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Família e Sociedade Autor: Cláudia Regina Benedetti Tema 08 Os Papéis Sociais na Família: o Lugar da Mulher como Figura Estruturante seç ões Como citar este material: BENEDETTI, Cláudia Regina. Família e Sociedade: Os Papéis Sociais na Família: o Lugar da Mulher como Figura Estruturante. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. Tema 08 Os Papéis Sociais na Família: o Lugar da Mulher como Figura Estruturante SeçõesSeções Tema 08 Os Papéis Sociais na Família: o Lugar da Mulher como Figura Estruturante 5 CONTEÚDOSEHABILIDADES Conteúdo Nessa aula você estudará: • A Mãe: papel social da mulher. • A Mãe como figura feminina na família. • A condição de gênero e as imposições sociais. • As transformações o papel de mãe e mulher na família contemporânea. Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Política Social, Família e Juventude, dos autores Mione Apolinário Sales, Maurílio Castro de Matos e Maria Cristina Leal, editora Cortez, 2010, Livro-Texto n. 267. Roteiro de Estudo: Cláudia Regina BenedettiFamília e Sociedade 6 CONTEÚDOSEHABILIDADES Os Papéis Sociais na Família: o Lugar da Mulher como Figura Estruturante Falar em papéis sociais na Família implica, como já se observou, designar aos seus membros determinados papéis, previamente marcados e historicamente elaborados. Por isso é muito difícil fugir de algumas referências consolidadas e, em alguns casos, do puro estereótipo. Quando se pensa na mãe isso é mais perigoso ainda! Não há criatura no mundo mais carregada de estereótipos e de chavões que a definam... “ser mãe é padecer no paraíso”; “mãe só tem uma”; “rainha do lar” entre outros. Quantas vezes já não se ouviu ou verbalizou tais expressões? O importante é saber que essas imagens do que é ser mãe são resultado de séculos. Que “ser mãe” é algo socialmente definido e esperado das mulheres e que sua relação na Família tem como base a expectativa sobre como isso deve ocorrer: o que é aceitável para uma mãe. Da mesma forma, os filhos possuem funções pré-definidas no interior da estrutura familiar, essas funções têm relação direta com a expectativa dos pais e com a idade e as fases de desenvolvimento. Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Qual é o papel de mãe, historicamente construído? • Como a mãe é vista na família contemporânea? • O que é ser mãe e mulher na família contemporânea? • Quais as transformações do papel de mãe na família atual? LEITURAOBRIGATÓRIA 7 LEITURAOBRIGATÓRIA Pensar em papéis sociais é pensar em como se consolidam e os conflitos que surgem desta luta no interior da Família. Para o Assistente Social, é de suma importância compreender que nem sempre os “tipos ideais” são plausíveis na realidade concreta, que a perspectiva do que foge à regra é muito mais comum do que se imagina. Não há como falar em Mãe e não ligar este papel ao feminino, ou melhor, à feminilidade que lhe cabe. Talvez porque sua definição já parta da prerrogativa da maternidade, mais do que Esposa, a mulher em uma Família é definida por sua relação com os filhos, ninguém além dela pode gerar, gestar e parir. Sendo assim, a questão de gênero está diretamente ligada à definição deste papel social: Mãe e Mulher, sob a perspectiva das relações familiares são indissociáveis. O senso comum, ajudado no século XX pela mídia, construiu e consolidou o estereótipo da mulher como o sexo frágil, o ente familiar que precisa da proteção masculina. Primeiro quem garante esta proteção é o pai – senhor da casa – posteriormente tal legado cabe ao marido – o senhor da casa. À mulher cabe a obediência e o subjugo de suas determinações, assim como o cumprimento das obrigações que lhes pertencem “naturalmente”. Tais concepções formam um escopo de dizeres e práticas sobre o papel da mulher na Família que ganham grande complexidade quando observados mais profundamente. Vê-se que Elas também dispõem de possibilidades de ação não desprezíveis, tanto mais que a esfera privada e os papéis femininos conhecem uma constante revalorização no século XIX, aos olhos de uma sociedade interessada no utilitarismo, preocupada com os filhos e atormentada por suas próprias contradições (PERROT, 1991). A modernidade e as urgências materiais trazem à tona uma mulher, uma mãe de família bem diferente daquela impressa nos romances Românticos dos séculos XVIII e XIX. A mãe/ mulher – pelo menos a proletária e a pequena burguesa – é também força de trabalho, em relação ao homem deve ser igualmente produtiva na sociedade industrial. Porém, ao mesmo tempo têm de garantir a manutenção do lar, a criação dos filhos e os cuidados com o marido... Sim! Está-se falando da mulher europeia do século XIX e não da mulher brasileira do século XX! Percebe-se dessa forma como o processo de industrialização e a necessidade produtiva alteram as relações familiares e os papéis sociais da mulher na Família. Mesmo nas casas onde as mulheres têm um ganho financeiro maior do que os maridos, ou mesmo naquelas onde os maridos estão desempregados, elas realizam uma quantidade muito maior de atividades no trabalho doméstico que eles. Ademais, homens e mulheres ainda desempenham distintas tarefas domésticas como se tais atividades fossem próprias de cada um deles. Assim, as mulheres seguem realizando tarefas como cozinhar, lavar e passar enquanto os homens desempenham tarefas como carpintaria e pequenos consertos (WAGNER e COLS., 2005) 8 Mais do que isso, a grande contradição que se vive hoje: mãe/mulher/trabalhadora/ esposa; não é algo recente e nem menos contraditório do que há quase dois séculos atrás. A industrialização “acrescentou” ao papel da mulher na família, a condição de também “sustentar” o lar, de dividir com o marido as obrigações do trabalho “fora” de casa. No entanto, nesse ínterim, o homem não “dividiu” nenhuma outra função familiar, a não ser timidamente. Ainda que a mulher tenha rendimentos maiores que o homem, estes ainda são considerados no discurso familiar como um complemento ao orçamento. Por outro lado, as tarefas domésticas desempenhadas pelos maridos são percebidas como uma “ajuda”, expressando a isenção deste da responsabilidade no desempenho de tais atividades (2005). Grande parte das funções antes exclusivas das mulheres foi delegada ao Estado: creches, escolas, assistência social, saúde entre outros papéis que antes pertenciam quase que exclusivamente à mulher/mãe são divididos com o Estado, este último provém o bem- estar das novas gerações para que as famílias do presente possam produzir e as proles futuras mantenham-se saudáveis física e psiquicamente, garantindo a reposição da força de trabalho. Os direitos trabalhistas são mais do que conquistas... a licença maternidade permite à mãe a dedicação exclusiva ao filho sem que lhe falte os rendimentos, é também a garantia de que os todos os cuidados iniciais serão dispensados àqueles que dentro em breve farão parte da população economicamente ativa! Em países europeus como França, Suécia, Holanda, dentre outros, a licença maternidade pode chegar a 18 meses consecutivos, visto que alguns Estados Nacionais colocaram a conta na posta do lápis e viram que é menos dispendioso fornecer à mãe uma licença prolongada do que ter que construir e manter creches para que elas possam voltar ao trabalho. O Estado de Bem-Estar Social pode ser custoso em curto prazo, mas em longo prazo permite a consolidação de uma mão de obra altamente qualificada e emocionalmente equilibrada. No Brasil, algumas conquistas trabalhistas vêm ao encontro de tais perspectivas, a ampliação facultativa da licença maternidade, a garantia da amamentação de duas em duas horas, aobrigatoriedade dos municípios em assistir à população com a oferta do ensino infantil de 0 a 5 anos. Todos esses benefícios garantidos pelo Estado permitem à mãe trabalhar também “fora” de casa, suprir as necessidades da prole e continuar a desempenhar seus papéis. Percebe-se a relação industrialização e complexidade dos papéis da mulher, observando os dados do Censo 2000 no Brasil. Verificou-se que nas unidades da Federação mais industrializadas, o percentual de mulheres que são responsáveis pelo sustento do lar é maior (Figura 8.1). LEITURAOBRIGATÓRIA 9 Figura 8.1: Proporção de domicílios unipessoais com responsáveis mulheres, segundo as Unidades da Federação – 2000. O século XIX e a industrialização criaram uma nova mulher. Para as burguesas: “agora, administram a casa, o grande número de empregados e a família igualmente numerosa” (PERROT, 1991). Já a mãe proletária: precisa multiplicar suas funções para dar conta dos inúmeros trabalhos que lhe competem. Na grande cidade, prover o lar não é papel exclusivo do homem, é preciso dividi-lo com a mulher e, em alguns casos (no Brasil a média é de 17%) é ela, a mulher/mãe, a “chefe” da família – já que esta expressão está intrinsecamente ligada à questão econômica. A Figura 8.2 mostra que no Brasil essa situação ocorre em dois casos distintos. LEITURAOBRIGATÓRIA 10 Figura 8.2: Distribuição percentual dos responsáveis pelos domicílios, por sexo, segundo as classes de anos de estudo – 2000. No primeiro caso, em que as mulheres superam os homens em responsabilidade pelo domicílio, há uma mulher analfabeta, sem instrução escolar, essa realidade cria a mãe/ esposa abandonada, a mãe solteira e a mãe adolescente, geralmente pobre e sem acesso aos benefícios da sociedade industrial. No segundo caso, vê-se outro tipo de mãe, que estudou mais que homem, que possui independência intelectual, emocional e, principalmente, financeira. LEITURAOBRIGATÓRIA 11 A Tabela 8.1 indica as transformações que ocorreram no Brasil em apenas uma década: Os domicílios sustentados por mulheres cresceram cerca de 37% em dez anos, percebe-se também um significativo crescimento (27,3%) nos anos de estudos destas mulheres, o que acompanha o aumento da renda (78%), consequentemente, viu-se a diminuição do número de crianças em domicílios com responsáveis femininos com rendimento de até dois salários mínimos (- 20%) e a diminuição da proporção de responsáveis femininos com até três anos de estudo (- 24%), o que indica que uma renda maior e mais anos de estudo, fornece à mulher um controle maior sobre a natalidade, sobre seu corpo e sua vida. Como você leu nos capítulos da parte I de seu Livro-Texto, a família sofreu mudanças estruturais, principalmente em seu papel para as políticas sociais, a assistência à família tem como princípio o respeito às diferenças e particularidades de cada contexto, tal como a perspectiva dos impactos gerados pelas transformações econômicas e sociais no Brasil das últimas décadas. LEITURAOBRIGATÓRIA 12 Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Leia o artigo: NEGREIROS, Teresa Creusa de Góes Monteiro; FERES-CARNEIRO, Terezinha. Masculino e feminino na família contemporânea. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, jun. 2004 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 42812004000100004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. Leia também o artigo: NARVAZ, Martha Giudice; KOLLER, Sílvia Helena. Famílias e patriarcado: da prescrição normativa à subversão criativa. Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 18, n. 1, Apr. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822006000100007&lng= en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. Leia o artigo: SCAVONE, Lucila.Maternidade: transformações na família e nas relações de gênero. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v5n8/04.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014. Vídeos Veja o filme: Tudo Sobre Minha Mãe, de Pedro Almodóvar. Trechos disponíveis em: <http:// www.youtube.com/watch?v=dWzIhiza8ok>. Acesso em: 02 jan. 2014. Uma emocionante e polêmica película sobre as relações modernas de parentesco e constituição familiar. LINKSIMPORTANTES 13 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: A figura da mãe possui um peso simbóli- co muito importante para a constituição da identidade familiar. Explique a construção da imagem feminina na família tradicional burguesa, cujo modelo, bem ou mal, serve como parâmetro de referência na socieda- de ocidental. Questão 2: No âmbito das relações de gênero, as transformações da família e do trabalho fe- minino, que permeiam todos os estratos e segmentos sociais, constituem tendência mundial. Acerca desse assunto, julgue os itens subsequentes. a) Essas transformações representam o fortalecimento das características hierárquicas da sociedade e o surgimento de formas mais verticais e assimétricas de interação. b) Essa situação demonstra claramente a existência de uma crise na instituição familiar, e não a expressão de um processo de democratização ou de direito a ter direitos. c) O aumento dos índices de divórcio e as novas normas jurídicas que regulam a constituição dos laços conjugais revelam a prevalência do afeto como dimensão que orienta tanto as escolhas como a dissolução dos laços conjugais. AGORAÉASUAVEZ 14 d) A inexistência de uma contrapartida social e pública que atenda às necessidades de homens e mulheres que trabalham fora não interfere nos cuidados em relação a crianças, enfermos e idosos. e) Tal situação demonstra a existência de uma crise na instituição familiar e a expressão de um processo de democratização ou de direito a ter direitos, sendo que reconhecidamente a mulher deve manter-se prioritariamente nos cuidados com a família, delegando ao homem as funções de provedor. Questão 3: Sobre o papel da mulher na família tradi- cional: I. “Ser mãe” é algo socialmente definido e esperado das mulheres e que sua re- lação na Família tem como base a ex- pectativa sobre como isso deve ocor- rer: o que é aceitável para uma mãe. II. O senso comum, ajudado no século XX pela mídia, construiu e consolidou o es- tereótipo da mulher como o sexo frágil, o ente familiar que precisa da proteção masculina. III. À mulher cabe a obediência e o subjugo de suas determinações, assim como o cumprimento das obrigações que lhes pertencem “naturalmente”. IV. A mulher é essencialmente mãe, na perspectiva familiar, sua individualida- de fica subjugada ao seu papel social, até em momentos de intimidade. Estão corretas somente: a) II. b) III e IV. c) I, III e IV. d) I, II, III e IV. e) III. Questão 4: O século XIX e a industrialização criaram uma nova mulher. Que nova mulher é essa? a) É a mulher que administram a casa e divide o papel de provedora. b) É a mulher submissa que não trabalha fora de casa. c) É a mulher e mãe que se dedica integralmente a cuidar dos filhos. d) É a mulher moderna que depende financeiramente do marido. e) É a mulher que trabalha fora e não tem mais nenhuma tarefa domética. AGORAÉASUAVEZ 15 Questão 5: Sobre a participação econômica da mulher na família contemporânea, no Brasil, pode- se dizer: a) Não houve alteração em seu papel, ela continua sendo responsável pelo sustento demais de 60% dos lares. b) Não houve alteração, a mulher não contribui para o sustento econômico da família. c) Houve uma pequena alteração, a mulher chefia 5% das famílias no Brasil. d) A relação econômica entre homens e mulheres é igualmente dividida. e) Houve uma alteração significativa, a mulher é a principal responsável pelo sustento de 25% dos lares. Questão 6: Analise a Figura 8.2 deste tema. É possível dizer que há diferenças segundo formação cultural e social? Explique sua resposta. Questão 7: Explique como a industrialização alterou o papel da mulher nas relações familiares. Questão 8: Cite e explique algumas consequências da inserção da mulher na vida produtiva da fa- mília, ou seja, o que aconteceu com a saí- da da mulher para o mercado de trabalho? Mudou alguma coisa? Questão 9: Qual a relação entre o Estado e os novos papéis da mulher na família? Explique. Questão 10: Explique a transformação econômica e so- cial da mulher no Brasil. Qual o impacto que essa configuração gera sobre a família? AGORAÉASUAVEZ 16 Como ser mulher, mãe e esposa na sociedade contemporânea? Romper com a associação do feminino com o doméstico não é tarefa fácil, pois implica em se desmontar pressupostos morais, crenças e valores estabelecidos sobre as diferenças entre homens e mulheres. Implica em se questionar representações de gênero tradicionais que contribuem para criar um meio discursivo em que diferenças socialmente construídas são vistas como inevitáveis e naturais (apud. BRUMER, 2009). Obviamente tais pressupostos não são fáceis de resolver, mas o debate é válido, principalmente para um estudante de Serviço Social que manterá contato com diversos conflitos resultantes das contradições inerentes ao processo visto neste capítulo. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. tradução Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. LÔBO, Paulo Luiz Netto. Do poder familiar. Disponível em:http://www.http// jus2.uol.com.br/ doutrina/texto.asp?id=8371 BRUMER; Anita. “Gênero, família e globalização”. In: Sociologias, Porto Alegre, ano 11, n. 21, jan./jun. 2009, p. 14-23. REFERÊNCIAS 17 LENHARD, Rudolf. Sociologia Educacional. São Paulo: Pioneira, 1985. PERROT, Michele. Os Atores. In: História da vida Privada: da Revolução Francesa à Primei- ra Guerra. v. 4; São Paulo: Cia das Letras, 1991. WAGNER, A. e COLS. Compartilhar Tarefas? Papéis e Funções de Pai e Mãe na Família Contemporânea. In: Psicologia: Teoria e Pesquisa. maio-ago 2005, v. 21, n. 2, p. 181-186. Estereótipo: formado de ideias preconcebidas e alimentado pela falta de conhecimento real sobre o assunto em questão. Plausíveis: que se pode admitir, aceitar; razoáveis. Ínterim: durante aquele tempo, entretanto, no mesmo tempo. Proles: conjunto dos filhos e filhas de um indivíduo ou de um casal. Facultativa: que dá ou deixa a faculdade de fazer ou não alguma coisa; que não é obriga- tório. GLOSSÁRIO REFERÊNCIAS 18 Questão 1 Resposta: A figura feminina na família traz consigo estigmas historicamente construído, como o de “ser mãe”. Trata-se algo esperado das mulheres e sua relação na Família tem como base a expectativa sobre como isso deve ocorrer. O senso comum consolidou o estereótipo da mulher como o sexo frágil, o ente familiar que precisa da proteção masculina. À mulher cabe a obediência e o subjugo de suas determinações, assim como o cumprimento das obrigações que lhes pertencem “naturalmente”. Tais concepções formam um escopo de dizeres e práticas sobre o papel da mulher na Família que ganham grande complexidade quando observados mais profundamente. Um exemplo de suas consequências é a violência contra a mulher, via de regra, alicerçada na concepção do homem como senhor e da mulher como devedora de obediência. Questão 2 Resposta: Alternativa D O casamento contemporâneo passa necessariamente pelas relações de afeto, as escolhas não se realizam (como no século XIX, por exemplo) exclusivamente pelas relações materiais, a autonomia financeira da mulher permitiu também uma maior autonomia em suas escolhas amorosas e afetivas. Questão 3 Resposta: Alternativa D À mulher coube (e ainda cabe) os estereótipos de rainha do lar e mãe, sob essa perspectiva é impossível pensar que uma mulher não queira ser mãe e assumir para si a responsabilidade de cuidar, de suprir sua individualidade em nome da família. GABARITO 19 Questão 4 Resposta: Alternativa A A mulher que surge a partir do século XIX, divide com o marido a responsabilidade de prover o lar, no século XX, nos países mais industrializados, uma parcela significativa das mulheres transforma-se em principal fonte de renda da família. No entanto, apesar da independência econômica, a mulher ainda é responsável pelas jornadas de trabalho doméstico, onerando suas responsabilidades: a chamada dupla jornada. Questão 5 Resposta: Alternativa E Segundo dados do IBGE, a mulher chefia atualmente cerca de 25% dos lares brasileiros, sendo a principal responsável pelo sustento de suas famílias. Esta é considerada uma alteração significativa, mostra que a mulher ganha cada vez mais espaço na estrutura familiar. Questão 6 Resposta: No primeiro caso, em que as mulheres superam os homens em responsabilidade pelo domicílio, tem-se uma mulher analfabeta, sem instrução escolar, esta realidade cria a mãe/esposa abandonada, a mãe solteira e a mãe adolescente, geralmente pobre e sem acesso aos benefícios da sociedade industrial. No segundo caso, vê-se outro tipo de mãe, que estudou mais que homem, que possui independência intelectual, emocional e, principalmente, financeira. Os domicílios sustentados por mulheres cresceu cerca de 37% em dez anos, percebe-se também um significativo crescimento (27,3%) nos anos de estudos destas mulheres, o que acompanha o aumento da renda (78%), consequentemente, viu-se a diminuição do número de crianças em domicílios com responsáveis femininos com rendimento de até dois salários mínimos (- 20%) e a diminuição da proporção de responsáveis femininos com até três anos de estudo (- 24%), o que indica que uma renda maior e mais anos de estudo, fornece à mulher um controle maior sobre a natalidade, sobre seu corpo e sua vida. GABARITO 20 GABARITO Questão 7 Resposta: O século XIX, com o processo de urbanização e industrialização que obrigou os indivíduos a saírem de suas terras e buscar seu sustento nas cidades e, consequentemente, fora do espaço familiar, trouxe com ele urgências materiais e a necessidade de uma mulher, uma mãe de família bem diferente daquela que se lê nos romances Românticos. A mãe/ mulher proletária e a pequena burguesa é também força de trabalho, em relação ao homem deve ser igualmente produtiva na sociedade industrial, sendo assim, ela deve sair de casa e, junto com o marido, buscar os recursos econômicos que garantam a sobrevivência familiar. Essa necessidade levou a mulher para outros espaços, antes exclusivos dos homens, como consequência, a mulher ganha também novos papéis de participação política e econômica na sociedade como um todo. Questão 8 Resposta: Apesar de a mulher também sustentar o lar, muitas vezes em pé de igualdade financeira em relação ao homem, o homem não “dividiu” nenhuma outra função familiar, a não ser timidamente. Mesmo tendo rendimentos maiores em 25% das famílias, estes ainda são considerados no discurso familiar como um complemento ao orçamento, e as tarefas domésticas continuam sob responsabilidade feminina. No entanto, é inegável a autonomia da mulher, um dos motivos atribuídos ao aumento dos divórciosé justamente o fato de a mulher não depender mais financeiramente do homem, poder desvencilhar-se dele com mais facilidade, fato que se comprova nos pedidos de separação/divórcio, já que a maioria é solicitada pelas esposas e não pelos maridos. Questão 9 Resposta: As funções antes exclusivas das mulheres foram delegadas ao Estado: creches, escolas, assistência social, saúde e outros papéis que antes pertenciam quase que exclusivamente à mulher/mãe são divididos. Passa a ser do Estado a responsabilidade de prover o bem-estar das novas gerações para que as famílias do presente possam produzir e as proles futuras mantenham-se saudáveis física e psiquicamente, garantindo a reposição da força de trabalho. Nesse sentido, os direitos trabalhistas são mais do que conquistas, do ponto de vista social e da garantia da estrutura familiar, pois a licença maternidade permite à mãe a dedicação exclusiva ao filho sem que lhe falte os rendimentos, é também a garantia de que os todos os cuidados iniciais serão dispensados àqueles que dentro em breve farão parte da população economicamente ativa. O Estado de Bem-Estar Social 21 pode ser custoso em curto prazo, mas em longo prazo permite a consolidação de uma mão de obra altamente qualificada e emocionalmente equilibrada. No Brasil, a ampliação facultativa da licença maternidade, a garantia da amamentação de duas em duas horas, a obrigatoriedade dos municípios em assistir à população com a oferta do ensino infantil de 0 a 5 anos, permitem à mãe trabalhar também “fora” de casa, suprir as necessidades da prole e continuar a desempenhar seus papéis. Questão 10 Resposta: Houve nas últimas décadas um crescimento dos lares sustentados por mulheres, assim como um aumento no grau de escolaridade das mesmas, hoje há mais mulheres do que homens com ensino superior no Brasil, esse aumento dos anos de estudo promove como consequência um aumento nos ganhos, esses fatos geram uma mulher/mãe mais autônoma e com domínio sobre seu corpo e suas escolhas, capaz de definir sua vida familiar. Outra consequência é a diminuição da natalidade, as famílias cujas mães trabalham fora possuem um número bem menor de filhos, transformando em certa medida a estrutura familiar, há países europeus em que, a quantidade de famílias com um só filho está fazendo desaparecer as figuras de irmãos, tios e primos. GABARITO
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