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Apostila-Curso De Teologia- Pneumatologia

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Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira 
APOSTILA Nº. 13/300.000 MIL CURSOS GRATIS EM 114 PAGINAS. 
Apostila 13
CURA INTERIOR
Parte I
 
HISTÓRICO
A "vida abundante" que Jesus ofereceu aos seus seguidores tem sido o objetivo dos mais dedicados cristãos em todas as épocas. Esta prometida abundância tem sido usualmente entendida como harmonia interna e liberdade espiritual, mais do que abundância material - por razões óbvias. A busca por tal liberdade interior tem aparecido sob os mais diversos nomes. 
2. O QUE É CURA INTERIOR?
O fenômeno conhecido como cura interior tem dois objetivos. O seu objetivo primário e espiritual é estender o senhorio e poder de cura de Cristo ao nosso passado, afetando mesmo a nossa experiência antes da conversão. O objetivo secundário e psicológico é portanto nos libertar de qualquer cativeiro emocional e psicológico que a nossa experiência passada possa ter produzido. Os teóricos da cura interior defendem que os bloqueios emocionais e os padrões habituais de comportamento (com os seus frutos negativos de frustração, derrota e fraca auto-imagem) nos impedem de atingir a vida abundante que Jesus prometeu. Portanto, eles concluem que, um esforço especial deve ser feito para curar estas feridas interiores, de forma que possamos ser libertos das diversas coisas que podem constringir e empobrecer as nossas vidas. Em resumo, o objetivo geral da cura interior pode ser descrito como uma espécie de "santificação retroativa".
O propósito geral do movimento de cura interior é claramente de natureza pastoral. Desta forma, ele defende que a "cura das memórias" normalmente ocorra num aconselhamento de base individual, ou em pequenos grupos. Considera-se essencial que os dons do Espírito Santo estejam em operação, particularmente os dons de discernimento e cura. Ao indivíduo que está buscando sua cura será pedido que reviva seu passado através da imaginação. Isto geralmente envolve um "retorno" ao ponto-problema - um encontro traumático ou assustador que moldou a auto-imagem e o comportamento da pessoa e também porque este ponto se alojou em camadas profundas de sua psique. À medida em que o "paciente" imaginativamente recria o ponto-problema, com toda sua intensidade emocional, eles dizem ao paciente para imaginar que Jesus está lá (naquela situação). Presume-se que a presença imaginativa de Jesus traga Seu amor e poder de cura para relacionamentos perturbados com os pais e companheiros, os quais são muito poderosos para que o indivíduo dê conta dos mesmos sozinho.
O que devemos fazer com estes fundamentos, teorias e técnicas que os acompanham? Na verdade, o que devemos fazer com os "ministros e ministérios da cura interior"? A época em que vivemos, com sua orientação voltada para o experiencial, tende a gerar um entusiasmo desqualificado por experiências de cura interior dentro de alguns setores da comunidade cristã. Infelizmente, esta mesma tendência tem efeito oposto em outros cristãos, que vêem como muito suspeitas tais experiências e a fascinação acrítica despertada por elas. Na maioria dos casos, não existe uma única resposta simples. A época em que vivemos é caracterizada pela crescente complexidade da vida em todos os níveis - econômico, material, moral e intelectual. À medida em que novas e antigas idéias se proliferam, elas influenciam o pensamento cristão de várias formas. Algumas têm mais validade que outras; muitas são completamente inaceitáveis. Nós devemos estar preparados para encarar conceitos não-familiares e pacientemente e em oração desvendar tanto as suas fontes bem como a suas implicações. Este processo pode ser frustrante e cansativo, mas sua necessidade é cada vez mais crescente.
Dentro disto, nós podemos comentar que a cura interior é um fenômeno complexo e altamente variável. Não é possível nem endossá-la, nem condená-la cegamente. É possível, entretanto, identificar e avaliar aqueles elementos que influenciam as teorias e as terapias dos que praticam a cura interior.
"Nossa vida interior é uma parte crítica de nossa identidade pessoal, e portanto a necessidade para a cura das emoções e memórias sempre fez parte da nossa condição humana."
3. REDIMINDO A PESSOA INTEGRAL
A queda da humanidade (Gn.3) introduziu o princípio da morte e decadência em todos os níveis da existência humana. O veneno do pecado perpassa cada poro do nosso ser. Em seu sofrimento e ressurreição, Cristo venceu a morte - não somente fisicamente, mas de todas as formas em que somos afetados por ela. Nossa vida interior é uma parte crítica de nossa identidade pessoal, e portanto a necessidade para a cura das emoções e memórias sempre fez parte da nossa condição humana. O ensinamento e ministério de Jesus reconheceram implicitamente esta necessidade, bem como o fez o alcance da igreja primitiva. Jesus mesmo falou freqüentemente sobre "o coração" (isto é, "a sede oculta da vida emocional") como fonte de pensamento e ação. Ele também citou a profecia messiânica de Isaías 61, declarando seu propósito de "restaurar o coração partido" (Lc. 4:18). O apóstolo Paulo falou repetidamente sobre a renovação da mente no Espírito Santo (Rm. 12:2; Ef. 4:23).
O encontro na estrada de Emaús (Lc. 24) pode ser visto (entre outras coisas) como uma forma de "cura das memórias". Se nós tomarmos este incidente como um protótipo para o exercício válido desta forma de ministério, vários critérios podem ser vistos. Se esta forma de cura tem sustentação bíblica, ela não se referirá primariamente às cicatrizes emocionais e traumas psicológicos da infância. Muito mais, ela tomará uma perspectiva mais ampla, lidando radicalmente com todas as forças da ansiedade, medo e incredulidade que produzem pensamento e comportamento anti-bíblico. O ponto central da cura interior nesta perspectiva mais ampla é a morte sacrificial de Jesus e sua vitória através da ressurreição sobre o pecado e a morte, exatamente como aconteceu na estrada de Emaús. Deste ponto-de-vista, a cura interior é muito menos um fim em si mesma e muito mais um passo preliminar que capacita o cristão a conseguir a libertação (Gl. 5:1) e a maturidade espiritual, deixando de lado a forma egoísta e infantil de viver (I Co. 13:11-12).
Os discípulos, apóstolos e crentes do primeiro século conheciam o Cristo crucificado e ressurreto como Senhor de toda a história - cósmica (Cl. 1:15-23), racial (Ef. 2:11-20) e pessoal (Hb. 9:14). À medida em que eles seguiam Seu exemplo e a promessa de Sua eterna presença, eles eram libertos (e libertavam outros) do pecado, da doença física e psicológica e dos problemas emocionais, bem como do medo da morte e da falta de esperança que ela produz. Foi-lhes dada radicalmente uma nova base para a auto-estima, a qual não está baseada na mentira, ira ou outras formas de auto-afirmação. Esta nova base desafiou tanto a religião farisaica como sensualidade desenfreada. 
4. A PSICOLOGIA DA PESSOA INTEGRAL
Existe comunhão entre psicologia e o Cristianismo? Esta questão, em seu sentido mais amplo, escapa do objetivo da nossa aula. Entretanto, o assunto é pertinente, desde que muito da "cura interior" está baseada em visão secular de como a nossa personalidade é formada e influenciada.
Muitos elementos da psicologia secular, entretanto, são mais ambíguos; alguns são frontalmente contrários ao pensamento bíblico. Sigmund Freud é a maior fonte de tendência a se enfatizar o trauma infantil. Carl Jung foi seu aluno e colega que se envolveu superficialmente com ocultismo. Sua abordagem sistemática à compreensão da natureza da mente inconsciente se tornou influente nos anos 60 e 70. Muito dos conceitos de Jung têm sido empregados num modelo"carismático" por pessoas como John Sanford e Morton Kelsey. Portanto, Freud e Jung (para não mencionar outros) indiretamente ajudaram a delinear muitas das pressuposições do movimento de cura interior. Além do mais, algumas das técnicas utilizadas para resgatar memórias têm sido tomadas de empréstimos de terapias seculares.
"Alguns praticantes da cura interior...não somente têm adotado um sub-modelo da natureza humana; eles têm permitido que os próprios modelos se tornem parâmetros de interpretação da Bíblia."
5. ALGUNS PARÂMETROS PARA O DISCERNIMENTO
À medida em que consideramos estes fundamentos, teorias e técnicas, e tentamos pesar suas implicações, nós devemos ter me mente alguns fatores críticos. A cura do "interior do homem" é uma premissa biblicamente demonstrável. Por esta razão, nós precisamos abordar alguma idéias e métodos sobre cura interior com cautela. A admoestação de Jesus a seus discípulos de que fossem "prudentes como as serpentes e símplices como as pombas" (Mt. 10:16) nos colocará numa posição bem firme para que sejamos capazes de identificar as influências sub-cristãs sem sermos influenciadas por elas. 
A ênfase exagerada numa certa técnica na vida espiritual facilmente se torna uma tentativa de manipulação psíquica, um esforço de produzir uma experiência ou um encontro com Deus. Não há nada de intrinsecamente errado em se utilizar a imaginação na oração, mas a dependência de invocação imaginativa de imagens religiosas pode se tornar insana. O uso do termo "visualização de fé" não batiza semanticamente tais práticas. Os produtos da imaginação podem também ser convenientemente trazidos para o campo do desejo e do ego, enquanto que o Cristo vivo não pode. Uma ênfase extremada na confissão verbalizada pelo crente no movimento da "palavra da fé" é outro ensino aberrante o qual, sutilmente, se torna uma espécie de ocultismo. Nestas formas exageradas, a visualização da fé cria um "video-interior de Jesus", o qual pode ser manipulado para quase qualquer sentido. 
Da mesma forma, devemos estar atentos para os modelos psicológicos que se baseiam em visões anti-bíblicas da natureza humana. É também necessário identificar e rejeitar tecnologias terapêuticas que são utilizadas para sustentar tais modelos. Alguns praticantes de cura interior, infelizmente, não somente têm adotado um sub-modelo da natureza humana; eles têm permitido que os próprios modelos se tornem parâmetros de interpretação da Bíblia. Tais práticas se situam entre a aberração e a apostasia. 
Como já dissemos, existem ligações demonstráveis entre tais técnicas como a "visualização da fé" ou a "confissão positiva" e algumas formas de pensamento do ocultismo e da Nova Era. Os esforços de se voltar para o interior para encontrar a globalidade, pode levar-nos à "dimensão divina interna" do misticismo Neoplatônico ou aos "arquétipos" do inconsciente coletivo de Jung. Em ambos os casos, bem como num grande número de casos similares, o sujeito que busca termina ofuscado por um subjetivismo, o qual é racionalizado com termos originários da metafísica oriental e da psicologia humanística. 
Neste ponto, uma mudança da verdade bíblica para especulações humanas se torna base para uma séria confusão sobre a natureza da cura e, mais importante, sobre a natureza do praticante da cura. Neste novo papel, Jesus, o Messias, se torna em parte o terapeuta primal e em parte um xamã primevo. Nesta situação, uma tentativa de se fazer uma avaliação racional ou bíblica é negativamente rotulada como um "falta de fé", "apagar o Espírito" ou "bloquear o fluxo"; pode mesmo ser desprezada como uma "viseira".
"A postura bíblica sobre a nossa natureza é, com certeza, uma avaliação verdadeira e mais confiável do que a feita por nossos medos, iras e memórias..."
6. UMA QUESTÃO DE PRIORIDADES
É razoável assumir que os problemas psicológicos e emocionais a que a igreja primitiva se referia eram tão complexos como os de hoje. Nós também vamos assumir que as soluções que ela aplicava são tão funcionais para hoje como eram no primeiro século. Não havia nenhuma necessidade de se renunciar à visão escriturística da condição humana ou de Jesus Cristo, a fim de fazerem estas soluções funcionarem. A imposição de mãos, a unção com óleo, a confissão mútua e a meditação direcionada eram alguns dos métodos empregados para produzir ambos, a cura interna e a cura externa. Os apóstolos foram estranhamente silenciosos, entretanto, sobre qualquer necessidade de reviver experiências relacionadas com a infância, ou sobre a prática de esfaquear o pai na imaginação, como alguns praticantes de cura interior têm aconselhado aos seus clientes. 
Com certeza, há abundantes benefícios psicológicos em se colocar Jesus como o centro radical de nossas vidas e afetos - mesmo acima e além de nossos laços familiares. Nós também somos chamados, entretanto, a meditar sobre coisas que estão acima e, de alguma forma é bom que se diga, que não estão nutrindo ressentimentos ou usando a nossa liberdade como desculpa para o mal (Ef. 4:26; I Pe. 2:16; Gl. 5:1). Existe uma considerável distância entre confessar a presença de um desejo negativo e dramaticamente realizá-lo - mesmo que na fantasia.
Nós devemos evitar confundir o sagrado com a saúde. A cura da psique e emoções pode ser uma importante parte do nosso crescimento em direção à espiritualidade. Entretanto, ela não deve ser superestimada em detrimento de outros aspectos da santidade, nem deve se tornar um substituto deles . Nós devemos nos guardar da idéia de que os cristãos estão isentos de toda sorte de enfermidades, doenças e tentações e que, qualquer ocorrência deste tipo seja um ponto negativo em nossa condição espiritual. Por outro lado, é importante não perder de vista as variadas maneiras pelas quais Deus provê libertação de coisas que nos impediriam viver plenamente em Cristo.
7. AS MARCAS DA INTEGRIDADE ESPIRITUAL
Cura espiritual pode ser considerada como tendo base bíblica. Se assim for, ela deve ser reconhecida como uma parte integral de nossa vida cristã. Três principais pontos nos ajudarão a discernir a consonância bíblica de cada forma em particular, de cura interior. Todos os três pontos são vitais para um entendimento equilibrado e seria desaconselhável isolar ou superestimar qualquer um destes elementos.
Primeiro: A cura espiritual deve tocar o problema na sua fonte. O indivíduo deve ser liberto da prisão de uma memória em particular e do falso significado atribuído a ela. As feridas emocionais causadas pelo incidente que forçou a repressão de sua memória deve ser curada. Paulo fala de Deus como o Pai da compaixão (I Co. 1:3-4) e também enfatiza que a provisão do sangue de Cristo é um aspecto da Sua perfeita sabedoria (Ef. 1:7-8). De fato, é a "contínua aspersão do Seu sangue" que guarda o coração e a consciência das "palavras mortas" (Hb. 9:14; 10:22) e nos liberta do cativeiro emocional destas palavras a fim de que possamos servir ao Deus vivo.
Segundo: A cura interior deve quebrar padrões de respostas habituais e comportamentos que foram gerados em reação a um trauma inicial. A pessoa que está sendo curada deve cooperar ativamente neste processo, ao invés de reagir passivamente à instruções e manipulações do que ministra a cura interior. Toda redenção envolve o fazer escolhas e o exercício da nossa vontade. Uma vez que fomos convocados ao arrependimento e renovação, somos também chamados a abandonar velhas formas de responder às pessoas e circunstâncias (Cl. 3:12-17; I Pe 2:1-3). Nós devemos portanto aprender novas atitudes e formas de lidar com estas situações (Ef. 4:22-24; I Pe. 1:5-9).
Terceiro: A cura interior deve produzir mudanças pessoais que sejam compatíveis com a revelação das Escrituras, do nosso novo ego (eu) em Cristo. Isto deve estar combinado com uma ênfase na confiança do que Deus nos diz sobre nós mesmos, mais do que nossos sentimentos podem dizer. A postura bíblica sobre a nossa natureza é, com certeza, uma avaliação verdadeira e mais confiável do que a feitapor nossos medos, iras e memórias, sem mencionar as acusações do Adversário (Rm. 8:1-2). A cura interior deve nos ajudar a sermos reeducados (através da palavra de Deus) acerca de quem somos em Cristo. Uma vez que entendemos como Deus nos vê, bem como a provisão que Ele fez para o nosso crescimento, nós começaremos a desenvolver uma auto-estima que corresponde precisamente à nossa confiança na justiça de Cristo, mais do que em nossa própria (Rm. 12:3).
Nós não temos que abandonar o ponto-de-vista bíblico ou o compromisso com o senhorio de Cristo a fim de podermos nos beneficiar da cura interior. De fato, se tal necessidade for expressa ou se está implícita, é aconselhável reconsiderar a validade dos fundamentos que têm sido colocados.
Jesus mesmo reconheceu o dilema fundamental da humanidade, bem como suas secundárias implicações emocionais e psicológicas. Ele reconheceu o problema de se atingir auto-estima diante em ambiente hostil e uma consciência igualmente hostil que foi imperfeitamente moldada por influências imperfeitas durante os anos de formação da pessoa. A consciência ainda não-redimida se torna um entrave na condição psicológica, o qual inevitavelmente produz sua própria dissolução (Rm. 8:6). Jesus sugeriu ao homem que a vida entregue a Ele e o fato de seguirmos seu exemplo - mesmo a sua morte como mártir - é uma carga mais fácil de ser suportada do que se lutarmos com as nossas próprias forças. (Mt. 11:28-30).
Parte II
PNEUMATOLOGIA REFORMADA DE VERDADE!
DEFINIÇÕES E DESAFIOS NICODEMOS LOPES 
 
O que é ser "reformado"?
A primeira questão com a qual nos defrontamos ao abordar o tema desse pequeno ensaio é a de definir exatamente sobre o que estamos falando. O nosso assunto gira em torno da compreensão reformada sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo. Mas, o que queremos dizer por "reformada"? 
Não existe unanimidade entre os que se consideram herdeiros da Reforma protestante quanto ao sentido do termo. Historicamente, o termo "reformados" foi usado a princípio indistintamente para todos os protestantes, calvinistas, luteranos e zwinglianos. Com as controvérsias entre eles sobre a Ceia, "reformados" passou a designar zwinglianos e calvinistas somente, em contraponto aos luteranos. E com o arrefecimento da importância de Zwinglio no cenário protestante, "reformados" passou a designar os calvinistas. Portanto, é historicamente correto afirmar que um entendimento reformado sobre o Espírito Santo tem a ver primaria e basicamente com a teologia calvinista sobre o Espírito Santo. Hoje em dia, muitas igrejas e denominações se utilizam do nome "reformada", mesmo que já tenham abandonado em grande medida partes fundamentais da teologia calvinista, inclusive a pneumatologia. O mesmo acontece com alguns pastores que consideram-se reformados apesar do fato de que não são calvinistas em sua doutrina. Assim, embora para alguns hoje ser reformado seja pertencer a uma igreja que historicamente descende da reforma protestante, ou ainda manter o espírito reformista que marcou os reformadores, é mais exato dizer que o conceito está ligado às principais convicções doutrinárias dos reformadores, particularmente às de João Calvino.
Consequentemente, uma pneumatologia reformada é necessariamente aquela adotada pelas igrejas que são herdeiras do Cristianismo bíblico. É uma pneumatologia originada nas Escrituras e defendida por Agostinho, Calvino, e os puritanos, tendo sua expressão adequada nas confissões de fé reformadas. É uma pneumatologia derivada de uma leitura das Escrituras a partir dos pressupostos principais que guiaram esses homens, a começar com o alto apreço pelas Escrituras como Palavra de Deus, inspirada e infalível, e única regra de fé e prática da Igreja. À luz desta visão podemos definir pneumatologia reformada como sendo aquela compreensão da pessoa e da obra do Espírito Santo que parte da revelação divina grafada nas Escrituras, lida e interpretada da ótica da hermenêutica reformada, tendo como alvo a glória de Deus e o avanço do seu reino neste mundo.
Se considerarmos que apenas os que se mantém leais aos principais pontos da doutrina calvinista podem ser realmente chamados de reformados, verificaremos que são poucos os verdadeiros reformados. Escreve o ex-calvinista Clark Pinnock:
Tenho a forte impressão, confirmada até mesmo pelos que discordam dela, que o pensamento de Agostinho está perdendo sua influência nos evangélicos de hoje. Não são apenas os evangelistas que estão pregando um evangelho arminiano. É difícil até mesmo achar um teólogo calvinista hoje que esteja disposto a defender a teologia reformada em seus detalhes mais peculiares, em particular as opiniões de Calvino e Lutero. Eu não estou sozinho, especialmente agora que Gordon Clark faleceu e John Gerstner aposentou-se.
Numa época em que o número de "reformados" comprometidos com a teologia calvinista é tão pequeno, não é de se estranhar que tendências teológicas, filosóficas e hermenêuticas, trazidas no bojo do pós-modernismo e do crescente movimento neopentecostal, se infiltrem nas igrejas historicamente reformadas, e descaracterizem, onde aceitas, a compreensão correta acerca do Espírito Santo. Tais ameaças já estão presentes, e que aparentemente vieram para ficar por um longo tempo. Entende-las agora é essencial para a preservação da identidade reformada quanto à obra do Espírito Santo no mundo e na Igreja. No que se segue, procuro detectar e analisar alguns destes desafios
O Desafio Teológico: Pelagianismo
O que é o Pelagianismo
O primeiro desafio vem da área teológica, representado pelo pelagianismo, heresia antiga e já condenada pela Igreja, mas jamais erradicada do seu meio. O pelagianismo sustenta basicamente que todo homem nasce moralmente neutro, e que é capaz, por si mesmo, sem qualquer influência externa, de converter-se a Deus e obedecer à sua vontade, quando assim o deseje. Uma das grandes disputas durante a Reforma protestante versou sobre a natureza e a extensão do pecado original. Ele afetou Adão somente, ou todo o gênero humano? A vontade do homem decaído é ainda livre ou escravizada ao pecado? No século V Pelágio havia debatido ferozmente com Agostinho sobre este assunto. Agostinho mantinha que o pecado original de Adão foi herdado por toda a humanidade e que, mesmo que o homem caído retenha a habilidade para escolher, ele está escravizado ao pecado e não pode não pecar. Por outro lado, Pelágio insistia que a queda de Adão afetara apenas a Adão, e que se Deus exige das pessoas que vivam vidas perfeitas, Ele também dá a habilidade moral para que elas possam fazer assim. Ele reivindicou mais adiante que a graça divina era desnecessária para salvação, embora facilitasse a obediência.
Agostinho teve sucesso refutando Pelágio, mas o pelagianismo não morreu. Várias formas de pelagianismo recorreram periodicamente através dos séculos. Lutero escreveu um livro "A Escravidão da Vontade" em resposta a uma diatribe de Erasmo, onde o mesmo defendia conceitos pelagianos. Lutero acreditava que Erasmo era "um inimigo de Deus e da religião Cristã" por causa do ensino dele sobre o pecado original. É bom notar que o Catolicismo medieval, sob a influência de Aquino, adotara um semi-pelagianismo, mesmo que na antigüidade houvesse rejeitado o pelagianismo puro. Neste sistema, acreditava-se que o homem cooperava com a graça de Deus para a salvação.
No século XVIII, uma forma nova e levemente modificada de pelagianismo, apareceu, que foi o arminianismo. Existem algumas diferenças entre as duas posições, mas ambas são sinergistas (o homem coopera para sua salvação) e mantém o mesmo conceito de fé (uma decisão puramente humana de receber a Jesus Cristo, e não como um dom misericordioso de Deus).
A influência de Charles Finney
No século XIX, o evangelista americano Charles Grandison Finney reavivou o puro pelagianismo. Ele repudiou abertamente quase todas as principais doutrinas calvinistas (mesmo que tenha sido ordenado na Igreja Presbiteriana), em particular a doutrina depecado original e da depravação total. É um grave erro histórico e teológico considerar Finney como "reformado" (alguns, exagerando, diga-se, nem desejam considerá-lo como evangélico). A metodologia evangelística de Finney teve tanto êxito, que ele se tornou um modelo para os evangelistas mais recentes. Embora o evangelicalismo americano não tivesse aceitado integralmente o pelagianismo de Finney, abraçou, entretanto, sua metodologia, uma forma de semi-pelagianismo que infectou a alma da sua teologia até o dia de hoje. Vários movimentos nasceram conscientemente da teologia de Finney, como a teoria do governo moral.
Ameaças à doutrina do Espírito Santo 
O pelagianismo, em suas variadas formas contemporâneas, ameaça a doutrina reformada do Espírito Santo especialmente nas áreas da regeneração e da chamada eficaz, das seguintes maneiras:
a) Reduz a regeneração do pecador a uma decisão de sua própria vontade. Finney rejeitou a idéia de que a regeneração fosse um milagre, uma transformação sobrenatural produzida pela ação soberana do Espírito no coração dos eleitos. Para ele, regeneração era a decisão do pecador em se voltar para Deus e obedecê-lo. Não poderia haver nenhuma transformação miraculosa, pois não havia o que transformar, já que o pecador é moralmente capaz de obedecer a Deus. Após a negação de pecado original, foi somente um passo para que Finney negasse a doutrina da regeneração sobrenatural. O sermão mais popular de Finney, pregado na Igreja da Rua do Parque, em Boston, foi intitulado "Os Pecadores Devem Mudar os Próprios Corações". Para ele, não há nada na religião que ultrapasse os poderes ordinários de natureza. "Religião é obra do homem", disse ele. "Consiste tão somente no emprego apropriado dos poderes naturais. É somente isso e nada mais"
b) Reduz a chamada eficaz do Espírito Santo a uma mera persuasão moral. Para Finney, a obra do Espírito limita-se ao exercício de influências morais no pecador, mas "a conversão em si ... é ato do próprio pecador", afirma ele em sua Teologia Sistemática (p. 236). O ensino calvinista é que o Espírito de Deus, através do ministério da Palavra, chama irresistivelmente o eleito, regenerando-o e assim habilitando-o a responder positivamente em fé à oferta das boas novas do Evangelho. Essa chamada é irresistível, embora não se constitua uma violação da vontade do pecador. No conceito pelagiano (ou semi-pelagiano), o Espírito de Deus apenas se esforça para persuadir os pecadores, cabendo a estes em última análise a decisão e a capacidade de converter-se e tornar para Deus, exercendo fé em Cristo.
O desafio do pelagianismo em suas formas contemporâneas para a identidade reformada é alarmante. O pentecostalismo, em seu crescimento assombroso na América Latina e no Brasil, traz em seu bojo, além de várias outras ameaças e desafios, os principais conceitos do antigo pelagianismo, e desafia as igrejas reformadas a rever o conceito calvinista da atuação do Espírito Santo na regeneração e salvação do pecador. Os pentecostais são hoje mais de 450 milhões no mundo. Com o crescimento do pelagianismo no Brasil, a identidade reformada das igrejas que assim se consideram fica ameaçada, no que respeita à obra do Espírito Santo na conversão dos pecadores.
Mas o desafio maior vem de dentro das próprias igrejas históricas. Não são muitos os "reformados" que aderem coerentemente à doutrina calvinista da depravação total. Embora possam afirmá-la em princípio, acabam sendo incoerentes por também acreditar que o pecador tem a "capacidade moral de se voltar para Deus". Praticamente ninguém hoje declararia, "eu sou um pelagiano, ou semi-pelagiano", primeiro, por que toda a Cristandade condenou no passado essa heresia, e segundo, por que poucos que adotam esta linha têm idéia do que o pelagianismo significa. Muitos ministros de igrejas reformadas provavelmente ofereceriam as respostas corretas em um exame teológico, entretanto, operam em seus ministério como se essas convicções não tivessem absolutamente nenhuma conseqüência.
Os Desafios Filosóficos: Pluralismo e Pragmatismo
O pluralismo religioso
Um outro desafio de imensas proporções vem de duas filosofias características do período pós-moderno em que vivemos. A primeira delas é o pluralismo. Como o nome já indica, essa filosofia defende a pluralidade da verdade, ou seja, que não existe uma verdade absoluta, mas sim verdades diferentes para cada pessoa. Esse conceito é ambíguo, mas definitivamente já faz parte integrante da nossa cultura presente. Ele defende o relacionamento de pessoas com ideologias diferentes, sem que uma tenha de sujeitar suas convicções ao domínio da outra. A idéia de converter alguém às suas próprias convicções é politicamente incorreto. A chave está na valorização da negociação e da cooperação em lugar de se tentar provar que se está certo ou errado. 
O pluralismo religioso, por sua vez, prega o abandono da "arrogância" teológica do cristianismo, nega que exista verdade religiosa absoluta, e exalta a experiência religiosa individual como critério último para cada um. Por exemplo, o padre católico Raimundo Panikkar, descendente de hindus, escreveu um artigo onde defende que isolacionismo já não é mais possível na sociedade globalista em que vivemos. Embora afirme que aceitar o pluralismo religioso não signifique o mesmo que aceitar o relativismo, deixa claro que a experiência religiosa individual é a chave para a convivência pluralista. Diz ele, "No momento eu estou experimentando o amor de Deus por mim em Cristo Jesus, e por este motivo eu sei com perfeita clareza que ele é o caminho, a verdade e a vida".
O pluralismo religioso defende uma nova teoria missiológica, onde não mais se prega a necessidade de conversão de outras religiões ao cristianismo, e sim a cooperação entre todas as religiões, naquilo que têm em comum. O pressuposto é que o cristianismo não é o único caminho para Deus, embora seja o melhor, e que Deus está agindo salvadoramente no âmbito de outras religiões, como as religiões orientais.
O pragmatismo religioso
A outra filosofia é o pragmatismo. Seu popularizador, o psicólogo americano William James, afirmou que idéias humanas eram verdadeiras se funcionassem ou fossem úteis para resolver problemas. Já que o funcionamento e utilidade das idéias variam de contexto para contexto, segue-se que a verdade é relativa. No dizer de Francis Schaeffer, é um sistema de pensamento que faz das conseqüências práticas de uma crença o critério supremo da sua verdade. O pragmatismo dominou rapidamente a cultura americana e estendeu-se para além das suas fronteiras. Adotar as coisas que realmente preservam a paz individual e uma situação financeira confortável, sem qualquer preocupação com princípios fixos de certo ou errado é evidentemente a idéia que controla procedimentos internacionais, domésticos e individuais. Princípios absolutos tem pouco ou nenhum lugar no pensamento ocidental moderno.
Não devemos, portanto, pensar que o pragmatismo é um fenômeno ocidental. Seu princípio fundamental é inerente ao coração humano. Uma das 4 premissas básicas do substrato filosófico e religioso da Ásia, por exemplo, pode ser resumida neste parágrafo: "É direito de cada pessoa religiosa aceitar e praticar qualquer maneira de viver que achar útil ao seu modo de pensar e às suas circunstâncias sociais peculiares".
Desafios do Pluralismo e do Pragmatismo para a doutrina do Espírito Santo
O pluralismo e o pragmatismo andam geralmente de mãos dadas. Onde o conceito de verdade absoluta deixa de existir (pluralismo), as pessoas e as organizações passam a orientar as suas decisões em termos daquilo que mais satisfaz as suas necessidades (pragmatismo). A combinação destas duas filosofias aparece claramente em vários movimentos presentes nas igrejas evangélicas, e representam um novo desafio ao cristianismo em geral e aos calvinistas em particular. A pergunta que as pessoas fazem com relação ao cristianismo não é se ele é a verdade ou não, mas simplesmente se funciona. Elas querem saberse vai mudar a vida delas para melhor, se Cristo realmente é poderoso para transformá-las, e pode dar-lhes paz, alegria, esperança e propósito às suas existências. 
Ambas as filosofias trazem sérios desafios a alguns aspectos da pessoa e obra do Espírito Santo:
1) Quanto à extensão da operação ou atividade salvadora do Espírito Santo. O calvinismo ensina uma distinção nas operações do Espírito Santo, que está relacionada com os conceitos de graça comum e de graça especial. A graça comum refere-se à atuação do Espírito Santo no mundo em geral, preservando valores morais e trazendo benefícios materiais, sobre todos os homens indistintamente de suas crenças religiosas. A graça especial refere-se à operação salvadora do Espírito, restrita apenas aos eleitos, regenerando-os, iluminando-os e santificando-os pelo Evangelho de Cristo. O pluralismo religioso ameaça esse conceito, pois ensina que o Espírito de Deus age salvadoramente em todos os homens indistintamente de suas religiões, sem se restringir ao âmbito do cristianismo. Um exemplo de pluralista cristão que defende esse ponto é o ex-calvinista Clark Pinnock.
2) Quanto à relação entre a Palavra e o Espírito. O calvinismo ensina a relação indissolúvel entre a atuação do Espírito Santo e a Palavra de Deus. O Espírito atua graciosamente através da Palavra; por sua vez, a Palavra funciona como critério para reconhecermos a atividade do Espírito, em contraste com a atividade de espíritos malignos ou do espírito humano. O pluralismo e o pragmatismo ameaçam este conceito. O primeiro, porque divorcia a atuação salvadora do Espírito da verdade bíblica, como vimos no item anterior. E o segundo por enfatizar a validade de experiências religiosas à parte de seus conteúdos teológicos, ameaçando assim da mesma forma a relação entre o Espírito e a Palavra. 
3) Quanto à soberania do Espírito de Deus em converter pecadores e aumentar a Igreja. Segundo o ensino calvinista, o aumento da Igreja através da conversão de pecadores é uma obra soberana do Espírito Santo, através dos meios secundários que Deus mesmo determinou. A Igreja deve evangelizar ardorosamente, dependendo porém da operação soberana do Espírito Santo quanto aos resultados. O pragmatismo representa um desafio para essa convicção calvinista, pois enfatiza o emprego de métodos, estratégias e técnicas tiradas do marketing secular e de ciências sociais como sociologia e psicologia, através das quais a igreja poderá crescer. O sucesso ou fracasso de igrejas locais no aumentar o número de seus membros é relacionado, não à soberania do Espírito de Deus, mas ao uso desses métodos. Embora calvinistas defendam o planejamento das atividades missionárias e evangelísticas da Igreja, têm entretanto sérias reservas quanto ao planejamento de resultados, uma estratégia que faz parte do pragmatismo do moderno movimento de crescimento de igrejas.
Influência generalizada do pluralismo e do pragmatismo entre os protestantes
O pluralismo e o pragmatismo têm infectado o cristianismo mundialmente. O tema da salvação em outras religiões foi discutido recentemente na Assembléia Geral do Concílio Mundial de Igrejas. O relatório apresentado trouxe debate considerável. Uma consulta teológica na suíça patrocinada pelo CMI, composta por 25 teólogos, trouxe as seguintes conclusões:
Através da história, pessoas tem encontrado a Deus no contexto de várias religiões e culturas diferentes. 
Todas as tradições religiosas são ambíguas, isto é, uma combinação do que é bom e do que é ruim. 
É necessário progredir além de uma teologia que confina a salvação a um compromisso pessoal explícito com Jesus Cristo. 
Em algumas denominações o pluralismo tem sido proposto como filosofia oficial, como na Igreja Metodista Unida, dos Estados Unidos. Nas igrejas brasileiras que se consideram reformadas, a ameaça vem por diversas avenidas, trazendo sérios desafios à doutrina calvinista do Espírito Santo. Eis algumas dessas maneiras pelas quais o pragmatismo e o pluralismo têm invadido as igrejas históricas:
a) A adoção de uma liturgia neopentecostal, particularmente a ênfase na experiência. O culto hoje em igrejas evangélicas que adotaram esta ênfase, é geralmente uma adaptação comunitária do pragmatismo americano, onde todos fazem o que gostam, e todos gostam do que fazem.
b) O impacto do movimento de crescimento de igreja na área de missões e evangelização das denominações, missões paraeclesiásticas, e das igrejas locais. Mesmo as igrejas reformadas não tem escapado à penetração dessas influências mencionadas acima. Embora o movimento tenha levado a Igreja a repensar mais corretamente a sua metodologia missionária, por outro lado, tem provocado reações por parte de calvinistas quanto à seus pressupostos semi-pelagianos e sua metodologia claramente pragmatista.
A influência dessas filosofias pós-modernas pode ser percebida ainda de outra maneira. Uma equipe de pesquisa composta de 60 estudiosos e mais de 100 sócios completou um estudo sobre o presbiterianismo americano, no seminário presbiteriano de Louisville, nos EUA. Uma das suas conclusões é que no século XX a denominação sofreu de uma doença teológica, com muitos presbiterianos evitando posições firmes e claras na área teológica porque diferenças doutrinais tendem a produzir conflito ou divisão. Essa é a razão por que eles tentaram em anos recentes resolver problemas potencialmente divisivos em termos políticos e não teológicos.
A diversidade de perspectivas teológicas dentro das denominações presbiterianas tem origem na escolha enfrentada em 1927 pela Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos de América (PCUSA). A denominação teve que decidir entre subscrever a um conjunto fixo de doutrinas ou permitir uma diferença maior entre opiniões teológicas. A Igreja decidiu por não delinear as doutrinas exatas que todos os presbiterianos teriam que aceitar, uma decisão consistente com o presbiterianismo histórico daquele país. Debates doutrinários haviam sido freqüentes no passado, com divisões acontecendo sempre que as disparidades ficavam intoleráveis. A pergunta agora é se o pluralismo teológico produziu alguma teologia que tenha bastante substância. O pluralismo promete enriquecer a teologia mas na realidade tende a dilui-la em opções múltiplas que não são coerentes nem persuasivas. E a identidade reformada quanto à ação do Espírito tende a desaparecer.
O Desafio Hermenêutico: Neopentecostalismo
O que é o neopentecostalismo
Por neopentecostalismo quero dizer aqueles movimentos surgidos em décadas recentes, que são desdobramentos do pentecostalismo clássico do início do século, mesmo que abandonaram algumas de suas ênfases características e adquiriram marcas próprias, como ênfase em revelações diretas, curas, batalha espiritual, e particularmente uma maneira sobrenaturalista de encarar a realidade espiritual.
A hermenêutica destes movimentos é caracterizada por uma leitura das Escrituras e da realidade sempre em termos da ação sobrenatural de Deus. Deus é percebido somente em termos de sua ação extraordinária. Para o neopentecostal típico, Deus o guia na vida diária através de impulsos, sonhos, visões, palavras proféticas, e dá soluções aos seus problemas sempre de forma miraculosa, como libertações, livramentos, exorcismos e curas. A doutrina que define, mais que qualquer outra, as igrejas evangélicas no Brasil hoje, é a crença em milagres. É claro que não estou dizendo que crer em milagres seja errado. O que estou dizendo é que, na hora que a crença em milagres contemporâneos e diários passa a ser a característica maior da igreja evangélica, algo está errado.
Desafios para a doutrina do Espírito Santo
A hermenêutica sobrenaturalista do neopentecostalismo representa um desafio para a identidade reformada pois tende a menosprezar uma das doutrinas típicas do calvinismo, que é a providência de Deus. Partindo das Escrituras, os reformados usam o termo providência para se referir à ação de Deus, pelo seu Espírito, agindo no mundo através de pessoas e circunstânciasda vida para atingir seus propósitos. Esses meios não são intervenções miraculosas ou extraordinárias de Deus na vida humana, mas simplesmente meios naturais secundários. Os calvinistas reconhecem que Deus intervém miraculosamente neste mundo, mas sempre em regime de exceção. Normalmente, ele age através dos meios naturais.
O neopentecostalismo, por enfatizar a ação sobrenatural e miraculosa de Deus no mundo (a qual não negamos, diga-se), acaba por negligenciar a importância da operação do Espírito Santo através de meios secundários e naturais. Essa negligência torna-se mais séria quando nos conscientizamos que o Espírito normalmente trabalha através de meios secundários e naturais para salvar os pecadores. Acredito não ser difícil de provar que a esmagadora maioria dos cristãos foram salvos através de meios naturais – como o testemunho de alguém, a leitura da Bíblia, a pregação da Palavra – e não através de intervenções miraculosas e extraordinárias, como foi a conversão de Paulo.
Como resultado do sobrenaturalismo neopentecostal, as igrejas reformadas por ele afetadas tendem a considerar os meios naturais como sendo espiritualmente inferiores. Um bom exemplo é a tendência de não se tomar remédios, como sendo falta de fé. Um outro resultado é a diminuição da pregação do Evangelho como meio de salvação dos pecadores, e a ênfase nos milagres como meio evangelístico. Assim, a obra do Espírito na Igreja e no mundo através dos meios naturais secundários é negligenciada, com graves e perniciosos efeitos nas vidas dos que abraçam a cosmovisão neopentecostal.
Conclusão
Esses desafios à identidade reformada quanto à ação do Espírito Santo já se encontram presentes em nosso meio, e prometem persistir por ainda muito tempo. Alguns dos movimentos contemporâneos que trazem no bojo de seus pressupostos e de sua metodologia esses desafios, continuam a crescer no Brasil, e a influenciar as igreja reformadas. Esses movimentos, como o reavivalismo, crescimento de igrejas, batalha espiritual e ecumenismo forçam as igrejas reformadas a reavaliar o que crêem quanto à ação do Espírito na Igreja e no mundo. O desafio é que façamos isso procurando cada vez mais conformar essas crenças com o ensino das Escrituras Sagradas, a Palavra de Deus, e com a nossa tradição calvinista.
Parte III
NÓS TAMBÉM RESSUCITAREMOS 
 1Coríntios 15
1. INTRODUÇÃO
Precisamos começar nosso estudo sobre a escatologia confessando nossa ignorância. Nós sabemos muito pouco, mas sabemos o mais importante: nosso futuro está guardado no Livro da Vida, escrito por Deus.
2. VIVENDO EM FUNÇÃO DA RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO
Os versos 3 e 4, complementados pelos versos 5 a 8, formam uma síntese do Evangelho. Foi este o conteúdo que Paulo recebeu e transmitia. (Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de 500 irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo.
2.1. A narrativa da ressurreição
Este é o Evangelho que nós recebemos e devemos transmitir. Por isto, precisamos começar falando do fato da ressurreição de Jesus e o faremos primeiramente de forma poética.
ELOGIO À MULHER
O teu olhar para dentro da noite
é o olhar de quem busca a vida
e não teme o sepulcro.
A tua lágrima que salta de dentro 
é a lágrima de quem perdeu
toda a luz que da alegria nasce.
A tua visão de dois anjos na noite
é a visão de quem enxerga o mistério
e ouve a sua voz em meio ao silêncio triste.
Soluça, mulher, maria , madalena,
que no fundo dos teus olhos
dois anjos proclamarão a manhã.
Chora, mulher, maria, madalena,
que nos intervalos dos teus soluços
ouvirás a palavra de quem procuras.
Mulher, reclama o corpo que roubaram.
Ladrões, para onde o levaram?
Mulher, de quem é esta voz que te olha?
De quem é este olhar que te chama?
Olha, mulher, e vê que é rosto do homem que querias morto.
E agora tu o chamas pelo nome das flores.
E agora tu o vês pela imagem das águas
antes que ele Deus todo seja
e marche para o azul ao encontro deste Pai
que se fez filho conosco
e se deixou enterrar nas horas das pedras
Tu o viste, não entre a reclusão das lápides,
nem a respirar a quietude dos troncos tombados,
mas a caminhar por entre as pétalas,
a ouvir o teu lamento sem luz.
Tu o viste, não a anunciar a vitória da noite,
nem a chorar a dor por quem partiu para sempre,
Mas a proclamar o sorriso suave dos teus lábios,
tu que sorriste com ele
na mais feliz de todas as madrugadas:
quando a rocha se fendeu
e ele pôde enxugar da fronte o orvalho que anunciava a sua ressurreição.
(Israel Belo de Azevedo)
2.2. O fato da ressurreição (v. 11-11,20)
A morte de Jesus é um fato histórico não mais questionado e, junto com ele, o seu sepultamento. No entanto, a sua ressurreição tem sido questionada em sua veracidade histórica e isto não é de hoje. Também, e igualmente não de hoje, tem sido questionada fortemente a possibilidade da ressurreição dos homens no final dos tempos, especialmente pela dificuldade de elas (tanto a de Jesus quanto a dos cristãos) fazerem sentido à luz da razão.
2.2.1. Contestações à ressurreição
Quanto à ressurreição de Jesus, os argumentos em contrário, são, entre outros:
A falta de documentos extrabíblicos que a registrem; 
As contradições nas narrativas bíblicas sobre o mesmo fenômeno; 
A impossibilidade da ressurreição à luz da razão; 
A natureza não essencial da ressurreição para a fé cristã. 
Quanto à ressurreição dos mortos em geral, argumenta-se que o fenômeno, tal como aconteceu com a de Cristo, não tem amparo na razão, à qual devem estar subordinados todos os fatos.
2.2.2. Respostas às contestações
De fato, não há narrativas extrabíblicas para o fato da ressurreição de Jesus. Não o há também para o nascimento e para a morte de Jesus.
A ressurreição é apontada como um fato essencial para a fé. O apóstolo Paulo várias vezes o afirma, deixando bem claro, em Romanos 10.9-10, que a salvação vem pela confissão de Jesus Cristo como Senhor e pela crença de que o Pai ressuscitou Jesus dentre os mortos.
Quanto às chamadas contradições, tratam-se antes de narrativas com focos particulares. Cada testemunha narrou segundo a sua perspectiva e segundo o que viu. Aliás, o teórico comunista Karl Kautsky começou a levantar estas contradições para desmascarar o Cristianismo. Sua conclusão, que ajudou a expulsá-lo do Partido Comunista foi outra: se a ressurreição de Jesus fosse uma lenda, as versões seriam previamente combinadas; o fato de guardarem uma subjetividade entre elas é uma evidência que nada foi inventado. Por isto tem razão também outro não cristão, o historiador judeu Pinchas lapide, para quem a ressurreição é a certidão de nascimento do Cristianismo.
Os símbolos cristãos são símbolos da Ressurreição. O que é o batismo? A imersão simboliza a morte para o pecado e a ressurreição para uma nova vida. O que é a Ceia, senão a afirmação da morte de Cristo e sua volta, que só é possível por ter ressuscitado.
Não podemos esquecer ainda que parte das testemunhas do túmulo vazio era formada por mulheres. Se a história fosse uma lenda, seus inventores não colocariam essas narrativas nas bocas das mulheres, incapazes, na lógica da época, da falar a verdade e, portanto, indignas de crédito. Que judeu iria crer numa ressurreição testemunhada por mulheres.
Há outra evidência interessante. Quanto custou para os primeiros a fé na ressurreição? Além do escárnio, muitos pagaram com a vida. Não seria razoável morreriam por uma lenda. Eles pregaram o Evangelho da Ressurreição como testemunhas.
Alguém dirá que Paulo não foi testemunha ocular e, de fato, não o foi. Ele pelo se autodenomina de apóstolo (testemunha)nascido fora do tempo (v.8). Os versículos 3 e 8, especialmente 3 e 4, não são da lavra do Paulo, que afirma tê-los recebido. Quando ele começou a pregar, já pregava segundo as Escrituras, isto é, segundo o que recebera de outras testemunhas. A fé na Ressurreição não foi inventada por Paulo. A fé na Ressurreição não foi inventada por Paulo. Ele creu nela depois que o próprio Jesus lhe apareceu e depois do que aprendeu com os outros cristãos.
Se é difícil crer na Ressurreição de Jesus, e o é, porque fruto da fé, é mais difícil ainda crer nas idéias, há muito esposadas, que o corpo dele foi, na verdade, roubado. 
Os antigos judeus não sustentaram esta farsa diante de José de Arimatéia. Mais recentemente, muitos creram noutro delírio: que ele não ressuscitou, mas se reincarnou. Há gente de provas documentais e racionais para a perspectivas cristã leva pessoas a forjarem teses delirantes, sem qualquer apoio documental contemporâneo e sem qualquer elemento de racionalidade.
O problema do crivo racional é tão sério que até mesmo cristãos, como Rudolf Bultmann, no início do século 20, chegaram a considerar como não essencial a ressurreição de Jesus. Ensinava aquele teólogo que o importante era ter a fé que os primeiros cristãos tiveram, pouco importando a historicidade desta fé.
3. A FELICIDADE DA FÉ NA RESSURREIÇÃO
Paulo cria na Ressurreição como um fato histórico e deriva o fato da nossa própria ressurreição daquela.
É como ele que devemos crer. Ele lembra que a crença na Ressurreição era parte da pregaçào da Igreja. O autor de !Coríntios relaciona esta ressurreição com a nossa. (Se não há ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé, e somos tidos como falsas testemunhas de Deus. (...) Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. (v. 12-19)
Sem a fé na Ressurreição de Cristo e sem a esperança em nossa ressurreição no fianl dos tempos, nós somos infelizes.
Por que somos infelizes sem a Ressurreição?
Somos infelizes porque cremos numa Bíblia que nos ensina uma farsa e nos faz crer numa lenda ou numa alucinação coletiva, mas acontecia em blocos, porque pessoas isoladas e grupos viram Jesus com o corpo glorificado. 
Somos infelizes porque cremos num Cristianismo, que faz de uma lenda o pilar do seu conteúdo existencial e teológico. 
Somos infelizes porque abrimos mão da bênção regeneradora da ressurreição (1Pedro 1.3). Sem a ressurreição, o evangelho está incompleto. Sem a ressurreição não podemos ser salvos. Não há poder na mentira. 
Somos infelizes porque abrimos mão da fé para ficar com a razão, razão que matou Jesus Cristo, razão que foi insuficiente (junto com a Lei) para levar o homem ao reencontro com Deus, razão que não faz nenhum de nós um salvo por Cristo no presente e no futuro. Aliás, o século 20, o século da razão por excelência, é a maior prova da falácia e da insuficiência da razão, pois foi o século com maior número de guerras e de vítimas de toda a história da humanidade. 
Nós temos esquecido que Cristo ressuscitou. Tem feito pouca diferença em nossas vidas a esperança de que ressuscitaremos.
Como Paulo, precisamos crer na Ressurreição de Jesus, por se tratar de uma das colunas da fé cristã.
Mais que crer, precisamos viver como se crêssemos na Ressurreição, porque somos capazes de cantar e declarar que cremos em algo sem viver como se crêssemos.
Cristo ressuscitou para que nós pudéssemos ressuscitar -- eis o fundamento de nossa própria esperança.
4. UMA VIDA RADICALMENTE DIFERENTE
Na primeira parte do capítulo, o apóstolo Paulo põe todo o seu argumento na certeza da ressurreição de Cristo e dela deriva a esperança da nossa. Precisamos ficar com esta ênfase: se não vamos viver uma vida pós-humana, somos lastimáveis humanos. A ressurreição de Jesus e a nossa não são temas apenas de natureza especulativa, mas de ordem existencial.
O argumento da indispensabilidade da ressurreição é repetido nas partes seguintes do mesmo capítulo. Conquanto o apóstolo não detalhe o chronos do que há de vir, oferece-nos uma visão bastante ampla da existência pós-histórica.
4.1. Entre o fanatismo milenista e o fatalismo secularista
Os temas relacionados à escatologia têm sido tratados de duas maneiras antitéticas: uma se aproxima da superstição e outra compõe a fila do paganismo.
Essas duas tendências são retratadas neste capítulo 15 de 2Coríntios, especificamente nos versículos 29 e 32.
4.1.1. O milênio como superstição
No verso 29, o apóstolo Paulo menciona que em Corinto havia cristãos que se batizavam por antepassados mortos. (De outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se batizam por eles?) Esses cristãos estavam tão certos que Cristo voltaria para aquela geração que, para salvar seus queridos já mortos, lançavam-se às águas do batismo, achando que assim contribuiriam para a remissão dos pecados deles e os preparariam para o juízo final próximo.
A propósito, os mórmons, com cujos representantes cruzamos a todo instante pelas ruas da cidade, ensinam, a partir deste versículo, que os cristãos de hoje devem se batizar pelos seus parentes não cristãos para que eles possam ser salvos. É uma espécie de quebra de maldição ao contrário. Esses intérpretes preferem ignorar o fato que, quando Paulo menciona batismo pelos mortos, ele não a recomenda, mas apenas a sua para argumentar o seu absurdo... Além disso, eles se esquecem da verdade bíblica essencial, segundo a qual nós somos julgados quando, em vida, escolhemos aceitar ou recusar o sacrifício de Jesus Cristo por nós. Como diz o evangelista João, quem crê [em Jesus] não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus (João 3.18). 
O fanatismo coríntio, no entanto, encontrou entre os tessalonicenses outra expressão. Muitos deixaram os seus empregos e suas escolas, certos que a volta iminente de Cristo tornava inúteis o trabalho e o estudo. Ao longo da história, este erro foi várias vezes cometido. Centenas de líderes fanáticos marcaram datas e lugares para a parousia. Todos fracassaram, como fracassarão todos que continuarem a fazê-lo e muitos ainda o farão. Há pessoas que querem saber mais que Jesus, que garantiu que aquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai (Mateus 24.36). Devemos, portanto, tomar cuidado com as escatologias calendaristas, aquelas que, olhando os inequívocos sinais da proximidade do fim da história, equivocam-se ao marcar, com certeza, esquemas e datas.
4.1.2. O milênio distante
A segunda tendência Paulo a menciona de passagem no versículo 32, quando transcreve um dos argumentos da filosofia epicurista, bastante aceita à época. (Se, como homem, combati em Éfeso com as feras, que me aproveita isso? Se os mortos não são ressuscitados, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos.)
Contrariamente àqueles que vivem como se o mundo fosse explodir pelos ares ainda hoje, os secularistas de Corinto e de nossa cidade vivem na perspectiva que isto jamais acontecerá ou, se acontecer, está muito distante. Nesta visão, a história não tem um sentido. Sartre, que embalou as duas gerações do pós-guerra, ensinava que a vida não tem sentido; só o presente importa. Epicuro, no passado remoto, e Sartre, no passado recente, têm corrompido a nossa teologia prática. Em Corintio e em nossa cidade, as más companhias corrompem os bons costumes (verso 33). Por isto, o apóstolo recomenda: Acordai para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa (verso 34). Em outras palavras, quem está neste caminho secularizado deve acordar para a justiça, isto é, para a verdade do Evangelho, e não pecar mais seguindo vergonhosamente teorias e perspectivas contrárias à Palavra de Deus.
Para os existencialistas de ontem ou de hoje, Cristo voltará,mas não para esta geração. Logo, o importante é viver o agora. Há cristãos para os quais a parousia não significa nada; é como se não fosse algo relevante, embora haja uma profusão de textos bíblicos a respeito e todo um livro para a descrever, o Apocalipse.
O tema da escatologia afugenta a muita gente, por suas dificuldades e pelas muitas discordâncias entre os estudiosos do assunto. Além disso, de tanto se falar que a volta de Cristo está próxima, ela acaba vista como sendo algo distante...
No século 19 houve também uma tendência explícita, a de que o homem construiria uma sociedade com tal grau de perfeição, pela influência do Evangelho, que não haveria necessidade de Cristo voltar. O progresso educacional, moral, científico e tecnológico a nova terra. Nós reescreveríamos os apóstolos: Cristo não precisaria voltar; nós é que iríamos ao seu encontro, ao realizarmos seu projeto. Hoje não se enuncia esta teologia, mas se vivencia esta teologia imanentista, o que é pior.
4.1.3. Uma visão bíblica
Diferentemente destas visões equivocadas, precisamos de uma visão bíblica acerca do presente e do futuro. O nosso presente é possível porque no passado Jesus Cristo morreu e ressuscitou por nós. O nosso presente é possível porque no futuro Jesus Cristo voltará para nos fazer ressucitar e viver para sempre com Ele num tipo de vida radicalmente diferente da que conhecemos e experimentamos.
Nossa visão de Jesus Cristo deve ser tão forte que nos leve a viver como Paulo, que perguntava: E por que nos expomos também nós a perigos a toda hora? Sua resposta era veemente: Eu vos declaro, irmãos, pela glória que de vós tenho em Cristo Jesus nosso Senhor, que morro todos os dias (versos 30 e 31). Nós vivemos segundo o que cremos. Se cremos que Jesus Cristo veio, nós o oferecemos a todos quantos podemos; se cremos que Ele voltará, queremos que outras pessoas nos acampanhem nesta jornada sem fim pelo tempo sem relógio da eternidade.
5. A HISTÓRIA TEM SENTIDO
O estudo da escatologia, como ensinada pelo apóstolo Paulo, no capítulo 15 de 1Coríntios, nos mostra que a história tem um sentido.
Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver destruído todo domínio e toda autoridade e todo poder.
Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. (Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte.) Pois se lê: "Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés". Mas, quando diz: "Todas as coisas lhe estão sujeitas", claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas.
E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos (versos 24-28).
A história humana terá um fim quando o mal for aniquilado de modo terminal. O presente geme pela atuação dos domínios, autoridades e poderes. Este é a primeira utilidade de uma fé que contempla as dimensões escatológicas: nossa vida hoje pode ser marcada pelo gemido, mas esta história terá um fim.
Não há inimigo que não seja derrotado. Aquele que derrotou o inimigo definitivo, que é a morte, tornada relativa, derrotará qualquer outro tipo de inimigo. A morte não venceu Jesus; graças a Ele, a morte não nos vencerá.
Todos aquele que aceitar esta morte não experimentará o poder da morte sobre si. Toda a força da morte despencou sobre o corpo de Jesus, que afundou numa tumba. Se a história tivesse acabado assim, estaríamos todos mortos também. No entanto, todo o poder de Deus levantou Jesus de entre os mortos, para que nós vivêssemos. Este é o resumo do Evangelho.
No final dos tempos, Jesus entregará o Reino de Deus ao Pai. Esta afirmação deve ser compreendia no interior da economia divina da história, sob pena de não entendermos a natureza da 
Trindade. O que Paulo nos ensina é que o Filho tem uma missão e esta missão terá um fim: chegará o tempo em que Ele não será mais o mediador entre os homens e o Pai, porque não será mais necessária a presença de um mediador, já que os homens e a Trindade estarão em contato direto e eterno, na grande festa celestial. Ele, então, chegará perante o Pai e anunciará que sua obra terminou.
Quando isto acontecer, o Filho receberá toda honra, toda riqueza, toda sabedoria, toda força, toda honra, toda glória e toda bênção (Apocalipse 5.12). O contraste é claro: Ele derrota toda a autoridade e recebe por isto toda honra. A glória do Filho é a mesma do Pai. No final dos tempos, o Cordeiro reinará, submetendo sua obra ao Pai, que o exaltará sobre todo nome e toda a pessoa, e fará com que todo joelho dobre diante dEle e toda a língua Lhe cante louvores, porque estará completa a obra da salvação (Filipenses 2.9-11).
Esta obra, no entanto, começou na criação do mundo e continuou na Encarnação. Desde então Cristo reina. Ele venceu a morte porque reinava. Nós, no entanto, ainda não vencemos a morte. Venceremos quando Cristo nos ressuscitar dentre os mortos. Todos os sofrimentos humanos encontram são recompensados com a ressurreição, que os faz cessar e dá sentido a eles. 
Por isto, as últimas coisas (escaton) são, na verdade, as primeiras. Cristo é o princípio e o fim, o Alfa e Ômega, na linguagem apocalíptica. Quem está no princípio e no fim governa o presente, o nosso presente.
É encorajador saber que Jesus Cristo é rei agora também. É animador saber que, a apesar da aparência do Seu sumiço da história, Ele a controla. Ele nos controla. Ele controla as pessoas ao nosso redor. Ele controla as circunstâncias ao nosso redor. Ele controla a história, história que marcha para reconhecer que Ele é o Senhor.
6. NÃO PODEMOS PREVER O TEMPO DA PAROUSIA
Sofremos porque não vemos com clareza o tempo da vinda de Jesus Cristo. Nós gostaríamos de sabê-lo, embora isto fosse péssimo. Se a parousia fosse ocorrer este ano, e nós o soubéssemos, nós ficaríamos paralisados, como ficaram alguns da igreja de Tessalônica nos tempos apostólicos. Se a parousia fosse ocorrer em gerações posteriores à nossa, e nós o soubéssemos, nós ficaríamos descansados e não permitiríamos que ela afetasse o nosso presente.
É daí que advém a tendência de se calendarizar os acontecimentos escatológicos.
Sabemos o que vai acontecer, porque a Bíblia é clara quanto a esta descrição. Sabemos porque vai acontecer, uma vez que é a forma pela qual Deus se torna tudo em todos. A Bíblia, do Antigo ao Novo Testamento, garante-nos que, no final dos tempos, Deus reconciliará a criação, inclusive a criação humana, consigo. Os problemas estão no quando e no como.
6.1. A seqüência
Somos informados, em linhas gerais, a seqüência dos acontecimentos do fim. Paulo a enumera nos versos 24 a 28 e 20 a 23:
Na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda (versos 20-23).
Os acontecimentos do fim estão no passado (encarnação e glorificação de Jesus), no presente (nossa aceitação ou recusa do sacrifício de Cristo) e no futuro. No caso dos salvos, o esquema é claramente o seguinte.
morte de Jesus Cristo » nossa morte (ou transformação, para quem estiver vivo) 
ressurreição de Jesus Cristo » nossa ressurreição (ou transformação para quem estiver vivo) 
parousia » nosso arrebatamento 
juízo final » nosso julgamento 
consumação do Reino de Deus » vida celestial 
Esta seqüência geral pode ser detalhada, mas, ao fazê-lo, não podemos perder a visão global da história no projeto de Deus. Mesmo as discordâncias quanto ao tempo dos acontecimentos do fim no futuro não nos devem separar da esperança que o Jesus que reina agora reinará plenamente no porvir.
Os pré-milenistas não podem abafar a esperança com seus esquemas. Os pós-milenistas não podem anular a esperança com seuotimismo. Os a-milenistas não podem empobrecer a esperança com a redução dos acontecimentos do fim a meros símbolos.
6.2. Os sinais
Pressupondo a parousia é o acontecimento central, em torno do qual orbitam os demais, devemos nos acautelar duplamente, com o cuidado de não achar que a volta de Cristo é algo para o "são nunca de tarde" (conforme o alerta de Pedro -- 2Pedro 3.9) ou que é algo para tão breve que nos perturbe (2Tessalonicenses 2.2).
Nós simplesmente não conhecemos o tempo da volta de Jesus Cristo. E isto é muito bom, conquanto para alguns possa soar como um convite a colocá-lo para um futuro remoto. Nós temos que viver como se Ele fosse voltar hoje, com os olhos voltados para a Sua direção. Nós temos que viver como se Ele fosse ainda demorar a retornar, mantendo nossos olhos voltados para o crescimento em direção à Sua estatura perfeita. Enquanto tocamos nossos projetos, de curto, médio e longo prazos, devemos esperar e desejar a volta.
Era assim que Paulo pensava e agia. Embora achasse que alguns de sua geração seriam arrebatados e transformados, sem passarem pela experiência da morte (só a da transformação), pela iminência da parousia (versículo 51), ele não deixava de fazer projetos para a universalização do Evangelho.
Os sinais do fim estão na Bíblia. Alguns já se cumpriram claramente. Outros ainda não se cumpriram. Devemos ter cuidado de não os ignorar, mas também de não os produzir, fazendo com que fatos se encaixem artificialmente em nossos esquemas. Entre a indiferença em relação aos sinais e a indústria dos sinais, devemos ficar com a oração apostólica: "Maranata!" Enquanto a parousia não acontece, devemos pedir por ela, repetindo a frase com a qual Paulo termina esta epístola: "Maranata!", que quer dizer: "Vem, Senhor Jesus" (1Coríntios 16.22).
Devemos ter a humildade ainda de reconhecer que há sinais que dificilmente conseguiremos divisar com clareza. O objetivo dos sinais é nos advertir contra a possibilidade de marcar tempos que só Deus conhece. O Senhor da história não é refém de nossas interpretações, que falham, conquanto Ele não falhe jamais.
7. SÓ PODEMOS FALAR DA ETERNIDADE POR MEIO DA LINGUAGEM POÉTICA
Além da fixação do tempo para os acontecimentos do fim, nós lavramos em um outro tipo de dificuldade: a linguagem. A linguagem objetiva não consegue falar da eternidade; só a imaginação poética nos ajuda. É isto que faz o autor de Apocalipse. Tudo ali é poesia.
7.1. A imaginação poética
Toda a descrição da vida celestial, ao longo de todo o Novo Testamento, é poética. É a poesia que nos ajuda a descrever a morte, a ressurreição, a parousia e o céu. A poesia não remete para a mentira, mas para a incompetência da linguagem narrativa (jornalística, objetiva, positiva).
Não podemos tomar as imagens acerca da vida celestial e limitá-las. Quem lê o salmo 23 não pensa que Deus seja um pastor de ovelhas com um cajado na mão a cuidar delas, mas -- isso, sim -- imagina que Deus se parece com um pastor de ovelhas com um cajado na mão a cuidar dos seus filhos. Quem lê a descrição das ruas celestiais, como a de Apocalipse, não deve imaginá-las como sendo de ouro, mas como sendo tão imponentes e valorosos como o ouro, o mais rico dos metais preciosos, razão por que foi utilizado para servir como meio de comparação acerca da vida pós-esta. O céu é um lugar. Até podemos chamá-lo de nova terra, à falta de elementos para descrevê-lo, porque nada tem a ver com esta vida aqui e nada sabemos como ela será, a não ser que será radicalmente diferente desta.
Diante de nossa impossibilidade de imaginar o diferente como sendo diferente, só podemos falar da eternidade por meio da linguagem poética. Um exemplo neste capítulo é a referência à morte como sendo um sono (os que dormem -- versículo 20 --, nem todos dormiremos -- versículo 51). O apóstolo não está falando do sono da alma: está usando um termo próprio da tradição bíblica para descrever a morte.
7.2. A vida celestial
Em sua descrição poética, Paulo prefere usar a imagem da semente para descrever a natureza de nossos corpos (?) celestiais. 
Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e com que qualidade de corpo vêm?
Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. Mas Deus lhe dá um corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio.
Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra a carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes. Também há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra a glória da lua e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.
Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é ressuscitado em poder. Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual. (Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.) Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual. O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial.
Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herda a incorrupção.
Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: "Tragada foi a morte na vitória". Onde está, o morte, a tua vitória? Onde está, o morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo (versos 35-57).
Desta seção, eivada de imagens poéticas, podemos reter algumas verdades inquestionáveis:
1. A vida celestial é radicalmente diferente da vida terrena. Um fruto não se parece com o grão do qual germinou. Uma árvore não se parece com a semente que a fez nascer. A vida celeste não se parece com a vida terrena.
Nossos novos corpos não conhecerão as limitações de tempo e espaço que experimentam aqui. Podemos, diante disto, ainda nos referir a eles como "corpos"? Não está o apóstolo novamente fazendo poesia?
2. Estes nossos novos corpos serão corpos glorificados. O máximo que podemos saber a este respeito é que estes novos corpos se parecerão com o corpo do Jesus ressurreto. Mais do que isto não sabemos, exceto ainda que, quando adentrarmos à eternidade, os elementos constitutivos desses nossos corpos não serão mais a carne e o sangue, isto é, não serão células biologicamente formadas, nem serão mais passíveis de ser atingidas pelo poder do pecado.
3. A participação na vida eterna celeste é o cume do processo iniciado na ressurreição de Jesus: a vitória sobre a morte. Depois de ver Jesus reinando nos céus e de nos contemplar ajoelhados diante dEle confessando o Seu senhorio, Paulo pergunta à morte, com ironia:
-- Ei, morte, onde está a ponta aguçada de ferro com a qual você flagelava as pessoas? Ei, morte, onde está o seu sorriso de vitória? 
Mesmo a morte, este acontecimento definitivo, tornou-se relativa diante do Absoluto dos absolutos. Por isto, podemos cantar que Jesus está vencendo e um dia terminará sua obra.
8. CONCLUSÃOO apóstolo Paulo termina seu capítulo mostrando qual deve ser o sentido de se estudar escatologia: reafirmar o valor da confiança no Senhor, que transforma as nossas ações em ações úteis no Seu reino.
A especulação deve ceder lugar ao compromisso.
A recordação deve preceder a esperança.
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor (verso 58).
Podemos concluir com esta oração, própria do cristão que ora, age e espera.
PLANETA PRECÁRIO
Ele vem.
A qualquer momento, ele vem.
E eu estou indo ao seu encontro.
Ainda visto as roupas de sempre,
ainda olho nas mesmas direções,
ainda piso nos mesmos caminhos,
ainda toco nos mesmos corpos,
ainda digo as mesmas palavras que os homens
mas eu espero a hora
o instante do encontro
para um abraço muito longo.
E o meu rosto será outro.
E o meu verbo será outro.
E o meu corpo será outro.
Pode ser que eu chegue primeiro
porque eu tenho muita pressa de chegar.
Se primeiro eu for,
receberei logo a sua palavra,
mas o seu corpo
certamente esperarei
pela minha pressa de chegar.
Parte IV
UMA MULHER VESTIDA DO SOL 
 
Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas; estava grávida e gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz. Apareceu então outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete diademas; sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. O Dragão colocou-se diante da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. Ela deu à luz um filho, um varão, que Irá reger todas as nações com um cetro de ferro. Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono, e a Mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar em que fosse alimentada por mil duzentos e sessenta dias. (...) Ao ver que fora expulso para a terra, o Dragão pôs-se a perseguir a Mulher que dera à luz o filho varão. Ela, porém, recebeu as duas asas da grande águia para voar ao deserto, para o lugar em que, longe da Serpente, é alimentada, é alimentada por um tempo, tempos e metade de um tempo. A Serpente, então, vomitou água como um rio atrás da Mulher: a terra abriu a boca e engoliu a água que o Dragão vomitara. Enfurecido por causa da mulher, o Dragão foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes, os que observam os mandamentos de Deus e mantêm o Testemunho de Jesus" (Ap 12.1.17). 
Seria a santa Maria, a mãe de Jesus, essa "Mulher que deu à luz um varão", fugiu para o deserto, onde foi alimentada por mil duzentos e sessenta dias? Colhemos de um site de apologética católica a seguinte interpretação extra-oficial: 
"No Apocalipse, João contempla nesta visão três verdades: a Assunção de Nossa Senhora, sua glorificação, sua maternidade espiritual. O Apocalipse descreve que esta mulher "estava grávida e (...) deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações..." (Ap 12, 2.5 ). Qual mulher, que de fato, esteve grávida de Jesus senão a Santíssima Virgem? (conf. Is 7, 14). Outros contestam, dizendo que esta mulher é símbolo da Igreja nascente. Mas, a Igreja nunca esteve "grávida" de Jesus Cristo! Antes, foi Cristo que gerou a Igreja, foi ele que a estabeleceu e a sustenta. E para provar que esta mulher é exclusivamente Nossa Senhora, em outro lugar está escrito: "O Dragão vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino" ( Ap 12, 13 ). A Igreja teria dado à luz a um Menino? Evidente que não! Portanto esta mulher refulgente é unicamente, Nossa Senhora, pois foi ela unicamente que gerou "o menino" prometido conf. Is 9, 5 ). Diz ainda a Sagrada Escritura que: "(o Dragão) deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz (...) para lhe devorar o Filho (...) A Mulher fugiu para o deserto, onde (...) foi sustentada por mil duzentos e sessenta dias" ( AP 12, 4.6 ). De fato, o demônio maquinou contra a vida de Jesus desde seu nascimento, na pessoa do perseguidor Herodes. Maria fugiu então com o filho para o deserto (Egito). Lá ficou por aproximadamente mil e duzentos e sessenta dias (três anos e meio). Ou seja, do ano 7 AC, ano do nascimento de Jesus, conforme atualmente se acredita, até março-abril do ano 4 AC, ano da morte de Herodes. Perfazendo os três anos e meio de exílio, nos quais foi sustentada pela Providência. Portanto, todos esses versículos, confirmam primeiramente a assunção de Nossa Senhora. Pois o apóstolo a contempla revestida de sol, já estabelecida desde agora na glória prometida pelo seu Filho, quando diz "Os justos resplandecerão como o sol" (Mt 13,43). Confirma incontestavelmente sua realeza espiritual, pois a mesma se apresenta coroada com doze estrelas, símbolo das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos. Portanto Rainha do Antigo e do Novo Testamento. Por fim confirma sua maternidade espiritual, pois diz o Espírito Santo: "(O Dragão) se irritou contra a Mulher ( Maria ) e foi fazer guerra ao resto de sua descendência ( seus filhos espirituais ), os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" ( Ap 12, 17 ). Somos de sua descendência apenas se nos comprometermos com o Cristo Jesus, guardando os seus mandamentos e testemunhando-o como nosso Senhor e Salvador". 
A interpretação acima, que vez ou outra aparece nos debates entre católicos e protestantes, não me parece das mais felizes. Vejamos alguns pontos discrepantes:
1) Em nenhum momento a Bíblia relata que os salvos em Cristo receberão uma coroa de doze estrelas;
2) Também nada registra sobre os tormentos e os gritos de Maria na hora do parto. Acredito que Maria sentiu as dores normais, mas não a ponto de ficar atormentada;
3) Maria fugiu para o Egito (Mt 2.14) e não para o deserto; 4) Pelo relato de Apocalipse, o filho foi arrebatado e a mulher fugiu para o deserto, o que realmente não aconteceu. Maria, Jesus e José foram para o Egito;
5) O cálculo dos 1.260 dias, como acima, pareceu-me impreciso, sem convicção, aproximado. A Bíblia nada diz sobre o tempo de permanência de Maria no Egito; 
6) O texto não fala - nem a Bíblia em qualquer de seus livros - na Assunção de Maria, na sua glorificação e maternidade espiritual.
7) A interpretação está na contramão do que pensam eruditos católicos e protestantes, conforme registros a seguir. 
Vejamos qual a interpretação da Bíblia de Jerusalém (Primeira impressão em setembro/1985, Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, autenticada em 1.11.1980 com a assinatura de Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Na apresentação, os editores disseram que "após três anos de árduo e intenso trabalho, realizado por uma equipe de exegetas católicos e protestantes e por um grupo de revisores literários, pudemos entregar ao público a tradução do Novo Testamento"). Pois bem, essa comissão do mais alto nível, concluiu o seguinte com relação à "Mulher vestida com o sol" (Ap 12.1.17): 
"A cena corresponde a Gênesis 3.15,16. A mulher dá à luz na dor (v.2) aquele que será o Messias (v.5). Ela é tentada por Satanás (v.9), que a persegue, bem como a sua descendência. Ela representa o povo santo dos tempos messiânicos (Is 54; 60; 66.7; Mq 4.9-10), e portanto [representa] a Igreja em luta. É possível que João pense também em Maria, a nova Eva, a filha de Sião, que deu nascimento ao Messias (cf. Jo 19.25)". 
Então, o entendimento dos eruditos católicos é o de que a "mulher" em referência simboliza a Igreja perseguida. Apenas no final, dizem ser "possível" que o autor do Apocalipse estivesse pensando em Maria. Esta possibilidade não pode e não foi levada a sério; são conjecturas, suposições. Para entendermos melhor o assunto, vamos ler Isaías 66.7-9 (referência citada pelos exegetas católicos): "Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à luz um filho. Quem jamais ouviu

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