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1 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Sistemas de Avalição da Qualidade Aula 6 Professor Ricardo Lucena de Souza 2 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Conversa Inicial Nesta aula, iremos aplicar os conceitos de sistemas integrados e normalização com foco na mudança organizacional. Contextualizando A busca pela diferenciação passa por um mercado que está cada vez mais exigente. Antigamente ter uma certificação de ISO 9001 era um grande diferencial, hoje os clientes querem produtos que venham de empresas sustentáveis, com responsabilidade social e preocupadas com o meio ambiente, seja na organização ou no reflorestamento consciente. No primeiro tema estudaremos o Sistema de Gestão Integrada, unindo as principais normas da série Isso ─ utilizar recursos de maneira inteligente, otimizando-os, é uma maneira de buscar a excelência operacional. Fornecedores são nossos parceiros diretos e precisamos trabalhar para que esta parceria seja duradoura, gerando frutos para a organização e os fornecedores. A empresa atual deve sair do seu papel antigo de cliente para um fomentador de capacidades de seus fornecedores. A responsabilidade social deve ser um dos temas base para as empresas e um dos grandes focos da Qualidade, pois precisamos buscar o tripé de sustentabilidade econômica, ambiental e social. A responsabilidade social pode ser integrada às principais normas da série ISO como forma de agregar valor. O Sistema de Gestão Ambiental é a base para termos uma empresa ambientalmente correta, na qual aprenderemos que temos dois grandes focos de trabalho, por um lado a organização, gerando um sistema perene, e por outro os trabalhos sobre produtos e processos. Os diferenciais atuais passam pela rotulação e selos ambientais que agregam mais do que valor comercial à marca, eles demonstram que a empresa está integrada em um propósito maior. Como exemplo de selos também podemos citar o FSC, que trabalha com o tripé Social, Econômico e Ambiental. 3 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 1: Estratégia de Implementação de Sistemas Integrados Um sistema integrado de gestão não consiste em juntar sistemas separados, mas integrados, com ligações para que processos semelhantes sejam perfeitamente geridos e executados sem duplicação. Muitas vezes, é mais eficiente combinar os três sistemas partilhando as cláusulas e os procedimentos comuns. Os componentes do SGI, comuns a todos os sistemas, incluem os recursos (pessoas, instalações, equipamento etc.) e certos processos documentados e aplicados em toda a organização. O SGI interliga sistemas de gestão da qualidade (SGQ) — ISO 9001, sistemas de gestão ambiental (SGA) — ISO 14001, e sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho (SGSST) — OHSAS 18001. A integração desses sistemas visa simplificar a implementação dessas normas nas organizações. Não é tão simples assim, mas, atualmente, fortalece-se cada vez mais a proposta de um modelo de gestão integrada ou sistema integrado de gestão (SIG). Muitos são os pontos comuns entre os sistemas da qualidade, do meio ambiente e da saúde e segurança. Como exemplo temos a política que trata de qualidade, meio ambiente, saúde e segurança; a organização da documentação envolvendo um único manual geral de gestão; os procedimentos; as instruções e os registros; a capacitação do pessoal e até a definição de responsabilidades. A realização de ação corretiva, ação preventiva, melhorias, auditorias internas e análise crítica também podem ser unificadas. O Quadro 1 compara pontos específicos e comuns aos sistemas de qualidade, ambiental e de saúde e segurança do trabalho. Mesmo que os documentos normativos de referência sejam diferentes, eles são complementares e baseiam-se na atuação da empresa. 4 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Quadro 1: Integração de sistemas. Fonte: Gozzi, 2015. O elo entre os três temas está na organização dos processos da empresa. É nos processos que os colaboradores executam as atividades da empresa, representando o meio, fazendo uso de recursos, como materiais, máquinas, métodos e medições, gerando o produto final, subprodutos e também os rejeitos. Benefícios da gestão integrada A gestão integrada apresenta os seguintes benefícios: • Otimização e redução do tempo com atividades de conscientização e treinamento (treinamentos integrados); • Economia de tempo e custos; • Melhoria na gestão de processos; • Maior controle dos riscos de acidentes; • Análises críticas, pela direção, mais eficazes; • Maior comprometimento da direção; • Redução e controle de custos ambientais; • Redução de documentos; • Utilização mais eficaz de recursos internos e infraestrutura; • Melhor comunicação com as partes interessadas; • Redução de custos de manutenção do sistema; 5 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Simplificação das normas e das exigências dos sistemas de gestão; • Menor tempo total de paralisação das atividades durante a realização das auditorias; • Possibilidade da realização de uma implementação progressiva e modular dos sistemas; • Alinhamento dos objetivos, processos e recursos para diferentes áreas funcionais (segurança e qualidade ambiental); • Redução da burocracia; • Redução do nível de complexidade dos sistemas; • Eliminação de esforços duplicados e de redundâncias; • Sinergia gerada pelos diferentes sistemas implementados de maneira conjunta; • Aumento da eficácia e melhoria da eficiência do sistema; • Redução de custos de desenvolvimento e implementação (menor número de elementos a serem implementados); • Redução dos custos com auditorias internas e de certificação; • Satisfação de clientes, funcionários e acionistas; • Satisfação dos critérios dos investidores e melhoria do acesso ao capital; • Aumento de competitividade; • Controle preventivo do processo. Sem dúvida, a organização e a implementação do sistema integrado de gestão representam um investimento direto na modernização da gestão da empresa, pois propiciam a redução de custos, aumentam a satisfação dos colaboradores e a confiança dos clientes, o que gera resultados para a empresa e para a sociedade. A gestão integrada conduz a empresa à excelência empresarial. 6 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Tema 2: Avaliação da Qualidade na Logística e Fornecedores Uma das exigências da ISO 9001 é que as empresas avaliem seus fornecedores e prestadores de serviços. As empresas certificadas pela ISO 9001 passaram a fazer exigências a seus fornecedores, geralmente empresas de pequeno e médio porte. O requisito 7.4 (Aquisição) para a versão 2008, e na versão 2015 da norma, passa a ser o requisito 8.4 (Controle de processos, produtos e serviços providos externamente). Este é aplicado a materiais e prestadores de serviços críticos, que afetam diretamente a qualidade do produto, do serviço fornecido ou a capacidade de a empresa cumprir a legislação. A solicitação para compra de material crítico deve ser feita utilizando formulário específico, anexando-se a especificação do material. A especificação deve descrever de modo suficiente o material a ser adquirido. Quando aplicável, a especificação deve definir critérios de aprovação do material e exigências relativas à implantação de sistema de qualidade pelo fornecedor. A área decompras consulta a lista de fornecedores aprovados para aquele material e providencia cotações, disponibilizando cópia da especificação. A organização deve definir o número mínimo de cotações, em função do tipo de material a ser adquirido. Será escolhida a cotação que apresentar a melhor relação custo/prazo. Para o fornecedor selecionado é emitida uma autorização de fornecimento ou ordem de compra, fazendo referência à especificação do material. O setor responsável pelo recebimento faz a inspeção do material. No caso de materiais especiais, será solicitado ao usuário do material que faça a inspeção. Caso o material recebido seja rejeitado pelo usuário ou esteja em desacordo com o pedido, o órgão de inspeção preenche o relatório de não conformidade, toma providências até a solução definitiva do problema e comunica à área financeira que suste o pagamento até que a pendência seja resolvida. 7 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A extensão e o tipo de avaliação que deve ser feita de um fornecedor é uma decisão da organização compradora. Porém, ela deve ser necessariamente documentada. A avaliação dos fornecedores pode levar em consideração o seguinte: Inspeção de recebimento — é o tipo mais frequente de avaliação. É uma exigência da norma. Se registros evidenciam que o fornecedor tem disponibilizado à empresa, consistentemente, produtos dentro das especificações contratadas, e se esses produtos não são críticos para a qualidade do produto final da sua organização, então, essa evidência pode ser considerada uma forma de avaliação de fornecedor. Auditoria — é uma forma de avaliação mais cara. Normalmente só é utilizada para fornecedores críticos. O comprador faz uma auditoria no sistema da qualidade do fornecedor. Certificação por terceira parte — certificação por terceira parte significa que um organismo, independente das duas partes contratantes (cliente e fornecedor ou fornecedor e fornecedor), vai atestar a capacidade do sistema da qualidade em atingir os requisitos da NBR ISO 9001. Essa certificação, quando obtida, é o método mais adequado de avaliação de fornecedor. Como a avaliação de todos os fornecedores é praticamente irrealizável, a recomendação é concentrar-se naqueles fornecedores cujos produtos são críticos para a qualidade dos resultados finais da organização. Assim, as avaliações de fornecedores devem atingir aqueles que produzem matérias-primas, alguns insumos, equipamentos e instrumentos que são realmente críticos para a qualidade do que é produzido. Incluir também a avaliação de prestadores de serviços críticos, como calibração de instrumentos, por exemplo. A qualificação técnica do fornecedor pode ser feita levando em conta os seguintes pontos: • Preenchimento de questionário de autodiagnóstico do sistema da qualidade. 8 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico • Atestados de fornecimento de materiais para outras organizações do ramo. • Atestado de fornecimento de materiais para empresas certificadas pela ISO 9001. • Certificação de sistema da qualidade pela ISO 9001. • Atestado de cadastramento em organizações do ramo da organização. Quando já for fornecedor, avaliação dos fornecimentos realizados no último ano, quando serão avaliados estes aspectos: Qualidade intrínseca do produto; Prazo de atendimento; Fornecimento de certificados; Assistência técnica pós-venda. Na indústria, é comum que se expliquem, nas especificações de matérias-primas e insumos, por exemplo, somente requisitos de características de produtos, negligenciando-se outras informações relevantes, como tipo de embalagem, condições de fornecimento, informações de manuseio, condições de estocagem, condições de amostragem, rastreabilidade e, finalmente, métodos de análise, controle estatístico de processo, etc. Envolver os principais fornecedores desde o início do processo de desenvolvimento requer políticas estáveis de relacionamento em longo prazo, em que haja confiança e cooperação mútuas. A qualidade assegurada pelo processo começa nas instalações dos fornecedores. Tema 3: ISO 26001 - Responsabilidade Social A ISO desenvolveu uma norma internacional que fornece orientações sobre a responsabilidade social (RS). A orientação-padrão, a designada como ISO 26000, atualmente na sua versão 2010, será voluntária, uma vez que os 9 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico conceitos que envolvem a responsabilidade social não são uniformes no mundo e dependem das condições dos países. Assim, a norma não inclui exigências e não vai ser destinada à certificação. A ISO escolheu o Sueco Standards Institute (SIS) e a ABNT para liderar o grupo de trabalho sobre responsabilidade social (WG SR), ao qual foi atribuída a tarefa de elaborar uma norma internacional de responsabilidade social. No Brasil, a ABNT tem como requisitos para um sistema de gestão de responsabilidade social a ABNT NBR 16001:2012. Estruturada de forma diferente das normas ISO, a ABNT NBR 16001:2012 tem como objetivo "prover às organizações os elementos de um sistema de gestão da responsabilidade social eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão", de forma a atingir os objetivos. Os requisitos constituem a essência da norma e foram estruturados para permitir a melhoria contínua nas organizações. A norma enfatiza que, para o sucesso do sistema, é essencial o comprometimento de todos os níveis e funções da organização, especialmente a alta administração. Ela se baseia na concepção de desenvolvimento sustentável, traduzida por três preceitos para se configurar a responsabilidade social: Sustentabilidade econômica; Sustentabilidade ambiental; Sustentabilidade social. 10 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 1: Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética. Disponível em: <http://www.banasqualidade.com.br/2012/portal/conteudo.asp?codigo=16450&secao=Revista>. No seu item 6 ─ Orientações sobre temas centrais da responsabilidade social ─ está escrito que, para definir o escopo de sua responsabilidade social, identificar questões relevantes e estabelecer suas prioridades, convém que a organização aborde os seguintes temas centrais: governança organizacional; direitos humanos; práticas de trabalho; meio ambiente; práticas leais de operação; questões relativas ao consumidor; envolvimento e desenvolvimento da comunidade. Os aspectos econômicos, bem como aspectos referentes à saúde e segurança e cadeia de valor, são abordados ao longo dos sete temas centrais, quando apropriado. As diferentes maneiras como os homens e mulheres podem ser afetados por cada um dos sete temas centrais também são levadas em conta. Cada tema central inclui uma série de questões de responsabilidade social, que são descritas nesta seção com suas ações e expectativas relacionadas. Uma vez que a responsabilidade social é dinâmica, refletindo a evolução dos interesses socioambientais e econômicos, outras questões podem aparecer no futuro. Convém que as ações sobre esses temas e questões centrais se baseiem em princípios e práticas de responsabilidade 11 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico social (ver Seções 4 e 5). Para cada tema central, convém que uma organização identifique e aborde todas as questões que sejam significativas ou relevantes para suas decisões e atividades (ver Seção 5). Ao avaliar a relevância de uma questão, convémlevar em consideração objetivos de curto e longo prazos. Entretanto, não há uma ordem pré-determinada em que convém que uma organização aborde os temas e questões centrais; isso dependerá da organização e de sua situação ou contexto particulares. Embora os temas centrais sejam inter-relacionados e complementares, a natureza da governança organizacional é diferente de outros temas centrais (ver 6.2.1.2). Uma governança organizacional eficaz permite que uma organização aja sobre outros temas e questões centrais e implemente os princípios descritos na Seção 4. Em aplicação à norma SA 8000, existe outra norma, delineada pela Social Accountability International (SAI), a qual define como requisitos de responsabilidade social os seguintes temas: trabalho infantil; trabalho forçado; saúde e segurança; liberdade de associação e direito à negociação coletiva; discriminação; práticas disciplinares; horário de trabalho; remuneração; sistemas de gestão. Além disso, essa norma considera também critérios de gestão para sistemas de gestão de responsabilidade social que incluem uma estrutura de gestão similar à da ISO 9001. Dentro dos critérios de qualidade para as organizações, a responsabilidade social é vista pelos clientes, pelos consumidores e pelas organizações como itens que denotam o nível de qualidade atingido pela instituição em seus procedimentos e, consequentemente, na elaboração de bens e serviços. Essa questão agrava-se ainda mais no Brasil, com as recorrentes notícias de trabalho escravo, trabalho realizado por crianças (que deveriam estar na escola) e outras práticas que, apesar de abomináveis, estão presentes nas sociedades. 12 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico A ISO 26000 visa reduzir custos e agregar valor aos demais sistemas de gestão existentes na empresa (ISO 9001, ISO 14001, ISO 27001, OHSAS 18001, etc.). Fica claro e evidente que o conceito de qualidade abordado pela responsabilidade social transcende, mas não isenta as organizações de contribuírem para a sua melhoria. Tema 4: Gestão e Certificação Ambiental para 14.001 A implantação da série das normas ISO 14000, mesmo tendo sua atual revisão para a versão 2015, continua com o mesmo macrodirecionamento na gestão ambiental das organizações. Essa se dá mediante dois enfoques: organização e produto/processo (Figura 2). As normas dessa série têm caráter voluntário e não preveem a imposição de limites próprios para medidas de poluição, padronização de produtos, níveis de desempenho etc. São concebidas como um sistema orientado para melhorar o desempenho ambiental da organização, por meio do aperfeiçoamento contínuo de seu sistema de gestão. Figura 2: Estrutura ISO 14000. Fonte: Moraes, 2014. 13 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Os setores envolvidos com o meio ambiente variam conforme o tamanho e a estrutura da empresa. Hoje, a responsabilidade pela implantação do SGA e pela certificação da ISO 14001 geralmente é centralizada no setor de qualidade e/ou saúde e segurança. Em vista de tal situação, verifica-se que grande parte das empresas está criando setores específicos voltados para a área ambiental, os quais interagem como os outros setores e, consequentemente, realizam a maioria dos projetos com mais agilidade e eficácia. Todavia, é um equívoco afirmar que a questão ambiental deve ser incumbência apenas do setor responsável por tal aspecto. Afinal, considerando-se toda a trajetória do produto, várias são as áreas envolvidas, as quais devem ter como elo, direta ou indiretamente, as questões ambientais da empresa (Figura 2). Figura 2: Áreas da organização e ligação com sistema ambiental. Fonte: Moraes, 2014. Compras: Especificações e aquisição de matérias-primas que produzam menor quantidade de resíduos e poluentes; qualificação de 14 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico fornecedores que possuam bom desempenho ambiental, em especial no que se refere ao armazenamento e ao manuseio de matéria-prima. Planejamento: Programação de atividades e investimentos decididos pela direção da empresa. Engenharia: Incorporação da variável ambiental no projeto dos produtos e serviços. Pesquisa e desenvolvimento: Estudo das tendências do mercado em relação às exigências ambientais de novos produtos a serem lançados pela empresa. Concepção de lançamento de produtos com bom desempenho ambiental — marketing ecológico. Produção: Melhoria dos processos produtivos e da confiabilidade destes, com vistas a reduzir acidentes: caracterização de resíduos, atividades de reaproveitamento, reciclagem e recuperação de materiais, transportes, etc. Qualidade: Aprovação de documentos, verificação de processos, controle de qualidade, metrologia, elaboração de estatísticas de emissões, etc. Segurança do trabalho: Preparação de procedimentos e documentos necessários que possam auxiliar nas emergências ambientais, entre outros. Alguns dos benefícios da implantação da ISO 14001 na melhoria do desempenho ambiental abrangem benefícios para o processo, para o produto e para a organização, os quais serão pontuados a seguir: Benefícios para o processo: economia de material; aumento no rendimento do processo; redução de paralisações (falhas no processo); melhor utilização dos subprodutos; conversão dos desperdícios em valor; economia de energia; redução de custos de armazenagem e manuseio de materiais; ambiente de trabalho mais seguro; eliminação ou redução do custo das atividades (resíduos). Benefícios para o produto: produtos com melhor qualidade e mais uniformidade; redução do custo do produto; redução dos custos de embalagem; produtos com uso mais eficiente dos recursos; aumento da 15 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico segurança dos produtos; redução dos custos líquidos do descarte do produto pelo cliente; maior valor de revenda e de sucata do produto. Benefícios gerais para a organização: aumento da satisfação do cliente; melhoria da imagem da empresa; conquista de novos mercados; redução dos riscos com penalidades legais e acidentes; melhoria da administração da empresa (maior controle dos processos organizacionais); permanência do produto no mercado; mais facilidade na obtenção de financiamentos; demonstração (a clientes, vizinhos e acionistas) da existência de um sistema ambiental bem estruturado, capaz de proporcionar vantagens às empresas. Tema 5: Rotulagem Ambiental e Auditoria Florestal O primeiro programa de rotulagem ambiental (Blue Angel), criado em 1977, foi uma iniciativa do governo alemão em conjunto com outros setores da sociedade, especialmente as associações e as igrejas. Uma das motivações do governo alemão para o programa oficial de rotulagem ambiental foi a percepção de que a diferenciação dos produtos encontrava receptividade no mercado consumidor e, consequentemente, poderia constituir um novo instrumento para induzir as empresas a melhorar seu desempenho ambiental. A partir da criação do Blue Angel, vários países, em diferentes partes do mundo, passaram a adotar programas de rotulagem ambiental: Nordic Swan (Noruega), Environmental Choice/Choix Environmental (Canadá), EcoMark (Japão), Green Seal (Estados Unidos), Nordic Swan (Países Nórdicos) e Ecolabel (Comunidade Europeia) (Figura 3). 16 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Figura 3: Selos de identificação de rotulagem ambiental Fonte: Moraes, 2014. A primeira iniciativa brasileirapara criação de um selo verde ocorreu na década de 1990. Logo após a Eco-92, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) selecionou o projeto conjunto da ABNT e do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam). Tal ação objetivava estabelecer uma proposta voluntária de certificação por meio de um projeto-piloto destinado a uma categoria de produtos pré-selecionados — papel, couro e calçados, eletrodomésticos e artigos de higiene, aerossóis livres de clorofluorocarbonetos (CFC), baterias de automóveis, detergentes biodegradáveis, lâmpadas, móveis de madeira e produtos para embalagem. Os rótulos ambientais são selos de comunicação que visam informar ao consumidor algum aspecto ambiental do produto e evidenciam que este atende aos padrões ambientais requeridos para o seu uso. Os produtos são classificados por categorias e o selo é concedido para produtos que causem menor impacto ambiental quando comparados a seus similares no mercado. Isso significa que os produtos com selos ou rótulos 17 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico ambientais amenizam os danos ao meio ambiente, porém não garantem a ausência de impactos neste. Certificação FSC O sistema de certificação de manejo florestal do FSC, criado em 1994, baseia-se em princípios, critérios e indicadores que medem a performance de campo do manejo florestal aplicado à produção de produtos derivados da floresta. Ele se apoia no tripé ambiental, social e econômico, por serem forças que sustentam em longo prazo a manutenção e a viabilidade de uma floresta manejada com fins produtivos ou de serviços. A Figura 4 ilustra o ciclo norteador do FSC. Figura 4: Tripé da certificação de FSC. Fonte: Moraes, 2014. Os princípios são os objetivos maiores do sistema e cada critério serve de base para a posterior formulação dos indicadores de verificação local, os quais devem demandar, no mínimo, o que é requisitado pelos critérios. Seguem princípios norteadores: Cumprimento das leis; Direito dos trabalhadores e condições de emprego; Direito dos povos indígenas; Relações com a comunidade; Benefícios da floresta; 18 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Valores e impactos ambientais; Planejamento do manejo; Monitoramento e avaliação; Altos valores de conservação; Implementação de atividades de manejo. Tipos de auditoria A certificação possui três tipos de auditoria: Auditoria de pré-avaliação: Um passo obrigatório somente para grandes unidades de manejo. Auditoria de avaliação: Momento de análise do desempenho da empresa quanto aos requisitos de certificação, podendo ou não ela ser recomendada à organização. Auditoria de monitoramento: Ocorrerá anualmente ao longo do ciclo de certificação (cinco anos). Síntese Aprendemos nesta aula diversos conceitos que mostram que os sistemas atuais devem corroborar não somente com a organização, mas também com sua cadeia de fornecimento, sociedade e ambiente. A responsabilidade de cada empresa na atualidade transcende suas fronteiras e os clientes que, com os avanços do mercado cibernético, podem estar do outro lado do mundo, querendo comprar de empresas com propósitos bem definidos. 19 CCDD ─ Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico Referências GOZZI, M. P. Gestão da Qualidade em bens e serviços. Editora Pearson, 2015. MORAES, C. S. B.; PUGLIESE, E. (Orgs.). Auditoria e certificação ambiental. Editora InterSaberes, 2014. SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: Editora InterSaberes, 2009. REVISTA BANAS QUALIDADE. Responsabilidade social, sustentabilidade e ética: ligados para uma atuação empresarial mais responsável. Disponível em: <http://www.banasqualidade.com.br/2012/portal/conteudo.asp?codigo=16450& secao=Revista>.
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