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MECÂNICA DOS SOLOS I Aula 11 – Unidade 05: Resistência ao Cisalhamento de Solos Professora Msc. Helena Paula Nierwinski Resistência ao Cisalhamento Os solos resistem bem às tensões de compressão, mas tem resistência limitada a tração e ao cisalhamento. A resistência ao cisalhamento de um solo em qualquer direção é a tensão de cisalhamento máxima que pode ser aplicada à estrutura do solo naquela direção. Quando este máximo é atingido, diz-se que o solo rompeu, tendo sido totalmente mobilizada a resistência do solo. Planos onde as tensões cisalhantes superam a resistência ao cisalhamento são chamados de planos de ruptura. A resistência ao cisalhamento constitui uma das propriedades fundamentais dos solos, dado suporte a resolução de problemas práticos: estabilidade de taludes e capacidade de carga de fundações. Resistência ao Cisalhamento A resistência ao cisalhamento está relacionada ao atrito e coesão existentes no solo. Atrito: A resistência por atrito entre partículas pode ser demonstrada através do deslizamento de um corpo sobre uma superfície. O ângulo de atrito é o ângulo máximo que a força transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contato sem que ocorra deslizamento. Resistência ao Cisalhamento Coesão Parcela de resistência ao cisalhamento de um solo que independe das tensões normais aplicadas, originando-se - Pela atração química entre partículas argilosas (atração iônica); - Cimentação entre partículas; - Tensões superficiais geradas pelos meniscos capilares; - Tensões residuais da rocha de origem. Critérios de Ruptura Critério de ruptura – Equação de Coulomb O critério de ruptura expressa matematicamente a envoltória de ruptura de um material; A envoltória de ruptura separa a zona de estado de tensões possíveis da zona de estado de tensões impossíves de se obter para um solo; Para cada material deve-se utilizar o critério de ruptura que melhor se adapte ao seu comportamento. Solos Critério de ruptura de Mohr-Coulomb CRITÉRIO DE MOHR-COULOMB (Mohr, 1900) – A ruptura se dá quando a tensão cisalhante no plano de ruptura alcança o valor da tensão cisalhante do material. Critérios de Ruptura Critério de ruptura – Equação de Coulomb A equação de Coulomb considera a parcela de resistência ao cisalhamento referente ao atrito e à coesão: Ensaios para determinação da resistência de solos Determinação da resistência ao cisalhamento Ensaio de cisalhamento direto – Amostra indeformada de solo O ensaio de cisalhamento direto é o mais antigo procedimento para a determinação da resistência ao cisalhamento e se baseia diretamente no critério de Mohr-Coulomb. Aplica-se uma tensão normal num plano e verifica-se a tensão cisalhante que provoca a ruptura. Para cada esforço normal (N) , determina-se o esforço tangencial necessário para romper a amostra ao longo do plano horizontal. Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de cisalhamento direto Para o ensaio, um corpo de prova do solo é colocado parcialmente numa caixa de cisalhamento, ficando com sua metade superior dentro de um anel que será deslizado sobre a parte inferior. O corpo de prova é inicialmente comprimido pela força normal, em seguida aplica-se a força cisalhante `T`. Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de cisalhamento direto As forças T e N divididas pela área da seção transversal do corpo de prova, indicam as tensões σ e τ que nele estão atuando. A tensão pode ser representada em função do deslocamento no sentido do cisalhamento. O deslocamento vertical do ensaio também pode ser registrado. Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de cisalhamento direto Realizando-se o ensaio com diversas tensões normais é possível obter a envoltória de resistência do material. c ф Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de compressão triaxial O ensaio de compressão triaxial consiste na aplicação de um estado hidrostático de tensões e de um carregamento axial sobre um corpo de prova cilíndrico de solo. O corpo de prova é colocado dentro de uma câmara envolto em um membrana de borracha. A câmara é enchida com água à qual se aplica uma pressão chamada de pressão confinante ou pressão de confinamento. Neste tipo de ensaio o corpo de prova fica sob um estado hidrostático de tensões. O carregamento axial é feito por meio de aplicações de força através do pistão ou elevação da câmara contra o pistão. Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de compressão triaxial A ruptura do corpo de prova pelo acréscimo de tensão axial (ação da tensão desviadora) (σ1-σ3) Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de compressão triaxial Diferentes valores de tensão desviadora são obtidos através de diferentes tensões confinantes, as quais originam diferentes valores de tensões máximas de ruptura. A partir destes valores pode-se definir círculos de Mohr de ruptura, cuja envoltória é a envoltória de resistência. Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de compressão triaxial - Tipos de ensaios triaxiais: A) Ensaio Adensado drenado (CD – Consolidated Drained ou S - Slow): Ensaio onde há drenagem permanente do corpo de prova. Aplica-se a tensão confinante e espera-se que o corpo de prova adense, ou seja, que a pressão neutra dissipe. A tensão axial é então aumentada lentamente para que a água sob pressão possa sair. São obtidos parâmetros de resistência em termos de tensões efetivas. Emprego: Análise da resistência de solos permeáveis. Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de compressão triaxial - Tipos de ensaios triaxiais: B) Ensaio Adensado não-drenado (CU – Consolidated undrained ou R - Rapid): A drenagem é permitida apenas durante a etapa de aplicação da pressão de confinamento. A seguir o corpo de prova é carregado axialmente sem drenagem. Podem ser obtidos parâmetros em termos de tensões totais e efetivas. Emprego: análise a curto e a longo prazo da resistência ao cisalhamento de solos de baixa premeabilidade consolidados. Ensaios para determinação da resistência de solos Ensaio de compressão triaxial - Tipos de ensaios triaxiais: C) Ensaio não-adensado não-drenado (UU – unconsolidated undrained ou Q - quick): A drenagem não é permitida em nenhuma das etapas do ensaio. O teor de umidade da amostra se mantem constante. As pressões neutras geradas podem ser medidas. Os parâmetros de resistência são obtidos em termos de tensões totais. Emprego: Análise a curto prazo da resistência ao cisalhamento de solos de baixa permeabilidade não consolidados. Resistência ao cisalhamento de areias Será analisado o comportamento de areias puras ou com reduzido percentual de finos (< 12%) que não interferem significativamente no comportamento do conjunto. As areias são permeáveis e não geram pressões neutras, desta forma a análise é realizada sob condições drenadas em termos de tensões efetivas. As areias puras não apresentam coesão, apenas intercepto coesivo: Comportamento distinto de resistência: Areias fofas Areias Compactas Resistência ao cisalhamento de areias Comparação Areias Fofas e Areias Compactas – ensaio triaxial CD Areias Fofas – Oacréscimo de tensão (σ1- σ3) aumenta continuamente com a deformação até atingir (σ1-σ3)max ocorre redução volumétrica com o cisalhamento. Resistência definida pelo ângulo de atrito interno efetivo. Areias Compactas – Observa-se 3 trechos distintos. Inicial onde o acréscimo da tensão axial cresce rapidamente com a deformação e há decréscimo da deformação. Ocorre o valor máximo da tensão axial (σ1-σ3)max onde ocorre aumento de volume da amostra (dilatância). Por último as tensões axiais atingem um valor constante pequena variação das deformações. Resistência ao cisalhamento de areias Comparação Areias Fofas e Areias Compactas O pico de resistência e a dilatância das areias compactas ocorre em função do entrosamento dos grãos. O entrosamento (encaixe ou embricamento) representa uma componente adicional de resistência que se manifesta pelo valor de pico superior a resistência residual (associada somente ao atrito). Para que ocorra o cisalhamento de areias compactas deve ocorrer o desencaixe dos grãos aumento do volume (dilatância) Resistência ao cisalhamento de areias Areias Fofas e Areias Compactas – índice de vazios crítico O índice de vazios crítico indica o índice de vazios da areia onde não há diminuição nem aumento de volume com o cisalhamento, ou seja, a areia sofre deformação sem variação de volume, correspondendo à densidade na qual a areia tende a ser rompida, independente do índice de vazios inicial. Resistência ao cisalhamento de areias Areias Fofas e Areias Compactas – índice de vazios crítico O índice de vazios crítico depende da tensão confinante que uma areia está submetida. Resistência ao cisalhamento de areias Areias Fofas e Areias Compactas – variação do ângulo de atrito com a pressão confinante A envoltória de resistência retilínea passando pela origem é uma aplicação na prática, fruto em parte da dispersão dos resultados obtidos com cps diferentes para cada valor de tensão confinante. Curvatura da envoltória cresce com a compacidade e resistência dos grãos. Na prática são ajustadas retas no intervalo de tensão de interesse. Resistência ao cisalhamento de areias Areias Fofas e Areias Compactas – variação do ângulo de atrito a) Compacidade relativa b) Forma dos grãos c) Distribuição granulométrica d) Rugosidade dos grãos e) Composição mineralógica (solos micáceos diminuem o ângulo de atrito) f) Presença de água (pouca influência - drenagem) g) Envelhecimento da areia (aumento da rigidez com o tempo) Resistência ao cisalhamento de areias Areias Fofas e Areias Compactas – variação do ângulo de atrito Resistência ao cisalhamento de argilas Influência do pré-adensamento na resistência das argilas O comportamento das argilas difere do comportamento das areias, sendo que as argilas dependem do histórico de tensões (normalmente adensadas ou pré-adensadas). As argilas apresentam comportamento tensão- deformação convergente após superada a tensão de pré-adensamento Resistência ao cisalhamento de argilas Argilas sob condições drenadas Ensaios drenados em argilas são lentos e os parâmetros de resistência são obtidos em termos de tensões efetivas. Resistência governada pelo pré-adensamento. Argila Normalmente Adensada (NA) – não há pico de resistência e há redução de volume; Argila pré-adensada (PA) – existe um pico de resistência e aumento de volume Resistência ao cisalhamento de argilas Argilas sob condições drenadas – envoltória de resistência PA NA Resistência ao cisalhamento de argilas Argilas sob condições não-drenadas Neste tipo de ensaio são gerados excessos de poropressões na fase de confinamento e compressão axial (ensaio UU) ou somente na fase de compressão axial (ensaio CU). Nas fases não drenadas não há variação do volume do CP. O ensaio CU permite que se obtenha parâmetros tanto em tensões totais quanto em tensões efetivas. Resistência ao cisalhamento de argilas Argilas sob condições não-drenadas Ensaio CU – argila Normalmente Adensada (NA) Resistência ao cisalhamento de argilas Argilas sob condições não-drenadas Ensaio CU – argila Pré-Adensada (PA) Resistência ao cisalhamento de argilas Argilas sob condições não-drenadas Ensaio UU – é impedida a drenagem tanto na aplicação da tensão confinante como no carregamento axial, sendo que as tensões efetivas do cp não se alteram. A resistência ao cisalhamento do solo medida no ensaio UU independe da tensão confinante, desta forma o diâmetro dos círculos de Mohr não se alteram e a envoltória de ruptura é uma linha horizontal: τ = Su (resistência não drenada) As tensões obtidas neste ensaio corresponde ao estado de tensões efetivas de campo.
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