de doenças e transtornos diversos compatíveis com os programas estabelecidos por um veterinário qualificado, conforme seja apropriado. 
Os responsáveis pelo cuidado com o rebanho devem estar cientes dos sinais de problemas de saúde ou de estresse, tais como redução na ingestão de água e alimentos, alterações no peso e condição corporal, alterações no comportamento ou aspecto físico anormal. 
O rebanho com maior risco de doença ou estresse exigirá inspeção mais frequente pelos tratadores. Se os tratadores não forem capazes de corrigir as causas da doença ou o estresse, ou se suspeitarem da presença de doença de notificação obrigatória, deverão procurar orientação dos que têm formação e experiência, tais como veterinários ou outros profissionais qualificados. 
Vacinações e outros tratamentos administrados aos animais devem ser realizados por pessoas qualificadas nos procedimentos e com orientação veterinária ou de outro profissional capacitado. 
Tratadores de animais devem ter experiência em reconhecer e lidar com o rebanho que não pode se movimentar, bem como no tratamento de doenças e lesões crônicas. 
Bovinos com paralisia devem ter acesso à água em todos os momentos e a alimentação deve ser fornecida pelo menos uma vez ao dia. Eles não devem ser transportados ou movidos a menos que seja absolutamente necessário para o tratamento ou diagnóstico. Estas movimentações devem ser feitas com cuidado e usando métodos que evitem arrastá-los ou elevá-los excessivamente. 
Quando é realizado um tratamento e se considere improvável a recuperação do animal com paralisia que se nega a comer e beber, deverá ser feito o sacrifício humanitário, de acordo com o previsto no Capítulo 7.5. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxa de morbidade, a mortalidade, eficiência reprodutiva, comportamento, aspecto físico, e alterações de peso e condição corporal.
2. Aspectos Ambientais 
a) Ambiente térmico 
Embora o rebanho possa se adaptar a uma ampla gama de temperatura ambiental, particularmente se raças adequadas são utilizadas para as condições previstas, flutuações bruscas de temperatura podem causar estresse por calor ou frio. 
i) Estresse por calor 
O risco de estresse térmico para o rebanho é influenciado pelos fatores ambientais, incluindo: temperatura do ar, umidade relativa e velocidade do vento. Também é influenciado pelos fatores inerentes do animal, incluindo raça, idade, condição corporal, taxa metabólica,cor e densidade da pelagem. 
Tratadores de animais devem estar cientes do risco que o estresse por calor representa para os animais. Caso possa haver condições que induzam o estresse por calor, as atividades diárias de rotina que requerem a movimentação do rebanho devem cessar. Se o risco de estresse por calor atinge níveis muito elevados, os tratadores de animais devem instituir um plano emergência que poderia incluir a redução da densidade populacional, o fornecimento de sombra, livre acesso à água potável, e arrefecimento pelo uso de aspersão de água que penetre no pêlo. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: comportamento, incluindo respiração ofegante e frequência respiratória, a taxa de morbidade, mortalidade. 
ii) Estresse por frio 
Proteção contra condições climáticas extremas devem ser fornecidas quando estas condições são susceptíveis de criar um risco grave para o bem-estar dos animais especialmente em recém-nascidos e bovinos jovens, e outros que estejam fisiologicamente comprometidos. A proteção fornecida deverá ser proporcionada por estruturas de abrigo naturais ou construídas pelo homem. 
Tratadores de animais também devem assegurar que o rebanho tenha acesso a alimentação e água adequada durante o estresse causado pelo frio. Durante condições extremas de clima frio, tratadores de animais devem instituir um plano emergência para garantir ao rebanho abrigo, alimentação adequada e água. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxas de mortalidade, aspecto físico, comportamento, incluindo posturas anormais, tremores e amontoamento.
b) Iluminação 
Para bovinos confinados, que não têm acesso à luz natural, deve ser fornecida iluminação suplementar seguindo a periodicidade natural suficiente para a sua saúde e bem-estar, a fim de facilitar os padrões de comportamento natural e permitir a inspeção adequada do rebanho. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: comportamento, morbidade, aspecto físico 
c) qualidade do ar 
A boa qualidade do ar é um fator importante para a saúde e o bem-estar do rebanho. Ela é afetada pelos constituintes atmosféricos, tais como: gases poeiras e microrganismos. É fortemente influenciada pelo manejo, particularmente em sistemas intensivos. A composição do ar é influenciada pela densidade da população, o tamanho do rebanho, qualidade do piso, cama, gestão de resíduos, projeto de construção e sistema de ventilação. 
A ventilação adequada é importante para efetiva dissipação do calor em bovinos e para prevenir o acúmulo de NH3 e gases efluentes na unidade de confinamento. Má qualidade do ar e ventilação são fatores de risco para doenças respiratórias e desconforto. O nível de amônia em recintos fechados não deve exceder 25 ppm. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxa de morbilidade, comportamento, taxa de mortalidade, alterações no peso e condição corporal. 
d) Ruídos 
Bovinos são adaptáveis a diferentes níveis e tipos de ruído, no entanto, a exposição do rebanho a ruídos repentinos ou altos (estampidos, por exemplo) deve ser minimizada sempre que possível para evitar o estresse e reações de medo. Ventiladores, máquinas de alimentação ou outros equipamentos no interior ou exterior devem ser construídos, instalados, operados e mantidos de forma a causar o mínimo possível de ruído. 
O critério mensurável baseado em resultado é: comportamento
e) Nutrição 
As exigências nutricionais de gado de corte estão bem definidas. Conteúdo energético, proteína, minerais e vitaminas contidos na dieta são os principais fatores que determinam o crescimento, eficiência alimentar, eficiência reprodutiva e composição corporal. 
O rebanho deve ter acesso a quantidade e qualidade apropriada de alimentação balanceada, adaptada qualitativa e quantitativamente, e que atenda às suas necessidades fisiológicas. Onde o rebanho for mantido em condições extensivas, a exposição de curto prazo a extremos climáticos pode impedir o acesso à alimentação que atenda às suas necessidades fisiológicas diárias. Em tais circunstâncias, se o bem-estar está em risco de ser comprometido, o tratador de animais deve assegurar que o período de restrição alimentar não seja prolongado e que as estratégias de mitigação sejam implementadas. 
Tratadores de animais devem ter um conhecimento adequado da condição corporal apropriada para seu rebanho e não devem permitir que a condição corporal ultrapasse a faixa aceitável. Se a alimentação suplementar não estiver disponível, devem ser tomadas medidas para evitar o jejum, incluindo o abate, venda, transferência do gado, ou o sacrifício. 
Alimentos e ingredientes para alimentação animal devem possuir qualidade satisfatória para atender suas necessidades nutricionais. Quando for apropriado, ingredientes alimentares e alimentos para animais devem ser testados para a presença de substâncias que teriam impacto adverso sobre a saúde animal. 
O rebanho em sistemas de produção intensivo normalmente consome dietas que contêm uma elevada proporção de grãos (milho, sorgo, cevada, subprodutos de grão) e uma menor proporção de volumoso (feno, palha, silagem, cascas, etc.). As dietas com volumoso insuficiente podem contribuir para o comportamento oral anormal em bovinos de terminação, tais como o excessivo movimento da língua. Na medida em que a quantidade de grãos na dieta aumenta, eleva-se também o risco relativo de problemas digestivos no gado. Tratadores de animais devem compreender o impacto do tamanho, da idade do gado, dos fatores climáticos, da composição da dieta e das mudanças dietéticas súbitas em relação a problemas digestivos, bem como suas conseqüências negativas (acidose, timpanismo, abscesso hepático, laminite). Quando for apropriado, os produtores de gado de corte devem consultar um nutricionista especializado para assessoramento sobre formulação de rações e programas de alimentação. 
Os produtores de gado de corte devem familiarizar-se com as deficiências potenciais ou excessos de micronutrientes para sistemas de produção intensiva e extensiva em suas respectivas áreas geográficas e, quando necessário, usar suplementos formulados adequadamente. 
Todo o rebanho precisa de fornecimento adequado e acesso à água palatável, que atenda às suas necessidades fisiológicas e que seja livre de contaminantes nocivos para sua saúde. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: as taxas de mortalidade, morbidade, comportamento, alterações no peso e condição corporal, eficiência reprodutiva.
f) Piso, camas, superfícies de descanso e áreas ao ar livre 
Em todos os sistemas de produção de bovinos é necessário um lugar bem drenado e confortável para o descanso dos animais. Todos os bovinos em um grupo devem ter espaço suficiente para se deitarem e descansarem ao mesmo tempo. 
A gestão do piso do curral em sistemas intensivos de produção pode ter impacto significativo no bem-estar do animal. Áreas que não são adequadas para o descanso, tais como, as que apresentam água em excesso e acúmulo de fezes, não devem compreender toda a área útil disponível para o rebanho e também não devem ser de profundidade que possa comprometer o bem-estar animal. 
Os currais devem possuir declividade para permitir que a água escoe longe dos comedouros e não se acumule excessivamente. 
Currais devem ser limpos sempre que as condições o justifiquem e, no mínimo, uma vez após cada ciclo de produção. 
Se o bovino é mantido em um chão de ripas, a largura das ripas e os espaços entre elas devem ser adequados ao tamanho do casco para prevenir lesões. Sempre que possível, o bovino no piso ripado deve ter acesso a uma área com cama. 
Deve ser realizada a manutenção na cama de palha ou de outros sistemas de descanso para fornecer ao bovino lugar seco e confortável para deitar. 
Superfícies de concreto devem ser sulcadas ou texturizadas de forma adequada para fornecer equilíbrio adequado para o animal. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: as taxas de morbidade (por exemplo, claudicação, úlcerasde pressão), de comportamento, alterações no peso e condição corporal e aspecto físico. 
g) Ambiente social 
O manejo de bovinos deve considerar o ambiente social, no que se refere ao bem-estar animal, especialmente em sistemas intensivos. Os aspectos que resultam em problemas incluem: sexualidade exacerbada, comportamento de intimidação, mistura de novilhas e novilhos, alimentação de animais de diferentes tamanhos e idades nos mesmos currais, alta densidade dada população, espaço insuficiente nos comedouros, o acesso insuficiente à água e mistura de touros.
O manejo de bovinos em todos os sistemas deve levar em conta as interações sociais dentro dos grupos. O tratador dos animais deve compreender a hierarquia de dominação que se desenvolvem dentro de diferentes grupos e se concentrar em animais de alto risco, tais como os muito jovens, muito velhos, pequenos ou grandes em relação ao grupo, prestando atenção a assédio e comportamento de sexualidade exacerbada. O tratador de animais deve compreender os riscos de aumento de disputas entre os animais, em particular depois de misturar grupos. O bovino que manifesta de comportamento de intimidação ou excessivo comportamento de monta deve ser separado do grupo. 
Bovinos com e sem chifres não devem ser misturados devido ao risco de acontecerem lesões. 
Cercas adequadas devem ser providenciadas para minimizar quaisquer problemas de bem-estar animal que possam ser causados pela mistura inadequada de grupos de bovinos. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: comportamento, aspecto físico, alterações no peso e condição corporal, taxas de morbidade e mortalidade. 
h) Densidade populacional 
Densidades populacionais elevadas podem aumentar a ocorrência de lesões e causar efeito adverso sobre a taxa de crescimento, eficiência alimentar e no comportamento. Alterações no comportamento podem estar relacionadas com a locomoção, repouso, alimentação e ingestão de água. 
A densidade populacional deve ser gerida de tal forma que a aglomeração não afete negativamente o comportamento normal do rebanho. Isto inclui a capacidade de se deitar livremente, sem o risco de lesões, mover-se livremente ao redor do curral e ter acesso à alimentação e água. A densidade populacional também deve ser gerida de tal forma que o ganho de peso e a duração do tempo de descanso, não sejam afetados negativamente pela aglomeração. Se o comportamento anormal é observado, devem ser tomadas medidas corretivas, tais como, a redução de densidade populacional. 
Em sistemas extensivos a densidade populacional deve ser ajustada de acordo com a disponibilidade de alimentação.
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: comportamento, taxa de morbidade, mortalidade, alterações no peso, condição corporal e aspecto físico. 
i) Proteção contra predadores 
O rebanho deve ser protegido tanto quanto possível dos predadores. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxa de mortalidade, morbidade (taxa de lesões), o comportamento, aspecto físico. 
3. Manejo 
a) Seleção genética 
Além da produtividade, aspectos de bem-estar animal e saúde devem ser levados em conta ao escolher uma raça ou subespécies para um local ou sistema de produção específico. Exemplos destes aspectos incluem a manutenção da exigência nutricional, resistência a ectoparasitas e tolerância ao calor. 
Animais pertencentes a uma raça podem ser geneticamente selecionados para obtenção de progenie que apresente características benéficas para a saúde animal e o bem-estar, tais como, instinto maternal, facilidade de parto, peso ao nascer, capacidade de amamentar, conformação corporal e temperamento. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxa de morbidade, a mortalidade, comportamento, aspecto físico, eficiência reprodutiva. 
b) Manejo reprodutivo 
A distócia pode ser um risco de bem-estar para o gado de corte. Novilhas não devem ser emprenhadas antes que estejam suficientemente maduras fisicamente de forma a garantir a saúde e o bem-estar das parturientes e do bezerro ao nascer. O reprodutor exerce um efeito altamente transmissível em relação tamanho final do bezerro e, como tal, pode ter um impacto significativo sobre a facilidade de parto. A escolha de touros deve, por conseguinte, levar em conta a maturidade e o tamanho da fêmea. Novilhas e vacas não devem receber embriões, serem inseminadas ou cruzadas de tal maneira que os resultados da progenie aumentem o risco de bem-estar da parturiente e do bezerro. 
Vacas e novilhas devem ser acompanhadas durante a prenhez, de modo a não se tornarem nem muito gordas nem muito magras. O ganho de peso excessivo aumenta o risco de distócia, e tanto o ganho quanto a perda de peso aumentam o risco de doenças metabólicas ao final da prenhez ou após o parto.
Sempre que possível, vacas e novilhas devem ser monitoradas quando estão próximas do parto. Vacas que forem observadas como tendo dificuldade no parto devem ser assistidas por um tratador competente o mais rápido possível assim que os sinais forem detectados. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxa de morbidade (taxa de distócia), taxa de mortalidade (vaca e bezerro), eficiência reprodutiva. 
c) Colostro 
Imunidade conferida pelo colostro geralmente depende de o quanto antes o bezerro o recebe, bem como da qualidade e do volume ingeridos. 
Os tratadores de animais devem, sempre que possível, garantir que os bezerros recebam colostro suficiente dentro de 24 horas após o nascimento. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxa de mortalidade, morbidade, alterações no peso. 
d) Desmame 
Para fins deste capítulo, o desmame significa a fase da vida do bezerro na qual há mudança da fase de dieta láctea para dieta fibrosa. No sistema de produção de gado de corte o desmame é um período estressante na vida do animal. 
Bezerros devem ser desmamados apenas quando seu trato digestório apresenta desenvolvimento suficiente para manter seu crescimento e bem-estar. 
Existem várias estratégias de desmames utilizadas no sistema de produção de gado de corte. São elas: separação brusca da mãe, separação por meio de cerca e uso de aparelho no focinho para desencorajar a sucção do leite. 
Cuidados especiais devem ser adotados se a separação brusca da mãe for seguida por situações adicionais de estresse como o transporte, pois os bezerros estão mais suscetíveis a doenças nessa fase. 
Se necessário, os criadores devem buscar aconselhamento técnico sobre a época mais apropriada e o método de desmama para seu tipo de rebanho e sistema de produção. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxas de morbidade e mortalidade, comportamento, aspecto físico, alterações no peso e condição corporal.
e) Práticas de manejo dolorosas 
Práticas de manejo que têm potencial de causar dor são rotineiramente praticadas no bovino por razões de eficiência produtiva, saúde, bem-estar animal e segurança ao homem. Esses procedimentos devem ser realizados de modo a causar o mínimo de dor e estresse ao animal. 
Tais procedimentos devem ser praticados o mais cedo possível ou fazer uso de anestesia ou analgesia sob a recomendação ou supervisão do médico veterinário. 
Opções que podem melhorar o bem-estar do animal no futuro em relação aos procedimentos são: suspensão do procedimento e revisão da necessidade de tais atos por meio de novas estratégias de manejo; melhoramento genético que resulte em animais que dispensem esses procedimentos; substituição dos procedimentos atuais por uma alterativa não cirúrgica que aumente o bem-estar. 
São exemplos de práticas dolorosas: castração, descorna, esterilização (ovariectomia), corte de cauda e identificação. 
i) Castração: 
A castração em gado de corte é realizada em vários sistemas de produção para reduzir agressão entre animais, aumentar a segurança do homem, evitar o risco de prenhez não planejada no rebanho e aumentar a eficiência produtiva. 
Quando for necessário realizar castração, os produtores devem procurar assessoramentoveterinário para escolher o melhor método e a época mais adequada considerando o sistema de produção e a raça do animal. 
Os métodos de castração utilizados em gado de corte incluem remoção cirúrgica dos testículos, métodos que produzem isquemia e destruição do cordão espermático. 
Quando for possível, os bezerros devem ser castrados antes dos três meses de idade, ou na primeira oportunidade que surgir após essa idade usando métodos que causem a menor dor ou sofrimento ao animal. 
Produtores devem procurar aconselhamento veterinário sobre uso da analgesia ou anestesia em bovinos de corte, sobretudo para animais mais velhos.
Os operadores da castração devem ser treinados no procedimento utilizado. Além disso, devem ser capazes de reconhecer sinais de complicações. 
ii) Descorna (e eliminação do botão germinal) 
Gado de corte geralmente é descornado com o objetivo de reduzir acidentes que causam uns aos outros, lesões no couro, aumentar a segurança do homem, diminuir danos às instalações e para facilitar o manejo e o transporte. Quando for conveniente e apropriado ao sistema de produção, a seleção de bovino mocho é preferível. 
Quando a descorna for necessária, os produtores devem buscar assessoramento veterinário para utilizar o método mais adequado e saber qual é o melhor método e momento para seu tipo de animal e sistema de produção. 
Quando conveniente, a descorna deve ser realizada na fase inicial do desenvolvimento dos chifres (botão germinativo) ou na primeira oportunidade de manejo após essa fase. A intervenção desta forma implica em menor trauma aos tecidos porque o desenvolvimento dos chifres está em sua fase inicial e ainda não estão com sua base inserida no crânio. 
Métodos de descorna na fase inicial incluem remoção do botão germinal com uma faca, cauterização térmica do botão ou aplicação de cauterização química. Métodos de descorna após a fase inicial, em idade mais avançada, implica na remoção dos chifres com uso de serra para cortar a inserção do chifre na base do crânio. 
Os produtores devem procurar assessoramento veterinário sobre a disponibilidade e conveniência de aplicar analgesia ou anestesia para a descorna dos animais, principalmente nos mais velhos, quando o chifre está mais desenvolvido. 
Os operadores encarregados da descorna devem receber formação, demonstrar sua competência no procedimento utilizado e ser capazes de reconhecer sinais de complicações
iii) esterilização (ovariectomia) 
A esterilização de novilhas é utilizada para evitar gestações não desejadas em condições de pastejo extensivo. O veterinário ou operador bem treinado deve realizar a esterilização cirúrgica. Os produtores devem buscar assessoramento veterinário sobre aplicação de analgesia ou anestesia para a esterilização de novilhas. O uso de analgésicos ou anestésicos deve ser encorajado. 
iv) caudectomia 
A caudectomia no gado de corte é realizada para prevenir necrose da ponta de cauda nas operações de confinamento. Estudos realizados mostram que maior espaço por animal com uso de cama adequada são eficazes para prevenir a necrose. Portanto, a caudectomia desses animais não é recomendada. 
v) identificação 
Do ponto de vista do bem-estar animal, marcação com brinco ou cortes na orelha, tatuagem, marcação com nitrogênio ou microchips são os métodos recomendados para marcação de gado de corte. Entretanto, em algumas situações, a marcação com ferro quente pode ser o único método de identificação prático de ser utilizado. Este método, se não puder ser evitado, deve ser realizado por operador experiente, de forma rápida e com utilização de equipamento apropriado. Os sistemas de identificação devem estar de acordo com os dispostos no Capítulo C 4.1. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: taxas de complicações pós-procedimento, taxa de morbidade, comportamento, aspecto físico, alterações de peso e condição corporal.
Manejo e inspeção 
Bovinos de corte devem ser inspecionados em intervalos apropriados, de acordo com o sistema de produção e os riscos para a saúde animal e bem-estar. Em sistemas intensivos, os animais devem ser inspecionados pelo menos uma vez ao dia. 
A inspeção com maior frequência pode ser benéfica às seguintes categorias: bezerros recém-nascidos, vacas em terço final de gestação, bezerros recém-desmamados, e animais submetidos a estresse ambiental ou procedimentos dolorosos e no pós-cirúrgico. 
Os tratadores devem ser capazes de reconhecer sinais clínicos de saúde, doença e bem-estar. Além disso, devem ser em número suficiente ao tamanho do rebanho que cuidam para garantir a saúde e o bem-estar animal. 
Os bovinos que estiverem doentes ou machucados deverão receber tratamento apropriado na primeira oportunidade por tratadores capacitados. Se forem incapazes de proporcionar o tratamento adequado, deverá ser procurado auxílio veterinário. 
Caso o animal tenha mal prognóstico com pouca chance de recuperação, o sacrifício humanitário deverá ser realizado o mais breve possível. Os métodos humanitários de sacrifício para bovino de corte estão dispostos no Artigo 7.6.5. 
No Capítulo C 7.5 também podem ser encontradas recomendações sobre o manejo dos bovinos. 
Quando o gado de corte de criação extensiva é arrebanhado para as instalações, ele deve ser conduzido tranquilidade e com calma respeitando o passo do animal mais lento. Condições climáticas devem ser levadas em consideração e os animais não devem se arrebanhados em situações climáticas extremas de frio ou calor. Não se deve levar os animais aos limites de sofrimento. Em situações na qual o agrupamento e manejo de animais leve a situações estressantes, devem ser evitados procedimentos múltiplos, de maneira que os procedimentos necessários sejam executados em uma sequência única. Quando o manejo não implica em situações de estresse, os procedimentos devem ser realizados por etapas para evitar o acúmulo de estresse advindos da aplicação de múltiplos procedimentos. 
Cães bem treinados podem ajudar no agrupamento dos bovinos. O rebanho se adapta bem a diferentes entornos visuais. Entretanto, a exposição a movimentos súbitos, persistentes ou contrastes visuais deve ser minimizada, na medida do possível, para evitar estresse e reação de medo. 
A eletroimobilização não deve ser utilizada. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: resposta ao manejo, taxas de morbidade e mortalidade, comportamento, eficiência reprodutiva, alterações no peso e condição corporal. 
g) Formação/treinamento de pessoal 
Todos os responsáveis pelo rebanho devem ter a capacitação necessária de acordo com suas responsabilidades. Também devem possuir conhecimentos sobre criação de bovinos, comportamento animal, biossegurança, sinais clínicos de doenças. Devem ainda estar familiarizados com os indicadores de ausência de bem-estar dos animais, tais como estresse, dor, desconforto e sobre a forma de como aliviá-los. 
A capacitação pode ser adquirida por meio de educação formal ou experiência prática. 
Os critérios mensuráveis baseados em resultados são: resposta ao manejo, taxas de morbidade e mortalidade, comportamento, eficiência reprodutiva, alterações de peso e condição corporal. 
h) Planos de emergência 
Os produtores de bovinos de corte devem ter planos de emergência para cobrir eventuais falhas no abastecimento de energia, água e alimento que venham a comprometer o bem-estar de seus animais. Estes planos devem conter dispositivos de alarme que informem as falhas para detectar disfunções, geradores elétricos de segurança, acesso a serviços de manutenção, capacidade de armazenamento de água nas instalações, recursos de entrega de água em domicílio, armazenamento adequado de alimentos na propriedade ou substituição alternativa de alimentos. 
Planos de emergência devem ser implementados para minimizar e mitigar os efeitos de desastres naturais ou condições climáticas extremas, tais como, calor excessivo, seca, vendavais, incêndios e enchentes. O sacrifício humanitário de animais doentes ou feridos deve fazer parte

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