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Contrato de doação

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Contrato de doação
INTRODUÇÃO
Este artigo visa falar do contrato de doação, que é um contrato nominado, pois tem suas regras reguladas e estabelecidas pelo Código Civil.
A doação em si é muito conhecida, mas o contrato de doação com suas peculiaridades e requisitos não. Requisitos esses, que precisam ser respeitados para que a doação seja perfeitamente efetivada. O principal requisito é o animus donandi do doador, ou seja a intenção de doar o bem, o objeto do contrato.
Para a configuração da doação é necessário que haja o doador, que entrega o bem imóvel ou móvel e o donatário que deve aceitar o bem para a conclusão da doação.
Não é qualquer pessoa que pode fazer a doação, é preciso ser absolutamente capaz.
Essas características, requisitos assim como a estrutura do contrato de doação serão estudados mais profundamente a seguir.
Conceito e elementos característicos.
Art. 12, CC: Considera-se doação contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Carlos Lassarte definiu a doação como a transmissão voluntária de uma coisa ou de um conjunto delas, que faz uma pessoa, doador, em favor de outra, donatário sem recebera nada como contraprestação.
O contrato de doação possui características bastante específicas como:
A natureza contratual;
O animus donandi;
A transferência de bens para o patrimônio do donatário;
a aceitação do donatário
A natureza contratual da doação refere-se ao fato de o Código Civil ter a considerado como um contrato, devido ao fato de ser necessária a sua forma
duas partes, o doador e o donatário. Esta concepção contratual predomina na doutrina moderna.
O animus donandi (ânimo do doador de fazer uma liberalidade), essencial no contrato de doação é a intenção de doar, é a ação desinteressada de dar a outrem sem estar obrigado. De acordo com Silvio de Salvo Venosa a doação exige gratuidade na obrigação de transferir um bem, sem recompensa patrimonial.
De acordo com Caio Mário da Silva Pereira, há situações em que o contrato se acha nitidamente desenhado, com o acordo declarado do doador e do donatário; mas outras há em que a participação volitiva do donatário é menos ostensiva e tem levado a um desvio de perspectiva.
“A motivação doa ato jurídico de doação é irrelevante para o direito. Sempre haverá um interesse remoto no ato de liberalidade cujo exame, na maioria das vezes, é despiciendo ao plano jurídico.”(VENOSA, p. 103)
A transferência do bem ao donatário é necessária e ó o elemento objeto da doação. A vantagem deve ser patrimonial e deve haver aumento de um patrimônio a custa de outro.
Finalmente a aceitação é indispensável para o aperfeiçoamento da doação e pode ser expressa, tácita presumida.
A aceitação será expressa quando manifestada de forma verbal, escrita ou gestual; será tácita quando resultar de comportamento do donatário no qual se admita concordância no recebimento da coisa doada.
Caio Mário afirma que se determinada pessoa, ao receber a coisa passa a utilizá-la, tacitamente aceitou a liberalidade.
A presunção da doação decorre da lei, quando:
quando o doador fixa prazo ao donatário pra declarar se aceita, ou não a liberalidade
Art. 539, CC: O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
quando a doação é feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, e o casamento se realiza. A celebração gera presunção de aceitação, não podendo ser arguida a sua falta.
Art. 546, CC: A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos, que, e de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Estrutura
A doação é um contra, em regra, gratuito, unilateral e formal.
É gratuito porque constitui uma liberalidade, não sendo imposto qualquer ônus ou encargo ao beneficiário. Será, no entanto, oneroso, se houver tal imposição.
Unilateral, porque cria obrigação para somente uma das partes. Contudo será bilateral, quando modal ou de encargo. Formal, porque se aperfeiçoa com o acordo de vontades entre o doador e o donatário e a observância da forma escrita, independentemente da entrega da coisa (de bens móveis de pequeno valor) é de natureza real, porque o seu aperfeiçoamento da tradição destes.(GONÇALVES, p. 257)
Requisitos
Requisito Subjetivo: Capacidade.
A capacidade do doador será como regra, a mesma dos atos da vida civil, pois os incapazes não têm como reconhecer o animus donandi. Os contraentes podem apresentar capacidade ativa ou passiva.
A capacidade ativa é a capacidade para doar e está sujeita a limitações:
a) Os absoluta ou relativamente incapazes não poderão, em regra, doar, nem mesmo por meio de representantes legais, pois as liberalidades não são feitas no interesse do representado. O representante não pode efetivar negócios aleatórios nem a título gratuito.
Art. 3º, CC: São absolutamente incapazes de exercer os atos da vida civi:
I- Os menores de deszesseis anos
II- os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos
III- os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade
Art. 1.749, CC: Ainda com autorização judicial não pode o tutor:
II-dispor dos bens do menor a título gratuito.
b) Os cônjuges, sem a devida autorização, exceto no regime de separação absoluta de bens, estão impedidos de fazer doações com os bens e rendimentos comuns, não sendo remuneratória, ou com os que possam integrar a futura menção.
c) O cônjuge adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice, sob pena de anulabilidadde.
Art. 550, CC: A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
d) Os consortes não poderão efetivar doação entre si se o regime matrimonial for o da comunhão universal de bens.
e) O falido não poderá fazer doações devido ao fato de não estar na administração de seus bens e porque essa doação lesaria seus credores; poderá ser anulada por maio de ação pauliana.
f) Os ascendentes poderão fazer doações, a seus filhos, que importarão em adiantamento da legítima, devendo ser conferidas no inventário do doador através de colação.
Art. 544, CC: A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
g) Doação pelo devedor já insolvente: é vedada a doação por parte do devedor já insolvente com o objetivo de proteger os credores do doador.
A capacidade passiva é a capacidade necessária para receber a doação. Quando se trata de doação pura e simples não há nada que impeça o incapaz de receber a doação, pois o Código Civil diz o seguinte: “Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.” Art. 543
Art. 542, CC: A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Requisito Objetivo: O objeto da doação
Para que a doação seja válida, seu objeto precisa estar in commercio, ou seja, precisa ser comercializável como bens móveis, bens imóveis, corpóreos ou incorpóreos, presentes ou futuros, direitos reias, vantagens patrimoniais de qualquer espécie.(DINIZ, p. 58)
Espécies
Existem várias espécies de doação, são elas:
Doação Pura e simples: é feita por mera liberalidade, a liberalidade resplende em sua plenitude, se4m condição presente ou fututra, sem encargo, sem termo e sem quaisquer restrições ou modificações para a sua constituiçãoou execução. Nesta espécie não há imposição de limitações ao donatário.
A doação comtemplativa ou meritória é umasubespécie da doação pura e simples. Nela o doador manifesta claramente o porquê de sua liberalidade. É feita em contemplação do merecimento do donatário.
Art. 540, CC: “A doação feita em comtemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade. Desde que o donatário...”
Doação modal, com encargo ou onerosa: é a doação em que o doador impõe ao donatário uma imcumbência em seu benefício, em proveito de terceiro ou do interesse geral. O encargo consistirá em uma prestação imposta pelo doador ao donatário.
Art. 553, CC: O donatário é obrigado a cumprir pos encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro ou do interesse geral.
Art. 562, CC: A doação onerosa, pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
Doação remuneratória: é aquela que se faz m recompensa a serviços prestados ao doador pelo donatário. Mesmo que estes serviços sejam estimados pecuniariamente não se considera a prestação exigível e o donatário não se torna credor. Venosa dá o exemplo de doação feita a quem salvou a vida do doador.
Doação condicional: Nesse tipo de doação os efeitos são configurados a partir de determinado momento, ou seja, esta doação depende de acontecimento futuro e incerto.(DINIZ, p.67).
Doação a termo: Verifica-se quando há termo final ou inicial.
Doação conjuntiva: É a doação comum feita a vários donatários, a não ser que esteja estipulado o contrário no contrato.
Doação Mista: É a que procura beneficiar por meio de um contrato de caráter oneroso. Decorre da inserção de liberalidade em alguma modalidade diversa de contrato. Embora haja a intenção de doar, há também um preço, um valor fixado, que caracteriza a venda.
Doação feita ao nascituro: o nascituro pode ser contemplado com doações, mas a aceitação será manifestada pelos pais ou por seu curador, no caso de falecimento dos pais, com autorização judicial.
O contrato somente se torna totalmente válido se o nascituro nascer com vida.
Doação em forma de subvenção periódica: trata-se de uma pensão. Como favor pessoal ao donatário, cujo pagamento termina com a morte do doador, não se transferindo a obrigação a seus herdeiros, salvo, se ao contrário houver, ele próprio estipulado.
Em vez de entregar a este um objeto, o doador assume a obrigação de ajudá-lo mediante auxílio pecuniário, sob a forma de rendas, dividendos, ou alimentos periodicamente, com intuito de liberalidade.
A periodicidade é definida pelo doador, sendo comuns a mensal e a anual, como ocorre nas contribuições a entidades sem fins lucrativos.
Além de proclamara admissibilidade desse tipo de doação, o artigo 545 tema finalidade de estabelecer o limite temporal da obrigação, que é a vida do doador.
Sua morte gera a extinção da obrigação, salvo se ele próprio outra coisa houver estipulado. Neste caso, os herdeiros só serão obrigados dentro das forças da herança, não podendo porém a obrigação “ultrapassar a vida do donatário”.
Este outro limite temporal constitui inovação introduzida pelo Código Civil de 2002.( GONÇALVES, p.265)
Art. 545, CC: A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
Forma
A doação em geral, é formal ou solene, a lei impõe a forma escrita por instrumento público ou particular, a não ser que se trate de bens móveis e de pequeno valor, que podem ser doados de maneira verbal.
Art , 541, CC: A doação farse-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único: A doação verbal será válida, se versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
O instrumento público será essencial, quando o bem for imóvel com valor acima do mínimo fixado.
Art. 108, CC: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país.
Efeitos e faculdades
Pelo contrato de doação, o outorgante compromete-se a entregar o bem. Sua principal obrigação é, portanto, fazer a entrega da coisa doada, pela tradição no tocante aos móveis e pela escritura pública, no caso de imóveis, auxiliando o donatário no que couber no tocante a respectiva transcrição (LOPES).
O doador, tanto na doação propriamente dita, como na promessa de doação, não responde pelo defeito de direito, salvo referência expressa.
Não está, portanto, sujeito a evicção (art. 552), ou aos vícios redibitórios (art. 441), salvo nas doações remuneratória\s ou modais, ou quando tiver expressamente assumido tais garantias. No mesmo princípio o doador não está sujeito a juros de mora, porque não é razoável impor estes gravames a quem pratica uma liberalidade.
No entanto, se demandado para entregar a coisa, responde pelos juros de mora, decorrentes da ação judicial, pois a exceção do artigo refere-se apenas ao direito material.
O donatário, entretanto, não se vincula efetivamente a prestação alguma, pois o contrato é de índole unilateral. A posição de encargo, como vimos, não desnatura o princípio geral.
No entanto o donatário que não cumpre o encargo incorre em mora. Sua obrigação uma vez aceito o benefício, é receber a coisa doada.(VENOSA, p.112)
Art. 441, CC: A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminua o valor.
Parágrafo único: É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Art. 552, CC: O devedor não é obrigado a pagar jus, moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito a evicção, salvo convenção em contrato. O estudo dos efeitos da doação tem de realizar-se em consideração ao contratos, pura e simplesmente, como, ainda, a aspectos peculiares e condições modificativas.(PEREIRA, p. 218)
Há a consequência obrigatória do contrato. Não gera efeitos reais, o que é regra vigente em nosso direito.
Não opera por si só transferência de um domínio. Bastaria a menção deste para princípio parava fixação de sua primeira consequência: pelo nosso direito, a doação não transfere, por si só o domínio, é mister se lhe siga um fato revestido deste poder, que é a tradição real pra móveis ou inscrição para os imóveis.(PEREIRA, p. 218)
Caráter fundamental da doação é a irrevogabilidade, a qual é uma consequência imediata.
Feita a doação em comum a mais de uma pessoa, presume-se ter o doador entre elas distribuído em partes iguais a coisa doada, salvo se o contrário resultar do contrato.
Feita a doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado, constitui obrigação que o doador assume, mas extingue-se com sua morte, ou com a morte do donatário.
Os herdeiros do doador não são obrigados a mantê-la, salvo se o contrário se dispuser. Na falta de tal estipulação, considera-se nova doação da parte dos sucessores, se estes deliberarem manter a liberalidade.
O doador pode reservar, para si, o usufruto vitalício ou temporário da coisa doada. Se for universal a doação, não prevalecerá sem a reserva de renda. O usufruto poderá atingir a totalidade da coisa doada, ou somente uma parte dela.
O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se o donatário morrer anteriormente.
Art. 547, CC: O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver o donatário.
Em nenhuma hipótese é de se presumir a cláusula de reversão, que por constituir uma hipótese especial de doação condicional, há de constar de disposição expressa, salvo a hipótese de subvenção periódica (art. 545).A cláusula de reversão age como condição resolutiva, como maneira de desfazer os atos realizados pelo donatário, e restituição do bem doado, ainda que tenha havido alienação, porque é o efeito natural da propriedade resolúvel esta reversão.
Art. 1.359, CC: Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.
Sendo a doação uma liberalidade não seria de boa ética que a lei agravasse a situação do que a faz.( PEREIRA, p.220)
Em decorrência disto, não é sujeito o doador a juros moratórios que constituem modalidade imposta ao devedor em atraso com a obrigação, prestação, e não mostra gratidão da parte do donatário exigi-los.
Também não responde pelo vício redibitório ou evicção, a não ser que tenha assumido os riscos ou que a doação tenha sido efetivada para casamento com certa e determinada pessoa.
Não deixa de constituir liberalidade a doação remuneratória ou a doação modal, naquilo em que o valor da coisa doada exceder ao valor ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Se o donatário aceitar o encargo, assume a obrigação de dar-lhe cumprimento, seja ele estipulado a favor do próprio doador ou de terceiro. Se for de interesse geral, transfere-se ao órgão do Ministério Público, com a morte do doador, a legitimatio ad causam na sua qualidade de representante da sociedade.( PEREIRA, p.220)
O doador pode escolher se reclama o cumprimento e também tem o poder de promover a revogação da doação.
Invalidade/Restrições Legais
A lei impõe algumas limitações à faculdade de doar com o objetivo de preservar o interesse social, o interesse das partes e de terceiros.
a) Doação pelo devedor insolvente, ou por ela reduzido à insolvência, pode configurar fraude contra credores, podendo a sua validade ser impugnada por meio da ação pauliana. Esta limitação busca proteger os credores do doador.
b) Doação da parte Inoficiosa: Trata-se na nulidade da doação que excede o que determinada pessoa no momento da liberalidade poderia dispor em testamento.
Art. 549, CC: Nula é também, a doação quanto a parte que exceder a de que o doador, no momento da liberalidade, podia dispor em testamento.
c) Doação de todos os bens do doador: Também conhecida como doação universal, trata da doação de todos os bens do doador ao donatário. É vedada pois o doador fica sem nenhuma fonte de renda o subsistência.
Não haverá restrição se o donatário reservar alguma fonte de renda ou bens para si.
Art. 548, CC: É nula a doação de todos os bens de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
d) Doação do cônguge adúltero a seu cúmplice: Essa proibição tem o objetivo de proteger a família e repelir o adultério, que constitui afronta moral aos bons costumes.
Art. 550, CC: A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anois depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Também há no Código a proibição imposta ao testador casado de beneficiar seu concubino em seu testamento.
Art. 1.642, CC: Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
V- reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por cinco anos.
A doação não é nula, mas anulável, pois não pode ser decretada de ofício pelo juiz. A lei limita as pessoas que podem alegá-la: o cônjuge inocente e os herdeiros necessários.
Sujeito passivo de ação é o donatário, cúmplice do adultério, ou seus sucessores. A prioridade para o seu ajuizamento é do cônjuge enganado. Enquanto estiver vivo é o único legitimado, pois o adultério é ofensa cometida contra ele. Se não quiser propô-la, para não tornar público o fato constrangedor, ninguém poderá fazê-lo. Pode preferir esgotar o prazo de dois anos, que se conta a partir da dissolução da sociedade conjugal, sem o referido ajuizamento.
Resolução
A doação pode se resolver por fatos comuns a todos os negócios jurídicos. Todos os defeitos incidentes no contrato podem atingi-la.
Verifica-se que a doação pode se tornar negócio resolúvel, com estabelecimento de cláusula de reversão ou termo. Também há a resolução por descumprimento do encargo nas doações onerosas.
Revogação
A revogação de um direito, de acordo com Serpa Lopes é a possibilidade de que um direito subjetivo, em dadas circunstâncias, por força de uma causa contemporânea a sua aquisição, possa ou deva retornar a seu precedente titular.
Como todo negócio jurídico, a doação é nula por falta dos requisitos legais e essenciais, e é anulável por defeito de vontade ou defeito social.
A lei se refera a causa específicas como a ingratidão e o descumprimento do encargo.
Em qualquer desses casos, não quer a estabilidade econômica manter em estado de pendência indefinida a possibilidade de desfazimento, e assim fixa um prazo de decadência ânuo, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar e de ter sido o donatário o seu autor (art. 559). Os dois requisitos para oi início da contagem do prazo são cumulativos.
Se o doador tem ciência do fato, mas desconhece a autoria, o prazo somente começa a fluir a partir do momento do conhecimento também da autoria do fato pelo donatário.( SILVA, p. 223)
Não permite a qualquer um, mesmo pessoa que tenha interesse imediato, senão a pessoa do doador e somente é possível pela via judicial.
A faculdade de pedir a revogação é personalíssima.
Art. 560, CC: O direito de revogar a doação não se transmite aos herdeiros do doador, nem prejudica os do donatário. Mas aqueles podem prosseguir na ação iniciada pelo doador, continuando-a contra os herdeiros do donatário., se este falecer depois de ajuizada a lide.
A possibilidade de revogação é tão importante no direito brasileiro que o legislador acrescentou, em matéria processual a revogação da doação pelo rito sumário.
Revogação por descumprimento do encargo:
O parágrafo único do artigo 562 estabelece que a doação onerosa poderá ser revogada por inexecução do encargo, desde que o donatário incorra em mora; não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida, e, havendo escoamento do referido, sem que a obrigação se efetive, o donatário incidirá em mora, dando ensejo ao doador para revogar a liberalidade.
Mas se tal prazo for exíguo, impossibilitando a execução do encargo, o donatário poderá, na contestação alegar que a ação de revogação proposta contra ele não procede, visto que não ocorreu mora.
A mora resultará da extinção do prazo, se não houver prazo, da notificação judicial. (DINIZ, p. 74).
Revogação por ingratidão do donatário:
O donatário deve demonstrar ética, ou seja, mostrar gratidão ao doador; é uma obrigação moral. O donatário deve evitar praticar atos que demonstrem ingratidão.
Os atos que são vedados d serem praticados estão no artigo 557 do Código Civil.
Art. 557, CC: Podem ser revogadas por ingratidão ad doações:
I- se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II- se cometeu contra ele ofensa física;
III- se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV- se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que necessitava.
Art. 558, CC: Pode ocorrer também a revogação, quando o ofendido, nos casos do artigo anterior, for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo ou irmão do doador.
Decadência da Ação Revogatória
Art. 559, CC: A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimentodo doador o fato que a autorizar, e de ter sido o donatário o seu autor.
Promessa de Doação
Pela promessa de doar, o doador se compromete a praticar uma liberalidade em benefício do compromissário donatário ou de terceiro. Admitida sua validade e eficácia dentro dos princípios gerais dos contratos preliminares o beneficiário passa a ter direito de exigir o cumprimento do prometido. Há autores que defendem a impossibilidade de comprometer uma vontade por uma liberalidade, pois configuraria uma doação coativa.(VENOSA, p. 123)
Conclusão
Conclui-se com este artigo, que o contrato de doação pode ser muito complexo com todas as suas características.
O contrato de doação é em regra unilateral, pois aufere obrigações a apenas uma parte, é gratuito, pois há apenas uma parte beneficiária e formal pois deve ser feito de maneira escrita, porém há exceções.
É essencial que haja a aceitação por parte do donatário e que seja feita a tradição pelo doador, desta forma
Finalmente, o contrato de doação, de acordo com o artigo 538 é o contrato em que o doador, com verdadeira intenção transfere bens e vantagens de seu patrimônio a outrem, o donatário. Haverá o aperfeiçoamento do contrato, dentre outros requisitos.

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