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UM ENGENHO E SEU POTENCIAL PARA PRÁTICAS EDUCATIVAS EM ARQUEOLOGIA

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UM ENGENHO E SEU POTENCIAL PARA PRÁTICAS EDUCATIVAS
EM ARQUEOLOGIA
 Leonardo Lopes Villaça Klink
Graduando em História (UEMG)
Pesquisador em Arqueologia Brasileira
Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Campanha
 E-mail: leonardoklink@gmail.com
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo analisar e dissertar sobre as características
arquitetônicas, arqueológicas e materiais, presentes no Monumento Nacional Ruínas
Engenho São Jorge dos Erasmos, localizado na cidade paulista de Santos. Erguido durante
o século XVI, entre 1534 e 1535; é conhecido por ser uma das primeiras intervenções
europeias no litoral santista, além de um dos primeiros engenhos da indústria açucareira no
Brasil a utilizar mão de obra indígena, tanto para os trabalhos impostos, quanto na
construção do próprio monumento. A área é composta também por ruínas de uma capela,
um paiol (local usado para guardar armamentos e joias dos donatários) e um cemitério
indígena, o qual apresenta vestígios de rituais funerários pagãos e cristãos. O último
proprietário desse bem quinhentista o doou à Universidade de São Paulo (USP) já ao final
do século XX, permanecendo até os dias de hoje aos cuidados da instituição. Por mais
conhecida que seja a presença indígena escrava no Engenho, quem muitas vezes leva o
reconhecimento sobre eles e seus feitos, são os colonizadores; pela introdução dos ideais
civilizatórios e da manufatura canavieira como marco mercantilista no Brasil. A narrativa Tupi
surge com as cerâmicas e ossadas encontradas ao lado das ruínas e com evidências de
que o local do atual sítio arqueológico já era habitado pelos índios antes da chegada dos
homens brancos, indicando a ótima percepção territorial e senso de localização que os
nativos possuíam.
Palavras-chave: Arqueologia Histórica. Engenho São Jorge dos Erasmos. Patrimônio
Cultural. Sítio Arqueológico. 
AN ENGINE AND ITS POTENTIAL FOR EDUCATIONAL PRACTICES
IN ARCHEOLOGY 
ABSTRACT
The present article has as objective to analyze and to discuss about the architectural,
archaeological and material characteristics, situated in the National Monument Ruínas
Engenho São Jorge dos Erasmos, located in the city of Santos. Built during the sixteenth
century, between 1534 and 1535; is known to be one of the first European interventions in
the coast of Santos, as well as one of the first engines of the sugar industry in Brazil to use
indigenous labor, both for the works imposed, and in the construction of the monument itself.
The area is also made up of ruins of a chapel, a granary (a place used to store arms and
jewels of the donatarios), and an Indian cemetery with vestiges of pagan and Christian
funerary rituals. The last owner of this sixteenth century patrimony donated it to the
Universidade de São Paulo (USP) at the end of the 20th century, and remains to this day to
the care of the institution. No matter how well known the indigenous slave presence in
Ruínas do Engenho, who often carries the recognition about them and their deeds, are the
settlers; by the introduction of civilizational ideals and of the sugar cane manufacturing as a
mercantilist framework in Brazil. The Tupi narrative appears with the ceramics and bones
found next to the ruins and with evidence that the site of the present archaeological site was
already inhabited by the Indians before the arrival of the white men, indicating the great
territorial perception and sense of location that the natives had.
Keywords: Historical Archeology. Engenho São Jorge dos Erasmos. Cultural Heritage.
Archaeological Site. 
1. INTRODUÇÃO 
Para um olhar mais amplo e crítico na história incrustada no Engenho ao
longo dos séculos: XVI ao XXI, decidi fragmentar esse estudo com o intuito de
abordar as diversas formas de dissertação sobre um bem nacional como esse.
Partindo da expedição responsável do capitão-mor responsável pela
criação/formação da primeira vila brasileira – e da América – conhecida pelos índios
como ilha de Gohayó; passando pelo período de auge e declínio da cana-de-açúcar
no empreendimento, sua descoberta após algumas décadas de abandono e enfim
conversão a patrimônio nacional e centro de pesquisas. 
Com algumas visitas no sítio arqueológico foi possível pesquisar no acervo
que constitui suas instalações, e obter informações entrando em contato com o
próprio ambiente; além de utilizar fontes arquitetônicas, escritas, testemunhos orais
– tanto dos próprios estagiários e responsáveis pelo local de pesquisa quanto
através de entrevistas disponíveis na internet – e arqueológicas.
Vale ressaltar a importância do patrimônio não só para os habitantes da
cidade paulista citada, mas também para a comunidade acadêmica que muitas
vezes é deslocada de suas regiões por um interesse próprio – assim como ocorreu
comigo – para um melhor e mais prático estudo do complexo educacional “Engenho
São Jorge dos Erasmos”. Ao decorrer do artigo não só situo o monumento ao longo
do tempo abordando seu histórico; mais além, às práticas que incentivam e
introduzem jovens e estudantes à área arqueológica, demonstrando a riqueza
nacional no quesito cultural e arqueológico; ciência a qual possui diversos debates
de conflitos com outras disciplinas e mistificações acerca das metodologias
utilizadas.
Acredita-se que as pesquisas arqueológicas devam ser orientadas
pelos registros materiais, porém balizadas pelos conhecimentos
históricos que possuímos, além do constante diálogo com outras
disciplinas, para que o conhecimento arqueológico não se isole.
Assim, “a leitura da informação disponível se fará de acordo com os
interesses próprios do investigador e a relevância dos dados estará
determinada pelo marco teórico ao qual se inscreve” (SENATORE &
ZARANKIN, 1996, p.118). 
Há dois possíveis pontos de vista/narrativas a serem abordados. De um lado,
a Arqueologia tratada como pré-histórica, desenvolvida através dos artefatos líticos e
registros indígenas no local englobando o período sem a escrita; do outro, a
Arqueologia Histórica já com a chegada portuguesa e da mentalidade religiosa e
civilizatória dominadora. Com essa premissa, coube a mim interligar a educação ao
patrimonial, às falas do opressor e oprimido.
2. MARTIM E A TERRA DAS PALMEIRAS
Martim Afonso de Sousa, foi o navegador a quem coube a tarefa de criação e
ampliação empreendedora da Vila de S. Vicente, além de responsável pela
introdução da monocultura açucareira nas terras do Novo Mundo; a mando do Rei
luso, D. João III. Partiu para a futura capitania no dia 3 de Dezembro de 1530, em
uma missão com o intuito de proteger o litoral de estrangeiros, fundar vilas,
responsabilizar as sesmarias aos colonos, criar engenhos e implantar a produção e
exportação do açúcar.
Junto de Martim seguiu-se uma armada de cinco caravelas com
aproximadamente 400 tripulantes, junto de utensílios agrícolas e animais
domesticados a serem utilizados em terra. A expedição foi repleta de marcos para a
história brasileira. Primeira vez em que ocorre: fundação de vilas (nas Américas), as
bandeiras e a construção de um engenho hidráulico em que há atividade açucareira
junto de trabalho escravo.
[…] e chegado á altura do Cabo de S. Agostinho, onde foram
aprisionadas tres náos francezas, entrou em Pernambuco com a sua
esquadra, já de oito navios. Daqui enviou João de Souza a Portugal
em uma das náos aprezadas dar parte do acontecido; fez queimar
outra, e mandou Diogo Leite com duas caravelas a explorar o rio de
Maranhão e tomar delle inteira posse. Proseguindo ao sul com as
náos restanteschegou á Bahia de todos os Santos, e encontrando a
caravela Santa Maria-do-Cabo, persuadido que lhe era necessaria a
tomou e levou na armada, que já constava outra vez de cinco velas.
(SOUSA, 1839, p.7-8).
Após meses de viagem e conflitos com estrangeiros em alto-mar, os
portugueses desembarcam na região litorânea planejada em 21 de Janeiro de 1532.
Com o apoio de José Ramalho, cria-se no mesmo ano as vilas de Piratininga e S.
Vicente.
O primeiro contato com os indígenas foi mediado pelos portugueses que
haviam chegado e permanecido no Brasil muitos anos antes, facilitando e agilizando
o processo de escravização dos primeiros habitantes, já que a introdução africana
ocorreu somente tempos depois; enquanto isso, o trabalho árduo ficou à custa dos
índios.
Na conclusão de sua obra, Monteiro (1995, p.55) enfatiza que o maçante
trabalho indígena nos canaviais e engenhos, além das doenças trazidas da Europa
ao Brasil, provocaram mais que uma intervenção de culturas na região; mas também
o principal motivo da redução gradual nativa já no primeiro século de colonização.
Os que sobreviviam por sua vez ainda ficavam a mercê do controle de estrangeiros
e jesuítas.
3. A ESTRUTURA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Mais que um símbolo da introdução capitalista – mercantilista – no Brasil, o
patrimônio em questão também assume a forma arquitetônica de um forte medieval
em uma área estratégica, já que precisaria ser reforçado contra invasões de piratas
e outros saqueadores. Construído com trabalho indígena forçado, está presente em
sua estrutura, entre os blocos de pedras, o sambaqui; formações compostas por
conchas e por objetos descartáveis dos indígenas, existentes principalmente na
costa brasileira. Essa presença da cultura material nativa em sua infraestrutura
evidencia que as atividades – construção, produção e comércio – já haviam sido
designadas aos Tupis muito antes da chegada do Capitão-mor Martim Afonso.
Com seu total abandono ao final do século XVII – tendo produzido açúcar,
aguardente, melaço e rapadura em seu período de funcionamento –, o engenho
sofreu diversas intervenções humanas e danificações naturais através do tempo,
tornando-se “perdido” em meio à mata Atlântica. Houve uma tentativa de venda
dessa ferramenta canavieira do Novo Mundo pelos descendentes do ex dono
Erasmus Schetz e fora incendiado em 1615, a mando do almirante Jon Van
Spilbergen – que combateu as forças portuguesas em São Vicente –, em sua
passagem pela costa brasileira.
Quando descoberto já não havia mais maquinário e ferramentas necessárias
para as formas de trabalho exercidas ali, iniciando assim o processo de análise e
suposição arqueológica acerca da estrutura junto à natureza, estudos antropológicos
sobre quem vivenciou seu auge e declínio além de seu funcionamento.
Como cultura material, foram objetos de estudos: formas de pão de açúcar
encontradas entre os escombros e cinzas, ossadas enterradas com distintos
vestígios funerários além das próprias ruínas estabelecendo entre seus blocos um
dialogo identitário em espera que deveria ser recuperado. Sua instalação naquele
local se deve pela suposta habitação Tupi que já haveria ali antes da chegada dos
europeus, notada pela paisagem propícia para tal vivência ao olhar indígena e por
seus ritos funerários não manifestar os pés virados em direção a Jerusalém e nem
as mãos cruzadas sobre o peitoral.
 Próximo da água, o trabalho era facilitado pelo Rio São Jorge, o qual servia
como condução de produtos e objetos para o porto e pelo uso da água corrente no
movimento do moinho hidráulico no processo da moenda, onde foram feitos canais
para a chegada da água até a roda d’água. Para as etapas da obtenção do melaço,
matérias-primas precisariam ser extraídas da natureza. A paisagem verde e a mata
primária ao redor sofreram mudanças bruscas com a extração de madeira para o
uso da lenha, nas manutenções do engenho e com o plantio de cana; as pedras
encontradas tornaram-se blocos quadrados para o esqueleto e base da estrutura; e
a terra como argila transfigurou-se em telhas e nas formas de pão encontradas
séculos depois.
O paiol assentado no monumento ainda guarda diversos mistérios, poderia
ser utilizado para o armazenamento de armas – tendo o engenho em mente como
um forte – ou para estocar a cana antes de ir para a moenda.
Um último componente importante para as suposições estruturais acerca do
bem Vicentino são as ruínas da ermida dos Erasmos. A capela foi o símbolo da
presença religiosa naquele território; distante da Vila, era o local mais próximo para
cultos familiares. Mais que um ponto de encontro para orações, foi utilizada também
para importantes reuniões e decisões regionais.
Em 1585 […] aconteceu uma importante reunião na Ermida de São
Jorge dos Erasmos, quando ali se decidiu iniciar uma guerra […] A
escolha do local não teria sido casual, por improviso. Tais reuniões
aconteciam nos locais frequentes para se tratar dos assuntos oficiais
que envolviam a justiça colonial para decisões importantes, de
acordo com a interpretação que se faziam das leis. (CORDEIRO,
2007, p.66).
Se torna viável então compreender que decisões/reuniões burocráticas
ocorriam na Ermida para aproximar os feitos ao divino, como uma forma de benção
para que tudo ocorra bem. 
4. A ARQUEOLOGIA E SEU DEVER EDUCACIONAL COM A SOCIEDADE
De nada serve um bem cultural tombado como patrimônio nacional se o
mesmo não serve educacionalmente à comunidade que o circunda. Com isso, vem a
responsabilidade de disciplinas como a História e Arqueologia para integrar o
passado em forma de patrimônios materiais e imateriais às novas gerações; e
exaltar o discurso de museus e locais com narrativas históricas como não
obrigatoriamente sendo ambientes frequentados por acadêmicos e/ou eruditos, mas
sim como ambientes onde deve haver contatos diretos e troca de informações entre
a comunidade – com sua herança cultural – e acervos.
A educação com base no patrimônio pode estar diretamente ligado ao:
totalmente superficial quanto aos acontecimentos sobre dominador e dominado
naquele território étnico, adorando aos monumentos como graças do “civilizatório”,
ou ligado à memória, resistência e/ou empoderamento de uma certa etnia;
menosprezada através dos séculos, “aguardando” o pesquisador recuperá-la e
expô-la ao seu público.
Entre as diversas ramificações vindas da área arqueológica está a
Arqueologia Pública, uma das extensões da disciplina que abrange o contato entre o
público e os bens. A problemática se dá já com o próprio afastamento do público às
demais divisões; como por exemplo à Arqueologia pré-histórica, histórica, clássica e
medieval. Entre as funções do arqueólogo como educador, está o dever de
aproximar os feitos humanos do passado ao interesse presente. A arqueologia deve
caminhar com o público, e não somente ser para o mesmo; o qual coloca o
profissional como um selecionador e separador de fatos que devem ser repassados
às comunidades levando em conta o que precisam ou não saber. Recapitulando,
todos carregam histórias a serem contadas, de diferentes pontos de vista ao do
arqueólogo, com isso surge a importância do caminhar entre educador e sociedade;
o historiador como mediador de diálogos entre a história do passado já tratada nos
ambientes acadêmicos e os relatos do presente vindos pela hereditariedade de
fontes orais da população. 
5. ARQUEOLOGIA E EDUCAÇÃO ATRAVÉS DO MONUMENTO DOS ERASMOS
Mais que um sítio arqueológico, forte e parque; as ruínas do Monumento
Nacional EngenhoSão Jorge dos Erasmos são o ponto chave para uma discussão
educacional a partir de um patrimônio material. Com mais de 10.000 visitantes por
ano, esse monumento é de grande importância para a compreensão do Brasil –
dentro de um aspecto antropológico, econômico, religioso, etc. – tendo como partida
o período colonial.
Com todos os recursos disponíveis em um só lugar, o ensino arqueológico
pode dividir-se em pré-colonial e histórico. Muito mais além, é possível utilizar a
cultural material, como por exemplo as formas de pão de açúcar para entender as
atividades mercantilistas desenvolvidas ali; assim como incentivar a prática do
pensamento crítico e questionador aos visitantes acerca da paisagem e meio
ambiente com a seguinte frase: quais aspectos da paisagem e do monumento soam
como anacrônicos ? Ou seja, de períodos que não se encaixam ao passado e vice-
versa.
Além da visita técnica e monitorada permitida a todos durante a semana, há
visitação de escolas em eventos que aproximam crianças às teorias e práticas
arqueológicas. Durante esses eventos, os alunos aprendem sobre o histórico do que
os cerca – com o auxílio da História – e a parte prática simulando escavações – já
com a presença da Arqueologia –, os quais desenterram cópias de artefatos líticos e
pedaços de louças em caixas de madeiras com terra, simulando os quadrículos,
linhas divididas em horizontais e verticais em m² utilizadas por profissionais em sítios
arqueológicos para analisar, documentar e desenterrar a cultura material além de
analisar por vez para entender o contexto total da área.
Assim como já citado, é de grande importância para a comunidade se
entender com uma extensão do que houve nesse território étnico em que o
Monumento Nacional do Engenho se situa. Se as cidades de Santos e São Vicente
ainda prosperam, deve-se aos ocorridos quinhentistas; já que a economia açucareira
moveu as vilas até se tornarem grandes cidades. Com isso veio, a proposta de uma
equipe do mestrado no MAE USP (Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo) em aproximar a população das ruínas através do
audiovisual e provocá-las a respeito da história ainda viva que o patrimônio histórico
resguarda, além de orientá-las sobre os cuidados necessários ao lidar com
monumentos tombados.
Intitulada “Oficina de Vídeo no Engenho dos Erasmos”, envolveu alunos de
escolas em Santos e visa:
[…] promover a redescoberta das ruínas através da educação do
olhar, permitindo que se ultrapasse o tom contemplativo e o
reconhecimento do monumento apenas enquanto vestígio de um
passado remoto; indo além, busca-se através da oficina com esses
jovens o despertar de um olhar curioso e crítico, que desvende as
narrativas por trás do objeto arquitetônico, possibilitando uma
amplitude de compreensões e questionamentos acerca da história do
lugar onde moram. (CORDEIRO et COSTA, 2001).
Outra atividade educativa foi o Programa Educacional Vou Volto, o qual focou
em escolas públicas iniciada em 2004. Junto de educadores das cidades de São
Vicente e Santos, foi proposto através de reuniões como deveria ser a aproximação
entre a comunidade e o monumento, uma forma mais prática – assim como a Oficina
de Vídeo – e além de simplesmente contar a história como um recurso escolarizado.
(CAMPOS, 2014, p.90).
6. CONCLUSÃO
A Universidade de São Paulo junto a equipe responsável pelo Monumento
Nacional Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos estão de parabéns quanto aos
cuidados patrimoniais e educacionais desenvolvidos lá. 
Assim como esse patrimônio material, há diversos outros espalhados pelo
Brasil que demonstram a riqueza da cultura brasileira, que unida dos mais didáticos
e práticos métodos de ensino, conseguiriam introduzir e unir o público ao histórico
sem os pré conceitos acerca dos centros históricos ou museus serem destinados
primeiramente aos mais cultos; em qualquer região do país.
As práticas educativas não foram finalizadas, a cada ano mais e mais
pessoas são apresentadas à historiografia colonial açucareira do estado de São
Paulo pelo Engenho, e com isso, minha pesquisa continua; embarcando os mais
diversos sítios arqueológicos brasileiros unindo-os ao “como educar a partir deles?”.
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Adriana Negreiros. Arqueologia e Educação: as ruínas Engenho São Jorge dos
Erasmos como fio condutor de práticas educacionais. 2014. Dissertação (Mestrado em
Arqueologia) - Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2014. doi:10.11606/D.71.2014.tde-23102014-164854. Acesso em: 2018-04-08.
______. (Autor); RAMOS, Sandra R. Pereira (Co-autor). Educação Patrimonial e
Arqueologia: uma experiência no Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos
Erasmos. In: II CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, Santos. Prefeitura Municipal de
Santos, Secretaria de Educação.
CORDEIRO, Silvio Luiz. A paisagem Histórica do Engenho São Jorge dos Eramos: o
vídeo como instrumento educativo na arqueologia quinhentista. 2007. 129 f. Dissertação
(Mestrado em Arqueologia) – Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Universidade
de São Paulo, São Paulo.
______. Os Flamengos na Ilha de São Vicente: a montagem do discurso histórico em
torno de um monumento quinhentista. In FOGOLARI, E. et FUNARI, P.P. (orgs.) - Estudos
de Arqueologia Histórica. 2005. 
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