Buscar

INSTITUTOS JURÍDICOS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

2. DOS INSTITUTOS DE DIREITO ROMANO
A História, em seus grandes ciclos e nos fenômenos sociais de caráter geral, se reproduz
em ondas de contornos idênticos, como afirmam conceituados estudiosos do Direito
Comparado. 
Desta forma, apesar de as estruturas sociais romanas não se terem transportado até os
nossos dias de forma inalterável, é necessário observar que muitos dos valores sociais
romanos e a própria noção do Direito se reproduziram nas civilizações vindouras, se
propagaram na área mediterrânea, infiltraram-se no Reino Franco, na Península Ibérica,
popularizando-se a partir do século XII, vindo a se alastrar, mais tarde, ao Novo Mundo,
através das grandes navegações, pouco perdendo sua força inicial e a nitidez de
inúmeros princípios consagrados, sobretudo no campo do Direito de Obrigações, em
cláusulas contratuais, no Direito de Família regulando a sucessão hereditária e também
em outros institutos da ciência jurídica, sobretudo na área do direito privado, uma vez
que no direito público esta influência teve dimensões bem mais reduzidas[1].
3. DAS COISAS
Segundo a concepção de Moreira Alves (1983), há duas possíveis acepções para o termo
“coisa”: a vulgar, onde seria tudo o que existe na natureza, ou que a inteligência do
homem é capaz de conceber e a jurídica, na qual coisa é aquilo que pode ser objeto de
direito subjetivo patrimonial. A definição jurídica reflete exatamente a ideia de “coisa”
na atualidade, já tendo sido anteriormente apregoada pelos Romanos. Interessam ao
Direito somente os bens, que são as coisas na acepção jurídica, estando regulados seus
tipos no Código Civil pátrio[2].
Traz, a lei civil, variadas classificações dos bens, que servirão de base para dividir o
direito em diferentes situações fáticas. Estas classificações baseiam-se em diferentes
critérios, já tendo sido pensadas pelos romanos.
Inicialmente, quanto à possibilidade de deslocamento sem alteração da substância da
coisa nem da destinação econômico social, os bens são classificados em móveis, se
possível tal deslocamento, e imóveis quando não, ou quando a lei estabelecer que assim
sejam tratados. Esta divisão já era usada em Roma, embora não houvesse exata
definição, representando basicamente a ideia acima ensejada. 
Havia ainda a divisão entre bens singulares, quando mesmo reunidos consideram-se
apenas um e universais, quando vários singulares reunidos de uma mesma pessoa para
destinação específica[3].
4. DA POSSE
Houve um tempo em que a propriedade e a posse se encontravam confundidas entre os
romanos. Posteriormente, distinguiu-se, pertencendo, até os dias de hoje, aos
jurisconsultos romanos, a glória de terem criado a Teoria da Posse.
O desenvolvimento da ideia de posse no direito romano constitui-se em uma das mais
árduas e difíceis investigações históricas dos pesquisadores do Direito ao longo da
humanidade. Tudo isso em virtude da deficiência dos arquivos jurídicos dos primeiros
tempos de Roma, sendo certo que todos os institutos e, principalmente, a posse
experimentaram notáveis alterações ao entrar na compilação justiniana. 
Várias são as teorias imaginadas para explicar a diferenciação entre posse e propriedade
do direito romano. A principal corrente acerca do assunto defende que a posse
desenvolveu-se em Roma, como uma consequência do Direito de Clientela. Os patrícios
faziam concessões de terras aos seus clientes, conferindo-lhes a posse e reservando a
propriedade. Os clientes, não podendo defender a terra como proprietário, defendiam-na
como possuidores[4].
Muito se discute acerca do conceito mais adequado a ser dado para a posse, variando de
acordo com a exigência ou dispensa de certos elementos caracterizadores. Na
apresentação do conceito de posse, define-se posse como sendo o poder físico, material,
de fato, sobre uma coisa corpórea, distinto e separado do poder jurídico, propriedade,
sobre ela, evidenciando a vinculação da posse ao fato e da propriedade ao direito[5]. 
Neste prisma, duas são as principais teorias: a subjetiva e a objetiva.
Na concepção de Savigny (1866), através da teoria subjetiva, só se tem efetivamente a
posse quando reunidos o corpus, poder corpóreo sobre a coisa, o efetivo domínio
material sobre ela e o animus domini, um elemento psíquico que, no direito justiniano, é
o desejo de ser proprietário ou de se transformar em dono da coisa. Assim, é necessário
que o possuidor tenha a vontade de ser proprietário da coisa, onde, sem a qual estaria
configurada uma mera detenção. Essa teoria exige, pois, para que o estado de fato da
pessoa em relação à coisa se constitua em posse, que ao elemento físico, corpus, venha
juntar-se a vontade de proceder à coisa como procede ao proprietário, affectio tenendi,
mais a intenção de tê-la como dono, animus domini[6].
A teoria objetiva sustenta que é necessário para a posse apenas o corpus e o animus
tenendi, ou seja, a vontade de possuir. Assim, para ser possuidor, prescindível é a
caracterização do animus domini[7]. Nessa concepção, a distinção entre corpus e
animus é irrelevante, pois a noção de animus já se encontra na de corpus, sendo a
maneira como o proprietário age em face da coisa que é possuído.
A posse pode ser mantida ou restituída através de ação própria, mas outrora se usavam
para tanto os interditos possessórios, institutos que deram origem as atuais ações
possessórias.
5. DA PROPRIEDADE
Sucintamente, propriedade pode ser conceituada como sendo o pleno poder sobre a
coisa, plena in re potestas. Tal conceito decorre de somente a propriedade poder
apresentar todos os direitos sobre a coisa, ou seja, o de ser possuidor, jus possidendi,
usar, jus utendi, fruir, jus fruendi, e, exclusivamente, modificá-la, reformá-la, vendê-la,
jus abutendi. 
No prisma de Iglesias (1990), a propriedade é um direito real, absoluto, exclusivo,
oponível e irrevogável, salvo nos casos lícitos de limitação, uma vez que recai sobre
uma coisa. A propriedade é assim o mais amplo poder que um sujeito pode exercer
sobre a coisa, a mais perfeita relação de subordinação de um bem a um particular. Tem,
desta forma, ampla proteção jurídica, como o direito de reavê-la de quem injustamente a
possua ou detenha. Pode exercer todos os direitos sobre a coisa, dentro de certas
limitações.
O direito romano, apesar de defender o caráter absoluto do direito de propriedade já
trazia algumas destas limitações, aumentadas com o tempo em função do caráter social
que deve ter a propriedade. Essas eram divididas por Iglesias “em relaciones de
vecindad e limitaciones de Derecho Público”, segundo o fator que as dá origem[8].
Entre as primeiras temos a limitação de altura de edifícios e, nas públicas, podemos
falar da tolerância da navegação em seus rios pelos proprietários.
Hoje, nossa carta magna consagra a função social da propriedade como um de seus
preceitos básicos, o que legitima, dentre outras possibilidades, a desapropriação de áreas
rurais improdutivas para fins de reforma agrária, etc.
6. DA FALÊNCIA
No Direito Romano, a obrigação era essencialmente pessoal, isto é, na falta de
cumprimento, o devedor respondia com o seu próprio corpo e não com o patrimônio.
Não se exigia a intervenção do Estado, pois todo problema era resolvido pelas próprias
mãos dos credores. A fase mais primitiva do direito romano foi o direito quiritário,
época essa, que a pessoa do devedor era adjudicada ao credor e reduzida a cárcere
privado. O direito quiritário (período mais primitivo do direito romano) admitia a
adjudicação do devedor insolvente que, por sessenta dias, permanecia em estado de
servidão para com o credor. Não solvido o débito, podia vendê-lo como escravo no
estrangeiro e até mesmo matá-lo[9].
A partir da Lei dasXII Tábuas se delinearam a execução singular e a execução coletiva,
sendo essa fase de grande contribuição do direito romano a este instituto. No ano de 428
ou 441 a.c surgiu a Lex Poetelia Papiria, onde os bens do devedor e não mais o seu
corpo passa a constituir garantia dos credores. 
Depois, no ano de 149 a.c, surgiu a Lex Aebutia, que fez substituir o processo das legis
actiones, pelo processo formular, atribuindo ao pretor a possibilidade de redigir uma
“formula”, espécie de programa de averiguação dos fatos e de sua valorização, a fim de
serem julgados pelo juiz. Á vista da bonorum sectio, instituiu a missio in bona ou
missio possessionem, que consistia no desapossamento dos bens do devedor, a pedido
do credor e por ordem do magistrado. Perdia, então o devedor a administração de seus
bens, que passavam ao curador, nomeado pelo magistrado. O credor dava, então,
publicidade a missio, bonorum proscriptio, para que os outros credores pudessem vir a
concorrer, dentro de trinta dias[10]. 
Se passado esse prazo, o devedor não solvesse seus compromissos, o curador alienava,
bonorum venditio, ao melhor ofertante, bonorum emptor, o patrimônio do devedor e que
o sucedia a título universal e respondendo, consequentemente, pelas obrigações
assumidas pelo devedor, pagando proporcionalmente caso o ativo fosse insuficiente para
a satisfação completa de todos e obedecendo a mais perfeita igualdade. Se o devedor
preferisse, podia usar da cessio bonorum, isto é, fazer cessão de seus bens ao credor que
podia vendê-los separadamente por intermédio do curador, bonorum distractio, a fim de
pagar, em rateio aos demais credores.
7. DO CASAMENTO
“As núpcias são a união do homem e da mulher, o consórcio de toda a vida, a
comunicação do direito divino e humano”. Nessa concepção, de caráter muito mais
social do que jurídico, há três termos que se completam: união, consórcio e
comunicação. Dessa forma, estão presentes alguns princípios importantes: o casamento
monogâmico, indissolúvel e uma implicação entre as exigências do direito humano e do
direito divino[11].
No Direito Romano, apresentam-se dois tipos de casamento: Cum Manu e Sine Manu.
No casamento Cum Manu, a mulher estava sujeita a forte autoridade do marido, sendo
considerada sua propriedade; a mulher renunciava a seus costumes, crenças e
patrimônio para incorporar-se a família do marido, abraçando as crenças e costumes
dele; a mulher desligava-se da Patria Potestas, passando ao poder do marido, Pater
Famílias.
Com o passar do tempo, em consequência de uma nova visão da vida, que gerou uma
nova concepção do instituto do casamento, a autoridade forte do marido passou a ser
cada vez menos aceita e o casamento Cum Manu cedeu lugar ao casamento Sine Manu.
Nesse novo tipo de casamento, a autonomia da mulher passou a ser preservada tanto no
aspecto patrimonial, como no de suas crenças e costumes.
8. DO DIVÓRCIO
No Direito Romano, o instituto do divórcio, Divortium, acontecia mediante o
consentimento recíproco; em caso contrário, havia o, Repudium, para os casos graves
como adultério. No casamento Cum Manu, só o marido podia repudiar, a mulher não
tinha igual direito; no casamento Sine Manu, o repúdio podia ser exercido tanto pelo
homem como pela mulher.
Durante toda a história de Roma, cerca de XIII séculos, sempre o divórcio foi
plenamente permitido e praticado, como já o tinha sido pelos outros povos da
antiguidade. Foi só na Idade Média, com o advento do Cristianismo e o domínio total da
Igreja, que o casamento foi estabelecido como sacramento e as ações de divórcio
passaram a ser dificultadas.
O casamento moderno, em geral, surge de ato consensual rigidamente solene, celebrado
diante de autoridade competente, e só se dissolve pela morte ou pelo divórcio em países
que o admitem. No Brasil, só a partir de 1975 passou a existir o divórcio. Assim, a
sociedade matrimonial não pode dissolver-se, sem mais, pela simples vontade de um
dos cônjuges, daí falar-se em vínculo conjugal.
No Direito Romano, segundo nos ensina Cretella Jr (1988), para que surgisse o
casamento, bastava á vontade inicial dos membros sem quaisquer formalidades
jurídicas, somente a partir do período pós-clássico passou a existir certo formalismo e o
matrimônio só durava até que um dos cônjuges decidisse rompê-lo, a qualquer tempo,
sem formalidades e independente da existência de motivos previstos em lei[12].
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destarte, após realizar ampla pesquisa bibliográfica acerca dos principais institutos
romanos, conclui-se que muitos estudiosos e pesquisadores jurídicos afirmam que o
Direito Romano é um laboratório para a descoberta de novas formas de leis e normas.
Tendo em vista à complexidade e a elevada quantidade dos institutos originários do
Direito Romano, objetivou-se discorrer de forma sucinta sobre alguns dos principais. Na
explanação supra descrita, percebe-se a magna importância do Direito Romano, o qual
deu origem a institutos que influenciaram as normas jurídicas da grande parte dos países
ocidentais e que deixa um legado profundo para toda a humanidade.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes