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Aula 2 Libras

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Aula 2
 LIBRAS: aspectos legais
 Inclusão social e educacional do surdo
2.1 LIBRAS: aspectos legais
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida no Brasil, por meio da Lei Federal
nº 10.436, de 24 de abril de 2002, como meio legal de comunicação e expressão. A lei defende
que a Libras é composta por um sistema linguístico de natureza visual motora, com estrutura
gramatical própria (trataremos na próxima aula), além de possuir um sistema linguístico de
transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. O
objetivo da lei também é garantir que o Poder Público e as concessionárias de serviços
públicos apoiem o uso e difusão da Libras como meio de comunicação. Segue abaixo a lei:
LEI Nº 10.436, de 24 de abril de 2002
Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras
providências
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de
Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS a forma de
comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual motora, com
estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e
fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias
de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua
Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das
comunidades surdas do Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de
assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de
deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do
Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua
Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais -
PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade
escrita da língua portuguesa.
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
O decreto Nº 5.626 regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da
Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. O decreto também considera a pessoa surda
aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de
Sinais - Libras. “Parágrafo único. Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou
total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de
500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz”.
A Língua de Sinais Brasileira baseou-se inicialmente na Língua de Sinais Francesa, por
isso, apresenta semelhanças em relação a diversas línguas de sinais europeias e também à
norte-americana. Como as demais línguas de sinais e as orais, a Libras, assim como diversas
línguas existentes, é composta pelos níveis linguísticos: fonologia, morfologia, sintaxe e
semântica. Dessa maneira, não se trata de uma língua simplista, mas de um sistema
linguístico capaz de transmitir ideias, pensamentos e acontecimentos, por isso, é uma forma de
comunicação e expressão, de natureza visualmotora, com estrutura gramatical própria
(Uzan et al., 2008).
2.2 Inclusão educacional do surdo
O início oficial da educação dos surdos no Brasil aconteceu no Rio de Janeiro, no
Instituto Nacional de Surdos-Mudos 1(INSM, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos-
INES), por meio da lei 839, sancionada por D. Pedro II em 26 de setembro de 1857. A luta pela
educação dos surdos iniciou nessa época (algumas tentativas anteriores a essa data, porém
frustadas). A partir daí, a educação dos surdos passou por diversos métodos educacionais,
alguns bem sucedidos e outros não satisfatórios.
A educação das pessoas surdas sempre foi e ainda é um tema que merece atenção.
Mesmo com a capacidade cognitiva inicial serem semelhantes entre o surdo e o ouvinte,
pesquisas nacionais e internacionais têm indicado um número expressivo de sujeitos surdos
escolarizados que apresentam competência acadêmica inferior ao desempenho de alunos
ouvintes. Esses dados evidenciam que existe uma inadequação no sistema de ensino,
mostrando a importância e a urgência de medidas que favoreçam o desenvolvimento completo
dessas pessoas (Lacerda, 2006).
1 Essa terminologia não está correta, uma vez que a surdez não está associada às patologias
relacionadas com a fala/voz.
Segundo dados publicados pela Feneis, o censo demográfico de 2000 registrou no
Brasil 766.344 crianças e jovens surdos (com idade entre 0 – 24 anos), no entanto, APENAS
56.024 estavam matriculados (Censo Escolar de 2003). Diante desses achados, questiona-se
onde estão os 710.320 surdos que não frequentam a escola. Os surdos excluídos do ambiente
escolar devem ser inseridos.
Dentre os métodos de educação para os surdos, a Feneis adota o bilinguismo. A
educação bilíngue propõe o ensino de duas línguas para a criança, sendo a primeira é a Libras,
que será a base para a aprendizagem de uma segunda língua. A segunda língua pode ser tanto
a língua escrita quanto a oral (Moura, et al., 2005).
Assim, para a Feneis, o bilinguismo é mais do que o uso de duas línguas: “É uma
filosofia educacional que implica em profundas mudanças em todo o Sistema Educacional para
surdos. Enquanto estas mudanças não se efetuarem, estaremos em plena fase de transição.
Tais mudanças não podem ser instaladas de uma só vez. Dependerão da auto-crítica dos
profissionais da área, do desenvolvimento das pesquisas sobre as Línguas de Sinais e de
metodologia e materiais didáticos específicos para Surdos”.
As razões principais para adotar o bilinguismo são: as crianças surdas em contato com
a língua de sinais conseguem aprender a Libras de forma espontânea, natural e similar ao
modo como as crianças ouvintes podem aprender a língua materna oral; o outro argumento é
que os sinais da língua de sinais constituem um código linguístico específico tão útil, rico e
complexo parecidos com a língua oral (Batista, 2006).
A Declaração de Salamanca, em 1994, defende que educação inclusiva é o
compromisso que a escola deve assumir na educação de cada estudante, proporcionando a
pedagogia da diversidade, já que todos os alunos deverão estar dentro da escola regular, não
importando sua origem social, étnica ou linguística. A escola deve buscar soluções criativas a
fim de alcançar resultados eficazes quanto ao desempenho acadêmico e social (Lacerda,
2006).
A inclusão, citada acima, é caracterizada como processo de garantia do acesso,
imediato e contínuo, da pessoa com necessidades especiais ao espaço comum da vida em
sociedade, independente do tipo e grau de deficiência (Batalha, 2009).
Batalha (2009) apud Fonseca (2003) mostra as três tipologias de educação:
Tradicional, Integrativa e Inclusiva. A educação Tradicional foi sustentada como uma escola
universal, visando reduzir as desigualdades, proporcionando a igualdade de oportunidades ecompensar diferenças econômicas e sociais. Esse tipo de educação não reconhece a diferença
a fim de proporcionar um tratamento de igualdade. Já a educação Integrativa, desenvolveu-se
em contexto semelhante ao Tradicional, porém partindo de um modelo médico-psicológico, o
qual alguns alunos têm um apoio específico que inclui adaptações curriculares, estratégias e
tratamentos diferentes, resultando dois tipos de alunos (aqueles que seguem o currículo
tradicional e aqueles que têm legitimidade para seguir caminhos alternativos). Já a educação
Inclusiva é mostrada como uma evolução da Integrativa, porém não é uma evolução, é uma
ruptura dos valores tradicionais. A Educação Inclusiva preserva e respeita a cultura, a
capacidade e as possibilidades de evolução de todos os alunos, além de apostar na escola
como comunidade educativa, defendendo um ambiente de aprendizagem diferenciado e de
qualidade para todos os alunos.
No contexto da educação do surdo, a lei que garante a acessibilidade, no art 2º § 1º,
garante que o surdo tenha um intérprete da Libras:
a) de propiciar, sempre que necessário, intérprete de língua de sinais/língua
portuguesa, especialmente quando da realização e revisão de provas, complementando a
avaliação expressa em texto escrito ou quando este não tenha expressado o real
conhecimento do aluno;
A Feneis defende ainda que o desenvolvimento cognitivo, o afetivo, o sociocultural e o
acadêmico das crianças surdas não dependem necessariamente do componente auditivo, mas
do desenvolvimento espontâneo da sua língua, como já dito acima. A Libras promove o
desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança surda, facilitando o processo de
aprendizagem de línguas orais, além de apoiar a leitura e compreensão de textos escritos e
favorece a produção escrita.
A comunicação em Libras se dá por meio de sinais manuais e não manual, respeitando
uma gramática especifica: a posição e o movimento da mão, o ponto de articulação do sinal (no
corpo ou espaço de sinalização), bem como as expressões faciais ou corporais. Essas
características linguísticas da Libras, veremos na próxima aula.
Recentemente, favorecendo as reivindicações das comunidades surdas brasileiras
(Feneis, 1999), em Decreto nº 5.626/05, defende a educação bilíngue, definindo-a, bem como
os espaços onde ela deve ser implantada, nos seguintes termos:
São denominadas escolas ou classes de educação bilíngüe aquelas em que a Libras
e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no
desenvolvimento de todo o processo educativo. (BRASIL, 2005, Artigo 22, §1º)
O decreto contraria a política, que prevê uma mesma organização educacional para
todos os alunos surdos, independente da faixa etária. Neste decreto, existe uma preocupação
em diferenciar os anos iniciais de escolarização dos finais, respeitando, assim, o
desenvolvimento das crianças, as especificidades nos processos de ensino-aprendizagem e a
formação necessária para os professores (Lodi, 2013).
O decreto defende ainda que, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental, a educação bilíngue deva ser desenvolvida por intermédio de professores
bilíngues. No anos iniciais da escolarização inicial, a escola e os professores devem
organizados de forma que a Libras seja a língua de comunicação entre professores e alunos,
responsável, assim, por mediar os processos escolares, por isso a necessidade de os
professores serem bilíngues (Lodi, 2013).
Dessa forma, o aprendizado do português será decorrente da organização pedagógica,
na medida em que as atividades em sala de aula, os textos complementares à sala de aula e
os livros didáticos indicados para leitura são escritos em português (Lodi, 2013).
O contato com a LIBRAS logo nas sérias iniciais, permitirá ao aluno, o desenvolvimento
de linguagem e a apropriação da Libras, garantindo uma sólida base educacional, uma vez que
esta é desenvolvida em uma língua acessível aos alunos (Lodi, 2013), contribuindo ainda, para
o aprendizado nos anos finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação
profissional.
Assista o vídeo abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=HHNLnhEJehs
Videos postados junto com a aula.
Bibliografia
Batalha, D.V. Um breve passeio pela política nacional de educação especial na perspectiva da
educação inclusiva brasileira. In: IX Congresso Nacional da Educação – EDUCERE, III
Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia, 26 a 29 de outubro de 2009.
BRASIL. Decreto-lei nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n° 10.436, de
24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais-Libras. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 abr. 2005. Disponível em: <https://
http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm>. Acesso em: 22
ago. 20012.
BRASIL. 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a acessibilidade. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 dez. 2000. Disponível em: <https://
http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm>. Acesso em: 22
ago. 20012.
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA. Aprendendo
língua brasileira de sinais como segunda língua. Nível básico, 2012. Disponível em
<http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/videos/apostilas/apostia_libras_basico.pdf> em Acesso 03
de ago. 2012.
DECLARAÇÃO de Salamanca e linhas de ação sobre necessidades educativas especiais.
Brasília, DF: CORDE, 1994.
FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Disponível em
http://www.feneis.org.br/ Acesso 07 de ago. 2012.
LACERDA, C.B.F. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e
intérpretes sobre esta experiência. Cad. Cedes 26, no 69, p. 163-184, 2006.
BAPTISTA, MMBS. Alunos surdos: aquisição da língua gestual e ensino da língua portuguesa.
Exedra; 2010. Disponível em <http://www.exedrajournal.com/docs/02/18-MadalenaBatista.pdf>
Acesso 03 de ago. 2012.
MOURA, M. C.; LODI, A. C. B.; HARRISON, K. M. P. História e Educação: O surdo a oralidade
e o uso de sinais. In: LOPES FILHO, O. Tratado de Fonoaudiologia. 2ª ed. Ribeirão Preto, SP:
Tecmedd, 2005, p. 314 – 364.
UZAN, A J S; OLIVEIRA, M.R. T.; OSCAR Í. A importância da língua brasileira de sinais –
(libras) como língua materna no contexto da escola do ensino fundamental. In: XII Encontro
Latino Americano de Iniciação Científica e VIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação –
Universidade do Vale do Paraíba. Univap – Faculdade de Educação e Artes / Curso de Letras,
Campus Aquárius, UNIVAP, 2008
	Aula 2
	2.1 LIBRAS: aspectos legais
	2.2 Inclusão educacional do surdo
	Bibliografia

Outros materiais