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Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 1 ATOS CAMBIAIS 1. ENDOSSO Conceito: é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito. Na prática, ele é feito pela assinatura do proprietário do título no verso ou no anverso do documento. Efeitos: - a transferência da titularidade do crédito do endossante para o endossatário; - a coobrigação do endossante na obrigação pecuniária com o endossatário e com os demais endossantes anteriores pelo cumprimento da dívida. Obs.: Endosso parcial ou limitado a certo valor da dívida representada no título e Endosso subordinado a alguma condição. CUIDADO= Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título. Endosso em branco É aquele que é dado com a simples assinatura do endossante no verso ou na face do título, sem que conste a designação da pessoa a quem se transfere o título; Para que haja a transferência do título, basta a tradição manual e, então, a circulação se faz como se ao portador fosse; Endosso em preto É aquele no qual se verificam todos os elementos do endosso: - Cláusula de transmissão (“paga-se a fulano..”), - Nome do endossatário (nome da pessoa a quem a letra é transferida) e - Assinatura do endossante (ou de seu mandatário com poderes especiais). Somente a assinatura deve ser de próprio punho, as demais podem ser escritas por terceiros ou datilografadas, feitas por carimbo, impressas, etc Endosso em branco e endosso em preto: o beneficiário do endosso em branco pode tomar três atitudes: Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 2 transformá-lo em endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de terceiro; endossar novamente o título, em branco ou em preto; ou transferir o título sem praticar novo endosso, ou seja, pela mera tradição da cártula (art. 14 da Lei Uniforme e art. 913 do CC). Endosso Póstumo Endosso sem garantia Quem transfere um título, em regra, é coobrigado pelo seu pagamento. Porém, se houver cláusula em sentido contrário ocorrerá o endosso sem garantia, caso em que o endossante não responde pelo pagamento do título OBS.: CLÁUSULA PROIBITIVA DE NOVO ENDOSSO- ARTIGO 15 LUG MODALIDADES DE ENDOSSO: Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 3 Endosso-caução: também chamado de endosso-pignoratício ou endosso- garantia, está previsto no art. 19 da Lei Uniforme (no mesmo sentido é o art. 918 do CC), e dá-se quando o endossante transmite o título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o endossatário. PERGUNTA..... ATÉ QUANDO UM TÍTULO CIRCULA NO MERCADO POR MEIO DE ENDOSSO ? Endosso- mandato: previsto no art.18 da Lei Uniforme (no mesmo sentido é o art. 917 do CC). Através dele, o endossante confere poderes ao endossatário para agir como seu legítimo representante, exercendo em nome daquele os direitos constantes do título, podendo cobrá-lo, protestá-lo, executá-lo etc. Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 4 Código Civil, Art. 917: A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída. §1º: O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu. §2º: Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o endosso mandato. §3º: Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as exceções que tiver contra o endossante - JURISPRUDÊNCIAS: TÍTULO DE CRÉDITO. PROTESTO INDEVIDO. BANCO ENDOSSATÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. I – É inviável o recurso especial em relação à afirmada ausência de prestação jurisdicional, quando as questões apontadas pelo recorrente não foram objeto dos embargos de declaração por ele opostos perante o tribunal estadual. II – Embora seja assegurado ao endossatário de boa-fé levar o título a protesto para preservar seu direito de regresso contra o emitente endossante, tendo ele conhecimento prévio e inequívoco de que a duplicata não tem causa ou que o negócio jurídico foi desfeito, deverá responder, juntamente com o endossante, por eventuais danos que tenha causado ao sacado, em virtude desse protesto. Recurso especial não conhecido. (STJ, REsp 188.996- SP, Rel. Min. Castro Filho, DJ 10/09/2007, p. 224). 2. AVAL Conceito: é forma de garantia de pagamento o titulo de crédito, total ou parcialmente, prestada por um terceiro, denominado avalista, em favor do devedor, que se chama de avalizado. Figuras - Avalista: Aquele que presta o aval. Deve ser civilmente capaz - Avalizado: Aquele que é garantido pelo aval (beneficiário) Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 5 OBS.: O avalista se responsabiliza pelo pagamento da obrigação contida no título. Avalista responde de maneira equiparada ao avalizado. Obrigação solidária do avalista (Art. 899, CC/2002). Como instituir o aval? Consentimento do cônjuge - Necessidade de outorga conjugal em aval prestado por pessoa casada - O Art. 1647, III, CC/2002: Ressalvado o disposto no art.1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: [...] III - prestar fiança ou aval; Exceção: Regime de Separação Absoluta de Bens Aval x fiança EXECUÇÃO. NOTA PROMISSÓRIA. AVALISTA. DISCUSSÃO SOBRE A ORIGEM DO DÉBITO. INADMISSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. – O aval é obrigação autônoma e independente, descabendo assim a discussão sobre a origem da dívida. – Instruída a execução com título formalmente em ordem, é do devedor o ônus de elidir a presunção de liquidez e certeza. Recurso especial conhecido e provido. (STJ, REsp 190753/SP, Relator Ministro Barros Monteiro, DJ 19.12.2003, p. 467). Espécies de Aval Aval em branco: Avalizado não é identificado. Presunção de que o aval foi dado em favor de alguém. No aval em branco o avalizado garantido sempre será o emitente do título (v.g. sacador, subscritor). Letra de câmbio: Aval em favor do sacador (art. 31, LUG) Outros títulos: Aval em favor do emitente ou subscritor OBS.: Súmula 189 – STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos. Aval em preto: Avalizado é expressamente identificado ● Aval total: garante o valor integral do título de crédito. ● Aval parcial: garante apenas parte do valor do título Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 6 OBS.: Vedação legal: Art. 897, p.u, CC/2002 - Aval parcial do cheque (Art. 29 da Lei 7.357/85) - Duplicata não há legislação especial/específica (omissão da Lei 5.474/68). Aplicação da regra geral do Código Civil (art. 897, CC) Aval Posterior ao VencimentoDIFERENÇA ENTRE ENDOSSO E AVAL DIFERENÇAS ENTRE AVAL E FIANÇA 3. PROTESTO Conceito: “Protesto é o ato jurídico a cargo de tabelião de protesto de títulos, de natureza formal e solene, pelo qual se comprova o descumprimento de fatos de interesse cambiário: a recusa ou falta de aceite, a recusa ou falta de pagamento e a ausência de data de aceite.” (NEGRÃO, 2014). Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 7 É o ato formal através do qual se atesta um fato relevante para a relação cambial. Esse fato relevante pode ser: a) a falta de aceite do título, b) a falta de devolução do título ou c) a falta de pagamento do título. FINALIDADE DO PROTESTO: a) Interromper a prescrição: Art. 202, inciso III do Código Civil. Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: III - por protesto cambial; b) Constranger legalmente o devedor ao pagamento. 4. PAGAMENTO ● Efeitos do pagamento A Extinção de uma, algumas ou todas as obrigações representadas por um título de crédito. ● Obrigação cambial: natureza quesível (“queráble”) o “[...] deve considerar-se que a letra de câmbio é uma obrigação “quérable”, por natureza, pois o devedor, no dia do vencimento, não sabe nas mãos de quem e onde se encontra o título.” (REQUIÃO, 2012). ● O Credor deve ter iniciativa para obter a satisfação de seu crédito Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 8 5. VENCIMENTO ● Modalidades de Vencimento a) Vencimento Ordinário: Ocorre pelo decurso do tempo (prazo determinado no titulo) b) Vencimento Extraordinário: Ocorre: Recusa do aceite; Falência do aceitante (obrigado principal) #DEOLHONASSÚMULAS: - Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. - Súmula 189-STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos. - Súmula 387-STF: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. - Súmula 60-STJ: É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste. - Súmula 600-STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo Iegal, desde que não prescrita a ação cambiária. - Súmula 475-STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. - Súmula 476-STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. - Súmula 26-STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. - Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré- datado. - Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 9 II. TIPOS DE TÍTULO DE CRÉDITO 1. LETRA DE CÂMBIO Conceito: A letra de câmbio é a ordem de pagamento, sacada pela pessoa que tenha provisão ou fundos disponíveis em poder de outra pessoa, contra esta última e em favor de um terceiro. Assim, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas: a) a do sacador, que emite a ordem b) a do sacado, a quem a ordem é destinada c) a do tomador, que é o beneficiário da ordem Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 10 Legislação Aplicável OBS.: CÓDIGO CIVIL Características: Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 11 Requisitos Essenciais: De acordo com os artigos1 e 2 da Lei Uniforme são: 1 - A palavra "letra" inserta no próprio texto do título é expressa na língua empregada para a redação desse título. 2 - O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 3 - O nome daquele que deve pagar (sacado). 4 - A época do pagamento. 5 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento. 6 - O nome da pessoa a quem ou a ordem de quem deve ser paga. 7 - A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada. 8 - A assinatura de quem passa a letra (sacador). OBS: SÚMULA 387 STF e ART. 891 CC Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 12 OBS.: É POSSÍVEL A LETRA DE CÂMBIO OMITIR ALGUNS DOS ELEMENTOS FORMAIS? Resp.: Segundo o art. 2º - O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: - A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. - Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do sacado. - A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador 1.1 ACEITE Conceito: é o reconhecimento e acolhimento da Letra de Câmbio por parte do sacado é chamado de aceite. Este ato é concretizado pela assinatura do sacado feita no verso ou anverso do título. Dec. n. 57.663/67, art. 25: O aceite é escrito na própria letra. Exprime- se pela palavra “aceite” ou qualquer outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra. (…). Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 13 Aceite parcial: Há duas modalidades de aceite parcial: a) Aceite limitativo: Limita o valor do título. Exemplo: O título era de R$10.000,00, mas o aceite é limitado ao valor de R$7.000,00. b) Aceite modificativo: Modifica as condições do título. Exemplo: O título possuía vencimento em 30 dias, mas o aceite modifica o vencimento para o prazo de 60 dias. O aceite parcial condiciona o aceitante (sacado VS) nos termos do seu aceite, ou seja, o aceitante. Exemplo: Se o título era de R$10.000,00 e o aceitante (sacado VS) aceita R$7.000,00 ele ficará vinculado ao pagamento desses R$7.000,00. Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito EmpresarialII 8º período- DIREITO 14 Vencimento da letra. Emitida a letra e realizado o aceite pelo sacado, o título se torna exigível a partir do seu vencimento, podendo-se distinguir, quanto a esse fato, quatro espécies de letras de câmbio: a) Letra com dia certo b) Letra à vista c) Letra a certo termo da vista d) Letra a certo termo da data Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 15 Prazo para Apresentação da Letra de Câmbio a) Na letra a certo termo da vista = o tomador deve apresentá-la para aceite no prazo estabelecido no título ou, caso não tenha sido estabelecido prazo algum, dentro de um ano, contado da data de sua emissão. b) Na letra a vista = o tomador não precisa necessariamente levá-la para aceite do sacado, podendo optar por apresentá-la diretamente para pagamento, o que deve ser feito em um ano a partir da emissão do título. OBS.: PRAZO DE RESPIRO Ação Cambial - Prescrição: a) 3 anos, a contar do vencimento, do portador contra o sacado e avalista; b) 1 ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se a letra contiver a cláusula “sem despesas”, do portador contra endossantes e respectivos avalistas; c) 6 meses, a contar do dia em que o endossante pagou o título ou em que ele foi acionado, dos endossantes, uns contra os outros, ou seus avalistas. 2. NOTA PROMISSÓRIA Conceito: “é um título de crédito que documenta a existência de um crédito líquido e certo, que se torna exigível a partir de seu vencimento, quando não emitida a vista. É um instrumento autônomo e abstrato de confissão de dívida, emitido pelo devedor que, unilateral e desmotivadamente, promete o pagamento de quantia em dinheiro que especifica, no termo assinalado na cártula”. Gladston Mamede. Assim, ao ser emitida, dá origem a duas situações jurídicas distintas: a) sacador b) beneficiário da nota Legislação Aplicável Submete-se ao mesmo regime jurídico aplicável às letras de câmbio. Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 16 Obs.: - Inaplicabilidade das regras incompatíveis com a natureza de promessa de pagamento; - Equiparação do subscritor da nota ao aceitante da letra; - Subscritor da nota é o avalizado, no aval em branco; Características: a) Promessa de pagamento b) Abstrato c) Modelo livre d) Nominal Requisitos Essenciais: De acordo com o art. 75 da Lei Uniforme são: 1 - A denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título. 2 - A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 3 – A época do pagamento; 4 - A indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 5 - O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 6- A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 7 - A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). Vencimento da Nota Promissória. A nota promissória pode conter os seguintes vencimentos (art. 55 do Dec. N. 2.044/1998): Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 17 a) À vista; b) A dia certo; c) A tempo certo da data (da emissão) Dos prazos prescricionais para a execução da nota promissória d) 3 anos, a contar do vencimento, do portador contra o emitente e avalista; e) 1 ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se a letra contiver a cláusula “sem despesas”, do portador contra endossantes e respectivos avalistas; f) 6 meses, a contar do dia em que o endossante pagou o título ou em que ele foi acionado, dos endossantes, uns contra os outros, ou seus avalistas. A cláusula- mandato “A emissão, por procuração, de nota promissória vinculada a contrato de abertura de conta corrente não tem validade, uma vez que o enunciado n.º 60 da Súmula dominante do STJ prevê que: “E nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”. (ac. un. da 6ª Câm. do 1º (antigo) TACivSP, na Ap 600.522-3, rel. Juiz Oscarino Moeller). Título Prescrito: Conforme visto em relação à letra de câmbio, o título prescrito deixa de ter natureza cambial, mas ainda é considerado um instrumento particular de dívida (art. 206, § 5º, I, CC). Portanto, o prazo para a ação monitória da letra de câmbio prescrita rege-se pelo prazo prescricional do Código Civil, qual seja, 05 anos. CC, art. 206: Prescreve: (...) § 5º: Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular; (...). Mesmo que tenha transcorrido esse prazo e a nota promissória tenha perdido sua força executiva (esteja prescrita), ainda assim será possível a sua cobrança. Nesse caso, o beneficiário terá duas opções para cobrar o valor contido na nota promissória: Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 18 1) Ajuizar ação monitória: No caso da nota promissória, o prazo para ajuizamento de ação monitória é quinquenal, contado do dia seguinte ao vencimento do título. Súmula 504 – STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. 2) Ajuizar ação de locupletamento, com base no art. 48 do Decreto nº 2.044/1908: Art. 48. Sem embargo da desoneração da responsabilidade cambial, o sacador ou o aceitante fica obrigado a restituir ao portador, com os juros legais, a soma com a qual se locupletou à custa deste. Ação de locupletamento do art. 48 do Decreto 2.044/1908 envolvendo notas promissórias A simples apresentação de nota promissória prescrita é suficiente para embasar a ação de locupletamento pautada no art. 48 do Decreto nº 2.044/1908, não sendo necessário comprovar a relação jurídica subjacente. A pretensão de ressarcimento veiculada em ação de locupletamento pautada no art. 48 do Decreto nº 2.044/1908 prescreve em 3 anos, contados do dia em que se consumar a prescrição da ação executiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1323468-DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/3/2016 (Info 580). Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 19 3. DUPLICATA Conceito: “A duplicata é um título que é emitido pelo credor, declarando existir, a seu favor, um crédito de determinado valor em moeda corrente, fruto – obrigatoriamente – de um negócio empresarial subjacente de compra e venda de mercadorias ou de prestação de serviços, cujo pagamento é devido em determinada data. É um título causal, vale dizer, um título cuja emissão está diretamente ligada a um negócio empresarial que lhe é subjacente e necessário.” Mamede Legislação Aplicável Submete-se ao regime jurídico da Lei n. 5.474/68. FigurasIntervenientes: Assim, ao ser emitida, dá origem a duas situações jurídicas distintas: a) Sacador b) Sacado Requisitos Essenciais: Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. § 1º A duplicata conterá: I - a denominação “duplicata”, a data de sua emissão e o número de ordem; II - o número da fatura; III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a duplicata à vista; IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador; V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso; VI - a praça de pagamento; VII - a cláusula à ordem; VIII - a declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá- la, a ser assinada pelo comprador, como aceite, cambial; Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 20 IX - a assinatura do emitente. § 2º Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura. § 3º Nos casos de venda para pagamento em parcelas, poderá ser emitida duplicata única, em que se discriminarão todas as prestações e seus vencimentos, ou série de duplicatas, uma para cada prestação distinguindo-se a numeração a que se refere o item I do § 1º deste artigo, pelo acréscimo de letra do alfabeto, em sequência. Características: a) Ordem de pagamento b) Causal c) Modelo vinculado (padrões do Conselho Monetário Nacional) d) Nominativo e) Aceite é obrigatório Emissão e Aceite da Duplicata: De acordo com o art. 1º da Lei das Duplicatas, Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 21 “em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador.” Emitida a duplicata, ela deve ser enviada para o devedor (comprador), para que este efetue o aceite e a devolva. Caso ele recuse o aceite, terá que justificar tal ato, de acordo com o art. 6º, “A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na praça ou no lugar de seu estabelecimento, podendo os intermediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la em seu poder até o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o encargo”. Por sua vez, o art. 7º da Lei enfatiza a recusa do aceite, senão vejamos: “A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite.” OBS.: Aceite Expresso e Aceite Presumido. No que tange a possibilidade de execução de duplicata sem aceite o STJ é bastante rigoroso nesta análise. Exige-se a prova inequívoca do recebimento das mercadorias ou da efetiva prestação dos serviços. Nesse sentido, já decidiu o STJ: DUPLICATA SEM ACEITE. FATURA. EXECUÇÃO. Na espécie, não foi expedida fatura e as notas fiscais não estão referidas nas duplicatas sem aceite, não ficando claro se as mercadorias entregues, conforme consta ao pé de algumas notas fiscais, não de todas, correspondem às duplicatas que instruírem a inicial do processo de execução. Assim, o exequente não comprovou que as duplicatas correspondem às operações de compra e venda das mercadorias efetivamente entregues e recebidas. Logo, não cabe a ação executiva (Resp 450.628-MG, Rel. Min. Ruy Rosado, julgado em 12/11/2002- Informativo n.º 154/2002). Em contrapartida é entendimento também do STJ que a exigência de comprovação da entrega das mercadorias, para que a duplicata não aceita expressamente se aperfeiçoe como título executivo, só é necessária se a execução é voltada contra o devedor principal, ou seja, o comprador. Nesse sentido, Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 22 EXECUÇÃO. DUPLICATA SEM ACEITE. A cobrança de duplicata não aceita e protestada só torna necessária a comprovação da entrega e recebimento da mercadoria em relação ao sacado, devedor do vendedor, e não quanto ao sacador, endossantes e respectivos avalistas. O endossatário de duplicata sem aceite, desacompanhada de prova de entrega da mercadoria, não pode executá-la contra o sacado, mas pode fazê-la contra o endossante e o avalista. Precedente citado: Resp 168.288-SP, DJ 24/5/1999. (Resp 250.568-MS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, julgado em 19/10/2000- Informativo n.º 75/2000). Pagamento: A prova do pagamento da duplicata é o recibo passado pelo legítimo portador, ou por seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento separado com referência expressa à duplicata. Também se presume resgatada a duplicata com a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento endossatário, no qual conste, no verso, que seu valor se destina à amortização ou liquidação da duplicata nele mencionada. Pagamento Parcial O sacador não pode recusar o pagamento parcial. Art. 25. Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da legislação sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio. (Lei 5474/68). Código Civil, Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento. §1º No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial. §2º No caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradição do título, além da quitação em separado, outra deverá ser firmada no próprio título. Protesto No que se refere ao protesto da duplicata, segundo o art. 13 fa Lei das Duplicatas, destaque-se que este pode ser de três tipos: a) Por falta de aceite; b) Por falta de devolução; c) Por falta de pagamento. Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 23 Ação Cambial: Segundo o art. 15 da Lei 5.474/68: “A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que se cogita o Livro II do Código de Processo Civil, quando se tratar: I- de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não; II- de duplicata ou triplicata não aceita contanto que, cumulativamente: a) haja sido protestada; b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria; c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei...” Prescrição: Nos termos do art. 18 da Lei n. 5.474/68, a pretensão à execução da duplicata prescreve: I- em 3 anos, contados da data do vencimento do título, contra o sacado e respectivos avalistas; II- em 1 ano, contado da data do protesto, contra os endossantes e respectivos avalistas;III- em 1 ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título, de qualquer dos coobrigados, uns contra os outros. Duplicata de Prestação de serviços O sacado poderá negar sceite so título se: I- Os serviços prestados não corresponderem efetivamente aos contratados; II- Forem comprovados vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados; III- Houver divergência quanto aos prazos e preços ajustados. Triplicata e sua eficácia executiva A triplicata nada mais é do que uma cópia da duplicata que foi perdida ou extraviada, possuindo os mesmos efeitos, requisitos e formalidades da duplicata que substitui (art. 23). Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 24 Duplicata Simulada Nos termos do art. 172 do Código Penal, caracteriza crime de duplicata simulada a conduta de “emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou serviço prestado”. A pena é de detenção, de dois a quatro anos, e multa. Executividade da Duplicata em Meio Eletrônicos “A duplicata é título executivo extrajudicial, mesmo que seu suporte seja exclusivamente meios informatizados.” Fábio Ulhoa “Também pode ser eletrônico o registro do recebimento das mercadorias, servindo o relatório do sistema mantido pelo vendedor de documento para a execução da duplicata virtual.” Fábio Ulhoa 4. CHEQUE Conceito: “é ordem de pagamento à vista emitida contra um banco em razão de fundos que a pessoa (emitente) tem naquela instituição financeira”. André Luíz Legislação Aplicável Submete-se ao regime jurídico da Lei n. 7.357/85. Figuras Intervenientes: Assim, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas: a) Sacador b) Sacado c) Beneficiário Requisitos Essenciais: De acordo com o art. 1º da Lei n. 7.357/85 são: 1 - A denominação "cheque" inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é regido; Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 25 2 - A ordem incondicional de pagar quantia determinada; 3 – O nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 4 – A indicação do lugar de pagamento; 5 – A indicação da data e do lugar de emissão; 6- A assinatura do emitente (sacador), ou de seus mandatários com poderes especiais. Características: a) Ordem de pagamento b) Não causal c) Modelo vinculado d) Nominal ou ao Portador e) Autonomia relativa em situações excepcionais COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. CHEQUE. EXECUÇÃO. AUTONOMIA RELATIVA DA CÁRTULA. CAUSA DEBENDI. INVESTIGAÇÃO. POSSIBILIDADE. CPC, ARTS. 585, I E 586. LEI N.º 7.357/85. EXEGESE. MATÉRIA DE FATO. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 7- STJ. I. A autonomia e independência do cheque em relação à relação jurídica que o originou é presumida, porém não absoluta, sendo possível a investigação da causa debendi e o afastamento da cobrança quando verificado que a obrigação subjacente claramente se ressente de embasamento legal. II. “A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial” (Súmula nº 07). III. Recurso especial não conhecido (STJ, Resp 43513/SP, Relator Ministro Aldir Passarinho Júnior, DJ 15.04.2002, p. 219). Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 26 Cheque “pré-datado” (ou “pós-datado”): Popularizou-se no Brasil a emissão de cheques para ser pago em data futura, chamados de cheque “pré-datado” ou “pós-datado”. Nesse caso, perderia o cheque a sua natureza de ordem de pagamento à vista? Deve o banco recebê-lo normalmente, sem levar em conta a data futura mencionada no título? “(...) a emissão de cheque pós-datado, popularmente conhecido como cheque pré- datado, não o desnatura como título de crédito, e traz como única consequência a ampliação do prazo de apresentação (...)” (STJ, Resp 612423/DF, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ 26.06.2006, p. 132). Responsabilidade civil. Cheques pré-datados. Apresentação antecipada. Devolução das cártulas por insuficiência de fundos. Dano moral. Ocorrência. Redução do quantum indenizatório para atentar aos valores habitualmente fixado pelas turmas recursais. Dano moral caracterizado pela apresentação antecipada de cheque pré- datado e que resultou na devolução da cártula po insuficiência de fundos. DERAM PARCIAL Provimento Ao Recurso. (TJRS, Recurso Cível nº 71001005610, Primeira Turma Recursal Cível, Relator Heleno Tregnago Saraiva, Julgado em 30/11/2006). Súmula n.º 370 do STJ: “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. Modalidades de Cheque A legislação cuida de quatro modalidades de cheque, a saber: Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 27 I. Cheque Cruzado (arts. 44 e 45 da Lei do Cheque) O cruzamento consiste na oposição de dois traços transversais e paralelos no anverso do título, e tem por objetivo conferir segurança à liquidação de cheques ao portador. O cruzamento pode ser em BRANCO OU EM PRETO. II. Cheque Visado (art. 7º da Lei do Cheque) É aquele em que o banco confirma, mediante assinatura no verso do título, a existência de fundos disponíveis para pagamento do valor mencionado. III. Cheque Administrativo (art. 9º, inciso III, da Lei do Cheque) É aquele emitido por um banco contra ele mesmo, para ser liquidado em uma de suas agências. IV. Cheque para ser creditado em conta (art. 46 da Lei do Cheque) Aquele que o sacado não pode pagar em dinheiro, por expressa proibição colocada no anverso do título pelo próprio emitente, consistente na colocação da expressão “para ser creditado em conta” ou da menção ao número da conta do beneficiário entre os traços do cruzamento. Sustação do Cheque O pagamento de determinado cheque pode ser “sustado” pelo seu emitente em dois casos, previstos, respectivamente, os arts. 35 e 36 da Lei n.º 7.357/85: I- segundo o art. 35, “o emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo mercê de contra- ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato”. II- Pelo art. 36, “mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito”. O STJ consolidou entendimento segundo o qual a “pré-datação” do cheque o transformaria em mera garantia de dívida, fato que, por si só, afastaria a possibilidade de incriminação do emitente no tipo penal de estelionato. Nesse sentido, verbis: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. EMISSÃO DE CHEQUE PRÉ-DATADO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA TRANCAR A AÇÃO PENAL. 1. Em que pese o pedido do recorrente se restringir a revogação da prisão preventiva por ausência dos requisitos que autorizam a segregação cautelar, percebe-se, conforme pacífica jurisprudência desta Corte, que a emissão de cheque pré-datado Profa. Michelle Gonçalves de Araújo JorgeDisciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 28 descaracteriza a cártula de um título de pagamento à vista, transformando-a numa garantia de dívida. Atipicidade da conduta. 2. Recurso conhecido para conceder, de ofício a ordem, para trancar a ação penal. (STJ, RHC 16880/PB, Relator Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ 24/10/2005, p. 381). Apresentação para pagamento Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País. Enunciado n.º 600 da súmula de jurisprudência dominante do STF: “cabe ação executiva contra o emitente do cheque e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”. Prescrição do Cheque Nos termos do art. 59 da Lei do Cheque, a execução fundada em cheque prescreve nos seguintes prazos: I- de 6 meses, do portador contra o sacador, endossantes e respectivos avalistas, contados da expiração do prazo de apresentação; II- de 6 meses, de um obrigado ao pagamento de cheque contra outro, contados do dia em que o obrigado pagou o cheque, ou do dia em que foi demandado. Art. 47 Pode o portador promover a execução do cheque: I - contra o emitente e seu avalista; II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação. §1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste. §2º Os signatários respondem pelos danos causados por declarações inexatas. §3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável. Profa. Michelle Gonçalves de Araújo Jorge Disciplina: Direito Empresarial II 8º período- DIREITO 29 §4º A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo, se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência Súmula 600 do STF – Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária. Devolução indevida: Se o banco devolver indevidamente o cheque estará caracterizado dano moral, nos termos da súmula 388 do STJ: Súmula 388 do STJ - A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. OBS.: Cobrança de cheque prescrito. PROCESSO CIVIL- RECURSO ESPECIAL- AÇÃO MONITÓRIA- INSTRUÇÃO- CHEQUE PRESCRITO- DEMONSTRAÇÃO DA CAUSA DEBENDI- DESNECESSIDADE- RECURSO PROVIDO. 1. A teor da jurisprudência desta Corte, na ação monitória fundada em cheque prescrito, é desnecessária a demonstração da causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus da prova da inexistência do débito. 2. Recurso conhecido e provido para afastar a extinção do feito sem julgamento do mérito e determinar o regular processamento da ação pelas instâncias ordinárias. (STJ, Quarta Turma, Resp 801715/MS, Relator Ministro Jorge Scartezini, DJ 20.11.2006, p. 337) Enunciado 40 da 1ª Jornada de Direito Comercial: “O prazo prescricional de 6 (seis) meses para o exercício da pretensão à execução do cheque pelo respectivo portador é contado do encerramento do prazo de apresentação, tenha ou não sido apresentado ao sacado dentro do referido prazo. No caso de cheque pós-datado apresentado antes da data de emissão ao sacado ou da data pactuada com o emitente, o termo inicial é contado da data da primeira apresentação.” Súmula 503 – STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Importante ressaltar que na ação executiva e na monitória não há necessidade de discutir a relação causal. Nesse sentido: SÚMULA STJ – 531: Em ação monitória fundada em cheque prescrito, ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
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