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Aula 05 – Construção de Gráficos ‐ I Atualmente é difícil imaginar alguma área de ciência ou tecnologia em que a utilização de gráficos não seja necessária. Ex.: Os gráficos que descrevem o comportamento diário (ou anual ) da temperatura ou da pressão atmosférica; das variações da pressão de um gás, das variações da resistência de um resistor metálico com a sua temperatura. O uso de gráficos na Física é tão importante quanto o conceito de função na Matemática. Sua utilização na representação de fenômenos permite ilustrar propriedades importantes. Um gráfico serve, entre outras coisas, para mostrar a conexão entre duas ou mais grandezas físicas, sendo uma representação visual do modo como umas variam em relação às outras. 1‐ ) Registro de dados experimentais em tabelas Em geral, é muito comum registrar os dados experimentais na forma tabular, isto é, são dispostos em tabelas. Isso torna o registro compacto e de fácil visualização. Para a construção de tabelas não existem normas universais. As normas possuem ligeiras variações, dependendo da finalidade do registro. Ex.: Se a tabela fizer parte de algum artigo a ser publicado em revista científica, certamente o editor dirá quais são as exigências ou normas a serem seguidas pelo autor. Sugestões para a construção de tabelas: 1‐) No alto da tabela, deve ser escrito o título da mesma; este deve deixar claro ao que ela se refere. Nos livros e revistas científicas, o título é escrito na legenda. 2‐) Após, a definição das colunas, deve‐se registrar, em cada linha da coluna, os valores medidos da grandeza escolhida. Os números devem ser escritos um abaixo do outro, numa coluna, pois o olho humano pode facilmente comparar números assim dispostos. 3‐) Deve‐se escrever no topo de cada coluna o nome da grandeza e imediatamente abaixo, ou ao lado, deve ser escrita sua unidade. Jamais escrever a unidade na frente de cada valor, repetidamente. 4‐) Os valores das medidas devem ser registrados com os pertinentes algarismos significativos 5‐) Em muitos experimentos, é importante saber a ordem das medidas, pois os dados podem depender da história do experimento, depender da ordem em que foram obtidas as medidas. Nesse caso, é incluída à esquerda uma coluna com os números de ordem das medidas. Coluna de areia Instante de Tempo de escoamento Número de ordem Altura h[mm] Valor médio ݐ [ ݏ ] 0 0,0 0,000 1 10,0 7,166 2 20,0 14,500 3 30,0 21,862 4 40,0 29,040 5 50,0 36,128 6 60,0 43,062 7 70,0 49,960 8 80,0 56,940 9 90,0 63,610 10 100,0 70,318 Tabela 1 . Dados experimentais obtidos na Experiência da Ampulheta. 2‐) Registro experimentais através de gráficos A representação de dados experimentais em gráficos é altamente conveniente pois possibilita que se conheça a relação matemática entre as grandezas físicas medidas. A relação matemática obtida a partir das medidas é, então, comparada com a relação matemática prevista pela teoria. Em resumo, o gráfico permite comparar resultados experimentais e teoria. Possibilita verificar se os resultados experimentais concordam com os resultados previstos pela teoria. A construção de um gráfico A construção de um gráfico compreende duas etapas: o registro, ou marcação dos pontos e a análise. O registro envolve uma série de considerações, como a escolha de eixos, escolha de escalas, etc. Exemplo: Experimento do escoamento de areia em ampulheta. Valendo‐se de um cronômetro fizemos as leituras dos instantes em que o nível de areia na coluna inferior da ampulheta atingia as marcas de 0 cm, 1 cm, 2 cm, 3 cm, etc. grandeza Altura da coluna de areia grandeza Tempo Variável independente Variável dependente Com tal procedimento experimental, deveríamos representar a grandeza independente, altura da coluna de areia, no eixo das abscissas (eixo X) e a grandeza dependente, tempo, no eixo das ordenadas (eixo Y). No entanto, por razões didáticas , faremos o gráfico invertido, ou seja, com a grandeza tempo no eixo das abscissas e a grandeza altura da coluna de areia no eixo das ordenadas. Necessitamos escolher ou determinar o fator de escala ( ou módulo de escala ) para cada um dos eixos. Provavelmente, a parte mais difícil da representação de dados em gráficos Vamos supor que o gráfico será representado num papel milimetrado do formato A4, ou seja, aquele cuja folha possui as seguintes dimensões: 210 × 297 ݉݉ Com a divisão quadriculada em : 180 × 280 mm Assim, dispomos de 180 mm de papel num dos eixos e 280 mm no outro. 280 mm 180 mm Para se achar o fator de escala no eixo horizontal deve‐se notar, na tabela 1, que o máximo valor de t a ser representado é 70,318 s. Pode‐se então fazer: Fator de escala Horizontal: ߣு ߣு = 180 70,318 = 2,5597… ≈ 2,56 Uma escala conveniente deve possibilitar que se representem valores exatos nas divisões 50 mm, 100 mm, etc. do papel, pois eles facilitam a interpretação da própria escala. Devemos determinar, no eixo horizontal, um fator de escala menor que 2,56, mas que torne possível escrever valores exatos nos 50 mm, 100 mm, etc do papel. Tenta‐se descobrir um divisor de 50 que seja menor e o mais próximo possível de 2,56 ߣு= 2,0 é o melhor fator de escala para o eixo horizontal Assim, visto que ߣு= 2,0 , serão marcados no eixo dos t os valores de X: X = ߣு × ݐ Por exemplo: o valor 7,166 será marcado em 7,166 × 2 ≈ 14,332 mm e assim por diante. Ao marcar o ponto, a posição 14,332 mm é aproximada para 14,3 mm, pois é impossível representar centésimos de mm no papel milimetrado. Para se determinar o fator de escala no eixo vertical, deve‐se notar que o máximo valor de h a ser representado é 10 cm. Então: Fator de escala Vertical: ߣ ߣ = 280 100 = 2,8 Este quociente, por ser um número que não é um divisor de 50, não pode ser adotado para fator de escala !! Aconselha‐se, nesse caso, usar o fator inteiro 2,0 (poderia se escolher, também, 2,5 ). ߣ= 2,0 Então, para marcar qualquer valor na vertical faz‐se: ܻ = ߣ × ℎ = 2,0 × ℎ Por exemplo: o valor 90,00 será marcado em 90,00 × 2,0 = 180,00 mm e assim por diante. Assim, construiremos uma nova tabela de dados, incluindo os pontos (X,Y), em mm, com as aproximações em décimos de milímetro. Coluna de areia Instante de Tempo de escoamento Número de ordem Altura h[mm] ܻ = ߣ × ℎ Y [mm] Valor médio ݐ [ ݏ ] X = ߣு × t X [mm] 0 0,0 0,0 0,000 0,0 1 10,0 20,0 7,166 14,3 2 20,0 40,0 14,500 29,0 3 30,0 60,0 21,862 43,7 4 40,0 80,0 29,040 58,1 5 50,0 100,0 36,128 72,3 6 60,0 120,0 43,062 86,1 7 70,0 140,0 49,960 99,9 8 80,0 160,0 56,940 113,9 9 90,0 180,0 63,610 127,2 10 100,0 200,0 70,318 140,6 Tabela 2 . Dados experimentais obtidos na Experiência da Ampulheta. As colunas X e Y correspondem aos valores em mm para a construção do gráfico A análise dos dados constitui‐se na análise dos pontos experimentais. Neste caso, ela inicia‐se com o traçado de uma reta média que representa um ajuste linear dos pontos experimentais. Por que se deve traçar uma reta média ? Como se deve traçar a reta média ? A razão para se traçar uma reta média é que, pela observação visual, percebe‐se que os pontos parecem alinhar‐se, ou seja, parecem seguir ou descrever uma reta. A reta média deve ser traçada pelo entremeio dos pontos e não necessita passar, obrigatoriamente, por nenhum dos pontos, mas deve atender à condição de passar o mais próximo possível de cada ponto. No nosso caso, os pontos dispõem uma sequência que sugere uma relação matemática do tipo Y = B ∙ X , deve‐se incluir a origem e, para gráficos em papel milimetrado, deve‐se passara reta média pela origem. Qual o valor de B ?? 1‐) Escolhe‐se dois pontos sobre a reta e bem distantes entre si , pontos C e D, na figura; 2‐) A inclinação da reta média será calculada da seguinte maneira: Por construção, os lados ED e CE são: ∆ܺ = ܧܦ ݁ ∆ܻ = ܥܧ Lembrando‐se que: ∆ܺ = ߣு ∙ ∆ݐ ݁ ∆ܻ = ߣ ∙ ∆ℎ ∆ݐ = ∆ܺߣு = ܧܦ ߣு ∆ℎ = ∆ܻߣ = ܥܧ ߣ ∆ℎ=ாఒೇ= ଵସଶ, ଶ, = 71 ݉݉ ∆ݐ = ா ఒಹ= ଵ, ଶ, /௦ = 50,0 ݏ Então: B = ∆∆௧ = ଵ ହ = 1,42 ݉݉/ݏ Y = B ∙ X O experimento analisado conduz a uma relação entre h e t do tipo h = B ∙ t, ou seja : h = 1,42 ∙ t Velocidade de escoamento da areia Resumindo: A elaboração de um gráfico envolve duas etapas: 1‐) Etapa do registro dos dados, marcação dos pontos experimentais; 2‐) Análise do comportamento do conjunto dos pontos
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