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APOSTILA PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA

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UhAPOSTILA PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA.
1 - HEMATOLOGIA
-Composição do Sangue:
-Células: eritrócitos, leucócitos e plaquetas
-Plasma: proteínas plasmáticas (fibrinogênio, albumina e globulinas), glicose, eletrólitos, colesterol, enzimas, hormônios, vitaminas, lipídeos, aminoácidos, produtos de excreção (uréia, creatinina e ácido lático).
*Hemostasia ≠ Homeostasia
-Hemostasia: é o conjunto de mecanismos que o organismo emprega para coibir hemorragia.
-Homeostasia: é a propriedade de um sistema aberto, seres vivos especialmente, de regular o seu ambiente interno para manter uma condição estável, mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico controlados por mecanismos de regulação interrelacionados.
*Plasma ≠ Soro
-Plasma: é o sobrenadante obtido quando uma amostra de sangue que foi coletada com anticoagulante é centrifugada.
-Soro: é o equivalente de uma amostra que se permitiu coagular, não possui fibrinogênio
-Funções das Células:
-Eritrócitos: é composto por hemoglobina e é responsável pelas trocas gasosas
-Leucócitos: defesa do organismo
-Neutrófilos: defesa primária
-Monócitos: ‘limpeza’
-Eosinófilo
Linfócitos: resposta celular e humoral
-Plaquetas: hemostasia
2- HEMATOPOESE
-Eritropoese: é a produção de eritrócitos e ocorre na medula óssea vermelha.
2-Leucopoese: é a produção de leucócitos e ocorre na medula óssea vermelha.
3-Trombocitopoese: é a produção de plaquetas e ocorre na medula óssea vermelha.
*Nas aves, répteis, anfíbios e peixes ocorre em locais diferentes dos mamíferos, assim:
-Eritropoese: ocorre intravascularmente
-Leucopoese: ocorre em sítios extravasculares
-Trombocitopoese: ocorre intravascularmente
Tipos:
-Hematopoese Pré-Natal:
Ocorrendo:
Primeiramente no Saco vitelínico, posteriormente no Fígado, Baço e finalmente na Medula óssea - principalmente fígado e baço.
-Hematopoese Pós-Natal:
Ocorrendo na:
Medula Óssea Vermelha (ativa): que na puberdade está presente em todos os ossos.
Animal adulto medula de alguns ossos chatos (esterno, crânio..)
*Medula Óssea Amarela: inativa
Órgãos e tecidos envolvidos com a hematopoiese: medula óssea (hematopoiese, armazenamento de Fe), timo (diferenciação de células precursoras em linfócitos T), folículos e nódulos linfáticos (produção de linfócitos e células plasmáticas), baço (prod de linfócitos e células plasmáticas, reservatório de hemácias e plaquetas, remoção de células anormais), fígado (armazenamento de vitamina B12, folatos e Fe, prod de fatores de coagulação), estômago e intestino (prod de HCl para quebra de manhã e liberação de Fe, absorção de B12, Folato e Fé), rins (produção de eritropoietina, trombopoietina) SMF (Fagocitose, armazenamento de Fe)
Hemograma: avaliações.
Qualitativa: esfregaço, forma, coloração.
Quantitativa: número, quantidade.
Indicações: exame de triagem, suspeita clínica de alterações na série vermelha (anemia, policitemia, inclusões parasitárias, etc.), Suspeita clínica de alterações na série branca (inflamação, infecção, leucemias, inclusões parasitárias), suspeita clínica de alterações plaquetária (distúrbios de coagulação, inclusões parasitárias), sangramentos crônicos, acompanhamento de terapêutica e prognóstico (exames seriados);
Coleta do material: contenção sem estresse, assepsia, venopunção adequada.
Anticoagulantes: 
Técnica: automação, técnicas manuais (esfregaço, );
1-Eritropoese:
1- Núcleo grande e contém nucléolo
2- Perde nucléolo
3- Há diminuição no tamanho e a cromatina está condensada
4- Início da síntese de hemoglobina, citoplasma cinza
5- Ocorre a perda do núcleo
6- Retículo azul (basofílico) visível com coloração especial
7- Célula adulta sem núcleo em mamíferos, em formato de disco bicôncavo.
Eritropoese ocorre na medula óssea vermelha. Conforme as hemácias amadurecem, elas se tornam muito facilmente deformáveis (o que é necessário para que elas possam passar por vasos capilares pequenos).
A eritropoiese normal envolve um mínimo de quatro mitoses: uma na fase de eritroblasto, outra no estágio de pró-eritroblasto e duas no estágio de eritroblasto basofílico.
-Tempo de Maturação: O tempo de maturação total varia entre as espécies de aproximadamente 4-5 dias em bovinos para cerca de uma semana no cão.
Tempo de vida média dos eritrócitos na circulação: felinos 70 dias, caninos 120 dias.
Quando há um aumento na demanda de hemácias, a produção é aumentada primeiramente ao se permitir que formas mais jovens (reticulócitos) entrem na circulação e também ao se permitir que os estágios de maturação sejam agrupados e ignorados, de modo que se apresse a eritropoese Reticulócitos não é vista em todas as espécies, como, cães demonstram reticulócitos rapidamente, bovinos só em situações extremas e eqüinos nunca apresentam esta resposta.
O apressamento da eritropoese ocorre em todas as espécies e, algumas vezes, leva ao aparecimento de algumas hemácias imperfeitas na circulação, tais como corpúsculos de Howell-Jolly, poiquilocitose e leptócitos.
3 - Duração De Vida Das Hemácias
A duração de vida das hemácias varia nas espécies, assim:
Suínos: cerca de 65 dias.
Bovinos: mais de 160 dias.
Ovinos: apresentam duas populações de hemácias, uma de vida curta (70 dias) e outra de vida mais longa (150 dias).
Cães: cerca de 120 dias
Gatos: cerca de 70 dias.
Eqüinos: cerca de 150 dias
-Destruição: Esse Processo Ocorre De 3 Formas:
-O eritrócito pode ser fragmentado em pequenos pedaços o suficiente para que sejam captados pelo sistema retículo-endotelial.
-O eritrócito pode-se tornar mais frágil e romper-se com o esgotamento das enzimas intracelulares e assim sendo fagocitada.
-O eritrócito como um todo pode ser fagocitado.
A hemoglobina de uma hemácia morta é reutilizada. A fração protéica (globina) é lisada em aminoácidos. A fração heme perde seu átomo de ferro (sendo reciclado em uma nova molécula de hemoglobina) e o restante da molécula de heme transforma-se em bilirrubina (não é hidrossolúvel) e então precisa ser transportada no plasma pela albumina. Ao atingir o fígado esta bilirrubina é conjugada com o ácido glicurônico (agora torna-se hidrossolúvel) e pode ser excretada na bile
Depois da reciclagem na circulação hepática e de um metabolismo aditivo, a maior parte dela é excretada nas fezes como urobilina e estercobilina e um pouco dela também é excretado na urina como urobilinogênio.
-Tamanho:
Cão > Bovino > Caprino
-Quantidade:
Caprino > Bovino > Cão
-Controle da Eritropoese:
O hormônio responsável pela regulação da taxa de eritropoese é uma glicoproteína, denominada ‘eritropoetina’ (EP ou EPO). O sítio para a produção deste hormônio são os rins (por isso o hormônio é totalmente ausente em animais nefrectomizados). O estímulo fundamental para a produção de eritropoetina é a hipóxia tecidual. A eritropoetina afeta a produção de hemácias de três formas:
-Mais células-tronco se diferenciam em precursores eritrocitários
-A velocidade de desenvolvimento dos estágios de maturação de hemácias é aumentada
-O tempo de trânsito para fora da medula óssea é reduzido
A eritropoetina pode ser estimulada ou inibida por hormônios, que na realidade afetam o metabolismo celular, e por conseguinte, os requerimentos teciduais de oxigênio, exercendo uma retroalimentação na síntese de EPO.
O estímulo fundamental para a eritropoiese é a tensão tecidual de oxigênio (PO2). A hipóxia tecidual desencadeia a produção de eritropoietina, um fator humoral especificamente responsável pela produção de eritrócitos. É produzida pelos rins (células corticais endoteliais, glomerulares e intersticiais) e em menor proporção pelo fígado (células de Kupffer, hepatócitos e células endoteliais).
O rim é considerado a única fonte de eritropoietina no cão e o fígado é o sítio predominante no feto. A eritropoietina é gerada pela ativação do eritropoietinogênio, uma alfa-globulina, pelo fator eritropoiético renal ou eritrogenina, ou pela ativação da proeritropoietina, produzida no rim, por um fator plasmático. A eritropoietina estimula a eritropoiese emvárias etapas, pela indução da diferenciação de progenitores eritróides (UFC-E) até eritroblastos, estimulando a mitose de células eritróides e reduzindo seu tempo de maturação e aumentando a liberação de reticulócitos e eritrócitos jovens ao sangue periférico.
-Hormônios que aumentam a produção: andrógenos, cortisol, tiroxina, adrenalina, prolactina, hormônio do crescimento, TSH e ACTH.
-Hormônios que diminuem a produção: estrógenos pois ele é redutor do metabolismo celular.
4 - Hormônios
*Machos tendem a ter um volume globular (VG) maior que as fêmeas
*O excesso de um hormônio (hormônio que aumenta a produção) levará a um aumento no VG (o exemplo mais comum é o excesso de cortisol no hiperadrenocorticismo)
*A deficiência de um hormônio (hormônio que aumenta a produção) levará a uma diminuição do VG. São exemplos: hipotireoidismo, hipoadrenocorticismo.
-Exigência Nutricional:
-Ferro: mais componente da hemoglobina
-Proteínas
-Vitaminas B2, B6 e B12
Cobre: sistema anti-oxidante (ele se oxida no lugar de outros componentes)
-Funções:
-Equilíbrio ácido-base
-Transporte de O2 e CO2
-Hemoglobina:
-Possui 400 milhões de moléculas por eritrócito.
A seqüência de aminoácidos da hemoglobina é o que diferencia a hemoglobina entre as espécies.
-Oxihemoglobina: ligada ao O2
-Desoxihemoglobina: ligado ao CO2
-Carboxihemoglobina: ligado ao CO (irreversível).
5 - Metabolismo Da Hemoglobina
Normalmente após 120 dias, as hemácias são fagocitadas pelo Sistema RetículoEndotelial (baço e fígado) e a fração heme da hemoglobina serve de fonte para a formação da bilirrubina.
Assim, cerca de 80% da bilirrubina formada no organismo deriva da hemoglobina de hemácias. O restante (20%) deriva da degradação de hemoproteínas não hemoglobínicas como catalase e citocromos.
A fração heme da hemoglobina é degradada em biliverdina pela remoção do complexo ferroprotoporfirina da globina.
A biliverdina, por sua vez, é transformada em bilirrubina indireta (não conjugada) pela ação da biliverdina-redutase. Neste processo, são formados bilirrubina indireta ou não conjugada (lipossolúvel).
A Bilirrubina indireta (não conjugada), sendo lipossolúvel necessita ligar-se à albumina para ser transportada até o hepatócito. Chegando ao hepatócito, é captada na sua face sinusoidal por proteínas intracelulares que funcionam como receptores, facilitando a transferência do pigmento para o interior do hepatócito.
O transporte intracelular é realizado através do complexo protéico-pigmentar que é transportado dentro do citoplasma até os microcosmos do Retículo Endoplasmático Liso (REL). Duas proteínas chamadas ‘Y’ e ‘Z’ são responsáveis por este transporte. Nos microssomos do REL, a Bilirrubina indireta (não conjugada) é conjugada ao ácido glicurônico por ação da enzima UDP-glicuroniltransferase, formando a bilirrubina direta ou conjugada.
A Bilirrubina direta (conjugada) é excretada do fígado sob a forma de um complexo micelar com o colesterol, fosfolipídios e sais biliares e atinge o intestino onde sofre ação das bactérias que promovem sua desconjugação, redução e formação do urobilinogênio e estercobilinogênio. Uma parte do urobilinogênio é reabsorvido e recaptado pelo fígado (circulação entero-hepático – 5%), voltando para a corrente sanguínea e sendo excretada na urina pelos rins.O estercobilinogênio é oxidado à estercobilina que é eliminada pelas fezes.
*Hiperbilirrubinemia: alta da bilirrubina circulante, levando à uma icterícia.
Causas
1- Pré-Hepática: hemólise intravascular. Devido à eficiência do sistema retículo endotelial, é possível um grau leve a moderado de hemólise, sem que haja icterícia. Entretanto, com o aumento da severidade da hemólise, a capacidade excretora é ultrapassada e há o desenvolvimento da hiperbilirrubinemia (icterícia).
2- Hepática: insuficiência hepática. Devido à grande quantidade de funções exercidas pelo fígado, a insuficiência deste órgão pode apresentar diversas síndromes clínicas. Geralmente, ocorre insuficiência das funções de conjugação/excreção. A mensuração da função hepática (ALT, AST e fosfatase alcalina) nem sempre estará anormal.
*Há mais esterobilinogênio na corrente sanguínea, pois quando reabsorvido, não consegue ser excretado novamente pelo fígado.
3- Pós-Hepática: doença biliar obstrutiva. Pode ser uma obstrução intrahepática ou pós-hepática. Em casos de obstrução completa, a concentração plasmática de bilirrubina pode subir muito e as fezes ficam pálidas por causa da ausência de estercobilina. Nos estágios iniciais as atividades plasmáticas das enzimas do parênquima hepático geralmente estão normais, mas a fosfatase alcalina encontra-se elevada.
*Hiperbilirrubinemia por jejum: o cavalo é a única espécie em que isto é prontamente observado. Em um cavalo anoréxico, a concentração de bilirrubina plasmática pode subir, mesmo na ausência de qualquer anormalidade hemolítica ou hepatobiliar. Pode ocorrer devido ao fato dos ácidos graxos livres, que aumentam no plasma durante o jejum em cavalos, competirem com a bilirrubina pela captação nos hepatócitos.
*Hiperbilirrubinemia Pré e Pós-hepático podem ser tornar Hepático pela sobrecarga que o fígado recebe.
*Para a diferenciação do tipo de icterícia o animal apresenta, deve-se dosar as bilirrubinas (direta e indireta) e o urobilinogênio.
*Bilirrubina Direta e Indireta, a dosagem é feita pelo sangue. Consegue-se dosar a bilirrubina total e a direta, a bilirrubina indireta é obtida pela subtração dos 2 valores obtidos. Usa-se o soro para a dosagem, e este deve ser protegido da luz.
*O Urobilinogênio, a dosagem é feita pela urina.
6 - Metabolismo De Ferro
Características:
-É absorvido no intestino
-Transportado pela transferrina (proteína plasmática)
-Na medula óssea há a formação do ‘heme’
-O excesso de ferro é transportado para ó fígado pela transferrina e é armazenado sob a forma de ‘ferritina’ (ligado à apoferritina).
*Anemia da Inflamação Crônica: em uma septicemia, as bactérias necessitam de ferro para seu metabolismo. O organismo para se defender retira sua própria reservas de ferro, causando uma anemia.
7 - Eritrograma
É o estudo da série vermelha (eritrócitos ou hemácias). Ao microscópio, as hemácias têm coloração acidófila (afinidade pelos corantes ácidos que dão coloração rósea) e são desprovidos de núcleo (exceto aves, répteis e anfíbios). As hemácias apresentam coloração central mais pálida e coloração um pouco mais escura na periferia. Elas são bicôncovas. Quando uma hemácia tem tamanho normal ela é chamada de normocítica. Quando ela apresenta coloração normal é chamada de normocrômica.
-Utilizado para a determinação da concentração da Hemoglobina (Hb)
-Utilizado para a determinação do Volume Globular (VG) – Hematócrito
-Utilizado para a determinação dos índices hematimétricos (VGM, CHGM e DDE)
-E é utilizado para a avaliação morfológica dos eritrócitos.
1-Contagem de Eritrócitos: (µL)
-Método manual: utilizando a câmara hemocitométrica ou de Neubauer.
Procedimento: Para contagem de hemácias deve-se fazer a seguinte diluição: 4 ml de solução fisiológica e 20 µl de sangue (homogeneizar antes de coletar uma alíquota). Nesta diluição, cada célula contada na câmara de Neubauer equivalerá a 10.050 células reais.
Este fator de 1/10.500 foi calculado da seguinte forma:
-A altura da câmara corresponde a 0,1 mm 1/10
-São contados apenas 5 micro-quadrantes do quadrante central 1/5
-Método automatizado: utilizando aparelho para contagem de eritrócitos.
2-Determinação da Concentração de Hemoglobina: (%)
-Método Químico: método de cianeto-hemoglobina (hemoglobinômetro Hemocue®).
3-Determinação do Volume Globular (VG) ou Hematócrito:
-Método do Microhematócrito: o procedimento é inicialmente feito pelo preenchimento do tubo de micro-hematócrito com sangue por capilaridade. Depois este tubo é fechado no fogareiro. Pode haver as entre o final do tubo já fechado e o sangue, mas isso não é problema porque este ar é removido pela centrifugação. Posteriormente o tubo é levado à centrífuga e é encaixadocorretamente. Normalmente se espera no mínimo 5 minutos com exceção de sangue de caprinos, que leva em torno de 15 minutos para total compactação das hemácias no fundo pelo fato de as hemácias serem muito menores
Após a remoção do tubo da centrífuga, é possível notar três camadas distintas no tubo: a coluna de plasma no topo, as hemácias compactadas no fundo e uma fina camada esbranquiçada de leucócitos sobre as hemácias. É necessário verificar qualquer alteração no plasma (coloração) que pode estar normal, ictérica, lipêmica e hemolisada.
-Volume Globular:
Corresponde à porcentagem de hemácias presentes no sangue.É calculado a partir de uma coluna de sangue, sua centrifugação promove compactação máxima das hemácias
1- Normal
2- Anemia Relativa: se deve basicamente ao aumento do volume do líquido plasmático no sangue, e as principais origens relacionadas são: gestação, hiperproteinemia e fluidos intravenosos.
3- Anemia Absoluta: se deve a diminuição no número de eritrócitos.
4- Policitemia Absoluta: a policitemia absoluta primária (ou policitemia vera, eritropoese independente) está relacionada com processos leucêmicos, sendo de etiologia desconhecida. Está policitemia é caracterizada pelo aumento da massa eritrocitária, por proliferação autônoma (eritropoese independente). Neste caso a medula produz glóbulos em quantidades acima do normal. A policitemia vera produz aumenta o eritrócito e a volemia globular (hipervolemia globular). A eritropoetina está normal. A policitemia absoluta secundária (ou eritrocitose -aumento da produção da eritropoetina) pode ser fisiológico ou patológico.
5- Policitemia Relativa: Observamos a policitemia relativa (ou hemoconcentração) em casos desidratação (diarréia e vômito), diminuição do plasma.
8 - Índices Hematimétricos
Os índices hematimétricos fornecem importantes informações sobre o tamanho, concentração de hemoglobina e peso da hemoglobina de uma hemácia média.
VGM: Volume Globular Médio (ƒL)
É uma mensuração do tamanho das hemácias e é obtido por simples cálculo aritmético a partir do hematócrito (VG) e da contagem de hemácias da amostra:
A classificação quanto ao VGM se dá da seguinte forma:
-Normocítico: VGM normal
-Macrocítico: VGM aumentado Ex.: eritropoese acentuada (células novas)
-Microcítico: VGM diminuído Ex.: anemia ferro-priva
*Animais jovens tendem a ter hemácias menores em relação aos animais adultos, paradoxalmente, os neonatos, têm hemácias tão grandes quanto as de animais adultos.
-CHGM: Concentração de Hemoglobina Globular Média (% ou g/dL)
-Ó CHGM é uma mensuração da concentração de hemoglobina nas hemácias e é obtido aritmeticamente a partir do hematócrito (VG) e da concentração total de hemoglobina da amostra.
A classificação quanto ao CHGM se dá da seguinte forma:
-Normocrômico: CHGM normal
-Hipocrômico: CHGM diminuído. Ex.: anemia ferro-priva
Esferocitos: hipercromaticos, frequentemente são vistos em anemias hemolíticas e foi reconhecido principalmente no cão.
-Hipercrômico: não existe – erro laboratorial
Ex.: amostra de sangue hemolisada, plasma lipêmico, tudo preenchido parcialmente, entre outros.
-DDE ou RDN: Distribuição do Diâmetro Eritrocitário
É feito por aparelhos eletrônicos.
E faz a mensuração do diâmetro (calcula anisocitose numericamente).
*Policromatofilia ou Policromasia:
O termo refere-se aos eritrócitos que tem coloração róseo-azulada em conseqüência da captação simultânea da eosina (pela Hb) e dos corantes básicos (pelo RNA ribossômico).
Uma vez que os reticulócitos são células cujo RNA ribossômico absorve corantes supravitais, formando um retículo visível, há um relacionamento entre os reticulócitos e as células policromáticas.
Ambos são eritrócitos imaturos, recém saídos da medula óssea
*Anisocitose:
Anisocitose é o aumento da variabilidade do tamanho dos eritrócitos que excede a observada em um indivíduo sadio.
É uma anormalidade inespecífica comumente encontrada nas desordens hematológicas.
9 - Reticulócitos
A enumeração dos reticulócitos é freqüentemente realizada para a obtenção de informações a cerca da integridade funcional da medula hematopoiética (resposta medular à anemia).
O reticulócito sofre um período inicial de maturação dentro da medula óssea e é então liberado ao sangue periférico onde diferencia-se em hemácia madura. Ele é uma célula vermelha anucleada ligeiramente maior do que a hemácia madura, e contém resquícios de RNA e outras organelas que podem ser visualizadas com o uso de corantes supravitais do tipo do azul de cresil brilhante.
Os reticulócitos ‘jovens”possuem massas densas de RNA e outras substâncias, que vão se tornando granulares e finalmente desaparecem quando o reticulócito completa a sua diferenciação a eritrócito maduro. Possuem 80% da hemoglobina do eritrócito maduro.
Os reticulócitos maturam-se em eritrócitos 24-48 horas na circulação ou no baço, onde podem ser sequestrados temporariamente.
O processo de maturação envolve a perda de algumas superfícies de membranas, receptores para transferrina e fibronectina, ribossomos e outras organelas, obtenção da concentração normal de hemoglobina, organização final do esqueleto submembranoso, redução do tamanho celular e mudança de forma para o aspecto bicôncavo.
A contagem de reticulócitos é mais útil para cães e gatos e tem alguma aplicação para vacas. Não é utilizado em equinos.
A faixa de normalidade para mamíferos domésticos representa as contagens esperadas quando o hematócrito é normal:
-Pequenos Animais (carnívoros): 0 a 60.000 células/µL
-Bovinos: 0 células/µL
-Equinos: não liberam reticulócitos.
Em anemia, espera-se maior nível de liberação medular de reticulócitos desde que a medula responda à anemia. Isso implica nas orientações apresentadas a seguir quanto à interpretação da contagem de reticulócitos em relação ao tipo de anemia
-Anemia não-regenerativa com baixíssimo grau de regeneração: 0 a 10.000 células/µL
-Anemia não-regenerativa com grau mínimo de regeneração: 10.000 a 60.000 células/µL
-Anemia regenerativa com liberação discreta a moderada: 60.000 a 200.000 células/µL
-Regeneração máxima: 200.000 a 500.000 células/µL
Exceção:
Os gatos representam uma espécie particular de animais, pois têm mais de um tipo de reticulócitos (agregados ou pontilhados).
Os reticulócitos agregados evoluem para a forma de pontilhado (resposta mais antiga) em aproximadamente 12 horas.
Devido ao curto período de maturação dos reticulócitos agregados, essas células são os melhores indicadores de liberação medular ativa.
Portanto, apenas os reticulócitos agregados são contados em gatos.
E depois de feita a contagem deve-se calcular o valor corrigido, que é dada pela fórmula:
10 - Parasitas
-Hemoparasitas
-Concentram-se em sangue capilar, deve-se fazer o esfregaço com o sangue da ponta de orelha ou cauda.
-Babesia spp: cães, equinos e bovinos
-Anaplasma spp: bovinos, ovinos e caprinos
-Mycoplasma sp (antiga Haemobartonella sp): cães e gatos
Corpúsculos De Howell-Jolly
São eritrócitos com resto nucleares. Um aumento no conteúdo de corpúsculos de Howell-Jolly está associado a anemia regenerativa (eritropoese acelerada), esplectomia e supressão da função esplênica.
Ponteado Basofílico
É a presença de considerável número de pequenas inclusões basófilas, contendo RNA, dispersas no citoplasma de eritrócito jovens. São compostas de agregados de ribossomos. Raras hemácias com pontilhado basófilo podem ser vistas em distensões de indivíduos normais. Comum em intoxicação por chumbo.
Corpúsculo De Lentz
São raramente encontradas em cães com cinomose (patognomônico). Quando encontradas, elas apresentam variações de tamanho, quantidade e cor e são mais vistas em hemácias policromatofílicas.
Aglutinação
A aglutinação de hemácias resulta em aglomerados de células irregulares e esféricas devido às pontes de anticorpos. Aglutinação é um sinal muito sugestivo de anemia hemolítica imunomediada ou em transfusão sanguínea com tipo de sangue inadequado.
Eritrócitos Nucleados
O aumento daquantidade de hemácias nucleadas está associado a anemia regenerativa e liberação precoce dessas células em resposta à hipóxia. Uma maior quantidade de hemácias nucleadas também pode ser notada em animais com disfunção do baço e com alto teor de corticosteróides.
Hemácias em Rouleaux
Corresponde ao posicionamento espontâneo das hemácias em forma de pilhas lineares (semelhante a uma pilha de moedas). É normal nos eqüinos e uma quantidade discreta também é normal em cães e gatos. Nota-se maior formação de Rouleaux quando há aumento da concentração de proteínas plasmáticas, como o fibrinogênio e imunoglobulinas. Este aumento normalmente sugere gamopatia.
Eritrócitos Crenados (Equinócitos)
São células espiculadas com várias projeções pequenas, afiladas, distribuídas uniformemente pela superfície. A presença de equinócitos pode ser um artefato (crenação) decorrente da alteração de pH, além disso, sua presença tem sido associada a doença renal, linfoma, picada de cascavel e quimioterapia.
Acantócitos
-Parecem células crenadas
São hemácias espiculadas irregulares, com poucas projeções de comprimentos desiguais na superfície. Acredita-se que os acantócitos sejam provenientes de alterações nas concentrações de colesterol ou de fosfolipídeos na membrana das hemácias. Raramente são notados em esfregaços sanguíneos de cães com hepatopatia e são muito constatados em gatos com lipidose hepática e cães com hemangiossarcoma.
Corpúsculo De Heinz
É causado pela desnaturação oxidativa da hemoglobina. Cerca de 1 a 2% das hemácias de gatos normais contêm esses corpúsculos. Os corpúsculos de Heinz são pequenas estruturas pálidas excêntricas presentes nas hemácias. Quando grande quantidade de hemácias é afetada, pode haver uma anemia hemolítica grave e algumas substâncias oxidantes induzem a formação destes corpúsculos também.
Não se coram com corantes de rotina (tipo Romanosky) e se coram com o ‘novo azul de metileno’.
Leptócito Ou Eritrócito Em Alvo
Os eritrócitos em alvo possuem uma área de coloração aumentada no meio da área de palidez central. Eritrócitos em alvo formam-se como conseqüência de um excesso de membrana em relação ao volume do citoplasma, resultando em dobradura da membrana. Tem pouca importância ao diagnóstico e pode se formar in vitro, quando há contato do sangue com EDTA em excesso. Mas pode estar relacionada com doenças hepáticas ou deficiência de ferro (baixa quantidade de hemoglobina).
Poiquilocitose
A célula que tem forma anormal. Fala-se em poiquilocitose, quando há um número exagerado de células de forma anormal. A altitude produz um certo grau de poiquilocitose em indivíduos hematológicamente normais. A poiquilocitose é uma anormalidade comum, inespecífica, encontrada em várias desordens hematológicas: pode resultar de produção de células anormais pela medula óssea ou de dano às células normais após serem liberadas para a corrente sanguínea. E pode estar relacionadas com a troca de eritrócitos (fase fetal para a jovem nos primeiros meses).
Esquistócito Ou Esquizócito
São fragmentos das hemácias e geralmente se originam de traumatismo eritrocitário intravascular. Pode estar associado à deficiência de ferro, com animais com coagulopatia intravascular disseminada (CID) e hemangiossarcoma.
Esferócito
São hemácias de coloração escura que perdem a palidez central. Parecem pequenos, mas seu volume é normal. É resultado da fagocitose parcial pelos macrófagos e perda de fragmentos de membrana e sugere anemia hemolítica imunomediada, e foi mais reconhecido em cão.
1 - Anemia
É a diminuição no número de eritrócitos, hemoglobina e/ou hematócrito em um animal normalmente hidratado. 
Primário (problema na medula) x secundária (alguma doença secundária).
Sinais clínicos: dispnéia, tolerância ao exercício físico reduzida, palidez das membranas mucosas, taquipnéia, taquicardia, depressão.
-Classificação quanto a resposta medular:
-Regenerativa: Quando a medula óssea responde à anemia. O eritrograma apresenta elementos que revelam regeneração ou resposta medular, que são: reticulocitose, anisocitose e policromasia, podendo encontrar-se, muitas vezes, presença de metarrubrícitos, principalmente no cão e no gato e corpúsculos de Howell-Jolly. São necessários dois a três dias para uma resposta regenerativa tornar-se evidente no sangue
Causas da anemia regenerativa: trauma, úlceras do trato gastrointestinal e hematúria, trombocitopenia e deficiência de vitamina K.
Anemia hemolítica: destruição imunomediada de hemácias, parasitas de eritrócitos (babesia só), infecções bacterianas (leptospirose, clostridium, perfrigens tipo A e clostridium hemolyticum), produtos químicos, cebolas, couve.
-Não Regenerativa: quando não há resposta por parte da medula óssea. É causada por lesões na medula óssea ou ausência de elementos necessários para a produção de eritrócitos. Este tipo de anemia apresenta curso clínico crônico e início lento, é acompanhada de neutropenia e trombocitopenia. Pode ser causada por eritropoiese reduzida (medula óssea hipoproliferativa), na ausência de eritropoietina (insuficiência renal crônica), na doença endócrina (hipoadrenocorticismo, hiperestrogenismo, hipoandrogenismo), na inflamação crônica, lesão tóxica da medula (radiação, químicos, intoxicação por samambaia, infecção por vírus e ricketsias como a Ehrlichia canis). São anemias normocíticas normocrômicas. Na anemia arregenerativa não existem reticulócitos e nem policromasia.
Causas de anemia arregenerativa: doenças renais (diminuição nada eritropoietina), doenças endócrinas( hipotireoidismo, hipoadrenocorticismo, hiperestrogenismo) doenças crônicas (inflamação e neoplasia), leucemias, neoplasia metastáticas, dano citológico da medula (envenenamento por samambaia, quimioterápico da leucemia, radiação), infecções (leucemia felina,FIV, AIE, parvovírus, Erlichia canis)
-Classificação segundo índices hematimétricos:
-Macrocítica e Hipocrômica: VGM alto e CHGM baixo. Indica uma anemia regenerativa, pois há presença de reticulócitos grandes com pouca hemoglobina. O grau de macrocitose e hipocromia depende da severidade da anemia, associada à intensidade da resposta eritropoiética medular, o que leva a reticulocitose sangüínea. A reticulocitose em resposta à anemia aumenta o VCM e reduz o CHCM. Entretanto, muitos dias devem passar desde a manifestação da anemia antes da alteração da morfologia eritrocítica se mostrar aparente. Ex.: Babesiose
-Normocítica e Hipocrômica: apenas o CHGM está baixo. Indica uma anemia não regenerativa.
Ex.: por alguma falta de substrato para composição da hemoglobina
-Microcítica e Hipocrômica: VGM e CHGM diminuídos. Indica uma anemia não regenerativa.
Ex.: deficiência de Ferro
-Normocítica e Normocrômica: índices hematimétricos normais. Indica uma anemia não regenerativa.
Ex.: insuficiência renal crônica (não produz eritropoetina)
-Macrocítica e Normocrômica: apenas o VGM está aumentado. Em bovinos, na deficiência de cobalto ou pastagem rica em molibdênio. A anemia resulta de uma assincronia da eritropoiese causada por alterações na maturação no estágio de pró- rubrícito a rubrícito basofílico, produzindo eritrócitos megaloblásticos na medula óssea. Em cães poodle os eritrócitos macrocíticos normocrômicos não são acompanhados por anemia.
-Classificação por alterações ou achados morfológicos:
-Na anemia regenerativa:
-Anisocitose: descreve a variação em tamanho, surge nas anemias regenerativas quando macrocitos estão sendo liberados.
Macrocitose: são eritrócitos maiores que o normal. Em anemias regenerativas representam células vermelhas imaturas não nucleadas.
-Policromasia: se cora mais intensamente, mais observado células novas.
-Eritrócitos nucleados
-Corpúsculos de Howell-Jolly
-Ponteado Basofílico (agregado ribossômico)
-Na anemia não regenerativa
Microcitose: possuem tamanho menor que o normal. Ex: anemia crônica (ferropriva).
2 - Leucócitos
Função: proteção do organismo contra antígenos. Ex.: bactérias, vírus e parasitas.
-Classificação:
1- Granulócitos ou Polimorfonucleares:possuem núcleo condensado e segmentado. São células comumente referidas como granulócitos porque contém grande número de grânulos citoplasmáticos que são lisossomas, contendo enzimas hidrolíticas, agentes antibacterianos e outros compostos.
-Neutrófilos
-Eosinófilos
-Basófilos
2- Agranulócitos ou Mononucleares: não são destituídas de grânulos, mas possuem grânulos em menos número.
-Linfócitos
-Monócitos
*1 stem-cell geram 32 células segmentadas.
-Compartimentos (medula óssea):
1-Proliferação (mitótico): constituído de mieloblastos, pré-mielócitos e mielócitos
2-Maturação (pós mitótico): constituído de metamielócitos e bastonetes
3-Armazenamento (estoque): constituído de alguns bastonetes e segmentados.
*A liberação do compartimento de armazenamento acontece em horas e o aumento da produção leva de 2 a 4 dias e o aparecimento de novas células no sangue acontece por volta do 5º dia.
-Leucopoese (Linfopoese):
-Produção fetal: medula óssea
-Produção pós-natal: são produzidos na medula óssea, nos órgãos linfóides como o timo, linfonodos, bursa de fabricius e baço, além dos tecidos linfóides viscerais, que incluem as placas de Peyer, tonsilas e apêndices.
-Recirculação: em torno de 70% dos linfócitos do sangue periférico que saem através do tecido retornam ao sistema vascular para recirculação. Esta propriedade dos linfócitos torna difícil e imprecisa a estimativa da meia vida dos linfócitos.
O fenômeno de recirculação é de suma importância biológica porque proporciona um mecanismo de distribuição generalizada de células linfóides ocupadas com a resposta imune sistêmica. Como resultado, um grande número de linfócitos podem ser expostos a um antígeno depositado localmente no tecido. Estas células antigenicamente expostas podem ser transportadas por vários lugares no corpo para propagar e montar uma vigorosa resposta imune.
-Funções dos Leucócitos:
1-Neutrófilos: é a linha primária de defesa. A função primária dos neutrófilos é a fagocitose e morte de microorganismos (bactérias, fungos, parasitos e vírus). Os neutrófilos também podem causar dano tecidual e exercer efeito citotóxico, como atividade parasiticida mediada por anticorpo e atividade tumoricida. Possuem grânulos lisossomais no interior dos vacúolos fagocíticos fundem-se com a membrana vacuolar para formar um fagolisossomo e liberar seus componentes (metabólitos reativos de O2 –H2O2, O2-e O-) para matar e digerir a bactéria.
Estão distribuídos na circulação sanguínea (compartimento circulante e marginal), e a circulação laminar mantém os neutrófilos contra a parede do vaso. A maioria das espécies possuem o pool circulante igual ao marginal, mas no gato o pool circulante é menor que o marginal (1:3).
*Numa inflamação aguda, há grande presença de células jovens na circulação. O compartimento de mitose (proliferação) está normal, mas os compartimentos de maturação e armazenamento estão diminuídos.
*Numa inflamação crônica, há grande presença de células jovens na circulação. Os compartimentos de mitose (proliferação), maturação e armazenamento estão todos aumentados.
*Corticóides causam um ‘estresse crônico’, então há uma demarginação dos leucócitos (aumento de neutrófilos e monócitos) e diminuição no número de linfócitos. E há presença de neutrófilos hipersegmentados.
*Adrenalina causa um ‘estresse agudo’, então há demarginação dos leucócitos (aumento no número de neutrófilos) e também no número de linfócitos pela esplenocontração.
13 - Leucócitos II
Basófilos: são mediadores da hipersensibilidade do tipo tardia ou imediata. Possuem grânulos com histamina, heparina e algumas espécies serotonina. Não são precurssores de mastócitos, porém possuem funções similares.
Quando estimulado antigenicamente sintetiza importantes fatores como Fator ativador plaquetário (FAP), substâncias de reação à anafilaxia (SRA) e tromboxano A2 (TxA2).
Eosinófilos: o maior sítio de produção de eosinófilos é a medula óssea, embora também ocorra em menor grau em outros tecidos como baço, timo e linfonodos cervicais. Em geral, os eosinófilos são produzidos em torno de 2 a 6 dias e adentram no sangue periférico aproximadamente 2 dias após.
Os eosinófilos têm participação na regulação alérgica e resposta aguda inflamatória e pode induzir dano tecidual. Podem ainda, participar na coagulação e fibrinólise através da ativação do fator XII e plasminogênio.
As principais funções dos eosinófilos são: fagocitose e atividade bactericida, atividade parasiticida, regulação das respostas alérgicas e inflamatórias e injúria tecidual.
Linfócitos: os linfócitos T e B exercem diferentes funções e possuem receptores de membrana para o reconhecimento de antígenos. Existe uma terceira população de linfócitos que não expressam receptores de antígenos em suas membranas, as células exterminadoras naturais (Natural Killer), são derivadas da medula óssea e são funcionalmente distintas das células T e B pela sua habilidade de lisar certas linhagens de células tumorais sem prévia sensibilização.
As principais funções dos linfócitos incluem a imunidade humoral, imunidade celular, regulação imune, atividade citotóxica e vigilância imune e secreção de linfocinas.
Monócitos: as funções dos monócitos e macrófagos incluem a transformação de monócitos em células efetoras teciduais (macrófagos); ação fagocítica e microbicida; regulação da resposta imune; remoção fagocitária de debris e outros restos celulares; secreção de monocinas, enzimas lisossomais, e outros; efeito citotóxico contra células tumorais e eritrócitos; regulação da hematopoiese: grânulo, mono, linfo e eritro; regulação da inflamação e reparo tecidual e ainda coagulação e fibrinólise.
Dentre os produtos secretados pelos monócitos e macrófagos, citam-se componentes do sistema complemento, substâncias citotóxicas e antimicrobianas, produtos do metabolismo do ácido aracdônico, enzimas lisossomais, fatores moduladores de outras células incluindo interleucinas, fatores fibrinolíticos e pró-coagulantes e outros fatores.
4 - Leucograma
-É uma contagem dos leucócitos, faz parte do hemograma.
-Deve-se fazer uma avaliação quantitativa e qualitativa
-Deve-se fazer uma contagem total e uma contagem diferencial de leucócitos.
-Deve-se fazer uma avaliação morfológica destes leucócitos.
...citose: aumento no número
Ex.: leucocitose, linfocitose, monocitose
...filia: aumento no número
Ex.: neutrofilia, eosinofilia, basofilia
...penia: diminuição no número
Ex.: leucopenia, neutropenia, linfopenia, eosinopenia e monocitopenia
Parâmetros ≠ Valores
*Parâmetros: as células a serem contadas
Ex.: eritrócitos, neutrófilos....
*Valores: a quantificação da contagem de cada célula
Ex.: nº de eritrócitos, nº de neutrófilos....
-Leucocitose:
1-Fisiológica: ocorre como uma resposta a adrenalina (excitação, medo, exercício extremo, gestação e parto), no qual o compartimento marginal de neutrófilos e/ou linfócitos são mobilizados para a circulação geral, aumentando a contagem total de leucócitos e o número de neutrófilo absoluto e/ou linfócitos. Assim uma neutrofilia ou linfocitose transitória, ou ambas, podem se manifestar. Esta condição é comum em animais jovens e geralmente é desencadeada por distúrbios emocionais e físicos. Raramente o número de monócitos e eosinófilos aumenta.
2-Reativa: ocorre em resposta às doenças. Certas doenças podem induzir uma resposta específica, mas usualmente um padrão geral de resposta dos leucócitos é evidente, independente da doença. A leucocitose reativa pode ocorrer com ou sem desvio à esquerda.
-Leucopenia: em muitos animais, ocorre por neutropenia e linfopenia. A neutropenia é causa primária de leucopenia em animais com uma relação N:L maior que 1, e linfopenia em animais que a relação N:L é menor que 1. A neutropenia é mais comum em infecções bacterianas e linfopenia em infecções virais. Severas infecções bacterianas e virais podem causar leucopenia associada com neutropenia e linfopenia, ou ambas e também podem reduzir o número de outros leucócitos.
Tipos de Leucopenia: demandatecidual aguda e maciça, produção reduzida pela medula óssea (parvovirose, leucemia felina, drogas – estrógeno), produção ineficaz (neutropenia imunomediada) ou neutropenia por sequestro (choque anafilático)
-Alterações Leucocitárias Quantitativas:
1-Neutrofilia: ocorre devido à uma infecção (bactérias, vírus, fungos ou parasitos), necrose, distúrbios imunomediados, estresse, hiperadrenocorticismo e leucemia.
2-Neutropenia: ocorre devido à uma infecção bacteriana aguda (bovinos e equinos), toxemia, septicemia, esplenomegalia, drogas (estrógenos), radiação, leucemia, vírus da leucemia felina.
3-Eosinofilia: ocorre devido à uma inflamação (IgA) no trato respiratório, digestivo, peritônio e útero, perda tecidual crônica (reações alérgicas, parasitismo), hipoadrenocorticismo, estro em cadelas, síndromes hipereosinofílicas (granuloma eosinofílico e pneumonia eosinofílica), mastocitoma.
4-Eosinopenia: ocorre devido a um estresse agudo (adrenalina), estresse crônico (glicocorticóides endógenos), hiperadrenocorticismo, inflamação/infecções agudas.
5-Basofilia: ocorre devido a dermatites alérgicas, eczemas e reações de hipersensibilidade. E está associado à eosinofilia.
6-Monocitose: ocorre devido a um hiperadrenocorticismo, esteróides, estresse severo (piometra), doenças imunomediadas, inflamação/afecção aguda ou crônica e animais idosos.
7-Monocitopenia: muito difícil.
8-Linfocitose: ocorre em animais jovens, fisiológico (medo, excitação geralmente em felinos e eqüinos), vírus da imunodeficiência felina, infecção crônica, hipersensibilidade, doenças auto-imunes, pós-vacinação e hipoadrenocorticismo.
15 - Leucograma II
Linfopenia: ocorre devido a efeitos de esteróides (hiperadrenocorticismo, corticóides, estresse severo), infecção sistêmica aguda, infecção viral recente (cinomose), lesão nos linfonodos ou dos vasos linfáticos (ruptura dos vasos linfáticos - quilotórax), quimioterapia, radiação.
-Classificação dos Desvios de Neutrófilos:
1-Desvio à Esquerda: Normalmente o sangue periférico contém pequeno número de neutrófilos imaturos. Em muitas espécies este consiste de menos de 300 bastonetes/μl de sangue. O aumento da liberação da medula óssea de neutrófilos imaturos para o sangue ocorre quando aumenta a demanda funcional de neutrófilos para os tecidos ou em casos de leucemias mielógenas ou mielomonocíticas agudas ou crônicas. A presença de neutrófilos imaturos no sangue, acima do número normal para a espécie, constitui um desvio à esquerda.
2-Desvio à Esquerda Regenerativo: quando a contagem total de leucócitos é moderadamente elevada por causa da neutrofilia e o número de neutrófilos imaturos (bastonetes) encontra-se abaixo do número de neutrófilos maduros (segmentados) –resposta escalonada. Isto indica uma boa resposta do hospedeiro, e ocorre quando a medula óssea tem tempo suficiente (usualmente 3-5 dias) para responder à demanda tecidual aumentada de neutrófilos.
-Leve: até bastonetes
-Moderada: até metamielócitos
-Intensa: mielócitos ou mais jovens
*Resposta escalonada: a séria anterior (mais jovem) sempre em menor quantidade do que a série posterior (mais madura).
3-Desvio à Esquerda Degenerativo: A contagem total de leucócitos varia, podendo ser normal, leucocitose ou leucopenia. A resposta principal é a presença de neutrófilos imaturos acima dos neutrófilos maduros (resposta não escalonada). O desvio degenerativo à esquerda indica que a medula óssea tem um esgotamento no compartimento de reserva de neutrófilos segmentados e conseqüentemente ocorre a liberação de células imaturas, ultrapassando os neutrófilos maduros. Em muitas espécies isso é um sinal de prognóstico desfavorável que requer um rigoroso protocolo terapêutico.
4-Desvio à Direita: É a presença no sangue circulante de vários neutrófilos hipersegmentados, isto é, neutrófilos com mais de 5 lóbulos. A hipersegmentação nuclear ocorre devido a presença circulante de corticosteróides, tanto endógenos como exógenos. A deficiência da Vitamina B12 também pode levar a hipersegmentação, mas é uma condição muito rara.
5-Reação Leucemóide: A reação leucemóide é geralmente uma leucocitose reativa, consistindo de uma alta contagem de leucócitos com uma contagem absoluta de um tipo de leucócito, ou também um acentuado a extremo desvio à esquerda sugestivo de leucemia. Portanto, é um processo patológico benigno, embora se assemelhe a leucemia granulocítica. Ocasionalmente, o quadro sangüíneo leucemóide pode envolver outros tipos de leucócitos, como os linfócitos ou eosinófilos. Os resultados laboratoriais e a avaliação do paciente revelam que a doença não é uma leucemia. Exemplos de reações leucemóides:
-Extremo desvio à esquerda regenerativo visto na piometra e peritonite ativa crônica em cães;
-Acentuada linfocitose em condições supurativas crônicas como, por exemplo, reticulite traumática.
-Resposta Leucocitária em Bovinos:
-Entre 6 e 24 horas: há uma leucopenia
-Entre 24 e 48 horas: há uma leucopenia com desvio à esquerda
-Entre 72 e 96 horas: leucócitos normais ou leucocitose por neutrofilia.
*Deve-se dosar o fibrinogênio que é uma proteína de resposta aguda.
-Alterações Leucocitárias Qualitativas:
-Neutrófilos tóxicos: granulação tóxica e/ou difusa basofilia citoplasmática acontece quando há continuado estímulo à granulopoiese, pela extensão e/ou duração de um processo inflamatório, há diminuição dos prazos de maturação das células precursoras, e os neutrófilos chegam ao sangue com persistência da granulação primária, própria dos pró-mielócitos, normalmente substituída pela granulação secundária, tênue e característica. Os grânulos primários são ricos em enzimas e coramse em pardo escuro com os corantes usuais, e impropriamente denominados de granulações tóxicas.
-Corpúsculos de Döhle: são áreas, na periferia dos neutrófilos, nas quais houve liquefação do retículo endoplasmático. São de rara ocorrência, mas possuem interesse diagnóstico por refletirem infecções graves e/ou sistêmicas. E em felinos é normal.
-Neutrófilos Hipersegmentados: no sangue normalmente predominam os neutrófilos com 2 a 4 lóbulos nucleares, havendo poucos com cinco ou mais. O aumento ou predomínio de neutrófilos com mais de cinco lóbulos - hipersegmentados - é visto quando há uma maior permanência destes na circulação. Esta sobrevida intravascular prolongada caracteriza o desvio à direita. Isto acontece na insuficiência renal crônica, neutrofilias de longa duração, tratamentos com corticóides ou estresse, defeitos genéticos raros ou em síndromes mieloproliferativas, degeneração em amostras envelhecidas.
-Corpúsculos de Lentz: corpúsculo eosinofílico no citoplasma de leucócitos patognomônico da cinomose canina. Sua ocorrência se limita à fase de viremia do processo infeccioso, sendo, portanto de pouca sensibilidade diagnóstica. Ocorre em neutrófilos, linfócitos, monócitos e hemácias.
-Monócitos Ativados: os monócitos apresentam vacúolos no seu interior, normalmente em resposta à hemoparasitos.
-Linfócitos Reativos: a ocorrência de linfócitos ativados acontece quando há um estímulo da série linfocitária, com o aparecimento de linfócitos com citoplasma aumentado e basofílico, em parte seguindo a diferenciação para plasmócitos, cuja presença é rara na circulação. A ativação de linfócitos na circulação deve-se principalmente a uma exacerbada resposta humoral ou a uma leucemia de células plasmocitárias (Mieloma Múltiplo).
-Parasitas:
Hepatozoon canis: neutrófilos
-Ehrlichia equi: neutrófilos
-Ehrlichia canis: monócitos e linfócitos
16 - Recipientes Para Coleta
1-Tubo De Tampa Vermelha:
Este tubo é destinado à obtenção de amostra de soro e não contém anticoagulante. É utilizado para obtenção de soro necessário às análises bioquímicas comuns.
2-Tubo De Tampa Roxa:
Este tubo contém o anticoagulante EDTA à 3% ou à 10%. A concentração de 3% é utilizada para coleta sanguínea de aves e repteis e o de 10% para outras espécies animais. É utilizado aos exames hematológicos.
O anticoagulante EDTA preserva melhor o volume celular e as característicasmorfológicas das células. O EDTA é um quelante de cálcio, deixando o indisponível ao sangue, fazendo com que não ocorra a coagulação.
3-Tubo De Tampa Verde:
Este tubo contém o anticoagulante Heparina. Este anticoagulante é utilizado para alguns testes bioquímicos especiais, principalmente aqueles que requerem o sangue total e podem ser influenciados por outros anticoagulantes.
A heparina impede a transformação do fibrinogênio em fibrina.
4-Tubo De Tampa Azul:
Este tubo contém citrato de sódio. É utilizado para determinação bioquímica de substâncias ou fatores relacionados à coagulação.
5-Tubo De Tampa Cinza:
Este tubo contém fluoreto de sódio (NaF) e EDTA. O NaF inibe a enzima que participa da via glicolítica, impedindo a metabolização da glicose pelos eritrócitos.
6-Tubo De Tampa Amarela:
Este tubo possui um ativador de coagulo e disponibiliza melhor o soro para testes. É indicado para amostras pequenas de sangue.

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