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Fisiologia do Tecido Adiposo

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1 Resumo da Série: Fisioendócrino 
FISIOLOGIA DO TECIDO ADIPOSO 
Por: Bernardo Farias 
A obesidade pode ser encarada como condição de excesso de massa adiposa. 
Em termos de IMC (índice de massa corpórea), é considerado obeso todo adulto que 
apresenta este índice com valor superior a 30 kg/m². Sabe-se, atualmente, que a 
alteração no equilíbrio da massa adiposa (para mais) modifica de forma expressiva a 
ação da insulina em todas as células do organismo. Isso se repercute com alterações na 
homeostase energética. 
Adipogênese 
 A formação de adipócitos, seja da gordura marrom, seja da branca, dá-se a 
partir do pré-adipócito, um tipo de célula tronco. Esse processo inicia-se na vida 
intrauterina e permanece durante toda a vida do ser humano. No entanto, a 
hiperplasia das células adiposas no adulto é mais rara do que nas crianças e, quando 
ocorre, decorre de um estímulo mais intenso do que o necessário à adipogênese nos 
pequeninos. 
 O ganho de peso pode ocorrer pela hipertrofia ou hiperplasia das células de 
gordura. A hipertrofia é limitada e a hiperplasia ocorre se o fornecimento de gordura 
permanece para o tecido adiposo. Nesse contexto, é interessante notar que, uma vez 
formada uma célula de gordura a partir de um pré-adipócito, ela não morre, mas 
apenas diminui seu tamanho quando há emagrecimento. Desse modo, crianças que 
foram obesas, ao emagrecer na vida adulta, terão chances maiores de retornar ao 
estado obeso, já que terão mais células adiposas. Diferente disso ocorre com a criança 
que não foi obesa. Na vida adulta, terá menos adipócitos e, assim, mais dificilmente 
será um obeso. 
 
Fonte: Bioquímica Ilustrada, 3ª edição; 
 
2 Resumo da Série: Fisioendócrino 
Tecido adiposo marrom 
 
O tecido adiposo marrom predomina nos fetos e bebês. Nos adultos, observa-
se resquício de gordura marrom. Seu principal papel é a geração de calor 
(termogênese), que nos pequeninos é de fundamental importância na manutenção da 
homeotermia, já que eles não apresentam pêlos e capacidade de tremor muscular. 
A gordura marrom é altamente vascularizada, o que facilita o fornecimento de 
nutrientes para essas células, que são consumidos em taxa elevada, principalmente, 
pela alta densidade de mitocôndrias e pelo desacoplamento, nas suas mitocôndrias, de 
dois processos: a cadeia transportadora de elétrons e a fosforilação oxidativa. Nas 
cristas mitocondriais das células da gordura marrom, existe uma proteína 
desacopladora (UCP do tipo 1), também chamada de termogenina. A ação dessa 
proteína justifica o alto potencial termogênico da gordura marrom e também a alta 
taxa metabólica deste tecido. 
Em comparação com a gordura branca, a gordura marrom é muito mais ativa 
metabolicamente. Logo, o estímulo a sua formação nos adultos (ilhas de gordura 
marrom), tem sido usado como alternativa terapêutica para o emagrecimento de 
obesos. A gordura marrom em maior quantidade elevaria o gasto energético nos 
obesos, havendo, assim, maior consumo de gordura e, por conseguinte, diminuição do 
tecido adiposo branco. 
Alguns hormônios podem agir na gordura marrom, estimulando a sua 
atividade. Os hormônios tireoidianos e as catecolaminas tem esse importante papel. 
 
Adipocitocinas 
 
As adipocitocinas são o nome genérico ao conjunto de moléculas produzidas 
pela gordura branca. Elas apresentam efeitos diretos sobre a homeostase energética, 
pois, muitas delas, alteram a sensibilidades dos tecidos periféricos à insulina. Além 
disso, as adipocitocinas estão relacionadas à manutenção do metabolismo basal, 
ingesta alimentar, regulação do eixo reprodutor e a processos patogênicos do sistema 
cardiovascular. Algumas adipocitocinas são a adiponectina, a leptina, a resistina, 
citocinas pró-inflamatórias, como TNF-α e IL-6. 
O tecido adiposo branco também produz hormônios reguladores da 
volemia/pressão arterial e osmolaridade sanguínea, como a angiotensina II. Como se 
sabe, a angio. II tem papel na secreção de aldosterona pelo córtex das adrenais, sobre 
o núcleo pré-óptico no hipotálamo, alterando a secreção de ADH e, uma ação direta 
sobre os vasos sanguíneos, principalmente arteríolas, levando a sua vasoconstricção. 
Esses efeitos da angio. II, provavelmente, explicam a alta correlação da obesidade com 
hipertensão arterial. 
Obs.: obesos apresentam níveis séricos de angio. II mais elevados do que 
pessoas de peso normal. 
 
3 Resumo da Série: Fisioendócrino 
Leptina 
 
A Leptina é um hormônio produzido pelas células de gordura branca, 
principalmente por aquelas do subcutâneo. Mulheres, por apresentarem mais gordura 
subcutânea, apresentam maiores níveis séricos de leptina do que os homens. 
O principal papel da leptina é a determinação do metabolismo basal e a inibição 
da ingesta alimentar (estimula saciedade – anorexigênico). Juntamente com a insulina 
e outros hormônios do trato gastrointestinal, como a colecistoquinina, age no 
hipotálamo, induzindo a saciedade. Em contraparte, a ghrelina e o T3 são hormônios 
que induzem a ingesta alimentar, sendo ditos orexigênicos. 
A Leptina aumenta a sua liberação conforme a massa adiposa aumenta e 
diminui com a redução do tecido adiposo. Desse modo, esse hormônio é um indicador 
das reservas de tecido adiposo. 
Quando há ganho de peso em forma de tecido adiposo, a leptina aumenta a 
sua liberação e age no hipotálamo. O núcleo arqueado é o locus de ação da leptina no 
hipotálamo. Nesse grupo de neurônios, a leptina estimula a produção de peptídeos 
anorexigênicos e inibe a produção de peptídeos orexigênicos (neuropeptídeo Y e 
peptídeo agouti). Desse modo, estimula a saciedade, reduzindo a busca por alimentos. 
Isso reduz a ingesta calórica do indivíduo. Além disso, a leptina age no hipotálamo 
posterior, aumento o tônus simpático sobre o organismo. As catecolaminas agem no 
tecido adiposo, onde estimulam a lipólise. Assim, a massa adiposa diminui pela ação da 
Leptina. 
No caso acima, a Leptina leva, com o tempo, à perda de peso. A diminuição da 
massa adiposa reduz, assim, a liberação de Leptina. Menor concentração deste 
hormônio leva a efeitos inversos dos relatados acima. No caso: aumento da fome e da 
ingesta calórica, além da redução do metabolismo basal, pois diminui o tônus 
simpático sobre o organismo. Como consequência, o indivíduo volta a ganhar peso. 
A Leptina, como percebido, é importante para manutenção de pequenas 
oscilações do peso corporal em torno de um ponto fixo. Este ponto fixo é determinado 
geneticamente e tem íntima relação com a programação fetal e hábito de vida durante 
a infância e início da adolescência. 
Distúrbios na síntese de leptina ou no seu efeito periférico resultam em 
obesidade. Ausência do receptor de leptina no hipotálamo ou de uma forma mutante 
não funcional têm sido sugeridos como etiologias de obesidade refratária a 
dietoterapia e prática de exercícios físicos. 
A leptina também tem importante papel no amadurecimento do eixo 
reprodutor, entrada na puberdade e regulação do ciclo menstrual nas mulheres e da 
gametogênese nas mulheres e nos homens. Essa importância pode ser observada, por 
exemplo, em atletas do sexo feminino. A baixa massa adiposa desses indivíduos reduz 
a liberação de leptina. Elas apresentam, por consequência, amenorreia e anovulação. 
 
4 Resumo da Série: Fisioendócrino 
 Por fim, a leptina tem importante papel regulador do Sistema Imune. Uma falta 
de leptina e um excesso podem desequilibrar as funções imunes, aumentando a 
predisposição às doenças autoimunes ou a imunodepressão. 
 
 
 
A leptina também: 
 Age aumentando a liberação dos hormônios tireoidianos, o que é importante 
para regulação do metabolismo e gastoenergético. Dietas que levam a perda 
rápida de peso podem, por exemplo, levar a redução na liberação de T4 e T3, o 
que cursa com queda do metabolismo e posteriormente dificuldade para 
emagrecer. 
 Age no fígado, reduzindo a lipogênese e atua no tecido adiposo, aumentando a 
lipólise. 
 Importante para a produção de óxido nítrico (NO). Age bloqueando a produção 
de NO. Importante mecanismo relacionado com hipertensão nos obesos. 
 
Resistina 
 
 Assim como a leptina, a resistina é um indicador da massa de tecido adiposo. 
Quando mais gordura um indivíduo tem, maior será a liberação de resistina. No 
entanto, diferente da leptina, a resistina é produzida principalmente pela gordura 
visceral. Pessoas obesas apresentam níveis séricos de resistina elevados, quando 
comparados àquelas de peso normal. Além disso, homens produzem maior quantidade 
de resistina, pois apresentam mais gordura visceral do que as mulheres. 
 A resistina, em conjunto com outras adipocitocinas, principalmente TNF-α e IL-
6, apresenta importante efeito anti-insulínico. Isso se dá, pois esses elementos agem 
reduzindo a sensibilidade periférica à insulina. Esse mecanismo justifica em parte a 
resistência à insulina que os obesos desenvolvem e a maior prevalência de diabetes 
tipo II entre esses indivíduos. 
Porém, existe nesse contexto algo positivo. Embora a gordura visceral, em 
contrate com a do subcutâneo, tenha um intenso carácter pró-inflamatório, ela é 
 
5 Resumo da Série: Fisioendócrino 
facilmente mobilizada pela ação das catecolaminas, ou seja, a taxa de renovação da 
gordura nessas células é maior, quando comparada à gordura subcutânea. A drenagem 
venosa da gordura visceral, já que se dá diretamente para o fígado, via circulação 
porta-hepática, também facilita o consumo dessa gordura. Logo, a perda expressiva de 
pessoas já ajuda em demasia no tratamento de indivíduos com diabetes tipo II. 
 
Obs.: homens perdem peso mais facilmente do que as mulheres, dentre os muitos 
fatores, pois apresentam gordura principalmente no compartimento visceral, 
enquanto as mulheres no subcutâneo. Esse dimorfismo sexual quanto aos estoques de 
gordura também se reflete na forma do corpo. Homens apresentam formato androide, 
ou de maça, enquanto as mulheres apresentam corpo em formato de pêra ou ginóide. 
A relação cintura/quadril nos homens é maior do que nas mulheres. O que determina 
essa diferença é a ação hormonal. 
 
Adiponectina 
 
 A adiponectina é liberada mais intensamente com a redução dos estoques de 
gordura e aumenta a sensibilidade periférica à insulina. Além disso, possui importantes 
efeitos anti-inflamatórios, como o papel anti-aterosclerótico via inibição de TNF-α. No 
fígado, a adiponectina estimula a β-oxidação. Em vista dos seus efeitos benéficos, a 
razão leptina/adiponectina é conhecida como índice aterogênico. Mulheres, 
curiosamente, sintetizam mais adipocitocina do que os homens. 
 Em vista dos efeitos da adiponectina na redução da resistência à insulina, 
algumas drogas que visam à melhora da sensibilidade ao tal hormônio agem 
potencializando a liberação de adiponectina. 
 
Revisão: 
 
 Leptina, resistina, TNF-α e IL-6 são liberados em quantidades proporcionais a 
massa de tecido adiposo. 
 A adiponectina é liberada em maior quantidade quando menor a massa de 
tecido adiposo. 
 A Leptina estimula a saciedade e o aumento do metabolismo no ser humano, 
aumentando o consumo das reservas energéticas. Falta de leptina ou do seu 
receptor culminam no ganho de peso e hiperfagia. 
 A resistina, o TNF-α e IL-6 pioram a sensibilidade à insulina. A adiponectina 
melhora a sensibilidade à insulina. 
 O gordura visceral é pró-inflamatória, porém, mobilizada mais facilmente do 
que a subcutânea. Isso explica em parte porque homens perdem peso mais 
facilmente do que as mulheres.

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