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INTRODUÇÃO • Conhecer as imperfeições nos arranjos cristalinos; • Tipos de imperfeições ; • Importância dos defeitos e sua importância nas propriedades dos materiais. 4.1 Introdução ao defeitos cristalinos • DEFEITOS EM SÓLIDOS CRISTALINOS são desvios em relação à estrutura de um cristal perfeito, descontinuidades ou irregularidades da rede cristalina. Estas irregularidades podem ser: – NA POSIÇÃO DOS ÁTOMOS. – NO TIPO DE ÁTOMOS. • O tipo e o número de defeitos dependem do material, do meio ambiente e das condições de processamento do material. • De acordo com a geometria (dimensionalidade), são classificados em: – PONTUAIS (dimensão zero). – LINEARES (unidimensionais). – INTERFACIAIS (bidimensionais). – VOLUMÉTRICOS (tridimensionais). Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 04 4.2 Defeitos Pontuais – Vacância e Auto-intersticiais • Os defeitos pontuais normalmente encontrados nos metais são: – LACUNA OU VACÂNCIA: posição vazia na rede cristalina; • Formam-se durante a solidificação ou como resultado do deslocamento dos átomos de suas posições normais (VIBRAÇÕES ATÔMICAS). • O número de lacunas existentes em um material aumenta exponencialmente com a temperatura segundo a expressão: 05 T exp k Q NN vv Onde: Nv: número de lacunas. N: número total de posições na rede. Qv: energia necessária para se criar uma lacuna. T: temperatura absoluta [K]. k: constante de Boltzmann (1,38x10-23 J/átomo·K ou 8,62x10-5 eV/átomo·K). 4.2 Defeitos Pontuais – Vacância e Auto-intersticiais – AUTO-INTERSTICIAL: átomo da própria rede ocupando um interstício. Ocorre em freqüência muito menor do que a lacuna por gerar maiores deformações na rede cristalina do material. 05 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 06 Lacuna Auto-intersticial Átomo de impureza substitucional Átomo de impureza intersticial 4.2 Defeitos Pontuais – Vacância e Auto-intersticiais SOLUÇÃO: inicialmente, determina-se o número N de sítios atômicos em V = 1 m3 = (1 m)3 = (102 cm)3 = 106 cm3: Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 08 Calcule o número de lacunas em equilíbrio/m3 de cobre a 1000 °C. A energia para a formação de uma lacuna é 0,9 eV/átomo. O peso atômico e a densidade (a 1000 °C) para o cobre são 63,5 g/mol e 8,4 g/cm3, respectivamente. A VN AN 33 átomos/m g/mol63,5 cmátomos/mol g/cm 28 3623 100,8 1010023,6 4,8 NN Então, para T = 1000 °C = 1000 + 273 K = 1273 K: KeV/K108,62 eV átomos/cm T 5- 3 1273 9,0 exp100,8exp 23 v v v N k Q NN 3lacunas/m25102,2 v N A VN A N Nv/N = 2,2 ×10 25/ 8,0 × 1028 Nv/N ~ 0,0275% dos sítios atômicos ESTÃO VAZIOS. 4.2 Defeitos Pontuais – Vacância e Auto-intersticiais • Impurezas ou átomos estranhos estarão SEMPRE presentes nos materiais de uma forma geral. • É IMPOSSÍVEL obter um METAL PURO constituído por apenas um tipo de átomo. Com pureza de 99,9999%, há ~ 1022 a 1023 átomos/m3. • Nas LIGAS, os átomos de impurezas são adicionados para se conferir características específicas aos materiais: aumentar a resistência mecânica, à corrosão, a condutividade elétrica. Exemplo: liga DURALUMÍNIO (96% Al + 4% Cu) é 10 VEZES MAIS RESISTENTE MECANICAMENTE do que o alumínio puro, sendo empregada na indústria aeronáutica. • A adição de átomos de impureza a um metal pode resultar em uma SOLUÇÃO SÓLIDA e/ou em uma NOVA FASE. No primeiro caso, fala-se em SOLVENTE (elemento em maior concentração) e SOLUTO (elemento em menor concentração). Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 09 4.3 Impurezas em sólidos Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 10 Solução sólida: aço com 0,06%p de C Duas fases: aço com 1,4%p de C 4.3 Impurezas em sólidos • Podem ser de dois tipos: – SUBSTITUCIONAIS: os átomos do soluto (impureza) tomam o lugar dos átomos do solvente (ÁTOMOS HOSPEDEIROS). Exemplo: Cu + Zn. – INTERSTICIAIS: os átomos de impureza ocupam os interstícios entre os átomos do solvente. O raio atômico do soluto deve ser substancialmente menor do que o do solvente. Concentração máxima: <10%. Exemplo: Fe- + C (FERRITA). Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 11 Ferro Carbono Zinco Cobre 4.3 Impurezas em sólidos – Solução sólida • O raio do interstício existente no centro de cada face da célula CCC pode ser determinado como se segue. Dados: raio atômico do ferro e do carbono, RFe = 0,124 nm = 1,24 Å e RC = 0,071 nm = 0,71 Å. Das figuras abaixo, segue-se: Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 12 Para a célula CCC, , logo: FeR 2 r a int 3 4RFea rint Plano (200) a/2 RFe 3 R32 R 3 2R r FeFe Fe int A0,19 3 A1,2432 r int Rc/rint = 0,71/0,19 = 3,7, o que explica a baixíssima solubilidade do C no Fe- (máxima de 0,022%p a 727°C) Exemplo • Grau de mistura entre soluto e solvente, depende: 1. TAMANHOS SEMELHANTES: raios atômicos não podem diferir em mais do que 14-15%. 2. MESMA ESTRUTURA CRISTALINA. 3. ELETRONEGATIVIDADE SEMELHANTE. 4. MESMO NÚMERO DE VALÊNCIA. Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 13 4.3 Impurezas em sólidos – Hume-Rothery • Especifica a composição pelas formas a seguir: • % em peso (%p) (kg do componente/kg da mistura): Onde m1 e m2 representam, respectivamente, o peso (ou massa)dos elementos 1 e 2. • % molar/atômica (nº de moles do componente/nº de moles da mistura): Onde nm1 e nm2 representam, respectivamente, o nº de moles dos elementos 1 e 2. Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 15 100 mm m C 21 1 1 1 1 m1 A 'm n 4.3 Impurezas em sólidos – Especificação da composição 100 nn n C' m2m1 m1 1 4.3 Impurezas em sólidos – Composições de ligas binárias: conversões • Porcentagem em peso PARA porcentagem atômica: • Porcentagem atômica PARA porcentagem em peso: 16 100 1A2C2A1C 2A1C 1C' 100 1A2C2A1C 1ACC 2 2 ' 100 1A2C2A1C 2A1C 1C '' ' 100 1A2C2A1C 1AC'C 2 2 '' • Porcentagem em peso PARA massa por unidade de volume (kg/m3): Onde C” é a massa do componente/volume da mistura, é a densidade do componente (em kg/m3). Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 17 3 2 2 1 1 1 1 " 10 ρ C ρ C C C 3 2 2 1 1 2 2 " 10 ρ C ρ C C C 4.3 Impurezas em sólidos – Composições de ligas binárias por volume de material • DENSIDADE • PESO ATÔMICO Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 18 2 2 1 1 med ρ C ρ C 100 ρ 2 2 ' 2 1 1 ' 1 2 ' 21 ' 1 medρ AC ρ AC ACAC ρ 2 2 1 1 med A C A C 100 A 100 ACAC A 2 ' 21 ' 1 med 4.3 Impurezas em sólidos – Determinação de densidade e peso a partir da composições de ligas binárias • DISCORDÂNCIA: defeito unidimensional em torno do qual há um desalinhamento de átomos. – ORIGEM: solidificação, deformação plástica, tensões térmicas (resfriamento rápido). – Responsáveis pela deformação plástica de sólidos cristalinos (especialmente metais). • TIPOS DE DISCORDÂNCIAS – Aresta. – Espiral. – Mista. 20 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.4 Discordâncias – Defeitos lineares • Corresponde à aresta de um semiplano adicional de átomos. • É representada pelo símbolo “┴”. • Gera tensões de tração/compressão na rede. 22 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.4 Discordâncias tipo Aresta • Os átomos formam uma trajetória helicoidal em torno da linha da discordância. 23 4.4 Discordâncias tipo espiral • Apresenta características de discordâncias aresta e espiral. 24 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.4 Discordâncias tipo mista – espiral +aresta • Em um cristal perfeito, os pontos inicial de final de um circuito de mxn distâncias atômicas coincidem. • O VETOR DE BURGERS é o vetor necessário para se fechar um circuito traçado em torno de uma discordância, ligando o ponto final ao inicial. Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 25 5→ 5← 4 ↓ 4 ↑ 5→ 4 ↓ 5← 4 ↑ Cristal perfeito Cristal com discordância em aresta 4.4 Discordâncias – Vetor de Burgers • O vetor de Burgers é constante. Sua magnitude é igual à distância interatômica. • Caracteriza a natureza da discordância (aresta, hélice ou mista): – ARESTA: o vetor é perpendicular à linha de discordância. – ESPIRAL: o vetor é paralelo à linha de discordância. – MISTA: o vetor não perpendicular, nem paralelo à linha de discordância. (a) (b) (c) Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 26 4.4 Discordâncias – Vetor de Burgers 21 Tecnologia dos Materiais Defeitos em Sólidos Cristalinos • Deformação plástica refere-se a mudança irreversível de forma, que permanece mesmo após a remoção que causou a deformação; • Deformação elástica mudança temporária de forma, relacionada ao estiramento das ligações atômicas; • Deformação plástica – movimento das discordâncias; • Deslizamento realizado pelas discordâncias proporciona ductilidade do material; • O aumento das discordâncias dificulta seu movimento, aumentando a resistência do material; Observações das discordâncias • São contornos que possuem duas dimensões e, normalmente, separam regiões dos materiais de DIFERENTES ESTRUTURAS CRISTALINAS e/ou ORIENTAÇÕES CRISTALOGRÁFICAS. • Essas imperfeições incluem, entre outros: – Superfície externa. – Contorno de grão. – Contorno de macla. – Falhas de empilhamento. – Fronteiras entre fases. 28 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.5 Defeitos Interfaciais • É o tipo de “contorno” (defeito planar) mais óbvio, ao longo do qual termina a estrutura do cristal. • Na superfície, os átomos não estão ligados ao número máximo de vizinhos mais próximos. Isto implica que estão em um estado energético maior do que o dos átomos do interior do cristal. • Esta energia adicional gera uma ENERGIA DE SUPERFÍCIE (J/m2). 29 Átomo normal Átomo com maior energia Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.5 Defeitos Interfaciais – Superfícies externas • Materiais POLICRISTALINOS são formados por um grande número de cristais com diferentes orientações cristalográficas (GRÃOS). Cada cristal é formado por inúmeras células unitárias. • CONTORNO DE GRÃO: superfície que separa dois cristais adjacentes. Essa fronteira é um defeito bidimensional. • No interior do grão todos os átomos estão arranjados segundo um “ÚNICO MODELO” e “ÚNICA ORIENTAÇÃO”, caracterizada pela célula unitária. • De modo semelhante à superfície, os átomos do contorno de grão possuem um estado energético mais elevado do que os átomos do interior do grão. Por isso eles são MAIS QUIMICAMENTE REATIVOS. 30 GRÃO = CRISTAL 4.5 Defeitos Interfaciais – Contornos de grão • Mudanças de fase e segregação de átomos de impureza ocorrem preferencialmente ao longo do contorno de grão. • GRÃOS GRANDES → MENOR ÁREA DO CONTORNO DE GRÃO → MENOR ENERGIA SUPERFICIAL. • GRÃOS PEQUENOS → MAIOR ÁREA DE CONTORNO DE GRÃO → MAIOR ENERGIA INTERFACIAL. 31 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.5 Defeitos Interfaciais – Contornos de grão • É um tipo especial de contorno de grão, onde existe uma simetria em “ESPELHO” da rede cristalina: Os átomos de um lado do contorno são “IMAGENS” dos átomos do outro lado do contorno. • A macla ocorre num plano definido e numa direção específica, conforme a estrutura cristalina. • Formam-se pela aplicação de tensão mecânica (MACLAS DE DEFORMAÇÃO) ou em tratamentos térmicos de recozimento (MACLAS DE RECOZIMENTO). Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 35 Plano de macla (“twin plane”) 4.5 Defeitos Interfaciais – Contornos de grão • FALHA DE EMPILHAMENTO: erro na seqüência ABCABC... de metais CFC. • CONTORNOS DE FASE: descontinuidade das propriedades físicas/químicas. Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 36 Duas fases: perlita 4.5 Defeitos Interfaciais – Contornos de grão • São normalmente introduzidos durante o processamento e a fabricação do material. • Tipos: – POROS. – TRINCAS. – OUTRAS FASES. – INCLUSÕES. 37 Inclusões de óxido de cobre (Cu2O) em cobre de alta pureza (99,26%) 4.6 Defeitos Volumétricos ou de massa • Os átomos de todo material sólido a uma temperatura acima de 0 K não estão em repouso, mas sim VIBRANDO em torno de posições médias. • A uma dada temperatura, nem todos os átomos estão vibrando com a mesma freqüência e amplitude. • FREQÜÊNCIA TÍPICA À TEMPERATURA AMBIENTE: 1013 vibrações/s, com amplitude de poucos milésimos de nanômetro Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 38 4.7 Vibrações atômicas Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 40 Imagem no microscópio Microscópio Ranhura Superfície polida e atacada 4.9 Microscopia – microscopia ótica • Preparação: lixamento, polimento, ataque; Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 41 • MICROSCOPIA ELETRÔNICA: utiliza feixe de elétrons ao invés de radiação luminosa. – MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO (MET) • Ampliações de até 1.000.000X – MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA (MEV) • Ampliações de 10 a mais de 50.000X • MICROSCÓPIO COM SONDA DE VARREDURA (MSV) – Gera imagens tridimensionais – Ampliações de até 109X 4.8 Vibrações atômicas • Determinação do diâmetro do grão (MÉTODO DOS INTERCEPTOS) Onde: d: diâmetro médio do grão. L: comprimento da linha. n: número de grãos interceptados pela linha. A: ampliação linear da imagem. • Tamanho do grão (MÉTODOASTM): define o NÚMERO DE TAMANHO DE GRÃO n como: Onde: – N: número de grãos por POLEGADA QUADRADA em uma superfície do material, polida e contrastada, observada com uma ampliação de 100x. – n: número designado NÚMERO ASTM DE TAMANHO DE GRÃO. An L d Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 42 N = 2n-1 4.10 Determinação do tamanho de grão Nº de tamanho de grão (n) Número de grãos por mm2 com 1x 1 15,5 2 31,0 3 62,0 4 124 5 248 6 496 7 992 8 1980 9 3970 10 7940 43 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.10 Determinação do tamanho de grão TG ASTM 1: 15,5 grãos/ mm2 d 0,287 mm TG ASTM 8: 1980 grãos/ mm2 d 0,0127 mm 44 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos 4.10 Determinação do tamanho de grão 44 Materiais para Construção Mecânica Imperfeições em Sólidos Cristalinos Importância dos defeitos • Os defeitos dos materiais , tais como discordâncias, defeitos pontuais e contornos de grão, atuam como barreiras para discordâncias, 03 mecanismos de endurecimento baseia-se nas três categorias de defeitos; • Endurecimento por deformação (encruamento): Aumentando o n° de discordâncias aumenta a tensão necessária para seu movimento, material fica mais resistente; • Endurecimento por solução sólida: átomos ou íons estão completamente solubilizados pela estrutura cristalina da matriz, necessitando de tensões maiores para movimento das discordâncias; • Endurecimento por tamanho de grão: Aumentar o número de grãos, reduz o tamanho do grão, dificultando a movimentação das discordâncias, aumentando resistência; • Efeitos nas propriedades elétricas, ópticas e magnéticas: Incorporação adequada de dopantes permite controlar de modo preciso as propriedades elétricas dos semicondutores.
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