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CASOTTI, Rosilene. Economia Solidária e Serviço Social: compreendendo a temática. 2018. 48 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Pitágoras Unopar, Colatina, 2018.
RESUMO
O modelo de economia solidária é conceituado como alternativa real para a economia atual, sendo assim este se justifica pela imprescindível necessidade de ressaltar a contribuição, bastante citada por Paul Singer, um dos pensadores do Socialismo Utópico, cuja origem do Cooperativismo (alternativa para vencer a exploração e a opressão que são as características essenciais do trabalho assalariado no período da Revolução Industrial) é atribuída, e foi essencial para o surgimento da Economia Solidária. A metodologia usada na concepção deste trabalho será envolta por pesquisas de bibliográfica, tem esta por objetivo principal, expor a Economia Solidária (ES) como uma importante alternativa para a geração de renda e inclusão social. A qual, por meio de um “empreendimento” coletivo solidário, busca-se ainda, através deste expor contextos da ES que prioriza o desenvolvimento de todos os membros por igual além de beneficiar as pessoas que se encontram excluídas do mercado de trabalho; abordar os principais aspectos históricos relacionados à origem da Economia Solidária; compreender o contexto social propulsor de sua criação, que é fundamentado na cooperação, característica intrínseca da essência humana. Através das reflexões exposta e por meio da compreensão desta “nova economia” consolidada através da Economia Solidária, como uma alternativa de geração de trabalho e renda que valoriza o homem e não o capital, além de estabelecer e fortalecer relações sociais fundadas na solidariedade, igualdade, cooperação, liberdade e democracia.
Palavras-chave: Economia Solidária. Cooperativismo. Inclusão Social. 
CASOTTI, Rosilene. Solidary Economy and Social Work: understanding the theme. 2018. 48. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Pitágoras Unopar, Colatina, 2018.
ABSTRACT
The model of solidarity economy is conceptualized as a real alternative for the current economy, and this is justified by the indispensable need to emphasize the contribution, much cited by Paul Singer, one of the thinkers of Utopian Socialism, whose origin of Cooperativism (alternative to overcome exploitation and oppression that are the essential characteristics of wage labor in the period of the Industrial Revolution) is attributed, and was essential for the emergence of the Solidarity Economy. The methodology used in the conception of this work will be shrouded by bibliographical research, whose main objective is to expose the Solidary Economy (ES) as an important alternative for income generation and social inclusion. Through a collective "enterprise" of solidarity, we seek to expose contexts of the ES that prioritize the development of all members equally and benefit those who are excluded from the labor market; address the main historical aspects related to the origin of the Solidary Economy; understand the social context that propels his creation, which is based on cooperation, an intrinsic characteristic of the human essence. Through the reflections exposed and through the understanding of this "new economy" consolidated through the Solidarity Economy, as an alternative of generating work and income that values ​​man and not capital, besides establishing and strengthening social relations founded on solidarity, equality , cooperation, freedom and democracy.
Key-words: Solidarity Economy. Cooperativism. Social Inclusion.
SUMÁRIO
71	INTRODUÇÃO	�
92	FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA	�
163	CONCEITOS E VALORES DA ECONOMIA SOLIDÁRIA	�
204	COMPREENDENDO A TEMÁTICA: ECONOMIA SOLIDÁRIA	�
254.1	BREVE INTRODUÇÃO DA ECONOMIA SOCIAL NO BRASIL	�
284.2	BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO A RESPEITO DA CARTA DOS PRINCÍPIOS DA ES	�
314.3	FUNDAMENTOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA	�
385	COMPREENDENDO A TEMÁTICA DA GESTÃO SOCIAL EM CONTRAPARTIDA COM O MODELO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA	�
456	CONCLUSÃO	�
47REFERÊNCIAS	�
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INTRODUÇÃO
Alguns autores, que serão retratados ao logo da construção deste trabalho retratam a experiência dos Pioneiros de Rochdale a qual foi uma cooperativa de consumo, formando a base para o moderno movimento cooperativo, sendo também uma das primeiras a pagar um dividendo. Apesar de outras cooperativas terem precedido ela, a "Pioneiros de Rochdale" se tornou o protótipo para as sociedades cooperativas na Grã-Bretanha. A Cooperativa tornou-se mais famosa por projetar os " Princípios de Rochdale", um conjunto de princípios de cooperação que fornecem a base para as cooperativas em todo o mundo que operam até hoje. O modelo utilizado pelos Pioneiros de Rochdale é um estudo dentro da economia cooperativa.
Este é o marco que legitima o Cooperativismo Tradicional e que contribuiu de forma significativa para o método cooperativo, proporcionando os princípios teóricos e as regras práticas da organização, bem como o funcionamento das cooperativas, sendo o elo com o nascimento do conceito em questão. O resgate do contexto histórico, a Corporação Cooperativa de Mondragón, é um dos exemplos mais significativos de cooperativismo e será abordado ao longo deste trabalho, assim como a trajetória da Economia Solidária, sua introdução e utilização como instrumento de resposta ao desemprego e a exclusão social no Brasil.
A metodologia usada na concepção deste trabalho será envolta por pesquisas de bibliográfica, tem esta por objetivo principal, expor a Economia Solidária (ES) como uma importante alternativa para a geração de renda e inclusão social. A qual, por meio de um “empreendimento” coletivo solidário, busca-se ainda, através deste expor contextos da ES que prioriza o desenvolvimento de todos os membros por igual além de beneficiar as pessoas que se encontram excluídas do mercado de trabalho; abordar os principais aspectos históricos relacionados à origem da Economia Solidária; compreender o contexto social propulsor de sua criação, que é fundamentado na cooperação, característica intrínseca da essência humana. 
O modelo de economia solidária é conceituado como alternativa real para a economia atual, sendo assim este se justifica pela imprescindível necessidade de ressaltar a contribuição, bastante citada por Paul Singer, um dos pensadores do Socialismo Utópico, cuja origem do Cooperativismo (alternativa para vencer a exploração e a opressão que são as características essenciais do trabalho assalariado no período da Revolução Industrial) é atribuída, e foi essencial para o surgimento da Economia Solidária.
Destacam-se ainda ao longo deste, a Carta dos Princípios da Economia Solidária no Brasil, a criação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, o surgimento dos Fóruns Estaduais de Economia Solidária e a representação da ES no Ministério do Trabalho e Emprego por meio da Secretaria de Economia Solidária. Colocando assim o Estado, como apoiador destas ações, garantindo a participação social de todos os membros dos empreendimentos sociais, dada à importância destas ações para a transformação social.
É possível concluir através das reflexões aqui exposta e por meio da compreensão desta “nova economia” consolidada através da Economia Solidária, como uma alternativa de geração de trabalho e renda que valoriza o homem e não o capital, além de estabelecer e fortalecer relações sociais fundadas na solidariedade, igualdade, cooperação, liberdade e democracia.
fundamentação teórica 
O nascimento da Economia Solidária é consequência do contesto social e histórico do capitalismo industrial. Foi o capitalismo industrial o fator gerador do empobrecimento dos artesões provocado pela disseminaçãodas máquinas e da organização fabril da produção. A fim de conter a escassez de trabalho causada pelas transformações ocorridas com a crescente industrialização, trabalhadores se organizaram em pequenos grupos, com o objetivo principal de descobrirem formas de geração de emprego e renda por meio de laços solidários.
É com base nessa ideia de geração de renda por meio de laços solidários que Santos (2002, p. 83) diz: “A Economia Solidária foi inventada por operários, nos primórdios do capitalismo industrial, como resposta à pobreza e ao desemprego resultante da difusão, desregulamentada‟ das máquinas-ferramenta e do motor a vapor no início do século XIX”.
De acordo com Singer (2006, p. 38), Robert Owen, Charles Fourier e Saint-Simon os quais foram os clássicos do Socialismo Utópico e proporcionaram ao Cooperativismo até então existente: “[...] a inspiração fundamental, a partir da qual os praticantes da economia solidária foram abrindo seus próprios caminhos, pelo único método disponível no laboratório da história: o da tentativa e erro”. Estes primeiros Socialistas Utópicos, com o intuito de concretizar suas ideias, propuseram e tentaram a fundação de comunidades-modelo (Fourier) e a criação de fábricas cooperativas pelo Estado (Louis: Blanc) ou por associação dos produtores (Owen), nas quais os meios de produção seriam coletivos. Apesar do fracasso dessas iniciativas, esses pensadores fizeram importantes críticas ao mundo e à ideologia burguesa. A regulamentação do trabalho de mulheres e de crianças foi uma das modificações significativas na vida da classe operária da Inglaterra.
Na história da classe operária, Nascimento (2011, p. 04) considera cinco manifestações, as quais apontam para a perspectiva do socialismo autogestionário. São estas manifestações: O movimento dos “visionários”, como é o caso de Robert Owen e a gestão operária; Grupos e movimentos sociais, como é o caso do marxismo, sindicalismo, anarquismo e socialismo cooperativo; Revoluções ou experiências práticas de autogestão, como é o caso da Comuna de Paris em 1871 e a Revolução Socialista de Outubro de1917; Sistemas novos de autogestão, como experiências de organização na produção e a autogestão como sistema na Iugoslávia a partir de 1950; E mais recentemente, o movimento da Economia Solidária com existência já caracterizada em diversos países.
Singer vem ainda afirma que, com estas contribuições, o Cooperativismo mesmo estando em seu berço, já se erguia como modo de produção alternativo ao capitalismo, e esta fase inicial, jamais se repetiu de forma tão nítida. Isso condiz com este trecho de Singer:
Esta é a origem da economia solidária. Seria justo chamar esta fase inicial de sua história de „cooperativismo revolucionário‟, o qual jamais se repetiu de forma tão nítida. Ela tornou evidente a ligação essencial da economia solidária com a crítica operária e socialista do capitalismo. Apesar de inúmeras derrotas, permaneceu viva a idéia de que „trabalhadores associados poderiam organizar-se em empresas autenticamente autogestionárias e desafiar assim, a prevalência das relações capitalistas de produção. (SINGER, apud NASCIMENTO, 2011, p.04).
O Cooperativismo foi uma manifestação que nasceu a partir da própria luta social e necessidade humana. Um exemplo disso, a experiência dos Pioneiros de Rochdale (1844), contribuiu de forma significativa para o método cooperativo, proporcionando os princípios teóricos e as regras práticas da organização e o funcionamento das cooperativas. Levando-a, a ser considerada a mãe de todas as cooperativas.
Esta comunidade foi fundada então no bairro de Rochdale em Manchester, na Inglaterra, no dia 21 de dezembro de 1944 a “Sociedade dos Probos, Pioneiros de Rochdale”, era composta de 27 tecelões e uma tecelã, que contribuíam para esta sociedade com o resultado da economia mensal de uma libra (de cada participante) durante um ano. Criada para oferecer aos integrantes produtos de boa qualidade e de primeira necessidade, e também outros serviços de ordem socioeconômica, o que parecia apenas um armazém, tornou-se a semente do movimento cooperativista, visto que estava formada a primeira cooperativa formal da história.
Os tecelões de Rochdale tinham por objetivo, com o seu surgimento desta alternativa econômica em que pudessem atuar no mercado, frente ao capitalismo acentuado que os submetiam a preços abusivos, exploração da jornada de trabalho inclusive de mulheres e crianças (os quais trabalhavam até 16 horas diárias) e contornar também a crescente taxa de desemprego proporcionada com a Revolução Industrial, contribuindo então para a melhoria das condições de vida de seus associados. Tornando este fato, um marco que legitima o Cooperativismo Tradicional. De início, esta iniciativa foi motivo de deboche por parte dos comerciantes, mas logo no primeiro ano de funcionamento, o capital da sociedade já chegava a180 libras e após dez anos de funcionamento o “Armazém de Rochdale” era composto de 1400 cooperantes. Essa iniciativa bem sucedida passou a ser um exemplo para os outros grupos, garantindo ao Cooperativismo a aceitação por parte de todos os governos. E, devido a sua forma igualitária e social, também foi reconhecido como fórmula democrática para a solução de problemas socioeconômicos.
A Economia Solidária surgiu em um contexto social em que a sociedade era explorada e oprimida. Motivando-a então a buscar uma alternativa frente ao caos gerado pelo Capitalismo desmedido, assim como também foram os princípios do Cooperativismo. 
Ao longo da história, aconteceu um distanciamento do Cooperativismo com os seus princípios, que se deu quando o Cooperativismo foi apropriado pelo capitalismo. Mas, com a intensificação da crise da sociedade com o crescimento do desemprego, o verdadeiro Cooperativismo pode ser resgatado por meio da Economia Solidária. Estes fatos serão relatados a seguir, com a abordagem de um importante exemplo que demonstrava de forma condizente os princípios do Cooperativismo, a “Mondragón Corporatión Cooperativa” (Corporação Cooperativa de Mondragón).
Este novo modo de produção, além de ser alternativo para fugir da crise gerada pelo capitalismo, era também configurado como uma crítica operária e socialista ao modelo Capitalista, deixando visível o ideal de Cooperativismo Revolucionário (SINGER, 2006). E como já foi visto, ainda de acordo com o mesmo autor: “os praticantes da economia solidária foram abrindo seus próprios caminhos, pelo único método disponível no laboratório da história: o da tentativa e erro” (SINGER, 2006, p. 24).
Os clássicos do Socialismo Utópico, como Robert Owen, Charles Fouriere Saint-Simon deram ao Cooperativismo a inspiração fundamental para o surgimento de novos caminhos através da experiência por meio da Economia Solidária, na qual a sociedade autogestionária é um movimento, produto de experiências de vitórias e derrotas com um amplo processo de experiências em todo o conjunto da vida social.
Criada em 1956, na cidade basca de Mondragón ao norte da Espanha a “Mondragón Corporatión Cooperativa” (Corporação Cooperativa de Mondragón), é um exemplo importante dos princípios do Cooperativismo. Nascida do desejo solidário do Padre Jesuíta José Maria Arizmendiarrieta, o qual afirmava que nada diferencia mais os homens e os povos que as suas respectivas atitudes em relação às circunstâncias em que vivem. Os que fazem a opção por fazer história e mudar por si mesmo o curso dos acontecimentos levam vantagem sobre aqueles que decidem esperar passivamente os resultados da mudança (MCC, 2012). A MCC é, fruto do talento empreendedor do jovem sacerdote e do esforço solidário dos sócios trabalhadores que souberam transformar uma pequena oficina artesanal que, em 1956, fabricava aquecedores e fogões a petróleo no primeiro grupo empresarial Basco e no sétimo espanhol, com 10.400 milhões de euros de vendas na sua atividade industrial e de distribuição, 10.000.000 de euros na sua atividade financeira.
A MCC tem objetivos básicos de uma organização empresarial,que compete nos mercados internacionais, com a utilização de métodos democráticos na sua organização societária, a criação de postos de trabalho e rendimento, a promoção humana e profissional dos seus trabalhadores e o compromisso de desenvolvimento com retorno social. Mais uma característica importante da MCC é a criação do primeiro grupo cooperativo, ou seja, uma cooperativa de segundo grau sendo administrada por um conselho formado por representantes de cada cooperativa singular. Para Singer, este:
[...] modelo de grupo cooperativo foi muito importante não só por coordenar as atividades das cooperativas associadas e permitir economias de escala na prestação de serviços de pessoal, legais e contábeis em comum a todas elas, mas para eliminar diferenças de resultados econômicos entre elas. (SINGER, 2006, p. 100).
Com a finalidade de se evitar atritos entre as cooperativas do grupo, foi constituído um único fundo para ser distribuído entre todos os sócios, no qual independia das suas contribuições para com este. Fortalecendo assim a concepção de novas cooperativas de segundo grau.
Desde a sua formação, a cooperativa buscou incentivar a educação, aderindo valores da economia solidária e treinando a autogestão. Suas ações sempre refletiram de forma positiva no cotidiano local, à medida que prevalecia a cooperação em todas as ações deste complexo cooperativo, gerando um desenvolvimento crescente até hoje, sendo então o exemplo mais completo de uma economia solidária que possui sua própria dinâmica.
Mondragón Corporatión Cooperativa tem como princípios básicos: livre adesão, organização democrática, soberania do trabalho, caráter instrumental e subordinado do capital, participação na gestão, solidariedade retributiva, intercooperação, transformação social, caráter universal e educação. A igualdade básica para os sócios trabalhadores se concretiza na soberania e na Assembleia-geral composta por todos os sócios, e na qual cada participante é representado pelo seu voto.
Embora já tenha sido mencionado anteriormente, a economia solidária surgiu em um contexto social em que a sociedade era explorada e oprimida, motivando-a então a buscar uma alternativa frente ao caos gerado pelo Capitalismo desmedido, assim como também foram os princípios do Cooperativismo. A “Mondragón Corporatión Cooperativa” é um exemplo claro do resgate do verdadeiro Cooperativismo mediante ações solidárias (com o intuito de burlar a crescente crise que assolava a população) que são características presentes nos valores da Economia Solidária.
Frente à recessão econômica, a economia solidária assume um valor e significado renovados, as iniciativas solidárias surgem como respostas alternativas à falência dos Estados Sociais e ao descompromisso crescente dos mercados.
Amaro (2009) vem afirma que generalização do conceito de economia solidária remonta às últimas décadas do século XX na Europa, em particular na França, e em países da América do Sul, nomeadamente Brasil, Argentina e Peru. 
Laville e Gaiger (2009, p. 162) afirmam:
“economia solidária é um conceito amplamente utilizado em vários continentes, com ações variadas que giram em redor da ideia de solidariedade, em contraste com o individualismo utilitarista que caracteriza o comportamento econômico predominante nas sociedades de mercado”. 
A economia solidária encontra-se, portanto, associada às respostas relacionadas à correção das necessidades sociais de grupos em exclusão social, e o seu campo de atuação o qual articula-se em torno do mercado, do Estado e da reciprocidade (CIRIEC, 2007). 
Segundo Quintão (2004) o principal elemento distintivo da economia solidária reside no princípio de solidariedade e reciprocidade, unido em novas soluções institucionais e metodologias de intervenção afirmando-se em oposição às entidades tradicionais da economia social, como sejam as cooperativas, as mutualidades, as associações e fundações, cuja atuação é exclusivamente realizada através dos princípios da “ortodoxia econômica” (Laville, 2009, p. 43).
No Brasil, entidades importantes compõem o “Movimento por uma Economia Solidária”, dentre elas podemos citar a Associação Nacional de Trabalhadores em Autogestão (ANTEAG), a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil e a Central Única dos Trabalhadores (o Sistema Unisol/CUT), organizações apoiadas pelas Incubadoras Universitárias (Rede de Incubadoras de Cooperativas Populares e Rede Unitrabalho) e por setores da Igreja (como a Cáritas Brasileira) e experiências que envolvem comércio, consumo e clubes de troca. Como se pode perceber, dada à heterogeneidade dos sujeitos envolvidos, o projeto da economia solidária é caracterizado tanto por teoricamente abranger uma ampla gama de experiências quanto por, na prática, incorporar experiências pontuais pragmáticas, que vão além do leque apresentado em suas concepções, na tentativa de delimitar seu corpo teórico e prático. Ainda assim, o “Movimento por uma Economia Solidária” possui algumas características comuns, que demonstra certa continuidade de pensamento. No país, as iniciativas denominadas economia solidária compreendem:
Os Empreendimentos Econômicos Solidários e suas formas de organização: cooperativas, associações, empresas autogestionárias, redes e cadeias produtivas, complexos cooperativos, centrais de comercialização e outras formas de organização do trabalho; Redes, Fóruns e Coletivos diversos de Economia Solidária, a relação entre empreendimentos, entidades de apoio e poder público; Finanças Solidárias: cooperativas de crédito, micro-crédito, fundos rotativos, bancos comunitários, aval solidário etc.; Comercialização: comércio ético, justo e solidário, feiras, clubes de troca, consumo consciente; as Entidades e organizações da sociedade civil, entidade de fomento e apoio e outras organizações e movimentos sociais (MTE, 2007).
A economia solidária se configura como uma resposta dos próprios trabalhadores às transformações atuais do mundo do trabalho. Estas respostas são caracterizadas por iniciativas caracterizadas como organizações econômicas (organizações coletivas, organizadas sob a forma de autogestão que realizam atividades de produção de bens e de serviços, crédito e finanças solidárias, trocas, comércio e consumo solidário) e organizações solidárias (empresas de autogestão, associações, cooperativas e grupos informais de pequenos produtores ou prestadores de serviços, individuais e familiares, que realizam em comum a compra de seus insumos, a comercialização de seus produtos ou o processamento dos mesmos) (MTE, 2008). 
CONCEITOS E VALORES DA ECONOMIA SOLIDÁRIA 
A partir do surgimento da Economia Solidária uma complicada cronologia, que foi sendo traçada a partir do que seriam suas supostas raízes históricas e experiências contemporâneas.
Embora o surgimento da expressão Economia Solidária - ES houver se dado na segunda metade dos anos 1990, a narrativa histórica dos profissionais é associada a fatos e experiências anteriores a esta data. Um agente de extrema importância na ES que exemplifica isso é a Associação Nacional de Trabalhadores em Empresas de Autogestão e de Participação Acionária - ANTEAG, criada em 1994 e foi uma das organizações que mais contribuiu para o “renascimento” da ES no Brasil, e não utilizava a expressão ES para nomear o universo de ações a qual fazia parte.
Atualmente o Capitalismo se tornou dominante há tanto tempo que tendemos a aceitá-lo como normal ou natural. Do ponto de vista de Singer, “para que tivéssemos uma sociedade em que predominasse a igualdade entre todos os seus membros, seria preciso que a economia fosse solidária ao invés de competitiva. Isso significa que os participantes na atividade econômica deveriam cooperar entre si em vez de competir” (SINGER, 2006, p. 09).
Para Haddad (2005), a ES é uma alternativa às relações sociais de produção capitalistas. Já para França-Filho e Laville as atividades consideradas de Economia solidária são as “[...] iniciativas que articulam sua finalidadesocial e política com o desenvolvimento de atividades econômicas, introduzindo ainda a solidariedade no centro da elaboração dos seus projetos” (FRANÇA-FILHO; LAVILLE, 2004, p. 161).
Segundo Lechat (2012) Paul Singer foi o criador da expressão ES e essa primeira elaboração se deu em um artigo publicado no jornal Folha de São Paulo de 11 de junho de 1996, intitulado Economia Solidária contra o desemprego. Nesse artigo, Singer expõe esta definição como projeto de governo para a prefeitura de São Paulo na campanha de Luiza Erundina, na época candidata à reeleição e em cujo primeiro governo Singer foi Secretário de Planejamento. A expressão ainda não tinha a mesma forma que assumiu mais tarde nos textos do autor. Essa nova expressão, possibilitou o agrupamento de diversos tipos de experiências que apresentavam esse conjunto de características e ideias, além de agrupar também as diversas entidades, pessoas e instituições em torno de objetivos comuns. 
A expressão ES traz de original uma forma particular de organizar elementos já existentes, contribuindo para o reconhecimento de empreendimentos que traziam em si características da ES, mas que anteriormente não eram reconhecidos como tal, além de ações que envolvem o desenvolvimento social do ambiente ao qual está inserido.
No final do século XX, as transformações no contexto histórico e social da ES, apontavam para o crescimento econômico exacerbado não correspondia ao aumento generalizado do bem estar dos homens e mulheres, e sim o contrário, o que aumentou foi o desemprego e consequentemente a exclusão social.
Este conjunto de novas relações econômicas deve ser fundamentado na cooperação, democracia e no respeito ao meio ambiente. Englobando os valores de: ajuda mútua, responsabilidade, igualdade, equidade e solidariedade. E já seus valores éticos são: honestidade, transparência e responsabilidade social. Segundo Santos, a estrutura da Economia Solidária “[...] obedecia aos valores básicos do movimento operário de igualdade e democracia, sintetizados na ideologia do socialismo” (SANTOS, 2002, p. 83).
A Economia Solidária é um modo de produção em que os princípios básicos são: “a propriedade coletiva ou associada do capital e o direito à liberdade individual” (SINGER, 2006, p. 10). Diferentemente do capitalismo cujos princípios são: o direito de propriedade individual aplicado ao capital e o direito à propriedade individual. 
Neste caso, o resultado natural é a competição e a desigualdade. Na prática estes princípios dividem a sociedade em duas classes: a classe proprietária ou detentora de capital e a classe que ganha a vida mediante a venda de sua força de trabalho à outra classe, já que não possui capital. E no primeiro caso, o resultado natural é a solidariedade e a igualdade, já que na prática, esses princípios unem todos os que produzem formando uma única classe de trabalhadores, que possuem capital igualitário na sociedade econômica ou cooperativa.
Os valores da Economia Solidária, segundo seus defensores, podem ser expressos pelo trinômio: socialmente justo, economicamente viável, ecologicamente sustentável. Santos enfatiza esta ideia de ressurgimento e consolidação de antigos valores em: “[...] o resgate da dignidade humana, do respeito próprio e da cidadania destas mulheres e destes homens já justifica todo esforço investido na economia solidária. É por isso que ela desperta entusiasmo” (SANTOS, 2002, p. 127).
Deste modo, a Economia Solidária faz surgir antigos valores que até então pareciam esquecidos. Mas que são indispensáveis para a construção de uma nova realidade econômica mais justa e igualitária. Passando a ser então, uma forma de economia que se destina a produzir o bem-estar coletivo e não a acumulação de riqueza como afirma Santos, “a empresa solidária é basicamente de trabalhadores, que apenas secundariamente são seus proprietários. Por isso, sua finalidade básica não é maximizar o lucro, mas a quantidade e a qualidade do trabalho” (SANTOS, 2002, p. 84).
[...] a construção de um modo de produção alternativo ao capitalismo no Brasil ainda está no começo, mas passos cruciais já foram dados, etapas vitais foram vencidas. Suas dimensões ainda são modestas diante do tamanho do país e de sua população. Mesmo assim, não há como olvidar que dezenas de milhares já se libertaram pela solidariedade (SANTOS, 2002, p. 127).
Para completar, Paul Singer menciona que “[...] a construção de uma economia solidária depende essencialmente da população, sua vontade de experimentar e aprender, aderindo aos princípios da solidariedade, da igualdade e da democracia, a sua vida cotidiana” (SINGER, 2006, p. 111).
Segundo seus defensores, a Economia Solidária é o conjunto de novas relações econômicas fundamentadas na cooperação, na democracia e no respeito ao meio ambiente. E torna-se evidente a importância da população, e de todos os agentes envolvidos neste processo, como é o caso de igrejas, sindicatos e ações promovidas pela Secretaria Nacional de Economia Solidária em prol do fomento de ações solidárias. Sendo estas, relevantes para que os resultados obtidos por meio dessa “nova economia” sejam positivos e satisfatórios, uma vez que, são propícios a isto. 
Um importante passo foi dado com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária em junho de 2003, a qual teve origem juntamente com o Fórum Brasileiro de Economia Solidária e consequentemente a criação da Carta de Princípios da Economia Solidária.
COMPREENDENDO A TEMÁTICA: ECONOMIA SOLIDÁRIA
A Economia Solidária nasceu com o intuito de ser uma alternativa superior ao Capitalismo. Mas não em termos econômicos escritos, e sim em termos reais por proporcionar às pessoas que a adotam, enquanto produtoras, poupadoras, consumidoras, uma vida melhor. E essa vida melhor, citada por Singer, vai além do fato de consumir mais com o menor dispêndio de esforço produtivo, englobam também condições favoráveis para um melhor relacionamento com familiares, amigos, vizinhos e colegas em geral e com todos os indivíduos de uma sociedade.
Além de propiciar a liberdade de escolha no trabalho que garantirá a maior satisfação pessoal, bem como também autonomia produtiva a ES prega a não submissão a ordens alheias e participação nas decisões que o afetam proporcionando a segurança de saber que sua comunidade jamais irá o desamparar, superando assim, a competição de todos contra todos predominante no sistema Capitalista de Produção que sempre trouxe tensões e angústias aos indivíduos. Essa nova concepção, permite uma nova compreensão da economia e da política, já que estas sofreram alterações conforme o passar dos anos, dando a Economia Solidária não só o exercício político de transformação social, mas também o resgate do seu significado em termos éticos.
Para França-Filho e Laville, a Economia Solidária são as “[...] iniciativas que articulam sua finalidade social e política com o desenvolvimento de atividades econômicas, introduzindo ainda a solidariedade no centro da elaboração dos seus projetos” (FRANÇA-FILHO; LAVILLE, 2004, p. 161). 
Através da ES, os integrantes de uma sociedade, sujeitos ativos e essenciais para a transformação social, e são essas pessoas que devem reestruturar a relação entre produtores e consumidores, opondo-se de maneira revolucionária ao sistema Capitalista. E ao Estado, é conferido o papel de concretizar estas devidas mudanças, através do apoio e estímulo de iniciativas que condizem com esta perspectiva.
É possível que por meio de reder solidárias, a constituição de uma sociedade pós-capitalista, seja desenvolvida já que a solidariedade é uma característica própria do ser humano, e essa característica, foi essencial na trajetória de Mondragón. Diante desta perspectiva, a consolidarização da Economia Solidária está fundada na autogestão e na sustentabilidade.
Segundo Andion (1998; 2001) a gestão de organizações fundamentadas na Economia Solidária, ainda é um campo inexplorado, e este fato se deve possivelmente à inexistência de fundamentos teóricosadaptados à natureza dessas organizações. Para Singer (2006, p. 18) a autogestão é a principal característica de uma “empresa solidária”, a qual se diferencia de uma empresa capitalista (marcada pela heterogestão) em dois aspectos: a forma de apropriação e distribuição do excedente da produção, que é coletiva e não privada, e o exercício da democracia nos processos decisórios, havendo assim uma inversão dos níveis hierárquicos, já que o trabalho manual e intelectual passa a ser de produção e gestão. Ainda de acordo com o mesmo autor 
“[...] os níveis mais altos da autogestão são delegados pelos mais baixos e são responsáveis perante os mesmos. A autoridade maior é a assembleia de todos os sócios que deve adotar as diretrizes a serem cumpridas pelos níveis intermediários e altos da administração” (SINGER, 2006, p. 18).
Uma sociedade pós-capitalista, constituída por meio de redes solidárias é possível, já que a solidariedade é uma característica própria do ser humano, e essa característica, foi essencial na trajetória de Mondragón. Diante desta perspectiva, a consolidarização da Economia Solidária está fundada na autogestão e na sustentabilidade.
A concretização de um trabalho cooperativo dentro de uma nova racionalidade da troca solidária (ABDALLA, 2002) que busca a cooperação para a emancipação dos sujeitos e não para sua submissão aos interesses econômicos das grandes corporações e do mercado financeiro apresenta-se como um grande e constante desafio.
Dentro dessa perspectiva, trabalhar implica em (des)construir relações interpessoais, educativas, sociais e econômicas dentro de uma lógica diferente das relações instituídas ao longo da sociedade capitalista.
Um grupo de Economia Solidária deve ser formado por pessoas comprometidas, autônomas, participativas. O conhecimento de seus membros deve ser partilhado em benefício de todos. As decisões devem ser democráticas, os negócios e a prestação de contas devem ser transparentes, e não deve haver muita diferença na remuneração. Trato igualitário entre homens e mulheres também é importante. Levar em conta as questões ambientais, se engajar na comunidade e ter compromisso na construção de um mundo mais justo são questões fundamentais. Valores como solidariedade, entre-ajuda e cooperação devem estar sempre presentes. (SPIES, 2007, p. 25)
Para Oliveira, este tipo de economia requer uma nova ação e estrutura do estado, ou seja, a existência de um Estado democrático e “com uma proposta clara de desenvolvimento que contemple teses como as do desenvolvimento endógeno e sustentável, e a necessidade da distribuição de renda e de oportunidades”. (SPIES, 2007, p. 8)
Considerando a organização e pressão dos trabalhadores em ES e seus apoiadores, desde 2003 o Governo Federal vem trabalhando para instituir a ES enquanto uma Política Pública de Estado. Para tal, criou a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) que, durante os anos seguintes, realizou o mapeamento6 da ES no Brasil com o “objetivo de proporcionar a visibilidade, a articulação da economia solidária e oferecer subsídios nos processos de formulação de políticas públicas”.
De acordo com a SENAES, a Economia Solidária pode ser definida como:
[...] um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem. [...] vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Nesse sentido, compreende-se por economia solidária o conjunto de atividades econômicas de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, organizadas sob a forma de autogestão. [...] possui as seguintes características: cooperação, autogestão, dimensão econômica e solidariedade. [...] aponta para uma nova lógica de desenvolvimento sustentável com geração de trabalho e distribuição de renda, mediante um crescimento econômico com proteção dos ecossistemas. (MTE, 2007)
Vale ressaltar que o trabalho dentro da ES volta-se para o desenvolvimento de valores e práticas emancipatórias não só para as pessoas que estão diretamente envolvidas nos empreendimentos, mas para a sociedade como um todo. O desafio de voltar-se para os interesses coletivos sem anular os sujeitos singulares, a partir de relações de reciprocidade e mutualidade implica em mudança na visão de mundo dos sujeitos que se inserem nesses espaços. Mudança que decorre do processo de produção de subjetividades singulares e coletivas voltadas para a (re)produção de uma sociedade mais justa.
Dentro do processo de instituição da ES como uma política pública, em 2006 foi realizada em Brasília a I Conferência Nacional de Economia Solidária (CONAES) e ao se fazer uma análise dos discursos enunciados na Conferência em torno da ES, pode-se identificar alguns sentidos, tais como:
um modo de produção baseado na propriedade coletiva dos meios de produção e na gestão e controle coletivos dos bens e/ou serviços produzidos; fundamentada na democracia e na autogestão e voltada para a superação do trabalho subalterno na direção de um trabalho emancipado.
um movimento social que compartilha valores e princípios de uma série de outros movimentos sociais comprometidos com a luta pela “inclusão” de segmentos populacionais que se encontram “excluídos” de espaços e/ou redes de interação e trocas sociais. Como movimento social é constituída por uma diversidade de experiências de geração de trabalho e renda em diferentes regiões do país.
uma estratégia de desenvolvimento econômico e social includente que não se restringe somente à “inclusão” de pessoas nas relações de trabalho, mas encontra-se comprometida com uma série de outras “inclusões”, considerando seu caráter de movimento social que compartilha e se solidariza com a luta de outros grupos sociais. 
Com base nos sentidos referidos, podemos afirmar que a ES sustenta a necessidade de mudança estrutural das relações socioeconômicas, o que implica na necessidade de mudança cultural e de “mentalidade”, que também pode ser compreendida como necessidade de produção de uma outra subjetividade social.
Sendo assim, o desenvolvimento de uma educação e qualificação para o trabalho dentro da ES apresenta-se como dispositivo importante para o processo de mudança almejado. Ao se compreender a ES como um modo de produção, um movimento social e uma estratégia de desenvolvimento econômico e social includente, urge a necessidade de fortalecer, fomentar e dar visibilidade às propostas da Economia Solidária. Nessa direção, identifica-se um 4° sentido: a ES enquanto uma política pública de Estado. Cabe destacar que a busca por ocupar lugar de visibilidade dentro da estrutura estatal ocorre pelo interesse em ter acesso a uma série de recursos financeiros fundamentais para o desenvolvimento dos empreendimentos solidários e das redes e cadeias produtivas solidárias, considerando que o Estado ainda se apresenta como uma das principais fontes de recursos econômicos para fomentar a economia de modo geral.
O fato do Estado promover o desenvolvimento de uma política pública de ES não o transforma no principal responsável pela garantia da (re)produção da própria política, uma vez que de acordo com Silva (2004, p. 32) “[...] a política social é concebida como uma arena de confronto de interesses contraditórios em torno do acesso à riqueza social, na forma da parcela do excedente econômico apropriada pelo Estado. [...] está em permanente contradição com a política econômica.” (SILVA, 2004, p. 32).
Ao considerarmos os diferentes sentidos em torno daES cabe pensarmos em como esta outra economia pode se constituir em um modelo de gestão social capaz de possibilitar a criação de estratégias de resistência e enfrentamento às expressões da questão social.
BREVE INTRODUÇÃO DA ECONOMIA SOCIAL NO BRASIL
Mudanças estruturais, ocorridas por volta da década de 1970, enfraqueceram o modelo tradicional de relação de trabalho capitalista. Um dos causadores, a desindustrialização, eliminou milhões de postos de trabalho formal em países centrais, e até mesmo em países semi-industrializados.
O desemprego cresceu em amplo espectro e infelizmente continua a crescer de forma alarmante precarizando os laços de trabalho entre empregador e empregado e os sujeitando a abdicarem de seus direitos sociais na tentativa de garantir sua sobrevivência, é a chamada flexibilização.
A partir do início da década de 1980, com a ruptura do ciclo de industrialização no Brasil, uma longa crise de desenvolvimento tomou conta do país. Esta crise já vinha ganhando força desde 1840. Devido a este fato, sinais expressivos de regressão ocupacional eram registrados mesmo depois de cinco décadas de avanços consecutivos no processo de estruturação do mercado de trabalho.
Apesar de a crise do desenvolvimento capitalista estivesse progredindo de forma avassaladora, ao mesmo tempo, modos de produção distintos principalmente no interior do segmento não organizado do trabalho estavam sendo gerados, à fim de conter essa longa crise predominante. Seria então, a fase embrionária da economia solidária, que fez uso de um enorme excedente de mão de obra decorrente da crise e também de algumas novidades em relação ao que já existia durante o ciclo da industrialização no Brasil.
Em meados da década de 1980, chega ao Brasil e ganha força a partir da década de 1990, um novo “conceito”, chamado de Economia Solidária. Segundo Nascimento, este novo “conceito” é caracterizado pelo “[...] conjunto de empreendimentos produtivos de iniciativa coletiva, com um certo grau de democracia interna e que remuneram o trabalho de forma privilegiada em relação ao capital, seja no campo ou na cidade” (NASCIMENTO, 2011, p. 02). E sua estratégia é fundamentada no fato de que as contradições do capitalismo criam oportunidades de desenvolvimento de organizações econômicas nas quais sua lógica é oposta à do modo de produção capitalista. Com isto, esta nova realidade no mundo do trabalho proporcionada pela Economia Solidária, contribui de forma significativa, na medida em que tem se mostrado um importante instrumento de combate à pobreza e gerador de inclusão social, onde milhares de trabalhadores se organizam de forma coletiva e gerem seu próprio trabalho lutando assim pela sua emancipação e capacidade de sobrevivência.
Podemos então assim afirmar que a Economia Solidária tem como ideia central à possibilidade de gerar uma “outra economia” e estabelecer novas formas de relação entre as pessoas e destas com o mundo que as cerca; trazendo de volta antigos valores como, “[...] solidariedade, autogestão, autonomia, mutualismo, economia moral, e outros” (NASCIMENTO, 2011, p. 02).
O Ministério do Trabalho e Emprego, em 2003 criou a Secretaria Nacional de Economia Solidária pelo Congresso Nacional, com a missão de: “difundir e fomentar a economia solidária em todo o Brasil, dando apoio político e material às iniciativas do Fórum Brasileiro de Economia Solidária” (SINGER, 2006, p. 04). 
Ainda segundo o autor “[...] a economia solidária é a mais importante alternativa ao capitalismo neste momento histórico, por oferecer uma solução prática e factível à exclusão social, que o capitalismo em sua fase liberal exacerba” (SINGER 1999, p. 10).
De acordo com o IBGE, em 2002 somente 36% da renda nacional eram absorvidas pelo trabalho, enquanto que em 1980 essa mesma renda representava 50% de toda a renda nacional. Isso mostra que a diminuição das condições e relações de trabalho tornaram-se uma realidade inquestionável e o novo excedente de força de trabalho gerado já não era mais composto apenas de imigrantes rurais e analfabetos, era composto também de trabalhadores pobres e desempregados urbanos, pessoas com alta escolaridade, também com capacitação profissional e chefes de família. 
A combinação dessa importante força de trabalho composta pelas pessoas anteriormente citadas excluídas do mercado de trabalho com um conjunto de militantes sociais críticos e engajados; tornaram possíveis avanços importantes no âmbito da economia solidária. A partir disso, em 1994 é criada a Associação Nacional dos Trabalhadores e Empresas de Autogestão (ANTEAG) e sua origem se deu a partir de “experiências que surgiram no contexto da crise de desemprego e de falência das empresas como resultado das políticas federais, dos anos 90, de abertura internacional dos mercados às importações” e o objetivo social de suas atividades é “recuperar e manter o trabalho e renda, buscando o compromisso das pessoas com atividades produtivas, envolvendo a vontade e a inteligência coletiva” (ANTEAG, 2011). De início, como não lhes restavam muitas escolhas de novos postos de trabalho, optaram então por assumir empresas falidas como credores proprietários de seus antigos empregadores. E com isso, foram surgindo inúmeras cooperativas de produção que eram anteriormente negócios capitalistas que se não estavam falidas estavam à beira da falência. 
A criação da ANTEAG só veio a acrescentar esse novo contexto econômico em desenvolvimento, proporcionando então o compartilhamento de informações entre mais de 700 empresas em situação familiar a fim de colaborar com a resolução de problemas, utilizando-se da capacidade produtiva. E o principal nessa assessoria era além de proporcionar a resolução de problemas, desenvolver também uma nova forma de gestão fundamentada na autonomia e democratização, as quais estavam presentes na autogestão.
Entretanto, é importante dizer que nessa fase inicial da economia solidária, para que seja possível fortalecer e potencializar as suas oportunidades de desenvolvimento é preciso que uma ampla ação em termos de políticas públicas seja elaborada e colocada em prática.
Neste modelo é que se evidencia a importância e a necessidade de mais conhecimento e desenvolvimento de pesquisas e estudos específicos nesta área. Além do Fórum Brasileiro de Economia Solidária que contribui para a disseminação de conhecimentos a respeito deste tema, existem instituições acadêmicas em todo o Brasil que desenvolvem projetos envolvendo estudantes, professores e comunidades locais a fim de contribuir para a melhoria da sociedade local.
BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO A RESPEITO DA CARTA DOS PRINCÍPIOS DA ES
Após debates em 18 estados brasileiros, em junho de 2003, a III Plenária Nacional da Economia Solidária aprovou a Carta dos Princípios da Economia Solidária, e esta deverá ser a identidade do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), o qual também deu início neste mesmo momento. Esta carta de princípios foi dividida em três partes distintas, mas, no entanto complementares. E são: história e cenário atual; princípios gerais e específicos; e o que a economia solidária não é.
Na primeira parte da carta, é abordada a história e cenário atual, da Economia Solidária como um intermediário do resgate da dignidade humana e da cidadania das pessoas por meio do trabalho, além de buscar conter a exploração do trabalho humano predominante no capitalismo, estabelecendo também uma nova forma de organizar as relações sociais dos seres humanos entre si e com a natureza.
Ao longo dos anos o capitalismo ocasionou mudanças nas relações de trabalho entre empregador e empregado. Essas mudanças chegaram a tal ponto que os trabalhadores começaram a se organizar em sindicatos para tentar defender seus direitos e empreendimentos cooperativos de autogestão, já que esta era uma forma de trabalho alternativa à da exploração assalariada. Lutas nestes dois campos foram travadas, entretanto a ampliação mundial do trabalho assalariado acabou por transformar tudo inclusiveo trabalho humano em mercadoria. E, as demais formas que não estas, segundo o capitalismo, passariam a ser tratadas como “resquícios atrasados” que com o passar dos anos seriam absorvidas e corrompidas até se tornarem relações capitalistas.
Essa atual crise do trabalho assalariado gerou a exclusão de empregos para milhões de trabalhadores, e os que não o foram, se sujeitam a trabalhar em condições precárias, sem garantias e direitos. Isso contribuiu para que outros empreendimentos, com princípios opostos ao capitalismo, absorvessem essas pessoas que estariam sendo excluídas do mercado de trabalho, os quais já se aproximam dos 50 % da mão de obra. Neste cenário, práticas de cunho social e econômica, baseadas na cooperação e colaboração além da solidariedade, como é o caso da ES, propiciam a melhoria na qualidade de vida de seus integrantes (CARTA DOS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA, 2011).
A segunda parte da Carta dos Princípios estabelece quais são os princípios gerais e específicos. Estes princípios na integra são: 
Princípios Gerais: 
A valorização social do trabalho humano; 
A satisfação plena das necessidades de todos como eixo da criatividade tecnológica e da atividade econômica; 
O reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade; 
A busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza e Os valores da cooperação e da solidariedade.
Princípios Específicos: 
Por um sistema de finanças solidárias; 
Pelo desenvolvimento de Cadeias Produtivas Solidárias; 
Pela construção de uma Política da Economia Solidária num Estado Democrático.
Na terceira parte é abordada a questão do que não é Economia Solidária. Como a expressão ES surgiu recentemente, seu conceito ainda está em formação e suas práticas são bastante abrangentes. Por isso, para um maior entendimento foi descrito tudo o que não condiz com as ideias e práticas da Economia Solidária. 
Sobre isso, o que está contido na Carta dos Princípios na íntegra é: A Economia Solidária não é: 
A economia solidária não está orientada para mitigar os problemas sociais gerados pela globalização neoliberal; 
A economia solidária rejeita as velhas práticas da competição e da maximização da lucratividade individual;
A economia solidária rejeita a proposta de mercantilização das pessoas e da natureza às custas da espoliação do meio ambiente terrestre, contaminando e esgotando os recursos naturais no Norte em troca de zonas de reserva no Sul; 
A economia solidária confronta-se contra a crença de que o mercado é capaz de auto-regular-se para o bem de todos, e que a competição é o melhor modo de relação entre os atores sociais; 
A economia solidária confronta-se contra a lógica do mercado capitalista que induz à crença de que as necessidades humanas só podem ser satisfeitas sob a forma de mercadorias e que elas são oportunidades de lucro privado e de acumulação de capital; 
A economia solidária é uma alternativa ao mundo de desemprego crescente, em que a grande maioria dos trabalhadores não controla nem participa da gestão dos meios e recursos para produzir riquezas e que um número sempre maior de trabalhadores e famílias perde o acesso à remuneração e fica excluído do mercado capitalista; 
A economia solidária nega a competição nos marcos do mercado capitalista que lança trabalhador contra trabalhador, empresa contra empresa, país contra país, numa guerra sem tréguas em que todos são inimigos de todo e ganha quem for mais forte, mais rico e, frequentemente, mais trapaceiro e corruptor ou corrupto.
Ao analisarmos a perspectiva apresentada na Carta dos Princípios da Economia Solidária, torna-se mais fácil compreender o universo no qual a ES está inserida. Compreendendo também, quais são seus princípios, suas práticas e diretrizes para que com o passar do tempo a integridade das ideias que deram origem a esse conjunto de ações, de caráter solidárias e embasadas na cooperação, não se perca. Além é claro, de contribuir no esclarecimento de dúvidas a respeito deste tema abordado aos que estão inseridos neste meio, bem como também contribuir para a divulgação de informações para aqueles que ainda não conhecem a Economia Solidária.
FUNDAMENTOS DA ECONOMIA SOLIDÁRIA
O estudo da perspectiva hegemônica hoje na noção de economia solidária nos remete a debater, essencialmente, com um dos pioneiros na atualidade sobre o tema - o economista Paul Singer. Ele é reconhecido como o maior intelectual inspirador e elaborador dessa proposta socioeconômica de alternativa para o Brasil nos dias correntes. Tal primazia e influência resultaram na criação, a partir de 2003, início do governo Lula, da Secretaria Nacional de Economia Solidária - SENAES, da qual Singer é o titular.
De acordo com Singer (2000), as cooperativas são partes de um projeto de organização sócio-econômica – ou, ainda, da economia solidária -, orientada por princípios opostos aos do laissez-faire - componente central da formulação teórica do liberalismo clássico de Adam Smith e David Ricardo, fundamenta a posição econômica do “livre mercado”, visto que propõe, em lugar da livre concorrência, a associação; em lugar da autorregulação dos mercados, a sua limitação mediante a estruturação de relações econômicas solidárias entre produtores e consumidores.
De acordo com Singer, a economia solidária, de um modo em geral, está alicerçada em três pressupostos – fundamentos – necessários para operar nos marcos de uma organização solidária: a regulação econômica, a participação nos lucros e a gestão do trabalho.
Partindo desses três pressupostos, Singer (2000) argumenta que, no processo econômico capitalista, nos termos liberais, a regulação da economia é regida pela livre concorrência no mercado mediada, pelo movimento da competitividade62, gerando por sua vez “ganhadores” que acumulam mais vantagens e “perdedores” que acumulam mais desvantagens para as competições futuras - o que produz um montante de desigualdade crescente. Em contraposição a essa forma de organização econômica, Singer propõe(2002): 
Para que tivéssemos uma sociedade em que predominasse a igualdade entre todos os seus membros, seria preciso que a economia fosse solidária em vez de competitiva. Isso significa que os participantes na atividade econômica deveriam cooperar entre si em vez de competir (2002, p. 09).
Nestes termos, a solidariedade na economia só pode ser realizada mediante organização de supostos iguais, que se vinculam entre si através da associação, em contraposição ao contrato entre desiguais, isto é, patrões e trabalhadores. Segundo o autor, é dessa maneira que a igualdade se manifesta como pressuposto da solidariedade, pois o capitalismo, como modo de produção desigual, funda-se no direito à propriedade privada aplicada ao capital e à liberdade individual, enquanto que, nas cooperativas, os trabalhadores proprietários organizam-se como “outro modo de produção”, tendo seus princípios baseados na propriedade coletiva ou associada do capital e também na liberdade individual. Dessa forma, é produzida uma classe de trabalhadores que são possuidores de capital, tendo como resultado “natural” a solidariedade e a igualdade na economia.
O segundo fundamento da economia solidária seria a igual repartição dos ganhos do lucro da produção. Em uma empresa capitalista, os trabalhadores recebem salários referentes ao pagamento da venda da sua força de trabalho, sendo eles desiguais e sujeitos a uma variação determinada pela oferta e demanda de força de trabalho e pelo tipo de trabalho, de acordo com o mercado. Na empresa solidária, segundo Singer (2000), os sócios não recebem salários, mas retiradas, que variam conforme a receita obtida. Estes decidem coletivamente, em assembleia, se as retiradas devem ser iguais ou diferenciadas para cada sócio. Há também a repartição do excedente anual que é referente às sobras de ganhos, que na sua maior parte deve ser posta em fundos de investimentos da empresa solidária - o resto é distribuído aos associadospor algum critério decidido pela maioria, podendo ser por igual, pelo tamanho da retirada etc.
O terceiro fundamento refere-se à gestão e organização do trabalho, que, para o autor, seria talvez a principal diferença entre a economia capitalista e a economia solidária. Nas empresas capitalistas, o modelo utilizado de administração é o da hetero-gestão, operado mediante uma distribuição funcional e hierárquica, na qual as informações sobre o processo de trabalho, provenientes dos trabalhadores na base da produção, seguem para os supervisores e chefes, enquanto que as decisões e ordens são geradas nos cargos superiores e se aplicam na base.
O autor entende que na economia solidária se pratica a gestão democrática do trabalho, a partir da autogestão dos trabalhadores que, por sua vez, decidem o funcionamento da empresa em assembleias de associados. Entretanto, isso só ocorre em empresas pequenas, pois tudo pode ser discutido na assembleia; em grandes associações ou empresas, são escolhidos delegados representantes de setores ou departamentos, que se reúnem para deliberar em nome de todos. 
Em empresas solidárias de grandes dimensões, estabelecem hierarquias de coordenadores, encarregados ou gestores, cujo funcionamento é o oposto do de suas congêneres capitalistas. As ordens e instruções devem fluir de baixo para cima e as demandas e informações de cima para baixo. (...) A autoridade maior é a assembleia de todos os sócios, que deve adotar as diretrizes a serem cumpridas pelos níveis intermediários e altos da administração. (Singer, 2002: p. 18).
A economia solidária, de acordo com o autor, resgata a unidade do processo de produção, onde os trabalhadores seriam os proprietários dos meios de produção, que utilizam para a realização do trabalho, e desenvolveriam a socialização destes meios a partir do “trabalho em associação”. Disto resultaria uma síntese entre o modo de produção simples de mercadoria e o capitalismo em seu estágio atual. Nestes termos, para iluminar a compreensão que está posta na atualidade sobre as cooperativas, o autor sustenta a importância da auto-organização do trabalho como alternativa de superação do capitalismo e como uma marca predominantemente socialista. Para Singer,
A economia solidária e as cooperativas surgem como modo de produção e distribuição alternativo ao capitalismo (...). A economia solidária casa o princípio da unidade entre posse e uso dos meios de produção e distribuição (da produção simples de mercadorias) com o princípio da socialização destes meios (do capitalismo). (...) O modo solidário de produção e distribuição parece à primeira vista um híbrido entre o capitalismo e a pequena produção de mercadorias. Mas, na realidade, ele constitui uma síntese que supera ambos (Singer, 2000: p. 13; destaque do autor).
Para o autor, essa possibilidade de superação se expressa na materialização de princípios distintos e opostos aos da economia capitalista, sendo estes praticados, por exemplo, em uma cooperativa de produção - tais como: “posse coletiva dos meios de produção pelas pessoas que as utilizam para produzir; gestão democrática da empresa; repartição da receita líquida entre os cooperadores” (Singer, ibid: p.13). Com essa lógica organizacional e de funcionamento, as experiências autogestionadas concretizariam formas reais de organização do trabalho nãocapitalista, orientadas por princípios do legado socialista e de auto-organização dos trabalhadores. Essa perspectiva alimenta-se da afirmação de que, “para compreender a lógica da economia solidária, é fundamental considerar a crítica operária e socialista ao capitalismo” (Singer, ibid: p. 14), pois são nestas bases que se assenta o estímulo ao desenvolvimento das cooperativas e da associação do trabalho.
Ao considerarmos a economia solidária o conjunto de atividades econômicas – de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito – organizadas sob a forma de autogestão, de acordo com Singer (2000, 2001 e 2002), e segundo o Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária – SIES/SENAES (Brasil, 2004), os principais atributos da economia solidária são:
a) Cooperação: materializada na existência de interesses e objetivos comuns, na união dos esforços e capacidades, na propriedade coletiva de bens, na partilha dos resultados e na responsabilidade solidária sobre os possíveis ônus. Envolve diversos tipos de organização coletiva: empresas autogestionárias ou recuperadas (assumida por trabalhadores); associações comunitárias de produção; redes de produção, comercialização e consumo; grupos informais produtivos de segmentos específicos (mulheres, jovens etc.); clubes de trocas etc. Na maioria dos casos, essas organizações coletivas agregam um conjunto grande de atividades individuais e familiares.
b) Autogestão: os participantes das organizações exercitam as práticas participativas de autogestão dos processos de trabalho, das definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, da direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses etc. Os apoios externos, de assistência técnica e gerencial, de capacitação e assessoria, não devem substituir nem impedir o protagonismo dos verdadeiros sujeitos da ação.
c) Dimensão econômica: é uma das bases de motivação da agregação de esforços e recursos pessoais e de outras organizações para produção, beneficiamento, crédito, comercialização e consumo. Envolve o conjunto de elementos de viabilidade econômica, permeados por critérios de eficácia e efetividade, ao lado dos aspectos culturais, ambientais e sociais.
d) Solidariedade: o caráter de solidariedade nos empreendimentos é expresso em diferentes dimensões: na justa distribuição dos resultados alcançados; nas oportunidades que levam ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes; nas relações que se estabelecem com o meio ambiente, expressando o compromisso com um meio ambiente saudável; nas relações que se estabelecem com a comunidade local; na participação ativa nos processos de desenvolvimento sustentável de base territorial, regional e nacional; nas relações com os outros movimentos sociais e populares de caráter emancipatório; na preocupação com o bem estar dos trabalhadores e consumidores e no respeito aos direitos dos trabalhadores.
e) Participação: é outra base de motivação da conjugação de sujeitos para o trabalho, desenvolvendo um processo educacional de formação e organização de uma nova cultura política. Envolve um conjunto de elementos de natureza pedagógica, relacionados aos interesses e objetivos dos grupos envolvidos.
Podemos então compreender que todo o conjunto de proposições da economia solidária – embasado nos atributos que acabamos de sumariar - está encharcado de problemas centrais de natureza política. Por isso, passamos a analisar alguns pontos problemáticos dessas formulações, já anunciando que nossa concepção teórica colide frontalmente com seus pressupostos.
O conteúdo efetivo das formulações da economia solidária paira apenas na aparência de fenômenos próprios da reestruturação capitalista e da dinâmica retificada da vida social. O que, por outro lado, expressa que tais fenômenos estão se processando e têm suas bases na existência real, impondo-nos a busca por um rigor analítico, à luz da crítica radical e ontológica do sistema capitalista - e não limitarmos somente às “construções ideais” que se autonomizam frente à realidade. É com a clara consciência disto que enumeraremos, brevemente, algumas das debilidades da concepção de economia solidária.
Sua origem: Apesar de temas como autogestão, auto-organização dos trabalhadores, sociedade de produtores livres, justiça social, entre outros, estarem vinculados historicamente às origens do socialismo moderno do século XIX, o conceito de economia solidária é cunhado na atualidade, nas duas últimas décadas do século XX, sob a marca da solidariedade indiferenciada transclassista, resultante dos processos de “desresponsabilização do Estado” (contra-reforma doEstado) e das transformações do capitalismo e das estratégias do capital no domínio de seu controle sobre o trabalho.
Sua composição: A primeira pergunta seria: quais os grupos, entidades, segmentos e também quais as práticas econômicas e sociais que compõem efetivamente a economia solidária? A marca da sua origem aponta que, no Brasil, sua caracterização é a mais diversa possível: desde os moradores de uma comunidade popular que criam uma cooperativa de serviços de limpeza até patrões e trabalhadores de uma fábrica à beira da falência que se associam e dirigem-na de modo “autogestionário”. Destacamos, assim, que se tal proposta se vincula ao projeto emancipatório em alternativa ao capitalismo, como ampara em seu conteúdo formas de associação tão diferentes e com conteúdos tão díspares, congregando, em suposto consenso de interesses, parcelas da classe capitalista e trabalhadora. A economia solidária aglutina também, no mesmo bojo, organizações formais e informais, de representação de trabalhadores ou patronal, associações de interesses sociais, econômicos e políticos, indivíduos comuns, e experiências ligadas ao poder estatal.
Seu conteúdo: O conceito de economia solidária, como vem sendo difundido e trabalhado pelos teóricos em geral, e pelos diversos segmentos da sociedade civil, obscurece, ainda mais, a contradição fundamental das relações sociais no capitalismo. As classes sociais fundamentais, a partir do referencial solidário, des-referenciam o conteúdo central da exploração, qual seja: produção coletiva e apropriação privada da riqueza. Assim, o enfoque central da economia solidária destinase a discutir a gestão do trabalho, a regulação econômica, ignorando mediações fundamentais do modo de produção capitalista, particularmente do seu estágio atual de desenvolvimento.
COMPREENDENDO A TEMÁTICA DA GESTÃO SOCIAL EM CONTRAPARTIDA COM O MODELO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA
Ao pensarmos em gestão social é necessário de antemão esclarecer o que compreendemos pelo que seja o social. Neste sentido, Jamur (1997) refere que o social pode ser compreendido como um objeto ou como um adjetivo. No primeiro caso, enquanto um objeto pode-se dizer que o social torna-se alvo de estudos e pesquisas que visam investigá-lo, analisá-lo, compreendê-lo e defini-lo na direção da produção de conceitos em torno do termo-objeto. Enquanto um adjetivo, o social tem sido “largamente utilizado e das mais diversas formas, tornando-se mesmo uma espécie de “conceito-valise” [...] onde podem se abrigar os mais variados conteúdos ideológicos, o que faz com que perca a força discriminadora que os conceitos devem ter.” (JAMUR, 1997, p.7).
Podemos então identificar uma série de metáforas em torno do social que passa a ser compreendido como uma máquina, um corpo, um campo, um jogo, um tecido. E com a pós-modernidade, como: espaços, territórios, mapas, cartografias, polifonia, fazendo com que o social passe a ser percebido como atomizado, fragmentado, desagregado, disperso e polifônico.
Não obstante, mesmo que consideremos o exposto, como objeto ou como adjetivo, é possível compreendermos o social como resultado de uma construção histórica decorrente de lutas entre forças contraditórias no que tange às relações entre sujeitos singulares-coletivos em torno da (re)produção de suas condições materiais e simbólicas de existência. Ainda com base em Jamur (1997, p. 19) O social se torna o resultado de uma construção quando, através de procedimentos, regras e instrumentos teóricos, são delimitados o seu conteúdo e as modalidades para sua apreensão; ou seja, quando se constitui uma problemática. 
Este problemática anteriormente citada diz respeito à constituição da questão social e suas múltiplas expressões dentro dos atuais modos de conformação do capitalismo contemporâneo, fazendo-se referência à “[...] divisão da sociedade em classes, cuja apropriação da riqueza socialmente gerada é extremamente diferenciada [...] questão que se reformula e se redefine, mas permanece substantivamente a mesma por se tratar de uma questão estrutural, que não se resolve numa formação social por natureza excludente” (YAZBEK, 2001, p. 33).
A questão social surge diante da impossibilidade de se cumprir o ideal republicano de garantir o direito ao trabalho, uma vez que garantir o referido direito “[...] implicava numa transformação radical das relações do Estado com a sociedade, para suprimir a separação radical entre capital e trabalho e promover a socialização da propriedade industrial.” (JAMUR, 1997, p.23).
Diante da impossibilidade de tal feito, passa-se do direito ao trabalho para a liberdade ao trabalho, dentro de uma formação social dominada por uma formação ideológica capitalista, onde os indivíduos livres e de direitos são os responsáveis por garantir o próprio direito ao trabalho na medida em que são livres para decidir para quem querem trabalhar ou se preferem ser empregados ou donos do próprio negócio.
Ao compreendermos o social como uma construção histórica, caracterizada por diferentes formas de organização da vida em sociedade diante do processo de (re)produção das condições materiais e simbólicas de existência, o social que aqui interessa é aquele que passa a ser construído a partir do desenvolvimento do capitalismo enquanto modo de produção e formação social.
Então, à gestão social se está fazendo referência à “[...] gestão das demandas e necessidades dos cidadãos. Sendo que, “A política social, os programas sociais, os projetos são canais e respostas a estas necessidades e demandas.” (CARVALHO, 1999, p. 19).
Na atual fase do processo de acumulação capitalista, marcada por um modelo de produção flexível, pela globalização econômica, política e cultural, pelo desemprego estrutural e necessidade de novas configurações das relações de trabalho, dentre outras características, os Estados de Bem-Estar Social vem se retirando da função de principal responsável por promover e garantir uma série de direitos sociais aos cidadãos.
De acordo com Couto (2006): 
[...] A concretização dos direitos sociais depende da intervenção do Estado, estando atrelados às condições econômicas e à base fiscal estatal para ser garantidos. Sua materialidade dá-se por meio de políticas sociais públicas, executadas na órbita do Estado. [...] Constituem-se em direitos de prestação de serviços ou de créditos, pois geram obrigações positivas por parte do Estado, que detém a responsabilidade de, por meio do planejamento e da consecução de políticas para o bem-estar do cidadão, atender às demandas por educação, trabalho, salário suficiente, acesso à cultura, moradia, seguridade social, proteção do meio ambiente, da infância e da adolescência, da família, da velhice, dentre outros. Couto (2006. p. 48-49).
Cada vez mais a parceria público-privada, entre primeiro, segundo e terceiro setor, é evidenciada em torno da realização de ações que visam à promoção e garantia de direitos sociais, assim como, o atendimento de necessidades. Situação que tem contribuído para se pensar na configuração de uma gestão compartilhada ou em um novo welfare mix (CARVALHO, 1999).
Nesse contexto, em que pese a existência de diferentes definições de gestão social, opta-se por destacar a idéia de Cabral que a compreende
[...] como o processo de organização, decisão e produção de bens públicos de proteção social, que se desenvolve perseguindo uma missão institucional e articulando os públicos constituintes, envolvidos em uma organização que tende a incorporar atributos do espaço público não estatal, na abordagem que faz da questão social. (CABRAL, 2007, p. 134-135).
Segundo Ronconi (2003), as organizações de ES são constituídas por laços culturais; relações de parentesco, de vizinhança e afetivas; pela participação dos trabalhadores nas discussões e decisões e pela presença de uma racionalidade substantiva, a qual se caracteriza pela liberdade de ação/expressão; respeito à individualidade/liberdade; acordos, consensos, entendimentos; comunicação livre; julgamento ético; autenticidade,honestidade, integridade e franqueza, na direção da emancipação e autorrealização.
As características apontadas pela autora de fato fazem parte do ideário e da realidade concreta das relações de trabalho dentro de alguns dos empreendimentos econômicos solidários. Há, no entanto que se ter o cuidado de não generalizar, pois sabe-se que a realidade do dia-a-dia também é marcada por características das relações de trabalho pautadas por uma economia de mercado, a saber: competição, individualismo, exploração, assédio moral, racionalidade instrumental, dentre outras, uma vez que essa é a lógica econômica dominante dentro da formação social capitalista.
Ao passo em que um modo de produção, organização e consumo, baseado na igualdade de direitos, na responsabilidade de todos, no controle e gestão coletiva dos bens e/ou serviços produzidos e na propriedade coletiva dos meios de produção, a Economia Solidária opera uma mudança estrutural nas relações de trabalho uma vez que rompe com a existência das classes sociais constituintes do modo de produção capitalista, pois todos tornam-se donos do negócio, ocupando funções diferenciadas, mas igualmente responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso do empreendimento.
Ao se pensar na ES como um movimento social, podemos afirmar que ela volta-se para a luta em torno da geração de trabalho e renda, uma vez que é constituída por sujeitos em situação de “exclusão social” que se encontram fora das relações de trabalho/emprego formal. Adquire, assim, o caráter de luta pela inclusão de uma série de trabalhadores nas relações de trocas econômicas, porém dentro de uma perspectiva que busca a transformação estrutural das relações socioeconômicas. Dessa forma, talvez possa se dizer que se trata de um movimento que luta pela efetivação do direito ao trabalho, o qual foi negado em nome da liberdade ao trabalho.
Na perspectiva de um desenvolvimento econômico a ES reúne empreendimentos econômicos de produção; empreendimentos para comercialização e consumo; empreendimentos para obtenção de créditos financeiros; redes e cadeias de empreendimentos solidários; empreendimentos habitacionais, culturais, dentre outros. Ou seja, busca criar uma rede de empreendimentos com vistas ao fortalecimento de parcerias e apoios, comprometidos com a promoção de um desenvolvimento sustentável, justo e democrático.
Enquanto política pública, a ES vem buscando instituir-se através da criação de uma série de organizações burocráticas e administrativas dentro do aparelho estatal, considerando-se as diferentes esferas da Federação, objetivando o acesso a uma série de recursos financeiros que hoje se encontram disponíveis somente para empreendimentos na perspectiva capitalista. Neste ponto cabe destacar reflexão de Pereira (2008, p. 172) com relação à ideia corrente de que para uma política pública ser duradoura deve ser uma política de Estado. A autora entende que o termo política social tem identidade própria, referindo-se [...] à política de ação que visa, mediante esforço organizado e pactuado, atender necessidades sociais cuja resolução ultrapassa a iniciativa privada, individual e espontânea, e requer deliberada decisão coletiva regida por princípios de justiça social que, por sua vez, devem ser amparados por leis impessoais e objetivas, garantidoras de direitos. 
Sendo assim, a política social envolve a participação de diversos segmentos sociais (indivíduos, grupos, empresários, trabalhadores, profissionais, dentre outros) que por meio de relações de poder tentam direcioná-la de acordo com seus interesses, dessa forma nem sempre acaba constituindo-se como uma política pública. No entanto, à medida que “contemplar todas as forças e agentes sociais, comprometendo o Estado, a política social se afigura uma política pública, isto é, um tipo, dentre outros, de política pública”. 
O fato de tornar-se uma política pública não significa que seja necessariamente uma política pública de Estado, uma vez que o termo público Refere-se, antes, à coisa pública, do latim res (coisa), publica (de todos), ou seja, coisa de todos, para todos, que compromete todos – inclusive a lei que está acima do Estado – no atendimento de demandas e necessidades sociais, sob a égide de um mesmo direito e com o apoio de uma comunidade de interesses. [...] Por isso, o termo “público” que a qualifica como política tem um intrínseco sentido de universalidade e de totalidade. (PEREIRA, 2008, P. 173-174)
Podemos então pensar que não é o fato de uma política social tornar-se uma política pública de Estado que necessariamente seu caráter público estará garantido, haja vista o Estado apresentar-se ocupado por governos que representam diferentes interesses dentro do campo de luta contraditória intrínseco ao capital. Assim como, uma política social que não comprometer o Estado também não estará garantindo a condição de política pública, uma vez que a sociedade se apresenta como um espaço heterogêneo de luta ideológica e política. Ou seja, para que uma política social possa garantir a coisa de todos é necessário comprometer o Estado, principalmente no que tange à garantia e efetivação de direitos, mas também a sociedade “na defesa da institucionalidade legal e integridade dessa política ante os seguintes eventos: assédio de interesses particulares e partidários; clientelismo; cálculos contábeis utilitaristas e azares da economia de mercado.” (PEREIRA, 2008, p. 174).
A possibilidade da Economia Solidária constituir-se em um modelo de gestão social passa pela afirmação e reconhecimento dos valores que a sustentam, os quais talvez possam ser reunidos em um único termo: democracia participativa.
O controle coletivo dos meios de produção; a gestão e controle coletivos sobre a produção e os bens e/ou serviços produzidos; a luta pelo direito ao trabalho; a preocupação com um desenvolvimento econômico e social sustentável e justo e a instituição de uma política pública conduzida pelos próprios trabalhadores da ES, em parceria com o Estado e demais setores da sociedade, implica na ampliação da democracia. O que só acontece mediante a ampliação da participação dos diferentes segmentos sociais, principalmente daqueles que se encontram à margem de uma série de serviços e de direitos sociais.
Se a gestão social, de acordo com Ronconi (2003), envolve planejamento, organização, comando, coordenação e controle, faz-se necessário que tais ações sejam produzidas e operacionalizadas coletivamente, na perspectiva de atender as necessidades dos cidadãos, de garantir direitos sociais, de democratizar a disputa por projetos antagônicos de sociedade. Nessa direção, as experiências de trabalho no campo da Economia Solidária, mesmo que incipientes, podem ter muito a ensinar.
CONCLUSÃO
Desde o surgimento da Economia Solidária esta esteve fundamentada em princípios e valores que foram adotados inicialmente no Cooperativismo. Como exemplo disso temos os Pioneiros de Rochdale (1844) que é o marco que legitimou o Cooperativismo Tradicional e cuja origem da ES também é remetida. Outro importante fato que marcou a trajetória de desenvolvimento de ações que fugiam dos padrões ditados pelo Capitalismo, o qual colocava o capital acima do ser humano, é a “Mondragón Corporatión Cooperativa”, exemplo claro do resgate do verdadeiro Cooperativismo mediante ações solidárias que são características presentes nos valores da Economia Solidária.
Apesar de a expressão “Economia Solidária” ter surgido recentemente, em meados da década de 1990, suas práticas já estavam sendo desempenhadas desde o momento em que se tornou propício e concreto o resgate dos valores do Cooperativismo, só não eram nomeadas ainda essas práticas de Economia Solidária.
A Economia Solidária é formada por um conjunto de ações e práticas capazes de proporcionar por meio do trabalho, o resgate da dignidade humana e da cidadania das pessoas que se encontram excluídas do mercado de trabalho e acabam por se sentirem excluídas socialmente. Tem o intuito de construir relações sociais

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