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DIREITO CIVIL - PARTE GERAL - 4ª AULA

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DIREITO CIVIL – PARTE GERAL – 4ª AULA
DAS PESSOAS
Cessação das incapacidades (art. 5º do CC). 
1. Emancipação pela maioridade civil
A incapacidade da pessoa natural termina com a idade de 18 anos completos ou antes disso através da emancipação, como se vê da redação do artigo 5º do CC.
Ao completar 18 anos a pessoa que já possui a capacidade de direito adquire capacidade de fato e passa a ter capacidade plena. O critério é unicamente etário, não se considera a maturidade precoce e nem o sexo da pessoa. Entende o legislador que a pessoa ao atingir dezoito anos tem discernimento suficiente para conduzir a sua vida, sem necessidade de ser assistido ou representado, isto é, através da sua própria vontade.
Interessante esclarecer que a redução da idade da maioridade civil para os dezoito anos não altera benefícios concedidos pela previdência social, segundo a Lei 8.213/91.
	Enunciado 3 – A redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei 8213/9, que regula específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em lei especial.
Art. 16, I, Lei 8213/91 – São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I – o cônjuge, a companheira, o companheiro, e o filho não emancipado, de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.
A incapacidade também desaparece pela emancipação. A emancipação permite à pessoa natural a aquisição da maioridade antes dos 18 anos. Pode ser voluntária, judicial ou legal.
2.- Emancipação voluntária
 A emancipação voluntária é concedida pelos pais (ou por um deles na falta do outro, no caso de morte ou de desaparecimento), se o menor tiver 16 anos completos (art. 5 § único, I ). Não é um direito do filho e apenas os pais que exercem o poder familiar a podem conceder, isto é, os pais que tiveram o poder familiar suspenso ou cassado não têm legitimidade para emancipar os filhos voluntariamente. 
A emancipação voluntária é formalizada por instrumento público (escritura pública), sem necessidade de homologação judicial�. Em caso de discordância dos pais o interessado poderá ir a juízo pedir o suprimento do consentimento do genitor discordante (art. 1.631 do CC).�
A emancipação voluntária não isenta os pais da responsabilidade civil se o emancipado causar prejuízos a terceiros e não tiver patrimônio para pagar a indenização devida.� A emancipação é irrevogável. Pode, no entanto, ser declarada sem efeito por vícios formais como o dolo, a coação ou o erro, que podem ser reconhecidos em ação anulatória.� 
Anote-se, em outra vertente, que a emancipação deve beneficiar o emancipado. Assim, se a emancipação acarretar a perda de determinado pensionamento para este o ato de outorga da emancipação pode ser anulado.
A escritura pública de emancipação para se tornar eficaz deve ser registrada no cartório do 1º Ofício de cada Comarca (Lei 6.015/73, art. 89 c/com arts. 90 e 91).
 Mesmo que os pais queiram emancipar o filho se este não concordar não haverá emancipação.
3. Emancipação judicial
A emancipação judicial ocorre numa única situação, isto é, nos casos de menor com 16 anos que estiver sob tutela. Esta emancipação também deve ser registrada no Cartório do 1º Ofício da Comarca do domicílio do menor.
Esta emancipação é judicial pelo fato do tutor não poder emancipar voluntariamente, pois não exerce o poder familiar.
Esta emancipação é concedida por sentença em processo específico onde se tomam os depoimentos do tutor e do menor. Se o menor não concordar com a emancipação esta não sera concedida pelo juiz.
4. Emancipação legal
A emancipação legal pode ocorrer pelo casamento, pelo emprego público efetivo, pela colação de grau em curso superior, pelo estabelecimento de comércio com capital próprio e com a existência de relação de emprego.
4.1 Emancipação pelo casamento
A idade mínima para contrair matrimônio, com a autorização dos pais, é aos 16 anos completos, tanto para o homem como para a mulher. Se pessoas com 16 anos contraem matrimônio tornam-se emancipadas. Isso pode ocorrer até em casos de pessoas com menos de 16 anos quando o juiz autoriza o casamento, p. ex. caso de gravidez (art. 1.520 do CC).
Só o casamento válido torna o menor emancipado. O nulo e o anulável não. Anulado o casamento o menor volta a ser incapaz, salvo se o casamento for putativo (de boa-fé). Esta é a posição majoritária e conta com o apoio de Carlos Roberto Gonçalves, Pablo Stolze, Gustavo Tepedino, etc. 
A maioridade alcançada com o casamento, todavia, não afasta regras especiais que exijam determinada idade para certos fins: carteira de motorista, por exemplo.
A união estável desde que formalizada por documento ou sentença também emancipa os companheiros, no meu ponto e vista.
4.2 Emprego público efetivo
Emprego público efetivo também emancipa. Corrente minoritária entende que o emprego público não efetivo, isto é, a pessoa contratado como diarista, em caráter temporário, ou de forma interina também seria emancipada.� Entendem ainda que no caso de demissão a maioridade permanece. O entendimento de Sílvio Venosa é contrário. Caio Mário entende que sendo a emancipação irrevogável, não há como afastar a emancipação, em caso de abandono de emprego público.
4.3 Colação de grau em curso superior, estabelecimento civil ou comercial com economia própria e relação de emprego
Colação de grau em curso superior, estabelecimento civil ou comercial com economia própria ou a existência de relação de emprego são outras situações que permitem a emancipação. É difícil, quanto às duas primeiras, ocorrer a emancipação, porque não é comum alguém acabar curso superior antes de 18 anos ou estabelecer-se civil ou comercialmente. Por outro lado, o artigo 972 do CC exige que o empresário tenha capacidade, essa capacidade pode ser antecipada se o menor tiver economia própria. Bens próprios são só os que o pai do menor não administra. Quanto à emancipação pelo emprego é mais fácil. Não se exige que o emprego seja formal.
A emancipação legal não exige o registrado em cartório. O registro é desnecessário porque a emancipação se dá automaticamente pela ocorrência do fato previsto em lei.� A emancipação legal nos casos dos incisos III, IV e V não tem sentido e é ociosa, pois dificilmente alguém se emancipa nessas situações.
5. - Extinção da personalidade da pessoa natural (art. 6º)
A personalidade da pessoa termina com a morte real, que pode ser simultânea (comoriência) e com a morte presumida, com ou sem declaração de ausência.
5.1 - Morte real
Prova-se com o atestado de óbito, quando há cadáver. A morte real era tradicionalmente verificada pela falência das funções cardíaca e respiratória�. Com a evolução da medicina a verificação da morte real é determinada pela cessação irreversível de todas as funções do encéfalo, incluindo o tronco encefálico, onde se situam as estruturas responsáveis pela manutenção dos processos vitais autônomos, como a pressão arterial e a função respiratória. 
	No que diz respeito a transplantes de órgãos a morte real exigida é a morte encefálica que pode coexistir com a pessoa tendo batidas cardíacas. Os critérios do diagnóstico de morte encefálica são determinados pela Resolução 1.480/97 do Conselho Federal de Medicina. A Lei 9.434/97, artigo 3º, autoriza a retirada de órgãos verificada a morte encefálica,� pois só assim será útil para fins de transplante.
A morte encefálica “constata-se com exame clínico neurológico que evidencie inequivocamente a ausência de atividade cerebral ou de circulação sanguínea cerebral, a ocorrência de lesão irreversível do encéfalo como um todo.” �Este exame deve ser feito por dois médicos distintos dos que farão a remoção dos órgãos a serem transplantados.
A morte real causa a extinção da personalidade jurídica da pessoanatural e importa na dissolução do vínculo conjugal, na extinção do poder familiar, na extinção dos contratos personalíssimos, na cessação da obrigação alimentar, na extinção dos direitos reais vinculados à vida de seu titular, como o usufruto, na abertura da sucessão, etc.�
 5.2 - Morte presumida do ausente (art. 6º do CC, parte final).
A morte presumida do ausente ocorre em dois casos: a) após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que abre a sucessão provisória (art. 37 do CC); e b) quando o ausente contar com mais de 80 anos e deixar de dar notícias por mais de cinco anos (art. 38 do CC). 
	Estas formas de morte presumida têm efeito apenas para efeitos patrimoniais e não extinguem a personalidade jurídica do ausente, pois se este regressar ao seu domicílio passará a exercer os seus direitos normalmente.� 
5.3 – Morte presumida sem declaração de ausência (art. 7º do CC).
A morte presumida sem declaração de ausência (art. 7º do CC), pode ser reconhecida através de procedimento de justificação, nos termos da Lei 6.015/73 e conforme disciplinado pelos artigos 861 a 866 do CPC. Para alguns autores este procedimento de justificação não é o adequado, pois é procedimento de jurisdição voluntária sem direito a contraditório e a recurso. Assim, o correto será o uso da ação declaratória inominada respeitando o devido processo legal, chamando-se ao processo todos os interessados, nomeadamente os sucessores do falecido. A sentença declaratória de morte presumida não fará coisa julgada material, sendo passível de revisão a qualquer momento em caso de se saber do paradeiro do desaparecido.�
Na morte presumida sem declaração de ausência não há corpo para exame, mas a sentença reconhece o falecimento de alguém, porque as circunstâncias em que ela se encontrava indiretamente dão a certeza de sua morte ( caso da morte Ulisses Guimarães). É claro que a morte presumida prevista nos incisos I e II do art. 7º do CC só será declarada depois de esgotadas as buscas e averiguações pertinentes, devendo a sentença fixar a data provável do óbito.�
 A morte apesar de terminar com a personalidade da pessoa, não encerra todos os efeitos dos fatos jurídicos pertinentes ao de cujus, por ex. cumpre-se o testamento do falecido, o seu corpo é protegido, pode ser reabilitado, pode ser declarado falido, etc.�
5.4 – Comoriência
Base legal art. 8º do CC. Ocorre quando várias pessoas morrem no mesmo momento sem se saber quem faleceu primeiro. Na dúvida presume-se que morreram todos no mesmo momento. A França não adota o mesmo sistema, valendo-se de critérios arbitrários ligados ao sexo e à idade das pessoas envolvidas. O interesse da comoriência só existe quando os falecidos são herdeiros uns dos outros, pois afeta a transferência do patrimônio.�
5.5 - Morte civil. Não existe mais nos dias de hoje. Existia na Idade Média e prolongou-se por algum tempo na Idade Moderna, para religiosos e condenados a desterro e também a prisão perpétua.
EXERCÍCIOS DE REVISÃO
1.- Como se distingue a incapacidade absoluta da relativa?
2.- A emancipação voluntária depois de concedida pode ser revogada? Por que?
3.- Os pais responde em alguma hipótese por prejuízos causados por filhos emancipados? Justifique
4.- A emancipação torna o emancipado apto para a prática de todos os atos e ações da vida civil, ou há restrições? Justifique.
5.- O que você entende por pródigo? No interesse de quem é ele interditado? Justifique.
6.- Quando ocorre a emancipação judicial?
7. Em alguma situação o menor que não tenha 16 anos de idade pode emancipar-se pelo casamento? Justifique
8.- A emancipação é direito do filho? Justifique
9. A emancipação do menor com 17 anos de idade, sob tutela, pode ser concedida pelo tutor através de escritura pública? Justifique a sua resposta. 
� DINIZ, Maria Helena. Ob. cit., p. 201
� FILHO, Raphael de Barros Monteiro [et al.]. Op. cit., p.86.
� GONGALVES, Carlos Roberto. Ob, cit., p. 136.
� GONGALVES, Carlos Roberto. Ob. cit., p, 137.
� LOTUFO, Maria Alice Zaratin. Das pessoas naturais, in Teoria geral do direito civil, coordenadores Renan Lotufo; Gionanni Ettore Nanni. São Paulo: Atlas, 2008, p. 232.
� FILHO, Raphael de Barros Monteiro [et al.]. Op. cit., p.87.
� FILHO, Raphael de Barros Monteiro [et al.]. Op. cit., p.93.
� Idem, ibidem.
� AZEVEDO, Op. cit. p, 23.
� Idem, ibidem
� TEPEDINO, Gustavo.[Et al.]. Ob. cit., p.22.
� DINIZ, Maria Helena. Ob. cit., p. 233.
� DINIZ, Maria Helena. Ob. cit., p. 233.
� GONGALVES, Carlos Roberto. Ob, cit., p. 143
� TEPEDINO, Gustavo.[Et al.]. Ob. cit., p.24.

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