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Direito Civil I 
Professor: Maurício Requião 
1ª avaliação: 20/09
2ª avaliação: 20/11
Bibliografia: Código Civil – versão mais atualizada, Direito Civil 1 - Francisco Amaral/ Cristiano Chaves e Nelson Rosenvaldi. 
Direito Privado 
Noções Gerais
Não é correto afirmar que a definição de direito privado se aplica apenas aquilo que é de interesse entre particulares e o direito público se aplica somente aquilo que é de interesse público. A relação direito público X direito privado não se evidencia como uma dicotomia, e sim como uma elipse – teoria de Marcos Campos Ludwig, onde algumas áreas do direito se encontram mais próximas do direito público e outras mais próximas do direito privado. 
A ideia de privado é advinda da palavra privacidade, simbolizando autonomia e liberdade. Um sujeito privado não tem que tomar as mesmas medidas para efetuar a compra de um notebook que um órgão público, visto que esse precisa legitimar sua compra através de licitações e editais. O sujeito privado é livre. 
O direito civil consiste no ramo ordinário do direito privado. É o conjunto de princípios e normas que disciplinam a vida em sociedade desde o nascituro até após a própria morte do indivíduo. 
O contato com o direito civil é inevitável, diferentemente da relação com outros campos do direito, como o direito penal ou o direito empresarial. 
 Direito Civil
História Moderna e Contemporânea
Código Civil de Napoleão: nasce em 1804, como fruto da Revolução Francesa e tem como uma de suas principais características o afastamento entre Igreja e Estado. É nesse viés que se começa a Era das Codificações, visto que vários países se inspiram em tal livro e criam os seus próprios códigos em busca de poder. 
Tratava-se de um código que não se dirigia a generalidade e sim ao cidadão burguês, apesar de declarar-se como um livro direcionado a massa. Sendo assim, sociedade, completude e interpretação evidenciam-se como as principais ideologias do código. 
Esboço do Código Civil de Teixeira de Freitas: em 1860 o jurisconsulto brasileiro é contratado para consolidar as leis brasileiras em um único livro. Entretanto, seu trabalho é tão elogiado que Teixeira é contratado para escrever o novo Código Civil. 
*Código*: busca a inovação tratando de um ramo específico do direito. 
*Consolidação*: reúne uma série de leis pertencentes a um único ramo do direito, contudo não busca a inovação como faz o código. 
*Estatuto*: reúne diferentes ramos do direito, contudo a respeito de um único tema e assim como o código também busca a inovação. 
Código Civil Alemão: entra em vigor no ano de 1900 e influencia o primeiro Código Civil Brasileiro de 1916 em dois aspectos: quanto a estrutura (divisão entre parte especial e parte geral) e no uso da boa-fé como princípio, esse segundo influência ainda maior para o Código Civil de 2002. 
Primeiro Código Civil Brasileiro de 1916:criado por Clóvis Beviláqua, é visto como um código extremamente conservador no período atual por alguns. Inspira-se no Código Napoleônico, pois busca atender aos interesses dos latifundiários assim como Napoleão volta sua codificação para a proteção da burguesia. Nesse viés, pode-se dizer que o código de 1916 é um código voltado muito mais para questões patrimoniais do que para questões existenciais. Também extremamente preconceituoso, colocando a mulher numa situação de incapaz após o casamento, não reconhecendo direitos de filhos bastardos, etc. Sendo assim, um código que visava acima de tudo a conservação do patrimônio. 
Constituição de 1988: a partir de 1970 no Brasil inicia-se um processo de descodificação concomitante ao surgimento vários microssistemas jurídicos, o que ocasiona a necessidade de criação de um livro que compilasse todas essas normas. Nesse cenário nasce a Constituição de 1988, posteriormente ao encerramento do período da Ditadura Militar. 
Código Civil de 2002: o código começa a ser pensado em 1969, o que o torna alvo de críticas quanto ao fato desse já nascer defasado. O novo código traz três diretrizes: a eticidade, a sociabilidade e a operabilidade. A eticidade defendendo condutas pautadas em um conceito de boa-fé, a sociabilidade visando a superação do egoísmo, ou seja, condutas que visam o bem da sociedade e por fim a operabilidade a fim de tornar o código mais claro, longevo e eficaz na resolução de conflitos. 
Vale salientar que no CC de 2002 a perspectiva contratual, que tem o contrato como principal instrumento de firmação de acordos ganha notoriedade. 
Na parte da responsabilidade civil, introduz-se a noção de responsabilidade civil objetiva, advinda da prática de um ilícito ou de uma violação ao direito de outrem que, para ser provada e questionada em juízo, independe da aferição de culpa.
Quanto ao direito das coisas, que trata de diversos temas como a posse a propriedade, traz-se uma noção de função social da propriedade.
E por fim, em sucessões, na parte da família, é que as mudanças são de fato significativas. O filho bastardo passa a ter seus direitos garantidos, a definição de cônjuge deixa de ser apenas aquela que assina um contrato de casamento, dentre outras. 
Análise do Código
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Uma discussão acerca do conceito de pessoa está presente na interpretação desse artigo. Alguns autores defendem que os animais estão enquadrados nessa classificação, ou seja, devem ser considerados sujeitos de direito e não objetos. 
Os entes despersonalizados titularizam direitos e deveres, contudo não são pessoas. Um exemplo de ente despersonalizado consiste no condomínio. 
Também é valido diferenciar o conceito de capacidade de direito (convém para todo ente que possui direitos e deveres) do de personalidade (convém apenas para pessoas). 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
Desde quando se inicia a personalidade? 
Teoria Natalista: a personalidade só passa a existir no momento do nascimento com vida. 
Teoria Concepcionista: a personalidade vem com a concepção, anteriormente ao nascimento. 
Teoria da Personalidade Condicional: a personalidade nasce com a concepção, contudo só passa a fazer efeitos após o nascimento. 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 anos.
 Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I – Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
II – Os ébrios habituais (alcoólatras) e os viciados em tóxicos.
III – Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderam exprimir sua vontade. – Doentes mentais não se enquadram. 
IV – Os pródigos (consumistas demasiados). – Na visão do professor tal inciso não deveria existir, visto que só retira a autonomia do indivíduo numa sociedade que favorece o estímulo ao consumismo. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Outra capacidade é a capacidade de fato ou de exercício, discutida nos dois artigos supracitados. 
No critério etário é possível perceber três tipos distintos de situações: a do absolutamente incapaz (menor de 16 anos), a do relativamente incapaz (maior de 16 e menor de 18 anos) e por fim a do capaz (maior de 18 anos). 
Os atos em que o ordenamento exige à vontade para a realização do processo apresentam-se como nulos para os absolutamente incapazes e anuláveis para os relativamente incapazes. 
Para que a concretização de um ato aconteça por um absolutamente incapaz é fundamental a presença de um representante enquanto que por um relativamente incapaz é imprescindível o acompanhamento de um assistente. 
Obs. Na falta dos pais ou responsáveis legais, esse representante ou assistente recebe o nome de tutor. Já o curador atua representando sujeitos relativamente incapazes por motivos de força maior (álcool, drogas, doença, etc.). 
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitadaà prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos. – A sentença judicial é obrigatória para o tutor, visto o risco de abandono do menor. 
II - Pelo casamento. – Mediante autorização dos pais. 
III - Pelo exercício de emprego público efetivo.
IV - Pela colação de grau em curso de ensino superior.
Obs. Incisos III e IV não se aplicam quase nunca. Sua efetividade perdeu-se após a maioridade transferida dos 21 para os 18 anos. 
V - Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
O Incapaz da Modernidade 
O Estatuto da Pessoa com Deficiência não somente tirou o portador de deficiência mental do rol dos incapazes, mas classificou a curatela como uma medida de intervenção de decisões patrimoniais e não mais daquilo que diz respeito as questões existenciais. 
Hoje, a limitação da capacidade do sujeito é realizada apenas sobre aquilo que realmente necessita de uma interdição, prezando acima de tudo pela autonomia do cidadão. 
Direitos da Personalidade
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
Os direitos da personalidade estabelecidos no Código Civil também gozam de proteção no âmbito dos direitos fundamentais. 
Um determinado grupo de autores, os quais compõem a corrente monista, acredita que o direito da personalidade é uno, ou seja, pode ser sintetizando em apenas um. Em contrapartida, os pluralistas defendem a abrangência desses direitos. 
Dentro da corrente pluralista, pode-se evidenciar-se dois subgrupos: aqueles que defendem que o que não está no código não é direito, o que restringe o sentido de direito da personalidade, e aqueles que defendem a maleabilidade dos direitos da personalidade, esses estão abertos a acolher novos direitos e inseri-los nesse rol. 
É válido salientar que os direitos da personalidade devem ser utilizados por cada indivíduo da sua maneira, como esse julgar melhor, dentro dos limites da lei. 
Ou seja, os direitos da personalidade são:
Vitalícios. 
Imprescritíveis.
Inatos.
Intransmissíveis.
Irrenunciáveis.
Inalienáveis. 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até quarto grupo. 
Logo, pode-se dizer que o sujeito está autorizado a tomar medidas de cessão ou mesmo preventivas afim de evitar qualquer violação dos direitos da personalidade. 
Quando um direito vinculado a questões econômicas é violado pode-se dizer que ocorreu aí um caso de dano patrimonial. Por outro viés, quando casos de ofensa a personalidade da pessoa ocorrem, pode-se dizer que ocorre aí um dano extrapatrimonial, havendo casos em que se englobe os dois tipos de danos. 
O Direito ao Nome 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
Art.17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando haja intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
Lei de Registros Públicos 6015/73: evidencia a validez de incorporação de apelidos ao nome, sem nenhum tipo de restrição. 
Ex. Xuxa Meneghel e Lula da Silva. 
No cenário atual brasileiro, é válido salientar que a alteração do nome é um direito do indivíduo maior de 18 anos, sem ser necessária uma justificativa. 
Uma outra mudança refere-se ao nome após ao casamento. Hoje, tanto homem quanto mulher, qualquer dos nubentes, estão livres a utilizar o sobrenome de seu companheiro da maneira que entender ser mais conveniente. 
A ordem dos sobrenomes dos seus descentes também fica a critério dos nubentes, sem nenhuma ressalva. 
Outra discussão crescente é a que se refere ao nome do transexual. Aqueles que já passaram pela cirurgia da mudança de sexo, conseguem modificar seus nomes sem maiores complicações. Entretanto, os que estão fora dessa ressalva, ainda possuem muita dificuldade. 
Direito ao Corpo
Art. 12. Parágrafo único: Em se tratando morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, o qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar bons costumes.
Parágrafo único: O ato previsto será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
O artigo 13 possui ressalvas, visto as inúmeras disposições realizadas por indivíduos que desejam modificar algo em seus corpos. 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único: O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
Só existe direcionamento de doação de órgãos com o doador em vida. Após a morte, a doação só é válida para terceiros, mediante autorização do paciente ou de sua família. 
A comercialização de órgãos efetiva-se proibida, pois em um cenário onde esses órgãos atuem como produtos, a doação, totalmente desvinculada de fins lucrativos, cairia em desuso. 
Já a disposição do corpo para fins profissionais é vista como absolutamente legítima.
Em relação a mudança de sexo, a que transfere o indivíduo do sexo masculino para o sexo feminino já é realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e ambas são permitidas pela lei.
No que se refere a integridade física, a autonomia do indivíduo prevalece sobre qualquer decisão que esse queira tomar sobre o seu corpo, ressalvados graus muito específicos. 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
Ascende-se a partir da leitura de tal artigo a velha discussão a respeito da transfusão de sangue para os Testemunhas de Jeová, visto que defende a autonomia do indivíduo para escolher qual dos seus direitos é mais relevante: o direito a vida ou a liberdade religiosa. 
Quanto a temática da experimentação humana, pode-se dizer segue-se a mesma linha de raciocínio da questão do tratamento médico, porém de forma mais restritiva. No Brasil, a experimentação humana ocorre sempre de forma gratuita, subsidiada por quem realiza a experiência. E por fim, é válido salientar que a cobaia precisa ser beneficiada de alguma maneira. 
Direito a Imagem
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.  
É importante diferenciar a imagem retrato (representação física da pessoa), como fotos, pinturas, etc. da imagem atributo (conjunto de características relacionadas a pessoa, imagem abstrata). 
Não se deve confundir imagem com honra. A análise da honra consiste emuma análise mais valorativa em comparação com a imagem. A honra é subjetiva, isto é, definida pelo próprio sujeito, diferentemente da imagem. 
A voz também consiste em um elemento que goza de proteção, assim como a imagem. 
Direito a Privacidade
A privacidade consiste em um conceito que se diferencia do conceito da intimidade, sendo o segundo muito mais restrito que o primeiro. 
Vincula-se um entendimento que o direito a privacidade das pessoas públicas possui um caráter muito mais flexível em comparação a outros indivíduos. Essas não possuem o mesmo grau de proteção, visto as funções que exercem no mundo prático. 
ADIN 4.815: a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) sustentava que os artigos 20 e 21 do Código Civil conteriam regras incompatíveis com a liberdade de expressão e de informação. O tema foi objeto de audiência pública convocada pela relatora em novembro de 2013, com a participação de 17 expositores. 
Essa ADIN relaciona-se com a questão das biografias, que precisam ser autorizadas previamente publicação. Isso gera um embate, visto que as liberdades de expressão e de informação são violadas. 
Após o advento da internet, o direito a privacidade ganhou um novo formato. Novas leis, como a Lei de Proteção de Dados, foram criadas, visto que a internet expõe o indivíduo de forma muito mais eficaz. A internet detém um potencial lesivo único, dessa forma, requer uma maior proteção ao usuário, para que esse não tenha sua privacidade invadida. 
O direito à privacidade também engloba a possibilidade de possuir seu momento de estar só. O conhecido “Right to be Let Alone”. 
Morte
Art. 6. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 7. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. 
II - Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
Art. 8. Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
A aplicação da comoriência é exclusiva para as situações em que não se sabe a ordem dos falecimentos. É válido salientar que essa comoriência exerce papel fundamental para a questão das sucessões. 
Ausência 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
I - Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
II -  Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
III - Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão. 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: 
I - O cônjuge não separado judicialmente.
II - Os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários. 
III - Os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte.
IV - Os credores de obrigações vencidas e não pagas.
A proteção do ausente se dá através de períodos longos, como o de três anos, dando espaço para que esse ausente retorne. 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Caso o herdeiro estiver na posse de um dos bens do ausente, esse não pode vender o bem que detém, pois ainda não é seu, contudo está autorizado a gozar dos frutos advindos desse bem. Apenas os descendentes, ascendentes e cônjuges estão possibilitados de gozar de 100% desses frutos, os demais só detêm a posse de 50%, tendo que guardá-los. 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
Caso haja uma causa para o desaparecimento do ausente, esse ao aparecer tem seus bens novamente. Entretanto, se esse sumir de modo voluntário e injustificável, seus bens não são garantidos. 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados (substituídos) em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal. 
Pessoa Jurídica
Goza de personalidade jurídica, assim como a pessoa natural. 
Contudo, a pessoa jurídica possui um maior potencial, visto que o seu tempo de "vida" tende a ser superior ao tempo de vida da pessoa natural. 
Teorias da Pessoa Jurídica 
Teoria Negativista: nega a existência da personalidade da pessoa jurídica. Ou seja, entende-se que essas organizações de pessoas não devem ser reconhecidas pelo direito como um ente próprio. 
Teoria Afirmativista que se divide em:
Teoria da Ficção: nega a existência da pessoa jurídica como ente social. Defende que essa só existe devido a uma ficção, ocasionada pela lei. 
Teoria da Realidade Objetiva: a pessoa jurídica configura-se como um ente personalizado,apesar da sua representação abstrata. Equipara os órgãos de direção da pessoa jurídica aos mesmos órgãos de direção da pessoa humana. 
Teoria da Realidade Técnica: mais aceita na modernidade. Reconhece a pessoa jurídica como um ente, entretanto não a equipara com a pessoa natural. 
A Função Social da Pessoa Jurídica
Seja qual for a pessoa jurídica, essa deve atentar-se a buscar seus objetivos sem ocasionar nenhum tipo de prejuízo para o resto da sociedade. 
Ex. Empresa que realiza tratamento para descarte de seus resíduos, em vez de simplesmente descarta-los de qualquer maneira. 
Reuniões de pessoas jurídicas como os cartéis e uniões comerciais desproporcionais configuram-se como formas de descumprir essa função social. 
Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica
Os direitos da personalidade são pensados a partir da lógica da pessoa natural, contudo aplicam-se a pessoa jurídica no que se é possível. 
Nesse viés, o CC de 2002 utiliza a equiparação para relacionar a personalidade da pessoa natural a personalidade da pessoa jurídica. 
Análise do Código
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I – A União;
II - Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - Os Municípios;
IV - As autarquias, inclusive as associações públicas. 
Ex. Transalvador vinculada a prefeitura. 
V – As demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
No âmbito do direito internacional, todas as nações são vistas de forma igual, independente de suas condições. 
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - As associações;
II – As sociedades;
III - As fundações;
IV – As organizações religiosas;           
V – Os partidos políticos;        
VI - As empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI). 
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.          
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.     
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
A associação se define como uma reunião de pessoas que não tem como objetivo maior o lucro financeiro, contudo seu ganho não é ilegítimo, pois esse será usado, via de regra, para satisfazer as necessidades daquela associação.
A questão do lucro como objetivo é única distinção entre uma associação e uma sociedade, visto que a segunda objetiva o ganho financeiro.
Já a fundação não se configura como uma reunião de pessoas e sim uma estrutura organizacional formada a partir de um patrimônio advindo de uma dotação (doação de um indivíduo). 
A criação de um partido político se evidencia um pouco mais complexa em comparação a criação de uma associação religiosa, com mais pré-requisitos. 
As EIRELI’s são organizações comerciais mínimas, com tributação bem específica. 
Regimes de Criação da Pessoa Jurídica
Livre Formação: os particulares bastariam se reunir, realizar um ato constitutivo e automaticamente a pessoa jurídica estaria criada. O regime se evidencia falho e, portanto, não é adotado no Brasil, visto a questão da insegurança e o possível caminho para fraude. 
Reconhecimento: nesse regime para a criação de uma pessoa jurídica seria necessária uma autorização do poder estatal. Não se evidencia como regra no nosso ordenamento, contudo se aplica em algumas situações, como a criação de um banco, seguradora, etc. Casos que apresentem algum tipo de risco para a sociedade.
Disposições Normativas: sistema utilizado no nosso país, nesse caso o sujeito está livre para criar a pessoa jurídica, sendo necessário apenas o seu registro. Ou seja, o controle estatal aqui é um controle apenas de requisitos determinados em lei. Anteriormente a esse registro, o que existe é uma sociedade de fato e não uma pessoa jurídica. 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Pré-Requisitos para Criação da Pessoa Jurídica
Art. 46. O registro declarará:
I - A denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II – O nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; (podendo esses serem substituídos). 
III - O modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - Se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - Se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. 
Alguns autores discutem a capacidade da pessoa jurídica, entretanto na visão do professor tal discussão não é válida. 
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
Extinção da Pessoa Jurídica
Pode acontecer através de uma extinção convencional (acordo), uma extinção legal (fato natural), uma extinção judicial (sentença) ou uma extinção administrativa (quando o Estado retira da pessoa jurídica a autorização necessária para sua existência). 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
Não é possível encerrar uma pessoa jurídica sem que antes suas dívidas sejam pagas (liquidação). 
É válido salientar que as regras supracitadas são normas de ordem geral, tendo cada pessoa jurídica suas particularidades. 
Associação
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos (de um associado para o outro, visto que a relação relevante consiste na do associado com a associação). 
A associação também é mencionada na constituição, artigo5º, em alguns incisos. 
O indivíduo possui liberdade de associar-se, desassociar-se e permanecer associado, da forma como desejar, contanto que cumpra com as normas de cada agrupamento. 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - A denominação, os fins e a sede da associação;
II - Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
(excluindo requisitos discriminatórios). 
III - os direitos e deveres dos associados;
(sendo possível estabelecer direitos e deveres distintos para distintas categorias, contudo respeitando os princípios básicos). 
IV - As fontes de recursos para sua manutenção;
V – O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;            
VI - As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. 
Sendo assim, cada associação precisará apresentar em seu estatuto, minimamente, todos os pontos supracitados. 
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. (condição supletiva). 
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
Ou seja, o aspecto patrimonial se diferencia da qualidade associativa. 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. 
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:         
I – Destituir os administradores;        
II – Alterar o estatuto.         
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.        
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la.        
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. 
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 
Fundação
Tem modo de criação diferente, uma pessoa jurídica que se forma pela doação de um patrimônio, vai separar essa parte dos bens, inclusive esse está apto para deixar no testamento um patrimônio para a criação da fundação.
 A finalidade se parece com a da associação. E por uma questão de ordem lógica, por ser formada por um patrimônio, não tem finalidade econômica.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social; II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos e IX – atividades religiosas.
Criação da Fundação
Existindo herdeiros, o fundador não pode dispor de todos os seus bens. Apenas bens livres podem ser utilizados para a criação da fundação. Deve-se declarar a finalidade e se quiser o instituidor pode ainda ditar como deve ser administrada a fundação.
A pessoa irá indicar uma pessoa a qual será responsável por iniciar a criação da fundação, como criação do estatuto, dentro de um período determinado. Tudo isso em acordo com a base do artigo 62. 
Obs. Caso não seja determinado um criador, o estatuto será criado pelo Ministério Público. 
A preocupação do artigo 63 (quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante) consiste nos casos em que os bens a serem doados sejam insuficientes para a criação da fundação. 
Em situações como a supracitada, o artigo determina que os bens sejam doados ao local que o instituidor determine, e na falta dessa determinação, encaminhada a uma outra fundação de fins iguais ou semelhantes. 
Estatuto da Fundação
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - Seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - Não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. 
A mudança deve ser feita por maioria absoluta do corpo dirigente da fundação, mas sem que desvirtue do fim desta.
Extinção da Fundação
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
Desconsideração da Pessoa Jurídica 
Toda pessoa jurídica é dotada de uma blindagem patrimonial, através de qual responde por suas dívidas e obrigações através de seu patrimônio. 
A responsabilidade civil tem como pré-requisitos o sentido de uma conduta, um dano e um nexo causal, que nada mais é que a relação entre a conduta e o dano. 
Divide-se em responsabilidade civil subjetiva (engloba como um quarto pré-requisito a culpa, que tem como elementos constituintes tanto a intenção quanto a imprudência) e responsabilidade civil objetiva (desconsidera a atuação da culpa). 
Obs. A responsabilidade civil objetiva atua apenas em duas hipóteses: em caso de determinação legal expressa ou no caso da atividade normalmente exercida pelo sujeito traga risco a terceiros, como a situação do piloto de transporte aéreo. 
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. 
No caso da responsabilidade civil da pessoa jurídica, via de regra, impera-se a responsabilidade civil subjetiva. Entretanto, existem casos de aplicação da responsabilidade civil objetiva, visto que a maioria das relações entre empresas e consumidores são regidas pelo Código de Direito do Consumidor. 
A desconsideração da personalidade jurídica significa, essencialmente, o desprezo eventual, pelo Poder Judiciário, da personalidade autônoma de uma pessoa jurídica a fim de permitir que seus sóciosrespondam com seu patrimônio pessoal por atos abusivos ou fraudulentos. 
Vale salientar que não significa a extinção da pessoa jurídica nem o fim do limite entre a pessoa natural e a pessoa jurídica. 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
O Código Civil do nosso ordenamento adota a concepção da Teoria Maior que para aplicar-se a desconsideração da pessoa jurídica, ou seja, na sua visão não basta que o patrimônio seja insuficiente, sendo necessário o abuso de personalidade. 
Teoria Maior Objetiva: dispensa a culpabilidade (abuso de poder) nas ações. 
Teoria Maior Subjetiva: se cria a culpabilidade como mais um requisito, além da incapacidade de saneamento da dívida. 
Em contrapartida, para a Teoria Menor, a falta do montante necessário para sanar a dívida pertencente a pessoa jurídica é suficiente para sua desconsideração. 
Apesar do CC/2002 adotar a Teoria Maior, outros ramos do direito como o direito do consumidor e o direito do trabalho adotam a Teoria Menor como majoritária. 
Desconsideração da Pessoa Inversa
INDICAÇÃO DE ARTIGO: O Incidente de Desconsideração da Pessoa Jurídica – O Novo Código de Processo Civil Entre a Garantia e a Efetividade. (Maurício Requião).
Nesse caso, a desconsideração ocorre para que dívidas do sócio sejam sanadas através do patrimônio da pessoa natural. 
Desconsideração Expansiva 
Essa modalidade tem por finalidade, atingir o patrimônio do sócio oculto da sociedade.
Sendo assim, se aplica a desconsideração da personalidade jurídica expansiva quando um sócio se esconde por meio de um “laranja”, para não arcar com as obrigações, fraudes e abusos cometidos, fazendo com que essa recaia sobre essa terceira pessoa.
Desconsideração Indireta
Essa, dá-se quando há a existência de uma empresa controladora que se utiliza de empresas menores, filiadas ou coligadas para praticar abusos e fraudes. 
Sendo assim, para chegar até o patrimônio dos sócios, aplica-se a desconsideração indireta, chegando até o patrimônio da empresa controladora e o atingindo, para que ela cumpra com as obrigações das empresas controladas. 
Desconsideração e Subcapizatalização
Ocorre quando certo capital não é subcapitalizado, ou seja, omitido, do patrimônio da empresa, o que ocasiona uma confusão patrimonial. 
Domicílio 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência em âmbito definitivo. 
Ou seja, para que se considere um domicílio é fundamental que exista o ânimo do sujeito para fixar-se no local, tornando aquele o centro de suas atividades. 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
Sendo assim, no caso de uma dívida oriunda do exercício da profissão, o domicílio profissional do sujeito poderá ser levado em consideração. 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizerem, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultante. 
Vale salientar que a especificação do domicílio fica a vontade dos contratantes, independentemente de suas residências. 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - Da União, o Distrito Federal;
II – Dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - Do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - Das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 
Bens Jurídicos
Bens X Coisas
A ideia de bem abrange tudo aquilo que se caracterizar como objeto de direito. Por outro viés, a noção de coisa abrange tudo aquilo que possua manifestação no mundo físico. 
Um algo só se concretiza um bem quando possui algum tipo de valor, esse não necessariamente econômico, para o sujeito, diferentemente da coisa que independe de tal condição. 
Vale salientar que existem coisas que possuem uma manifestação no mundo físico um tanto abstrata. E a noção de bem comum, que não possui um sujeito titular somente. 
A coisa “Res Derelicta” consiste naquela que foi abandonada pelo sujeito, dessa forma não possui mais um dono. E a coisa “Res Nulius” aquela que nunca foi propriedade de ninguém. 
Patrimônio
Consiste no conjunto de tudo aquilo que seja apreciável economicamente e possua a um sujeito. Nesse viés, todo indivíduo possui um patrimônio. 
A noção de patrimônio não está vinculada, necessariamente, ao que o indivíduo possui de ativo. 
Importante frisar que nem todo bem integra o patrimônio do sujeito. À exemplo tem-se os direitos da personalidade, direitos de família, dentre outros. 
Teoria do Patrimônio Mínimo
Aborda aspectos vinculados a questão da dignidade humana. Alguns bens precisam ser garantidos para todos os sujeitos, afim da garantia de uma vida digna. 
O conjunto de bens que forma o patrimônio mínimo consiste em algo que se modifica com o passar do tempo e que varia de indivíduo para indivíduo. 
Os Bens Considerados Em Si Mesmo 
(Cap. 1 CC/02)
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
A acessão física consiste no ato de incorporar um bem ao solo, tornando-o imóvel. A acessão intelectual deixa de ser utilizada no CC/02. 
A necessidade de diferenciar os bens móveis dos bens imóveis tem como maior causa a forma de transmissão singular de cada um. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I – Os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II – O direito à sucessão aberta. 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - As edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II – Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Sendo assim, o bem imóvel não perde sua qualidade de imobilidadeao ser transportado. 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - As energias que tenham valor econômico;
II - Os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
Ou seja, os direitos se transportam em concomitância com os bens. 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. 
Todo bem móvel consiste em um bem fungível. Vale salientar que para ser fungível é fundamental poder ser substituído em espécie, quantidade e qualidade. 
Já os bens consumíveis são aqueles de consumo imediato ou exposto para o consumo do indivíduo através da alienação, como uma roupa em uma vitrine, nesse caso dito juridicamente consumível. 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
A coisa continua sendo a mesma, independendo do fracionamento, contanto que não interfira no seu valor econômico. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. 
À exemplo tem-se um aparelho de jantar padronizado, cada uma de suas peças tem sua singularidade, entretanto todas uma única destinação. 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. 
Os Bens Reciprocamente Considerados
(Cap. 2 CC/02)
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
A obrigação de dar coisa certa abrange a circunstância de conceder o bem acompanhado de seus respectivos acessórios, diferentemente das pertenças. 
A pertença não se apresenta dependente, necessariamente, do bem principal, diferentemente do acessório que não tem funcionalidade desprovido do bem principal. 
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Os frutos e produtos surgem, podendo ser extraídos ou não, do bem principal. 
A diferença entre fruto e produto consiste no critério da renovação. Enquanto o fruto se renova constantemente, o produto não possui mecanismos de renovação. 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. 
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Benfeitorias consistem em alterações, mudanças, no bem. Sempre objetivando algo, mesmo que esse algo seja somente um melhoramento estético. 
O possuidor de boa fé tem obrigação de receber do dono da coisa indenização proveniente de suas benfeitorias úteis e/ou necessárias. Inclusive está apto a reter o bem caso não receba aquilo que tem direito. Quanto a benfeitoria voluptuária, a indenização é opcional. 
Por outro viés, o possuidor de má fé só possui direito de receber indenização proveniente de benfeitoria necessária. Em concomitância, não tem direito de retenção. 
Bens Públicos 
(Cap. 3 CC/02)
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Os bens públicos de uso comum e/ou especial são inalienáveis, ou seja, não podem ser transferidos, diferentemente do que ocorre com os bens dominicais. 
Os bens públicos também são imprescritíveis, ou seja, não estão sujeitos à usucapião. 
Ex. barracas de praia, de posse da Marinha Brasileira, extinguidas da região em que ficavam não considerando a atividade comercial ali exercida. 
E por fim, os bens públicos são impenhoráveis, logo não podem ser vendidos em caso de dívida estatal. 
Art. 99. São bens públicos:
I - Os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - Os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - Os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Ex. Petrobrás, apta para comercializar o petróleo. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. 
O bem de uso especial possui regramento com maior riqueza de detalhes em comparação ao bem de uso comum, visto que esse está funcionalizado para determinada causa. 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Bens de Família
Nosso ordenamento divide-se em uma parte convencional e uma outra parte conhecida como legal, a qual pode ser encontrada na Lei 8009/90. 
Quanto a parte convencional, é fundamental que o bem para tornar-se um bem de família além de atender uma série de pré-requisitos, parta de uma ação de vontade do sujeito, ambos transcritos no CC. 
Parte Legal
LEI 8009/90
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. 
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados.
É possível observar que o ato de residir em determinado local já concretiza o bem de família, independendo de uma ação de vontade, como ocorre com a regulamentação da parte convencional. 
Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos.
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo. 
Art. 4º Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga.
Já a penhora de grandes imóveis rurais realiza-se somente após o fracionamento desses, a fim de evitar confusões. 
Parte Convencional
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição,mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial.
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
Percebe-se que existe certa flexibilidade na transformação do bem patrimonial em bem de família convencional, sempre visando o favorecimento da família. 
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. 
A duração do bem de família legal está diretamente ligada a utilização do bem por aquela família. Por outro viés, o bem de família convencional só perde sua titularidade em situações específicas. 
Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.
Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.
Sendo assim, o bem só deixa de ser bem de família no caso de morte de ambas partes do casal ou maioridade de seus herdeiros. 
O bem de família além de ser impenhorável também é inalienável. Nesse viés, o indivíduo não está apto para comercialização desse bem convencional. Logo, é possível observar a falta de interesse de famílias de baixo poder aquisitivo em transformar um bem de família em um bem de família convencional. 
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. 
As situações supracitadas são as únicas que admitem a penhora dos bens convencionais. 
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz. 
Em contrapartida, os critérios para penhora dos bens de família legais são bem mais abrangentes. Os bens de família legais são bem mais suscetíveis a penhorabilidade. 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
II - Pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III – Pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; 
IV - Para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - Para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - Por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (REQUIÃO DISCORDA).

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