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D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 2ª Avaliação Direito de Família Prof. Camilo Colani Orientações: Serão 4 Questões de Respostas Curtas + 1 Questão Prática com Acórdão ou Caso Concreto Assuntos: •Efeitos Pessoais do Casamento - (fidelidade, nome da pessoa...) •Efeitos Sociais do Casamento - *Não Vai Cair •Efeitos Patrimoniais - (regime de bens) *Dar atenção maior •Separação e Divórcio •União Estável e Concubinato •Parentesco - (parte geral, tipos de parentesco...) •Paternidade – (presunção, reconhecimento, negação, investigação) •Alimentos – EFEITOS DO CASAMENTO Conceito: são os efeitos jurídicos que atingem os cônjuges e, eventualmente, terceiros, nos âmbitos social, pessoal e patrimonial. Tipos de Efeitos: a) Sociais; b) Pessoais c) Patrimoniais a) Efeitos Sociais do Casamento: - De modo geral, são efeitos que atingem outras pessoas (naturais ou jurídicas), além dos cônjuges, assim, exemplificativamente, tem-se: - Parentesco por afinidade (que vincula o cônjuge aos parentes consanguíneos do outro, ex. sogros, cunhados etc); - Efeitos contratuais (ex. contratos de compra e venda de imóveis); - Efeitos eleitorais (ex. regras de inelegibilidades); - Efeitos processuais (ex. obrigatoriedade de citação do cônjuge, nas ações reais imobiliárias); - Efeitos tributários (ex. obrigatoriedades relativas à DIRPF); - Efeitos previdenciários (ex. pensões por morte) D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco b) Efeitos Pessoais do Casamento: - A questão do nome: Art. 1.565 - Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. § 1º - Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. § 2º - O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. - Deveres dos cônjuges: Art. 1.566 - São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. Obs.: Os deveres sempre foram considerados normas cogentes, estando além, portanto, da disponibilidade privada. Ocorre que, modernamente, deve ser admitida para alguns dos deveres a incidência do conceito de autonomia privada. De fato, os incisos I e II, apontam deveres de realidade privada extremamente íntima, não podendo ser admitida a interferência estatal em características tão personalíssimas. • Decisões pertinentes ao dever de fidelidade: RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL. DANOS MATERIAIS E MORAIS. ALIMENTOS. IRREPETIBILIDADE. DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE FIDELIDADE. OMISSÃO SOBRE A VERDADEIRA PATERNIDADE BIOLÓGICA DE FILHO NASCIDO NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO. DOR MORAL CONFIGURADA. REDUÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO. 1. Os alimentos pagos a menor para prover as condições de sua subsistência são irrepetíveis. 2. O elo de afetividade determinante para a assunção voluntária da paternidade presumidamente legítima pelo nascimento de criança na constância do casamento não invalida a relação construída com o pai socioafetivo ao longo do período de convivência. 3. O dever de fidelidade recíproca dos cônjuges é atributo básico do casamento e não se estende ao cúmplice de traição a quem não pode ser imputado o fracasso da sociedade conjugal por falta de previsão legal. 4. O cônjuge que deliberadamente omite a verdadeira paternidade biológica do filho gerado na constância do casamento viola o dever de boa-fé, ferindo a dignidade do companheiro (honra subjetiva) induzido a erro acerca de relevantíssimo aspecto da vida que é o exercício da paternidade, verdadeiro projeto de vida. 5. A D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco família é o centro de preservação da pessoa e base mestra da sociedade (art. 226 CF/88) devendo-se preservar no seu âmago a intimidade, a reputação e a autoestima dos seus membros. 6. Impõe- se a redução do valor fixado a título de danos morais por representar solução coerente com o sistema. 7. Recurso especial do autor desprovido; recurso especial da primeira corré parcialmente provido e do segundo corréu provido para julgar improcedente o pedido de sua condenação, arcando o autor, neste caso, com as despesas processuais e honorários advocatícios. (STJ, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 04/04/2013, T3 - TERCEIRA TURMA) c) Efeitos Patrimoniais do Casamento: Obs.: O principal efeito patrimonial do casamento é a fixação do regime de bens 1 - Conceito de Regime de Bens. Segundo Orlando Gomes: “regime de bens é o estatuto patrimonial dos cônjuges” Obs.: não há casamento ou união estável que não tenha regime de bens 2 - Tipos de Regimes - Comunhão Parcial; - Comunhão Universal; - Participação Final nos Aquestos; - Separação 3 – Regras Gerais: a) Liberdade de Escolha: - Art. 1.639 - É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. - Art. 1.641 - É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: - I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; - II - da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010) - III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco b) Início da Vigência: - Disposições Gerais - Art. 1.639 - É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. - § 1º - O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. - Obs.: a expressão data não se refere apenas ao dia, mês e ano; mas sim ao momento em que se celebra o casamento (ver. Art. 1.514) c) Alteração do Regime de Bens: - O CC/02 trouxe uma grande novidade em relação ao CC/16, no que diz respeito à mudança de regime na constância do casamento. Várias são as justificativas: questões societárias/empresariais; aplicação de causas suspensivas (regime obrigatório de separação de bens etc). - Art. 1.639, § 2º - É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. d) Fundamento do Regime Base: - - O CC/02 adotou a comunhão parcial como regime base. Até 1977, o regime base era o da comunhão universal. - Art. 1.640 - Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. - Parágrafo único - Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas. e) Limitações Decorrentes dos Regimes de Bens: Art. 1.647 - Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; III - prestar fiança ou aval; IV - fazer doação, não sendoremuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco Parágrafo único - São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada • Decisões pertinentes ao assunto Locação de imóveis. Fiança sem outorga uxória. Embargos de terceiro. 1. Embora se reconheça a anulabilidade da fiança prestada pelo fiador sem a outorga uxória, é certo que ela continua a subsistir em face da meação do varão, resguardada a da virago que não outorgou a garantia. Inteligência dos artigos 235 263 do Código Civil anterior, aplicável por força do princípio tempus regit actum. 2. Negaram provimento ao recurso. (TJ-SP - APL: 83976020088260554 SP 0008397-60.2008.8.26.0554, Relator: Vanderci Álvares, Data de Julgamento: 27/06/2012, 25ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 04/07/2012) - CIVIL E PROCESSO CIVIL. LOCAÇÃO. FIANÇA. AUSÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. NULIDADE. 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão de que a fiança prestada por um dos cônjuges sem outorga é nula de pleno direito, alcançando, inclusive a meação do outro cônjuge. 2. Recurso provido (STJ - REsp: 555238 RS 2003/0077022-4, Relator: Ministro PAULO GALLOTTI, Data de Julgamento: 21/10/2003, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 26.03.2007 p. 304LEXSTJ vol. 213 p. 84) • Enunciado do CJF 114 – Art. 1.647: O aval não pode ser anulado por falta de vênia conjugal, de modo que o inc. III do art. 1.647 apenas caracteriza a inoponibilidade do título ao cônjuge que não assentiu. - PACTO ANTENUPCIAL 1. Conceito: “é um contrato solene e condicional, por meio do qual os nubentes dispõem sobre o regime de bens que vigorará entre ambos, após o casamento” (Carlos Roberto Gonçalves) 2. Características: - Acessório; - Solene; - Condicional. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 3. Regras do Pacto Antenupcial: - Art. 1.653 - É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. - Art. 1.654 - A eficácia do pacto antenupcial, realizado por menor, fica condicionada à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório de separação de bens. - Art. 1.655 - É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei. - Art. 1.656 - No pacto antenupcial, que adotar o regime de participação final nos aqüestos, poder-se-á convencionar a livre disposição dos bens imóveis, desde que particulares. - Art. 1.657 - As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. 1. COMUNHÃO PARCIAL a) Bens que não entram na comunhão (art. 1659): - I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; - II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares; - III - as obrigações anteriores ao casamento; Obs.: financiamentos diversos (aquisição de imóvel, carro etc.) - IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; Obs.: casos de pessoas condenadas por improbidade administrativa - V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; - VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; - VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. b) Bens que entram na comunhão (art. 1660) - I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; - II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; - III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; - IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco - V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Obs.: exemplos de benfeitorias e frutos • Decisão do STJ pertinente ao assunto RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DOCPC. NÃO OCORRÊNCIA. UNIÃO ESTÁVEL. REGIME DE BENS. COMUNHÃO PARCIAL. BENS ADQUIRIDOS ONEROSAMENTE NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO. PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE CONTRIBUIÇÃO DE AMBOS OS CONVIVENTES. PATRIMÔNIO COMUM. SUB-ROGAÇÃO DE BENS QUE JÁ PERTENCIAM A CADA UM ANTES DA UNIÃO. PATRIMÔNIO PARTICULAR. FRUTOS CIVIS DO TRABALHO.INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. INCOMUNICABILIDADE APENAS DO DIREITO E NÃO DOS PROVENTOS. 1. Ausência de violação do art. 535 do Código de Processo Civil, quando o acórdão recorrido aprecia com clareza as questões essenciais ao julgamento da lide, com abordagem integral do tema e fundamentação compatível. 2. Na união estável, vigente o regime da comunhão parcial, há presunção absoluta de que os bens adquiridos onerosamente na constância da união são resultado do esforço comum dos conviventes. 3. Desnecessidade de comprovação da participação financeira de ambos os conviventes na aquisição de bens, considerando que o suporte emocional e o apoio afetivo também configuram elemento imprescindível para a construção do patrimônio comum. 4. Os bens adquiridos onerosamente apenas não se comunicam quando configuram bens de uso pessoal ou instrumentos da profissão ou ainda quando há sub- rogação de bens particulares, o que deve ser provado em cada caso. 5. Os frutos civis do trabalho são comunicáveis quando percebidos, sendo que a incomunicabilidade apenas atinge o direito ao seu recebimento. 6. Interpretação restritiva do art. 1.659, VI, do Código Civil, sob pena de se malferir a própria natureza do regime da comunhão parcial. 7. Caso concreto em que o automóvel deve integrar a partilha, por ser presumido o esforço do recorrente na construção da vida conjugal, a despeito de qualquer participação financeira. 8. Sub-rogação de bem particular da recorrida que deve ser preservada, devendo integrar a partilha apenas a parte do bem imóvel integrante do patrimônio comum. 9. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. (STJ - REsp: 1295991 MG 2011/0287583-5, Relator: Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, Data de Julgamento: 11/04/2013, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/04/2013) D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 2. COMUNHÃO UNIVERSAL - O art. 1667 - O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte Obs.: Não se comunicam (art. 1.668): - I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; - II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; - III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; - IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; - V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. 3. PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS - Pode ser considerado uma mistura de separação de bens com comunhão parcial. - Observa-se a pouca demanda social deste regime a)Regras: - Art. 1.672 - No regime de participação final nos aqüestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento. - Art. 1.673 - Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento. - Parágrafo único - A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os poderá livremente alienar, se forem móveis. - Art. 1.674 - Sobrevindo a dissolução da sociedade conjugal, apurar-se-á o montante dos aqüestos, excluindo-se da soma dos patrimônios próprios: - I - os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; - II - os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; - III - as dívidas relativas a esses bens. - Parágrafo único - Salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos durante o casamento os bens móveis. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 4. SEPARAÇÃO DE BENS Obs.: Não há meação. Não há bens comuns. Pode haver condomínio em bens específicos. a) Tipos: - convencional; - obrigatório b) Regras: - Art. 1.687 - Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. - Art. 1.688 - Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial • Enunciado do CJF acerca da separação obrigatória - 261 – Art. 1.641: A obrigatoriedade do regime da separação de bens não se aplica a pessoa maior de sessenta anos, quando o casamento for precedido de união estável iniciada antes dessa idade. • Decisão do STJ acerca do regime de separação obrigatória na união estável DIREITO DE FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. COMPANHEIRO SEXAGENÁRIO. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS. ART. 258, § ÚNICO, INCISO II, DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. 1. Por força do art. 258, § único, inciso II, do Código Civil de 1916 (equivalente, em parte, ao art. 1.641, inciso II, do Código Civil de 2002), ao casamento de sexagenário, se homem, ou cinquentenária, se mulher, é imposto o regime de separação obrigatória de bens. Por esse motivo, às uniões estáveis é aplicável a mesma regra, impondo-se seja observado o regime de separação obrigatória, sendo o homem maior de sessenta anos ou mulher maior de cinquenta. 2. Nesse passo, apenas os bens adquiridos na constância da união estável, e desde que comprovado o esforço comum, devem ser amealhados pela companheira, nos termos da Súmula n.º 377 do STF. 3. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 646259 RS 2004/0032153-9, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 22/06/2010, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/08/2010) D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO 1. Histórico: a) Até 1.977, no Brasil, não havia divórcio. Havia desquite. Consequências; b) Lei 6.515/77, regulamentando a EC. nº 9, de 1.977; Sen. Nélson Carneiro. Disputas políticas. Posição da Igreja Católica; c) Regras de desestímulo: dicotomia (separação/divórcio), prazos, tentativas de reconciliação, necessidade de partilha etc. d) CF/88: redução dos prazos para o divórcio; e) CC/02: manutenção dos prazos para o divórcio; ampliação das hipóteses de separação; f) Lei 11.441/07 (CPC 1124-A): Separação/Divórcio extrajudicial (administrativo); g) Emenda Constitucional - EC nº 66 (§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010). Obs.: Forte polêmica doutrinária: Houve (ou não) revogação da separação • Enunciados nº 514, 515 e 517, do Conselho da justiça Federal: 514 - A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial e extrajudicial. 515 - Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional n. 66/2010, não há prazo mínimo de casamento para a separação consensual 517 - A Emenda Constitucional n. 66/2010 extinguiu os prazos previstos no art. 1.580 do Código Civil, mantido o divórcio por conversão. • DECISÃO DO STJ PERTINENTE AO ASSUNTO HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. DISSOLUÇÃO DE CASAMENTO. EC 66, DE 2010. DISPOSIÇÕES ACERCA DA GUARDA, VISITAÇÃO E ALIMENTOS DEVIDOS AOS FILHOS. PARTILHA DE BENS. IMÓVEL SITUADO NO BRASIL. DECISÃO PROLATADA POR AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA. OFENSA À SOBERANIA NACIONAL. 1. A sentença estrangeira encontra-se apta à homologação, quando atendidos os requisitos dos arts. 5º e 6º da Resolução STJ n.º 9/2005: (i) a sua prolação por autoridade competente; (ii) a devida ciência do réu nos autos da decisão homologanda; (iii) o seu trânsito em julgado; (iv) a chancela consular brasileira acompanhada de tradução por tradutor oficial ou juramentado; (v) a ausência de ofensa à soberania ou à ordem pública. 2. A nova redação dada pela EC 66, de 2010, ao § 6º do art. 226 da CF/88 tornou prescindível a comprovação do D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco preenchimento do requisito temporal outrora previsto para fins de obtenção do divórcio. 3. Afronta a homologabilidade da sentença estrangeira de dissolução de casamento a ofensa à soberania nacional, nos termos do art. 6º da Resolução n.º 9, de 2005, ante a existência de decisão prolatada por autoridade judiciária brasileira a respeito das mesmas questões tratadas na sentença homologanda. 4. A exclusividade de jurisdição relativamente a imóveis situados no Brasil, prevista no art. 89, I, do CPC, afasta a homologação de sentença estrangeira na parte em que incluiu bem dessa natureza como ativo conjugal sujeito à partilha. 5. Pedido de homologação de sentença estrangeira parcialmente deferido, tão somente para os efeitos de dissolução do casamento e da partilha de bens do casal, com exclusão do imóvel situado no Brasil. (STJ , Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 12/05/2011, CE - CORTE ESPECIAL) - Dispositivos acerca de separação no Novo CPC Art. 693 - As normas deste Capítulo aplicam-se aos processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e extinção de união estável, guarda, visitação e filiação. Art. 731 - A homologação do divórcio ou da separação consensuais, observados os requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos os cônjuges, da qual constarão: Art. 732 - As disposições relativas ao processo de homologação judicial de divórcio ou de separação consensuais aplicam-se, no que couber, ao processo de homologação da extinção consensual de união estável. Art. 733. O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que trata o art. 731. 2 – Dissolução da Sociedade Conjugal X Dissolução do Vínculo (casamento) - Uma das chamadas regras de desestímulo, criadas na Lei do Divórcio (lei 6515/77); - A lógica era (e é) que a separação não extingue o casamento (vínculo); - Era conjugada com prazos para converter a separação em divórcio. - Subsiste, bastante mitigada pela EC 66, no artigo 1571. - artigo 1571 do CC: Art. 1.571 - A sociedade conjugal termina: I - pela morte de um dos cônjuges; II - pelanulidade ou anulação do casamento; III - pela separação judicial; D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco IV - pelo divórcio. § 1º - O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. § 2º - Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial. 3 – Tipos de Separação (considerando a subsistência da separação no sistema) a) Separação litigiosa (por culpa): Art. 1.572 - Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro qualquer ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum - requisitos: grave violação dos deveres conjugais (art. 1.566: São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. + insuportabilidade da vida em comum Obs: “grave” violação e insuportabilidade - Decisão pertinente ao assunto SEPARAÇÃO LITIGIOSA. Quebra do dever de fidelidade. Adultério. As partes acordaram com a separação, mas divergiram quanto à culpa por esse rompimento. Pendente a questão dos danos morais. Indenização que não é devida. Falência da sociedade conjugal que não configura o dever de indenizar. Sentença que julgou improcedente o pedido indenizatório formulado pela ré/reconvinte. Recurso da ex-mulher, voltado a alterar essa decisão, desprovido. (TJ-SP, Relator: Teixeira Leite, Data de Julgamento: 19/01/2012, 4ª Câmara de Direito Privado) b) Separação por ruptura: Art. 1.572, § 1º - A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição Art. 1.573 - Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes motivos: I - adultério; II - tentativa de morte; D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco III - sevícia ou injúria grave; IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo; V - condenação por crime infamante; VI - conduta desonrosa. Parágrafo Único - O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum. Obs.: Requisitos: Ruptura da vida em comum há mais de 1 ano + Impossibilidade de sua reconstituição c) Separação por Doença Mental: art. 1.572, § 2º - O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de doença mental grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que, após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável. Art. 1.572, § 3º - No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a separação judicial, os remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos bens adotado o permitir, a meação dos adquiridos na constância da sociedade conjugal. Obs.: Requisitos: Grave doença mental + Manifestada após o casamento + Impossibilidade de vida em comum + 2 anos de duração + Reconhecimento de cura improvável d) Separação Consensual Art. 1574 - Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada a convenção. Parágrafo Único - O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar que a convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges Obs.: requisitos: Casamento há mais de 1 ano + Manifestação perante o juiz e) Separação Extrajudicial Art. 3º da Lei 11.441/07 c/c art. 1.124-A do CPC: A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco § 1º - A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis. § 2º - O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. § 3º - A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei. (Incluído pela Lei nº 11.441, de 2007). Obs.: Requisitos: Inexistência de filhos menores ou incapazes + Presença de advogado representando as partes + Escritura pública + Inexistência de litígio sobre partilha de bens, pensão alimentícia e uso de nome 4 – TIPOS DE DIVÓRCIO a) Por Conversão Art. 1580 - Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio Obs: não há mais o requisito do prazo b) Direto Art. 1580, § 2° - O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os cônjuges, no caso de comprovada separação de fato por mais de dois anos Obs: não há mais a exigência do prazo, em razão da EC/66 c) Extrajudicial: art. 3º da Lei 11.441/07 c/c art. 1124-A do CPC Obs.: Requisitos: Inexistência de filhos menores ou incapazes + presença de advogado representando as partes + Escritura pública + Inexistência de litígio sobre partilha de bens, pensão alimentícia e uso de nome 5 - Aspectos Relativos ao Processo de Separação/Divórcio a) Art. 1.575 - (“A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha de bens”). Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz ou por este decidida. - efeitos da sentença quanto à separação de corpos e quanto à partilha de bens; Obs.: ver art. 1581 (“O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens”) b) Art. 1.576 - (A separação judicial põe termo aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca e ao regime de bens. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco Parágrafo Único - O procedimento judicial da separação caberá somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, serão representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão. Obs.: Efeitos da separação quanto aos deveres de coabitação e fidelidade e quanto ao fim do regime de bens; a questão relativa à separação de fato. • Decisão do STJ pertinente ao assunto RECURSO ESPECIAL N° 40.785 - RIO DE JANEIRO - (1993/31957-4) - (7.463) - RELATOR MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO EMENTA Divórcio direto. Separação de fato. Partilha de bens.1. Não integram o patrimônio, para efeito da partilha, uma vez decretado o divórcio direto, os bens havidos após a prolongada separação de fato. 2. Recurso especial conhecido e provido. c) Art. 1.578 - O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelocônjuge inocente e se a alteração não acarretar: I - evidente prejuízo para a sua identificação; II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida; III - dano grave reconhecido na decisão judicial. § 1º - O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. § 2º - Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado 6 – Proteção da Pessoa dos Filhos Com esse título, o Código Civil trata o capítulo referente à guarda (visitas) dos filhos, em razão da separação, divórcio ou dissolução da união estável. - Dispositivos legais acerca de guarda: Art. 1.583 - A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008). § 1º - Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco § 2º - Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 3º - Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 4º - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). § 5º - A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) Art. 1.584 - A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008). I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). § 1º - Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). § 2º - Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 3º - Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 4º - A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 5º - Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 6º - Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) Art. 1.585 - Em sede de medida cautelar de separação de corpos, em sede de medida cautelar de guarda ou em outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão sobre guarda de filhos, mesmo que provisória, será proferida preferencialmente após a oitiva de ambas as partes perante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos exigir a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte, aplicando-se as disposições do art. 1.584. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) Art. 1.586 - Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais. Art. 1.587 - No caso de invalidade do casamento, havendo filhos comuns, observar-se-á o disposto nos arts. 1.584 e 1.586. Art. 1.588 - O pai ou a mãe que contrair novas núpcias não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe poderão ser retirados por mandado judicial, provado que não são tratados convenientemente. Art. 1.589 - O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação. Parágrafo Único - O direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.398, de 2011) Art. 1.590 - As disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores incapazes. • Acórdão do STJ pertinente ao assunto CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA COMPARTILHADA. CONSENSO. NECESSIDADE. ALTERNÂNCIA DE RESIDÊNCIA DO MENOR. POSSIBILIDADE. 1. A guarda compartilhada busca a plena proteção do melhor interesse dos filhos, pois reflete, com muito mais acuidade, a realidade da organização social atual que caminha para o fim das rígidas divisões de papéis sociais definidas pelo gênero dos pais. 2. A guarda compartilhada é o ideal a ser buscado no exercício do Poder Familiar entre pais separados, mesmo que demandem deles reestruturações, concessões e adequações diversas, para que seus filhos possam usufruir, durante sua formação, do ideal psicológico de duplo referencial. 3. Apesar de a separação ou do divórcio usualmente coincidirem com o ápice do distanciamento do antigo casal e com a maior evidenciação das diferenças existentes, o melhor interesse do menor, ainda assim, dita a aplicação da guarda compartilhada como regra, mesmo na hipótese de ausência de consenso. 4. A inviabilidade D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco da guarda compartilhada, por ausência de consenso, faria prevalecer o exercício de uma potestade inexistente por um dos pais. E diz-se inexistente, porque contrária ao escopo do Poder Familiar que existe para a proteção da prole. 5. A imposição judicial das atribuições de cada um dos pais, e o período de convivência da criança sob guarda compartilhada, quandonão houver consenso, é medida extrema, porém necessária à implementação dessa nova visão, para que não se faça do texto legal, letra morta. 6. A guarda compartilhada deve ser tida como regra, e a custódia física conjunta - sempre que possível - como sua efetiva expressão. 7. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1428596 RS 2013/0376172-9, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de julgamento: 03/06/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/06/2014) • Acórdão do TJRS sobre o tema AGRAVO DE INSTRUMENTO. GUARDA. GUARDA COMPARTILHADA. DESCABIMENTO. Ante o forte clima de litigiosidade entra os genitores, o que já está estampado nos diversos recursos apreciados por este Colegiado, não se recomenda o deferimento da guarda compartilhada. Quanto à incidência da nova legislação (Lei 13.058/2014), há que interpretá-la à luz dos princípios constitucionais superiores, em harmonia especialmente com o disposto no art. 227 da CF/88, que consagra o princípio do melhor interesse da criança. NEGARAM PROVIMENTO. UNANIME. (Agravo de Instrumento Nº 70064561541, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 16/07/2015). (TJ-RS - AI: 70064561541 RS , Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Data de Julgamento: 16/07/2015, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 22/07/2015) UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO 1 – Relevância do assunto: - Os dados do último censo do IBGE, apontam que cerca de 36,4% dos casais brasileiros não são casados formalmente; - Em alguns Estados esses índices podem alcançar cerca de metade da população; - Deve-se lembrar que o conceito de casamento está ligado ao registro (no caso, no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais) D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 2 – Histórico a) Noção histórico-moral de concubinato: - Conotação pejorativa; - Relação ilegítima b) Fase anterior à CF/88: - A inexistência de divórcio e a questão dos desquitados; - Existência de sociedade de fato, quanto aos efeitos patrimoniais (não havia meação, por exemplo); Obs.: Primeiros reconhecimentos de direitos similares ao casamento: • Tornar a companheira(o) beneficiário(a) da Previdência Social (leis 4297/63, 5698/71, 6194/74, 8441/92 etc. • Concessão de benefícios de pensão deixada por servidor: Lei 3765/60; • Uso do nome: art. 57, §2º da Lei 6015/73: “A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de qualquer das partes ou de ambas. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975). c) Constituição Federal de 88: Artigo 226, § 3º - “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.” Obs: Diversidade de sexos (ou gênero, como expressão mais atual); conversão em casamento; não equiparação ao casamento. d) Lei 8971/94 - Regulava direito a alimentos e à sucessão - Trazia a questão do tempo como requisito para a sua configuração: Art. 1º - A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade. Parágrafo Único - Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou viúva. e) Lei 9278/96: - Regulava as questões dos deveres dos companheiros e do regime de bens. - Afasta a questão do tempo como requisito para a configuração da união estável: D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco - Art. 1º - É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família f) Código Civil de 2002: - Art. 1.723 - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. - § 1º - A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. - § 2º - As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável. - Art. 1.724 - As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. - Art. 1.725 - Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. - Art. 1.726 - A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. - Art. 1.727 - As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. g) ADPF 132 e ADIN 4277: - Rel. Min. Carlos Ayres Brito - Caso originário: - Principal efeito: interpretação dada ao art. 1723 do CC/02: É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. E ao próprio art. 226; § 3º da CF/88: Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento • União Estável e Concubinato 1 – Requisitos para a configuração: Art. 1723 - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco a) Requisitos Subjetivos (ligados às pessoas): - 2 pessoas; - maiores e capazes Obs 1: quanto às relações de poliamorismo. Obs2: quanto à condição de capacidade b) Requisitos Objetivos: - convivência: pública, contínua e duradoura. - Obs1: pública; - Obs2: contínua; - Obs3: duradora. - Obs 4: não há necessidade de escritura pública c) Requisitos Negativos: Art. 1.723, § 1º - A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. Art. 1.723, § 2º: As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável Obs: o problema da separação de fato. • Precedentes referentes à configuração da união estável - AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. CONFIGURAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. SEPARAÇÃO DE FATO ENTRE CÔNJUGES. POSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL. SÚMULA 83/STJ. 1. Inviável o recurso especial cuja análise das razões impõe reexame do contexto fático-probatório da lide, nos termos da vedação imposta pelo enunciado nº 7 da Súmula do STJ. 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentidode que a existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da união estável, desde que haja separação de fato ou judicial entre os casados. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no AREsp: 494273 RJ 2014/0069381-7, Relator: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, Data de Julgamento: 10/06/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/07/2014) D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco - RECURSO ESPECIAL E RECURSO ESPECIAL ADESIVO. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL, ALEGADAMENTE COMPREENDIDA NOS DOIS ANOS ANTERIORES AO CASAMENTO, C.C. PARTILHA DO IMÓVEL ADQUIRIDO NESSE PERÍODO. 1. ALEGAÇÃO DE NÃO COMPROVAÇÃO DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DA AUTORA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. 2. UNIÃO ESTÁVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. NAMORADOS QUE, EM VIRTUDE DE CONTINGÊNCIAS E INTERESSES PARTICULARES (TRABALHO E ESTUDO) NO EXTERIOR, PASSARAM A COABITAR. ESTREITAMENTO DO RELACIONAMENTO, CULMINANDO EM NOIVADO E, POSTERIORMENTE, EM CASAMENTO. 3. NAMORO QUALIFICADO. VERIFICAÇÃO. REPERCUSSÃO PATRIMONIAL. INEXISTÊNCIA. 4. CELEBRAÇÃO DE CASAMENTO, COM ELEIÇÃO DO REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. TERMO A PARTIR DO QUAL OS ENTÃO NAMORADOS/NOIVOS, MADUROS QUE ERAM, ENTENDERAM POR BEM CONSOLIDAR, CONSCIENTE E VOLUNTARIAMENTE, A RELAÇÃO AMOROSA VIVENCIADA, PARA CONSTITUIR, EFETIVAMENTE, UM NÚCLEO FAMILIAR, BEM COMO COMUNICAR O PATRIMÔNIO HAURIDO. OBSERVÂNCIA . NECESSIDADE. 5. RECURSO ESPECIAL PROVIDO, NA PARTE CONHECIDA; E RECURSO ADESIVO PREJUDICADO. 1. O conteúdo normativo constante dos arts. 332 e 333, II, da lei adjetiva civil, não foi objeto de discussão ou deliberação pela instância precedente, circunstância que enseja o não conhecimento da matéria, ante a ausência do correlato e indispensável prequestionamento. 2. Não se denota, a partir dos fundamentos adotados, ao final, pelo Tribunal de origem (por ocasião do julgamento dos embargos infringentes), qualquer elemento que evidencie, no período anterior ao casamento, a constituição de uma família, na acepção jurídica da palavra, em que há, necessariamente, o compartilhamento de vidas e de esforços, com integral e irrestrito apoio moral e material entre os conviventes. A só projeção da formação de uma família, os relatos das expectativas da vida no exterior com o namorado, a coabitação, ocasionada, ressalta-se, pela contingência e interesses particulares de cada qual, tal como esboçado pelas instâncias ordinárias, afiguram-se insuficientes à verificação da affectio maritalis e, por conseguinte, da configuração da união estável. 2.1 O propósito de constituir família, alçado pela lei de regência como requisito essencial à constituição da união estável - a distinguir, inclusive, esta entidade familiar do denominado "namoro qualificado" -, não consubstancia mera proclamação, para o futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Esta deve se afigurar presente durante toda a convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, restar constituída. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 2.2. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável (ainda que possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício), especialmente se considerada a particularidade dos autos, em que as partes, por contingências e interesses particulares (ele, a trabalho; ela, pelo estudo) foram, em momentos distintos, para o exterior, e, como namorados que eram, não hesitaram em residir conjuntamente. Este comportamento, é certo, revela-se absolutamente usual nos tempos atuais, impondo-se ao Direito, longe das críticas e dos estigmas, adequar-se à realidade social. 3. Da análise acurada dos autos, tem-se que as partes litigantes, no período imediatamente anterior à celebração de seu matrimônio (de janeiro de 2004 a setembro de 2006), não vivenciaram uma união estável, mas sim um namoro qualificado, em que, em virtude do estreitamento do relacionamento projetaram para o futuro - e não para o presente -, o propósito de constituir uma entidade familiar, desiderato que, posteriormente, veio a ser concretizado com o casamento. 4. Afigura-se relevante anotar que as partes, embora pudessem, não se valeram, tal como sugere a demandante, em sua petição inicial, do instituto da conversão da união estável em casamento, previsto no art. 1.726 do Código Civil. Não se trata de renúncia como, impropriamente, entendeu o voto condutor que julgou o recurso de apelação na origem. Cuida-se, na verdade, de clara manifestação de vontade das partes de, a partir do casamento, e não antes, constituir a sua própria família. A celebração do casamento, com a eleição do regime de comunhão parcial de bens, na hipótese dos autos, bem explicita o termo a partir do qual os então namorados/noivos, maduros que eram, entenderam por bem consolidar, consciente e voluntariamente, a relação amorosa vivenciada para constituir, efetivamente, um núcleo familiar, bem como comunicar o patrimônio haurido. A cronologia do relacionamento pode ser assim resumida: namoro, noivado e casamento. E, como é de sabença, não há repercussão patrimonial decorrente das duas primeiras espécies de relacionamento. 4.1 No contexto dos autos, inviável o reconhecimento da união estável compreendida, basicamente, nos dois anos anteriores ao casamento, para o único fim de comunicar o bem então adquirido exclusivamente pelo requerido. Aliás, a aquisição de apartamento, ainda que tenha se destinado à residência dos então namorados, integrou, inequivocamente, o projeto do casal de, num futuro próximo, constituir efetivamente a família por meio do casamento. Daí, entretanto, não advém à namorada/noiva direito à meação do referido bem. 5. Recurso especial provido, na parte conhecida. Recurso especial adesivo prejudicado. (STJ - REsp: 1454643 RJ 2014/0067781-5, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 03/03/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/03/2015) D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 2 – Efeitos da União Estável: a) Efeitos Pessoais: - art. 1724 - As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos. • Decisão do STJ pertinente ao assunto DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. RELAÇÃO CONCOMITANTE. DEVER DE FIDELIDADE. INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. AUSÊNCIA. ARTIGOS ANALISADOS: ARTS. 1º e 2º da Lei 9.278/96. 1. Ação de reconhecimento de união estável, ajuizada em 20.03.2009. Recurso especial concluso ao Gabinete em 25.04.2012. 2. Discussão relativa ao reconhecimento de união estável quando não observado o dever de fidelidade pelo de cujus, que mantinha outro relacionamento estável com terceira. 3. Embora não seja expressamente referida na legislação pertinente, como requisito para configuração da união estável, a fidelidade está ínsita ao próprio dever de respeito e lealdade entre os companheiros. 4. A análise dos requisitos para configuração da união estável deve centrar-se na conjunção de fatores presente em cada hipótese, como a affectio societatis familiar, a participação de esforços, a posse do estado de casado, a continuidade da união, e também a fidelidade. 5. Uma sociedade que apresenta como elemento estrutural a monogamia não pode atenuar o dever de fidelidade- que integra o conceito de lealdade e respeito mútuo - para o fim de inserir no âmbito do Direito de Família relações afetivas paralelas e, por consequência, desleais, sem descurar que o núcleo familiar contemporâneo tem como escopo a busca da realização de seus integrantes, vale dizer, a busca da felicidade. 6. Ao analisar as lides que apresentam paralelismo afetivo, deve o juiz, atento às peculiaridades multifacetadas apresentadas em cada caso, decidir com base na dignidade da pessoa humana, na solidariedade, na afetividade, na busca da felicidade, na liberdade, na igualdade, bem assim, com redobrada atenção ao primado da monogamia, com os pés fincados no princípio da eticidade. 7. Na hipótese, a recorrente não logrou êxito em demonstrar, nos termos da legislação vigente, a existência da união estável com o recorrido, podendo, no entanto, pleitear, em processo próprio, o reconhecimento de uma eventual uma sociedade de fato entre eles. 8. Recurso especial desprovido. (STJ - REsp: 1348458 MG 2012/0070910-1, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 08/05/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/06/2014) D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco b) Efeitos Patrimoniais: - Art. 1.725 - Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. Obs.: Requisito formal: “contrato escrito”. Não há exigência de escritura pública, portanto. • Decisão do STJ pertinente ao assunto RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. COMPANHEIRO SEXAGENÁRIO. ART. 1.641, II, DO CÓDIGO CIVIL (REDAÇÃO ANTERIOR À LEI Nº 12.344/2010). REGIME DE BENS. SEPARAÇÃO LEGAL. NECESSIDADE DE PROVA DO ESFORÇO COMUM. COMPROVAÇÃO. BENFEITORIA E CONSTRUÇÃO INCLUÍDAS NA PARTILHA. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. É obrigatório o regime de separação legal de bens na união estável quando um dos companheiros, no início da relação, conta com mais de sessenta anos, à luz da redação originária do art. 1.641, II, do Código Civil, a fim de realizar a isonomia no sistema, evitando-se prestigiar a união estável no lugar do casamento. 2. No regime de separação obrigatória, apenas se comunicam os bens adquiridos na constância do casamento pelo esforço comum, sob pena de se desvirtuar a opção legislativa, imposta por motivo de ordem pública. 3. Rever as conclusões das instâncias ordinárias no sentido de que devidamente comprovado o esforço da autora na construção e realização de benfeitorias no terreno de propriedade exclusiva do recorrente, impondo-se a partilha, demandaria o reexame de matéria fático-probatória, o que é inviável em sede de recurso especial, nos termos da Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça. 4. Recurso especial não provido. (STJ - REsp: 1403419 MG 2013/0304757-6, Relator: Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Data de Julgamento: 11/11/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 14/11/2014) 3 – Conversão em Casamento: - Art. 226, § 3º, CF/88 – “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.” - Art. 1.726, CC/02 - A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 4 – Concubinato: - Art. 1.727 - As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Obs1: relações não eventuais Obs2: “homem e mulher” Obs3: Parte da doutrina ainda usa as denominações: concubinato puro e concubinato impuro, segundo a Profa. Maria Helena Diniz: • PURO seria para pessoas desimpedida de casar, ou seja, seria a própria união estável; • IMPURO seria: 1 – adulterino, se um dos concubinos for casado; ou 2 – incestuoso, se houver parentesco entre as partes. PARENTESCO 1 – Conceito: - “É a relação jurídica de direito de família, que vincula 2 ou mais pessoas, por laços de consanguinidade, afinidade, adoção ou afetividade”. Obs: Todas as pessoas possuem relação de parentesco. É algo inerente ao ser humano. O direito, de certa forma, reduz as relações biológicas de parentesco, discriminando aquelas que geram efeitos jurídicos. 2 – Tipos: - Consanguíneo (também chamado de natural); - Afinidade; - Adoção; - Socioafetivo Obs: Quanto ao parentesco socioafetivo. Implicações recentes. Enunciado 256 CJF: “A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil” 3 – Regras Gerais: - Art. 1.591 - São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Obs.: Este artigo explicita quais são os parentes na linha reta. • Para facilitar: - ascendentes: pai (mãe), avô(avó), bisavô (bisavó), trisavô (trisavó) etc. - descendentes: filha (filho), neta (neto), bisneta (bisneto), trineta (trineto) etc. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco - Art. 1.592 - São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Obs: Este artigo explicita quais são os parentes na linha colateral. • Para facilitar: - Irmãos, sobrinhos, tios, primos, tios-avós, sobrinhos-netos. - Art. 1.593 - O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. - Art. 1.594 - Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. - Art. 1.595 - Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. - § 1º - O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. - § 2º - Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. 4 – Filiação – Presunção de Paternidade: a) Princípio da igualdade entre filhos - CC/02. Art. 1.596 - Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. - CF/88. Art. 227, § 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. • Importante Acórdão do STF Sobre Igualdade Entre Filhos CONSTITUCIONAL. DIREITO DAS SUCESSÕES. HABILITAÇÃO COMO HERDEIRA DE FILHA ADOTIVA. ABERTURA DA SUCESSÃO ANTES DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. ART. 227, § 6º. APLICAÇÃO RETROATIVA: IMPOSSIBILIDADE. 1. Presume-se a repercussão geral da questão constitucional quando o aresto recorrido contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal (CPC, art. 543-A, § 3º, c/c art. 323, § 1º, do RISTF). 2. A eficácia imediata da Constituição somente alcança os efeitos futuros de fatos passados e não os fatos consumados do passado. O alcance da Constituição em relação aos fatos consumados no passado somente será naquilo que expressamente determinar. Precedentes. (STF - RE: 632956 RS - RIO GRANDE DO SUL, Relator: Min. CELSO DE MELLO, Data de Julgamento: 11/02/2015) D. de Família/CamiloColani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco A capacidade para suceder é regulada pela lei vigente à época da abertura da sucessão, isso porque, uma vez aberta a sucessão, o domínio e a posse da herança transmitem-se aos herdeiros legítimos e testamentários (CC-1916, art. 1752, atual art. 1.784 do CC-2002). Logo, descabe emprestar a eficácia retroativa ao art. 227, § 6º, da CF, com vistas a conferir tratamento igualitário entre os filhos legítimos e testamentários. Precedentes. 4. Parecer pelo conhecimento e provimento do recurso.” Sendo esse o contexto, passo a apreciar o presente recurso extraordinário. E, ao fazê-lo, entendo assistir razão ao parecer da douta Procuradoria-Geral da República, no ponto em que opina pelo provimento do presente recurso extraordinário, cujos termos adoto como fundamento desta decisão, valendo-me, para tanto, da técnica da motivação per relationem”, reconhecida como plenamente compatível com o texto da Constituição (AI 738.982/PR, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA AI 809.147/ES, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA AI 814.640/RS, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI ARE 662.029/SE, Rel. Min. CELSO DE MELLO – HC 54.513/DF, v.g.): Reveste-se de plena legitimidade jurídico-constitucional a utilização, pelo Poder Judiciário, da técnica da motivação per relationem, que se mostra compatível com o que dispõe o art. 93, IX, da Constituição da República. A remissão feita pelo magistrado –r referindo-se, expressamente, aos fundamentos (de fato e/ou de direito) que deram suporte a anterior decisão (ou, então, a pareceres do Ministério Público ou, ainda, a informações prestadas por órgão apontado como coator)–c constitui meio apto a promover a formal incorporação, ao ato decisório, da motivação a que o juiz se reportou como razão de decidir. Precedentes. (AI 825.520-AgR-ED/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Impende assinalar, por relevante, que o Plenário desta Suprema Corte, ao julgar a AR 1.811/PB, Red. p/ o acórdão Min. DIAS TOFFOLI, fixou entendimento que torna acolhível a pretensão de direito material deduzida pela parte ora recorrente: Ação rescisória. Decisão rescindenda que não se pronuncia sobre norma tida por violada. Inadmissibilidade. Mérito. Direito das sucessões. Filho adotivo. Pretendida habilitação na qualidade de herdeiro do de cujus. Abertura da sucessão antes do advento da Constituição Federal de 1988. Inaplicabilidade do art. 227, § 6º, da Constituição. 1. Inviável a ação rescisória que se funda em violação literal de lei se a decisão rescindenda não se houver pronunciado sobre a norma legal tida por violada por falta de alegação oportuna. Precedente: AR nº 1.752/RJ-AgR, Plenário, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 20/5/05. 2. A sucessão regula-se por lei vigente à data de sua abertura, não se aplicando a sucessões verificadas antes do seu advento a norma do art. 227, § 6º, da Carta de 1988. Precedente: RE nº 163.167/SC, Primeira Turma, Relator o Ministro Ilmar Galvão, DJ de 8/9/95. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 3. Não conhecimento da ação rescisória. O exame da presente causa evidencia que o acórdão ora impugnado diverge da diretriz jurisprudencial que esta Suprema Corte firmou na análise da matéria em referência. Sendo assim, em face das razões expostas, e considerando, ainda, o parecer da douta Procuradoria-Geral da República, conheço do presente recurso extraordinário, para dar-lhe provimento (CPC, art. 557, § 1º-A), em ordem a determinar seja observada a orientação jurisprudencial firmada por esta Suprema Corte. Publique-se. Brasília, 11 de fevereiro de 2015. Ministro CELSO DE MELLO Relator b) Presunção de Paternidade Obs.: Regra: “pater is est quem nuptiae demonstrant” (pai é o marido na constância do casamento); Obs.: Trata-se de presunção relativa, ou seja, admite prova em contrário. - Aplicação: somente para homens casados. - Art. 1.597 - Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: - I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; - II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; - III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; - IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; - V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. - Art. 1.598 - Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1.597. • Acórdão importante para fixação AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE, CUMULADA COM PEDIDO DE ALIMENTOS. FIXAÇÃO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE, NO CASO. Inexistindo prova a segura a indicar que o nascimento da filha alimentada efetivamente ocorreu no período de trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, inviável o estabelecimento da pretendida obrigação de alimentar. Impossibilidade de aplicação da D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco presunção legal (pater is est, quem nuptiae demonstrant). Inteligência do art. 1.597, II, CC. NEGADO SEGUIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, POR MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70067991406, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 19/01/2016). (TJ-RS - AI: 70067991406 RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Data de Julgamento: 19/01/2016, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 21/01/2016) 5 – Filiação – Reconhecimento de Paternidade: a) Aplicação: - Homens não casados: Art. 1.607. O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. b) 2 Formas de Reconhecimento: - Voluntário; - Forçado (Investigação de Paternidade) c) Reconhecimento Voluntário da Paternidade - Art. 1.609 - O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: - I - no registro do nascimento; - II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; - III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; - IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. - Parágrafo único - O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. d) Outras Regras Incidentes no Reconhecimento Voluntário: - Art. 1.610 - O reconhecimento não pode ser revogado, nem mesmo quando feito em testamento. - Art. 1.611 - O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro. - Art. 1.612 - O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhor atender aos interesses do menor. - Art. 1.613 - São ineficazes a condição e o termo apostos ao ato de reconhecimento do filho. - Art. 1.614 - O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento,nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco • Acórdão do STJ pertinente ao assunto: DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE C/C ANULATÓRIA DE REGISTRO DE NASCIMENTO. AUSÊNCIA DE VÍCIO DE CONSENTIMENTO. RELAÇÃO SOCIOAFETIVA. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO: ARTIGOS ANALISADOS: ARTS. 1.604 e 1.609 do Código Civil. 1. Ação negatória de paternidade, ajuizada em fevereiro de 2006. Recurso especial concluso ao Gabinete em 26.11.2012. 2. Discussão relativa à nulidade do registro de nascimento em razão de vício de consentimento, diante da demonstração da ausência de vínculo genético entre as partes. 3. A regra inserta no caput do art. 1.609 do CC-02 tem por escopo a proteção da criança registrada, evitando que seu estado de filiação fique à mercê da volatilidade dos relacionamentos amorosos. Por tal razão, o art. 1.604 do mesmo diploma legal permite a alteração do assento de nascimento excepcionalmente nos casos de comprovado erro ou falsidade do registro. 4. Para que fique caracterizado o erro, é necessária a prova do engano não intencional na manifestação da vontade de registrar. 5. Inexiste meio de desfazer um ato levado a efeito com perfeita demonstração da vontade daquele que, um dia declarou perante a sociedade, em ato solene e de reconhecimento público, ser pai da criança, valendo-se, para tanto, da verdade socialmente construída com base no afeto, demonstrando, dessa forma, a efetiva existência de vínculo familiar. 6. Permitir a desconstituição de reconhecimento de paternidade amparado em relação de afeto teria o condão de extirpar da criança preponderante fator de construção de sua identidade e de definição de sua personalidade. E a identidade dessa pessoa, resgatada pelo afeto, não pode ficar à deriva em face das incertezas, instabilidades ou até mesmo interesses meramente patrimoniais de terceiros submersos em conflitos familiares. 7. Recurso especial desprovido. (STJ - REsp: 1383408 RS 2012/0253314-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 15/05/2014, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 30/05/2014) e) Reconhecimento Forçado (investigação de paternidade): - Norma básica do ECA: Art. 27 - O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. - Normas básica do Código Civil: Art. 1.616 - A sentença que julgar procedente a ação de investigação produzirá os mesmos efeitos do reconhecimento; mas poderá ordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade. D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco Art. 1.603 - A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil. Art. 1.604 - Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro. Art. 1.605 - Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito: I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente; II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos. Art. 1.606 - A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Parágrafo Único - Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo. • Interessante Acórdão do STJ Acerca do Assunto AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. IMPEDIMENTO PARA O RECONHECIMENTO DA PATERNIDADE BIOLÓGICA. NÃO OCORRÊNCIA. AÇÃO PROPOSTA PELO FILHO. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Não se constata violação ao art. 535 do CPC .... 2. A existência de relação socioafetiva com o pai registral não impede o reconhecimento dos vínculos biológicos quando a investigação de paternidade é demandada por iniciativa do próprio filho, uma vez que a pretensão deduzida fundamenta-se no direito personalíssimo, indisponível e imprescritível de conhecimento do estado biológico de filiação, consubstanciado no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III). Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg no AREsp: 678600 SP 2015/0053479-2, Rel.: Min. RAUL ARAÚJO, Data de Julg.: 26/05/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/06/2015) f) Ação de Investigação de Paternidade: Estrutura processual: - Autor: suposto filho; - Réu: suposto pai; - Provas: fase pré-DNA e condição atual; - Coisa Julgada: ações julgadas sem o exame de DNA D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco 6 – Ação Negatória de Paternidade (Ação de Contestação de Paternidade) a) Aplicação: - Homens casados (sujeitos à presunção de paternidade) b) Estrutura Processual: - autor: pai (marido da mãe, sujeito à presunção de paternidade); - réu: filho (nascido dentro das regras da presunção de paternidade e registrado pelo marido da mãe) c) Normas Atinentes à Negatória de Paternidade: - Art. 1.599 - A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade. - Art. 1.600 - Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da paternidade. - Art. 1.601 - Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. - Parágrafo Único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação. - Art. 1.602 - Não basta a confissão materna para excluir a paternidade. • Importante Decisão do STJ Sobre a Questão RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO NEGATÓRIA DE PATERNIDADE. LEGITIMIDADE ORDINÁRIA ATIVA. AÇÃO DE ESTADO. DIREITO PERSONALÍSSIMO E INDISPONÍVEL DO GENITOR (ART. 27 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE). SUB-ROGAÇÃO DOS AVÓS. IMPOSSIBILIDADE. EXAME DE DNA. RESULTADO DIVERSO DA PATERNIDADE REGISTRAL. AUSÊNCIA DE VÍNCULO DE PARENTESCO ENTRE AS PARTES. FILIAÇÃO AFETIVA NÃO CONFIGURADA. ESTADO DE FILIAÇÃO RECONHECIDO VOLUNTARIAMENTE PELO PAI BIOLÓGICO. SUPREMACIA DO INTERESSE DO MENOR. VERDADE REAL QUE SE SOBREPÕE À FICTÍCIA. ART. 511, § 2º, DO CPC. AUSÊNCIA DE NULIDADE. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. SÚMULAS NºS 83, 211, 7/STJ E 284/STF. INCIDÊNCIA. 1. A legitimidade ordinária ativa da ação negatória de paternidade compete exclusivamente ao pai registral por ser ação de estado, que protege direito personalíssimo e indisponível do genitor (art. 27 do ECA), não comportando sub-rogação dos avós, porquanto direito intransmissível, impondo-se manter a decisão de carência de ação (art. 267, VI, do CPC), mormente quando o interesse dos recorrentes não é jurídico, mas meramente afetivo e patrimonial. 2. O estado de filiação decorre da estabilidade dos laços construídos no cotidiano do pai e do D. de Família/Camilo Colani Faculdade Baiana de Direito Aluno: Edi Pool Franco filho (afetividade) ou da consanguinidade. 3. A realização do exame pelo método DNA apto a comprovar cientificamente a inexistência do vínculo genético confere ao marido a possibilidade de obter, por meio de ação negatória de
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